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Apostila UNIP Direito de família Atualizada Novo CPC 2017 1 Alimentos NOVO

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UNIP – Direito de Família 2016/1 – Prof. Lister Albernaz
Direito de Família
Prof. Lister Albernaz
Direito de Família – Livro IV – Arts. 1511 a 1783-A do CC
1. Conceito de direito de família: 
Complexo de normas que regulam a celebração do casamento, sua validade, efeitos que dele
resultam, as relações pessoais, econômicas da sociedade conjugal, a dissolução desta, as
relações entre pais e filhos, o vínculo de parentesco e os institutos complementares da tutela,
curatela e ausência. – Clóvis Beviláqua. (incompleto)
Ramo do direito civil que rege relações entre as pessoas unidas por matrimônio, união estável ou
parentesco e aos institutos complementares de direito protetivo ou assistencial, tutela e curatela. –
André Ricardo Blanco.
Prevalecem normas cogentes, de ordem pública, mas regulam relações de direito privado. O
Estado não pode intervir nas famílias (art. 1513).
- FORÇA DO CONTEÚDO MORAL E ÉTICO, pois a família é a base das instruções morais e
éticas dos cidadãos.
2. Conceito de família: a) entidade decorrente de matrimônio (legítima ou matrimonial); b)
entidade resultante de união estável (natural ou não-matrimonial); c) comunidade formada por
qualquer um dos pais e seus filhos (monoparental).
2.1 Aspectos Históricos : Hierarquia e amplitude da entidade nas civilizações antigas X restrição
da entidade nos tempos modernos.
2.1.1- Origem da Familia – Friedeich Engels (SEC XIX): Endogamia (acasalamentos entre
indivíduos aparentados); Relações coletivas; Caráter matriarcal 
2.1.2 - Sociedades Primitivas: Exogamia – guerras e manifestações contra o incesto; Procura do
homem por relações individuais – Poligamia x Monogamia
2.1.2.1- O Desempenho da Monogamia no Impulso Social: Benefício da prole; Exercício do
poder paterno - Sociedade Patriarcal; Fator econômico de produção- pequenas oficinas;
Revolução Industrial. Assim temos o Caráter fraterno, Deixa de existir o vinculo apenas
patrimonial e surgem os vínculos espirituais e o Desenvolvimento dos valores éticos, afetivos e
de reciprocidade.
2.2 Babilônia: Casamento monogâmico, mas com autorização para escolha de outras esposas
secundárias; Semelhança com os atuais “úteros de aluguel”; Casamentos escolhidos.
2.3 Roma Antiga: Poder patriarcal quase absoluto; Família: grupo essencial para a perpetuação
dos cultos aos deuses e antepassados; Vínculos estritamente relacionados aos cultos; Não havia
elos de afeição; Necessidade de manutenção da família sob risco de ausência de cultos aos
antepassados; Importância da adoção: filhos do sexo masculino para continuidade dos cultos;
2.4 Cristianismo: Condenação aos cultos pagãos e das uniões livres; Instituição do casamento
como sacramento; Cultos realizados apenas por filhos havidos do casamento.
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2.5 Idade Média: Manutenção dos casamentos pelo dogma da religião doméstica nas classes
nobres; Casamento de viúvas sem filhos com parentes do marido: filhos considerados deste;
Necessidade de procriação para culto ao pai falecido; Origem histórica dos direitos mais amplos:
atribuição ao primogênito do dever de manutenção do patrimônio em prol da unidade religioso
familiar. 
2.6 Família Moderna: Manutenção da célula pais e filhos; Ausência de transferência de ofícios;
Educação exercida pelos pais e mães com o auxilio da escola; Alteração do papel da mulher -
sensíveis alterações nas famílias; Aumento do número de divórcios- simbioses de proles;
Estruturação da família através do casamento ou uniões estáveis; Controle da natalidade;
Mudanças no paradigma do Direito de Família – divórcio e reconhecimento de filhos havidos fora
do casamento.
3. Características das normas de direito de família: a) heterogêneas (direitos patrimoniais,
pessoais, obrigacionais, pátrio poder, adoção etc.); b) são normas cogentes (direitos-deveres); c)
irrenunciáveis; d) intransmissíveis; e) não admitem condição ou termo; f) imprescritíveis, mas
sujeitas à decadência (direitos potestativos – arts. 189-211, CC). g) Três ordens de vínculos
conjugais estabelecidos pelo casamento, o conjugal: existe entre os cônjuges; o de parentesco:
reúne os integrantes em torno de um tronco comum, descendendo uns dos outros ou não; o de
Afinidade: estabelecidos entre os cônjuges e os parentes dos outros; h) de Caráter
Extrapatrimonial: são Personalíssimos e não admitem condição
3.1 Natureza Jurídica da Família: Institucional: União associativa de pessoas da qual se vale a
sociedade para regular a procriação e educação dos filhos. Legal: Ramo do Direito Privado, mas
com permanência de normas de ordem pública, fixando os interesses do Estado no
direcionamento da família como sua célula básica, dedicando-lhe atenção especial. (art. 226,
caput, CF).
4. Divisão do direito de família: a) direito matrimonial (casamento), b) direito convivencial (união
estável); c) direito parental (parentesco, afinamento, adoção); d) direito assistencial (guarda, tutela
e curatela). As normas estão contidas nos arts. 1511 a 1783-A, CC.
5. Objeto do direito de família: a) sentido amplo - todos ligados pela consanguinidade ou
afinidade; b) sentido lato - cônjuges e filhos, parentes afins ou naturais (Cf. arts. 1591 a 1617,
CC); c) sentido restrito – cônjuges ou conviventes e filhos ou comunidade formada por qualquer
dos pais e descendentes (art. 226 e seguintes, CF) - (Maria Helena Diniz). Atualmente,
estabelecer igualdade completa entre todos os conviventes, independentemente da opção sexual,
bem como igualdade jurídica de todos os filhos, inclusive os adotados em famílias homoafetivas
(STF);
6. Princípios do direito de família:
a) Princípio da família como base da sociedade ou Princípio da Função Social da Família (art.
226, da CF): Há algum tempo se afirmava, nas antigas aulas de Educação Moral e Cívica, que “a
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família é a célula mater da sociedade”. Apesar de as aulas serem herança do período militar
ditatorial, a frase ainda serve como luva no atual contexto, até porque a Constituição Federal
dispõe que a família é a base da sociedade, tendo especial proteção do Estado; 
b) Princípio da Igualdade entre homens e mulheres na sociedade conjugal (art. 226, § 5 º e art.
1511, CC), afastando a ideia de supremacia de determinados membros, mas com permanência
do poder de supremacia do chefe familiar (PODER FAMILIAR); 
c) Princípio da Dissolubilidade do vínculo matrimonial (arts. 1571 e ss.);
d) Princípio da Igualdade jurídica entre filhos (art. 227, § 6º, CF e arts. 1596 a 1629, CC);
e) Princípio da Liberdade: Poder de escolha de seus parceiros; Poder de constituir uma família
através do casamento ou união estável (Arts. 226, §7º, CF- e Arts 1513, 1565, 1634, 1639, 1642,
1643 CC), inclusive do mesmo sexo atualmente, pois o STF reconheceu, em decisão unânime, a
equiparação da união homossexual à heterossexual no julgamento conjunto da ADI n.º 4277 e a
ADPF n.º 132; Temos com subprincípio o da não-intervenção ou da liberdade, pois é defeso a
qualquer pessoa de direito público ou direito privado interferir na comunhão de vida instituída pela
família.
f) Principio do Respeito à dignidade humana (art. 1º, III, da CF): Base da comunidade familiar
através do afeto, desenvolvimento e a realização de todos os seus membros, principalmente da
criança e do adolescente. Outros aspectos como o sentido de que o imóvel em que reside pessoa
solteira é bem de família, relativização ou mitigação da culpa nas ações de separação judicial, e a
mais relevante tese do abandono paterno-filial ou teoria do desamor. Em mais de um julgado, a
jurisprudência pátria condenou pais a pagarindenização aos filhos pelo abandono afetivo, por
clara lesão à dignidade humana.
g) Princípios da Publicidade - Registro público de qualquer das entidades familiares: No dia 14 de
maio de 2013 o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou resolução que obriga todos os
cartórios do país a celebrar casamentos entre pessoas do mesmo sexo, para remover obstáculos
administrativos à efetivação da decisão do Supremo em 2011; 
h) Princípio da Solidariedade Familiar (arts. 3º, I, e 226. §8º, da CF): a solidariedade social é
reconhecida como objetivo fundamental da República, no sentido de buscar a construção de uma
sociedade livre, justa e solidária. O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada
um dos que integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações, o
que consagra também a solidariedade social na ótica familiar. 
i) Princípio do Melhor Interesse da Criança (art. 227, caput, da CF e arts. 1.583 e 1.584 do CC):
no caso de dissolução da sociedade conjugal, a culpa não mais influencia quanto à guarda de
filhos, devendo ser aplicado o princípio que busca a proteção integral ou o melhor interesse do
menor, conforme o resguardo do manto constitucional.
j) Princípio da Afetividade: O afeto talvez seja apontado, atualmente, como o principal fundamento
das relações familiares. Mesmo não constando a palavra afeto na Carta Magna como um direito
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fundamental, podemos dizer que o afeto decorre da valorização constante da dignidade humana.
7. O direito de família e outros ramos do direito:
7.1. No direito civil em geral: a) obrigações: arts. 1647, 544, 546, 550, 551, parágrafo único, 496
e 932, I e II; b) coisas: art. 1489; c) sucessões: art. 1829.
7.2 No direito público: a) constitucional : arts. 205 a 214, 226 a 230, CF; b) tributário: isenção
para cônjuge, prole e dependentes; c) administrativo: união de cônjuges é matéria de preferência
para remoção – previsão na lei 8.112; d) previdenciário: pensões alimentícias a que têm direitos
viúvos, filhos e dependentes; e) processual civil: arts. 135 a 138 e 787; f) processual penal: arts.
254, 255 e 258; g) penal: arts. 235 a 246, 247 e 249, CP.
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II - Do Casamento
1. Conceito : 
- Ato solene pelo qual um homem e uma mulher se unem, de conformidade com a lei, a fim de
legitimarem suas relações sexuais, prestarem mútuo auxílio espiritual e material, procriarem e
educaram a prole comum (Arnold Wald).
- União legal de homem e mulher, com o objetivo de constituírem família legítima (Carlos Roberto
Gonçalves).
Observações:
- Considerar que o Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP
1.183.378/RS, decidiu inexistir óbices legais à celebração de casamento entre
pessoas de mesmo sexo;
- Considerar a Resolução Nº 175, de 14 de Maio de 2013, do CNJ, que dispõe sobre
a habilitação, celebração de casamento civil, ou de conversão de união estável em
casamento, entre pessoas de mesmo sexo, após o Supremo Tribunal Federal, nos
acórdãos prolatados em julgamento da ADPF 132/RJ e da ADI 4277/DF, reconheceu
a inconstitucionalidade de distinção de tratamento legal às uniões estáveis
constituídas por pessoas de mesmo sexo.
2. Finalidades: 
2.1 Instituição da família matrimonial (art. 1513, CC);
2.2 Faculdade na geração e criação de filhos (art. 226, § 7º, CF): é uma consequência lógico
natural e NÃO essencial do matrimônio vez que a lei permite a união de pessoas que não podem
ou não querem ter filhos;
2.3 A legalização das relações sexuais entre os cônjuges: satisfação dos desejos sexuais. A
aproximação dos sexos e o convívio natural entre marido e mulher desenvolvem sentimentos
afetivos recíprocos;
2.4 A prestação do auxilio mútuo: não só financeiro, mas também moral, afetivo e psicológico.
2.5 O estabelecimento de deveres (patrimoniais ou não): que seriam de fidelidade, respeito e
consideração mútuos (Art. 1566, I e V. do CC)- entre os cônjuges, como consequência necessária
do auxílio mútuo e recíproco.
2.6 Educação da prole: dever de criar e educar os filhos, impondo aos pais o dever de lhes
prestar assistência. (Art. 1634 CC e Art. 22 da Lei 8069/90-ECA);
2.7 A atribuição do nome do cônjuge e aos filhos: Possibilidade de um cônjuge passar a
assinar o sobrenome do outro (Art. 1565, § 1º, CC) 
3. Princípios 
3.1 Livre união dos futuros cônjuges - consentimento dos próprios nubentes (capacidade para
expressá-las);
3.2 Monogamia - Arts. 1521,VI, 1548, II do CC.
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3.3 Comunhão indivisa de direitos e deveres (Art. 1511-CC) - criação de plena comunhão
entre os cônjuges, que pretendem passar juntos as alegrias e dissabores da vida.
4. Natureza jurídica:
4.1. Teoria contratualista ou individualista: considera o casamento como um contrato civil,
regido pelas normas comuns dos contratos. Como tem efeitos especiais, alguns civilistas já o
vêem como contrato sui generis.
4.2. Teoria institucionalista ou supraindividualista: considera o casamento como instituição
social, que surge da vontade dos nubentes dentro de alguns parâmetros estabelecidos por lei
(Maria Helena Diniz e Arnold Wald).
4.3. Teoria eclética ou mista: o casamento é ato complexo, caracterizado como contrato em sua
formação e instituição em seu conteúdo (Sílvio Rodrigues).
5. Características: a) liberdade de escolha do nubente (não mais necessário que seja do sexo
oposto conforme visto supra); b) solenidade do ato nupcial; c) caráter público da legislação
respectiva; d) durabilidade da união (não é celebrado por tempo determinado); e) exclusividade
de união (arts. 1521, VI, 1548, II, 1566, I, CC e art. 235 e 240, CP); f) Pessoalidade (só cabe aos
nubentes manifestarem sua vontade), exceto casamento por procuração; g) União exclusiva (a
fidelidade conjugal é exigida por lei – Art. 1566, I do CC); h) Negócio puro e simples; i) Não se
admite termo ou condição; j) Para o Direito Brasileiro é negocio eminentemente civil.
6. Esponsais, promessa de casamento ou noivado: Normalmente o casamento é precedido
do noivado, esponsais ou promessa recíproca, ou seja, de compromisso de casamento entre um
homem e uma mulher, de forma que se conheçam melhor. Muitos afirmam que tal promessa não
cria vínculo entre os noivos e suas famílias, mas gera responsabilidade extracontratual, aquiliana,
ensejando indenização pela ruptura injustificada, se a perspectiva de casamento fez o
pretendente efetuar despesas com esse fim. 
Os requisitos para que a responsabilidade seja admitida são: a) livre formalização da promessa
de casamento pelos noivos, independente de escritura pública ou particular; b) recusa de um dos
noivos em cumprir a promessa, de forma clara e expressa ou tácita; c) ausência de motivo justo
(erro essencial, infidelidade, injúria grave, abandono, prodigalidade, condenação por crime
desonroso, aversão ao trabalho, falta de honestidade, mudança de religião, grave enfermidade
etc.); e) ocorrência de dano (psicológico, pecuniário ou moral).
O desfazimento de compromisso pode acarretar em devolução de presentes trocados, fotos,
cartas e indenização por danos morais e materiais ao não responsável pelo cumprimento dos
esponsais.
7. Condições de existência, regularidade e validade do casamento: a) necessidade de sexo
oposto - não mais necessário que seja do sexo oposto conforme visto supra (revogação tácita do
art. 1514, CC); b) atendimento dos requisitos da celebração (arts. 1533 a 1535, CC); c)
consentimento dos nubentes sem existência de vícios.
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8. Casamento Civil e Religioso.A instituição do Casamento Civil se deu para possibilitar casamentos entre pessoas de religiões
diversas.
Ademais, pela ruptura entre o Estado e a Igreja pelo Decreto 181 de 24-01-1890 (Período de
Império no Brasil) – BRASIL ESTADO LAICO.
Dificuldade de assimilação por parte do clero e da sociedade, o que gerou o costume do
casamento religioso e civil.
Atualmente, o casamento religioso tem efeitos civis, desde que os cônjuges tenham promovido o
devido processo de habilitação perante o oficial de registro civil.
Possibilidade de habilitação posterior ao casamento religioso se dá no prazo 90 dias a partir da
celebração.
Casamento religioso com efeitos civis tem eficácia a partir de sua celebração.
9. Corretagem Matrimonial - Agências de Casamento
Assemelha-se à corretagem normal, de aproximação útil entre as partes.
Não é regulada pelo Direito de Família, mas possui relações com o Direito das Obrigações. 
Apesar de não regulada, também não é proibida pelo Direito Brasileiro.
Existem divergências doutrinárias: 
- Desfavorável: atividade é imoral
- Favorável: utilidade social por favorecer o casamento, desde que o corretor se limite a transferir
as informações e promover o contato entre os interessados. 
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III - Do Parentesco: 
1. Conceito: Vínculo que liga pessoas de uma família por descenderem umas das outras ou de
um tronco comum (consanguinidade); entre o cônjuge ou companheiro e os parentes do outro
(afinidade); e por vínculo decorrente de adoção ou outra origem - inseminação artificial
heteróloga (civil). 
2. Classificação: dividem-se em três planos: 
2.1 Natural ou consanguíneo: É o vínculo entre pessoas descendestes de um mesmo troco
ancestral. São ligadas, umas às outras, pelo mesmo sangue. Existe tanto na linha reta como na
colateral. Pode ser matrimonial, se oriundo de casamento. Ou extra-matrimonial, se por vivencia
de união estável, relações sexuais eventuais ou concubinária.
Portanto, podem ser:
 matrimonial ou extramatrimonial; 
 em linha reta – art. 1591, CC (ascendente ou descendente, tanto pelo lado feminino, como
pelo masculino – pai, avô, bisavô, filho neto), infinitamente;
 em linha colateral ou transversal - art. 1592, CC (pessoas que provém de um só tronco, até o
quarto grau, sem descenderem uma da outra – irmão, tio, sobrinho, primo).
OBS 1: Os irmãos podem ser bilaterais ou germanos (filhos do mesmo pai e da mesma mãe);
unilaterais consanguíneos (mesmo pai, mães diversas); unilaterais uterinos (mesma mãe,
pais diversos).
OBS 2: O antigo Código estipulava o parentesco colateral até o sexto grau.
OBS 3: A afinidade em linha reta não se extingue nem com a dissolução do casamento.
2.2 Afinidade: Estabelece-se por determinação legal (art. 1595, CC), sendo o liame jurídico
estabelecido entre um consorte, companheiro e os parentes consanguíneos, ou civis, do outro nos
limites estabelecidos na lei, desde que decorra de matrimônio valido, e união estável (CF/88, art.
226, § 3º).
O concubinato impuro ou mesmo casamento putativo não têm poder de gerar afinidade. 
O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do
cônjuge ou companheira (CC, art. 1.595, § 1º). 
Pode se dar em linha reta (sogro, genro, padrasto, enteado) e em linha colateral (cunhado) até o
segundo grau (art. 1521, CC).
A afinidade é um vinculo pessoal, portanto os afins de um cônjuge, ou conviventes, não são afins
entre si; logo, não há afinidade entre concunhados.
O direito brasileiro constitui impedimento matrimonial a afinidade em linha reta (CC, art.1.521, II).
Na linha colateral, cessa a afinidade com o óbito do cônjuge ou companheiro; por conseguinte,
não está vedado o casamento entre cunhados.
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2.3 Civil: resultante da adoção (arts. 1593 e 1626, CC) estabelecendo um vinculo entre adotante
e adotado, que se estende aos parentes de um e de outro.
Pai e filho adotivo são parentes civis em virtude de lei (CC, art. 1.626). 
O parentesco civil abrange o socioafetivo (CC, art. 1.593, in fine, e 1.597, V), alusivo ao liame
entre pai institucional e filho advindo de inseminação artificial heteróloga, gerando relação paterno
filial apesar de não haver vinculo biológico entre o filho e o marido de sua mãe, que anuiu na
reprodução assistida.
3. Contagem de Graus de Parentesco Consanguíneo: Divide –se em:
3.1 LINHA RETA: Assim serão parentes de linha reta as pessoas que estão ligadas uma às
outras por um vínculo de ascendência e descendência (CC, art.1.591). 
Não há limitação para o parentesco em linha reta;
São parentes na linha ascendente o pai, o avô, o bisavô etc.. Na linha descendente o filho, o neto,
o bisneto etc.
3.2 LINHA COLATERAL OU TRANSVERSAL: São parentes em linha colateral aquelas pessoas
que, providas de tronco comum, não descendem umas das outras (CC, art. 1.592). 
A linha colateral pode ser, ainda dúplice; quando dois irmãos se casam com duas irmãs, os filhos
dessas uniões serão parentes colaterais em linha duplicada, ou seja, duplamente primos.
O parentesco em linha transversal não é infinito, ou seja, não vai, perante nosso direito, além do
4º grau, pois há presunção de que, após esse limite, o afastamento é tão grande que o afeto e a
solidariedade não mais servem de apoio às relações de direito.
OBS: O parentesco conta-se por graus que constituem a distancia que vai de uma geração a
outra.
4. SIMETRIA ENTRE AFINIDADE E PARENTESCO NATURAL: A afinidade é o liame jurídico que
se estabelece entre cada consorte ou companheiro e os parentes do outro, mantendo certa
analogia com o parentesco consanguíneo no que concerne à determinação das linhas e graus.
(cc, art. 1.595, § § 1º e 2º )
Na linha reta tem-se, então, a finalidade entre sogro e nora, sogro e genro, padrasto e enteada,
madrasta e enteado. São, portanto, afins em primeiro grau.
Na linha reta, a finalidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável
(CC, art. 1.595, § 2º), daí ser impedimento matrimonial (CC, art. 1.521, II).
Em segundo grau, na linha reta, o cônjuge, ou companheiro, será afim com os avós do outro e
este com os avós daquele, por que na linha reta não há limite de grau.
Na linha colateral, o parentesco por afinidade não vai além do segundo grau, existindo tão-
somente como os irmãos do cônjuge ou companheiro (CC, art. 1.595, § 1º, 2º parte); 
Cunhados serão parentes por afinidade em segundo grau, mas entre consortes e companheiros
não há parentesco, nem afinidade. “O cunhado é reputado parente em segundo grau, nele
esbarrando a afinidade”.
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5. EXEMPLO: A partir deste conceito faremos alguns exemplos para fixação. Tomarei como apoio
a árvore genealógica de um dos desenhos mais conhecidos de todos.
Qual o grau de parentesco entre a Lisa e o Bart?
A primeira etapa é subir ao tronco comum entre o Bart e a Lisa sempre contando um grau. Neste
caso, o tronco comum são os pais deles, ou seja, Homer e a Marge. Portanto, Homer e a Marge
são parentes de primeiro grau do Bart. Após, descerei até chegar ao destinatário (Lisa) e contarei
mais grau. Conclusão: Lisa é parente de segundo grau do Bart (IRMÃOS).
Qual o grau de parentesco entre o Bart e Herb?
Primeira etapa é chegar ao tronco comum entre Bart e Herb. Neste caso são os avós paternos de
Bart, Abraham e Mona. Neste sentido eu passo pelo Homer (primeiro grau) e chego aos avós
(segundo grau). Após, desço ao destinatário (Herb), contando mais um grau (terceiro grau).
Conclusão: Bart (SOBRINHO) é parente de terceiro grau do Herb (TIO).
Qual o grau de parentesco entre Lisa e Ling?Primeira etapa é chegar ao tronco comum entre Lisa e Ling que são os avós maternos de Marge e
Selma, Clancy e Jackie. Neste sentido eu passo pela Marge (primeiro grau) e chego aos avós
maternos (segundo grau). Após, percorro pelos pais de Ling, Selma (terceiro grau) e termino no
destinatário (Ling), contando mais um grau (quarto grau). Conclusão: Ling é parente de quarto
grau de Lisa (PRIMOS).
Qual o grau de parentesco entre a Homer e o Jackie? São por afinidade GENRO E SOGRA
Qual o grau de parentesco entre a Homer e o Selma ? São por afinidade CUNHADOS
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IV - Do Casamento – (Continuação) 
1. Processo de habilitação para o casamento: Várias formalidades precedem o casamento,
efetuadas no processo de habilitação, em que se dá publicidade ao ato e se verifica a existência
de impedimentos matrimoniais. 
O requerimento deve ser assinado de próprio punho por ambos os nubentes, ou, a pedido, pelo
procurador, instruído com os seguintes documentos: 
a) certidão de nascimento dos noivos ou documento equivalente; 
 O CC de 2002 instituiu a necessidade de idade superior a 16 anos para
ambos.
b) autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem (16-18 anos),
ou ato judicial que a supra (-16 ou havendo divergência – procedimento de jurisdição
voluntária); 
 Necessidade de autorização expressa de ambos os pais, quando os nubentes
forem maiores de 16 anos e menores de 18 (relativamente incapazes).
 Caso um dos pais esteja em lugar incerto e não sabido, poderá haver a
autorização unilateral do pai ou da mãe.
 Se houve divergência entre os pais acerca de tal autorização, o caso deverá
ser levado ao conhecimento do juiz competente para apreciação e decisão.
 As pessoas que se encontram sob tutela ou curatela necessitam da
autorização de seu tutor ou curador;
 A autorização pode ser revogada a qualquer momento, antes da celebração
do casamento;
c) declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e
afirmem não existir impedimento que os iniba de casar;
 Declaração necessária para fins de comprovar a idoneidade dos nubentes
 Documento de valor relativo, vez que pode ser facilmente conseguido entre
os parentes.
d) declaração de estado civil, domicílio ou residência atual dos contraentes e de seus pais,
se forem conhecidos (memorial), sendo que o Ministério Público pode exigir a
apresentação de atestado de residência firmado pela autoridade policial ou outro elemento
de convicção admitido em direito;
 Declaração denominada memorial, vez que faz um relato sobre as vidas dos
nubentes e de seus pais.
 Necessidade de declaração do domicílio, vez que se os nubentes residirem
em comarcas diversas, haverá a necessidade de publicação de editais em
ambas.
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 Não pode ser exigido do estrangeiro prova de situação regular no Brasil
e) certidão de óbito de cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou anulação
de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio; 
 Estes documentos visam evitar o casamento de pessoas já casadas.
 É considerada idônea a certidão de divorcio proferida pela Justiça de país
estrangeiro que o admita, ficando, porém, subordinada doravante à respectiva
homologação por parte do STJ.
f) certificado de exame pré-nupcial, na hipótese de casamento entre colaterais de 3º grau.
Deve ser dirigido ao Cartório do Registro Civil do domicílio dos nubentes ou, se domiciliados em
municípios ou distritos diversos, perante o Cartório de qualquer deles, publicando-se, entretanto, o
edital em ambos. 
É dever do oficial do registro esclarecer os nubentes a respeito dos fatos que podem ocasionar a
invalidade do casamento, bem como sobre os diversos regimes de bens.
Apresentada a documentação e estando em ordem, o oficial extrairá o edital (proclamas), que se
afixará, durante quinze dias, nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes e,
obrigatoriamente, se publicará na imprensa local, se houver.
Após as demais formalidades necessárias, dentre as quais se incluem a oitiva do MP, o decurso
do prazo de 15 dias a contar da expedição dos editais, o julgamento de eventuais impugnações e
oposições de impedimentos, o juiz, se for o caso, homologará a habilitação. 
Se não houver fato obstativo, o oficial de registro extrairá o certificado de habilitação, que terá
eficácia de 90 dias.
Se o casamento não se realizar em tal prazo, o processo de habilitação deve ser renovado, para
que seja possível a celebração posterior.
Importante ressaltar que há gratuidade de habilitação para casamento para pessoas
declaradamente pobres, conforme art. 1512, CC. 
Observação: A jurisprudência tem entendido que a existência de irregularidades no processo de
habilitação, realizadas pelo oficial do cartório, NÃO gera a anulação do casamento.
1.1 Suprimento do Consentimento: Quando um dos representantes do incapaz nega o seu
consentimento para o casamento, pode-se requerer a autorização judicial para tal ato.
No caso de negativa de consentimento por ambos os pais, não é possível o suprimento judicial.
Ação segue o rito ordinário, todavia, para Silvio Rodrigues deveria ter natureza cautelar vez que é
anterior ao pedido de habilitação. Tal ação não permite pedido de antecipação de tutela, vez que
realizado o casamento não poderá mais ser modificada. O juiz deve verificar os motivos
apresentados pelos pais ou representantes para negarem a autorização para a realização do
casamento e analisar cada caso isolado (Ex: caso de toxicomaníacos, ébrios, vida pregressa
irregular, imposição de crimes).
Sentença passível de recursos para a instâncias superiores;
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O legitimado para a ação será o nubente que teve a autorização denegada. A doutrina entende
que o MP ou qualquer parente pode ingressar com tal pedido em favor do menor.
Nos casos de suprimento judicial, o regime de bens será obrigatoriamente o da separação total.
1.2 Dispensa dos Proclamas: Somente em casos extremos, quando houver urgência na
realização do casamento por prática de crime contra os costumes. O juiz decidirá de acordo com
cada caso isolado.
2. Impedimentos: Os requisitos essenciais do casamento são:
a) necessidade de sexo oposto (art. 1514, CC); 
b) atendimento dos requisitos da celebração (arts. 1533 a 1535, CC); 
c) consentimento dos nubentes sem existência de vícios. Sem eles, o casamento é inexistente.
Outros requisitos, no entanto, devem ser observados para sua validade e regularidade, para evitar
uniões que possam, de algum modo, ameaçar a ordem pública.
O Código de 1916 enumerava, no art. 183, dezesseis impedimentos, classificados em: 
a) absolutamente dirimentes (incisos I a VIII), que geravam a nulidade do casamento; 
b) relativamente dirimentes (incisos IX a XII), que objetivavam impedir prejuízos aos nubentes e
geravam a anulabilidade da união; 
c) proibitivos ou meramente impedientes (incisos XII a XVI), que visavam obstar a realização de
casamentos que poderiam prejudicar interesses de terceiros e, se não observados, impunham ao
casamento o regime de separação de bens.
O Novo Código, por sua vez, considera impedimentos apenas os dirimentes absolutos, que visam
evitar uniões que ameacem a ordem pública. As hipóteses relativamente dirimentes foram
deslocadas para um capítulo referente à invalidade do casamento, causas de anulabilidade.
Finalmente, as quatro últimas hipóteses enumeradas no art. 183 do Código Civil de 1916 foram
tratadas, no novo Código, como causas suspensivas,que não impedem, mas afirmam que não
devem casar as pessoas que se encontrarem temporariamente nas circunstâncias do art. 1523.
IMPORTANTE: Não confundir incapacidade e impedimento/causa suspensiva. Incapacidade é a
proibição de a pessoa casar-se com quem quer que seja, ao passo que impedimento e causas
suspensivas consistem na proibição de casar-se com determinada ou determinadas pessoas, por
falta de legitimação. 
Os impedimentos visam preservar a eugenia e moral familiar, obstando a realização de
casamento entre parentes consanguíneos, por afinidade e adoção (1521, I a V, CC), a
monogamia (art. 1521, VI) e evitar uniões que tenham origem no crime (art. 1521, VII).
2.1.Impedimentos matrimoniais: Correspondem aos anteriormente denominados impedimentos
dirimentes públicos ou absolutos. Têm por base razões éticas, baseadas no interesse público.
Sua inobservância acarreta a nulidade do casamento. 
São os seguintes casos (art. 1521) :
2.1.1. Resultantes de parentesco (incisos I a V):
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a) Impedimento de consanguinidade (incisos I e IV) – ascendentes com descendentes, no
caso de parentesco natural; os irmãos, bilaterais ou unilaterais, e demais colaterais até terceiro
grau, inclusive. No último caso, admite-se o casamento se dois médicos os examinarem e
atestarem a sanidade, afirmando não ser inconveniente, sob o ponto de vista da saúde dos
nubentes e da prole, a realização do casamento; 
 Lembrem-se, parentesco natural é o decorrente das uniões estáveis. 
 Parentesco civil é o decorrente de adoção
 Impedimento de casamento entre cunhados até perdurar a união anterior.
 É possível o casamento entre primos (4º grau na linha dos colaterais).
b) Impedimento de afinidade (inciso II)– os afins em linha reta (viúvo – enteada – sogra); 
 O vinculo de afinidade conta-se a partir do esposo ou esposa, atingindo os sogros.
 A afinidade se limita ao primeiro grau, e NUNCA SE EXTINGUE, sendo impedidos
de se casarem apenas sogros e noras e sogras e genros.
 A afinidade se estende também às uniões estáveis. 
 É possível o casamento entre cunhados (Ex: o viúvo com a irmã da esposa
falecida).
c) Impedimento de adoção (incisos III e V): ascendentes com descendentes, no caso de
parentesco civil; o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem foi cônjuge
do adotante.
 Existente a adoção (legal), prevalece o impedimento.
 Em relações de mera convivência de fato com a pessoa, como se filho adotivo
fosse, não existe o impedimento.
 Por serem vistos como irmãos.
2.1.2. Impedimento de vínculo (inciso VI): as pessoas casadas.
 Enquanto persistir válido o casamento anterior persistirá o impedimento.
 A separação judicial (antigo desquite) não libera o impedimento, porque não
extingue o vinculo conjugal, mas apenas a sociedade conjugal.
2.1.3. Impedimento de crime (inciso VII): o cônjuge sobrevivente com o condenado por
homicídio (doloso) ou tentativa de homicídio contra seu consorte.
 É exigida a condenação criminal, não sendo suficiente a mera alegação no
processo;
 Atinge tanto o autor material como o intelectual do delito.
 Impedimento estendido à união estável.
OBS.: Não há mais impedimento para o casamento do cônjuge adúltero com seu corréu, por tal
condenado. 
3. Causas suspensivas do casamento (art. 1523, CC):
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Correspondem aos anteriormente denominados impedimentos impedientes ou proibitivos,
estabelecidas pelo interesse da prole do leito anterior (evitando a confusão de patrimônio e
sangue), do ex-cônjuge e da pessoa influenciada pelo abuso de confiança de autoridade exercido
pelo outro (tutela e curatela). A inobservância dessas causas gera apenas alguns efeitos, como,
por exemplo, a obrigatoriedade do regime de separação de bens e hipoteca legal em
conformidade com o art. 1489, II, CC. O casamento é apenas considerado irregular. 
As hipóteses são as seguintes (incisos I a IV do art. 1523 do CC): 
a) a viúva ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou por ter sido anulado, até
dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal, salvo se provar
o nascimento de filho ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo; 
b) o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer o inventário dos
bens do casal e der partilha aos herdeiros; 
c) o divorciado, enquanto não tiver sido homologada ou decidida a partilha de bens do
casal; o tutor ou curador e seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com
a pessoa tutelada ou curatelada, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
Nos três últimos casos, os nubentes podem solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas
as causas suspensivas, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro,
o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada.
4. Casamento Nulo e Anulável.
4.1 Causas: Antes caracterizadas como impedimentos dirimentes relativos ou privados, tornam o
casamento nulo ou passível de anulação, conforme disposições dos arts. 1548, 1550, 1556, 1558,
CC.
4.2. O casamento é nulo: a) se contraído pelo enfermo mental sem o necessário discernimento
para os atos da vida civil (art. 1548, I, CC) – PORÉM ESTE DISPOSITIVO FOI REVOGADO
PELO ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA, passando a ser anulável; b) se contraído
com infringência de impedimento, como já visto (art. 1521, CC).
O casamento nulo apresenta-se como existente apesar de eivado de inúmeros vícios. As
nulidades são apenas as constantes no Código Civil, não podendo ser estendidas por analogia.
Não pode ser declarado de ofício, havendo a necessidade de interposição de Ação de Nulidade
pelos próprios cônjuges ou por seus representantes legais, qualquer pessoa interessada (apenas
pessoas que tenham vínculos diretos ou indiretos com o casal e não qualquer pessoa do povo),
ou Ministério Público. Após a edição da Lei do divórcio as Ações de nulidade de casamento
diminuíram consideravelmente já que a Ação de divórcio tem procedimento mais simples que a de
Nulidade de casamento e gera os mesmos efeitos.
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Como a nulidade do casamento irá acarretar a dissolução da família, vigora no direito os
princípios “favor matrimonii” e “in dubio pro mantrimonio”, ou seja, deve-se favorecer mais o
matrimônio do que a lei em si. 
Analisando a natureza dos impedimentos que tornam nulo o casamento, tem-se como causas: o
incesto (incisos I a V), bigamia (inciso VI) e homicídio (inciso VII).
A nulidade do casamento só produz efeitos após o transito em julgado da sentença que o
declarar. A nulidade do casamento é questão de interesse público.
A legitimidade para arguir a nulidade está no art. 1549 do CC: I - Os cônjuges ou seus
representantes legais; II- Pessoas interessadas, desde que tenham vínculos diretos ou indiretos
com os cônjuges; III- Ministério Publico
Obs: O Ministério Público pode arguir a nulidade do casamento em qualquer situação, mesmo que
um dos cônjuges já tenha falecido.
4.3 O casamento é anulável:
a) se qualquer dos nubentes não completou a idade mínima de 16 anos (art. 1550, I, CC), devido
à presunção de apenas a partir dessa idade as pessoas estarem aptas a procriar, salvo se desse
casamento resultou gravidez (art. 1551, CC), ou deva ocorrer para evitar imposição ou
cumprimento de pena criminal (art. 1520, CC). Os menores podem casar, mediante dispensa
judicial ao requisito da idade, por causas justificadase no interesse dos futuros cônjuges ou de
sua prole (DL 659/69 e 66.605/70); por ser apenas anulável, continua gerando seus efeitos após a
maioridade dos cônjuges, devendo, os mesmos fazerem sua ratificação perante o oficial do
Cartório de Registros Civis; A anulação do ato só pode ser requerida pelos cônjuges, seus
ascendentes ou seus representantes legais; Não será anulado se tiver sido resultado de gravidez
indesejada.
b) Do menor em idade núbil não autorizado pelo seu representante legal (art. 1550, II); São os
casos das pessoas que se encontram sob tutela ou curatela; Os menores emancipados não
necessitam de autorização; A ação de anulação tem prazo decadencial de 180 dias, por iniciativa
do incapaz, ao deixar de sê-lo de seus representantes legais ou seus herdeiros necessários; O
silêncio do representante do menor presente no ato do casamento gerará, em princípio, salvo
prova em contrário a aprovação do ato.
c) por vício de vontade, se o casamento for contraído em virtude de coação (art. 1550, III);
Quando os cônjuges não manifestam livremente as suas vontades, vez que o casamento é
pressuposto intrínseco do casamento. O artigo 1558 do CC dispõe que o casamento sob coação
pode ser anulado pelo cônjuge que a sofreu. A anulação só pode ser requerida pelo próprio
cônjuge. Tendo havido a coabitação entre os cônjuges extingue-se a possibilidade de anulação do
casamento. O Ministério Publico participará da ação apenas como fiscal da lei. Prazo para
interposição da ação de anulação quando o vicio for de coação é de 4 anos contados a partir da
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data da celebração. (art. 1560,IV). Quando se tratar de casamento de menor em idade núbil, sem
o consentimento dos responsáveis legais, a Ação de Anulação pode ser proposta pelo próprio
cônjuge, seus representantes legais ou herdeiros necessários. Se os representantes dos
incapazes assistirem a cerimônia, a anulação se torna impossível. Se o tutor ou curador de
alguma forma manifestou sua concordância ao casamento, também não poderá ser argüida a
anulação. (art 1555, §2º). Destaque para o posicionamento de Paulo Lins e Silva: “é infantil
crermos que um menor entre 16 e 18 anos possa de forma simples e fácil providenciar a
habilitação para o seu casamento frente a autoridade do registro civil”. O casamento pode ser
ratificado pelos cônjuges quando atingirem a maioridade, sendo que os seus efeitos retroagirão
desde a data da celebração. O casamento não será anulado por motivo de idade se dele resultou
gravidez.
d) do incapaz de consentir o manifestar, de modo inequívoco, o consentimento (art. 1550, IV);
Será anulável o casamento das pessoas que no momento de manifestar seu consentimento, não
tinha o devido discernimento, estando, por exemplo, sob efeitos de drogas ou inconscientes; O
prazo para anulação é decadencial de 180 dias contados a partir da celebração.
e) realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do
mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges (art. 1550, V); Hipóteses de casamento
por procuração; A revogação do mandato retira a legitimidade do mandatário e deve ser
comunicada ao mesmo, bem como ao outro nubente; Caso tenha havido a coabitação entre os
cônjuges, NÃO é possível a anulação do ato.
f) por incompetência da autoridade celebrante (art. 1550, VI): Será anulado o casamento quando
realizado por juiz que não está em exercício de suas funções, ou que o celebra fora dos limites do
seu distrito (princípio da territorialidade); Se o casamento, apesar de realizado por autoridade
incompetente, tiver sido registrado no cartório competente, é necessário a propositura de Ação
anulatória; Se os cônjuges estiverem de boa-fé no momento da celebração e tudo leva a crer a
existência do casamento, o mesmo será válido.
g) por vício da vontade qualificado, se houver, por parte do nubente, erro essencial quanto à
pessoa do outro (arts. 1556 e 1557, incisos I a III, CC - honestidade, identidade, honra, boa fama;
ignorância de crime anterior ao casamento; impotência couendi, ou seja, incapacidade de efetivar
a conjunção carnal, mas não por esterilidade sanidade física; existência de doença contagiosa ou
transmissível, anterior ou matrimônio, ou seja, a ignorância, anterior ao casamento, de defeito
físico irremediável que não caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por
contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua
descendência). 
Outros erros essenciais, considerados pela jurisprudência, que merecem ser apontados, são:
(impotência, coitofobia, toxicomania, alcoolismo, esterilização voluntária, cometimento de crime,
anomalia psíquica, filhos anteriores, homossexualismo e epilepsia, desde que ignorados na
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ocasião do enlace, Recusa da esposa ao debito conjugal; Esposa que não compareceu à
cerimônia religiosa do casamento; Casamento não consumado, tendo o marido deixado o lar
conjugal poucos dias após a celebração; Nubente estelionatário, ausência de vontade de contrair
núpcias, simples artifício para se apossar dos bens da esposa com posterior desaparecimento;
Induzimento ao casamento pela afirmação da paternidade, frente à gravidez da mulher;
paternidade afastada por prova pericial; erro essencial reconhecido; Atividade de meretriz da
esposa antes do casamento e que era desconhecida pelo marido.); 
Obs: - Situações Que Afastam o Erro Essencial: (Varão que estando no exterior, casa por
procuração, com mulher que conheceu há pouco menos de 30 dias; alegação de
desconhecimento de filhos dela; fato que, se devera desconhecido, não terá importância na
decisão do casamento; Varão que se precipitou em casar com mulher que mal conhecia, sem dar
ouvidos a informações que desabonasse a sua conduta; Crença religiosa não constitui qualidade
essencial da pessoa quando não atentatória à moral da sociedade dominante, não constitui
defeito da honra e boa fama).
Ainda temos a Ignorância da prática de Crime: tem que ser previsto na lei penal; Sua ocorrência
antes do casamento (O CC 2002 não fala em julgamento definitivo por sentença condenatória- a
sentença pode ser posterior ao casamento); Que o fato seja ignorado pelo outro cônjuge ao se
casar. 
Obs.: A lei não se refere a contravenções penais. Se o crime ocorreu quando a pessoa era menor
de 18 anos, e, portanto, inimputável criminalmente, não se aperfeiçoa essa hipótese legal- neste
caso a anulação pode ser baseada no erro quanto à honra e a boa fama.
Ainda Defeito Físico Irremediável : O defeito físico irremediável é o que impede a consumação do
casamento através do ato sexual- casos de impotência sexual. A impotência que gera a anulação
é aquela em relação ao cônjuge, não necessitando que seja absoluta. É NECESSÁRIO que seja
um estado permanente e não uma eventualidade. A esterilidade não é causa de anulação do
casamento. 
Por fim, temos as mudanças causadas pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência, que alterou os
parágrafos no artigo 1550 do CC, pois agora se equipara à revogação a invalidade do mandato
judicialmente decretada. (§1º) e a pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia
poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu
responsável ou curador (§2º).
Como já lançado supra a Moléstia Grave ou Doença Mental: A moléstia deve colocar em risco a
vida do cônjuge bem como dos descendentes (Ex: AIDS, sífilis, esquizofrenia,psicose, etc), era
necessário que fosse preexistente ao casamento, e desconhecida do outro cônjuge, com
produção de prova pericial. Porém tal questão agora tem outro enfoque pois somente de aplica
quando a ignorância, anterior ao casamento, é de defeito físico irremediável que não caracterize
deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em
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risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência. Redação muito ruim do novo inciso III do
artigo 1557.
Havia o Defloramento Da Mulher: Extinto do atual Código Civil, em razão da evolução da
sociedade e modificação dos padrões de comportamento em todo o mundo ocidental. Questão
protegida pelo princípio constitucional da igualdade entre homens e mulheres.
Na ação de anulação são admitidas todas as formas de prova previstas em direito, desde que não
impliquem coação ou violência contra a pessoa, todavia a principal será a perícia medica. (Ao
contrário dos Tribunais da Idade Media, em que uma simples denúncia, as vezes sem
fundamento, levaria ao homem à situação de imposição de provas de potência perante o tribunal,
na presença dos juízes).
Prazo para ingresso da Ação de Anulação: Decadencial de 3 anos a contar da data da celebração
do casamento. Possibilidade de ingressar com pedido de danos morais em alguns casos.
4.4 O casamento é inexistente: Tem-se por inexistente o casamento: a) Realizado entre
pessoas do mesmo sexo (AGORA NÃO MAIS PELA RESOLUÇÃO nº 175/2013 DO CNJ); b)
Quando houver ausência de consentimento (não confundir com vício no consentimento, pois,
como visto, é anulável); c) Quando celebrado por autoridade incapaz (Neste caso os casamentos
são realizados perante outras autoridades que não exerçam são investidos na autoridade de juiz
de paz, como promotores de justiça, delegados, juizes de direito ou qualquer pessoa do povo, que
naquele momento se investiu na qualidade de juiz de paz para realização daquele ato).
4.4.1 Características: a) Relatividade: o casamento inexistente é relativo vez que caso tenha
gerado efeitos materiais, há necessidade de interposição de Ação de Nulidade para extinção
daquele ato. b) Inexistência: o casamento inexistente é considerado um nada jurídico. c)
Imprescritibilidade: o prazo para sua arguição é imprescritível. d) Pode ser declarado de ofício
pelo juiz. e) Qualquer pessoa pode arguí-lo.
Obs: Os efeitos de tais causas serão abordados posteriormente, quando tratarmos de defeitos do
casamento.
4.5 Ações de Nulidade e Anulação do Casamento: As sentenças só produzirão efeitos depois
de transitadas em julgado.
Sentenças produzem efeitos ex tunc, retroagem à data da celebração do casamento.
A sentença de nulidade ou anulação do casamento não prejudicará a aquisição de direitos, a título
oneroso, por terceiros de boa fé, nem a resultante de sentença transitada em julgado.
Os atos de disposição do patrimônio a título gratuito, voltando os mesmos ao estado anterior ao
casamento declarado nulo – Há de se analisar a boa ou má fé do terceiro em relação ao trato com
o casal, devendo o juiz analisar caso por caso.
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Nos casos de nulidade são legítimos para interporem a Ação: I- O cônjuge, ou seus
representantes legais. II- Terceiros interessados. III- Ministério Publico.
Nos casos de anulação apenas o cônjuge interessado tem legitimidade para interpor a Ação
A ação de nulidade é imprescritível, podendo ser arguida a qualquer momento. 
Os prazos para interposição da Ação de Anulação do casamento são decadenciais (art. 1560),
contados a partir da data da celebração do casamento: I – 180 dias no caso do incapaz de
consentir ou manifestar sua vontade; II – 2 anos no caso de incompetência da autoridade
celebrante; III- 3 anos nas hipóteses de erro essencial contra a pessoa ou do cônjuge; IV- 4 anos
no caso de coação.
Obs: Nos casos de anulação por idade, o prazo de 180 dias começará a contar da data da
realização do casamento quando proposta pelos representantes legais do cônjuge, e da data do
falecimento quando proposta por seus herdeiros necessários.
Em todos os casos há necessidade de intervenção do Ministério Publico como fiscal da lei.
4.6 Dolo: Não é causa de anulação do casamento, uma vez que traria insegurança jurídica ao
mesmo; Pode ser configurado pelas desilusões e dissabores do dia a dia.
Em alguns países como Argentina, Alemanha e Suíça o admitem como causa de anulação do
casamento em algumas situações, o que não se estende à lei brasileira.
5. Oposição de impedimentos e causas suspensivas:
5.1 Conceito: A oposição é um ato praticado por certa pessoa legitimada, antes da realização do
casamento, que leva ao conhecimento do oficial perante o qual processa-se a habilitação, ou do
juiz que celebra a solenidade, a existência de alguns impedimentos matrimoniais ou causas
suspensivas.
 Caso seja realizado casamento desrespeitando as causas impeditivas, é possível a
interposição de Ação de nulidade ou anulação.
Os impedimentos absolutos (art. 1521) podem ser opostos até o momento da celebração
do casamento, por qualquer pessoa capaz. Se o juiz ou oficial de registro tiverem conhecimento
de algum impedimento, serão obrigados a declará-lo.
Os impedimentos e causas suspensivas devem ser opostos em declaração escrita e
assinada, instruída com provas da alegação ou com indicação do local onde podem ser obtidas
(art. 1529, CC).
Com a oposição, a habilitação ou a celebração devem ser suspensos imediatamente,
continuando apenas após decisão favorável em favor dos cônjuges. O oficial do registro dará aos
nubentes ou seus representantes nota da oposição, indicando fundamentos, provas e nome de
quem ofereceu (art. 1530, caput, CC). Os nubentes farão prova contrária aos fatos alegados. Em
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seguida, os autos serão remetidos a juízo. Produzidas as provas pelo oponente e nubentes, no
prazo de 10 dias e ouvidos os interessados e o MP em 5 dias, o juiz decidirá em igual prazo.
O procedimento é sumário, devendo haver obrigatoriamente a manifestação do Ministério
Publico.
A decisão será de índole correcional, com procedimento sumário, não fazendo coisa
julgada.
Se o oponente fizer alegação de má-fé, poderá sofrer ação civil ou penal, além de ter que
indenizar o dano causado. 
6. Celebração do casamento: O casamento é um ato solene especial, fundamentalmente
público. Preenchidos os requisitos da habilitação, o casamento será celebrado em dia (inclusive
sábados, domingos e feriados – Lei n. 1408/51, art. 5º), hora e local determinados pelos nubentes,
perante a autoridade competente do lugar onde se processou a habilitação. A solenidade será
realizada na sede do cartório, com publicidade, portas abertas, presentes pelo menos duas
testemunhas, parentes ou não dos contraentes, ou, querendo as partes e consentido a autoridade
celebrante, noutro edifício público ou particular (art. 1534, CC).
Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, conjuntamente as
testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida dos nubentes a afirmação de que
pretendem se casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nos termos
do art. 1535, CC.
De tal forma, as formalidades essenciais são:
a) petição dos nubentes dirigida à autoridade que houver de presidir o ato, acompanhada a
certidão de habilitação, a fim de que designe data, hora e local para o ato (art. 1533, CC); 
b) publicidade do ato nupcial (art. 1534 epar. único, CC); 
c) presença simultânea dos nubentes, em presença ou por procurador especial, das
testemunhas, do oficial do registro e do presidente do ato (art. 1535, CC);
d) afirmação dos nubentes que pretendem se casar por livre e espontânea vontade, sob
pena de suspensão da cerimônia (art. 1538, CC – não há possibilidade de retratação no
mesmo dia) ;
e) presença da autoridade competente;
f) lavratura do assento do matrimônio no livro de registro, assinado pelo presidente do ato,
cônjuges, testemunhas e oficial de registro (objetivo meramente probatório - art. 1536, CC,
c/c art. 70, Lei n. 601/73).
6.1. Casos de suspensão:
a) se algum dos contraentes recusar solenemente a afirmação de sua vontade, declarar que esta
não é livre e espontânea ou se manifestar arrependido;
b) oposição séria de impedimento; 
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c) retratação de consentimento dos pais, tutor ou curador, cuja autorização for necessária;
d) revogação da procuração, no caso de o casamento ser realizado mediante sua apresentação
(art. 1538, CC).
6.2. Número de testemunhas:
a) se o casamento for realizado no cartório – duas testemunhas (parentes ou não dos
contraentes; 
b) se o casamento for realizado em casa particular e se algum dos contraentes não souber ou não
puder escrever – quatro testemunhas; 
c) se o casamento for realizado no local onde se encontrar um dos nubentes, por estar acometido
de moléstia grave – duas testemunhas que saibam ler e escrever;
d) casamento nuncupativo – seis testemunhas que com os nubentes não tenha parentesco em
linha reta, ou, na colateral, até segundo grau. 
6.3. Tipos de casamento:
6.3.1. Casamento civil comum: Celebrado perante o juiz de casamento, com toda a publicidade,
com portas abertas (art. 1533 a 1542, CC). Agora permitido para qualquer forma de
relacionamento, inclusive homoafetivos (Resolução nº 175/2013 do CNJ).
6.3.2. Casamento religioso de efeitos civis (matrimônio): Celebração realizada perante
ministro de qualquer confissão religioso que não contrarie a ordem pública ou os bons costumes.
Deve ser inscrito no Cartório de Registro Civil (Lei 1110/50). Está disciplinado nos arts. 71 e 75 da
Lei 6015/73 e arts. 1515 e 1516, CC. Pode ocorrer de duas formas: a) com prévia habilitação (art.
1516, § 1º, CC), ocasião em que os nubentes, além de se aterem aos arts. 1525 a 1527 e 1531,
deverão solicitar certidão que autorize o ministro religioso a celebrar o casamento, que deverá ser
inscrito no registro civil em noventa dias, sob pena de não produzir efeitos civis; b) com
habilitação posterior ä celebração (art. 1516, par. 2º, CC), em que, além da documentação exigida
pelo art. 1525, os consortes também deverão juntar certidão exarada pelo ministro religioso, no
prazo de noventa dias.
OBS.: Se um dos nubentes falecer antes da inscrição do casamento religioso no registro civil, tal
fato não obsta a concessão dos feitos civis ao casamento, salvo se qualquer dos consorciados
tiver contraído com outrem casamento civil (art. 1516, par. 3º).
6.3.3. Casamento por procuração: Pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento
público, que outorgue poderes especiais ao mandatário para receber, em nome do outorgante, o
outro contraente. A eficácia do mandato não pode ultrapassar noventa dias. Pode o mandato ser
revogado apenas por instrumento público e, neste caso, não necessita chegar ao conhecimento
do mandatário.
Entretanto, se houver revogação e o casamento mesmo assim for celebrado sem que o
mandatário ou o contraente dela tenham tomado ciência, responde o mandante por perdas e
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danos, além de se tornar anulável o matrimônio (art. 1550, V), salvo se tiver sobrevindo
coabitação entre os cônjuges.
Se o nubente mandante falecer antes do casamento, há extinção do mandato, não
revogação, e, consequentemente, o ato é inexistente, devido à ausência de consentimento (Maria
Helena Diniz).
6.3.4. Casamento consular: O casamento de estrangeiros pode celebrar-se perante autoridades
diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes, no próprio consulado ou fora dele (art.
7º , § 2º, LINDB). O Cônsul estrangeiro só poderá celebrar essa cerimônia se os contraentes foram
co-nacionais, cessando sua competência se um deles for de nacionalidade diversa, ou seja, é
válido para o brasileiro no estrangeiro, diante de autoridade consular brasileira. Devem ser
observadas as regras do art. 1544, CC. Deve ser realizado somente perante o cônsul de carreira,
não sendo permitida a realização perante o cônsul honorário. A certidão emitida pelo consulado
deve ser registrada no Cartório de Registros Civis da comarca onde residem os cônjuges no
prazo de 180 dias a contar da data do retorno de um ou de ambos ao Brasil.
6.3.5. Casamento nuncupativo ou in extremis vitae momentis ou inarticulo mortis: Quando
um dos nubentes encontrar-se em iminente risco de vida ou sofrendo de moléstia grave, não
obtendo a presença de autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, ou não
havendo tempo para a habilitação, poderá o casamento ser celebrado na presença de 06 (seis)
testemunhas, com que os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, em
segundo grau (art. 1540). 
Realizado o casamento, as testemunhas deverão comparecer perante a autoridade judicial
mais próxima (vara de família e sucessões), dentro de dez dias, pedindo que lhes tome por termo
as seguintes declarações: a que forma convocadas por parte do enfermo; que este parecia em
risco de vida, mas em seu juízo, e que em sua presença declararam os contraentes, livre e
espontaneamente, receber-se por marido e mulher (art. 1541, I, II e III, CC).
Se alguma das testemunhas não comparecer a esse ato, pode o interessado requerer sua
intimação. Autuado o pedido e tomadas as declarações, procede-se às diligências necessárias
para verificar se os contraentes poderiam Ter se habilitado para o casamento. Se preencherem os
requisitos ou não afrontarem nenhuma disposição legal, homologa-se o ato.
Serão dispensadas as referidas formalidades se o enfermo convalescer e puder ratificar o
casamento na presença da autoridade competente e do oficial do registro. Não é novo
casamento, mas confirmação do realizado.
6.3.6. Casamento putativo: Casamento que, embora nulo ou anulável, foi contraído de boa-fé
(ignorância da existência de impedimentos à união) por um ou ambos os cônjuges (art. 1561, CC).
A ignorância da existência de impedimentos decorre de erro de fato (irmãos que ignoram a
existência do parentesco) ou de direito (tios e sobrinhos que ignoram a necessidade de exame
pré-nupcial).
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Na sentença de invalidade do casamento, o juiz declara a putatividade de ofício ou a
requerimento das partes. Os efeitos são os mesmos de um válido, para o cônjuge de boa-fé,
produzidos até a data que lhe ponha termo. A eficácia da decisão é ex nunc, não afeta direitos até
então adquiridos, os efeitos só cessam para o futuro.
Quanto aos cônjuges, produzem-se os efeitos do regime de bens, nas mesmas regras
previstas para a separação judicial. Os filhos em comum terão seus direitos civis aproveitados
(art. 1561, § 2º, CC)
7. Das Provas do casamento: 
7.1. Provas diretas específicas: certidão de registro (art. 1543, CC) ou, no caso de casamento
celebrado fora do Brasil, documento do país onde se celebrou, autenticado segundo as leis
consulares, para produzir efeitos no Brasil.
Se realizado perante autoridade consular, a prova é feita pela certidão do assentono registro do
consulado. O art. 1.544 dispõe que o casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro perante
as autoridades ou cônsules brasileiros, deverá ser registrado em 180 dias, a contar da volta de
um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1º
Ofício da capital do Estado em que passarem a residir. Esse retorno de um ou de ambos os
cônjuges ao território nacional implica em volta definitiva com residência e não em simples
passagem pelo país.
7.2. Provas diretas supletórias: na impossibilidade de se provar documentalmente o casamento,
se justificada pela falta ou perda do registro civil, será admissível qualquer outro tipo de prova (art.
1543, par. único), como a certidão de proclamas, passaporte, testemunhas do ato e documentos.
Primeiramente, o interessado deve provar que o registro não mais existe ou nunca existiu. A prova
do casamento pode decorrer também de sentença judicial em processo movido para esse fim.
Nesse caso, a ação declaratória é o meio hábil. A sentença daí decorrente deverá ser inscrita no
Registro. Esse registro produzirá, tanto no que toca aos cônjuges como no que respeita aos
filhos, todos os efeitos desde a data do casamento (art. 1.546).
7.3. Provas indiretas: é prova de posse do estado de casados (casamento que foi celebrado,
mas não registrado ou não se sabe onde o registro se encontra); reflete a situação de duas
pessoas, que vivem ou viveram publicamente como casadas e, como tal, reconhecidas pela
comunidade.
A posse de estado de casado é a melhor prova do casamento, na ausência de registro, embora
não seja peremptória, pois deve ir cercada de circunstâncias que induzem a existência do
matrimônio. Sua utilização, contudo, é excepcional na lei. 
O ordenamento protege o estado de casado na hipótese de cônjuges que não possam manifestar
sua vontade e de falecimento dos cônjuges nesse estado, em benefício da prole comum. A
presunção de casamento somente não ocorrerá mediante certidão do registro civil, provando que
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algum dos cônjuges falecidos já era casado quando contraiu o matrimônio impugnado (art. 1.545).
A finalidade do dispositivo é beneficiar a prole comum. 
Nessa situação, presume-se o casamento, impedindo-se sua contestação se há filhos do casal
falecido. Para que essa presunção opere, há necessidade de quatro requisitos: (1) que os pais
tenham falecido ou que possam manifestar sua vontade; (2) que tenham vivido na posse de
estado de casados; (3) a existência de prole comum e (4) a inexistência de certidão do registro
que ateste ter algum dos pais já contraído casamento anteriormente. 
Desse modo, não há que se admitir a presunção, se não há filhos e se um dos cônjuges ainda
sobrevive ou pode validamente manifestar sua vontade. Interessante notar que o art. 203 não
exige que os interessados aleguem perda ou falta do registro. A intenção do legislador foi proteger
a prole comum, favorecendo a legitimidade da filiação. Somente os filhos podem alegar essa
posse de estado, depois da morte dos pais. 
Trata-se, no entanto, de exceção à regra geral, somente aplicável na hipótese descrita: pela regra
geral, casamento se prova por sua realização, e, mais que isso, pela certidão respectiva.
Lembramos que a doutrina equiparava analogicamente as situações de alienação mental dos pais
e ausência à sua morte, para fins de permitir o uso dessa prova. O atual Código preencheu a
lacuna ao mencionar, nessa hipótese, também as pessoas que não possam manifestar sua
vontade.Por outro lado, o legislador adota ainda o princípio in dubio pro matrimonio no art. 1.547,
ao estatuir: “Na dúvida entre as provas favoráveis e contrárias, julgar-se-á pelo casamento, se os
cônjuges, cujo casamento se impugna, viverem ou tiverem vivido na posse do estado de
casados.”
A regra é dirigida ao juiz. Trata-se de mais uma possibilidade de aplicação da posse do estado de
casados.
A doutrina estabelece requisitos para caracterizar a situação: a) nominatio – a mulher usava o
nome do marido; b) tractatus – ambos se tratavam como marido e mulher; c) fama – a sociedade
os reconhecia como casados. Usado na prova do casamento de pessoas falecidas ou que não
possam manifestar vontade ou como elemento saneador de eventuais defeitos de forma.
Assim, o casal deve ter um comportamento social, público e notório, de casados, assim se
tratando reciprocamente. Quem assim se comporta, presumivelmente encontra -se no estado de
casado. No entanto, a prova cada vez mais deve ser vista com restrições, porque a união estável,
com mais ou menos profundidade, também traduz uma posse nesse sentido. 
Casamento não se presume. Impõe-se, nesse sentido, que se prove que efetivamente ocorreu a
celebração do casamento, sob pena de se abrir margem a fraudes.
Obs1.: Havendo dúvidas entre as provas favoráveis e contrárias, deve-se julgar pela existência do
casamento (art. 1547, CC).
Obs2: Hoje não mais de aponta como necessário a questão do nominatio, pois não é mais
obrigatória a inclusão do sobrenome do cônjuge 
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8. Defeitos do Casamento e seus Efeitos Jurídicos: 
8.1. Casamento inexistente: Não há previsão no Código Civil. No entanto, podemos citar: a)
inexistência da celebração; b) inexistência da celebração de vontade dos nubentes. Afastada a
questão do casamento entre pessoas do mesmo sexo; 
Efeitos: Não há o que desconstituir. Não se convalida pela ratificação ou pela prescrição, nem
admite declaração de putatividade. Caso ocorra a lavratura do assento, poderá ser proposta ação
de cancelamento do registro civil.
8.2. Casamento nulo: a) contraído pelo enfermo mental sem discernimento para atos da vida
civil; b) contraído com a existência de impedimento. 
Efeitos: a) podem requerer a declaração de nulidade, através de ação direta, qualquer
interessado e o MP; b) não se encontra sujeito ao prazo prescricional ou decadencial, não
podendo ser suprido ou ratificado; c) admite declaração de putatividade; d) requer
pronunciamento judicial para sua invalidação (não pode ser decretada de ofício pelo juiz); e) a
sentença que decretar a nulidade do casamento retroagirá à data da celebração, sem prejudicar
aquisição de direitos, a título oneroso, por terceiros de boa-fé, nem resultantes de sentença
transitada em julgado; f) é decretada no interesse da coletividade; g) os efeitos civis serão
aproveitados aos filhos comuns; h) havendo culpa de um dos cônjuges na anulação, este incorre
na perda das vantagens havidas e na obrigação de cumprir a promessa do contrato antenupcial; i)
admite prévia separação de corpos.
8.3. Casamento anulável: 
a) De quem não completou idade mínima para casar, mas não se anulará o casamento se
sobrevier gravidez. 
Prazo decadencial – (art. 1555, CC) 180 dias, a contar, para o menor, do dia em que completar
16 anos e, para seus representantes legais ou ascendentes, da data do casamento. 
b) Do menor, em idade núbil, quando não autorizado pelo seu representante legal.
Prazo decadencial – 180 dias, por iniciativa do incapaz, ao deixar de sê-lo; 180 dias, a contar da
celebração do casamento, se proposta por representantes legais;
180 dias da morte do incapaz, se proposta por herdeiros necessários.
c) Erro essencial quanto à pessoa do outro e coação.
Erro essencial – identidade, honra e boa fama (aspecto financeiro não é levado em
consideração); ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne
insuportável a vida conjugal; ignorância anterior ao casamento, dedefeito físico irremediável ou
moléstia grave e transmissível, pelo contágio ou herança, capaz de por em risco a saúde do outro
cônjuge ou de sua descendência; ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave
que, por sua natureza, torne insuportável a convivência com o cônjuge.
Prazo decadencial – três anos, a contar da celebração do casamento (ver art. 1560, CC).
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Vício de vontade – O consentimento de um ou ambos os cônjuges foi captado mediante fundado
temor de mal considerável e iminente para a vida, saúde e honra de familiares.
Prazo decadencial – quatro anos, a contar da celebração.
d) Do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento.
Prazo decadencial – 180 dias, a contar do casamento.
e) Realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do
mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges.
Prazo decadencial – 180 dias, a partir da data que o mandante tiver conhecimento da
celebração.
f) Por incompetência da autoridade celebrante.
Prazo decadencial – dois anos, a contar da celebração.
Efeitos: a) a anulabilidade pode ser alegada apenas por algumas pessoas; b) o casamento
anulável encontra-se sujeito a prazos decadenciais exíguos, podendo ser confirmado,
tacitamente, pelo decurso do tempo; c) admite a declaração de putatividade; d) requer
pronunciamento judicial para sua invalidação, não podendo ser decretada de ofício pelo juiz; e)
produz efeitos ex nunc; é decretada no interesse da vítima ou grupo de pessoas; g) os efeitos
civis se aproveitam aos filhos comuns, independente de presença de boa-fé; h) no caso de má-fé,
há perda de vantagens havidas do cônjuge inocente.
8.4. Casamento irregular: Contraído com infração a causa suspensiva.
Efeitos: a) não acarreta a nulidade ou anulabilidade, mas apenas obrigatoriedade de regime de
separação de bens
OBS.: Ação de anulação ou de nulidade – Sujeita-se ao procedimento ordinário, com intervenção
do MP. È admissível separação de corpos e arbitramento de alimentos provisionais. A sentença
transitada em julgado deve ser averbada no livro de casamento. Não há mais reexame
necessário. 
9. Efeitos Jurídicos do Casamento:
9.1. Sociais: Cria a família legítima (art. 226, par. 1º e 2º da CF); emancipa o cônjuge menor (art.
5o, II, CC); estabelece vínculo de afinidade entre cônjuges e parentes do outro (art. 1595, CC).
9.2. Pessoais: direitos e deveres próprios e recíprocos entre os cônjuges e dos pais em relação
aos filhos, sem valor econômico (fidelidade recíproca, vida em comum no domicílio conjugal,
mútua assistência, respeito, consideração, direção conjunta da sociedade conjugal, no interesse
do casal e dos filhos, sustento, guarda e educação dos filhos, fixação conjunta de domicílio
conjugal, proteção do outro cônjuge em sua integridade física e moral, possibilidade de qualquer
dos nubentes acrescentar o sobrenome do outro, guarda e educação dos filhos).
OBS.: Não há mais a expressão pátrio poder – PODER FAMILIAR.
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9.3. Patrimoniais (veremos adiante): decorrentes de regime de bens, atos que não podem ser
praticados na ausência do cônjuge (art. 1647, CC), impenhorabilidade do bem de família, dever
recíproco de sustento e prestação de alimentos, direito sucessório do cônjuge sobrevivente,
ralações econômicas entre pais e filhos (decorrentes mais de parentesco do que do casamento),
tais como dever de sustentar filhos menores, prestação de alimentos, administração e bens de
filho menor, usufruto dos bens dos filhos que estiverem sob o poder familiar.
9.4. Direitos e Deveres dos cônjuges (art. 1566 a 1570):
Conforme art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges: I – fidelidade recíproca; II – vida em
comum, no domicílio conjugal; III – mútua assistência; IV – sustento, guarda e educação dos
filhos; V – respeito e consideração mútuos.
As imposições contidas no presente artigo são deveres cuja inobservância poderá acarretar
sanção ao cônjuge, tanto que, eventualmente, resultará na propositura de ação de separação
judicial por iniciativa do outro (art. 1.572, caput).
A despeito de o novo Código Civil não contemplar expressamente a possibilidade de tal sanção,
esta pode vir a ser imposta com fundamento nos arts. 186 e 927 do mesmo Diploma Legal, uma
vez que o descumprimento dos deveres conjugais previstos no artigo 1.566, como deveres legais,
constitui ato ilícito, ensejador, ao menos, de dano moral.
- Fidelidade recíproca. A fidelidade é expressão natural do caráter monogâmico do casamento,
sendo a norma revestida da intenção de ditar o procedimento do casal. Pelos nossos costumes e
desenvolvimento histórico, assim como o casamento consolida vínculo afetivo e espiritual entre os
cônjuges, deve fazê-lo também quanto ao vínculo físico. Para a plenitude deste último, mister
exclusiva e recíproca dedicação, pelos cônjuges, de seus corpos. A fidelidade é, desse modo,
consequência natural do casamento.
Duas são as modalidades de infidelidade: material e moral. A primeira ocorre com o adultério, que
importa em estabelecer relacionamento sexual com outro parceiro. O conceito de infidelidade
moral foi elaborado pela doutrina para representar qualquer ato de um dos cônjuges ofensivo à
integridade moral do outro, constituindo injúria, mas deixou de ser crime específico com a
revogação do art. 240 do Código Penal.
Vida em comum, no domicílio conjugal. A lei impõe aos cônjuges a unidade de domicílio,
conhecida como coabitação, cabendo ao marido e à mulher o dever de compartilhar o mesmo teto
– que é o domicílio conjugal.
Além disso, prevê a Lei o dever de vida em comum, que é o debitum conjugale. 
As relações sexuais constituem uma das primeiras razões da vida conjugal e, em sintonia com o
dever de fidelidade, um cônjuge há de dispor do corpo do outro.Mútua assistência. A expressão
revela a origem e o fundamento da obrigação alimentar entre os cônjuges, não sendo, entretanto,
seu único significado, pois a palavra assistência deve ser interpretada em sentido amplo, para
compreender, não só o dever de auxílio material, mas também o moral e afetivo. Inclui todo o tipo
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de comportamento que demonstre apoio, socorro e auxílio durante a vida conjugal.
- Sustento, guarda e educação dos filhos. O Código Civil considerou como de ambos os cônjuges
tal obrigação, de modo a não ensejar qualquer dúvida de que aquela deve ser compartilhada
entre o marido e a mulher. Outra não pode ser a conclusão, diante do disposto no art. 1.631 do
Código Civil, que expressamente outorga o exercício do poder familiar a ambos os pais. Os
deveres de sustento, guarda e educação dos filhos formam o conteúdo do poder familiar, nos
termos do art. 22 do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90).
- Respeito e consideração mútuos. O Código Civil exige, expressamente, que um cônjuge se
abstenha de praticar comportamento injurioso em relação ao outro, já que deve guardar respeito e
consideração para com ele. O descumprimento desse dever, portanto, corresponde à injúria grave
ou à infidelidade moral criada pela doutrina.
9.5. PODER FAMILIAR. Decidir o planejamento familiar. Esta previsão legal tem sede
constitucional e conforme art. 1.568, os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção de
seus bens e dos rendimentos do trabalho, para o sustento da família e a educação dos filhos,
qualquer que seja o regime patrimonial. Tem-se aqui mais uma decorrência da isonomia
constitucional entre o homem e a mulher. Obs.: Lembre-se agora também

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