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Denuncia

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Exmo. Sr. Juiz de Direito da 5ª Vara Criminal da Comarca de Boa Vista - RR
O Ministério Público de Roraima, por seu Promotor de Justiça, no uso de suas atribuições, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com base no inquérito policial em epígrafe, oferecer DENÚNCIA em face de:
NILVÂNIO, brasileiro, solteiro, pintor, moreno, tatuagem no braço natural de Boa Vista/RR, nascido em 27/10/68, filho de Maria, residente na Rua X, Bairro XX, Boa Vista - RR;
NILVO, brasileiro, irmão de Nilvânio, solteiro, servente de pedreiro, natural de Boa Vista-RR, nascido em 27/12/70, filho de Maria, recolhido na Penitenciária Agrícola do Monte Cristo;
OLIVANIO, brasileiro, casado, filho de Tereza, nascido em 30/01/1969, residente na Rua B, Bairro XX, Boa Vista/RR, atualmente recolhido na Penitenciária Agrícola do Monte Cristo;
LIVANIO, braileiro, solteiro, profissional liberal, nascido em 09/08/1984, residente na Rua C bairro D, Mucajaí-RR, atualmente recolhido na Penitenciária Agrícola do Monte Cristo;
Pelos fatos delituosos a seguir expostos:
I – Os fatos.
 Na cidade de Boa Vista-RR, no ano de 2008, os denunciados NILVANIO e OLIVANIO se juntaram para praticar o delito de tráfico de drogas, consistente na aquisição, guarda e venda de substâncias entorpecentes, fato que ocorreu na residência de NILVANIO, situada na imediação de um hospital.
 No dia 27 de novembro de 2008, na residência do denunciado, NILVANIO e OLIVANIO venderam aproximadamente três papelotes de droga, conhecida como “Crack”, pesando aproximadamente três gramas, para o usuário Olivio. Os denunciados também mantinham em depósito no local mais dois quilos de droga em desacordo com determinação legal ou regulamentar.
Antes dos fatos acima alegados, no dia 20 de novembro de 2008, na residência da vítima Maria, genitora dos denunciados NILVO e NILVÂNIO, situada na Rua A, Bairro C, Boa Vista/RR, o denunciado NILVO subtraiu para si uma arma de fogo, calibre 38, marca Taurus. A vítima possuía mais de 60 anos de idade.
Ainda no dia 27 de novembro de 2008, agindo em comunhão de vontades e união de esforços, os denunciados NILVANIO, OLIVANIO e NILVO se dirigiram ao posto de combustível localizado na saída da cidade de Boa Vista. No local os denunciados NILVANIO e OLIVANIO abordaram as vítimas Dilvete e Caroline, sob grave ameaça realizada com emprego de armas de fogo, subtraíram para si a quantia de R$ 9.100,00 em espécie e diversos cheques no valor de R$ 41.900,00. O denunciado NILVO permaneceu do lado externo, vigiando a ação e dando cobertura aos co-agentes.
 Para assegurar o sucesso da subtração, em ato contínuo, os três denunciados colocaram as vítimas Dilvete e Caroline no interior do veículo VW Golf que conduziam. Com a chegada de policiais militares os denunciados efetuaram diversos disparos de arma de fogo para garantir a posse sobre os bens, vindo alguns dos disparos a atingir as ofendidas, causando-lhes as lesões descritas no laudo de exame cadavérico de fls 13, o que foi a causa da morte de Dilvete e Caroline.
No momento do confronto com os policiais, o denunciado NILVO conduzia uma motocicleta CG 125, após a troca de tiros, foi abordado por policiais, apresentando o mesmo documento de identidade falso e após verificação policial restou constatado a adulteração na placa da motocicleta. Dessa forma restou comprovado que o denunciado NILVO adulterou a placa da motocicleta CG 125, fixando fitas adesivas e modificando os números e letras de identificação.
 Após a fuga, os outros denunciados se dirigiram a cidade de Mucajaí/RR, os denunciados NILVANIO e OLIVANIO se dirigiram até o cemitério Municipal, onde, mediante determinação de NILVANIO, o agente OLIVANIO ocultou os cadáveres de Dilvete e Caroline em uma sepultura por ele violada.
No momento, em que os corpos da vítima eram colocados na sepultura violada, o denunciado OLIVANIO subtraiu para si um relógio de marca e dois anéis que estavam no cadáver de Caroline.
No período noturno, os denunciados NILVANIO e OLIVANIO, agindo em união de desígnios, dirigiram-se até o estabelecimento Airton Jóias, situado na cidade de Mucajaí, onde romperam a janela do banheiro e subtraíram para si, do interior da loja, cheques e jóias avaliados em R$ 33.636,00
No dia 28 de novembro de 2008, em via pública próxima a residência situada na rua C, bairro D, Mucajaí, o denunciado NILVANIO portava um revolver calibre 38, marca Rossi com a numeração raspada, enquanto o denunciado OLIVANIO portava revolver calibre 38, marca Taurus n. KE 445879, tudo sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar.
Ainda no dia 28 de novembro de 2008, em sua própria residência, situada na rua C, bairro D, Mucajaí, foi constado que o denunciado LIVÂNIO tinha posse e armazenava 100 fotografias impressas e outras em meio digital além de vídeos com cena de sexo explícito envolvendo a vítima Neiva, adolescente nascida em 01/10/1993, com 15 anos de idade.
II - A tipificação
Após os fatos relatados, assim agindo os denunciados NILVANIO e OLIVANIO infringiram o disposto no artigo 35 e artigo 33, caput, ambos c/c artigo 40, III, Todos da Lei 11.343/06.
Individualizando as tipificações, restou comprovado que o denunciado NILVO infringiu o disposto no artigo 311, 155, caput, c/c artigo 183, III, do Código Penal. OLIVANIO infringiu o disposto no artigo 155, caput, e o disposto no art. 16, parágrafo único, IV da Lei 10.826/03. LIVANIO infringiu o disposto no artigo 241-B da Lei 8.069/90 (ECA).
Relacionando as condutas feitas em comum entre os denunciados, restou comprovado que os denunciados NILVANIO, OLIVANIO e NILVO infringiram o disposto no art. 157, §3, segunda parte do Código Penal. NILVANIO e OLIVANIO infringiram o disposto no artigo 211, artigo 155, §2, I e IV ambos do Código Penal.
III – Os crimes desconsiderados
De acordo com os fatos narrados o Ministério Público deixa de oferecer denúncia em face do seguinte agente pelos respectivos fundamentos:
NILVO na associação para o tráfico e no tráfico de drogas, pois consta nos autos que havia mera suspeita de envolvimento do agente nas citadas práticas delituosas. Portanto, não há nos autos elementos mínimos que justifiquem a deflagração da ação penal, faltando justa causa (art. 395, III do CPP). O delito de dano: embora haja indício da pratica do crime de dano, trata-se de ação penal privada, inexistindo legitimidade ativa ao parquet. Quanto ao dano nas viaturas, decorrentes dos disparos, o delito não existe por ausência do elemento subjetivo bem como por ter sido o fato absorvido pelo latrocínio. O delito de corrupção ativa: em que pese haver indício no feito de que o agente tenha pedido a um policial para lhe “quebrar um galho” cumpre salientar que tal conduta não configura, por si só, a prática de corrupção, na medida em que não houve oferecimento ou promessa propriamente dita de vantagem indevida. O delito de uso de documento falso: conforme apurado, o documento é produto de falsificação grosseira, sendo que segundo o entendimento jurisprudencial esta circunstância torna o fato atípico, pois é crime impossível.
IV- Os pedido
De acordo com os fatos acima descritos, o Ministério Público requer que: 
Seja decretada a prisão preventiva do denunciado NILVANIO, pois se verificou que o mesmo não foi preso na ação policial por se encontrar em local incerto e não sabido. Preenchendo os requisitos do artigo 313 e 312 do código de processo penal, restou comprovado que o denunciado possui uma personalidade voltada para o crime e sua afinco na violação do patrimônio alheio, sendo que permanecendo solto encontrará os mesmos estímulos para continuar a praticar delitos, colocando em risco a ordem pública. O denunciado também teve êxito na fuga, sendo que tal conduta indica seu ânimo de não atender o chamado judicial, colocando em risco a aplicação da lei penal.
A extração de cópias e a remessa desta ao Juizado da Infância e Juventude (Art. 104do ECA), com base no artigo 79, II do Código Penal, pois consta nos autos a prática de atos definidos como crime pelo adolescente LOVANIO, diante de sua inimputabilidade penal ( art. 27 Código Penal).
Diligencias para apurar o envolvimento de terceiros (AIA ou ANGEINA) na eventual participação dos delitos acima mencionados. Considerando o fato de haver a qualificação das suspeitas nos autos existe necessidade de realizar a quebra do sigilo telefônico e telemático com a interceptação de tais meios de comunicação, vez que preenchidos os requisitos da Lei 9.296/96 e Art. 5º, XII da CF.
Que seja instaurado o incidente de insanidade mental nos termos do artigo 149 do código penal, em face do denunciado LIVANIO, uma vez que há indícios da sua falta de integridade mental. 
Requer-se ainda o envio de ofício ao juízo das execuções penais, noticiando a suposta prática de falta grave por parte de ANILDO (art. 50, VII da Lei 7.210/84), haja vista a apreensão de aparelho celular em seu poder.
Pugna-se pela divisão do feito e remessa de cópia dos autos a Justiça Militar, para apurar eventual crime militar descrito no art. 303 do Código Penal Militar praticado pelo policial militar VANIO, com base no art. 79, I do CPP.
Requer-se a designação de audiência para proposta de suspensão condicional do processo, nos termos do art. 89 da Lei 9.099/95 para o réu LIVANIO, visto que o crime imputado é de médio potencial ofensivo.
 Pugna-se pela designação de audiência de transação penal, diante do delito de menor potencial ofensivo praticado por OLIVIO (art. 28 da Lei 11.343/06) propondo ao agente nos termos do art. 60, parágrafo único, art. 61 e art. 76 da Lei 9.099/95 e art. 48, §5º da Lei 11.343/06, a imposição de pena restritiva de direito de prestação de serviços a uma das entidades de recuperação de usuários de droga.
Justifica-se a definição da competência no juízo da Comarca de Boa Vista por ser o local da consumação do crime mais grave (latrocínio) nos termos do art. 78, II, “a” do CPP.
 Pugna-se pela juntada nos autos das FAC’S estadual e federal de todos os acusados. 
 Por fim, requer esta Promotoria de Justiça que sejam os referidos denunciados devidamente citados e intimados para a apresentação de defesas escritas, nos termos do disposto no artigo 396 do Código de Processo Penal, designando-se audiência de instrução e julgamento para oitiva das vítimas e testemunhas abaixo arroladas e interrogatórios dos acusados que, após cumpridas as demais formalidades legais, deverão ser condenados nas penas que lhes couberem.
Boa Vista, 03 de Abril de 2009.
Elcio Antonio Garia Júnior
Promotor de Justiça
Rol de testemunhas:
1 – Olivo, qualificado em fls 03;
2 – Maria, qualificada em fls 04;
3 – Anildo, qualificado em fls 07;
4 – Neiva, qualificada em fls 08.
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