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Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br E-book comprado por Laisa De Freitas Da Silva Oliveira CPF: 016.146.971-08 25 PEÇAS PRÁTICAS DE CONCURSOS DE DELEGADO DE POLÍCIA COM SUGESTÃO DE RESPOSTAS 1 http://www.questoesdiscursivas.com.br/ Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 2 www.questoesdiscursivas.com.br http://www.questoesdiscursivas.com.br/ http://www.questoesdiscursivas.com.br/ Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 3 AUTORES: SÉRGIO BAUTZER Delegado de Polícia Civil do Distrito Federal. Lecionou legislação penal especial em diversos cursos preparatórios, em faculdades e na Academia de Polícia, foi agraciado com o título de Professor destaque da Academia da Polícia Civil do Distrito Federal, lecionou para policiais da Guarda Nacional Colombiana, é autor das obras “Legislação Penal Especial na Visão das Bancas Examinadoras e da Jurisprudência”, “Questões com Gabaritos comentados - Legislação Penal Especial”, “Questões com Gabaritos comentados – Direito Penal – Parte Especial”, “Questões com Gabaritos Comentados – Direito Processual Penal”, “Questões com Gabaritos Comentados – Estatuto da Criança e do Adolescente” e diversas apostilas, todos publicados pela Editora Vestcon”. Professor de Legislação Penal Especial na Escola Superior de Advocacia do Distrito Federal. RAFAEL FARIA Delegado de Polícia Civil do Estado de São Paulo. Especialista em Direito Penal e Processo Penal com Capacitação para Docência no Ensino Superior pela Faculdade de Direito Damásio de Jesus/SP. Professor de Direito Penal da Graduação em Direito do Centro Universitário Unifafibe, em Bebedouro/SP. RODRIGO DUARTE Advogado da União. Ex-Oficial de Justiça e Avaliador Federal no TRF da 2ª Região; Ex- Técnico Administrativo do Ministério Público da União (MPU) e Ex-Técnico de Atividade Judiciária no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Aprovado e nomeado no concurso de Analista Processual do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPE/RJ). MIGUEL BLAJCHMAN (Organizador) Advogado. Fundador do site Questões Discursivas. Ex-Analista de Planejamento e Orçamento da Secretaria Municipal da Fazenda do Rio de Janeiro (SMF/RJ). Aprovado nos seguintes concursos: Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE/RJ). Analista e Técnico do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPE/RJ) e Advogado da Dataprev. http://www.questoesdiscursivas.com.br/ Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 4 PEÇAS PRÁTICAS DE DELEGADO DE POLÍCIA Concurso: Polícia Federal – Ano: 2013 – Banca: CESPE Almir foi preso em flagrante no aeroporto Antônio Carlos Jobim, na cidade do Rio de Janeiro – RJ, após adentrar em território nacional com duas malas repletas de roupas, relógios e eletroeletrônicos não declarados à Receita Federal do Brasil e cujo imposto de importação não fora devidamente recolhido. Os produtos foram apreendidos e Almir, encaminhado à delegacia da Polícia Federal. Na posse do conduzido, foram apreendidos os seguintes objetos: i) diversas passagens aéreas Rio-Miami-Rio em nome de Geraldo e Gabriel; ii) caderno de notas com nome de diversos funcionários do aeroporto; e iii) inúmeras notas fiscais de produtos adquiridos no estrangeiro, que somavam mais de R$ 60.000,00. Durante seu depoimento extrajudicial, na presença de seu advogado, João, Almir afirmou que as roupas e joias não haviam sido adquiridas no exterior, que os eletroeletrônicos realmente eram importados, mas estariam dentro da cota de isenção de imposto de importação e que Geraldo e Gabriel eram apenas seus amigos. Após pagar fiança arbitrada pela autoridade policial, Almir foi solto e, dentro do prazo legal, recorreu administrativamente do auto de infração de apreensão das mercadorias e de arbitramento do imposto devido, recurso ainda pendente de julgamento pelo órgão Fazendário. Instaurado inquérito policial, Almir foi formalmente indiciado. Dando continuidade às investigações, o delegado de polícia requereu ao juiz criminal competente a interceptação telefônica do indiciado, o que foi deferido pelo prazo de quinze dias. O conteúdo das interceptações apontou que Geraldo e Gabriel combinaram que viajariam aos Estados Unidos da América para comprar mercadorias, que seriam revendidas no Brasil por preços inferiores aos de mercado, sendo o preço das passagens aéreas e os lucros das vendas repartidos por todos. Constatou-se que as viagens ocorreram durante os últimos três anos e que os envolvidos não pagavam o respectivo imposto, dissimulando a importação das mercadorias. Com a venda das mercadorias, o trio teria arrecadado mais de R$ 12.000.000,00, e Geraldo adquirido um imóvel na rua Vieira Souto, no bairro de Ipanema, na cidade do Rio de Janeiro – RJ, utilizando os ganhos com a infração penal, muito embora tenha constado do instrumento de aquisição do bem o nome de seu filho, Cléber. Além disso, em conversa travada entre Geraldo e João, seu advogado, verificou-se que os documentos e arquivos digitais contábeis do grupo estariam arquivados no escritório do causídico, onde seriam destruídos por Gabriel em poucos dias. Verificou-se, ainda, que o pagamento dos honorários de João era realizado mediante a entrega de parte das mercadorias importadas. Apurou-se, também, que os indiciados contavam com a colaboração de Paulo, que, na qualidade de funcionário da Receita Federal do Brasil, os auxiliava a burlar a fiscalização fazendária, e que, como retribuição, participava no lucro do grupo com a venda das mercadorias, sendo o pagamento da propina de responsabilidade de João. Surgiram indícios, ainda, da participação de outras pessoas no grupo, inclusive de funcionários públicos, bem como de utilização de empresas-fantasmas no esquema criminoso, o que, diante do fim do prazo das interceptações telefônicas, não pôde ser suficientemente apurado. Em seguida, os autos do inquérito policial foram conclusos ao delegado da Polícia Federal para análise. Em face da situação hipotética acima apresentada, redija, na condição de delegado responsável pela investigação do caso concreto, a peça profissional a ele adequada, direcionando-a à autoridade competente. Exponha a fundamentação jurídica pertinente, tipifique os crimes cometidos e requeira o que entender de direito, no que se refere às investigações. SUGESTÃO DE RESPOSTA: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO DE JANEIRO-RJ http://www.questoesdiscursivas.com.br/ 5 Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br SIGILOSO Ofício nº Ref. IPL nº O Departamento de Polícia Federal, órgão do Ministério da Justiça, por meio do Delegado de Polícia Federal que a esta subscreve, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência expor e requerer o quanto segue. Trata-se de investigação criminal destinada a apurar os crimes de descaminho, quadrilha, lavagem de dinheiro, receptação, corrupção passiva/facilitação de descaminho, corrupção ativa e lavagem de dinheiro, supostamente praticados por ALMIR, GERALDO, GABRIEL, JOÃO, PAULO e outros ainda não identificados. Na cidade do Rio de Janeiro, o nacional Almir foi preso em flagrante no aeroporto Antônio Carlos Jobim após adentrar em território nacional com duas malas repletas de roupas, relógios e eletroeletrônicos não declarados à Receita Federal do Brasil e cujo imposto de importação não fora devidamente recolhido. Os produtos foram apreendidos e Almir devidamente encaminhado à delegacia da Polícia Federal. Na posse do conduzido, foram apreendidos os seguintes objetos: 1) diversas passagens aéreas Rio-Miami-Rio em nome de Geraldo e Gabriel;2) caderno de notas com nome de diversos funcionários do aeroporto; e 3) inúmeras notas fiscais de produtos adquiridos no estrangeiro, que somavam mais de R$ 60.000,00. Durante seu depoimento extrajudicial, na presença de seu advogado, João, Almir afirmou que as roupas e joias não haviam sido adquiridas no exterior, que os eletroeletrônicos realmente eram importados, mas estariam dentro da cota de isenção de imposto de importação e que Geraldo e Gabriel eram apenas seus amigos. Após pagar fiança arbitrada, Almir foi solto e, dentro do prazo legal, recorreu administrativamente do auto de infração de apreensão das mercadorias e de arbitramento do imposto devido, recurso ainda pendente de julgamento pelo órgão fazendário. Instaurado inquérito policial, Almir foi formalmente indiciado, pois o fato praticado amolda-se perfeitamente ao artigo 334 do Código Penal (descaminho), inclusive com o aumento de pena previsto no §3º (a pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial). O descaminho é crime formal. Para que seja proposta ação penal por descaminho não é necessária a prévia constituição definitiva do crédito tributário, nos termos do entendimento prevalente no STJ. Conclui-se que no caso de descaminho não se aplica a Súmula Vinculante nº 24. A fim de identificar possível formação de quadrilha e todos os fatos que pudessem caracterizar os delitos em comento, esta autoridade policial representou a Vossa Excelência pela interceptação telefônica do indiciado, o que foi deferido pelo prazo de quinze dias. O conteúdo das interceptações apontou que Geraldo e Gabriel combinaram que viajariam aos Estados Unidos para comprar mercadorias, que seriam revendidas no Brasil por preços inferiores aos de mercado, sendo o preço das passagens aéreas e os lucros das vendas repartidos por todos. Constatou-se que as viagens ocorreram durante os últimos três anos e que os envolvidos não pagavam o respectivo imposto, dissimulando a importação das mercadorias. Com a venda das mercadorias, o trio arrecadou mais de R$ 12.000.000,00, tendo Geraldo adquirido um imóvel na rua Vieira Souto, no bairro de Ipanema, na cidade do Rio de http://www.questoesdiscursivas.com.br/ 6 Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br Janeiro – RJ, utilizando os ganhos com a infração penal, muito embora tenha constado do instrumento de aquisição do bem o nome de seu filho, Cléber. Além disso, em conversa travada entre Geraldo e João, seu advogado, verificou- se que os documentos e arquivos digitais contábeis do grupo estariam arquivados no escritório do causídico, onde seriam destruídos por Gabriel em poucos dias. Verificou-se, ainda, que o pagamento dos honorários de João era realizado mediante a entrega de parte das mercadorias importadas. Apurou-se, também, que os indiciados contavam com a colaboração de Paulo, que, na qualidade de funcionário da Receita Federal do Brasil, os auxiliava a burlar a fiscalização fazendária e que, como retribuição, participava no lucro do grupo com a venda das mercadorias, sendo o pagamento da propina de responsabilidade de João. Surgiram indícios, ainda, da participação de outras pessoas no grupo, inclusive de funcionários públicos, bem como de utilização de empresas-fantasmas no esquema criminoso, o que, diante do fim do prazo das interceptações telefônicas, não pôde ser suficientemente apurado. Diante do exposto, REPRESENTA-SE: 1) Pela PRORROGAÇÃO do monitoramento telefônico, inclusive com o fornecimento de extratos de ligações recebidas e realizadas, mensagens de texto, além da posição dos alvos por meio das informações encontradas pelas ERBs, de forma a identificar outros envolvidos na quadrilha, nos termos da Lei nº 9.296/96; 2) Pela interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática, a fim de identificar outros fatos e pessoas envolvidas no crime (art. 1º, parágrafo único da, Lei nº 9.296/96); 3) Pelo SEQUESTRO dos bens adquiridos pelos investigados, especialmente o imóvel adquirido por GERALDO, em nome de seu filho CLEBER, localizado na rua Vieira Souto, no bairro de Ipanema, na cidade do Rio de Janeiro – RJ, em que utilizou os ganhos com a infração penal, para adquirir o bem (artigos 125 e 126 do CPP); 4) Pela BUSCA E APREENSÃO NO ESCRITÓRIO DE JOÃO, pois, segundo as investigações, em conversa travada entre Geraldo e João, seu advogado, verificou-se que os documentos e arquivos digitais contábeis do grupo estariam arquivados no escritório do causídico, onde seriam destruídos por Gabriel em poucos dias. Ademais, o pagamento dos honorários de João era realizado mediante a entrega de parte das mercadorias importadas (artigo 240 do CPP); 5 ) Pela BUSCA E APREENSÃO na residência de PAULO, pois, de acordo com os autos, os indiciados contavam com a colaboração de Paulo que, na qualidade de funcionário da Receita Federal do Brasil, os auxiliava a burlar a fiscalização fazendária, e que, como retribuição, participava no lucro do grupo com a venda as mercadorias, sendo o pagamento da propina de responsabilidade de João (artigo 240 do CPP); 6) Pela PRISÃO PREVENTIVA de todos os envolvidos ora identificados (ALMIR, GERALDO, GABRIEL, JOÃO, PAULO), tendo em vista os requisitos previstos no artigo 312 do CPP. Com efeito, a prisão preventiva deverá ser decretada como garantia da ordem pública e econômica, na medida em que os autores podem continuar causando prejuízos financeiros à União e, além disso, os crimes praticados são dolosos, cujas penas máximas privativas de liberd ade são superiores a 4 (quatro) anos de reclusão, o que autoriza a medida cautelar, nos termos do artigo 313 do CPP. Nestes Termos, pede deferimento. http://www.questoesdiscursivas.com.br/ 7 Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br PEÇA TÉCNICO-PROFISSIONAL – J. C., primário e de bons antecedentes, responde, em liberdade, a inquérito policial por suposta prática do crime de estelionato, na modalidade de fraude no pagamento por meio de cheque (art. 171, §2.º, VI, Código Penal), contra a vítima I. A. O cheque, devolvido por ausência de fundos, encontra-se juntado aos autos do inquérito. Chegou ao conhecimento da autoridade policial, todavia, pelos depoimentos da vítima e das testemunhas A. V. e P. A., que J. C. estaria rondando o bairro em que se deram os fatos, em atitude claramente ameaçadora. Na condição de Delegado de Polícia responsável pelo caso, represente à autoridade competente pela decretação da prisão provisória cabível na hipótese apresentada. Local, data DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL MATRÍCULA Concurso: PCTO – Ano: 2014 – Banca: AROEIRA NOTA EXPLICATIVA: Apesar de um enunciado aparentemente simples, e considerando que a banca não permitiu consulta a qualquer tipo de material, para confeccionar a peça adequadamente o candidato deveria ter conhecimento dos seguintes temas: a) Prisão preventiva e temporária, modalidades de prisões provisórias existentes no direito brasileiro, haja vista ter a prisão em flagrante, segundo a doutrina majoritária, natureza de cautelar efêmera; b) Rol memorizado dos delitos contidos no art. 1º da Lei nº 7.960/89 (lei da prisão temporária), assim como a interpretação que diz que todos os delitos hediondos permitem a prisão temporária, ainda que não contidos no rol do artigo 1º da referida lei; c) Rol memorizado dos delitos hediondos – art. 1º da Lei nº 8.072/90; d) Prisão preventiva, seus pressupostos e fundamentos (artigo 312 do Código de Processo Penal), bem como as hipóteses de cabimento contidas no artigo 313 do mesmo código; e) Tipo penal de fraude no pagamento por meio de cheque, modalidade de estelionato contido no art. 171, §2º, VI, do Código Penal, especialmente em relação à pena cominada (1 a 5 anos), visto ser a quantidade da pena fator determinante para se analisar o cabimento ou não da prisão preventiva;Sabendo disso, o candidato perceberá que o delito de fraude no pagamento por meio de cheque não consta no rol do art. 1º da Lei nº 7.960/89 e também não se trata de crime hediondo. Com isso, permite-se concluir de imediato que não poderia haver representação pela prisão temporária, restando a representação pela prisão preventiva de J.C. Uma vez definida por qual prisão deva representar, no caso prisão preventiva, cabe ao candidato apontar os pressupostos e fundamentos contidos no enunciado, além de indicar em qual das hipóteses de cabimento do artigo 313 do CPP se enquadra a situação. A prisão preventiva tem como pressupostos (artigo 312 do Código de Processo Penal, primeira parte) indícios suficientes de autoria e prova da materialidade. É o que se conhece por fumus comissi delicti. No caso em análise, tais pressupostos estão evidenciados nos seguintes pontos: a materialidade evidencia-se no cheque devolvido juntado aos autos do Inquérito (folhas ), ao passo que os indícios suficientes de autoria restam presentes nos depoimentos das testemunhas A. V. e P. A. (folhas ) http://www.questoesdiscursivas.com.br/ 8 Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br Quanto aos fundamentos (periculum libertatis), a prisão preventiva mostra-se necessária em razão da conveniência da instrução criminal, pois, conforme o enunciado, o indiciado estaria rondando o bairro no qual se deram os fatos, em atitude claramente ameaçadora, pondo em risco o bom e normal andamento da investigação. Por fim, ainda que não tenham sido apontadas no espelho, algumas questões são indispensáveis na representação de prisão preventiva, devendo ser de conhecimento do candidato: 1 – Demonstração da necessidade e adequação da medida (art. 282, I e II, do Código de Processo Penal); 2 – Demonstração de que a situação se enquadra em uma das hipóteses de cabimento do artigo 313 do Código de Processo Penal. Veja-se que no presente caso a prisão preventiva deve ser decretada com base no art. 313, I, do Código de Processo Penal (crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a quatro anos), uma vez que o delito de fraude no pagamento por meio de cheque possui pena máxima de cinco anos, permitindo perfeitamente a medida. 3 – Demonstração de que as medidas cautelares diversas da prisão do art. 319 do Código de Processo Penal são insuficientes. Outros aspectos importantes, a exemplo da competência, não foram cobrados pela banca. No entanto, o candidato deveria ter conhecimento de que a representação deveria ser endereçada ao juiz criminal competente para julgar crimes contra o patrimônio. Importante ainda que o candidato esteja atento ao fato de que a prisão preventiva não possui prazo certo, ao contrário do que ocorre com a prisão temporária. Por fim, a banca aceitou tanto o pedido feito em forma de ofício, quanto em forma de petição. Optamos pela forma de petição porque é a forma preferida pela maioria dos candidatos. SUGESTÃO DE RESPOSTA: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE Inquérito Policial nº Natureza da investigação: ESTELIONATO Vítima: I. A. Indiciado: J. C. A Polícia Civil do Estado de , pelo delegado de polícia que a esta subscreve, matrícula profissional nº , vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento no art.5º, LXI, da Constituição Federal e artigos 311, 312 e 313, I, todos do Código de Processo Penal, representar pela DECRETAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA em face de J.C, (qualificação completa: nacionalidade, estado civil, profissão, RG e CPF), com endereço residencial, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor: DOS FATOS http://www.questoesdiscursivas.com.br/ 9 Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br Conforme consta dos autos do Inquérito Policial acima mencionado, J.C. está sendo investigado, em liberdade, pela suposta prática do crime de estelionato, na modalidade de fraude no pagamento por meio de cheque (art. 171, §2º, VI, do Código Penal), delito praticado contra a vítima I.A. O cheque devolvido por ausência de fundos encontra-se junto aos autos do Inquérito, folhas . Ocorre que chegou ao conhecimento desta autoridade policial, pelos depoimentos da vítima e das testemunhas A. V. e P. A., que o indiciado estaria rondando o bairro em que se deram os fatos, em atitude claramente ameaçadora. A materialidade delitiva está provada, com o cheque, devolvido por ausência de fundos, juntado aos autos do inquérito (fl. do inquérito). Também há indícios suficientes de autoria (depoimentos de fls. do inquérito). Portanto, com amparo no art. 312, do Código de Processo Penal, esta Autoridade Policial representa a Vossa Excelência pela decretação da prisão preventiva de J. C., por conveniência da instrução criminal, pois o indiciado está ameaçando a vítima e testemunhas, o que pode atrapalhar a colheita de provas. Era o que tinha a ponderar no momento, apresentando cópias do boletim de ocorrência, do cheque devolvido por ausência de fundos e dos depoimentos até então colhidos. DO DIREITO Em que pese a garantia constitucional do estado de inocência (art. 5º, LVII, da CRFB), o regramento constitucional não proíbe a prisão preventiva, embora essa permissão seja somente para situações excepcionais. Isto porque sua função é nitidamente cautelar e seus objetivos são meramente processuais, ou seja, busca-se a tutela da sociedade, da instrução criminal e a aplicação da lei penal, e não a aplicação antecipada da pena. Pressupõe a existência de dois requisitos genéricos: pressupostos (fumus comissi delicti) e fundamentos (periculum libertatis). Por pressupostos, compreende-se a exigência da materialidade do delito e indícios suficientes de autoria, conforme preconiza a primeira parte do artigo 312 do Código de Processo Penal. Destacando-se que no caso em ep´Igrafe a materialidade resta devidamente demonstrada na folha de cheque devolvida juntada aos autos do inquérito policial (folhas ), ao passo que os depoimentos das testemunhas A.V. e P.A, (folhas ) indicam os indícios suficientes de autoria. Os fundamentos são os motivos que ensejam a decretação da prisão, quais sejam: garantia da ordem pública, da ordem econômica, garantia da instrução criminal e para assegurar a aplicação da lei penal (art. 312 do Código de Processo Penal). Assim, inevitável a decretação da prisão preventiva de J.C., haja vista a necessidade de garantir o regular desenvolvimento da instrução criminal, ante sua conduta de ameaçar vítimas e testemunhas. Ademais, o crime de fraude no pagamento por meio de cheque é crime doloso e possui pena máxima de cinco anos, permitindo a prisão preventiva de J.C., nos termos do art. 313, I, do Código de Processo Penal. http://www.questoesdiscursivas.com.br/ Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 10 Saliente-se também que as medidas cautelares diversas da prisão, especificadas no art. 319 do Código de Processo Penal, revelam-se inadequadas e insuficientes para o caso, pois ineficazes para impedir que J.C. continue a ameaçar as vitimas e testemunhas. Por fim, a medida se mostra adequada e necessária, ante a ineficácia das outras medidas, perfazendo-se a exigência do art. 282, incisos I e II, do Código de Processo Penal. DO PEDIDO Ante o exposto, com base nos elementos de convicção constantes nos autos Inquérito Policial (folhas ) e com supedâneo nos artigos 311, 312 e 313, I, todos do Código de Processo Penal, REPRESENTO a Vossa excelência pela decretação da PRISÃO PREVENTIVA de J.C., devidamente qualificado, expedindo-se o competente mandado de prisão. Nestes temos, Pede deferimento Local, data. Delegado de Polícia. Concurso: PCBA – Ano: 2013 – Banca: CESPE Em 17/9/2012 (segunda-feira), por volta de 0h50m, Douglas Aparecido da Silva foi alvejadopor três disparos de arma de fogo quando se encontrava em frente à casa de sua namorada, Fernanda Maria Souza, na rua Serafim, casa 12, no bairro Boa Prudência, em Salvador – BA. A ação teria sido intentada por quatro indivíduos que, em um veículo sedã de cor prata, placa ABS 2222/BA, abordaram o casal e cobraram, mediante a ameaça de armas de fogo portadas por dois deles, determinada dívida de Douglas, proveniente de certa quantidade de crack que este teria adquirido dias antes, sem efetuar o devido pagamento. Foi instaurado o competente inquérito policial, tombado, no 21.º Distrito Policial, sob o n.º 0021/2012, para apurar a autoria e as circunstâncias da morte de Douglas, constando no expediente que, na noite de 16/9/2012, por volta das 21 h, a vítima se encontrou com a namorada, Fernanda, e, após passarem em determinada festa de amigos, seguiram para a casa de Fernanda, no bairro Boa Prudência, onde Douglas a deixaria; o casal estava em um veículo utilitário de cor bran ca, placa JEL 9601/BA, de propriedade da vítima; na madrugada do dia seguinte, por volta de 0h40m, quando já estavam parados em frente à casa de Fernanda, apareceu na rua um veículo sedã de cor prata, em que se encontravam quatro rapazes, que cobraram Douglas pelo “bagulho” e ameaçaram o casal com armas nas mãos, quando um dos rapazes deu dois tiros para o alto, momento em que Douglas e Fernanda se deitaram no chão. Em ato contínuo, um dos rapazes desceu do carro, chutou a cabeça de Douglas e, em seguida, desferiu três disparos em sua direção, atingindo-lhe fatalmente a cabeça e o tórax. Douglas faleceu ainda no local e os autores se evadiram logo após a conduta, lá deixando Fernanda a gritar por socorro. Nos autos do inquérito, consta que foram ouvidos dois vizinhos de Fernanda que se encontravam, na ocasião dos fatos, na janela do prédio vizinho e narraram, em auto pró-prio, a conduta do grupo, indicando a placa do veículo sedã de cor prata (ABS 2222/BA) e a descrição física dos quatro indivíduos. Na ocasião, foram apresentadas fotografias de possíveis suspeitos às duas testemunhas, que reconheceram formalmente, conforme auto de reconhecimento fotográfico, dois dos rapazes envolvidos nos fatos: Ricardo Madeira e Cristiano Madeira. Fernanda foi ouvida em termo de declarações e alegou conhecer dois dos autores, em específico os que empunhavam armas: Cristiano Madeira, vulgo Pinga, que portava um revólver e teria desferido dois tiros para o alto; e o irmão de Cristiano, Ricardo Madeira, vulgo Caveira, que, portando uma pistola niquelada, desferira os três tiros que atingiram a vítima. Fernanda afirmou http://www.questoesdiscursivas.com.br/ Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 11 desconhecer os outros dois elementos e esclareceu que poderia reconhecê-los formalmente, se fosse necessário. Ao final, noticiou que se sentia ameaçada, relatando que, logo após o crime, em frente à sua residência, um rapaz descera de uma moto e, com o rosto coberto pelo capa-cete, fizera menção que a machucaria caso relatasse à polícia o que sabia. Em complementação à apuração da autoria, buscou-se identificar, embora sem êxito, os outros dois indivíduos que acompanhavam Ricardo e Cristiano na ocasião dos fatos. Juntaram-se aos autos o laudo de exame de local de morte violenta, que evidencia terem sido recolhidos do asfalto dois projéteis de calibre 38, e o laudo de perícia papiloscópica, realizada em lata de cerveja encontrada nas proximidades do local, na qual foram constatados fragmentos digitais de uma palmar. Lançadas as digitais em banco de dados, confirmou-se pertencerem a Ricardo Madeira. Também juntou-se ao feito o laudo cadavérico da vítima, no qual se constata a retirada de três projéteis de calibre 380 do cadáver: um alojado no tórax e dois, no crânio. Durante as diligências, apurou-se que o veículo sedã de cor prata, placa ABS 2222/BA, estava registrado em nome da genitora dos irmãos Cristiano Madeira e Ricardo Madeira, Maria Aparecida Madeira, residente na rua Querubim, casa 32, no bairro Boa Prudência, em Salvador – BA, onde morava na companhia dos filhos. Nos registros criminais de Cristiano, constam várias passagens por roubo e tráfico de drogas. No formulário de antecedentes criminais de Ricardo Madeira, também anexado aos autos, consta a prática de inúmeros delitos, entre os quais dois homicídios. Procurados pela polícia para esclarecerem os fatos, Cristiano e Ricardo não foram localizados, tampouco seus familiares forneceram quaisquer notíci as de seus paradeiros, embora houvesse informações de que eles estariam na residência de seu tio, Roberval Madeira, situada na rua Bom Tempero, s/n, no bairro Nova Esperança, em Salvador – A. Ambos foram indiciados nos autos como incursos nas sanções previ stas no art. 121, § 2.º, II e IV, do CP. O inquérito policial tramitou pela delegacia, em diligências, durante vinte e cinco dias, encontrando-se conclusos para a autoridade policial que preside o feito, restando a complementação de inúmeras diligências visando identificar os outros dois autores e evidenciar, através de novas provas, a conduta dos indiciados. Em face do relato acima apresentado, proceda, na condição de delegado de polícia que preside o feito, à remessa dos autos ao Poder Judiciário, representando pela(s) medida(s) pertinente(s) ao caso. Fundamente suas explanações e não crie fatos novos. NOTA EXPLICATIVA: O candidato deve atentar aos seguintes tópicos: 1. Apresentação e estrutura textual (legibilidade, respeito as margens e indicação de parágrafos) – Nesse aspecto é preciso que o aluno fique atento aos detalhes exigidos pela banca examinadora. No caso do CEBRASPE/CESPE é utilizado um espelho padrão de prova, de modo que se sugere ao candidato elaborar sua resposta de maneira objetiva e direta, sempre fundamentando seu posicionamento com base nos artigos de lei e entendimento jurisprudencial. É preciso buscar um equilíbrio entre escrita fundamentada e objetividade a fim de não perder o pouco espaço disponível com informações desnecessárias. Suge rem-se sentenças curtas e observância da ortografia e caligrafia. 2. Desenvolvimento do tema – Trata-se de Representação ao Poder Judiciário, elaborada pelo Delegado de Policia com vistas a conseguir o deferimento de medidas cautelares que auxiliem no deslinde da investigação. A leitura atenta do caso concreto é indispensável para a identificação das medidas adequadas. Inicialmente, o candidato deve identificar e destacar os crimes em apuração, sempre citando os artigos referenciados. No caso em apreço, observa-se a participação de quatro suspeitos em co-autoria na prática de homicídio qualificado (motivo torpe), ameaça e disparo de arma de fogo. Ademais, seria importante destacar a prática de http://www.questoesdiscursivas.com.br/ Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 12 tráfico ilícito de entorpecentes por parte do grupo, mencionando, inclusive, seus antecedentes criminais. Essas informações iniciais são necessárias ao deslinde do caso. A partir dos tipos penais, o candidato deve observar as medidas cautelares adequadas ao caso concreto, colocando-se na posição do Delegado de Polícia. 2.1 Endereçamento ao Juiz do Tribunal do Júri de Salvador/BA – A representação deveria ser dirigida ao Juiz competente, sendo no caso o Juiz do Tribunal do Júri de Salvador/BA. Tratando-se de crime de homicídio e de outros conexos cabe ao Juiz do Tribunal do Júri avaliar a adequação e necessidade da medida requerida. O cabeçalho da representação deveria ser redigido da seguinte maneira “Excelentíssimo Juiz de Direito do Tribunal do Júri da Comarca de Salvador/BA.”. Destaque-se que em se tratando de homicídio aplica-se a chamada teoria da ação, consoante Jurisprudência pacificada do Superior Tribunal de Justiça, diferentemente da regra prevista no Código de Processo Penal Brasileiro, no qual a competência territorialpara julgamento do delito é definida a partir do local de consumação do delito. 2.2 Pedido de prisão temporária 2.3 Fundamentação (pressupostos e motivação legal): Esse ponto talvez seja o crucial e o de maior complexidade nas provas para Delegado de Polícia: definir a espécie de prisão adequada ao caso em apreço. A dúvida surge entre o cabimento entre a prisão preventiva e a prisão temporária. É de bom alvitre mencionar que a dúvida é plausível, tendo em vista que no dia a dia, em muitas ocasiões, ambas as medidas são cabíveis e pertinentes a depender dos fundamentos utilizados. No entanto, nas provas para concurso públ ico, as bancas examinadoras optam por aceitar apenas uma das medidas cabíveis, não pontuando a prova do candidato que optar pela prisão diversa. Nas provas do CESPE, a banca examinadora costuma sinalizar para a medida de prisão cabível. Na prova em concreto, a questão afirma a necessidade da continuação das investigações ante a necessidade de “complementação de inúmeras diligências”. Assim sendo, não seria o caso de cabimento de prisão preventiva, que exige prova da materialidade e indícios de autoria, suficientes também para a denúncia por parte do Ministério Público. Dessa forma, o candidato deve sempre buscar elementos que apontem a continuidade das investigações ou a suficiente presença de elementos para a denúncia criminal como ponto de separação entre as duas espécies de prisão. O candidato deveria representar pela prisão temporária dos irmãos Madeira com fundamento no art. 1º, I e III, “a” da Lei nº 7.960/89, explicando a doutrina que se posiciona pela cumulação dos incisos I e II do art. 1º da Lei com o inciso III, bem como o porquê de a medida ser indispensável. Somado a isso, deveria mencionar a não localização dos suspeitos, a necessidade de reconhecimento pessoal e a realização de seu interrogatório. Interessante, ainda, citar a excepcionalidade da medida de prisão bem como os requisitos gerais das medidas cautelares: fumus comissi delicti e periculum in mora. Nesse aspecto, deve-se fazer uma relação entre os fatos narrados na questão e os fundamentos jurídicos autorizadores da medida, narrando, inclusive, os elementos de informação colhidos até o momento, sempre buscando aclarar autoria e materialidade. São elementos de informações que reforçam a materialidade: o laudo cadavérico e o exame de local de crime. Aqueles que apontam para a autoria: declaração das testemunhas; o veículo registrado em nome da genitora dos suspeitos; os fragmentos de impressão papiloscópica e o http://www.questoesdiscursivas.com.br/ Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 13 reconhecimento fotográfico. 2.4 Pedido de busca e apreensão do veículo e busca e apreensão na residência da genitora e do tio dos indiciados. (pressuposto e fundamentação legal) Nesse ponto, o candidato deveria observar as diretrizes fornecidas na própria questão para representar pela busca e apreensão do veículo utilizado no crime, bem como realizar buscar na residência da genitora dos investigados e do tio. Deveria ser citada a placa do veículo (ABS 2222/BA), bem como os endereços- alvo: 1) rua Querubim, casa 32, no bairro Boa Prudência, em Salvador – BA 2) rua Bom Tempero, s/n, no bairro Nova Esperança, em Salvador – A. Ademais, deveria mencionar os requisitos gerais das cautelares: periculum in mora e fumus comissi delicti, além dos seguintes dispositivos normativos: art. 240, §1º, “d”, “e” e “h”, do CPP. Indispensável, discorrer sobre a inviolabilidade do domicílio, destacando, porém, que não pode servir de escudo a ilegalidade. 2.5 Prazo de prisão temporária pela prática de crime hediondo. – Por fim, o prazo da medida de prisão temporária deveria ser de 30 dias, com base no disposto no art. 2º, §4º, da Lei nº 8.072/90 (Lei de Crimes Hediondos). SUGESTÃO DE RESPOSTA: EXMO. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE SALVADOR/BA IP nº 0021/2012 – 21º DP A autoridade policial que ao final subscreve vem, respeitosamente, à presença de V. Exa., com fulcro no art. 144 da CRFB e Lei nº 12.830/2013, representar por PEDIDO DE PRISÃO TEMPORÁRIA com base no art. 1º, I e III, “a” c/c art. 2º, §4º, da Lei nº 8.072/90 em desfavor de Ricardo Madeira e Cristiano Madeira, bem como pela busca e apreensão do veículo Sedã, cor prata, placas ABS 2222/BA, nas residências localizadas a rua Querubim, casa 32, no bairro Boa Prudência, em Salvador – BA e rua Bom Tempero, s/n, no bairro Nova Esperança, em Salvador – BA, tendo como fundamento o disposto no art. 240 e ss. do CPP, pelos motivos fáticos e jurídicos a seguir apresentados. Trata-se de Inquérito policial instaurado a fim de apurar os fatos ocorridos no dia 17/09/2012, por volta das 0h50, na R. Serafim, em frente a casa de nº 12, Bairro Boa Prudência, em Salvador/BA, ocasião na qual Douglas Aparecido da Silva foi alvejado por três disparos de arma de fogo. Diligências policiais foram realizadas e os elementos de informações coletados são suficientes para comprovar a materialidade do crime de homicídio qualificado (art. 121, §2º, I, do CP), bem como para imputar a autoria do crime aos irmãos Ricardo e Cristiano Madeira, além de dois indivíduos ainda não identificados. O laudo de corpo de delito e exame de local atestaram a ocorrência de que, na data dos fatos em apuração, a vítima foi alvejada por disparos de arma de fogo, munição calibre 380, vindo a óbito em decorrência dos disparos. De modo que resta configurado a prática de homicídio qualificado pelo motivo torpe (dívida de drogas). Duas testemunhas foram ouvidas, situação na qual reconheceram por fotografia os investigados Ricardo Madeira e Cristiano Madeira como sendo as pessoas envolvidas no delito em apuração. Ademais, a namorada da vítima, Fernanda Maria, que estava no momento dos fatos, narrou conhecer os suspeitos, Ricardo e Cristiano, os quais empunhavam armas de fogo no momento do crime. Destacou que os autores dirigiram-se até a vítima cobrando uma dívida passada relacionada ao comércio de entorpecentes. http://www.questoesdiscursivas.com.br/ Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 14 PEÇA PRÁTICA – A polícia está investigando uma organização criminosa integrada por policiais militares, bombeiros militares e policiais civis cujos integrantes são suspeitos da prática de homicídios, extorsão, concussão, corrupção ativa e passiva, dentre outros crimes. De acordo com o que foi apurado até o momento, esses agentes públicos exigem que os comerciantes e moradores de uma determinada localidade paguem prestações semanais em dinheiro. Os criminosos chegaram mesmo a assumir a associação de moradores da comunidade, numa eleição marcada pela intimidação dos eleitores. Inicialmente o pagamento era feito para que os agentes públicos policiassem a área e não deixassem que comerciantes e moradores fossem Outros elementos de informação corroboram as declarações prestadas pelas testemunhas. O veículo utilizado na prática criminosa pertence à genitora dos investigados. Além disso, exame papiloscópico realizado em uma lata de cerveja, encontrada no local, confirmou as impressões digital e palmar de Ricardo. Ora Excelência, conforme destacado, restam presentes elementos suficientes que apontam a prova da materialidade e indícios suficientes de autoria. Embora a prisão seja exceção, estão presentes os requisitos legais para o deferimento da custódia temporá ria, medida cautelar indispensável para a continuidade das investigações. Os investigados se encontram em local incerto e não sabido, não tendo sido localizados para serem submetidos a reconhecimento pessoal e interrogatório pessoal. Ademais, embora prevista em legislação especial, a prisão temporária deve submeter-se a sistemática prevista para as cautelares penais. Desse modo, a medida mostra-se adequada e necessária. Os suspeitos são detentores de antecedentescriminais pela prática de infrações penais graves e uma das testemunhas do delito sente-se ameaçada. Assim sendo, a prisão dos suspeitos é medida que se faz necessária à livre participação das testemunhas na continuidade das investigações, a fim de serem identificado os outros autores do delito. Além disso, será possível a realização de reconhecimento pessoal dos investigados. Também presentes os requisitos para o deferimento da medida cautelar de busca e apreensão. Embora a carta magna proteja a inviolabilidade do domicilio (art. 5º, XI, da CRFB), isso não deve servir de manto à prática de ilícitos, consoante permissivo constitucional. Há indícios suficientes registrando a possibilidade de o veículo (Sedã preto, placas ABS 2222/BA) utilizado no crime estar no endereço da genitora dos investigados (R. Querubim, nº 32). Há relatos apócrifos de que os suspeitos podem estar escondidos no endereço de um tio (R. Bom tempero). A medida de busca é necessária e adequada para localizar objetos utilizados na prática do crime (armas e veículo), bem como localizar e prender os criminosos. Representa, portanto, a autoridade signatária pelas medidas de direito acima elencadas, a serem cumpridas em estrita observância do procedimento legal, previsto no Código de Processo Penal, em especial pela prisão temporária de Ricardo Madeira e Cristiano Madeira pelo prazo de 30 (trinta) dias, considerando a hediondez do delito praticado. Nestes termos pede deferimento. Local, Data. Autoridade Policial. Concurso: PCAP – Ano: 2010 – Banca: FGV http://www.questoesdiscursivas.com.br/ Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 15 furtados, roubados ou sofressem outros crimes. Porém, com o tempo, esse grupo de agentes públicos passou a exigir também que os comerciantes e moradores somente comprassem gás em botijão com determinados revendedores, os quais eram, por sua vez, obrigados a conceder parte dos ganhos a essa organização criminosa. Aqueles que se recusaram a pagar foram espancados, mortos ou expulsos da localidade em que a organização criminosa atua. Ocorre que a investigação chegou a um ponto em que as provas necessárias para identificar toda a cadeia de comando da organização criminosa só podem ser obtidas com a colaboração de alguém que participe da organização, já que nenhuma das vítimas concorda em depor. Para dificultar ainda mais a investigação, os criminosos não guardam qualquer espécie de registro de suas atividades e nenhum deles utiliza aparelhos telefônicos, com receio de serem interceptados, só discutindo seus planos criminosos na sede da associação. Na condição de delegado titular responsável pela investigação você chegou à conclusão de que é preciso lançar mão de medidas investigatórias mais intensas. Diante desse quadro, redija a peça prática própria para por em prática as duas medidas de investigação adequadas para obter as informações que a polícia necessita, apontando os dispositivos legais pertinentes e fundamentando a necessidade da medida requerida. Fundamente as suas respostas demonstrando conhecimento acerca dos institutos jurídicos aplicáveis ao caso e indicando os dispositivos legais pertinentes. NOTA EXPLICATIVA: O candidato deverá realizar um PEDIDO DE INFILTRAÇÃO DE AGENTES, com base nos arts. 10, 11 e 12, da Lei nº 12.850/13. SUGESTÃO DE RESPOSTA: EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DE A POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE, por meio do Delegado de polícia que esta subscreve, titular da Delegacia de Polícia, vem à presença de Vossa Excelência REPRESENTAR pela INFILTRAÇÃO DO AGENTE POLICIAL (nome do policial que será inserido na organização criminosa) com fulcro nos artigos 10 ,caput e §§1º a 5º, e 11 da Lei nº 12.850/2013, pelos fundamentos de fato e de direito a seguir expostos. A presente investigação refere-se à suposta da prática de crimes de homicídio, extorsão e corrupção ativa e passiva por policiais civis, militares e bombeiros militares. Segundo consta dos cadernos investigativos, os investigados exigem determinado montante em dinheiro dos moradores de uma localidade como contraprestação de suposta prestação de serviços de segurança, bem como também determinam que os moradores adquiram produtos, como o gás de cozinha, de revendedores que repassam parte dos lucros para a organização criminosa, sob pena de serem espancados, expulsos ou mortos pela associação investigada. Após colhidas todas essas informações, as investigações chegaram em um determinado ponto em que não mais é possível a obtenção de novas provas justamente em virtude da ação da referida organização, pois as pessoas se recusam a prestar depoimento por se sentirem ameaçadas. É evidente a configuração da organização criminosa, uma vez que há fortes indícios da presença de mais de quatro pessoas, consistindo em agentes públicos (policiais civis, militares e bombeiros) que, no intuito de obter vantagens econômicas de moradores de uma determinada localidade, praticam crimes graves, como homicídio, extorsão, corrupção ativa e passiva. http://www.questoesdiscursivas.com.br/ Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 16 (QUESTÃO ADAPTADA À ATUAL LEGISLAÇÃO) – Contemplando a peça abaixo, na condição de Autoridade Impetrada, manifeste-se ao Juiz de Direito competente, prestando-lhe as informações necessárias à instrução do Habeas Corpus impetrado por JOÃO ROBERTO, INÁCIO VIEIRA, ANTÔNIO CÉSAR E JOSÉ FILHO, defendendo o ato impugnado. EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE TERESINA (PI) – Maria de Fátima, advogada inscrita na OAB, Seção do Piauí, sob o nºXXXX, com escritório nesta cidade de Teresina, vem, respeitosamente, com fulcro no art.648, III, do CPP, impetrar ordem de HABEAS CORPUS – a favor de JOÃO ROBERTO, INÁCIO VIEIRA, ANTÔNIO CÉSAR E JOSÉ FILHO, já qualificados nos autos do Inquérito Policial nº 136/15, pelas razões a seguir aduzidas: Os pacientes foram autuados em flagrante delito em 06.11.2015, acusados de trabalhar em fábrica ilegal de bebidas alcoólicas, situada em Teresina, estando incursos nos delitos tipificados no art. 288 do CP; art.293, §1º, inciso I, do CP e art.175 I, do CP, conforme faz prova o auto de prisão em flagrante lavrado na Central de Flagrantes da supracitada cidade. Os pacientes encontram-se presos na sede da Delegacia de Polícia do 1º Distrito Policial de Teresina. O Inquérito está em curso, sendo conduzido pelo Delegado da Polícia Civil de Teresina titular da Delegacia de Combate aos Crimes praticados contra a Ordem Tributária e Relações de Consumo. Note-se que dentre os fatos investigados, há aquele praticado em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, como o de Falsificação de selos fiscais do Conforme se dispõe em lei, a medida ora pleiteada deve ser realizada somente em casos excepcionais, quando não for mais possível a colheita de novos elementos de informações seguindo os tramites típicos e de praxe de investigação. No caso em análise, as vítimas se recusam a falar temendo represálias. Além disso, os criminosos não guardam qualquer forma de registro de suas atividades e ainda nenhum dos investigados utiliza aparelho telefônico, já que apresentam o receio de serem interceptados. Dessa forma, como as provas não podem ser colhidas por outros meios investigativos, mostra-se perfeitamente cabível e necessária essa medida excepcional de infiltração de agente policial. A imprescindibilidade se apresenta uma vez que a infiltração policial é a única f orma que se mostra capaz de colher novas provas da existência da organização criminosa, dos crimes por ela praticados e da identificação das pessoas envolvidas. Neste momento da investigação, somente a inserção de um agente policial no seio da associação criminosa é instrumento hábil para a coleta de elementos informativos que possam resultar no desmantelamento da referidaorganização e prisão dos investigados. Diante do exposto, com fundamento nos arts. 10, caput e §§ 1º a 5º, e 11, ambos da Lei nº 12.850/2013, REPRESENTO pela autorização de infiltração do agente policial no seio da organização criminosa retromencionada, pelo prazo de seis meses que, sob dissimulação, desenvolverá a investigação necessária para elucidar os fatos delituosos, colhendo-se, previamente, o parecer do Ministério Público. Local, Data. Assinatura Delegado de Polícia Matrícula Concurso: PCPI – Ano: 2009 – Banca: UESPI http://www.questoesdiscursivas.com.br/ Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 17 IPI, cuja competência para julgá-los é da Justiça Federal, ainda que se alegue a inocorrência do fato gerador de IPI, tendo em vista a inautenticidade do produto, porquanto destinado apenas a dar à mercadoria a aparência de autêntica, com o fim de ludibriar o consumidor, e não o fisco. Ademais, o caso em questão configuraria o delito previsto no art.334, do CP, também de competência da Polícia Federal. Desse modo, não se configura hipótese de apuração pela Polícia Civil, em virtude de se tratar de crimes que afetam bens e interesses da União, as supostas infrações penais devem ser, portanto, apuradas pela Polícia Federal. Na hipótese, estando o Inquérito sendo conduzido por Autoridade da Polícia Civil, sofrem os pacientes, coação ilegal e a ilegalidade repousa na incompetência da autoridade coatora, conforme art.648, III, do CPP. Assim, a coação sendo perpetrada por autoridade policial incompetente, esperam os impetrantes que, pedidas as informações à autoridade coatora e observados os trâmites legais, haja por bem Vossa Excelência determinar, a imediata expedição de alvará de soltura em favor dos pacientes, bem como o ARQUIVAMENTO do Inquérito Pol icial nº136/09. Nestes termos, Pede deferimento. Teresina, 07 de novembro de 2009. MARIA DE FÁTIMA SUGESTÃO DE RESPOSTA: EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DE TERESINA Habeas Corpus nº Paciente(s): Impetrante(s): Coator: O Delegado de Polícia vem, com o respeito e acatamentos devidos e, na forma da lei, prestar as informações requisitadas por Vossa Excelência nos autos do Habeas Corpus impetrado em favor de ROBERTO, INÁCIO VIEIRA, ANTÔNIO CÉSAR E JOSÉ FILHO. 1 – SÍNTESE DOS FATOS Os pacientes foram autuados em flagrante delito em 11.11.09, acusados de trabalhar em fábrica ilegal de bebidas alcoólicas, situada em Teresina, estando incursos nos delitos tipificados no art. 288 do CP; art. 293, §1º, I, do CP; e art. 175, I, do CP, conforme faz prova o auto de prisão em flagrante lavrado na Central de Flagrantes desta cidade. Os pacientes encontram-se presos na sede da Delegacia de Polícia do 1º Distrito Policial de Teresina. 2 – DA AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA DA POLÍCIA FEDERAL 2.1. Da inexistência do crime de descaminho Não prospera a alegativa de que os pacientes teriam cometido crime de descaminho, cuja atribuição seria da Polícia Federal, porquanto os acusados fabricavam bebida alcoólica falsificada e, assim, se a fabricavam, nada importavam ou exportavam. É elemento constitutivo do tipo penal, ou seja, é necessário para a ocorrência do crime que o agente iluda o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria. O que esta autoridade policial atribui aos pacientes é a CONDUTA de fabricar clandestinamente bebidas alcoólicas dentro do território nacional, e não a de iludir o pagamento de imposto, pois ausente o dolo neste sentido. Inexistente, portanto, o tipo penal previsto no art. 334 do CP, não podendo o mesmo ser utilizado como fundamento para alegar a existência de competência da Justiça Federal para o julgamento do feito e a consequente condução do inquérito pela Polícia Federal. 2.2. Da competência para julgar o delito de falsificação de papéis públicos em se tratando de selos de IPI utilizados em frascos de bebidas alcoólicas falsificadas. http://www.questoesdiscursivas.com.br/ Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 18 Sobre o crime de falsificação de papéis públicos no caso em tela, falsificação de selos de IPI, enquadrados no art. 293, §1º, I, do CP, a competência para julga- -mento só será da Justiça Federal quando existir o fato gerador do tributo federal. Se o dolo na falsificação dos papéis é iludir o fisco federal, vislumbra-se o interesse da União no feito. Porém, se o dolo não é iludir o fisco, mas o consumidor sobre a autenticidade do produto, não existe interesse da União no julgamento do feito. O empreendimento criminoso era uma fábrica clandestina de bebidas alcoólicas. Se estas bebidas eram falsificadas, sobre elas, obviamente, não incidiriam impo stos, inexistindo o fato gerador do imposto. A intenção da falsificação dos selos de IPI, quando não só o selo, mas também o produto é falsificado, não é deixar de recolher tributos, mas sim dar à mercadoria aparência de autêntica com o fim de ludibriar o consumidor. Portanto, o dolo que se pretende imputar aos pacientes é o de produzir, industrializar e pôr no mercado bebidas alcoólicas falsificadas. O simples fato de terem sido encontrados no local selos do IPI não tem o condão de deslocar a competência de processamento para a Justiça Federal, pois a intenção dos pacientes era somente falsificar bebidas alcoólicas para comercialização. Inexiste, portanto, quaisquer interesses da União envolvidos, haja vista a peculiar destinação dos selos. Ademais, não há que se falar em fato gerador do referido imposto, pois a produção das bebidas alcoólicas falsas não se subsume naquelas hipóteses le-gais que atraem a incidência do IPI. Os selos em questão, portanto, lesionariam somente os particulares, consumidores do produto falsificado, configurando-se como simples meio de facilitação para a inserção dos produtos falsos no mercado. O entendimento do STJ também não é outro, pois referida Corte tem pacificado esta posição pronunciando-se, em inúmeros julgados, no sentido de esclarecer que, na hipótese de selos de IPI serem utilizados com o mero fim de iludir o consumidor, dando aspecto de autenticidade ao produto falsificado, não se vislumbra a competência da Justiça Federal para o feito, mas da Justiça Comum Estadual. Do exposto, conclui-se pela competência da Polícia Civil para apurar o fato e a consequente insubsistência do pedido de arquivamento do Inquérito Policial nº 136/15. Teresina (PI), 08 de novembro de 2015. AUTORIDADE POLICIAL GABARITO DA BANCA EXAMINADORA: EXMº SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DE TERESINA O Delegado de Polícia da DECCOTERC vem, com o respeito e acatamentos devidos e, na forma da lei, prestar as informações requisitadas por Vossa Excelência nos autos do Habeas Corpus impetrado por ROBERTO, INÁCIO VIEIRA, ANTÔNIO CÉSAR E JOSÉ FILHO. 1 – SÍNTESE DOS FATOS Os pacientes foram autuados em flagrante delito em 11.11.09, acusados de trabalhar em fábrica ilegal de bebidas alcoólicas, situada em Teresina, estando incursos nos delitos tipificados no art. 288 do CP; art.293, §1º, inciso I, do CP; art.175 I, do CP, conforme faz prova o auto de prisão em flagrante lavrado na Central de Flagrantes desta cidade. Os pacientes encontram-se presos na sede da Delegacia de Polícia do 1º Distrito Policial de Teresina. 2 – DA AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA DA POLÍCIA FEDERAL 2.1. Da inexistência do crime de descaminho Não prospera a alegativa de que os pacientes teriam cometido crime de Descaminho cuja http://www.questoesdiscursivas.com.br/ Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 19 atribuição seria da Polícia Federal porquanto os acusados fabricavam bebida alcoólica falsificada e, assim, se a fabricavam nada importavam ou exportavam. Afirma o Código Penal, em seu art.334, verbis: Art.334. Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, notodo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria: Pena – reclusão, de um a quatro anos. É elemento constitutivo do tipo penal, portanto necessário para a ocorrência do crime, que o agente importe ou exporte mercadoria. O que esta autoridade policial atribui aos pacientes é a CONDUTA fabricar clandestina bebidas alcoólicas dentro do território nacional, e não de importar ou exportar as mesmas. As bebidas são produzidas em fábrica situada no município de Teresina, não podendo, ao mesmo tempo, ser importadas! Inexistente, portanto, o tipo penal previsto no art.334 do CP, não podendo o mesmo ser utilizado como fundamento para alegar- -se existência de competência da Justiça Federal para o julgamento do feito e a conseqüente condução do inquérito pela Polícia Federal. 2.2. Da competência para julgar o delito de falsificação de papéis públicos em se tratando de selos de IPI utilizados em frascos de bebidas alcoólicas falsificadas. Sobre o crime de falsificação de papéis públicos, no caso em tela falsificação de selos de IPI, enquadrados no art.293, §1, I, do CP, a competência para julgamento só será da Justiça Federal quando existe o fato gerador do Tributo Federal. Se o dolo na falsificação dos papéis é iludir o fisco federal, vislumbra-se o interesse da União no feito, porém se o dolo não é iludir o fisco, mas o consumidor sobre a autenticidade do produto, não existe interesse da União no julgamento do feito. O empreendimento criminoso era uma fábrica clandestina de bebidas alcoólicas. Se estas bebidas eram falsificadas, sobre elas, obviamente, não incidiriam impostos, inexistindo o fato gerador do imposto. A intenção da falsificação dos selos de IPI, quando não só o selo, mas também o produto é falsificado, não é deixar de recolher tributos, mas sim dar à mercadoria aparência de autêntica com o fim de ludibriar o consumidor. Assim, o dolo que se pretende imputar aos pacientes é o de produzir, industrializar e pôr no mercado bebidas alcoólicas falsificadas. Dessa forma é que o simples fato de terem sido encontrados no local selos, do IPI não tem o condão de deslocar a competência de processamento para a Justiça Federal, pois a intenção dos pacientes era somente falsificar bebidas alcoólicas para comercialização. Inexiste, portanto, quaisquer interesses da União envolvidos, haja vista a peculiar destinação dos selos. Ademais, não há que se falar em fato gerador do referido imposto, pois a produção das bebidas alcoólicas falsas não se subsume naquelas hipóteses legais que atraem a incidência do IPI. Os selos em questão, portanto, lesionariam somente os particulares, consumidores do produto falsificado, configurando-se como simples meio de facilitação para a inserção dos produtos falsos no mercado. O entendimento do STJ também não é outro. A jurisprudência do STJ tem pacificado esta posição, se pronunciando, em inúmeros julgados, no sentido de esclarecer que, na hipótese de selos de IPI serem utilizados com o mero fim de iludir o consumidor, dando aspecto de autenticidade ao produto falsificado, não se vislumbra a competência da Justiça Federal para o feito, mas da Justiça Comum Estadual. Do exposto, conclui -se pela competência da Polícia Civil para apurar o fato e a conseqüente insubsistência do pedido de arquivamento do Inquérito Policial nº136/09. Teresina (PI), 08 de novembro de 2009. AUTORIDADE POLICIAL – Titular da DECCOTERC Concurso: PCDF – Ano: 2015 – Banca: VUNESP Na manhã do dia 2/6/2015, Antônio Dias foi preso em flagrante por policiais militares após sair de um estabelecimento bancário localizado em Brasília, quando foi submetido a uma busca pessoal. Com ele, os policiais encontraram inúmeros cartões bancários em nome de terceiros, R$ 750 (setecentos e cinquenta reais) em dinheiro, ferramentas e um aparelho popularmente http://www.questoesdiscursivas.com.br/ Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 20 conhecido como chupa-cabra, dotado de funções de leitura magnética, gravação e reprodução de códigos de outros cartões. Perante a autoridade policial, Antônio Dias confessou fazer parte de um grupo que, nos dois últimos anos, instalou máquinas chupa-cabras em caixas eletrônicos de bancos privados e em lojas a fim de colher dados bancários a serem uti-lizados em cartões falsificados. O grupo atuava em vários estados do território nacional e dedicava-se ao cometimento de diferentes infrações penais. Com os cartões clonados, fazia saques e compras de diversos equipamentos eletrônicos e artigos de luxo, posteriormente revendidos. Em sua confissão, Antônio afirmou que eram mais de 15 integrantes agindo em todo o território nacional; que era um dos encarregados de instalar e retirar os chupa-cabras bem como fazer saques menores; que outros integrantes manejavam programas de computador para a captação das informações bancárias e impressão nos cartões clonados; que alguns membros eram responsáveis pelas transações bancárias de maior vulto, pela abertura de contas camufladas e pela compra e revenda de artigos de luxo; que os dados das vítimas, as contas em que o dinheiro era depositado e o detalhamento das atividades estavam em um laptop na casa do líder do grupo, Márcio Sousa: Quadra 500, casa 11, Brasília- DF. Os prejuízos às vítimas ultrapassam R$ 20.000.000 (vinte milhões de reais). No endereço mencionado, era feita a partilha do lucro no último sábado de cada mês, oportunidade em que ocorria um churrasco que contava com a participação dos integrantes do grupo criminoso. Ao confessar, Antônio Dias explicou que teme por sua esposa grávida, que iniciou a atividade criminosa por estar desempregado e que recentemente voltou a trabalhar como pintor. Após a verificação das informações, a autoridade policial confirmou que Antônio Dias tem residência fixa, é primário e sem antecedentes criminais e que havia grande movimentação de pessoas no endereço em que reside Márcio Sousa. A autoridade policial arbitrou fiança em favor de Antônio Dias. Ao longo da investigação, descobriu-se que Márcio Sousa é um dos maiores produtores de avelã do Brasil, tendo herdado de seu pai duas fazendas voltadas ao agronegócio. Sousa administra a sociedade empresária Avelã Brasiliense Ltda., da qual é sócio majoritário. Cada fazenda herdada foi avaliada em R$ 5.000.000 (cinco milhões de reais). Essa atividade empresária referente à avelã intensificou-se com o lucro obtido a partir dos cartões clonados, que era investido por Márcio Sousa, de maneira sub-reptícia, em suas fazendas. Restou comprovado, durante a investigação, que Márcio Sousa importou três tratores de última geração para colher avelã. Cada trator custou R$ 600.000 (seiscentos mil reais). Também se percebeu que, além da clonagem de cartões, o grupo criminoso possuía outros dois eixos básicos de atuação: o primeiro visava a incinerar avelã para provocar alta de preço no mercado (aumentando o lucro da Avelã Brasiliense Ltda.) e a vender avelã com prazo de validade vencido; e o segundo envolvia a subtração de dinheiro contido em caixas bancários eletrônicos por meio de dinamite. No início da investigação, não se sabia a real identidade de Márcio Sousa, mas seus números telefônicos foram fornecidos por Antônio Dias (9999.0001 e 8888.0001). Os números foram interceptados mediante prévia ordem judicial. Em um dado momento da investigação, mesmo podendo fazê- lo, a polícia deixou de prender Márcio Sousa em flagrante. A autoridade policial não requereu prévia autorização judicial para tanto. O objetivo era prender um número maior de criminosos no dia do churrasco em que viria a ser feita a divisão do butim criminoso. No último sábado de junho de 2015, Márcio Sousa, Lucas Pereira e Pedro Silva participaram do habitual churrasco do grupo. Com eles, foram encontrados inúmeros cartões bancários em nome de terceiros, aparelhos chupa-cabras e o laptop que continha o detalhamentodas atividades. Os três foram surpreendidos enquanto dividiam entre si R$ 50.000 (cinquenta mil reais), os quais, segundo os cálculos contábeis do laptop, eram produto da clonagem de cartões de crédito. A polícia prendeu Márcio Sousa, Lucas Pereira e Pedro Silva em flagrante. Paulo de Tarso não compareceu no dia, porque estava doente, mas os arquivos no laptop comprovam que ele era o responsável por administrar os programas de computador para a captação das informações bancárias, além de http://www.questoesdiscursivas.com.br/ Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 21 ter ter instalado algumas das máquinas chupa-cabras. Entre os integrantes do grupo criminoso, Márcio Sousa, Lucas Pereira e Pedro Silva encontram-se presos preventivamente. Pedro Silva atuou, em especial, na subtração do dinheiro dos caixas eletrônicos. O modus operandi era sempre o mesmo: os caixas eletrônicos eram abertos, ainda de madrugada, por meio de dinamite de alta capacidade de destruição. Para agir, o grupo escolhia, meticulosamente, locais sem segurança privada, o que dificultava o trabalho da polícia. Consta dos autos de inquérito que, dessa forma, Márcio Sousa, Lucas Pereira, Antônio Dias, Pedro Silva e Paulo de Tarso subtraíram o dinheiro de caixas eletrônicos em ao menos três oportunidades diferentes. A autoridade policial representou pela prisão de Silva com base na garantia da ordem pública, alegando que, conquanto Silva fosse primário e possuísse bons antecedentes, chefiava as operações do grupo criminoso referentes à subtração de caixas bancários eletrônicos mediante o uso de dinamite. Duas empregadas da casa de Márcio Sousa, Maria Cintra e Rose de Lima, presenciaram as negociações acerca da divisão de lucros. Também se apurou que Márcio Sousa, Lucas Pereira e Paulo de Tarso foram os responsáveis pela venda de avelã com prazo de validade vencido e pela incineração do produto. A incineração ocorreu na sede da Avelã Brasiliense Ltda. e a venda, em uma de suas dezenas de lojas. Ao vender avelã com prazo de validade vencido, o grupo criminoso economizava gastos e aumentava a quantidade total de produto vendido. Após a prisão em flagrante de Sousa, o delega do não lhe entregou, no prazo de 24h e mediante recibo, documento com os motivos de sua prisão e os nomes do condutor e das testemunhas. Posteriormente questionado sobre sua conduta, o delegado asseverou que tal documento não tem nomen iuris próprio nem previsão legal específica no ordenamento jurídico. A perícia feita sobre os alimentos vendidos com prazo de validade vencido limitou-se a certificar que os prazos de validade foram ultrapassados, sem atestar que as avelãs vendidas pelo grupo criminoso estavam podres ou prejudicariam a saúde de quem as consumisse. Confirmou-se que Márcio tem contato com outros grupos que agem de forma similar em outros estados, é bastante agressivo e anda armado. Márcio Sousa, Lucas Pereira, Antônio Dias, Pedro Silva e Paulo de Tarso foram todos indiciados. Conquanto se saiba que o grupo incluía ao menos 15 integrantes, mesmo com o exaurimento dos meios de investigação por parte da autoridade policial, nenhum outro membro do grupo criminoso teve sua identidade descoberta. Apesar de aparentemente não exercer atividade laborativa regular, Márcio Sousa possui hábitos de luxo e ostentação: frequenta restaurantes caros; faz uso de roupas de grife; e é proprietário de veículos de luxo, tais como uma Lamborghini amarela e uma moto Harley-Davidson. Todas as medidas cautelares patrimoniais aplicáveis ao caso foram requeridas pela autoridade policial, pelo MP e pelas vítimas, e todas foram deferidas pela autoridade judicial. No final das investigações, apurou-se que o auditor-fiscal Juca Ribeiro solicitou a Lucas Pereira o pagamento de vantagem indevida no total de R$ 200.000 (duzentos mil reais) para que não lavrasse autuações referentes a tributos devidos pela Avelã Brasiliense Ltda. A vantagem nunca foi paga, mas Juca Ribeiro está a usar o cargo que ocupa para interceder junto a outros auditores-fiscais em favor da Avelã Brasiliense Ltda. O advogado de Márcio Sousa apresentou requerimento administrativo à autoridade policial em que alega: que os crimes investigados no caso são de competência da Justiça Federal e que deveriam ser investigados pela Polícia Federal; que os autos de inquérito devem ser enviados à Polícia Federal imediatamente; que existe portaria do Ministro da Justiça que determina ser atribuição da Polícia Federal investigar a clonagem de cartões por grupos interestaduais, o que torna nula de pleno direi to a investigação realizada pela Polícia Civil do Distrito Federal; que Márcio Sousa foi ouvido na condição de investigado antes das testemunhas — inversão que violaria a egislação processual — e sem ser previamente advertido pela autoridade policial de que tinha o direito de permanecer em silêncio, o que implica nulidade do procedimento administrativo de inquérito; que o inquérito deveria ter sido concluído em 10 dias, contados das prisões em flagrante efetuadas; que a http://www.questoesdiscursivas.com.br/ Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 22 venda de alimentos com prazo de validade vencido era atípica e desprovida de lesividade ao bem jurídico tutelado, já que as avelãs tinham vencido há pouquíssimo tempo e não havia perícia que comprovasse que os alimentos estavam podres ou prejudicariam a saúde de quem os consumisse; que a expressão “condições impróprias para o consumo” integra uma norma penal em branco heterogênea, não possuindo complementação em lei, o que viola o princípio da legalidade; que a incineração das avelãs jamais gerou o aumento do preço do produto no mercado e que parte das avelãs vencidas sequer foram vendidas, tendo sido apenas expostas à venda; que eventual ocultação de valores, se é que foi praticada, restringiu-se à primeira fase da infração, o que afasta a sua consumação; que os indiciados ao longo do inquérito, se praticaram algum crime, fizeram-no na forma tentada, de modo que a autoridade policial deveria, sponte sua, retificar os indiciamentos realizados, com base no poder de autotutela da Administração Pública. O delegado que presidia o feito, entendendo que todos os argumentos do advogado eram juridicamente implausíveis, negou por completo o requerimento administrativo apresentado pelo advogado. O delegado que conduziu todo o inquérito aposentou-se. As investigações encerraram-se, não havendo mais elementos de informação a serem colhidos. Em face do relato acima apresentado, na condição de delegado de polícia que passou a presidir o feito, redija a peça cabível, dirigindo-a à autoridade competente e representando, se for o caso, pela(s) medida(s) pertinente(s). Na peça, analise pormenorizadamente as alegações do advogado de Márcio Sousa e todas as medidas adotadas pelo delegado aposentado, justificando juridicamente as que estiverem corretas e apontando quaisquer providências contrárias ao ordenamento jurídico que tenham sido praticadas. No caso das medidas 619 cautelares de cunho patrimonial deferidas pela autoridade judicial, especifique fundamentadamente todas que se aplicam ao caso, indicando os bens sobre os quais deve ter incidido cada uma. Exponha a fundamentação jurídica pertinente, tipifique os crimes cometidos e não crie fatos novos. SUGESTÃO DE RESPOSTA: EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DE BRASÍLIA – DF. Inquérito Policial nº O Delegado de Polícia Civil do Distrito Federal que ao final subscreve vem, com fulcro no artigo 144 da CRFB e na Lei nº 12.830/13, apresentar relatório final de conclusão de inquérito policial, bem como representar pela prisão preventiva de Paulo de Tarso e pela concessão de medida cautelar de suspensão do exercício de função pública de Juca Ribeiro, auditor fiscal, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos. O presentecaderno investigatório foi instaurado a partir de auto de prisão em flagrante, pois Antônio Dias foi preso por policiais militares pelo crime de furto qualificado na saída de um estabelecimento bancário localizado em Brasília. Na ocasião, foram apreendidos inúmeros cartões bancários em nome de terceiros, R$ 750,00 (setecentos e cinquenta reais) em dinheiro, ferramentas e um aparelho vulgarmente conhecido como “chupa cabra”. Durante a lavratura do auto de prisão em flagrante foram ouvidos o condutor do flagrante e as testemunhas, sendo que no interrogatório do indiciado, em apertada síntese, ele confessou a prática do delito em questão e ainda revelou ser membro de uma organização criminosa composta por quinze indivíduos, es-truturalmente ordenada, com divisão de tarefas. Esta organização foi constituída para obter vantagem de qualquer natureza mediante a prática de crimes contra as relações de consumo, furto qualificado e lavagem de capitais. http://www.questoesdiscursivas.com.br/ Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 23 De maneira equivocada, o Delegado de Polícia que presidiu a lavratura do auto de prisão em flagrante arbitrou fiança em um crime cuja pena máxima ultrapassa quatro anos. Com a reforma do Código de Processo Penal, imposta pela Lei nº 12.403/11, a autoridade policial passou a fixar fiança em crimes cuja pena máxima seja de até quatro anos, punidos com pena privativa de reclusão ou de detenção, o que não era o caso, uma vez que o furto qualificado possui pena máxima de até oito anos. Cumpre ressaltar que Vossa Excelência deferiu anteriormente o requerimento de interceptação telefônica dos aparelhos telefônicos de Márcio Sousa, feito pelo Delegado de Polícia que conduziu esta investigação criminal, o que tornou o juízo prevento. Importante registrar que estavam presentes os indícios de autoria por conta da confissão de Antônio; os crimes ora investigados são punidos com pena de reclusão; e não existiam outros meios disponíveis de produção de prova, pois havia dificuldade para se identificar os outros integrantes. Em dado momento da investigação, a autoridade policial que antecedeu este subscritor fez uso do meio de investigação conhecido como flagrante prorrogado, previsto na Lei nº 12.850/13. Isso pode ser verificado pelo fato de ter sido efetuada a prisão em flag rante de Márcio Sousa, Pedro Silva e Lucas Pereira, membros da organização criminosa mencionada, no momento mais oportuno e conveniente do ponto de vista de produção da prova. Vale lembrar que a entrega vigiada e a ação controlada, respectivamente previstas na Lei de Drogas e na Lei de Lavagem de Capitais, são meios de investigação que exigem prévia autorização judicial, o que não ocorre na Lei de Combate ao Crime Organizado, bastando a comunicação prévia ao Juiz competente. Na revogada Lei nº 9.034/95 não eram necessárias autorização judicial ou prévia comunicação ao juízo acerca da realização da medida. Mesmo levando em conta que o auto de prisão em flagrante é uma das peças inaugurais do inquérito policial, o Delegado de Polícia que presidiu o presente deveria ter instaurado um novo caderno investigatório, e não deixar as duas investigações em um único inquérito. A representação pela prisão preventiva de Pedro Silva foi desnecessária pelo fato de ele ter sido preso em flagrante. Pela nova redação do artigo 310 do CPP, o juiz, ao receber a comunicação do auto de prisão em flagrante, pode relaxar a detenção, caso reconheça sua ilegalidade; conceder liberdade provisória cumulada ou não com medidas cautelares; ou convertê-la em prisão preventiva. Outra situação que merece destaque é o fato de que o Delegado de Polícia anterior, durante a lavratura do auto de prisão em flagrante, deixou de expedir em tempo oportuno a nota de culpa para Pedro Silva, documento previsto no artigo 306 do CPP, cuja falta pode ensejar o relaxamento da prisão. Sobre o arresto ou hipoteca legal das duas fazendas para pagamento de indenização às vítimas, deve ser consignado que tais bens, recebidos a título de herança, embora tenha origem claramente lícita, foram arrestados para garantir eventual pagamento de multa e/ou ação civis ex delicto. O prejuízo às vítimas foi substancial, tendo sido praticado crimes cujas penas de multa são particularmente onerosas, o que justifica a cautelar de arresto. Como o Delegado de Polícia não possui legitimidade para postular o arresto, tal pedido foi feito pelas vítimas ou pelo Órgão Ministerial, com base no art. 142 do CPP. A busca domiciliar com a consequente apreensão do laptop, cartões clonados, máquinas chupa cabras e equipamentos necessários para a http://www.questoesdiscursivas.com.br/ Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 24 falsificação dos cartões foi feita com base no art. 5º, XI, da CRFB e art. 240, §1º, “b”, “c”, “e” e “h”, do CPP. Por fim, o sequestro dos veículos, dos três tratores, da Lamborghini amarela e da moto Harley-Davidson foi realizado, pois há indícios veementes da proveniência ilícita dos bens, sendo a representação feita com base nos artigos 126, 127 e 132, todos do CPP, uma vez que o proprietário não exerce atividade lícita regular, ou seja, aparentemente são produto do crime. Durante as investigações, descobriu-se que o auditor fiscal Juca Ribeiro solicitou vantagem indevida de Lucas Pereira para que não lavrasse autuações referentes a tributos contra a empresa Avelã Brasiliense Ltda. Desta forma, incidiu em dois crimes contra a Administração Pública Fazendária, que estão previstos no art. 3º, II (corrupção passiva contra a ordem tributária) e III (advocacia administrativa contra a ordem tributária) da Lei nº 8.137/90. Cumprindo ainda o artigo 10 do CPP, esta Autoridade Policial informa que Maria Cintra e Rose Lima, empregadas de Márcio Sousa, testemunharam a divisão de lucros da organização criminosa. Ambas podem ser encontradas nos endereços constantes dos autos, a fim de serem ouvidas como testemunhas do juízo ou da acusação. O advogado de Márcio Sousa peticionou nos autos do presente aduzindo que os crimes investigados não seriam de competência da Justiça Estadual, requerendo o envio imediato do inquérito para a Justiça Federal. Vossa Excelência, após parecer do órgão do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, com o devido respeito, não deve declinar a competência, uma vez que o artigo 109 da CRFB diz que são de competência da Justiça Federal os crimes contra o sistema financeiro nacional e a ordem econômica. Nesta investigação criminal são apurados os crimes de formação de organização criminosa, contra as relações de consumo, de lavagem de capitais e de furto qualificado. Mesmo havendo portaria do Ministro da Justiça no sentido de determinar ao Departamento de Polícia Federal a apuração do crime de “clonagem de cartões” por grupo interestadual, as provas colhidas no bojo da investigação são lícitas, pois a Constituição Federal e a Lei nº 10.446/02, que apresenta um rol de crimes meramente exemplificativo, não impedem a Polícia Civil do Distrito Federal de investigar o delito em tela, bem como não tornam ilícitas as provas produzidas no bojo do inquérito policial. Também foi alegada pela defesa a violação da legislação processual, pois o investigado Márcio Sousa foi interrogado antes da inquirição das testemunhas. Mas, como é sabido, o inquérito policial é um procedimento inquisitivo, no qual não há incidência dos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório, presidido única e exclusivamente por Delegado de Polícia, que tem a finalidade de apurar infrações penais. Porém, é de se ressaltar que mesmo não existindo a previsão da chamada “Cláusula de Miranda” no ordenamento jurídico nacional, a autoridade policial que presidiu o interrogatório do indiciado deveria ter dado ciência do seu direito constitucional de permanecer
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