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Peças praticas Delegado de Polícia

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Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
E-book comprado por Laisa De Freitas Da Silva Oliveira CPF: 016.146.971-08 
 
25 PEÇAS PRÁTICAS DE CONCURSOS DE DELEGADO DE POLÍCIA COM SUGESTÃO DE RESPOSTAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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http://www.questoesdiscursivas.com.br/
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
 
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www.questoesdiscursivas.com.br 
http://www.questoesdiscursivas.com.br/
http://www.questoesdiscursivas.com.br/
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
 
3 
 
 
 
 
 
AUTORES: 
 
SÉRGIO BAUTZER 
 
Delegado de Polícia Civil do Distrito Federal. Lecionou legislação penal especial em 
diversos cursos preparatórios, em faculdades e na Academia de Polícia, foi agraciado 
com o título de Professor destaque da Academia da Polícia Civil do Distrito Federal, 
lecionou para policiais da Guarda Nacional Colombiana, é autor das obras “Legislação 
Penal Especial na Visão das Bancas Examinadoras e da Jurisprudência”, “Questões com 
Gabaritos comentados - Legislação Penal Especial”, “Questões com Gabaritos 
comentados – Direito Penal – Parte Especial”, “Questões com Gabaritos Comentados – 
Direito Processual Penal”, “Questões com Gabaritos Comentados – Estatuto da Criança 
e do Adolescente” e diversas apostilas, todos publicados pela Editora Vestcon”. 
Professor de Legislação Penal Especial na Escola Superior de Advocacia do Distrito 
Federal. 
RAFAEL FARIA 
 
Delegado de Polícia Civil do Estado de São Paulo. Especialista em Direito Penal e 
Processo Penal com Capacitação para Docência no Ensino Superior pela Faculdade de 
Direito Damásio de Jesus/SP. Professor de Direito Penal da Graduação em Direito do 
Centro Universitário Unifafibe, em Bebedouro/SP. 
RODRIGO DUARTE 
 
Advogado da União. Ex-Oficial de Justiça e Avaliador Federal no TRF da 2ª Região; Ex- 
Técnico Administrativo do Ministério Público da União (MPU) e Ex-Técnico de 
Atividade Judiciária no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Aprovado e 
nomeado no concurso de Analista Processual do Ministério Público do Rio de Janeiro 
(MPE/RJ). 
MIGUEL BLAJCHMAN (Organizador) 
 
Advogado. Fundador do site Questões Discursivas. Ex-Analista de Planejamento e 
Orçamento da Secretaria Municipal da Fazenda do Rio de Janeiro (SMF/RJ). Aprovado 
nos seguintes concursos: Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado 
do Rio de Janeiro (TCE/RJ). Analista e Técnico do Ministério Público do Estado do Rio 
de Janeiro (MPE/RJ) e Advogado da Dataprev. 
http://www.questoesdiscursivas.com.br/
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
 
4 
 
 
 
 
 
 PEÇAS PRÁTICAS DE DELEGADO DE POLÍCIA 
 
Concurso: Polícia Federal – Ano: 2013 – Banca: CESPE 
 
Almir foi preso em flagrante no aeroporto Antônio Carlos Jobim, na cidade do Rio de Janeiro – 
RJ, após adentrar em território nacional com duas malas repletas de roupas, relógios e 
eletroeletrônicos não declarados à Receita Federal do Brasil e cujo imposto de importação não 
fora devidamente recolhido. Os produtos foram apreendidos e Almir, encaminhado à 
delegacia da Polícia Federal. Na posse do conduzido, foram apreendidos os seguintes objetos: 
i) diversas passagens aéreas Rio-Miami-Rio em nome de Geraldo e Gabriel; ii) caderno de notas 
com nome de diversos funcionários do aeroporto; e iii) inúmeras notas fiscais de produtos 
adquiridos no estrangeiro, que somavam mais de R$ 60.000,00. Durante seu depoimento 
extrajudicial, na presença de seu advogado, João, Almir afirmou que as roupas e joias não 
haviam sido adquiridas no exterior, que os eletroeletrônicos realmente eram importados, mas 
estariam dentro da cota de isenção de imposto de importação e que Geraldo e Gabriel eram 
apenas seus amigos. Após pagar fiança arbitrada pela autoridade policial, Almir foi solto e, 
dentro do prazo legal, recorreu administrativamente do auto de infração de apreensão das 
mercadorias e de arbitramento do imposto devido, recurso ainda pendente de julgamento 
pelo órgão Fazendário. Instaurado inquérito policial, Almir foi formalmente indiciado. Dando 
continuidade às investigações, o delegado de polícia requereu ao juiz criminal competente a 
interceptação telefônica do indiciado, o que foi deferido pelo prazo de quinze dias. O conteúdo 
das interceptações apontou que Geraldo e Gabriel combinaram que viajariam aos Estados 
Unidos da América para comprar mercadorias, que seriam revendidas no Brasil por preços 
inferiores aos de mercado, sendo o preço das passagens aéreas e os lucros das vendas 
repartidos por todos. Constatou-se que as viagens ocorreram durante os últimos três anos e 
que os envolvidos não pagavam o respectivo imposto, dissimulando a importação das 
mercadorias. Com a venda das mercadorias, o trio teria arrecadado mais de R$ 12.000.000,00, 
e Geraldo adquirido um imóvel na rua Vieira Souto, no bairro de Ipanema, na cidade do Rio de 
Janeiro – RJ, utilizando os ganhos com a infração penal, muito embora tenha constado do 
instrumento de aquisição do bem o nome de seu filho, Cléber. Além disso, em conversa 
travada entre Geraldo e João, seu advogado, verificou-se que os documentos e arquivos 
digitais contábeis do grupo estariam arquivados no escritório do causídico, onde seriam 
destruídos por Gabriel em poucos dias. Verificou-se, ainda, que o pagamento dos honorários 
de João era realizado mediante a entrega de parte das mercadorias importadas. Apurou-se, 
também, que os indiciados contavam com a colaboração de Paulo, que, na qualidade de 
funcionário da Receita Federal do Brasil, os auxiliava a burlar a fiscalização fazendária, e que, 
como retribuição, participava no lucro do grupo com a venda das mercadorias, sendo o 
pagamento da propina de responsabilidade de João. Surgiram indícios, ainda, da participação 
de outras pessoas no grupo, inclusive de funcionários públicos, bem como de utilização de 
empresas-fantasmas no esquema criminoso, o que, diante do fim do prazo das interceptações 
telefônicas, não pôde ser suficientemente apurado. Em seguida, os autos do inquérito policial 
foram conclusos ao delegado da Polícia Federal para análise. Em face da situação hipotética 
acima apresentada, redija, na condição de delegado responsável pela investigação do caso 
concreto, a peça profissional a ele adequada, direcionando-a à autoridade competente. 
Exponha a fundamentação jurídica pertinente, tipifique os crimes cometidos e requeira o que 
entender de direito, no que se refere às investigações. 
 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA 
DO RIO DE JANEIRO-RJ 
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SIGILOSO 
 
Ofício nº Ref. IPL nº 
O Departamento de Polícia Federal, órgão do Ministério da Justiça, por meio do 
Delegado de Polícia Federal que a esta subscreve, vem respeitosamente à presença de Vossa 
Excelência expor e requerer o quanto segue. 
Trata-se de investigação criminal destinada a apurar os crimes de descaminho, 
quadrilha, lavagem de dinheiro, receptação, corrupção passiva/facilitação de descaminho, 
corrupção ativa e lavagem de dinheiro, supostamente praticados por ALMIR, GERALDO, 
GABRIEL, JOÃO, PAULO e outros ainda não identificados. 
 
Na cidade do Rio de Janeiro, o nacional Almir foi preso em flagrante no aeroporto 
Antônio Carlos Jobim após adentrar em território nacional com duas malas repletas de roupas, 
relógios e eletroeletrônicos não declarados à Receita Federal do Brasil e cujo imposto de 
importação não fora devidamente recolhido. 
 
Os produtos foram apreendidos e Almir devidamente encaminhado à delegacia da 
Polícia Federal. Na posse do conduzido, foram apreendidos os seguintes objetos: 1) diversas 
passagens aéreas Rio-Miami-Rio em nome de Geraldo e Gabriel;2) caderno de notas com 
nome de diversos funcionários do aeroporto; e 3) inúmeras notas fiscais de produtos adquiridos 
no estrangeiro, que somavam mais de R$ 60.000,00. 
 
Durante seu depoimento extrajudicial, na presença de seu advogado, João, Almir 
afirmou que as roupas e joias não haviam sido adquiridas no exterior, que os eletroeletrônicos 
realmente eram importados, mas estariam dentro da cota de isenção de imposto de 
importação e que Geraldo e Gabriel eram apenas seus amigos. Após pagar fiança arbitrada, 
Almir foi solto e, dentro do prazo legal, recorreu administrativamente do auto de infração de 
apreensão das mercadorias e de arbitramento do imposto devido, recurso ainda pendente de 
julgamento pelo órgão fazendário. Instaurado inquérito policial, Almir foi formalmente 
indiciado, pois o fato praticado amolda-se perfeitamente ao artigo 334 do Código Penal 
(descaminho), inclusive com o aumento de pena previsto no §3º (a pena aplica-se em dobro se 
o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial). 
 
O descaminho é crime formal. Para que seja proposta ação penal por descaminho não 
é necessária a prévia constituição definitiva do crédito tributário, nos termos do entendimento 
prevalente no STJ. Conclui-se que no caso de descaminho não se aplica a Súmula Vinculante nº 
24. 
 
A fim de identificar possível formação de quadrilha e todos os fatos que pudessem 
caracterizar os delitos em comento, esta autoridade policial representou a Vossa Excelência 
pela interceptação telefônica do indiciado, o que foi deferido pelo prazo de quinze dias. 
O conteúdo das interceptações apontou que Geraldo e Gabriel combinaram que 
viajariam aos Estados Unidos para comprar mercadorias, que seriam revendidas no Brasil por 
preços inferiores aos de mercado, sendo o preço das passagens aéreas e os lucros das vendas 
repartidos por todos. Constatou-se que as viagens ocorreram durante os últimos três anos e 
que os envolvidos não pagavam o respectivo imposto, dissimulando a importação das 
mercadorias. 
 
Com a venda das mercadorias, o trio arrecadou mais de R$ 12.000.000,00, tendo 
Geraldo adquirido um imóvel na rua Vieira Souto, no bairro de Ipanema, na cidade do Rio de 
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Janeiro – RJ, utilizando os ganhos com a infração penal, muito embora tenha constado do 
instrumento de aquisição do bem o nome de seu filho, Cléber. Além disso, em conversa travada 
entre Geraldo e João, seu advogado, verificou- se que os documentos e arquivos digitais 
contábeis do grupo estariam arquivados no escritório do causídico, onde seriam destruídos por 
Gabriel em poucos dias. Verificou-se, ainda, que o pagamento dos honorários de João era 
realizado mediante a entrega de parte das mercadorias importadas. 
 
Apurou-se, também, que os indiciados contavam com a colaboração de Paulo, que, na 
qualidade de funcionário da Receita Federal do Brasil, os auxiliava a burlar a fiscalização 
fazendária e que, como retribuição, participava no lucro do grupo com a venda das 
mercadorias, sendo o pagamento da propina de responsabilidade de João. Surgiram indícios, 
ainda, da participação de outras pessoas no grupo, inclusive de funcionários públicos, bem 
como de utilização de empresas-fantasmas no esquema criminoso, o que, diante do fim do 
prazo das interceptações telefônicas, não pôde ser suficientemente apurado. 
 
Diante do exposto, REPRESENTA-SE: 
1) Pela PRORROGAÇÃO do monitoramento telefônico, inclusive com o fornecimento de extratos 
de ligações recebidas e realizadas, mensagens de texto, além da posição dos alvos por meio 
das informações encontradas pelas ERBs, de forma a identificar outros envolvidos na quadrilha, 
nos termos da Lei nº 9.296/96; 
 
2) Pela interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática, a fim 
de identificar outros fatos e pessoas envolvidas no crime (art. 1º, parágrafo único da, Lei nº 
9.296/96); 
3) Pelo SEQUESTRO dos bens adquiridos pelos investigados, especialmente o imóvel adquirido 
por GERALDO, em nome de seu filho CLEBER, localizado na rua Vieira Souto, no bairro de 
Ipanema, na cidade do Rio de Janeiro – RJ, em que utilizou os ganhos com a infração penal, 
para adquirir o bem (artigos 125 e 126 do CPP); 
 
4) Pela BUSCA E APREENSÃO NO ESCRITÓRIO DE JOÃO, pois, segundo as investigações, em 
conversa travada entre Geraldo e João, seu advogado, verificou-se que os documentos e 
arquivos digitais contábeis do grupo estariam arquivados no escritório do causídico, onde 
seriam destruídos por Gabriel em poucos dias. Ademais, o pagamento dos honorários de João 
era realizado mediante a entrega de parte das mercadorias importadas (artigo 240 do CPP); 
 
5 ) Pela BUSCA E APREENSÃO na residência de PAULO, pois, de acordo com os autos, os 
indiciados contavam com a colaboração de Paulo que, na qualidade de funcionário da Receita 
Federal do Brasil, os auxiliava a burlar a fiscalização fazendária, e que, como retribuição, 
participava no lucro do grupo com a venda as mercadorias, sendo o pagamento da propina de 
responsabilidade de João (artigo 240 do CPP); 
 
6) Pela PRISÃO PREVENTIVA de todos os envolvidos ora identificados (ALMIR, GERALDO, 
GABRIEL, JOÃO, PAULO), tendo em vista os requisitos previstos no artigo 312 do CPP. Com 
efeito, a prisão preventiva deverá ser decretada como garantia da ordem pública e econômica, 
na medida em que os autores podem continuar causando prejuízos financeiros à União e, além 
disso, os crimes praticados são dolosos, cujas penas máximas privativas de liberd ade são 
superiores a 4 (quatro) anos de reclusão, o que autoriza a medida cautelar, nos termos do 
artigo 313 do CPP. 
 
Nestes Termos, pede deferimento. 
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PEÇA TÉCNICO-PROFISSIONAL – J. C., primário e de bons antecedentes, responde, em 
liberdade, a inquérito policial por suposta prática do crime de estelionato, na modalidade de 
fraude no pagamento por meio de cheque (art. 171, §2.º, VI, Código Penal), contra a vítima I. 
A. O cheque, devolvido por ausência de fundos, encontra-se juntado aos autos do inquérito. 
Chegou ao conhecimento da autoridade policial, todavia, pelos depoimentos da vítima e das 
testemunhas A. V. e P. A., que J. C. estaria rondando o bairro em que se deram os fatos, em 
atitude claramente ameaçadora. Na condição de Delegado de Polícia responsável pelo caso, 
represente à autoridade competente pela decretação da prisão provisória cabível na hipótese 
apresentada. 
 
 
 
 
Local, data 
 
DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL 
MATRÍCULA 
 
 
Concurso: PCTO – Ano: 2014 – Banca: AROEIRA 
 
 
NOTA EXPLICATIVA: 
Apesar de um enunciado aparentemente simples, e considerando que a banca não permitiu 
consulta a qualquer tipo de material, para confeccionar a peça adequadamente o candidato 
deveria ter conhecimento dos seguintes temas: a) Prisão preventiva e temporária, 
modalidades de prisões provisórias existentes no direito brasileiro, haja vista ter a prisão em 
flagrante, segundo a doutrina majoritária, natureza de cautelar efêmera; b) Rol memorizado 
dos delitos contidos no art. 1º da Lei nº 7.960/89 (lei da prisão temporária), assim como a 
interpretação que diz que todos os delitos hediondos permitem a prisão temporária, ainda que 
não contidos no rol do artigo 1º da referida lei; c) Rol memorizado dos delitos hediondos – art. 
1º da Lei nº 8.072/90; d) Prisão preventiva, seus pressupostos e fundamentos (artigo 312 do 
Código de Processo Penal), bem como as hipóteses de cabimento contidas no artigo 313 do 
mesmo código; e) Tipo penal de fraude no pagamento por meio de cheque, modalidade de 
estelionato contido no art. 171, §2º, VI, do Código Penal, especialmente em relação à pena 
cominada (1 a 5 anos), visto ser a quantidade da pena fator determinante para se analisar o 
cabimento ou não da prisão preventiva;Sabendo disso, o candidato perceberá que o delito de 
fraude no pagamento por meio de cheque não consta no rol do art. 1º da Lei nº 7.960/89 e 
também não se trata de crime hediondo. Com isso, permite-se concluir de imediato que não 
poderia haver representação pela prisão temporária, restando a representação pela prisão 
preventiva de J.C. 
 
Uma vez definida por qual prisão deva representar, no caso prisão preventiva, cabe ao 
candidato apontar os pressupostos e fundamentos contidos no enunciado, além de indicar em 
qual das hipóteses de cabimento do artigo 313 do CPP se enquadra a situação. 
A prisão preventiva tem como pressupostos (artigo 312 do Código de Processo Penal, primeira 
parte) indícios suficientes de autoria e prova da materialidade. É o que se conhece por fumus 
comissi delicti. No caso em análise, tais pressupostos estão evidenciados nos seguintes pontos: 
a materialidade evidencia-se no cheque devolvido juntado aos autos do Inquérito (folhas ), ao 
passo que os indícios suficientes de autoria restam presentes nos depoimentos das 
testemunhas A. V. e P. A. (folhas ) 
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Quanto aos fundamentos (periculum libertatis), a prisão preventiva mostra-se necessária em 
razão da conveniência da instrução criminal, pois, conforme o enunciado, o indiciado estaria 
rondando o bairro no qual se deram os fatos, em atitude claramente ameaçadora, pondo em 
risco o bom e normal andamento da investigação. 
 
Por fim, ainda que não tenham sido apontadas no espelho, algumas questões são 
indispensáveis na representação de prisão preventiva, devendo ser de conhecimento do 
candidato: 
 
1 – Demonstração da necessidade e adequação da medida (art. 282, I e II, do Código de 
Processo Penal); 
 
2 – Demonstração de que a situação se enquadra em uma das hipóteses de cabimento do 
artigo 313 do Código de Processo Penal. Veja-se que no presente caso a prisão preventiva deve 
ser decretada com base no art. 313, I, do Código de Processo Penal (crimes dolosos punidos 
com pena privativa de liberdade máxima superior a quatro anos), uma vez que o delito de 
fraude no pagamento por meio de cheque possui pena máxima de cinco anos, permitindo 
perfeitamente a medida. 
 
3 – Demonstração de que as medidas cautelares diversas da prisão do art. 319 do Código de 
Processo Penal são insuficientes. 
Outros aspectos importantes, a exemplo da competência, não foram cobrados pela banca. No 
entanto, o candidato deveria ter conhecimento de que a representação deveria ser 
endereçada ao juiz criminal competente para julgar crimes contra o patrimônio. Importante 
ainda que o candidato esteja atento ao fato de que a prisão preventiva não possui prazo certo, 
ao contrário do que ocorre com a prisão temporária. 
 
Por fim, a banca aceitou tanto o pedido feito em forma de ofício, quanto em forma de petição. 
Optamos pela forma de petição porque é a forma preferida pela maioria dos candidatos. 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE 
 
Inquérito Policial nº 
 
Natureza da investigação: ESTELIONATO Vítima: I. A. 
Indiciado: J. C. 
A Polícia Civil do Estado de , pelo delegado de polícia que a esta subscreve, matrícula 
profissional nº , vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento no 
art.5º, LXI, da Constituição Federal e artigos 311, 312 e 313, I, todos do Código de Processo 
Penal, representar pela 
 
DECRETAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA 
em face de J.C, (qualificação completa: nacionalidade, estado civil, profissão, RG e CPF), com 
endereço residencial, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor: 
DOS FATOS 
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Conforme consta dos autos do Inquérito Policial acima mencionado, J.C. está sendo 
investigado, em liberdade, pela suposta prática do crime de estelionato, na modalidade de 
fraude no pagamento por meio de cheque (art. 171, §2º, VI, do Código Penal), delito praticado 
contra a vítima I.A. 
 
O cheque devolvido por ausência de fundos encontra-se junto aos autos do Inquérito, 
folhas . 
 
Ocorre que chegou ao conhecimento desta autoridade policial, pelos depoimentos da 
vítima e das testemunhas A. V. e P. A., que o indiciado estaria rondando o bairro em que se 
deram os fatos, em atitude claramente ameaçadora. 
 
A materialidade delitiva está provada, com o cheque, devolvido por ausência de 
fundos, juntado aos autos do inquérito (fl. do inquérito). Também há indícios suficientes de 
autoria (depoimentos de fls. do inquérito). 
 
Portanto, com amparo no art. 312, do Código de Processo Penal, esta Autoridade 
Policial representa a Vossa Excelência pela decretação da prisão preventiva de J. C., por 
conveniência da instrução criminal, pois o indiciado está ameaçando a vítima e testemunhas, o 
que pode atrapalhar a colheita de provas. Era o que tinha a ponderar no momento, 
apresentando cópias do boletim de ocorrência, do cheque devolvido por ausência de fundos e 
dos depoimentos até então colhidos. 
 
DO DIREITO 
 
Em que pese a garantia constitucional do estado de inocência (art. 5º, LVII, da CRFB), o 
regramento constitucional não proíbe a prisão preventiva, embora essa permissão seja 
somente para situações excepcionais. Isto porque sua função é nitidamente cautelar e seus 
objetivos são meramente processuais, ou seja, busca-se a tutela da sociedade, da instrução 
criminal e a aplicação da lei penal, e não a aplicação antecipada da pena. 
 
Pressupõe a existência de dois requisitos genéricos: pressupostos (fumus comissi delicti) 
e fundamentos (periculum libertatis). 
Por pressupostos, compreende-se a exigência da materialidade do delito e indícios 
suficientes de autoria, conforme preconiza a primeira parte do artigo 312 do Código de 
Processo Penal. Destacando-se que no caso em ep´Igrafe a materialidade resta devidamente 
demonstrada na folha de cheque devolvida juntada aos autos do inquérito policial (folhas ), ao 
passo que os depoimentos das testemunhas A.V. e P.A, (folhas ) indicam os indícios suficientes 
de autoria. 
 
Os fundamentos são os motivos que ensejam a decretação da prisão, quais sejam: 
garantia da ordem pública, da ordem econômica, garantia da instrução criminal e para 
assegurar a aplicação da lei penal (art. 312 do Código de Processo Penal). Assim, inevitável a 
decretação da prisão preventiva de J.C., haja vista a necessidade de garantir o regular 
desenvolvimento da instrução criminal, ante sua conduta de ameaçar vítimas e testemunhas. 
 
Ademais, o crime de fraude no pagamento por meio de cheque é crime doloso e possui 
pena máxima de cinco anos, permitindo a prisão preventiva de J.C., nos termos do art. 313, I, 
do Código de Processo Penal. 
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Saliente-se também que as medidas cautelares diversas da prisão, especificadas no art. 
319 do Código de Processo Penal, revelam-se inadequadas e insuficientes para o caso, pois 
ineficazes para impedir que J.C. continue a ameaçar as vitimas e testemunhas. 
 
Por fim, a medida se mostra adequada e necessária, ante a ineficácia das outras 
medidas, perfazendo-se a exigência do art. 282, incisos I e II, do Código de Processo Penal. 
DO PEDIDO 
Ante o exposto, com base nos elementos de convicção constantes nos autos Inquérito 
Policial (folhas ) e com supedâneo nos artigos 311, 312 e 313, I, todos do Código de Processo 
Penal, REPRESENTO a Vossa excelência pela decretação da PRISÃO PREVENTIVA de J.C., 
devidamente qualificado, expedindo-se o competente mandado de prisão. 
 
Nestes temos, Pede deferimento Local, data. 
Delegado de Polícia. 
 
 
Concurso: PCBA – Ano: 2013 – Banca: CESPE 
 
Em 17/9/2012 (segunda-feira), por volta de 0h50m, Douglas Aparecido da Silva foi alvejadopor 
três disparos de arma de fogo quando se encontrava em frente à casa de sua namorada, 
Fernanda Maria Souza, na rua Serafim, casa 12, no bairro Boa Prudência, em Salvador – BA. A 
ação teria sido intentada por quatro indivíduos que, em um veículo sedã de cor prata, placa 
ABS 2222/BA, abordaram o casal e cobraram, mediante a ameaça de armas de fogo portadas 
por dois deles, determinada dívida de Douglas, proveniente de certa quantidade de crack que 
este teria adquirido dias antes, sem efetuar o devido pagamento. Foi instaurado o competente 
inquérito policial, tombado, no 21.º Distrito Policial, sob o n.º 0021/2012, para apurar a 
autoria e as circunstâncias da morte de Douglas, constando no expediente que, na noite de 
16/9/2012, por volta das 21 h, a vítima se encontrou com a namorada, Fernanda, e, após 
passarem em determinada festa de amigos, seguiram para a casa de Fernanda, no bairro Boa 
Prudência, onde Douglas a deixaria; o casal estava em um veículo utilitário de cor bran ca, 
placa JEL 9601/BA, de propriedade da vítima; na madrugada do dia seguinte, por volta de 
0h40m, quando já estavam parados em frente à casa de Fernanda, apareceu na rua um veículo 
sedã de cor prata, em que se encontravam quatro rapazes, que cobraram Douglas pelo 
“bagulho” e ameaçaram o casal com armas nas mãos, quando um dos rapazes deu dois tiros 
para o alto, momento em que Douglas e Fernanda se deitaram no chão. Em ato contínuo, um 
dos rapazes desceu do carro, chutou a cabeça de Douglas e, em seguida, desferiu três disparos 
em sua direção, atingindo-lhe fatalmente a cabeça e o tórax. Douglas faleceu ainda no local e 
os autores se evadiram logo após a conduta, lá deixando Fernanda a gritar por socorro. Nos 
autos do inquérito, consta que foram ouvidos dois vizinhos de Fernanda que se encontravam, 
na ocasião dos fatos, na janela do prédio vizinho e narraram, em auto pró-prio, a conduta do 
grupo, indicando a placa do veículo sedã de cor prata (ABS 2222/BA) e a descrição física dos 
quatro indivíduos. Na ocasião, foram apresentadas fotografias de possíveis suspeitos às duas 
testemunhas, que reconheceram formalmente, conforme auto de reconhecimento fotográfico, 
dois dos rapazes envolvidos nos fatos: Ricardo Madeira e Cristiano Madeira. Fernanda foi 
ouvida em termo de declarações e alegou conhecer dois dos autores, em específico os que 
empunhavam armas: Cristiano Madeira, vulgo Pinga, que portava um revólver e teria desferido 
dois tiros para o alto; e o irmão de Cristiano, Ricardo Madeira, vulgo Caveira, que, portando 
uma pistola niquelada, desferira os três tiros que atingiram a vítima. Fernanda afirmou 
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desconhecer os outros dois elementos e esclareceu que poderia reconhecê-los formalmente, 
se fosse necessário. Ao final, noticiou que se sentia ameaçada, relatando que, logo após o 
crime, em frente à sua residência, um rapaz descera de uma moto e, com o rosto coberto pelo 
capa-cete, fizera menção que a machucaria caso relatasse à polícia o que sabia. Em 
complementação à apuração da autoria, buscou-se identificar, embora sem êxito, os outros 
dois indivíduos que acompanhavam Ricardo e Cristiano na ocasião dos fatos. Juntaram-se aos 
autos o laudo de exame de local de morte violenta, que evidencia terem sido recolhidos do 
asfalto dois projéteis de calibre 38, e o laudo de perícia papiloscópica, realizada em lata de 
cerveja encontrada nas proximidades do local, na qual foram constatados fragmentos digitais 
de uma palmar. Lançadas as digitais em banco de dados, confirmou-se pertencerem a Ricardo 
Madeira. Também juntou-se ao feito o laudo cadavérico da vítima, no qual se constata a 
retirada de três projéteis de calibre 380 do cadáver: um alojado no tórax e dois, no crânio. 
Durante as diligências, apurou-se que o veículo sedã de cor prata, placa ABS 2222/BA, estava 
registrado em nome da genitora dos irmãos Cristiano Madeira e Ricardo Madeira, Maria 
Aparecida Madeira, residente na rua Querubim, casa 32, no bairro Boa Prudência, em Salvador 
– BA, onde morava na companhia dos filhos. Nos registros criminais de Cristiano, constam 
várias passagens por roubo e tráfico de drogas. No formulário de antecedentes criminais de 
Ricardo Madeira, também anexado aos autos, consta a prática de inúmeros delitos, entre os 
quais dois homicídios. Procurados pela polícia para esclarecerem os fatos, Cristiano e Ricardo 
não foram localizados, tampouco seus familiares forneceram quaisquer notíci as de seus 
paradeiros, embora houvesse informações de que eles estariam na residência de seu tio, 
Roberval Madeira, situada na rua Bom Tempero, s/n, no bairro Nova Esperança, em Salvador – 
A. Ambos foram indiciados nos autos como incursos nas sanções previ stas no art. 121, § 2.º, II 
e IV, do CP. O inquérito policial tramitou pela delegacia, em diligências, durante vinte e cinco 
dias, encontrando-se conclusos para a autoridade policial que preside o feito, restando a 
complementação de inúmeras diligências visando identificar os outros dois autores e 
evidenciar, através de novas provas, a conduta dos indiciados. Em face do relato acima 
apresentado, proceda, na condição de delegado de polícia que preside o feito, à remessa dos 
autos ao Poder Judiciário, representando pela(s) medida(s) pertinente(s) ao caso. Fundamente 
suas explanações e não crie fatos novos. 
 
NOTA EXPLICATIVA: 
 
O candidato deve atentar aos seguintes tópicos: 
1. Apresentação e estrutura textual (legibilidade, respeito as margens e indicação de 
parágrafos) – Nesse aspecto é preciso que o aluno fique atento aos detalhes exigidos pela 
banca examinadora. No caso do CEBRASPE/CESPE é utilizado um espelho padrão de prova, de 
modo que se sugere ao candidato elaborar sua resposta de maneira objetiva e direta, sempre 
fundamentando seu posicionamento com base nos artigos de lei e entendimento 
jurisprudencial. É preciso buscar um equilíbrio entre escrita fundamentada e objetividade a fim 
de não perder o pouco espaço disponível com informações desnecessárias. Suge rem-se 
sentenças curtas e observância da ortografia e caligrafia. 
 
2. Desenvolvimento do tema – Trata-se de Representação ao Poder Judiciário, elaborada pelo 
Delegado de Policia com vistas a conseguir o deferimento de medidas cautelares que auxiliem 
no deslinde da investigação. A leitura atenta do caso concreto é indispensável para a 
identificação das medidas adequadas. Inicialmente, o candidato deve identificar e destacar os 
crimes em apuração, sempre citando os artigos referenciados. No caso em apreço, observa-se 
a participação de quatro suspeitos em co-autoria na prática de homicídio qualificado (motivo 
torpe), ameaça e disparo de arma de fogo. Ademais, seria importante destacar a prática de 
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tráfico ilícito de entorpecentes por parte do grupo, mencionando, inclusive, seus antecedentes 
criminais. Essas informações iniciais são necessárias ao deslinde do caso. A partir dos tipos 
penais, o candidato deve observar as medidas cautelares adequadas ao caso concreto, 
colocando-se na posição do Delegado de Polícia. 
 
2.1 Endereçamento ao Juiz do Tribunal do Júri de Salvador/BA – 
A representação deveria ser dirigida ao Juiz competente, sendo no caso o Juiz do Tribunal do 
Júri de Salvador/BA. Tratando-se de crime de homicídio e de outros conexos cabe ao Juiz do 
Tribunal do Júri avaliar a adequação e necessidade da medida requerida. O cabeçalho da 
representação deveria ser redigido da seguinte maneira “Excelentíssimo Juiz de Direito do 
Tribunal do Júri da Comarca de Salvador/BA.”. 
 
Destaque-se que em se tratando de homicídio aplica-se a chamada teoria da ação, consoante 
Jurisprudência pacificada do Superior Tribunal de Justiça, diferentemente da regra prevista no 
Código de Processo Penal Brasileiro, no qual a competência territorialpara julgamento do 
delito é definida a partir do local de consumação do delito. 
 
2.2 Pedido de prisão temporária 
 
2.3 Fundamentação (pressupostos e motivação legal): Esse ponto talvez seja o crucial e o de 
maior complexidade nas provas para Delegado de Polícia: definir a espécie de prisão adequada 
ao caso em apreço. A dúvida surge entre o cabimento entre a prisão preventiva e a prisão 
temporária. É de bom alvitre mencionar que a dúvida é plausível, tendo em vista que no dia a 
dia, em muitas ocasiões, ambas as medidas são cabíveis e pertinentes a depender dos 
fundamentos utilizados. No entanto, nas provas para concurso públ ico, as bancas 
examinadoras optam por aceitar apenas uma das medidas cabíveis, não pontuando a prova do 
candidato que optar pela prisão diversa. 
 
Nas provas do CESPE, a banca examinadora costuma sinalizar para a medida de prisão cabível. 
Na prova em concreto, a questão afirma a necessidade da continuação das investigações ante 
a necessidade de “complementação de inúmeras diligências”. Assim sendo, não seria o caso de 
cabimento de prisão preventiva, que exige prova da materialidade e indícios de autoria, 
suficientes também para a denúncia por parte do Ministério Público. Dessa forma, o candidato 
deve sempre buscar elementos que apontem a continuidade das investigações ou a suficiente 
presença de elementos para a denúncia criminal como ponto de separação entre as duas 
espécies de prisão. 
 
O candidato deveria representar pela prisão temporária dos irmãos Madeira com fundamento 
no art. 1º, I e III, “a” da Lei nº 7.960/89, explicando a doutrina que se posiciona pela cumulação 
dos incisos I e II do art. 1º da Lei com o inciso III, bem como o porquê de a medida ser 
indispensável. Somado a isso, deveria mencionar a não localização dos suspeitos, a 
necessidade de reconhecimento pessoal e a realização de seu interrogatório. Interessante, 
ainda, citar a excepcionalidade da medida de prisão bem como os requisitos gerais das 
medidas cautelares: fumus comissi delicti e periculum in mora. 
 
Nesse aspecto, deve-se fazer uma relação entre os fatos narrados na questão e os 
fundamentos jurídicos autorizadores da medida, narrando, inclusive, os elementos de 
informação colhidos até o momento, sempre buscando aclarar autoria e materialidade. São 
elementos de informações que reforçam a materialidade: o laudo cadavérico e o exame de 
local de crime. Aqueles que apontam para a autoria: declaração das testemunhas; o veículo 
registrado em nome da genitora dos suspeitos; os fragmentos de impressão papiloscópica e o 
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reconhecimento fotográfico. 2.4 Pedido de busca e apreensão do veículo e busca e apreensão 
na residência da genitora e do tio dos indiciados. (pressuposto e fundamentação legal) Nesse 
ponto, o candidato deveria observar as diretrizes fornecidas na própria questão para 
representar pela busca e apreensão do veículo utilizado no crime, bem como realizar buscar na 
residência da genitora dos investigados e do tio. Deveria ser citada a placa do veículo (ABS 
2222/BA), bem como os endereços- alvo: 1) rua Querubim, casa 32, no bairro Boa Prudência, 
em Salvador – BA 2) rua Bom Tempero, s/n, no bairro Nova Esperança, em Salvador – A. 
Ademais, deveria mencionar os requisitos gerais das cautelares: periculum in mora e fumus 
comissi delicti, além dos seguintes dispositivos normativos: art. 240, §1º, “d”, “e” e “h”, do 
CPP. Indispensável, discorrer sobre a inviolabilidade do domicílio, destacando, porém, que não 
pode servir de escudo a ilegalidade. 2.5 Prazo de prisão temporária pela prática de crime 
hediondo. – Por fim, o prazo da medida de prisão temporária deveria ser de 30 dias, com base 
no disposto no art. 2º, §4º, da Lei nº 8.072/90 (Lei de Crimes Hediondos). 
 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
 
EXMO. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE SALVADOR/BA 
IP nº 0021/2012 – 21º DP 
A autoridade policial que ao final subscreve vem, respeitosamente, à presença de V. 
Exa., com fulcro no art. 144 da CRFB e Lei nº 12.830/2013, representar por 
PEDIDO DE PRISÃO TEMPORÁRIA 
 
com base no art. 1º, I e III, “a” c/c art. 2º, §4º, da Lei nº 8.072/90 em desfavor de Ricardo 
Madeira e Cristiano Madeira, bem como pela busca e apreensão do veículo Sedã, cor prata, 
placas ABS 2222/BA, nas residências localizadas a rua Querubim, casa 32, no bairro Boa 
Prudência, em Salvador – BA e rua Bom Tempero, s/n, no bairro Nova Esperança, em Salvador 
– BA, tendo como fundamento o disposto no art. 240 e ss. do CPP, pelos motivos fáticos e 
jurídicos a seguir apresentados. 
Trata-se de Inquérito policial instaurado a fim de apurar os fatos ocorridos no dia 
17/09/2012, por volta das 0h50, na R. Serafim, em frente a casa de nº 12, Bairro Boa 
Prudência, em Salvador/BA, ocasião na qual Douglas Aparecido da Silva foi alvejado por três 
disparos de arma de fogo. Diligências policiais foram realizadas e os elementos de informações 
coletados são suficientes para comprovar a materialidade do crime de homicídio qualificado 
(art. 121, §2º, I, do CP), bem como para imputar a autoria do crime aos irmãos Ricardo e 
Cristiano Madeira, além de dois indivíduos ainda não identificados. 
 
O laudo de corpo de delito e exame de local atestaram a ocorrência de que, na data 
dos fatos em apuração, a vítima foi alvejada por disparos de arma de fogo, munição calibre 
380, vindo a óbito em decorrência dos disparos. De modo que resta configurado a prática de 
homicídio qualificado pelo motivo torpe (dívida de drogas). 
 
Duas testemunhas foram ouvidas, situação na qual reconheceram por fotografia os 
investigados Ricardo Madeira e Cristiano Madeira como sendo as pessoas envolvidas no delito 
em apuração. 
Ademais, a namorada da vítima, Fernanda Maria, que estava no momento dos fatos, 
narrou conhecer os suspeitos, Ricardo e Cristiano, os quais empunhavam armas de fogo no 
momento do crime. Destacou que os autores dirigiram-se até a vítima cobrando uma dívida 
passada relacionada ao comércio de entorpecentes. 
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PEÇA PRÁTICA – A polícia está investigando uma organização criminosa integrada por policiais 
militares, bombeiros militares e policiais civis cujos integrantes são suspeitos da prática de 
homicídios, extorsão, concussão, corrupção ativa e passiva, dentre outros crimes. De acordo 
com o que foi apurado até o momento, esses agentes públicos exigem que os comerciantes e 
moradores de uma determinada localidade paguem prestações semanais em dinheiro. Os 
criminosos chegaram mesmo a assumir a associação de moradores da comunidade, numa 
eleição marcada pela intimidação dos eleitores. Inicialmente o pagamento era feito para que 
os agentes públicos policiassem a área e não deixassem que comerciantes e moradores fossem 
 
 
 
 
Outros elementos de informação corroboram as declarações prestadas pelas 
testemunhas. O veículo utilizado na prática criminosa pertence à genitora dos investigados. 
Além disso, exame papiloscópico realizado em uma lata de cerveja, encontrada no local, 
confirmou as impressões digital e palmar de Ricardo. 
 
Ora Excelência, conforme destacado, restam presentes elementos suficientes que 
apontam a prova da materialidade e indícios suficientes de autoria. Embora a prisão seja 
exceção, estão presentes os requisitos legais para o deferimento da custódia temporá ria, 
medida cautelar indispensável para a continuidade das investigações. 
Os investigados se encontram em local incerto e não sabido, não tendo sido localizados 
para serem submetidos a reconhecimento pessoal e interrogatório pessoal. Ademais, embora 
prevista em legislação especial, a prisão temporária deve submeter-se a sistemática prevista 
para as cautelares penais. Desse modo, a medida mostra-se adequada e necessária. Os 
suspeitos são detentores de antecedentescriminais pela prática de infrações penais graves e 
uma das testemunhas do delito sente-se ameaçada. 
 
Assim sendo, a prisão dos suspeitos é medida que se faz necessária à livre participação 
das testemunhas na continuidade das investigações, a fim de serem identificado os outros 
autores do delito. Além disso, será possível a realização de reconhecimento pessoal dos 
investigados. 
 
Também presentes os requisitos para o deferimento da medida cautelar de busca e 
apreensão. Embora a carta magna proteja a inviolabilidade do domicilio (art. 5º, XI, da CRFB), 
isso não deve servir de manto à prática de ilícitos, consoante permissivo constitucional. Há 
indícios suficientes registrando a possibilidade de o veículo (Sedã preto, placas ABS 2222/BA) 
utilizado no crime estar no endereço da genitora dos investigados (R. Querubim, nº 32). Há 
relatos apócrifos de que os suspeitos podem estar escondidos no endereço de um tio (R. Bom 
tempero). A medida de busca é necessária e adequada para localizar objetos utilizados na 
prática do crime (armas e veículo), bem como localizar e prender os criminosos. Representa, 
portanto, a autoridade signatária pelas medidas de direito acima elencadas, a serem 
cumpridas em estrita observância do procedimento legal, previsto no Código de Processo 
Penal, em especial pela prisão temporária de Ricardo Madeira e Cristiano Madeira pelo prazo 
de 30 (trinta) dias, considerando a hediondez do delito praticado. 
 
Nestes termos pede deferimento. 
Local, Data. 
Autoridade Policial. 
 
 
Concurso: PCAP – Ano: 2010 – Banca: FGV 
 
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furtados, roubados ou sofressem outros crimes. Porém, com o tempo, esse grupo de agentes 
públicos passou a exigir também que os comerciantes e moradores somente comprassem gás 
em botijão com determinados revendedores, os quais eram, por sua vez, obrigados a conceder 
parte dos ganhos a essa organização criminosa. Aqueles que se recusaram a pagar foram 
espancados, mortos ou expulsos da localidade em que a organização criminosa atua. Ocorre 
que a investigação chegou a um ponto em que as provas necessárias para identificar toda a 
cadeia de comando da organização criminosa só podem ser obtidas com a colaboração de 
alguém que participe da organização, já que nenhuma das vítimas concorda em depor. Para 
dificultar ainda mais a investigação, os criminosos não guardam qualquer espécie de registro 
de suas atividades e nenhum deles utiliza aparelhos telefônicos, com receio de serem 
interceptados, só discutindo seus planos criminosos na sede da associação. Na condição de 
delegado titular responsável pela investigação você chegou à conclusão de que é preciso 
lançar mão de medidas investigatórias mais intensas. Diante desse quadro, redija a peça 
prática própria para por em prática as duas medidas de investigação adequadas para obter as 
informações que a polícia necessita, apontando os dispositivos legais pertinentes e 
fundamentando a necessidade da medida requerida. Fundamente as suas respostas 
demonstrando conhecimento acerca dos institutos jurídicos aplicáveis ao caso e indicando os 
dispositivos legais pertinentes. 
 
 
 
 
 
NOTA EXPLICATIVA: 
O candidato deverá realizar um PEDIDO DE INFILTRAÇÃO DE AGENTES, com base nos arts. 10, 
11 e 12, da Lei nº 12.850/13. 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
 
EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DE 
 
A POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE, por meio do Delegado de polícia que esta subscreve, 
titular da Delegacia de Polícia, vem à presença de Vossa Excelência REPRESENTAR pela 
INFILTRAÇÃO DO AGENTE POLICIAL (nome do policial que será inserido na organização 
criminosa) com fulcro nos artigos 10 ,caput e §§1º a 5º, e 11 da Lei nº 12.850/2013, pelos 
fundamentos de fato e de direito a seguir expostos. 
 
A presente investigação refere-se à suposta da prática de crimes de homicídio, extorsão 
e corrupção ativa e passiva por policiais civis, militares e bombeiros militares. Segundo consta 
dos cadernos investigativos, os investigados exigem determinado montante em dinheiro dos 
moradores de uma localidade como contraprestação de suposta prestação de serviços de 
segurança, bem como também determinam que os moradores adquiram produtos, como o gás 
de cozinha, de revendedores que repassam parte dos lucros para a organização criminosa, sob 
pena de serem espancados, expulsos ou mortos pela associação investigada. 
 
Após colhidas todas essas informações, as investigações chegaram em um 
determinado ponto em que não mais é possível a obtenção de novas provas justamente em 
virtude da ação da referida organização, pois as pessoas se recusam a prestar depoimento por 
se sentirem ameaçadas. É evidente a configuração da organização criminosa, uma vez que há 
fortes indícios da presença de mais de quatro pessoas, consistindo em agentes públicos 
(policiais civis, militares e bombeiros) que, no intuito de obter vantagens econômicas de 
moradores de uma determinada localidade, praticam crimes graves, como homicídio, extorsão, 
corrupção ativa e passiva. 
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(QUESTÃO ADAPTADA À ATUAL LEGISLAÇÃO) – Contemplando a peça abaixo, na condição de 
Autoridade Impetrada, manifeste-se ao Juiz de Direito competente, prestando-lhe as 
informações necessárias à instrução do Habeas Corpus impetrado por JOÃO ROBERTO, INÁCIO 
VIEIRA, ANTÔNIO CÉSAR E JOSÉ FILHO, defendendo o ato impugnado. EXCELENTÍSSIMO 
SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE TERESINA (PI) – Maria de 
Fátima, advogada inscrita na OAB, Seção do Piauí, sob o nºXXXX, com escritório nesta cidade 
de Teresina, vem, respeitosamente, com fulcro no art.648, III, do CPP, impetrar ordem de 
HABEAS CORPUS – a favor de JOÃO ROBERTO, INÁCIO VIEIRA, ANTÔNIO CÉSAR E JOSÉ FILHO, 
já qualificados nos autos do Inquérito Policial nº 136/15, pelas razões a seguir aduzidas: Os 
pacientes foram autuados em flagrante delito em 06.11.2015, acusados de trabalhar em 
fábrica ilegal de bebidas alcoólicas, situada em Teresina, estando incursos nos delitos 
tipificados no art. 288 do CP; art.293, §1º, inciso I, do CP e art.175 I, do CP, conforme faz prova 
o auto de prisão em flagrante lavrado na Central de Flagrantes da supracitada cidade. Os 
pacientes encontram-se presos na sede da Delegacia de Polícia do 1º Distrito Policial de 
Teresina. O Inquérito está em curso, sendo conduzido pelo Delegado da Polícia Civil de 
Teresina titular da Delegacia de Combate aos Crimes praticados contra a Ordem Tributária e 
Relações de Consumo. Note-se que dentre os fatos investigados, há aquele praticado em 
detrimento de bens, serviços ou interesses da União, como o de Falsificação de selos fiscais do 
 
 
 
 
Conforme se dispõe em lei, a medida ora pleiteada deve ser realizada somente em 
casos excepcionais, quando não for mais possível a colheita de novos elementos de 
informações seguindo os tramites típicos e de praxe de investigação. No caso em análise, as 
vítimas se recusam a falar temendo represálias. Além disso, os criminosos não guardam 
qualquer forma de registro de suas atividades e ainda nenhum dos investigados utiliza 
aparelho telefônico, já que apresentam o receio de serem interceptados. 
 
Dessa forma, como as provas não podem ser colhidas por outros meios investigativos, 
mostra-se perfeitamente cabível e necessária essa medida excepcional de infiltração de agente 
policial. A imprescindibilidade se apresenta uma vez que a infiltração policial é a única f orma 
que se mostra capaz de colher novas provas da existência da organização criminosa, dos 
crimes por ela praticados e da identificação das pessoas envolvidas. Neste momento da 
investigação, somente a inserção de um agente policial no seio da associação criminosa é 
instrumento hábil para a coleta de elementos informativos que possam resultar no 
desmantelamento da referidaorganização e prisão dos investigados. 
 
Diante do exposto, com fundamento nos arts. 10, caput e §§ 1º a 5º, e 11, ambos da 
Lei nº 12.850/2013, REPRESENTO pela autorização de infiltração do agente policial no seio da 
organização criminosa retromencionada, pelo prazo de seis meses que, sob dissimulação, 
desenvolverá a investigação necessária para elucidar os fatos delituosos, colhendo-se, 
previamente, o parecer do Ministério Público. 
 
Local, Data. 
Assinatura 
Delegado de Polícia 
Matrícula 
 
 
Concurso: PCPI – Ano: 2009 – Banca: UESPI 
 
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IPI, cuja competência para julgá-los é da Justiça Federal, ainda que se alegue a inocorrência do 
fato gerador de IPI, tendo em vista a inautenticidade do produto, porquanto destinado apenas 
a dar à mercadoria a aparência de autêntica, com o fim de ludibriar o consumidor, e não o 
fisco. Ademais, o caso em questão configuraria o delito previsto no art.334, do CP, também de 
competência da Polícia Federal. Desse modo, não se configura hipótese de apuração pela 
Polícia Civil, em virtude de se tratar de crimes que afetam bens e interesses da União, as 
supostas infrações penais devem ser, portanto, apuradas pela Polícia Federal. Na hipótese, 
estando o Inquérito sendo conduzido por Autoridade da Polícia Civil, sofrem os pacientes, 
coação ilegal e a ilegalidade repousa na incompetência da autoridade coatora, conforme 
art.648, III, do CPP. Assim, a coação sendo perpetrada por autoridade policial incompetente, 
esperam os impetrantes que, pedidas as informações à autoridade coatora e observados os 
trâmites legais, haja por bem Vossa Excelência determinar, a imediata expedição de alvará de 
soltura em favor dos pacientes, bem como o ARQUIVAMENTO do Inquérito Pol icial nº136/09. 
Nestes termos, Pede deferimento. Teresina, 07 de novembro de 2009. MARIA DE FÁTIMA 
 
 
 
 
 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
 
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DE TERESINA 
 
Habeas Corpus nº Paciente(s): Impetrante(s): Coator: 
O Delegado de Polícia vem, com o respeito e acatamentos devidos e, na forma da lei, 
prestar as informações requisitadas por Vossa Excelência nos autos do Habeas Corpus 
impetrado em favor de ROBERTO, INÁCIO VIEIRA, ANTÔNIO CÉSAR E JOSÉ FILHO. 
1 – SÍNTESE DOS FATOS 
Os pacientes foram autuados em flagrante delito em 11.11.09, acusados de trabalhar 
em fábrica ilegal de bebidas alcoólicas, situada em Teresina, estando incursos nos delitos 
tipificados no art. 288 do CP; art. 293, §1º, I, do CP; e art. 175, I, do CP, conforme faz prova o 
auto de prisão em flagrante lavrado na Central de Flagrantes desta cidade. Os pacientes 
encontram-se presos na sede da Delegacia de Polícia do 1º Distrito Policial de Teresina. 
 
2 – DA AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA DA POLÍCIA FEDERAL 
2.1. Da inexistência do crime de descaminho Não prospera a alegativa de que os 
pacientes teriam cometido crime de descaminho, cuja atribuição seria da Polícia Federal, 
porquanto os acusados fabricavam bebida alcoólica falsificada e, assim, se a fabricavam, nada 
importavam ou exportavam. 
 
É elemento constitutivo do tipo penal, ou seja, é necessário para a ocorrência do crime 
que o agente iluda o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo 
consumo de mercadoria. O que esta autoridade policial atribui aos pacientes é a CONDUTA de 
fabricar clandestinamente bebidas alcoólicas dentro do território nacional, e não a de iludir o 
pagamento de imposto, pois ausente o dolo neste sentido. Inexistente, portanto, o tipo penal 
previsto no art. 334 do CP, não podendo o mesmo ser utilizado como fundamento para alegar a 
existência de competência da Justiça Federal para o julgamento do feito e a consequente 
condução do inquérito pela Polícia Federal. 
 
2.2. Da competência para julgar o delito de falsificação de papéis públicos em se tratando de 
selos de IPI utilizados em frascos de bebidas alcoólicas falsificadas. 
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Sobre o crime de falsificação de papéis públicos no caso em tela, falsificação de selos 
de IPI, enquadrados no art. 293, §1º, I, do CP, a competência para julga- -mento só será da 
Justiça Federal quando existir o fato gerador do tributo federal. Se o dolo na falsificação dos 
papéis é iludir o fisco federal, vislumbra-se o interesse da União no feito. Porém, se o dolo não é 
iludir o fisco, mas o consumidor sobre a autenticidade do produto, não existe interesse da 
União no julgamento do feito. O empreendimento criminoso era uma fábrica clandestina de 
bebidas alcoólicas. 
 
Se estas bebidas eram falsificadas, sobre elas, obviamente, não incidiriam impo stos, 
inexistindo o fato gerador do imposto. A intenção da falsificação dos selos de IPI, quando não 
só o selo, mas também o produto é falsificado, não é deixar de recolher tributos, mas sim dar à 
mercadoria aparência de autêntica com o fim de ludibriar o consumidor. Portanto, o dolo que 
se pretende imputar aos pacientes é o de produzir, industrializar e pôr no mercado bebidas 
alcoólicas falsificadas. 
 
O simples fato de terem sido encontrados no local selos do IPI não tem o condão de 
deslocar a competência de processamento para a Justiça Federal, pois a intenção dos pacientes 
era somente falsificar bebidas alcoólicas para comercialização. Inexiste, portanto, quaisquer 
interesses da União envolvidos, haja vista a peculiar destinação dos selos. 
 
Ademais, não há que se falar em fato gerador do referido imposto, pois a produção das 
bebidas alcoólicas falsas não se subsume naquelas hipóteses le-gais que atraem a incidência do 
IPI. Os selos em questão, portanto, lesionariam somente os particulares, consumidores do 
produto falsificado, configurando-se como simples meio de facilitação para a inserção dos 
produtos falsos no mercado. 
 
O entendimento do STJ também não é outro, pois referida Corte tem pacificado esta 
posição pronunciando-se, em inúmeros julgados, no sentido de esclarecer que, na hipótese de 
selos de IPI serem utilizados com o mero fim de iludir o consumidor, dando aspecto de 
autenticidade ao produto falsificado, não se vislumbra a competência da Justiça Federal para o 
feito, mas da Justiça Comum Estadual. 
 
Do exposto, conclui-se pela competência da Polícia Civil para apurar o fato e a 
consequente insubsistência do pedido de arquivamento do Inquérito Policial nº 136/15. 
 
Teresina (PI), 08 de novembro de 2015. 
AUTORIDADE POLICIAL 
GABARITO DA BANCA EXAMINADORA: 
EXMº SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DE TERESINA O Delegado de Polícia da 
DECCOTERC vem, com o respeito e acatamentos devidos e, na forma da lei, prestar as 
informações requisitadas por Vossa Excelência nos autos do Habeas Corpus impetrado por 
ROBERTO, INÁCIO VIEIRA, ANTÔNIO CÉSAR E JOSÉ FILHO. 1 – SÍNTESE DOS FATOS Os pacientes 
foram autuados em flagrante delito em 11.11.09, acusados de trabalhar em fábrica ilegal de 
bebidas alcoólicas, situada em Teresina, estando incursos nos delitos tipificados no art. 288 do 
CP; art.293, §1º, inciso I, do CP; art.175 I, do CP, conforme faz prova o auto de prisão em 
flagrante lavrado na Central de Flagrantes desta cidade. Os pacientes encontram-se presos na 
sede da Delegacia de Polícia do 1º Distrito Policial de Teresina. 2 – DA AUSÊNCIA DE 
COMPETÊNCIA DA POLÍCIA FEDERAL 2.1. Da inexistência do crime de descaminho Não 
prospera a alegativa de que os pacientes teriam cometido crime de Descaminho cuja 
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atribuição seria da Polícia Federal porquanto os acusados fabricavam bebida alcoólica 
falsificada e, assim, se a fabricavam nada importavam ou exportavam. Afirma o Código Penal, 
em seu art.334, verbis: Art.334. Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, notodo 
ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo 
consumo de mercadoria: Pena – reclusão, de um a quatro anos. É elemento constitutivo do 
tipo penal, portanto necessário para a ocorrência do crime, que o agente importe ou exporte 
mercadoria. O que esta autoridade policial atribui aos pacientes é a CONDUTA fabricar 
clandestina bebidas alcoólicas dentro do território nacional, e não de importar ou exportar as 
mesmas. As bebidas são produzidas em fábrica situada no município de Teresina, não 
podendo, ao mesmo tempo, ser importadas! Inexistente, portanto, o tipo penal previsto no 
art.334 do CP, não podendo o mesmo ser utilizado como fundamento para alegar- -se 
existência de competência da Justiça Federal para o julgamento do feito e a conseqüente 
condução do inquérito pela Polícia Federal. 2.2. Da competência para julgar o delito de 
falsificação de papéis públicos em se tratando de selos de IPI utilizados em frascos de bebidas 
alcoólicas falsificadas. Sobre o crime de falsificação de papéis públicos, no caso em tela 
falsificação de selos de IPI, enquadrados no art.293, §1, I, do CP, a competência para 
julgamento só será da Justiça Federal quando existe o fato gerador do Tributo Federal. Se o 
dolo na falsificação dos papéis é iludir o fisco federal, vislumbra-se o interesse da União no 
feito, porém se o dolo não é iludir o fisco, mas o consumidor sobre a autenticidade do 
produto, não existe interesse da União no julgamento do feito. O empreendimento criminoso 
era uma fábrica clandestina de bebidas alcoólicas. Se estas bebidas eram falsificadas, sobre 
elas, obviamente, não incidiriam impostos, inexistindo o fato gerador do imposto. A intenção 
da falsificação dos selos de IPI, quando não só o selo, mas também o produto é falsificado, não 
é deixar de recolher tributos, mas sim dar à mercadoria aparência de autêntica com o fim de 
ludibriar o consumidor. Assim, o dolo que se pretende imputar aos pacientes é o de produzir, 
industrializar e pôr no mercado bebidas alcoólicas falsificadas. Dessa forma é que o simples 
fato de terem sido encontrados no local selos, do IPI não tem o condão de deslocar a 
competência de processamento para a Justiça Federal, pois a intenção dos pacientes era 
somente falsificar bebidas alcoólicas para comercialização. Inexiste, portanto, quaisquer 
interesses da União envolvidos, haja vista a peculiar destinação dos selos. Ademais, não há que 
se falar em fato gerador do referido imposto, pois a produção das bebidas alcoólicas falsas não 
se subsume naquelas hipóteses legais que atraem a incidência do IPI. Os selos em questão, 
portanto, lesionariam somente os particulares, consumidores do produto falsificado, 
configurando-se como simples meio de facilitação para a inserção dos produtos falsos no 
mercado. O entendimento do STJ também não é outro. A jurisprudência do STJ tem pacificado 
esta posição, se pronunciando, em inúmeros julgados, no sentido de esclarecer que, na 
hipótese de selos de IPI serem utilizados com o mero fim de iludir o consumidor, dando 
aspecto de autenticidade ao produto falsificado, não se vislumbra a competência da Justiça 
Federal para o feito, mas da Justiça Comum Estadual. Do exposto, conclui -se pela competência 
da Polícia Civil para apurar o fato e a conseqüente insubsistência do pedido de arquivamento 
do Inquérito Policial nº136/09. Teresina (PI), 08 de novembro de 2009. AUTORIDADE POLICIAL 
– Titular da DECCOTERC 
 
 
Concurso: PCDF – Ano: 2015 – Banca: VUNESP 
 
 Na manhã do dia 2/6/2015, Antônio Dias foi preso em flagrante por policiais militares após sair 
 de um estabelecimento bancário localizado em Brasília, quando foi submetido a uma busca 
 pessoal. Com ele, os policiais encontraram inúmeros cartões bancários em nome de terceiros, 
 R$ 750 (setecentos e cinquenta reais) em dinheiro, ferramentas e um aparelho popularmente 
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conhecido como chupa-cabra, dotado de funções de leitura magnética, gravação e reprodução 
de códigos de outros cartões. Perante a autoridade policial, Antônio Dias confessou fazer parte 
de um grupo que, nos dois últimos anos, instalou máquinas chupa-cabras em caixas 
eletrônicos de bancos privados e em lojas a fim de colher dados bancários a serem uti-lizados 
em cartões falsificados. O grupo atuava em vários estados do território nacional e dedicava-se 
ao cometimento de diferentes infrações penais. Com os cartões clonados, fazia saques e 
compras de diversos equipamentos eletrônicos e artigos de luxo, posteriormente revendidos. 
Em sua confissão, Antônio afirmou que eram mais de 15 integrantes agindo em todo o 
território nacional; que era um dos encarregados de instalar e retirar os chupa-cabras bem 
como fazer saques menores; que outros integrantes manejavam programas de computador 
para a captação das informações bancárias e impressão nos cartões clonados; que alguns 
membros eram responsáveis pelas transações bancárias de maior vulto, pela abertura de 
contas camufladas e pela compra e revenda de artigos de luxo; que os dados das vítimas, as 
contas em que o dinheiro era depositado e o detalhamento das atividades estavam em um 
laptop na casa do líder do grupo, Márcio Sousa: Quadra 500, casa 11, Brasília- DF. Os prejuízos 
às vítimas ultrapassam R$ 20.000.000 (vinte milhões de reais). No endereço mencionado, era 
feita a partilha do lucro no último sábado de cada mês, oportunidade em que ocorria um 
churrasco que contava com a participação dos integrantes do grupo criminoso. Ao confessar, 
Antônio Dias explicou que teme por sua esposa grávida, que iniciou a atividade criminosa por 
estar desempregado e que recentemente voltou a trabalhar como pintor. Após a verificação 
das informações, a autoridade policial confirmou que Antônio Dias tem residência fixa, é 
primário e sem antecedentes criminais e que havia grande movimentação de pessoas no 
endereço em que reside Márcio Sousa. A autoridade policial arbitrou fiança em favor de 
Antônio Dias. Ao longo da investigação, descobriu-se que Márcio Sousa é um dos maiores 
produtores de avelã do Brasil, tendo herdado de seu pai duas fazendas voltadas ao 
agronegócio. Sousa administra a sociedade empresária Avelã Brasiliense Ltda., da qual é sócio 
majoritário. Cada fazenda herdada foi avaliada em R$ 5.000.000 (cinco milhões de reais). Essa 
atividade empresária referente à avelã intensificou-se com o lucro obtido a partir dos cartões 
clonados, que era investido por Márcio Sousa, de maneira sub-reptícia, em suas fazendas. 
Restou comprovado, durante a investigação, que Márcio Sousa importou três tratores de 
última geração para colher avelã. Cada trator custou R$ 600.000 (seiscentos mil reais). 
Também se percebeu que, além da clonagem de cartões, o grupo criminoso possuía outros 
dois eixos básicos de atuação: o primeiro visava a incinerar avelã para provocar alta de preço 
no mercado (aumentando o lucro da Avelã Brasiliense Ltda.) e a vender avelã com prazo de 
validade vencido; e o segundo envolvia a subtração de dinheiro contido em caixas bancários 
eletrônicos por meio de dinamite. No início da investigação, não se sabia a real identidade de 
Márcio Sousa, mas seus números telefônicos foram fornecidos por Antônio Dias (9999.0001 e 
8888.0001). Os números foram interceptados mediante prévia ordem judicial. Em um dado 
momento da investigação, mesmo podendo fazê- lo, a polícia deixou de prender Márcio Sousa 
em flagrante. A autoridade policial não requereu prévia autorização judicial para tanto. O 
objetivo era prender um número maior de criminosos no dia do churrasco em que viria a ser 
feita a divisão do butim criminoso. No último sábado de junho de 2015, Márcio Sousa, Lucas 
Pereira e Pedro Silva participaram do habitual churrasco do grupo. Com eles, foram 
encontrados inúmeros cartões bancários em nome de terceiros, aparelhos chupa-cabras e o 
laptop que continha o detalhamentodas atividades. Os três foram surpreendidos enquanto 
dividiam entre si R$ 50.000 (cinquenta mil reais), os quais, segundo os cálculos contábeis do 
laptop, eram produto da clonagem de cartões de crédito. A polícia prendeu Márcio Sousa, 
Lucas Pereira e Pedro Silva em flagrante. Paulo de Tarso não compareceu no dia, porque 
estava doente, mas os arquivos no laptop comprovam que ele era o responsável por 
administrar os programas de computador para a captação das informações bancárias, além de 
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ter ter instalado algumas das máquinas chupa-cabras. Entre os integrantes do grupo 
criminoso, Márcio Sousa, Lucas Pereira e Pedro Silva encontram-se presos preventivamente. 
Pedro Silva atuou, em especial, na subtração do dinheiro dos caixas eletrônicos. O modus 
operandi era sempre o mesmo: os caixas eletrônicos eram abertos, ainda de madrugada, por 
meio de dinamite de alta capacidade de destruição. Para agir, o grupo escolhia, 
meticulosamente, locais sem segurança privada, o que dificultava o trabalho da polícia. Consta 
dos autos de inquérito que, dessa forma, Márcio Sousa, Lucas Pereira, Antônio Dias, Pedro 
Silva e Paulo de Tarso subtraíram o dinheiro de caixas eletrônicos em ao menos três 
oportunidades diferentes. A autoridade policial representou pela prisão de Silva com base na 
garantia da ordem pública, alegando que, conquanto Silva fosse primário e possuísse bons 
antecedentes, chefiava as operações do grupo criminoso referentes à subtração de caixas 
bancários eletrônicos mediante o uso de dinamite. Duas empregadas da casa de Márcio Sousa, 
Maria Cintra e Rose de Lima, presenciaram as negociações acerca da divisão de lucros. 
Também se apurou que Márcio Sousa, Lucas Pereira e Paulo de Tarso foram os responsáveis 
pela venda de avelã com prazo de validade vencido e pela incineração do produto. A 
incineração ocorreu na sede da Avelã Brasiliense Ltda. e a venda, em uma de suas dezenas de 
lojas. Ao vender avelã com prazo de validade vencido, o grupo criminoso economizava gastos e 
aumentava a quantidade total de produto vendido. Após a prisão em flagrante de Sousa, o 
delega do não lhe entregou, no prazo de 24h e mediante recibo, documento com os motivos 
de sua prisão e os nomes do condutor e das testemunhas. Posteriormente questionado sobre 
sua conduta, o delegado asseverou que tal documento não tem nomen iuris próprio nem 
previsão legal específica no ordenamento jurídico. A perícia feita sobre os alimentos vendidos 
com prazo de validade vencido limitou-se a certificar que os prazos de validade foram 
ultrapassados, sem atestar que as avelãs vendidas pelo grupo criminoso estavam podres ou 
prejudicariam a saúde de quem as consumisse. Confirmou-se que Márcio tem contato com 
outros grupos que agem de forma similar em outros estados, é bastante agressivo e anda 
armado. Márcio Sousa, Lucas Pereira, Antônio Dias, Pedro Silva e Paulo de Tarso foram todos 
indiciados. Conquanto se saiba que o grupo incluía ao menos 15 integrantes, mesmo com o 
exaurimento dos meios de investigação por parte da autoridade policial, nenhum outro 
membro do grupo criminoso teve sua identidade descoberta. Apesar de aparentemente não 
exercer atividade laborativa regular, Márcio Sousa possui hábitos de luxo e ostentação: 
frequenta restaurantes caros; faz uso de roupas de grife; e é proprietário de veículos de luxo, 
tais como uma Lamborghini amarela e uma moto Harley-Davidson. Todas as medidas 
cautelares patrimoniais aplicáveis ao caso foram requeridas pela autoridade policial, pelo MP e 
pelas vítimas, e todas foram deferidas pela autoridade judicial. No final das investigações, 
apurou-se que o auditor-fiscal Juca Ribeiro solicitou a Lucas Pereira o pagamento de vantagem 
indevida no total de R$ 200.000 (duzentos mil reais) para que não lavrasse autuações 
referentes a tributos devidos pela Avelã Brasiliense Ltda. A vantagem nunca foi paga, mas Juca 
Ribeiro está a usar o cargo que ocupa para interceder junto a outros auditores-fiscais em favor 
da Avelã Brasiliense Ltda. O advogado de Márcio Sousa apresentou requerimento 
administrativo à autoridade policial em que alega: que os crimes investigados no caso são de 
competência da Justiça Federal e que deveriam ser investigados pela Polícia Federal; que os 
autos de inquérito devem ser enviados à Polícia Federal imediatamente; que existe portaria do 
Ministro da Justiça que determina ser atribuição da Polícia Federal investigar a clonagem de 
cartões por grupos interestaduais, o que torna nula de pleno direi to a investigação realizada 
pela Polícia Civil do Distrito Federal; que Márcio Sousa foi ouvido na condição de investigado 
antes das testemunhas — inversão que violaria a egislação processual — e sem ser 
previamente advertido pela autoridade policial de que tinha o direito de permanecer em 
silêncio, o que implica nulidade do procedimento administrativo de inquérito; que o inquérito 
deveria ter sido concluído em 10 dias, contados das prisões em flagrante efetuadas; que a 
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venda de alimentos com prazo de validade vencido era atípica e desprovida de lesividade ao 
bem jurídico tutelado, já que as avelãs tinham vencido há pouquíssimo tempo e não havia 
perícia que comprovasse que os alimentos estavam podres ou prejudicariam a saúde de quem 
os consumisse; que a expressão “condições impróprias para o consumo” integra uma norma 
penal em branco heterogênea, não possuindo complementação em lei, o que viola o princípio 
da legalidade; que a incineração das avelãs jamais gerou o aumento do preço do produto no 
mercado e que parte das avelãs vencidas sequer foram vendidas, tendo sido apenas expostas à 
venda; que eventual ocultação de valores, se é que foi praticada, restringiu-se à primeira fase 
da infração, o que afasta a sua consumação; que os indiciados ao longo do inquérito, se 
praticaram algum crime, fizeram-no na forma tentada, de modo que a autoridade policial 
deveria, sponte sua, retificar os indiciamentos realizados, com base no poder de autotutela da 
Administração Pública. O delegado que presidia o feito, entendendo que todos os argumentos 
do advogado eram juridicamente implausíveis, negou por completo o requerimento 
administrativo apresentado pelo advogado. O delegado que conduziu todo o inquérito 
aposentou-se. As investigações encerraram-se, não havendo mais elementos de informação a 
serem colhidos. Em face do relato acima apresentado, na condição de delegado de polícia que 
passou a presidir o feito, redija a peça cabível, dirigindo-a à autoridade competente e 
representando, se for o caso, pela(s) medida(s) pertinente(s). Na peça, analise 
pormenorizadamente as alegações do advogado de Márcio Sousa e todas as medidas adotadas 
pelo delegado aposentado, justificando juridicamente as que estiverem corretas e apontando 
quaisquer providências contrárias ao ordenamento jurídico que tenham sido praticadas. No 
caso das medidas 619 cautelares de cunho patrimonial deferidas pela autoridade judicial, 
especifique fundamentadamente todas que se aplicam ao caso, indicando os bens sobre os 
quais deve ter incidido cada uma. Exponha a fundamentação jurídica pertinente, tipifique os 
crimes cometidos e não crie fatos novos. 
 
 
 
 
 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA 
DE BRASÍLIA – DF. 
 
Inquérito Policial nº 
O Delegado de Polícia Civil do Distrito Federal que ao final subscreve vem, com fulcro 
no artigo 144 da CRFB e na Lei nº 12.830/13, apresentar relatório final de conclusão de 
inquérito policial, bem como representar pela prisão preventiva de Paulo de Tarso e pela 
concessão de medida cautelar de suspensão do exercício de função pública de Juca Ribeiro, 
auditor fiscal, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos. 
 
O presentecaderno investigatório foi instaurado a partir de auto de prisão em 
flagrante, pois Antônio Dias foi preso por policiais militares pelo crime de furto qualificado na 
saída de um estabelecimento bancário localizado em Brasília. Na ocasião, foram apreendidos 
inúmeros cartões bancários em nome de terceiros, R$ 750,00 (setecentos e cinquenta reais) em 
dinheiro, ferramentas e um aparelho vulgarmente conhecido como “chupa cabra”. 
 
Durante a lavratura do auto de prisão em flagrante foram ouvidos o condutor do 
flagrante e as testemunhas, sendo que no interrogatório do indiciado, em apertada síntese, ele 
confessou a prática do delito em questão e ainda revelou ser membro de uma organização 
criminosa composta por quinze indivíduos, es-truturalmente ordenada, com divisão de tarefas. 
Esta organização foi constituída para obter vantagem de qualquer natureza mediante a prática 
de crimes contra as relações de consumo, furto qualificado e lavagem de capitais. 
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De maneira equivocada, o Delegado de Polícia que presidiu a lavratura do auto de 
prisão em flagrante arbitrou fiança em um crime cuja pena máxima ultrapassa quatro anos. 
Com a reforma do Código de Processo Penal, imposta pela Lei nº 12.403/11, a autoridade 
policial passou a fixar fiança em crimes cuja pena máxima seja de até quatro anos, punidos 
com pena privativa de reclusão ou de detenção, o que não era o caso, uma vez que o furto 
qualificado possui pena máxima de até oito anos. 
 
Cumpre ressaltar que Vossa Excelência deferiu anteriormente o requerimento de 
interceptação telefônica dos aparelhos telefônicos de Márcio Sousa, feito pelo Delegado de 
Polícia que conduziu esta investigação criminal, o que tornou o juízo prevento. Importante 
registrar que estavam presentes os indícios de autoria por conta da confissão de Antônio; os 
crimes ora investigados são punidos com pena de reclusão; e não existiam outros meios 
disponíveis de produção de prova, pois havia dificuldade para se identificar os outros 
integrantes. 
 
Em dado momento da investigação, a autoridade policial que antecedeu este subscritor 
fez uso do meio de investigação conhecido como flagrante prorrogado, previsto na Lei nº 
12.850/13. Isso pode ser verificado pelo fato de ter sido efetuada a prisão em flag rante de 
Márcio Sousa, Pedro Silva e Lucas Pereira, membros da organização criminosa mencionada, no 
momento mais oportuno e conveniente do ponto de vista de produção da prova. 
 
Vale lembrar que a entrega vigiada e a ação controlada, respectivamente previstas na 
Lei de Drogas e na Lei de Lavagem de Capitais, são meios de investigação que exigem prévia 
autorização judicial, o que não ocorre na Lei de Combate ao Crime Organizado, bastando a 
comunicação prévia ao Juiz competente. 
 
Na revogada Lei nº 9.034/95 não eram necessárias autorização judicial ou prévia 
comunicação ao juízo acerca da realização da medida. Mesmo levando em conta que o auto de 
prisão em flagrante é uma das peças inaugurais do inquérito policial, o Delegado de Polícia que 
presidiu o presente deveria ter instaurado um novo caderno investigatório, e não deixar as 
duas investigações em um único inquérito. 
 
A representação pela prisão preventiva de Pedro Silva foi desnecessária pelo fato de ele 
ter sido preso em flagrante. Pela nova redação do artigo 310 do CPP, o juiz, ao receber a 
comunicação do auto de prisão em flagrante, pode relaxar a detenção, caso reconheça sua 
ilegalidade; conceder liberdade provisória cumulada ou não com medidas cautelares; ou 
convertê-la em prisão preventiva. 
 
Outra situação que merece destaque é o fato de que o Delegado de Polícia anterior, 
durante a lavratura do auto de prisão em flagrante, deixou de expedir em tempo oportuno a 
nota de culpa para Pedro Silva, documento previsto no artigo 306 do CPP, cuja falta pode 
ensejar o relaxamento da prisão. Sobre o arresto ou hipoteca legal das duas fazendas para 
pagamento de indenização às vítimas, deve ser consignado que tais bens, recebidos a título de 
herança, embora tenha origem claramente lícita, foram arrestados para garantir eventual 
pagamento de multa e/ou ação civis ex delicto. 
 
O prejuízo às vítimas foi substancial, tendo sido praticado crimes cujas penas de multa 
são particularmente onerosas, o que justifica a cautelar de arresto. Como o Delegado de Polícia 
não possui legitimidade para postular o arresto, tal pedido foi feito pelas vítimas ou pelo Órgão 
Ministerial, com base no art. 142 do CPP. A busca domiciliar com a consequente apreensão do 
laptop, cartões clonados, máquinas chupa cabras e equipamentos necessários para a 
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falsificação dos cartões foi feita com base no art. 5º, XI, da CRFB e art. 240, §1º, “b”, “c”, “e” e 
“h”, do CPP. 
 
Por fim, o sequestro dos veículos, dos três tratores, da Lamborghini amarela e da moto 
Harley-Davidson foi realizado, pois há indícios veementes da proveniência ilícita dos bens, 
sendo a representação feita com base nos artigos 126, 127 e 132, todos do CPP, uma vez que o 
proprietário não exerce atividade lícita regular, ou seja, aparentemente são produto do crime. 
 
Durante as investigações, descobriu-se que o auditor fiscal Juca Ribeiro solicitou 
vantagem indevida de Lucas Pereira para que não lavrasse autuações referentes a tributos 
contra a empresa Avelã Brasiliense Ltda. Desta forma, incidiu em dois crimes contra a 
Administração Pública Fazendária, que estão previstos no art. 3º, II (corrupção passiva contra a 
ordem tributária) e III (advocacia administrativa contra a ordem tributária) da Lei nº 8.137/90. 
 
Cumprindo ainda o artigo 10 do CPP, esta Autoridade Policial informa que Maria Cintra 
e Rose Lima, empregadas de Márcio Sousa, testemunharam a divisão de lucros da organização 
criminosa. Ambas podem ser encontradas nos endereços constantes dos autos, a fim de serem 
ouvidas como testemunhas do juízo ou da acusação. 
 
O advogado de Márcio Sousa peticionou nos autos do presente aduzindo que os crimes 
investigados não seriam de competência da Justiça Estadual, requerendo o envio imediato do 
inquérito para a Justiça Federal. Vossa Excelência, após parecer do órgão do Ministério Público 
do Distrito Federal e Territórios, com o devido respeito, não deve declinar a competência, uma 
vez que o artigo 109 da CRFB diz que são de competência da Justiça Federal os crimes contra o 
sistema financeiro nacional e a ordem econômica. 
 
Nesta investigação criminal são apurados os crimes de formação de organização 
criminosa, contra as relações de consumo, de lavagem de capitais e de furto qualificado. 
Mesmo havendo portaria do Ministro da Justiça no sentido de determinar ao Departamento de 
Polícia Federal a apuração do crime de “clonagem de cartões” por grupo interestadual, as 
provas colhidas no bojo da investigação são lícitas, pois a Constituição Federal e a Lei nº 
10.446/02, que apresenta um rol de crimes meramente exemplificativo, não impedem a Polícia 
Civil do Distrito Federal de investigar o delito em tela, bem como não tornam ilícitas as provas 
produzidas no bojo do inquérito policial. 
 
Também foi alegada pela defesa a violação da legislação processual, pois o investigado 
Márcio Sousa foi interrogado antes da inquirição das testemunhas. Mas, como é sabido, o 
inquérito policial é um procedimento inquisitivo, no qual não há incidência dos princípios 
constitucionais da ampla defesa e do contraditório, presidido única e exclusivamente por 
Delegado de Polícia, que tem a finalidade de apurar infrações penais. 
 
Porém, é de se ressaltar que mesmo não existindo a previsão da chamada “Cláusula de 
Miranda” no ordenamento jurídico nacional, a autoridade policial que presidiu o interrogatório 
do indiciado deveria ter dado ciência do seu direito constitucional de permanecer

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