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Unidade 1 Compartimentalização dos líquidos corporais e homeostasia

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Fisiologia 
1 
Fisiologia 
Ludmila Amitrano Mannarino 
1ª
 e
di
çã
o 
Fisiologia 
 
11 
 
Compartimentalização 
dos líquidos corporais e 
homeostasia 1 
Fisiologia 
 
12 
Quando estamos saudáveis, significa que os nossos sistemas orgânicos foram 
capazes de sofrer adaptações aos estímulos recebidos. Por exemplo, podemos citar 
as mudanças ocorridas em função da temperatura ambiental, atividade física, 
altitude, jejum prolongado e até mesmo durante a assimilação de novas 
informações. Conforme nos adaptamos aos estímulos ambientais, internos ou 
externos ao corpo, mantemos as condições necessárias para o funcionamento das 
nossas células. Concluímos que independente da localização e da função que a 
célula exerça, ela necessita de um ambiente equilibrado, que atenda as suas 
necessidades de sobrevivência e função. 
Para melhor entendimento da unidade é recomendável que alguns assuntos 
sejam revistos, seguem sugestões: 
 STANFIEL, Cindy L., Fisiologia Humana - 5ª edição. São Paulo: Pearson 
Education do Brasil, 2013. Cap. 2 - A Célula: estrutura e função 
 Guyton & Hall. Tratado de Fisiologia Médica - 12ª edição. Rio de Janeiro: 
Elsevier Editora Ltda., 2011. Cap. 2 - A célula e suas Funções 
 
Objetivos da unidade: 
 Reconhecer os compartimentos corporais e os líquidos que os compõe; 
 Identificar a importância do princípio da eletroneutralidade e da manutenção 
da osmolaridade, entre os compartimentos corporais; 
 Demonstrar a importância dos mecanismos de transporte de membrana 
celular na composição dos líquidos corporais; 
 Identificar o meio interno e a importância da manutenção de sua composição 
física e química; 
 Comprovar que a homeostasia é o principio fundamental da fisiologia; 
 Descrever como ocorre o controle dos sistemas corporais; 
Fisiologia 
 
13 
 
 Comprovar a importância dos ajustes realizados pelos sistemas, mediante os 
estímulos para manutenção da homeostasia; 
 Demonstrar a participação dos sistemas orgânicos na manutenção da 
homeostasia. 
 
Plano da unidade: 
 Líquidos e Compartimentos Corporais 
 Composição dos Líquidos Corporais 
 Movimentação de Substâncias entre os Compartimentos 
 Homeostasia e Processos Homeostáticos 
 Importância dos Processos Homeostáticos 
 Participação dos Principais Sistemas Orgânicos na Manutenção da 
Homeostasia 
 
Bons estudos! 
Fisiologia 
 
14 
 
Líquidos e compartimentos corporais 
 
Sabemos que a água é o principal componente do nosso corpo, 
correspondendo aproximadamente 60% do nosso peso. Esse volume é 
denominado de água corporal total (ACT), e é onde encontram-se dissolvidos 
vários solutos como íons inorgânicos, aminoácidos e proteínas. A ACT está 
distribuída em compartimentos orgânicos, como será descrito a seguir. 
A porção interna do nosso corpo pode ser dividida em dois compartimentos 
preenchidos por líquidos, o intracelular, que possui o líquido intracelular (LIC) e o 
extracelular, com o liquido extracelular (LEC). Quem separa o LIC do LEC é a 
membrana citoplasmática, sendo ela a responsável pela individualidade celular, 
controlando quais e quanto de cada elemento podem entrar ou sair da célula. 
 
Figura 1.1 - Compartimentos intra e extracelular 
Fisiologia 
 
15 
 
O compartimento extracelular é subdividido em outros compartimentos 
importantes, o intersticial (ou intercelular) e o vascular, contendo os líquidos 
intersticial (LIS) e plasmático, respectivamente. A composição desses dois líquidos 
extracelulares é bastante semelhante, pois os capilares, que são os menores e mais 
numerosos vasos sanguíneos, são bastante permeáveis a quase todos os solutos, 
exceto as proteínas e elementos celulares. 
O líquido presente nas câmaras oculares, na cavidade abdominal e entre as 
meninges (liquido cefalorraquidiano), por exemplo, não estão dentro das células, 
nem entre elas e nem no vaso sanguíneo, compondo assim o líquido transcelular, e 
esse compartimento é denominados transcelular. 
Compartimento % do peso corporal 
LIC 30-40 
LEC 
LIS 15-16 
Plasmático 3-4 
Transcelular 1-3 
Tabela 1 - Distribuição da ACT (60% peso corporal) 
A análise desses compartimentos permite-nos visualizar que as células do 
nosso corpo encontram-se banhadas pelo LEC, e esse ambiente é denominado de 
meio interno. Ou seja, as condições do meio interno é que devem ser mantidas 
equilibradas para atender as necessidades celulares, seja na composição química 
ou física, pois é ele que oferece à célula os elementos necessários a sua 
sobrevivência e função. 
 
Composição dos líquidos corporais 
 
A composição dos líquidos corporais difere entre si conforme o 
compartimento em que estão localizados, sendo que mantém a mesma 
concentração, em mEq/L, de cargas positivas (cátions) e negativas (ânions), 
Fisiologia 
 
16 
obedecendo o princípio da eletroneutralidade. No LEC o principal cátion é o sódio, 
que é contrabalanceado pelos ânions cloreto e bicarbonato. Já no LIC o potássio e 
o magnésio são os principais cátions, e os ânions que os neutralizam são 
representados pelas proteínas e fosfatos orgânicos. 
Nesses dois compartimentos, a diferença na concentração de cada soluto é 
gerada e mantida por mecanismos de transporte da membrana celular, sendo que 
a osmolaridade (concentração total de soluto por litro de solução) é a mesma entre 
eles. A manutenção desta osmolaridade é importante para manter equilibrado o 
volume de água entre os compartimentos, pois ela tem livre passagem pela 
membrana celular, e qualquer alteração na osmolaridade movimentaria a água 
para dentro ou para fora da célula. 
Quanto aos LIS e plasmático, a diferença mais significativa de composição 
entre eles é gerada pela presença de proteínas no plasma sanguíneo, que devido 
ao seu grande tamanho molecular, não conseguem atravessar a parede dos 
capilares. Pelo fato destas apresentarem carga negativa e serem impermeáveis, a 
manutenção da eletroneutralidade é devida a redistribuição de pequenos cátions e 
ânions, através da parede capilar. Dessa forma, o plasma contém uma 
concentração levemente menor de ânions (como de cloreto) e uma ligeiramente 
maior de cátions (como sódio e potássio), quando comparado ao líquido 
intersticial. A esse evento denominamos de equilíbrio de Donnam-Gibbs. 
 
Movimento de substâncias entre os compartimentos 
 
A passagem de água e substâncias entre os compartimentos orgânicos ocorre 
através de membrana, e esta apresenta permeabilidade seletiva, ou seja, é 
permeável à água, mas com permeabilidade variável, ou até mesmo impermeável 
aos solutos. Logo a membrana funciona como uma barreira à passagem livre para a 
maioria das moléculas com importância biológica, sendo a movimentação de 
substâncias entre os compartimentos dependentes de sistemas especiais de 
transporte. 
Os mecanismos de transporte de solutos pela membrana são de dois tipos, 
sem gasto de energia (ATP), que é denominado de transporte passivo, e com gasto 
Fisiologia 
 
17 
de energia, que é o transporte ativo. Ambos os transportes possuem modalidades 
diferentes de serem realizados, e serão descritos a seguir. 
Difusão 
É uma modalidade de transporte passivo, e consiste na passagem do soluto do 
compartimento em que ele está mais concentrado para o que ele está menos 
concentrado, isso significa dizer que a força que promove a difusão é chamada de 
gradiente de concentração. Não podemos esquecer que as partículas carregadas 
eletricamente vão ser atraídas pelas cargas opostas, influenciando a difusão. 
A difusão simples é quando a membrana não oferece resistência à passagem 
dasubstância e elas difundem-se livremente pela membrana obedecendo ao 
gradiente de concentração e elétrico. Mas se possui alto peso molecular, por 
exemplo, vai depender de proteínas transportadoras presentes na membrana 
celular para facilitar seu transporte, por isso essa modalidade é chamada de difusão 
facilitada. 
A difusão simples (ou apenas difusão) ocorre em todas as células do nosso 
corpo. E a facilitada ocorre, por exemplo, para entrada de glicose na célula. 
 
Figura 1.2 - Difusão 
Fisiologia 
 
18 
 
Transporte Ativo 
Quando as substâncias movimentam-se contra o gradiente de concentração é 
necessário gasto de energia para que aconteça, além de proteínas transportadoras, 
visto que essa modalidade ocorre contra a tendência natural do deslocamento, 
movimentando do meio menos concentrado para o mais concentrado. 
Sabendo-se que não é interessante para célula manter o sódio em 
concentração elevada no LIC, pois favoreceria a movimentação da água, ele é 
transportado para o meio extracelular por transporte ativo, essa é a bomba de 
sódio e potássio, que transporta três moléculas de sódio para fora da célula ao 
mesmo tempo em que bombeia duas de potássio para dentro, mantendo a 
concentração de sódio mais elevada no LEC e de potássio no LIC. 
 
Figura 1.3 - Bomba de sódio e potássio 
Osmose 
A movimentação da água pelos compartimentos corporais ocorre por canais 
de água na membrana (aquaporinas), e obedece a duas forças, a pressão osmótica, 
realizada pela concentração de soluto (que retém a água), e a pressão hidrostática, 
exercida pelo volume de líquido na parede do compartimento. Quando os 
compartimentos apresentam diferença de concentração, a água desloca do meio 
Fisiologia 
 
19 
menos concentrado (possui menor pressão osmótica) para o mais concentrado 
(com maior pressão osmótica) para tornar as soluções isotônicas (com a mesma 
concentração de soluto/L). Mas, conforme a parede desse compartimento que 
recebe a água começa a ser pressionada pelo aumento do volume de líquido 
(pressão hidrostática), impede o deslocamento de mais água. Nos casos em que a 
pressão hidrostática é maior que a osmótica, a água será conduzida no sentido 
inverso, e nesse caso denominamos de osmose reversa ou filtração. 
 Exemplo de osmose é quando colocamos a hemácia em uma solução 
hipertônica (maior concentração de soluto/L), visto que, pela pressão osmótica, 
perderá água para o meio externo, consequentemente ela irá murchar (crenação). 
Essa perda ocorrerá até o volume do meio oferecer resistência a mais passagem de 
água (pressão hidrostática). Se a solução for hipotônica, a concentração de solutos 
na hemácia exercerá pressão osmótica, fazendo com que a água entre, e 
dependendo de quanta água entrar, a pressão hidrostática será tão grande que 
poderá romper a membrana da hemácia (hemólise). 
 Um exemplo de osmose reversa é o aumento de pressão sanguínea sobre a 
parede dos vasos capilares, exercendo maior pressão hidrostática, e com isso 
ocorre extravasamento de líquido para o espaço intersticial, causando o edema 
(acúmulo de líquido no compartimento intercelular). 
A filtração ocorre fisiologicamente nos glomérulos renais, mas depois boa 
parte da água é novamente reabsorvida para o sangue por osmose, nos túbulos 
renais. Também é por osmose que absorvemos a água que ingerimos, quando ela 
chega ao intestino grosso. 
 
Figura 1.4 - Osmose 
 
Fisiologia 
 
20 
 
Transporte envolvendo porções da membrana celular 
São os processos de endocitose, exocitose e transcitose. 
Na endocitose a membrana engloba as partículas formando vesículas no 
interior da célula, e pode ser dividida em pinocitose (partículas em solução) e 
fagocitose (partículas sólidas). A exocitose ocorre quando as vesículas presentes no 
interior das células se fusionam a membrana exteriorizando o seu conteúdo. Esses 
dois processos podem ocorrer em todas as células. 
Durante a absorção de alguns nutrientes pelo intestino delgado, as partículas 
entram nos enterócitos por endocitose e são liberados para o espaço intersticial 
por exocitose, e posteriormente são absorvidas pelos capilares intestinais. Este é 
um exemplo de transcitose, uma combinação de endocitose e exocitose. 
 
 
Figura 1.5 – Transcitose 
 
Importante! 
Qualquer falha nesses mecanismos de transporte pode 
comprometer a sobrevivência da célula e até mesmo do organismo, 
como um todo. 
Fisiologia 
 
21 
 
Homeostasia e processos homeostáticos 
 
Os elementos que são necessários ao metabolismo celular, como glicose, 
aminoácidos, sais minerais, vitaminas e O2, são oferecidos através do liquido 
intersticial, que é enriquecido pelo líquido plasmático. Os produtos desse 
metabolismo, como CO2, ácido úrico, ureia e creatinina são excretados da célula 
para o meio intercelular e dai retirados pela circulação, para destinos apropriados. 
Logo, para que a composição química, o volume do LEC e a temperatura (em torno 
de 37°C) sejam mantidos constantes no meio interno, é necessário que os sistemas 
orgânicos sofram os ajustes necessários. Portanto, a esse equilíbrio dinâmico, que 
garante a saúde do nosso corpo, é que denominamos homeostasia. 
O controle dos sistemas ocorre principalmente pelo evento de 
retroalimentação negativa, ou feedback negativo, que consiste em mecanismos 
de ajustes baseados na oscilação dos parâmetros, mantendo-os dentro de uma 
faixa de normalidade. Vejamos alguns exemplos. 
 O centro nervoso de controle da respiração regula a concentração do CO2 nos 
líquidos corporais. Logo, a elevação desse parâmetro (CO2) é percebida pelo 
centro respiratório, que irá determinar mudanças na respiração, tornando-a 
mais profunda e rápida, com isso aumenta a entrada de O2 no sangue e a 
retirada do excesso de CO2, retornando com o parâmetro para a faixa de 
normalidade. Esse retorno cessa o estímulo de ajuste sobre o centro 
respiratório. 
 A insulina é o hormônio produzido pelas células beta do pâncreas e é 
responsável pela diminuição da glicemia (concentração de glicose no 
sangue), pois favorece o deslocamento desta para dentro das células. Uma 
elevação desse parâmetro (glicemia) é percebida pelas células pancreáticas 
que irão secretar insulina, fazendo com que o nível de glicose no sangue 
diminua, e quando normaliza, o estimulo de secreção de insulina é 
interrompido. 
 O centro nervoso vasomotor é responsável pelo controle da pressão 
sanguínea. Quando ocorre diminuição desse parâmetro (pressão sanguínea) 
Fisiologia 
 
22 
o centro vasomotor produz respostas mediadas pelo sistema autônomo 
simpático que irá aumentar a frequência cardíaca e a contração da parede 
vascular, retornando com os valores de normalidade de pressão do sangue. 
 
No feedback negativo, o efeito gerado pelo ajuste do sistema é contrário ao 
evento que o desencadeou. 
* Aumento do CO2 → resposta do centro respiratório → diminuição do CO2 
* Aumento da glicemia → resposta pancreática → diminuição da glicemia 
* Queda da pressão sanguínea → resposta do centro vasomotor → elevação 
da pressão sanguínea 
 
 
Figura 1.6 - feedback negativo 
 
Poucos sistemas são controlados por feedback (retroalimentação) positivo. 
Nesse caso os efeitos gerados pelo ajuste do sistema "alimenta" mais ainda o 
evento que o desencadeou. Por exemplo, a ocitocina é o hormônio produzido pelo 
hipotálamo e secretado pela neurohipófise, ele estimula a contração uterina 
Fisiologia 
 
23 
durante o parto. Quanto mais a criança distende o canal do parto durante o seu 
nascimento, mais ocitocina é secretada, logo mais contrações vão ocorrer. No 
feedbackpositivo é necessário um fator para cessar a alimentação do sistema e no 
caso da ocitocina, é o parto, ou seja, a expulsão da criança e da placenta irá 
diminuir a distensão do colo uterino. 
 
Figura 1.7 - feedback positivo 
 
Importância dos processos homeostáticos 
 
Os processos de ajustes que garantem a homeostasia ocorrem por meio dos 
sistemas de controle, que atuam a nível celular, ou podem interferir no 
funcionamento de parte ou de todo um órgão, ou ainda, atuar em todo o corpo, 
controlando a interação entre os sistemas. Como já vimos eles são regulados pelos 
mecanismos de feedback. 
O objetivo desses sistemas de controle é ajustar as características físicas e a 
composição do LEC dentro de uma faixa estreita de valores. Quando esses valores 
oscilam fora dessa faixa, mas com limites máximos e mínimos não letais, significa 
que houve uma quebra na homeostasia, ou seja, são causados por doenças. Mas 
quando ultrapassam os limites não letais podem levar a uma disfunção muito 
grave, e até mesmo à morte. Quanto mais distante da faixa de normalidade, mais 
severo é o quadro clínico. 
Fisiologia 
 
24 
Quando fazemos exame no sangue, estamos verificando o funcionamento de 
muitos dos sistemas, pois a composição do líquido plasmático reflete a composição 
do liquido intersticial, logo podemos verificar a condição do meio interno. A tabela 
2 mostra alguns parâmetros que podem ser aferidos. 
 
 
Limite 
Não –letal 
mínimo 
(aproximado) 
Valor 
normal 
mínimo 
Valor 
normal 
Valor 
normal 
máximo 
Limite 
Não –letal 
Máximo 
(aproximado) 
Oxigênio 
(mm Hg) 
10 35 40 45 1.000 
Dióxido de 
carbono 
(mm Hg) 
5 35 40 45 80 
Íon sódio 
(mmol/L) 
115 138 142 146 175 
Íon potássio 
(mmol/L) 1,5 3,8 4,2 5,0 9,0 
Íon cálcio 
(mmol/L) 
0,5 1,0 1,2 1,4 2,0 
Íon cloreto 
(mmol/L) 70 103 108 112 130 
Íon bicarbonato 
(mmol/L) 
8 24 28 32 45 
Glicose 
(mg/dL) 20 75 85 95 1.500 
Temperatura 
corporal 
(°C) 
18,3 37 37 37 43,3 
Ácido-base 
(pH) 6,9 7,3 7,4 7,5 8,0 
Tabela 2 - Adaptação Tratado de Fisiologia Médica, cap. 1 - Gutton & Hall 
Observem algumas das consequências quando esses limites são 
ultrapassados: 
 Temperatura 7°C acima do normal pode desencadear um ciclo vicioso de 
aumento de metabolismo celular, que destrói as células. 
 Variação de 0,5 no valor de pH, para cima ou baixo, pode levar à morte. 
 Redução em 1/3 da concentração de potássio pode levar a paralisia por 
incapacidade funcional dos nervos. Já o aumento em duas vezes ou mais, 
pode levar a depressão do músculo cardíaco. 
Fisiologia 
 
25 
 Redução para metade da concentração de cálcio pode acarretar contrações 
tetânicas em todo o corpo, por geração espontânea de impulso nervoso 
periférico. 
 Redução em metade da concentração normal de glicose pode acarretar 
intensa irritabilidade mental e até convulsão. 
 
Participação dos principais sistemas orgânicos na 
manutenção da homeostasia 
 
 
Figura 1.8 - representação do transporte do LEC e participação dos sistemas corporais 
Agora iremos fazer uma apresentação sucinta de como os sistemas funcionais 
do nosso corpo colaboram com a manutenção da homeostasia, tendo em vista 
que, o funcionamento de cada um é fundamental para que os outros possam 
Fisiologia 
 
26 
exercer suas funções. Posteriormente, nas outras unidades, iremos descrever cada 
um de forma mais detalhada. 
O transporte do líquido extracelular é realizado pelo sistema circulatório que é 
composto pelo coração, vasos sanguíneos e linfáticos. A dinâmica circulatória 
consiste no bombeamento do sangue pelo coração, fazendo com que este circule 
por todo o corpo dentro dos vasos sanguíneos. É em nível nos capilares que ocorre 
a troca de substâncias entre o plasma e o líquido intersticial, sendo que é a mistura 
contínua entre esses dois líquidos corporais que garante uma semelhança na 
composição desses líquidos praticamente em todos os seguimentos. O volume de 
líquido que sai dos capilares sanguíneos na porção arterial, devido à pressão 
hidrostática elevada e a permeabilidade destes, é maior do que é recolhido pelos 
capilares venosos, sendo esse excesso de água recolhido pelos vasos linfáticos, 
juntamente com outros elementos, formando a linfa, o que posteriormente é 
devolvido à circulação venosa, no retorno ao coração. 
A obtenção de substâncias para enriquecer o LEC fica a cargo do sistema 
respiratório, digestório e alguns tecidos metabólicos. Durante a circulação do 
sangue pelos pulmões (pequena circulação) o oxigênio presente no ar inspirado 
difunde dos alvéolos para os capilares pulmonares, devido à diferença no 
gradiente de concentração e a permeabilidade de suas membranas (alveolar e 
capilar), e com a circulação sistêmica (grande circulação) ele é ofertado às células, 
quando se difunde pelos capilares teciduais para o líquido intersticial. Ao mesmo 
tempo em que o sangue oferta oxigênio para o sistema digestório durante a 
grande circulação, ele absorve os nutrientes que foram obtidos com a digestão dos 
alimentos, enriquecendo o líquido plasmático de substâncias como carboidratos, 
aminoácidos e ácidos graxos. Tecidos e órgãos que realizam funções metabólicas 
como o fígado (principalmente), adipócitos (células gordurosas), mucosa do trato 
gastrintestinal e glândulas endócrinas são capazes de armazenar e modificar 
quimicamente algumas substâncias presentes no sangue para que posteriormente 
sejam utilizadas por outras células. 
A remoção das substâncias provenientes do metabolismo celular ou que estão 
em excesso é feita pelo sistema respiratório, renal e secreção biliar. Da mesma 
forma que o oxigênio difunde do alvéolo para o capilar pulmonar, o dióxido de 
carbono (CO2), formado pela respiração celular, faz o sentido inverso, e com os 
movimentos respiratórios é liberado para a atmosfera. Muitos elementos não mais 
Fisiologia 
 
27 
necessários ao organismo são excretados na urina que é formada pelo sistema 
renal. Os rins não apenas filtram o sangue, pois esse processo é pouco seletivo, 
permitindo que substâncias essenciais ao organismo sejam filtradas, como a 
glicose e o aminoácido, portanto, é necessário que após a filtragem do plasma nos 
glomérulos renais, ocorra a reabsorção para o sangue e a secreção para os túbulos 
de substâncias, conforme a necessidade de rete-las ou elimina-las, 
respectivamente. Sendo o fígado o principal órgão de metabolização, algumas 
substâncias são excretadas pela bile, que é produzida pelo fígado, armazenada na 
vesícula biliar e secretada no intestino, onde é eliminada juntamente com os 
alimentos não digeridos, por meio das fezes. 
O sistema músculo-esquelético participa da homeostasia por originar os 
movimentos do corpo, seja para o deslocamento em busca de alimento e a 
mastigação, como permitir a mobilidade para proteção contra ambientes adversos, 
garantindo assim a integridade de todos os outros sistemas e os demais 
mecanismos homeostáticos. 
Apesar da reprodução não ser considerada por muitos autores como uma 
função relacionada à homeostasia, é por meio dela que novos seres são originados, 
sendo, portanto, uma função relacionada à perpetuação da espécie, que é a base 
biológica da vida. Se considerarmos que a forma sexuada de reprodução possibilita 
recombinações genéticas, ela colabora com a possibilidade de originar 
descendentes que sejam mais resistentes ao meio que seus progenitores. 
Para que haja uma sincronia no funcionamento do corpo, o sistema nervoso e 
o endócrino exercem um papel regulador, onde o primeiro atua regulando, 
principalmente, as atividades musculares e secretórias do corpo,enquanto o 
segundo, por meio dos hormônios, regula, principalmente, as funções de 
metabolismo celular. A porção sensorial do sistema nervoso é responsável por 
captar as informações do ambiente externo e interno do nosso corpo e conduzi-las 
até o centro de integração (sistema nervoso central), que tem a função de 
processa-las, armazena-las, assim como gerar pensamentos, ideias e comandos, 
que são enviados pelo segmento motor para serem executados pelos músculos e 
glândulas. Por outro lado, o sistema endócrino produz mediadores químicos, os 
hormônios, que são distribuídos pelo sangue para todo o corpo, incrementando ou 
minimizando uma função realizada pelo seu tecido-alvo, ou seja, o local onde ele 
atua. 
Fisiologia 
 
28 
 
Leitura Complementar! 
Se assimilarmos o que é homeostasia e como ela é conseguida, 
podemos imaginar quais ajustes que os sistemas devem sofrer, mediante aos 
estímulos, para que ela seja mantida. 
Sugestões de leitura complementar 
 STANFIEL, Cindy L., Fisiologia Humana - 5ª edição. São Paulo: Pearson 
Education do Brasil, 2013. 
o Cap. 1 - Introdução a Fisiologia 
o Cap. 4 - Transporte na membrana celular 
 Guyton & Hall. Tratado de Fisiologia Médica - 12ª edição. Rio de Janeiro: 
Elsevier Editora Ltda., 2011. 
o Cap. 1 - Organização Funcional do Corpo Humano e Controle do 
"Meio Interno". 
o Cap. 4 - O transporte de Substâncias através das Membranas 
Celulares. 
 SINGI, Glenan. Fisiologia Dinâmica - 2ª edição. São Paulo: Atheneu, 2007. 
o Cap. 2 - Homeostasia 
Fisiologia 
 
29 
 
Exercícios – unidade 1 
 
1) São líquidos presentes nos compartimentos extracelulares, exceto: 
a) Liquido intracelular 
b) Liquido plasmático 
c) Líquido intercelular 
d) Líquido transcelular 
2) A estrutura responsável pela diferença de composição entre o líquido 
intracelular e o extracelular é: 
a) Capilar sanguíneo 
b) Membrana celular 
c) Rins 
d) Fígado 
3) A administração endovenosa de uma solução hipertônica de sacarose pode 
levar a crenação das hemácias devido a: 
a) Difusão de solutos 
b) Transporte ativo da sacarose 
c) Osmose 
d) Transcitose 
4) O mecanismo de transporte que envolve porções da membrana, e que 
permite a absorção de muitos nutrientes pelo intestino é denominado: 
a) Difusão de solutos 
b) Transporte ativo da sacarose 
c) Osmose 
d) Transcitose 
Fisiologia 
 
30 
5) O liquido que banha as células, sendo o responsável em manter as condições 
de sobrevivência e função da mesma é denominada: 
a) Meio interno 
b) Liquido transecular 
c) Liquido intracelular 
d) Todas estão corretas 
6) Quando o equilíbrio dinâmico é mantido, garantido a condição de saúde 
podemos dizer que estamos em: 
a) Homeostasia 
b) Adaptação 
c) Feedback positivo 
d) Feedback negativo 
7) Quando o pâncreas secreta a insulina, com o objetivo de diminuir a glicemia, e 
para de secretar quando esta retorna a faixa de normalidade, podemos dizer 
que o mecanismo de controle que está ocorrendo é: 
a) Homeostasia 
b) Adaptação 
c) Feedback positivo 
d) Feedback negativo 
8) O que justifica podermos avaliar a nossa condição de saúde pelo exame de 
sangue? 
a) O fato de ele estar presente nos vasos sanguíneos 
b) A drenagem de líquido tecidual pelos vasos linfáticos 
c) A semelhança entre a sua composição e a do meio interno 
d) O princípio da eletroneutralidade 
Fisiologia 
 
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9) Sabendo que o sistema circulatório faz o transporte de líquido extracelular, e 
que ele pode ser enriquecido com oxigênio e nutrientes, descreva a 
integração dos sistemas envolvidos: 
 
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10) Descreva a participação dos sistemas de controle, que atuam regulando o 
funcionamento corporal: 
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