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Resumo Civil III

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Resumo Civil III
1- Formação do contrato ( proposta e aceite, quando se aperfeiçoam, contrato valido, quando há retratação?)
Os contratos se formam no momento do encontrocoincidente de duas ou mais vontades que perseguem determinados efeitos
A declaração inicial é chamada deproposta ou oferta, e é emitida pelo proponente ou policitante.
A declaração que vai ao encontro da proposta chama-seaceitação, e advém do chamado aceitante ou oblato. O vínculo contratual nasce da integração entre proposta e aceitação.
O momento de início de validade da proposta para o aceitante: não pode ser o de sua formulação, pois o aceitante pode desconhecer esse momento.; também não é o de sua expedição, posto que é declaração receptícia de vontade. Só ganha eficácia a proposta, então, quando ocorre a sua recepção pelo eventual aceitante.
-Retratação do Aceitante:só é válida se o contrato ainda não se formou, devendo a retratação chegar antes da aceitação ou em conjunto com ela (art. 433 do CC).
Se o contrato for daquele em que não costuma ocorrer a aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputa-se concluído o contrato caso não seja expressa a tempo a recusa (art. 432 do CC).
Embora a aceitação não seja obrigatória, torna-se compulsória nas seguintes situações:
1. Pela existência de um contrato preliminar, no qual a própria vontade das partes estabeleceu a obrigatoriedade de consentimento em um contrato posterior;
2. Noscontratos obrigatórios, onde as partes tem obrigação legal de contratar.
O silêncio e a formação dos contratos: art. 111 do CC e considerações gerais.
2- Extinção do contrato ( resolução, resilição)
Podemos observar que a extinção da relação contratual se define particularmente em dois grandes grupos. São eles:
	Causas extintivas do contrato anteriores à sua formação:
a) Nulidade (Absoluta e Relativa)
b) Condição Resolutiva (Tácita e Expressa)
c) Direito de Arrependimento
	Causas extintivas do contrato contemporâneas e supervenientes à sua formação:
a) Resolução por inexecução voluntária do contrato
b) Resolução por inexecução involuntária
c) Resolução por onerosidade excessiva
d) Resilição bilateral ou distrato
e) Resilição unilateral
f) Morte doscontraentes
A extinção normal dos contratos ocorre com o cumprimento das prestações avençadas, ou ainda, com o termo final nos contratos de trato sucessivo. Nesta situação não há dúvida quanto ao término do vínculo, já que, conforme explicita Orlando Gomes, temos nessa situação “a morte natural do contrato”.
Sãoformas de extinçãodos contratos:
A) resolução - quando de alguma forma há inadimplemento ou causa externa
B) resilição - pela vontade de uma, de ambas ou de todas as partes
C) rescisão - quando há lesão
D) morte dos contraentes
	Resolução:
Surge de situações de inexecução das obrigações contratuais (não cumprimento das obrigações; mora; cumprimento defeituoso).
Obs.: resolução é diferente da suspensão (parcial ou total dos efeitos do contrato). Na suspensão há apenas interrupção temporária das relações contratuais, em caso de força maior, “exceptio non adimpleti contractus” ou mútuo consenso.
A causa da resolução é a inexecução relevante das obrigações de uma das partes, seja ela culposa ouinvoluntária, ou derivada de considerável dificuldade na execução da prestação contratual em razão de onerosidade excessiva advinda das prestações. No primeiro caso, aquele que não cumpre com a obrigação pode ser compelido a cumpri-la, ou então a satisfazer as perdas e danos.
A.1)Resolução por inexecução voluntária e suas modalidades:
Pressupõe inadimplemento e extingue o contrato desde sua origem (salvo os contratos de trato sucessivo). As prestações cumpridas são restituídas, para que não ocorra oenriquecimento sem causa, arcando o inadimplente com o pagamento das perdas e danos. Os efeitos se operam ex tunc.
São modalidades de resolução por inexecução voluntária:
	Cláusula resolutiva tácita: (art. 475 e 476 CC)
É a cláusula que,implícita, autoriza o término da relação contratual nos casos de inadimplemento das obrigações. No Brasil, seguimos o sistema francês, sendonecessária ação judicialpara que se possa extinguir o contrato com base na cláusula resolutiva tácita, que não atua senão atravésde sentença constitutiva (diferentemente do que ocorre no sistema alemão, onde a resolução age sem a necessidade de intervenção judicial).
	Pacto Comissório Expresso: (art. 474 CC)
É a cláusula resolutiva quandoclausulada expressamenteno contrato, não sendo necessária aqui a intervenção judicial. Não obstante as controvérsias, opera de imediato suas conseqüências em favor de que padece com o inadimplemento.
	Direito de Arrependimento:
Havendo mútuo consenso, formar-se-á o contrato eas partes ficarão vinculadas juridicamente, não mais podendo eximir-se do ajuste ad nutum. Todavia a força vinculante da convenção poderá romper-se excepcionalmente pelo direito de arrependimento, que deverá estar previsto expressamente no contrato, mediante declaração unilateral de vontade, se qualquer dos contraentes se arrepender de o ter celebrado, sob pena de pagar multa penitencial, devida como uma compensação pecuniária a ser recebida pelo lesado com o arrependimento.
	
O exercício do direito de arrependimento deverá dar-se dentro do prazo convencionado, ou, se não houver estipulação de prazo, antes da execução do contrato, uma vez que o arrependimento deste importará em renúncia tácita àquele direito.
O direito de arrependimento também poderádecorrer de Lei (art. 420 CC e Lei 8.078/90), que permite na relação de consumo, ao consumidor a desistência do contrato dentro do prazo de sete dias contatos da sua assinatura ou do recebimento do produto ou serviço.
A.2)Resolução por inexecução involuntária:
Ocorre por impossibilidade superveniente, total e definitiva, do cumprimento da prestação avençada. Segundo Orlando Gomes, é a impossibilidade que produz a resolução, e não a simples dificuldade de cumprir com a prestação.
Neste caso a parte inadimplente libera-se do vínculo contratual, de pleno direito, estendendo-se os efeitos da liberação até a origem do contrato. Mas é facultado ao devedor que se responsabilize por indenizar as perdas e danos em caso de fortuito ou força maior, desde que o façade forma expressa.
O devedor responde pelo fortuito ou força maior se estiver em mora.
Caso Fortuito e Força Maior - Distinção:
Caso fortuito- significa um evento imprevisível e inevitável.
Força maior- é um evento previsível, porém inevitável.
Assim, o liame sutil entre os dois institutos é aprevisibilidade.
Por isso que se fala queforça maiorseria a força da natureza, como um furacão, tempestade, enchente, etc., que embora previsível, seria impossível evitar.
A inexecução tem efeitosdiversos de acordo com o tipo de contrato. Vejamos:
	Contratos unilaterais: quem suporta o risco é o credor, parte que esperava a satisfação e não pôde receber por algum motivo.
	Contratos bilaterais: resolvido o contrato as partes voltam a situaçãoanterior, devolvendo inclusive o que tiverem pago umas as outras.
A.3)Resolução por onerosidade excessiva(rebus sic standibus)
Ocorre nos contratos comutativos de execução diferida quando, em virtude de acontecimento extraordinário e imprevisível, surge onerosidade que dificulta muito o cumprimento das obrigações de um contratante. Note-se que apenas dificulta, mas não impossibilita a prestação. Requisitos: diferença de valor da prestação no momento da formação para o da execução do contrato; diferençacausada por acontecimento imprevisível e extraordinário; contrato comutativo de execução diferida ou periódica.
	
Aqui não opera propriamente a resolução, mas sim, quando possível, a intervenção judicial para reequilibrar as prestações.
Cabe a parte que sofre o desequilíbrio requerer pronunciamento judicial antes de seu inadimplemento, e a sentença, caso venha a resolver o contrato, teráefeito retroativo, eximindo o inadimplente inclusive das perdas e dados.
3- Contrato de seguro ( seguro do portador)
Conceito e características
Arts. 757 a 802, CC - fixa a estrutura fundamental desse contrato.
Compete privativamente à União legislar sobre seguros - art. 22, VII, CC.
Era contrato desconhecido dos romanos. O contrato de seguro teve origem o seguromarítimo, ainda no período medieval, quando se limitava a cobrir navios e cargas. Aos poucos foi penetrando nas práticas civis e, já no século XVIII era admitido contra incêndioe sobre a vida. O seu maior incremento ocorreu no século XIX embora ainda nãofosse contrato típico em códigos como o francês e o BGB. No século XX alcançou seu apogeu.
Teve grande desenvolvimento na Inglaterra do século XVII (Lloyd's Coffee), sendo que sua difusão e generalização ocorreu no século XVIII.
Foi implementado no Brasil em 1808 com a vinda da família real - Companhia de Seguros Boa-Fé (Bahia).
Foi disciplinado no Código Comercial de 1850.
Em 1880 a Alemanha destaca-se como o primeiro país a desenvolver um sistema de seguro social.
Pelo seguro, um dos contratantes (segurador) se obriga a garantir, mediante o recebimento de uma determinada importância, denominada prêmio, interesse legítimo de uma pessoa (segurado), relativamente ao que vier a mesma a sofrer, ou aos prejuízos que decorrerem a uma coisa, resultantes de riscos futuros,incertos e especificamente previstos - art. 757, CC. (Arnaldo Rizzardo, p. 841).   
Na concepção tradicional o contrato de seguro é negócio jurídico pelo qual o segurado, mediante o pagamento de um prêmio, transfere à seguradora os riscos dedeterminada atividade. No entanto, há, na prática, transferência dos riscos, o segurado continua com a eventualidade de sofrer o sinistro e não a segurador.
O seu principal elemento é o risco, que se transfere para outra pessoa. Nele intervêm o seguradoe o segurado, sendo este, necessariamente, uma sociedade anônima, uma sociedade mútua ou uma cooperativa, com autorização governamental (art. 757, parágrafo único, CC), que assume o risco, mediante recebimento do prêmio, que é pago geralmente em prestações, obrigando-se a pagar ao primeiro a quantia estipulada como indenização para a hipótese de se concretizar o fato aleatório, denominado sinistro.
O risco é objeto do contrato e está sempre presente, mas o sinistro é eventual: pode ou não ocorrer. Falta-lhe objeto se o interesse segurado não estiver exposto a risco.
O resseguro consiste na transferência de parte ou de toda responsabilidade do segurador para o ressegurador. A finalidade é distribuir entre mais de um segurador a responsabilidade pela contraprestação.
Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) - Decreto-Lei nº 1.186/39. teve por finalidade nacionalizar o mercado securitário que até então era dominado por empresas estrangeiras.
O IRB é uma sociedade de economia mista com finalidade de regular oco-seguro, o resseguro e a retrocessão, bem como de promover o desenvolvimento das operações de seguro conforme as normas fixadas pelo CNSP.
Funciona como litisconsorte necessário nas lides judiciais, sempre que tiver responsabilidade nas importâncias reclamadas, por se comprometer a cobrir o valor do seguro até certa proporção.O CC/02 revogou as regras do Decreto-Lei nº 1.186/39 que com ele são incompatíveis.
O Decreto-Lei nº 73/66 trata do sistema nacional de seguros privados. Constitui o estatuto que disciplina a atividade das seguradoras que são fiscalizadas pela Superintendência de Seguros Privados (SUSEP).
Para a constituição de seguradoras é necessária a autorização pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e inscrição na SUSEP.
Classificação
a) Bilateral ou sinalagmático:
b|) O segurado deve pagar o prêmio, não agravar o risco e cumprir as obrigações convencionadas.
c) O segurados devem efetuar o pagamento da indenização prevista no contrato.
d) Oneroso - ambos obtém proveito.
e) Aleatório para o segurador porque a sua prestação depende de fato eventual: a ocorrência ou não do sinistro.
f) Formal - porque só obriga após documentado por meio da apólice ou do bilhete ou da prova de pagamento do prêmio -art. 758, CC.
No entanto, háquem defenda a consensualidade. Dizem ser a forma escrita exigida unicamente ad probationem, suscetível de suprimento por outros meios.
A doutrina diverge sobre a natureza consensual desse contrato. Afirmam com base no art. 758, CC que o contrato não seaperfeiçoa com a convenção, mas somente após a emissão da apólice. Seria, portanto, um contrato solene.
No entanto, tem-se entendido que a forma escrita é exigida apenas ad probationem, ou seja, como prova preconstituída, não sendo, porém, essencial, umavez que o art. 758, CC considera perfeito o contrato desde que o segurado tenha efetuado o pagamento do prêmio.
Contrato de adesão (arts. 423 e 424, CC e art. 47, CDC) - aperfeiçoa-se com a simples aceitação do segurado de cláusulas previamente estipuladas pelo segurador e impressas na apólice. O segurado adere em bloco ao modelo contratual.
Contrato de execução continuada eis que destinado a subsistir durante período determinado de tempo, por menor que seja.
4- Contrato de mandato ( renuncia e__________ dos poderes)
O mandato é um contrato:
a) Bilateral;
b) Gratuito ou oneroso, conforme se estipule ou não uma remuneração ao representante. Há presunção de onerosidade (CC, 658) do mandato quando o seu objeto corresponder ao daqueles que o mandatário trata por ofício ou profissão lucrativa (advogado, despachante etc.).
c) Intuitu personae, pois se baseia na confiança entre as partes;
d) Consensual, pois, nos termos do art. 656 do CC, o mandato pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito.
Extinção do mandato
a) Revogação e renúncia;
b) Morte de qualquer dos contratantes;
c) Interdição de uma das partes por incapacidade superveniente(CC, 682, II);
d) Mudança de estado (CC, 682, III);
e) Término do prazo (CC, 682, IV);
f) Conclusão do negócio (CC, 682, IV).
5- Contrato de Depósito ( tipos)
Espécies de depósito.
a)Depósito voluntário- O depósito voluntário é aquele realizado espontaneamente pelo depositante, isto é, por sua livre decisão, sem a ocorrência de causa externa que o obrigue a tanto. Pelo depósito voluntário, o depositante escolhe o depositário e celebra com ele o contratode depósito.
O depósito voluntário pode subdividir-se emregularouirregularem razão da natureza do bem confiado à guarda do depositário.
Denomina-seregularo depósito de coisa individuada, não consumível, infungível, que deverá ser restituída em espécie findo o contrato.
Depósitoirregularé o que recai sobre coisa fungível, assumindo o depositário a obrigação de restituir outra coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade, como na hipótese do depósito bancário. Ao depósito irregular são aplicadasas regras do mútuo (CC, 645).
Nos termos do artigo 646 do Código Civil, o depósito voluntário provar-se-á por escrito. Assim, embora seja o depósito contrato consensual, é necessário, para provar-se, um começo de prova escrita, que pode ser suprida, p.ex., por recibos ou tíquetes de entrega da coisa, ou ainda documentos equivalentes.
O depósito voluntário pode ser gratuito ou oneroso.
 
b)Depósito necessário- Depósito necessário é aquele no qual o depositante, por imposição legal ou premido por circunstâncias imperiosas, realiza com pessoa não escolhida livremente.
São as hipóteses do art. 647 do Código Civil. Essas circunstâncias impõem não só a realização do depósito, como a designação do depositário. Nos termos do art. 649 do Código Civil, é tambémconsiderado depósito necessário o depósito das bagagens dos viajantes ou hóspedes nas hospedarias onde estiverem.
Pode-se afirmar, assim, existirem três hipóteses de depósito necessário: odepósito legal, odepósito miserávele odepósito do hospedeiro ou hoteleiro.
 
a)Depósito legal(CC, 647, I) - É o que decorre do desempenho de obrigação imposta por lei, comonas seguintes hipóteses, enumeradas por Washington de Barros Monteiro:
a) aquele que é obrigado a fazer o descobridor da coisa perdida (CC, 1.233);
b) o que deve ser feito pelo administrador dos bens do depositário que tenha se tornadoincapaz (CC, 641).
Nos termos do art. 648 do CC/2002, o depósito legal reger-se-á pela disposição da respectiva lei, e, no silêncio ou deficiência dela, pelasconcernentes ao depósito voluntário.
 
b)Depósito miserável(CC, 647, II) - É o que se realiza em situações de calamidades, sendo que o Código Civil enumera exemplificativamente as hipóteses de cabimento. A premente necessidade de salvar seus bens o impele a deixá-los com a primeira pessoa que aceite guardá-los.
O depositário se dispõe a prestar um serviço ao depositante necessitado, e, por isso, o depósito necessário não se presume gratuito (CC, 651).
Nos termos da parte final do parágrafo único do art.648 do Código Civil, tanto o depósito legal quanto o miserável podem ser provados por quaisquer meios de prova, inclusive a testemunhal.
 
c)Depósito do hospedeiro e hoteleiro- É também denominado depósito necessário por assimilação, que se equipara aodepósito legal, conforme prescreve o art. 649 do CC/2002, tendo por objeto as bagagens dos viajantes ou hóspedes.
Nos termos do art. 649, parágrafo único, os hospedeiros responderão como depositários, assim como pelos furtos e roubos que perpetrarem as pessoas empregadas ou admitidas nos seus estabelecimentos. Cessa, porém, tal responsabilidade, se provarem que os fatos prejudiciais aos viajantes ou hóspedes não podiam ter sido evitados, como nas hipóteses de culpa do hóspede, que esqueceu a porta do quarto aberta, ou de roubo à mão armada.
A obrigação legal dos hoteleiros restringe-se aos bens que, habitualmente, costumam levar consigo os que viajam, como roupas e objetos de uso pessoal, não alcançando quantias vultosas ou jóias, exceto se o hóspede fizerdepósito voluntário junto à administração do hotel (a maioria dos hotéis oferece cofres para o depósito de objetos valiosos).
 
6- Empréstimo ( comodato, mora como fica?)
a)comodato: empréstimo de bens infungíveis e inconsumíveis.
b)mútuo: empréstimode bens fungíveis e consumíveis.
 
Classificação
 
O contrato de empréstimo é:
a) gratuito (exceção: mútuo feneratício - art. 591, CC/2002);
b) unilateral;
c) típico (artigos 579 a 592, CC/2002);
d) não solene;
e) real (antes da tradição pode haverpromessa de comodato ou promessa de mútuo - contrato preliminar);
f) comutativo.
 
2.Comodato(empréstimo de uso)
 
Conceito e características
 
Art. 579. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se com a tradição do objeto.
Maria Helena Diniz: contrato unilateral, a título gratuito, pelo qual alguém entrega a outrem coisa (imóvel ou móvel) infungível, para ser usada temporariamente e depois restituída.
 
São características elementares do contrato de comodato:
 
A)Gratuidade
A gratuidade faz parte do próprio conceito legal de comodato, inexistindo, por isso, comodato oneroso. É possível a existência de comodato modal (com encargo).
 
COMODATO MODAL OU COM ENCARGOS. NAO DESCARACTERIZA O COMODATO O PAGAMENTO DE ENCARGOS QUE RECAEM SOBRE O IMOVEL, COMO OS RELATIVOS A IMPOSTOS E PRESTACOES DEVIDAS A AGENTE FINANCEIRO, VISTO QUE ADMITIDO O COMODATO MODAL EM NOSSO DIREITO. RECURSO IMPROVIDO. (TJRS, Apelação Cível Nº 193194180, Terceira Câmara Cível, Tribunal de Alçada do RS, Relator: Luiz Otávio Mazeron Coimbra, Julgado em 01/12/1993)
 
B)Infungibilidade do bem
Em caráter de exceção, o comodato pode recair sobre bens fungíveis e consumíveis. É o chamado comodato ad pompam vel ostentationem.
 
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL.REINTEGRAÇÃO DE POSSE DE BENS FUNGÍVEIS. CONCESSÃO DE LIMINAR. INSTRUMENTOS DE COMODATO. ALEGAÇÃO DE DETURPAÇÃO MATERIAL NOS MESMOS. QUESTÃO NÃO PROPOSTA EM PRIMEIRO GRAU.
Se a parte hostiliza a decisão que lhe é desfavorável com a alegação que o fundamento jurídico da demanda reside em contratos deturpados, em decorrência de serem subscritos por pessoas desconhecidas, a questão deve ser suscitada no Primeiro Grau de Jurisdição, mesmo porque o artigo 394 do Código de Processo Civil impõe a suspensão da tramitação processual em decorrência da suscitação do incidente de falsidade.
Agravo de Instrumento desprovido.
(TJDF, AGI 2004.00.2.000912-5)
 
C)Tradição do bem
 
D)Temporariedade
 
Obs: discussão a respeito da natureza personalíssima do contrato decomodato.
 
	
	
	
	
Sujeitos
- Comodante: aquele que empresta o bem. É o possuidor indireto.
- Comodatário: aquele que recebe o bem emprestado. É o possuidor direto.
 
Restrições
 
O art. 580 do Código Civil determina que as pessoas que exercem funçãode administração de bens não poderão dar em comodato os bens que estão sob sua administração (como, por exemplo, curadores e tutores em relação aos bens de seus curatelados e tutelados), a não ser através de autorização judicial específica para esse fim.
 
7- Compra e venda ( cláusulas especiais, é obrigatória? retrovenda)
Sua natureza jurídica é de condição, variabilidade da relação contratual.
São cláusulas adicionadas ao contrato que não modificam o objeto ou contrato principal, porém permitindo as partes de maiores poderes ou privilégios, podem ser:
–retrovenda;
–compra e venda sujeita a contento;
–compra e venda sujeita a prova;
–preempção convencional;
–reserva de domínio;
–compra e venda sobre documento.
Veja que há discussões se esse rol étaxativo ou exemplificativo, Maria Helena Diniz enxerga o contrato como altamente protestativo, com isso somente a lei pode estabelecer suas cláusulas.
Já para Venosa, esse rol é meramente exemplificativo.
 
Retrovenda
Artigos 505 e 508 do C.C.
Essa cláusula permite ao vendedor reaver o imóvel dentro de um prazo decadencial de 3 anos, é um direito pessoal e não real, o imóvel pode ser recomprado novamente pelo vendedor e paga todas as indenizações de benfeitorias voluptuárias, as benfeitorias úteis e necessárias não são indenizáveis, veja que o raciocínio é o inverso, pois nesse caso, as benfeitorias uteis e necessárias são indispensáveis ao bem, e por isso, consideradas de uso normal, ao contrário das voluptuárias que nesse caso é um investimento no bem, sendo por isso um custo extra, que valoriza o bem, portanto sendo indenizável.
Se o comprador se recusar a vender o imóvel, cabe uma ação chamada ação de resgate ou de retrato, é requisito para entrar com essa ação o depósito integral do valor e as indenizações.
O possuidor de boa fé, tem o direito de levar suas benfeitorias somente se o vendedor não quiser indenizá-las.
 
Venda a contento e venda sujeita a prova
Artigos 509 a 512 C.C.
Nessa modalidade, o comprador precisa experimentar e aprovar o bem antes de comprar, um exemplo disso é a degustação de um vinho, esse sendo aprovado, aperfeiçoa-se o contrato.
A contento, é aquele que exige a plena satisfação do comprador para se finalizar o contrato.
Esta cláusula funciona com uma condição suspensiva, até a aprovação pelo comprador, o contrato se mantém em suspenso, mesmo que a coisa tenha sido entregue (art. 509 do CC.).
Art. 509. A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob condição suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará perfeita, enquanto o adquirente não manifestar seu agrado.
A prova, requer a aprovação de suas qualidades, a pessoa compra se gostar, se a coisa tiver determinadas qualidades exigidas pelo cliente.
 
Preempção ou preferência
Conhecida tambémcomo prelação, prevista nos artigos 513 e 520 do C.C..
Nessa clausula, as partes estabelecem uma relação de preferência na venda do bem, onde se uma parte for vender uma determinada coisa, uma pessoa deverá ser consultada primeiramente e terá preferência na compra desse bem, somente se essa pessoa não quiser comprar é que ela poderá ser ofertada a outra pessoa.
Essa preempção é a estipulada pelas partes, difereda preempção legal que é a preferência do inquilino para a compra de um imóvel.
Diferenciando daretrovenda, a cláusula da preempção será utilizada somente quando o possuidor for vender o bem, ao contrário da retrovenda, o ex possuidor (vendedor) poderá dentro de 3 anos, exigir a venda novamente para si.
Esse direito é personalíssimo, a morte da pessoa extingue a obrigação.
 
Cláusula com reserva de domínio
Artigos 521 e 528 do C.C.
Essa cláusula é muito conhecida, muito utilizada na venda de veículos financiados por instituições bancárias, onde o veículo fica alienado, ou seja, com reserva de domínio.
Somente a posse do bem é transferida, o domínio fica ainda com o alienante.
A responsabilidade do bem é exclusiva do possuidor, e a coisa não será garantida no momento da quitação, sendo a responsabilidade dele verificada apenas no ato da entrega, se acoisa perecer, não perecerá para o dono, mais sim para o possuidor, a divida ainda existirá e deverá ser cumprida.
O detentor do domínio, somente poderá reaver o bem se esse não estiver sendo pago e somente depois de constituir o comprador em mora, ou seja, mediante protesto de título e interpelação judicial, optando por executar o comprador para reaver o valor ou optar por busca e apreensão do bem.
Cláusula de venda sobre documentos
Nessa cláusula a tradição é fictícia, ou seja, é entregue documentos que representam a coisa, correspondem à propriedade do bem.
Art. 529. Na venda sobre documentos, a tradição da coisa é substituída pela entrega do seu título representativo e dos outros documentos exigidos pelo contrato ou, no silêncio deste, pelos usos.
Veja que o que impede do vendedor vender novamente para outra pessoa é a publicidade dos documentos, não existe justa causa para emissão de segunda via.
8- Empréstimo em caso de perda com culpa e sem culpa
O art. 235 não fala em perda da coisa, mas em deterioração. Então, vejamos o dispositivo:
	        Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.
O art. 236 diz, quando fala sobre a coisa, que:
	       Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos.
	        Art. 238. Se a obrigação for de restituircoisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda
 
Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos.
Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239.
Art. 241. Se, no caso doart. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização
  
Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé.
Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé.
9- Promessa de compra e venda ( preliminar, se as partes não quiserem dar sequência, como se desfaz, consequência da dissolução)
Pertence a categoria dosContratos Preliminares. Define-se como o contrato que pelo qual as partes contraem a obrigação deestipularcontrato definitivo de compra e venda.
Não caracteriza documento translativo de propriedade.
Gera eficácia real e execução específica via adjudicação compulsória (quando não pactuado cláusula de arrependimento e devidamente registrado no registro deimóveis).
Pode serunilateral ou bilateral.
Unilateral– geral obrigação apenas para uma das partes.
Ex. Promessa de compra – Promessa de Venda.
Bilateral– gera obrigações para ambas às partes.
Ex. Promessa de Compra e Venda
Suaexecuçãose dá:
a) pela escritura definitiva de compra e venda;
b) pela adjudicação compulsória.
10- Promessa de compra e venda ( cláusula de arrependimento, promessas, quais direitos nesse caso)
Define-se a promessa de compra e venda como espécie de contrato preliminar pelo qual as partes, ou uma delas, comprometem-se a celebrar adiante o contrato definitivo de compra e venda. É negócio de segurança, destinado a conferir garantias às partes quanto à relação substancial em vista.
“O contrato preliminar, pré-contrato oupromessa de contrato, também denominado impropriamente compromisso, é um contrato autônomo pelo qual uma das partes ou ambas se obrigam a, oportunamente, realizar um contrato definitivo. É o pactum de contrahendo pelo qual assume a obrigação de contratar em certo momento e em determinadas condições, criando o contrato preliminar uma ou várias obrigações de fazer, mesmo quando o contrato definitivo origina obrigação de dar. O dever que incumbe ao pré-contratante é assinar o contrato definitivo, quaisquer quesejam os deveres e direitos deste decorrentes
Desta feita, os contratantes podem neste contrato, estipular cláusula de arrependimento, convencionando que o ajuste poderá ser rescindido, mediante declaração unilateral de vontade, se qualquer deles se arrepender de o ter celebrado, sob pena de pagar multa penitencial, devida como uma compensação pecuniária a ser recebida pelo lesado com o arrependimento. 
O exercício do direito de arrependimento deverá dar-se dentro do prazo convencionado, ou, se não houveestipulação a respeito, antes da execução do contrato, uma vez que o adimplemento deste importará em renúncia tácita àquele direito. 
Também no momento da celebração do contrato, as arras devem ser formalizadas, ou mesmo em momento posterior, mas sempreantes do cumprimento das prestações do negócio.
Direito de arrependimento. A pretensão ao arrependimento não poderá ser exercida, salvo expressa estipulação em contrario, após iniciado o cumprimento do contrato. caso em que o promitente-comprador assumiua divida dos vendedores perantea instituição financeira, pagando em dia as prestações respectivas. O arrependimento exige, outrossim, oferta real das perdas e danos dele resultantes, o que pressupõe, na atualidade, inclusive a devolução das arras em valores atualizados.

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