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Direito Civil: Contratos Micheli Holzschuh Instagram: @studylaw0 Teoria Geral dos Contratos Conceito: o contrato é a mais comum e importante fonte de obrigação. Tem natureza jurídica de negócio jurídico bilateral ou plurilateral, uma vez que, seu aperfeiçoamento depende de duas ou mais manifestações de vontade. Pode ser definido, segundo Beviláqua, como o acordo de vontades para o fim de adquirir, resguardar, modificar ou extinguir direitos. Sempre, pois, que um negócio jurídico resultar de um mútuo consenso, de um encontro de duas vontades, estaremos diante de um contrato. Natureza Jurídica: negócio jurídico bilateral. Negócio Jurídico: é a declaração da vontade privada destinada a produzir efeitos que o agente pretende e o direito reconhece, quais sejam, a constituição, modificação ou extinção de relações jurídicas Distinção entre Negócio Jurídico Bilateral e Unilateral: dentre as possíveis classificações os negócios jurídicos dividem-se em unilaterais e bilaterais. A diferença substancial entre eles reside no fato de que aqueles se aperfeiçoam pela manifestação de uma única vontade, ao passo que estes decorrem de acordo de mais de uma vontade, e tem no contrato o seu símbolo. Ex. de negócio jurídico unilateral: testamento, promessa de recompensa, renúncia à herança Ex. de Negócio jurídico bilateral: contratos em geral Requisitos de validade do contrato: O contrato, como qualquer outro negócio jurídico, sendo uma de suas espécies, igualmente exige para a sua existência legal o concurso de alguns elementos fundamentais, que constituem condições de sua validade. Os requisitos são de duas espécies: de ordem geral ou de ordem especial. a) Ordem geral: são aqueles comuns a todos os atos e negócios jurídicos, como a capacidade do agente, o objeto lícito, possível, determinado ou determinável, e a forma prescrita ou não defesa em lei – art. 104, CC b) Ordem especial: são aqueles peculiares das relações contratuais que é o consentimento recíproco ou acordo de vontades. O consentimento deve ser livre e espontâneo, sob pena de ter a sua validade afetada pelos vícios ou defeitos do negócio jurídico: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude Princípios Fundamentais do Direito Contratual: 1. Princípio Da Autonomia da Vontade: consiste na prerrogativa conferida aos particulares de criarem relações jurídicas desde que se submetam às regras impostas pela lei e que seus fins coincidam com o interesse geral ou não o contradigam. Essa liberdade abrange o direito de contratar se quiserem, com quem quiserem e sobre o que quiserem, ou seja, o direito de contratar e de não contratar, de escolher a pessoa com quem fazê-lo e de estabelecer o conteúdo do contrato. Têm as partes a faculdade de celebrar ou não contratos, sem qualquer interferência do Estado. O princípio da autonomia da vontade serve de fundamento para a celebração dos contratos atípicos – art. 421 do CC 2. Princípio Da Função Social do Contrato: é oriundo do princípio da socialidade, que norteou o Código Civil de 2002. A concepção social do contrato apresenta-se, modernamente, como um dos pilares da teoria contratual. A função social do contrato serve precipuamente para limitar a autonomia da vontade quando tal autonomia esteja em confronto com o interesse social e este deva prevalecer, ainda que essa limitação possa atingir a própria liberdade de não contratar. A função social dos contratos nada mais é do que a ideia de que um contrato não pode atender apenas o interesse das partes, deve atender a um interesse maior da coletividade. É por isso que o Estado interfere em algumas situações, limitando a liberdade de contratar, adequando os contratos aos interesses das partes e aos valores sociais – art. 421 do CC 3. Princípio da Obrigatoriedade das Cláusulas Contratuais: esse princípio representa a força vinculante do contrato. Pelo princípio da autonomia da vontade, ninguém é obrigado a contratar, entretanto, os que o fizerem, sendo o contrato válido e eficaz, devem cumpri-lo, não podendo se forrarem às suas consequências, a não ser com a anuência do outro contraente. Esse princípio tem por fundamento a necessidade de segurança nos negócios jurídicos, e a intangibilidade ou imutabilidade dos contratos, decorrente da convicção de que o acordo de vontades faz lei entre as partes (Pacta Sunt Servanda). Consagra a ideia de que o contrato, uma vez celebrado observando os preceitos legais, torna-se obrigatório entre as partes, que dele não podem desistir, salvo nas hipóteses previstas em lei. Dessa forma, o contrato vincula as partes criando entre elas uma espécie de lei privada, livremente constituída por eles, dando origem a expressão latina “pacta sunt servanda”, ou seja, o contrato faz lei entre as partes 4. Princípio da Relatividade dos Efeitos do Contrato: funda-se na ideia de que os efeitos do contrato só se produzem em relação às partes, àqueles que manifestaram a sua vontade, vinculando-os ao seu conteúdo, não afetando terceiros nem seu patrimônio. Esse princípio tem algumas exceções, como a estipulação em favor de terceiro, e a promessa de fato de terceiro 5. Princípio da Revisão ou Onerosidade Excessiva: também tida por cláusula “Rebus Sic Stantibus”. Essa teoria constitui exceção ao princípio da obrigatoriedade contratual e traz a ideia de que a impossibilidade da prestação decorrente do caso fortuito ou força maior não é a única forma de uma das partes se liberar do liame contratual. Encontra amparo legal no art. 478 do CC que traz a chamada resolução do contrato por onerosidade excessiva, que se dá quando a prestação de uma das partes se torna excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimento extraordinário e imprevisível, o que dá a possibilidade de pedir a resolução do contrato 6. Princípio da Boa-Fé Objetiva: esse princípio exige que as partes se comportem de forma correta não só durante as tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do contrato. Guarda relação com o princípio de direito segundo o qual ninguém pode beneficiar-se da própria torpeza. A probidade mencionada no art. 422 do CC, nada mais é senão um dos aspectos objetivos do princípio da boa-fé, podendo ser entendida como a honestidade de proceder ou a maneira criteriosa de cumprir todos os deveres, que são atribuídos ou cometidos à pessoa Obs.: boa-fé objetiva é agir positivo, regra de conduta, de comportamento. Boa-fé subjetiva é agir negativo e denota um estado psicológico (exemplo: omitir) Conceitos correlatos à boa-fé objetiva: a) Venire contra factum proprium: protege uma parte contra aquela que pretende exercer uma posição jurídica em contradição com o comportamento assumido anteriormente. b) Supressio: um direito não exercido durante determinado lapso de tempo não poderá mais sê-lo, por contrariar a boa-fé. c) Surrectio: é a outra face da supressio. Acarreta o nascimento de um direito em razão da continuada prática de certos atos. d) Tu quoque: proíbe que uma pessoa faça contra outra o que não faria contra si mesmo, consistindo em aplicação do mesmo princípio inspirador do exceptio non adimpleti contractus. e) Duty to mitigate the loss: dispõe que o princípio da boa-fé objetiva deve levar o credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo. Interpretação dos contratos: as regras básicas de interpretação do contrato encontram-se nos arts. 112, 113 e 114 do CC. Pelo que dispõe o art. 112, mais vale a intenção das partes do que a literalidade do contrato. O art. 113 reforça a incidência do princípio da confiança na relação contratual. Formação dos contratos: passa por três momentos: negociações preliminares, proposta e aceitação 1. NegociaçõesPreliminares: o contrato resulta de duas manifestações de vontade - a proposta e a aceitação. Na maior parte dos casos, a oferta é antecedida de uma fase, as vezes prolongada de negociações preliminares caracterizadas por sondagens, conversações, estudos e debates, também denominada fase das tratativas. Nessa, como as partes ainda não manifestaram a sua vontade, não há uma vinculação ao negócio, assim, qualquer delas pode afastar-se, simplesmente alegando desinteresse, sem responder perdas e danos. Embora as negociações preliminares não gerem, por si mesmas, obrigações para qualquer dos participantes, elas fazem surgir, entretanto, deveres jurídicos para os contraentes, decorrentes da incidência do princípio da boa-fé, sendo os principais os deveres de lealdade, correção, de informação, de proteção, de cuidado e de sigilo. A violação desses deveres durante o transcurso das negociações é que gera a responsabilidade do contraente. Essa responsabilidade ocorre, não no campo da culpa contratual, mas da aquiliana, somente no caso de um deles induzir no outro a crença de que o contrato será celebrado, levando-o a despesas ou a não contratar com terceiro e depois recuar causando-lhe dano. Essa responsabilidade tem, porém, caráter excepcional. 2. Proposta: trata-se de um negócio jurídico unilateral, constituindo elemento da formação contratual. Pode-se dizer então, que proposta, oferta, policitação ou oblação, é uma declaração receptícia da vontade, dirigida por uma pessoa a outra, por força da qual a primeira manifesta sua intenção de se considerar vinculada, se a outra parte aceitar. Deve conter todos os elementos essenciais do negócio proposto, como preço, quantidade, tempo de entrega, forma de pagamento, etc. Deve também ser séria e consciente, pois vincula o proponente (art. 427, CC). A oferta é um negócio jurídico receptício, pois a sua eficácia depende da declaração do oblato. Não tem, entretanto, força absoluta, gerando desde logo direitos e obrigações. A força vinculante da oferta (art. 427, CC): a obrigatoriedade da proposta consiste no ônus, imposto ao proponente, de mantê-la por certo tempo a partir de sua efetivação e de responder por suas consequências, por acarretar no oblato uma fundada expectativa da realização do negócio. Obs.: a morte intercorrente do proponente não a desfaz, que se insere como elemento passivo da herança. A proposta se transmite aos herdeiros como qualquer outra obrigação. 2.1. Proposta não obrigatória: as exceções à força vinculante da oferta encontram-se na segunda parte do art. 427 do CC. A oferta não obriga o proponente, em primeiro lugar, se contiver cláusula expressa a respeito. É quando o próprio proponente declara que não é definitiva e se reserva o direito de retirá-la. Não advirá nenhuma consequência para o proponente se optar por revogá-la, visto que estará usando uma faculdade que a si mesmo reservou. Em segundo lugar, a proposta não obriga o proponente em razão da natureza do negócio. É o caso, por exemplo, das chamadas propostas abertas ao público, que se consideram limitadas ao estoque existente e encontram-se reguladas no art. 429 do CC. Por último, a oferta não vincula o proponente em razão das circunstâncias do caso, mencionadas no art. 428 do mesmo diploma, que declara que a proposta deixa de ser obrigatória: I – Se feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita: quando o solicitado responde que irá estudar a proposta feita por seu interlocutor, poderá este retirá-la. Se o oblato não responde logo, dando pronta aceitação, caduca a proposta, liberando o proponente. II – Se feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente: uma pessoa não é considerada ausente para esse fim por estar distante do outro contraente, mas sim devido a inexistência de contado direto. III – Se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado: se foi fixado prazo para a resposta, estará liberado, não prevalecendo a proposta feita. IV – Se antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente: a lei permite ao proponente a faculdade de retratar-se, ainda que não haja feito ressalva nesse sentido. Todavia, para que se desobrigue, e não se sujeite às perdas e danos, é necessário que a retratação do agente chegue ao conhecimento do aceitante antes da proposta ou simultaneamente com ela. 3. Aceitação: aceitação ou oblação é a concordância com os termos da proposta. É a manifestação de vontade imprescindível para que se repute concluído o contrato, ou ainda, consiste na formulação da vontade concordante do oblato, feita dentro do prazo e envolvendo adesão integral à proposta recebida. Para produzir o efeito de aperfeiçoar o contrato a aceitação deve conter os seguintes requisitos (art. 431, CC): deve ser feita dentro do prazo estipulado, bem como corresponder a uma adesão integral aos termos da proposta, sem que haja adições, restrições, ou modificações, do contrário, importarão em nova proposta. A aceitação pode ser expressa ou tácita. A primeira decorre de declaração do aceitante, manifestando a sua anuência; a segunda, de sua conduta, reveladora do consentimento – art. 432, CC Hipóteses de perda da força vinculante da aceitação: Nessas hipóteses a manifestação de vontade do aceitante deixa de ter força vinculante: Se a aceitação, embora expedida a tempo, por motivos imprevistos, chegar tarde ao conhecimento do proponente – art. 430, 1ª parte, CC Se antes da aceitação, ou com ela, chegar ao proponente a retratação do aceitante – art. 433, CC Momento da conclusão do contrato: Contrato entre presentes: se o contrato for celebrado entre presentes, a proposta poderá estipular ou não prazo para a aceitação. Se o policitante não estabelecer nenhum prazo, esta deverá ser manifestada imediatamente, sob pena de a oferta perder a força vinculativa. Se, no entanto, a policitação estipulou prazo, a aceitação opera-se dentro dele, sob pena de desvincular- se o proponente. No contrato entre presentes, as partes estarão vinculadas na mesma ocasião em que o oblato aceitar a proposta. Nesse momento caracterizou-se o acordo recíproco de vontades e, a partir dele, o contrato começará a produzir efeitos jurídicos. Contrato entre ausentes: é aquele em que não há possibilidade de comunicação simultânea entre os contraentes, não havendo a comunicação em tempo real. É feito através de meios de comunicação como o e-mail, telegrama, a correspondência, o fax, ou ainda o uso de mensageiro. Há divergência doutrinária a respeito do momento em que a convenção se reputa concluída, havendo quatro teorias versando sobre tal assunto. 1. Teoria da Cognição: para a teoria da cognição ou informação, o momento do aperfeiçoamento do contrato celebrado entre ausentes é o da chegada da resposta ao conhecimento do policitante, que se inteira de seu teor. Tem o inconveniente de deixar ao arbítrio do proponente abrir a correspondência e tomar conhecimento da resposta positiva. Para essa teoria, não basta que a correspondência chegue a ser entregue, o aperfeiçoamento só se dará quando o policitante abri-la e tomar conhecimento da resposta. 2. Teoria da Agnição na Modalidade Declaração: para esta, o instante da conclusão coincide com o da redação da correspondência epistolar, ou melhor, entende que o aceitante se vincula a partir do momento em que, internamente, resolve aceitar a proposta. Não é a teoria adotada, pois seria inviável adentrar a esfera subjetiva do aceitante para saber qual o momento exato em que este resolveu aceitar a proposta. 3. Teoria da Agnição na Modalidade Expedição: para ela não basta a redação da reposta, sendo necessário que tenha sido expedida, isto é, saído do alcancee controle do oblato. A teoria da expedição entende que o aceitante se vincula no momento em que a aceitação ultrapassa sua esfera interna, ou seja, no momento em que a aceitação é expedida, exteriorizada, enviada, obviamente, dentro do prazo. Essa é a teoria adotada como regra pelo ordenamento civil brasileiro. 4. Teoria da Agnição na Modalidade Recepção: essa teoria exige que além da redação e da expedição da resposta, para que o contrato entre ausentes se consolide, é necessário que o a resposta tenha sido entregue ao destinatário. Conforme art. 434 do CC, nosso sistema adotou como regra a teoria da expedição, porém traz algumas exceções em seus incisos. Lugar da celebração do contrato: o art. 435 do CC estabelece que reputar- se-á celebrado o contrato no local em que foi feita a proposta. Classificação dos contratos 1. Contratos Unilaterais, Bilaterais e Plurilaterais: unilaterais são os contratos que criam obrigações unicamente para uma das partes, como a doação pura, por exemplo. Bilaterais são os contratos que geram obrigações para ambos os contratantes, como a compra e venda, a locação, o contrato de transporte, etc. Essas obrigações são recíprocas, sendo por isso denominados sinalagmáticos. Plurilaterais são contratos que tem mais de duas partes. A sua principal característica consiste no fato de que, mediante a sua realização, as partes perseguem um fim comum. 2. Contratos Gratuitos ou Onerosos: quanto às vantagens patrimoniais que podem produzir, os contratos classificam-se em gratuitos e onerosos. Gratuitos ou benéficos são aqueles em que apenas uma das partes aufere benefício ou vantagem, como sucede na doação pura, no comodato, no reconhecimento de filho, etc. Nos contratos onerosos ambos os contraentes obtêm proveito, ao qual, porém, corresponde um sacrifício. São dessa espécie quanto impõem ônus e, ao mesmo tempo, acarretam vantagens a ambas as partes, ou seja, sacrifícios e benefícios recíprocos. Como por exemplo, a compra e venda. 3. Contrato Comutativo ou Aleatório: comutativos são os de prestações certas e determinadas. As partes podem antever as vantagens e os sacrifícios, que geralmente se equivalem, decorrentes de sua celebração, porque não envolvem nenhum risco. É oneroso e bilateral, em que cada contraente, além de receber do outro, prestação relativamente equivalente à sua, pode verificar, de imediato, essa equivalência. Contrato aleatório é o bilateral e oneroso em que pelo menos um dos contraentes não pode antever a vantagem que receberá, em troca da prestação fornecida. Caracteriza-se, pela incerteza, para as duas partes, sobre as vantagens e sacrifícios que dele podem advir. 4. Contrato Solene e Não Solene: solenes são os contratos que devem obedecer à forma prescrita em lei para se aperfeiçoar. Quando a forma é exigida como condição de validade do negócio, este é solene. Contratos não solenes são os de forma livre. Basta o consentimento para a sua formação. 5. Contratos Consensuais e Reais: contratos consensuais são aqueles que se formam unicamente pelo acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa a da observância de determinada forma. O contrato consensual é regra, sendo exceções, os contratos reais. Contratos reais são os que exigem, para se aperfeiçoar, além do consentimento, a entrega da coisa que lhe serve de objeto, com os de depósito, comodato, o mútuo, por exemplo. Esses contratos não se formam sem a tradição da coisa. 6. Contratos Nominados e Inominados: os contratos nominados ou típicos são aqueles que estão previstos em lei, possuindo designação própria. Contratos inominados ou atípicos são, pois, os que não tem denominação própria. Sua previsão legal está no art. 425 do CC, que estabelece que é lícito às partes estipular contratos atípicos. Advém do princípio da autonomia contratual. Da estipulação em favor de terceiro: dá-se a estipulação em favor de terceiros quando no contrato celebrado entre duas pessoas, denominadas, estipulante e promitente, convenciona-se que a vantagem resultante do ajuste reverterá em benefício de terceiro alheio à formação do vínculo contratual. Nela haverá três personagens: o estipulante, o promitente, e o beneficiário. A obrigação assumida pelo promitente pode, assim, ser exigida tanto pelo estipulante como pelo beneficiário, que assume, na execução do contrato, as vezes do credor – art. 436 a 438, CC Da promessa de fato de terceiro: nela, o único vinculado é o que promete, assumindo a obrigação de fazer que, não sendo executada, resolve-se em perdas e danos. Isto porque ninguém pode vincular terceiro a uma obrigação. Nessa modalidade de exceção ao princípio da relatividade contratual, o terceiro, caso consista com a promessa, assume as obrigações do contrato. À princípio, obriga apenas quem promete. Entretanto, se o terceiro tomar conhecimento e consentir com o fato prometido, a obrigação passa a ser dele, que passa a compor a relação contratual na qualidade de devedor. Se a promessa se operou por escrito, o consentimento do promitente também deve se dar por escrito – art. 439, CC Dos Vícios Redibitórios – art. 441, CC Conceito: vícios redibitórios são defeitos ocultas em coisa recebida em virtude de contrato comutativo, que a tornam imprópria ao uso a que se destina, ou lhe diminuam o valor. Ou ainda, são aqueles defeitos ocultos da coisa, imperceptíveis no momento da celebração do contrato, causados em decorrência de fato anterior a celebração do contrato. Caso o alienante não saiba do vício, estando de boa-fé, com a sua manifestação, ele responderá somente pelo vício redibitório. Caso ele soubesse da existência do defeito, responderá pelo vício redibitório, bem como por perdas e danos. Se o alienante é comunicado da existência do vício não mais poderá reclamá-lo porque aí ele deixou de ser oculto, assumindo o risco o adquirente. Requisitos: para que se configure o vício redibitório são necessários os seguintes requisitos: o defeito deve ser oculto, não aparente; deve ter se dado por causa anterior a celebração do contrato; e deve consistir em perda ou deterioração do bem. Ações Edilícias: são as ações que o adquirente pode se valer para reclamar o vício redibitório em face do alienante. Ações edilícias é gênero que possui duas espécies: Redibitória e Estimatória (Estimativa Quanti Minoris). Elas são usadas conforme a perda do adquirente. Quando o defeito gera diminuição parcial do bem, nessa hipótese o adquirente pode optar pela devolução do bem com a restituição do valor pago, voltando as partes ao status quo ante, através da ação redibitória. Ou então, pode optar por ficar com a coisa, exigindo, porém, um abatimento no preço proporcional a diminuição funcional da coisa (ação estimatória) – art. 442, CC Prazos Decadenciais: os prazos para o ajuizamento das ações edilícias são decadenciais: 30 dias, se relativas a bem móvel, e 1 ano, se relativas a imóvel, contados nos dois casos, da tradição. Se o adquirente já estava na posse do bem, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade (art. 445 CC). Podem os contratantes, no entanto, ampliar convencionalmente o referido prazo. Dispõe, a propósito, o § 1º do art. 445 do CC que, em se tratando de vício que só puder ser conhecido mais tarde, ou seja, se o vício for de difícil constatação, a contagem se inicia no momento em que o adquirente dele tiver ciência, com prazo máximo de 180 dias em se tratando de bens imóveis, e de 1 ano, para os imóveis. Já no caso de venda de animais, previsto no § 2º do dispositivo, os prazos serão os estabelecidos por lei especial, mas, enquanto esta não houver, reger-se-ão pelos usos locais, e, se estes não existirem, pelo disposto no § 1º. Evicção Conceito: é a perda do bem por decisão judicial transitada em julgado ou por atoadministrativo, que atribui a outrem por causa jurídica preexistente ao contrato. Não é defeito, é perda do bem. Todo alienante é obrigado não só a entregar ao adquirente a coisa alienada, como também a garantir-lhe o uso e o gozo. Dá-se a evicção quando o adquirente vem a perder total ou parcialmente, a coisa por sentença fundada em motivo jurídico anterior. Trata- se de cláusula de garantia que opera de pleno direito, não necessitando, pois, de estipulação expressa. Inexiste, em regra, responsabilidade pela evicção nos contratos gratuitos, salvo se se tratar de doação com encargo – art. 552, CC Requisitos: a perda do bem por sentença judicial, a causa deve ser anterior ao negócio celebrado e a perda deve ser total ou parcial. Extensão da garantia: só se excluirá a responsabilidade do adquirente pela evicção se houver cláusula expressa, não se admitindo cláusula tácita de não garantia. Podem as partes, por essa forma, reforçar ou diminuir a garantia, e até mesmo excluí-la, como consta do art. 448 do CC. Não obstante a cláusula de exclusão de garantia, se a evicção se der, tem direito o evicto a recobrar o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu (art. 449, CC). A cláusula de irresponsabilidade, por si só, exclui apenas a obrigação do alienante de indenizar as demais verbas, mencionadas ou não no art. 459 do CC, mas não a de restituir o preço recebido. Assim, convencionada a cláusula de exclusão da garantia, tendo o adquirente, ciência de que existe ação de reivindicação em andamento, versando sobre a coisa adquirida, perde o evicto integralmente, o que desembolsou, sem direito a qualquer ressarcimento, verificada a perda por decisão judicial. Se o adquirente, todavia, não é informado da reivindicatória e ocorre a evicção, assiste-lhe o direito de recobrar o preço que havia pago com a aquisição da coisa evicta. Denunciação da Lide – Ação Autônoma de Evicção: para o direito processual, só há uma chance de reclamar a evicção, que é a denunciação da lide. Aos poucos, no entanto, outra corrente foi-se formando, sustentando a admissibilidade da ação autônoma, como indenização pela prática de verdadeiro ilícito, fundada no princípio que veda o enriquecimento sem causa. Esta corrente, embora não tenha previsão legal, acabou prevalecendo no STJ. Verbas devidas: as verbas devidas na hipótese de evicção estão especificadas no art. 450 do CC. Contrato Preliminar Conceito: contrato preliminar, ou ainda, contrato-promessa, é aquele que tem por objeto a celebração de um contrato definitivo. Tem, portanto, um único objeto. A peculiaridade de tal instrumento jurídico é justamente esta: as partes já definiram os termos essenciais da operação econômica que tencionam realizar, mas não querem passar de imediato a atuá-la juridicamente, não querem concluir, desde já, o contato produtor dos efeitos jurídicos-econômicos próprios da operação; preferem remeter a produção de tais efeitos para um momento subsequente, mas, ao mesmo tempo, desejam a certeza de que estes efeitos se produzirão no tempo oportuno. Estipulam, então, um contrato preliminar, do qual nasce precisamente a obrigação de concluir, no futuro, o contrato definitivo, e, com isso, de realizar efetivamente a operação econômica prosseguida. Os requisitos para a sua validade são os mesmos exigidos para o contrato definitivo. Aspectos relevantes: as principais peculiaridades no tocante ao contrato preliminar são as seguintes: O contrato preliminar já é contrato (não é a mesma coisa que negociação preliminar. Preenche todos os requisitos do contrato, com exceção da forma) Já vincula as partes Visa realizar no futuro um contrato definitivo Regra: irretratável (porém, admite exceção, com estipulação de cláusula em contrário) Não solene (ainda que o contrato definitivo seja solene) Exemplo típico: promessa de compra e venda Extinção dos contratos Modo normal de extinção: dá-se, em regra, pela execução, seja instantânea, diferida ou continuada. O cumprimento da prestação libera o devedor e satisfaz o credor. Este é o meio normal de extinção do contrato. Hipóteses não naturais de extinção: 1. Resolução: resolução tem como causa a inexecução ou incumprimento por um dos contratantes. Resolução, segundo Orlando Gomes, “é um remédio concedido à parte para romper o vínculo contratual mediante ação judicial”. O inadimplemento pode ser voluntário (culposo), ou não (involuntário). Resolução por inexecução voluntária: decorre de comportamento culposo de um dos contratantes, com prejuízo ao outro. Produz efeitos ex tunc, extinguindo o que foi executado e obrigado a restituições recíprocas, sujeitando ainda o inadimplente ao pagamento de perdas e danos e da cláusula penal convencionada a) Exceção do contrato não cumprido: os contratos bilaterais ou sinalagmáticos geram obrigações para ambos os contratantes, envolvendo prestações recíprocas atreladas umas às outras. Qualquer dos contraentes pode, ao ser demandado pelo outro, utilizar de uma defesa denominada exceptio non adimplemti contractus ou exceção do contrato não cumprido, para recusar a sua prestação, ao fundamento de que o demandante não cumpriu a que lhe competia. Aquele que não satisfez a própria obrigação não pode exigir o implemento da do outro. Se o fizer, o último oporá, em defesa, a referida exceção, fundada na equidade – art. 476, CC b) Garantia de execução da obrigação a prazo: procura-se acautelar os interesses do que deve pagar em primeiro lugar, protegendo-o contra alterações da situação patrimonial do outro contratante. Autoriza-se, por exemplo, o vendedor a não entregar a mercadoria vendida, se algum fato superveniente à celebração do contrato acarretar diminuição considerável no patrimônio do comprador, capaz de tornar duvidoso o posterior adimplemento de sua parte na avença, podendo aquele, neste caso, reclamar o preço de imediato ou exigir garantia suficiente – art. 477, CC Resolução por inexecução involuntária: a resolução pode também decorrer de fato não imputável às partes, denominados caso fortuito ou força maior, que impossibilitam o cumprimento da obrigação. A inexecução involuntária caracteriza-se pela impossibilidade superveniente de cumprimento do contrato. O inadimplente não fica, no caso de inexecução involuntária, responsável pelo pagamento de perdas e danos, salvo se expressamente se obrigou a ressarcir os prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, ou estiver em mora – art. 393 e 399, CC Resolução por onerosidade excessiva: A teoria da imprevisão – cláusula rebuc sic stantibus (478 a 480 do CC), aplica-se sempre que um fato imprevisível recai sob as circunstâncias de um contrato de forma a prejudicar uma das partes, e assim, o prejudicado, pode resolver o contrato. Somente se aplica nos contratos de execução diferida e continuada, nunca nos de execução imediata. Ressalte-se que são requisitos indispensáveis a resolução do contrato por onerosidade excessiva: a vigência de um contrato de execução diferida ou de trato sucessivo, a ocorrência de fato extraordinário e imprevisível, a considerável alteração da situação de fato existente no momento da execução, em confronto com a que existia por ocasião da celebração, nexo causal entre o evento superveniente e a consequente excessiva onerosidade. O contraente que estiver em mora quando dos fatos extraordinários não pode invocar, em defesa, a onerosidade excessiva, pois assim, responde pelos riscos supervenientes – art. 399, CC 2. Resilição: não deriva de inadimplemento contratual, mas unicamente da manifestação de vontade das partes, que pode ser bilateral ou unilateral. Resilir significa voltar atrás. A resilição bilateral denomina-se distrato, queé o acordo de vontades que tem por fim extinguir um contrato anteriormente celebrado. A unilateral pode ocorrer somente em determinados contratos, pois a regra é a impossibilidade de um contraente romper o vínculo contratual por sua exclusiva vontade Distrato: qualquer contrato pode cessar pelo distrato. É necessário, todavia, que os efeitos não estejam exauridos, uma vez que o cumprimento é a via normal da extinção. O mecanismo do distrato é o que está presente na celebração do contrato: a mesma vontade, que tem o poder de criar, atua na direção oposta, para dissolver o vínculo e devolver a liberdade àqueles que se encontravam compromissados. O art. 472 estabelece que o distrato deve obedecer a mesma forma do contrato a ser desfeito quando este tiver forma especial, mas não quando esta for livre Resilição unilateral (renúncia, revogação, renúncia e resgate): o fundamento para a sua efetivação seria assim a vontade presumida. Outras vezes, o contrato se baseia na confiança e só perdura enquanto esta existir entre as partes. Por último, os próprios sujeitos reservam-se o direito de arrependimento. A resilição é o meio próprio para dissolver os contratos por tempo indeterminado. Se não fosse assegurado o poder de resilir, seria impossível ao contratante libertar-se do vínculo se o outro não concordasse 3. Rescisão: trata-se de um inadimplemento com culpa que causa dano à parte contrária. O contrato pode ser nulo ou anulável. Enseja o pagamento de perdas e danos Dos contratos em espécie Contrato de compra e venda – art. 481 e seguintes do CC Conceito: denomina-se contrato de compra e venda o contrato bilateral pelo qual uma das partes (vendedor) se obriga a transferir o domínio de uma coisa à outra (comprador), mediante a contraprestação de certo preço em dinheiro. Pode ter por objeto bens de todas as naturezas: corpóreos (móveis e imóveis), bem como os incorpóreos (para a alienação desses utiliza-se tecnicamente o termo cessão. Natureza jurídica (classificação): a compra e venda é o mais importante dos contratos e a origem de quase todo o direito das obrigações. Na sua caracterização jurídica, pode ser classificado como: contrato bilateral, oneroso, comutativo ou aleatório, solene ou não solene, típico e consensual. Elementos da compra e venda: pela sua própria natureza, exige como elementos integrantes, a coisa, o preço e o consentimento. Esses são elementos específicos do contrato de compra e venda, devendo-se ter vista, ainda, os elementos comuns dos negócios jurídicos, como os requisitos de existência e validade. Consentimento: é a manifestação volitiva expressa pelo indivíduo de celebrar o contrato em apreço. O consentimento pressupõe a capacidade das partes para vender e comprar e deve ser livre e espontâneo, sob pena de anulabilidade, bem como deve recair sobre os outros dois elementos: a coisa e o preço. Não basta a capacidade genérica para os atos da vida civil. Para vender, exige-se também a específica para alienar, pois o cumprimento da obrigação de entregar a coisa pressupõe poder de disposição do vendedor. No tocante ao comprador, basta a capacidade de obrigar-se. Preço: é o segundo elemento essencial da compra e venda. Sem a sua fixação, a venda é nula. É determinado, em regra, pelo livre debate entre os contraentes, conforme as leis do mercado. Mas se não for desde logo determinado deve ser ao menos determinável, mediante critérios objetivos estabelecidos pelos próprios contraentes. Não se admite é a indeterminação absoluta do preço, ou deixá-lo ao arbítrio de uma das partes. O art. 485 do CC permite que a fixação do preço seja deixada a arbítrio de terceiro designado pelos contraentes. O terceiro age como mandatários destes, não se exigindo capacidade especial. Deve ser pago em dinheiro, como prescreve o art. 481 do CC ou redutível a dinheiro, entendendo-se como tal o pagamento efetuado por meio de título de crédito. Se for pago mediante entrega de algum objeto, teremos contrato de troca ou permuta; se mediante prestação de serviços, o contrato será inominado. Deve ser sério e real, correspondente ao valor da coisa, e não vil ou fictício Coisa: é o objeto da prestação do vendedor, ou ainda, qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial (art. 3º, § 1º, CDC). Deve atender a determinados requisitos, quais sejam, os de existência, individualização e disponibilidade. É nula a venda de coisa inexistente. São suscetíveis de venda as coisas atuais e futuras, corpóreas e incorpóreas. O objeto da compra e venda há de ser determinado, ou suscetível de determinação no momento da execução, pois o contrato gera uma obrigação de dar, consistente em entregar, devendo incidir, pois, sobre coisa individualizada. Admite-se a venda de coisa incerta, indicada ao menos pelo gênero e quantidade (art. 243, CC), que será determinada pela escolha, bem como venda alternativa, cuja indeterminação cessa com a concentração (art. 252, CC). A coisa deve encontrar-se disponível, isto é, não estar fora do comércio. Efeitos da compra e venda: gerar obrigações recíprocas para os contratantes e acarretar a responsabilidade do vendedor pelos vícios redibitórios e pela evicção. A compra e venda não é contrato translativo, pois o vendedor apenas promete transferir a posse e a propriedade ao adquirente. O contrato gera obrigações, mas não produz o efeito de transferir a propriedade. O vendedor não transfere e, sim, promete transferir. Limitações à compra e venda: algumas pessoas sofrem limitações, decorrentes da falta de legitimação, em razão de determinadas circunstâncias ou da situação em que se encontram, que não se confundem com incapacidade. 1. Venda de ascendente a descendente: o legislador, ao dispor que os ascendentes não podem vender aos descendentes, referiu-se a todos os descendentes, indistintamente (filho, neto, bisneto, etc) e sim só aos descendentes que estiverem na condição de herdeiros. É possível, portanto, conforme preleciona o art.496, e válida, a compra e venda feita de ascendente a descente com o consentimento expresso dos demais descendentes, bem como, do cônjuge do alienante. A finalidade da proibição é evitar simulações fraudulentas: doações inoficiosas disfarçadas de compra e venda, por exemplo. Somente será dispensável o consentimento do cônjuge se o regime de bens for a da separação obrigatória. A anuência para a venda deve ser expressa. A venda realizada com inobservância do disposto no art. 496 do CC é anulável, estando legitimados para a ação anulatória os descendentes preteridos. Legitimados para arguir a anulabilidade de venda são os demais descendentes e o cônjuge do devedor. Embora não mencionado expressamente, o companheiro, por equiparado ao cônjuge, também goza de legitimidade, por conta do expresso no art. 1725 do CC. Ainda que somente um dos interessados tenha tomado a iniciativa da ação, a anulabilidade do contrato o invalida por inteiro e não apenas em face do seu autor – art. 496, CC 2. Venda entre cônjuges: um cônjuge, qualquer que seja o regime de bens do casamento, exceto no da separação absoluta, só estará legitimado a alienar, hipotecar ou gravar de ônus reais os bens imóveis depois de obter a autorização do outro, ou o suprimento judicial de seu consentimento, porém, pode alienar, hipotecar ou gravar bens que estejam sob sua titularidade exclusiva, fora da comunhão. Inadmissível, todavia, a doação entre cônjuges, casados no regime da separação legal ou obrigatória, por desvirtuar as suas características e finalidades – art. 499, CC Vendas especiais: Venda mediante amostra: amostra é o mesmo que paradigma. Constitui reprodução integral da coisa vendida, com suas qualidades e características, apresentada em tamanho normal ou reduzido.Se a mercadoria entregue não for em tudo igual à amostra, caracteriza-se o inadimplemento contratual, devendo o comprador protestar imediatamente, sob pena de o seu silêncio ser interpretado como tendo havido correta e definitiva entrega – art. 484, CC Venda ad corpus e ad mensuram: essa regra aplica-se somente à compra e venda de imóveis. Venda ad mensuram, é aquela em que o preço é estipulado com base nas dimensões do imóvel. A venda é ad mensuram, pois, determina o preço de cada unidade, de cada alqueire, de cada hectare ou metro quadrado. Se se verifica, em posterior medição, que a área não corresponde às dimensões dadas, tem o comprador o direito de exigir a sua complementação. Somente se esta não for possível, por não ter o vendedor área remanescente contígua, é que se abre para aquele a opção de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço. Inexistente essa possibilidade, abre-se então a alternativa para o comprado: ajuizar a ação redibitória ou a estimatória. Se em vez de faltar houver excesso de área, e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso, sob pena de caracterizar-se o enriquecimento sem causa (art. 500, § 2º, CC). Neste caso, o direito de escolha das duas alternativas legais não cabe ao vendedor, mas é um direito potestativo do comprador complementar o preço correspondente ao excesso, ou devolver a parte que excedeu do imóvel. O juiz, para decidir sobre usa natureza, se ad mensuram ou ad corpus, deve apurar a real intenção das partes, consultando o contrato. O § 1º do art. 500 diz que se presume meramente enunciativas as dimensões dadas quando a diferença não exceder de um vigésimo da área total enunciada. Um vigésimo corresponde a 5% da extensão total. Diferença tão pequena não justifica o litígio, salvo se foi convencionado o contrário. Na venda ad corpus, compreensiva de corpo certo e individualizado, presume-se que o comprador teve uma visão geral do imóvel e a intenção de adquirir precisamente o que se continha dentro de suas divisas. A referência à metragem ou extensão é meramente acidental. O preço é global, pago pelo todo vistoriado – art. 500, CC Cláusulas especiais do contrato de compra e venda: o Código Civil de 2002 disciplinou em subseções autônomas, a retrovenda, a venda a contento ou a sujeita a prova, a preempção ou preferência, a venda com reserva de domínio e a venda sobre documentos. Retrovenda: constitui um pacto adjeto do contrato de compra e venda, pelo qual o vendedor reserva-se o direito de reaver o imóvel que está sendo alienado, em certo prazo, restituindo o preço, mais as despesas feitas pelo comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias. Deve ser feita através de cláusula expressa. A retrovenda pode ser estipulada com um prazo máximo de três anos. Fixado pelas partes ou presumido pela lei, o prazo é sempre decadencial e, por isso, insuscetível de suspensão ou interrupção – art. 505, CC Venda a contento ou a sujeita prova: a venda a contento do comprador constitui pacto adjeto a contratos de compra e venda relativos, em geral, a gêneros alimentícios, bebidas finas e roupas sob medida. A compra e venda não se aperfeiçoa enquanto não houver a manifestação de agrado do potencial comprador. Assim, pode-se afirmar que a venda a contente é uma estipulação que favorece o comprador, subordinando o aperfeiçoamento do negócio à sua opinião pessoal e gosto – art. 509, CC Preempção ou Preferência: é o pacto adjeto à compra e venda, pelo qual o comprador de uma coisa, móvel ou imóvel, se obriga a oferecê-la ao vendedor, na hipótese de pretender futuramente vendê-la ou dá-la em pagamento, para que este use do seu direito atribuído ao vendedor de se substituir ao terceiro nos mesmos termos e condições em que este iria adquirir a coisa. A preferência do condômino na aquisição de parte indivisa (art. 504, CC) e a do inquilino, quanto ao imóvel locado posto à venda, são exemplos de preferência ou prelação legal. O prazo para o exercício da preempção pode ser convencionado por lapso não excedente a cento e 180 dias, se a coisa for móvel, ou a 2 anos, se imóvel. O pacto de preferência depende da existência de cláusula expressa, não se admitindo preferência tácita – art. 513, CC Venda com reserva de domínio: a venda com reserva de domínio constitui modalidade especial de venda de coisa móvel, em que o vendedor tem a própria coisa vendida como garantia do recebimento do preço. Só a posse é transferida ao adquirente. A propriedade permanece com o alienante e só passa àquele após o recebimento integral do preço. O comprador, enquanto pendente o pagamento das prestações, é mero possuidor a título precário. Pode, no entanto, desfrutar da coisa, como lhe aprouver, bem como praticar todos os atos necessários à conservação de seus direitos, valendo-se, se necessário, dos interditos possessórios para a sua defesa contra as turbações de terceiros ou do próprio vendedor. Pode, inclusive, vender ou ceder a terceiro o direito expectativo, com efeitos de assunção de dívida (art. 299, CC), com o consentimento expresso do credor – art. 521, CC Venda sobre documentos: tem por finalidade dar maior agilidade aos negócios mercantis que envolvam venda de mercadorias e, por sua natureza, pode ter por objeto apenas bens móveis. Nela, o vendedor, entregando os documentos, libera-se da obrigação e tem direito ao preço; e o comprador, na posse justificada de tal documento, pode exigir do transportador ou depositário – art. 529, CC Prestação de Serviço Conceito: são espécies que remontam contrato de locação de serviços, remontam a uma antiguidade – art. 593, CC Temos uma parte que é o prestador, que se compromete a realizar determinada atividade, de objeto lícito, mediante uma remuneração do tomador, ou seja, contrato através do qual o prestador se compromete a realizar determinada atividade de conteúdo lícito do interesse de outrem (tomador de serviço) mediante uma contraprestação, uma remuneração. Aqui eu contrato o prestador, e o cerne dessa prestação de serviço é uma obrigação de fazer. Características: contrato bilateral, porque impõe carga obrigacional para ambos os contratantes; é um contrato oneroso por ambos terem benefícios e possuírem sacrifícios; é um contrato comutativo, por que as duas partes sabem sua prestação e contraprestação; é um contrato consensual por que basta a manifestação de ambas as partes para que ele seja concluído e informal por que pode ser feito de qualquer mecanismo de manifestação, portanto é não formal, não solene, não exige forma escrita. Campo de incidência: Campo: contratos de prestação de serviço que não se subordinam as leis trabalhistas ou vai no regramento. Às vezes, o prestador de serviço é um fornecedor de serviço, e o tomador é um consumidor do serviço, porém além das normas gerais que estão no CPC, em algumas circunstâncias, se agrega a prestação de serviços, as regras protetoras do CDC. Há a possibilidade de a prestação de serviços ser regulada também pelas normas protetivas do CDC, desde presente os requisitos da relação de consumo dispostas no artigo 2º e 3º do CDC. Objeto: serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial Forma de contratação Informal, Contrato livre para ser realizado. Obs.: art. 595 – Salvo uma exceção, quando qualquer das partes não souber ler ne escrever. Remuneração: liberdade de acordo entre as partes Prestador de serviço aquele que é habilitado receberá mais valor do que aquele que não é habilitado para o exercício da função. Obs.:no momento de arbitramento ou fixação de honorários, aquele prestador que não possui títulos, ou habilitação, ou não satisfaça requisitos legais, não será remunerado da mesma forma que o profissional que possui essas atribuições. Tempo/duração e modos extintivos: por prazo determinado, por obra, mas regra geral a legislação limita o prazo, que é máximo de 4 anos – art.598, CC Porém isto não impede que eu renove o contrato, fazendo um novo contrato de até 4 anos, para que não haja uma inalienabilidade da liberdade humana. Caso contrato seja celebrado por prazo superior a 4 anos é possível pleitear judicialmente sua redução, sem que isto implique na nulidade do ajuste como um todo. “ante ao princípio da conservação dos contratos” Permite a denúncia, o aviso prévio. (resilir – romper extinguir). *Aviso prévio I – 8 dias de antecedência se a remuneração for fixada em....(qdro ao lado) Em caso de um mês ou mais (tanto prestador II – 4 dias de antecedência Salário ajustado por semana, ou de 15 em 15 dias (quanto tomador) III- Na véspera Quando é contratado por menos de 7 dias às vezes os contratos de prestação de serviço preveem cláusula penal proporcional, multa. Término do contrato “sem prazo” estipulado – art. 599 Tomador despede Com justa causa Art. 602 § Único Sem justa causa Art. 603 Prestador despede Art. 603 – não está no código Art. 602 § Único Empreitada Conceito: Para alguns é uma espécie de prestação de serviço, porém a obrigação aqui é de fazer coisa certa, a obra num conceito mais latu. É um contrato em que o empreiteiro se compromete a fazer determinada obra, para o dono, mediante uma retribuição. As características não se diferenciam da prestação de serviços, bilateral, oneroso, comutativo, consensual, informal. Pode ser transferível ou personalíssimo, dependendo de quem é a figura. Diferenças da prestação de serviço: 1. Na prestação de serviços a execução é dirigida e fiscalizada pelo tomador a quem o prestador de serviço fica subordinado, exceto quanto a técnica ou as qualidades profissionais. Já na empreitada a direção e fiscalização competem ao próprio empreiteiro, em regra não há interferência na condução do trabalho. A prestação de serviços há uma certa subordinação do prestador ao tomador, já na empreitada não, o empreiteiro é que vai gerir a obra, ele tem que estar de acordo com a contrato e o prazo, mas a forma de condução e fiscalização compete ao empreiteiro. 2. O contrato de prestação de serviço busca uma atividade, é uma obrigação de meio, enquanto na empreitada a obrigação é de resultado, o empreiteiro sempre responde pelo resultado final. 3. Na empreitada a remuneração é proporcional ao trabalho desenvolvido ou executado, não interessa o número de dias trabalhados e o pagamento depende do êxito do resultado, já na prestação de serviço a remuneração é relacionada com o tempo trabalhado, com os dias de trabalho e está vinculada com o êxito do resultado. Término contrato com prazo certo ou obra certa específica realizada – art. 602 e 603 Modalidades: Empreitada de lavor ou mão de obra: o empreiteiro não se responsabiliza pela qualidade do mesmo, salvo se, tendo conhecimento ou sendo evidente a falta de qualidade não informar o dono da obra – art. 613, CC 1. Quando ao objeto/ risco: Empreitada de mão de obra ou valor: contrato o empreiteiro para administrar e fiscalizar a obra (para a execução da obra), eu (dono da obra) forneço os materiais. Tem um impacto no risco assumido pelo empreiteiro: 1º. Má execução do serviço: segurança e solides. Se houver falha de execução, solidez e segurança da obra é responsabilidade do empreiteiro. 2º. Perda ou deterioração de materiais fornecidos pelo dono da obra por culpa sua, também não responde pela qualidade do material em regra geral. Mas responde quando há emprego de materiais manifestadamente defeituosos, sem tempestivas ( consegue visualizar com antecedência e não adverte o dono da obra a tempo) advertências ao dono da obra. Empreitada global/mista: empreitada de mão de obras e materiais, além da execução o empreiteiro fornece os materiais. Nesta situação decorre da lei ou do contrato, ou seja, o empreiteiro vai dar tudo, A responsabilidade do empreiteiro: 1º. Responde pela solidez e segurança da obra 2º. Responde pela qualidade do material enquanto não houver o recebimento pelo dono da obra, a perda ou deterioração independente da causa são responsabilidade do empreiteiro, salvo se o dono da obra tiver em mora. Se na hora da entrega o dono conferir a obra e não estiver tudo certo, o contrato não se extingue e permanece a responsabilidade do empreiteiro, se o dono aceita o resultado e depois de um tempo aparecem coisas erradas, tem 5 anos para aparecerem esses defeitos e 180 dias para ingressar com a ação – art. 618, CC 2. Quanto ao preço da empreitada: Preço fixo – absoluto: As partes definem o preço o preço certa e invariável, ele é pré-determinado e mesmo que tenha variação de custo de mão de obra ou de material, o valor não pode ser reajustado. Obs.: mesmo numa empreitada por preço fixo absoluto haverá a possibilidade de ter ação revisional, nos casos previstos no código (teoria da onerosidade excessiva, teoria da imprevisão) Por reajustamento ou relativo: Aqui o preço é pré-determinado mas permite variação decorrente do preço de algum dos componentes da obra ou de alterações determinadas por escrito pelo dono da obra, desde que previsto contratualmente – art. 612, §único, CC Empreitada por medida ou unidade: O preço é fixado pela execução do serviço em partes, é contratado partes da obra. Responsabilidade do dono da obra é o pagamento das prestações e fornecer o material. Empreitada por administração: ele recebe parte sobre o a gestão da obra, ou seja, recebe uma parte da obra ou da produção. Empreitada de mão de obra a) Obrigação empreiteiro: a responsabilidade do construtor é de resultado porque se obriga pela boa execução da obra, de modo a garantir sua solidez e capacidade para atender ao objetivo para o qual foi encomendada, segundo Sergio Cavalieri Filho. Responde o empreiteiro pela segurança e pela solidez da obra, pelo serviço que ele prestou, em regra não responde pela qualidade e materiais, uma vez que não é ele que compra, somente se esse material e manifestado a proprietário da sua baixa qualidade ele responde por não informar ao dono. Também responderá pela perda de material que se der pela culpa do empreiteiro. Empreitada mista ou global: O proprietário não responde pelo material e pela qualidade, tudo entra na responsabilidade do empreiteiro, devendo ser especificado o tipo e a qualidade do material de forma prévia no contrato b) Suspensão da obra e extinção contrato: Art.623: suspensão da obra pelo dono, resilição unilateral, que impõe uma regra de indenização, que também vai pelos lucros cessantes, e pelo o que ele já gastou, os danos emergentes. Art.624: suspensão causada pelo empreiteiro, responde por todos os prejuízos causados ao dono da obra. Art.625: Suspensão por I. culpa do dono da obra ou motivo de força maior (o dono quebrar e não poder pagar ou o as questões burocráticas que não dependem da vontade do dono). II. situação que foge as forças tanto do empreiteiro quanto do dono. III. causa em que não é imputada ao empreiteiro, devido ao acréscimo fora do normal. Vai se extinguir pelo não cumprimento, pela morte do empreiteiro, falência do empreiteiro, o empreiteiro não pode delegar a execução para terceiros, se não tiver previsto no contrato. Contrato de Depósito – art. 627, CC Conceito: é um contrato através do qual uma das partes que é o depositário, obriga- sea guardar, conservar e restituir um bem móvel ao depositante Modalidades: Manifestação da vontade Voluntário: deixar um cachorro para alguém cuidar, por que depende da vontade das partes Necessário: decorre da lei, obrigatório. Ocorre em duas situações: 1. Miserável: decorre de situações extremas, calamidade pública, situações excepcionais – art. 647, CC 2. De bagagem: referente as bagagens, vinculada a contrato de hospedagem. O hospedeiro se compromete a guardar a bagagem do hóspede (conservar e restituir) – art. 649, CC Objeto: Regular: é um contrato de depósito de coisa infungível (determinado pela natureza ou vontade das partes). Ex.: automóvel com a placa tal. Irregular: depósito coisas fungíveis. Ex.: safra de soja As ações de depósito tinham um procedimento especial, só cabe ação de depósito se o objeto é um depósito regular (coisa infungível). Por que a ação tem um intuito que é a obrigação de fazer, de restituir. Quando o depósito é um depósito irregular a ação é outra, podendo ser ação de cobrança, fazem uma analogia ao contrato de mútuo. Características: é um contrato que pode ser gratuito ou oneroso (para ser oneroso tem que haver previsão contratual). Mesmo os necessários não se presumem gratuitos. É um contrato comutativo (as partes sabem as prestações e contraprestações), é um contrato real por que para se formar é necessário o deposito efetivo do objeto. Em relação a carga obrigacional, em regra geral é bilateral, alguns entendem que é unilateral quando é gratuito, porém podem surgir obrigações supervenientemente ao longo do contrato, transformando em contrato bilateral imperfeito. É um contrato informal, não precisa de formalidade. Obrigações depositário: Obrigação de guardar e conservar primeiramente, se eu não conservar o objeto e por culpa do depositório ele tem que restituir ao depositante. Mesmo nos contratos gratuitos tem que indenizar primeiro, no código foi sumulado 130 (STJ) que o depositário tem que ser responsabilizado pela segurança, em relação a danos e furtos causados dentro do estacionamento. Além disso se insere o princípio da boa-fé objetiva por ser uma criadora de deveres. Mesmo que tenha placas querendo excluir ou isentar a responsabilidade, não tem validade. Obrigação de restituir a coisa depositada. Obs.: é lícito ao depositário reter a coisa nas seguintes hipóteses: 1º. Hipóteses do art. 644 2º. Se o objeto for judicialmente embargado 3º. Se sobre ele pender execução, notificada ou depositada 4º. Se houver suspeita ou motivo razoável que a coisa foi dolosamente obtida (origem ilícita). Obrigação de abster-se de usar a coisa depositada Obrigação de indenizar o depositante em caso de danos ao bem, por culpa do depositário Obrigações depositante: São 3, mas todas supervenientes ao art. 643: 1º. remunerar o depositário, se o contrato for oneroso, salvo se o contrato for gratuito 2º. arcar com as despesas de conservação e restituição 3º. indenizar o depositário pelos danos causados pela coisa Depositário infiel: o art. 652 ainda prevê a prisão do depositário infiel. Não sendo encontrado o objeto, era decretada a prisão, embora se tenha sumulas e decisões do STJ e do STF, ainda tem juízes que mandam prender o depositário infiel. Recurso extraordinário 466343 (STF) Súmula vinculante 25 (STF) Súmula 419 (STJ) Contrato de Mandato Uma boa parte de negócios jurídicos são feitos através de mandato. Representação legal: decorre da lei, pessoas que representam outras em função da lei. Representação judicial: é nomeado pelo juiz para representar determinada pessoa. Representação convencional: alguém outorga poderes de representar a outrem, seja em negócios jurídicos ou “judiciais”. Conceito e regime jurídico: No contrato de mandato temos uma das partes (mandante) que transfere poderes a outra (mandatário) para que esse pratique em seu nome atos ou administre interesses. O contrato de mandato é importante para administrar nossos interesses pessoais, corporativos e para atuação em processos judiciais (advogado). Classificação: a) Quanto à origem: Mandato legal: decorre da lei (pais aos filhos menores) Mandato judicial: decorre por ato judicial (inventariante) Mandato convencional: é celebrado por vontade das partes b) Quanto à pessoa mandatário: Mandato simples ou singular: vai ter um mandatário apenas, os poderes são conferidos a um mandatário, pode ter vários mandantes. Mandato plural: o mandato possui vários mandatários Simultâneo/conjunto: para realizar o ato, todos os mandatários devem agir em conjunto, simultaneamente, sob pena de não ter a validade do ato, ou até ineficaz. Solidário: mesmo havendo vários mandatários, qualquer um pode praticar atos isoladamente. Fracionário: cada mandatário tem sua área de atuação específica, posso fracionar os poderes de acordo com uma área específica apenas. Sucessivo: tenho vários mandatários, mas o segundo mandatário só irá atuar na ausência ou impossibilidade do primeiro. c) Quanto aos poderes: Mandato geral: só confere poderes gerais de administração. Mandato com poderes especiais: são limitados a determinados atos de negócios expressos no instrumento. Obs.: se o ato exige formalidade, o mandato também exigirá, se o ato não exige a procuração também não. Características: 1º. O mandatário está submisso as instruções do mandante (mandatário não pode ser desvirtuar das recomendações do mandante, sob pena da responsabilização pelos danos causados). 2º. A procuração é um instrumento do mandato – art. 653, CC A procuração não se confunde com o contrato, ela instrumentaliza o contrato, mas não necessariamente é o contrato. No art.654, o que é necessário para a procuração. Obs.: o contrato de mandato, em regra geral é informal e não solene. Eu posso fazer um contrato contigo, regra geral por segurança é feito por escrito, mas não necessariamente, pode ser verbal. A procuração é outra coisa, a procuração sempre vai ser escrita – art. 655 e 657, CC A regra do contrato de mandato é a gratuidade, porém não impede que o mandatário sobre, o contrato mercantil presume-se oneroso. O mandato poderá ser geral ou especial. O mandato deve atuar com diligência formal, ou seja, quando cumpre o compromisso não deve agir de forma negligente. O mandatário deve agir validamente nos estritos limites de poderes conferidos e ao tempo em que poderiam ser exercidos. Obrigações mandatário: 1º. Agir em nome do mandante e de acordo com os poderes estabelecidos 2º. Tem que aplicar a diligência atual no exercício do mandato, se ele não for diligente, ele vai responder indenização por culpa, ou se ele substabelecer a terceiros, sem autorização, poderes que deviam ser exercidos por ele. 3º. Tem a obrigação de prestar contas ao mandante e transferir as vantagens que obtiver. 4º. O mandatário tem a obrigação de apresentar o instrumento de mandato, se exigido. 5º. Finalizar ou concluir um negócio jurídico já iniciado, se houver perigo na demora, sob pena de ser responsabilizado posteriormente. Obrigações mandante: 1º. Satisfazer as obrigações contraídas aos mandatários na conformidade com o mandato. Se o mandatário contraria orientações, mas sem exceder os poderes, eu tenho que satisfazer a obrigação contraída por ele, mas a diferença eu cobro do mandatário. 2º. Adiantar importâncias de despesas necessárias à execução do mandato figurando o mandatário as exigir (pedido do adiantamento de despesas). 3º. Remunerar o mandatário pelos serviços prestados se o contrato for oneroso. Substabelecimento: é um instrumento no qual o mandatário transfere, parcial ou integralmente os poderes recebidos do mandante – outorga poderesMANDANTE MANDATÁRIO substabelece SUBSTABELECIDO Em regra geral, a forma admite pública ou particular. É exigida a forma pública, quando o ato exige formalidade. Se o ato do mandato exige formalidade, o substabelecimento exige formalidade também. Mesmo que a procuração tenha sido por instrumento público, o meu substabelecimento pode ser por instrumento particular, desde que o ato não exige formalidade pública. Com reserva de poderes: o mandatário mantém ainda os poderes concedidos pelo mandante, todos ou alguns. Sem reserva de poderes: o mandatário transfere integralmente todos os poderes conferidos ao mandante, sem reservar para si, ou seja, se equivale a uma renúncia dos poderes. Qual a responsabilidade do mandatário quando o substabelecido causar danos ao mandante? O mandatário é obrigado a indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua ou daquele a quem substabelecer, sem autorização, poderes que devia exercer pessoalmente. Se mesmo com a proibição do mandante, o mandatário se fizer substituir na execução do mandato, responderá ao seu constituinte pelos prejuízos ocorridos sob gerência do substituto, embora provenientes de caso fortuito ou força maior, salvo provando que o caso teria sobrevindo, ainda que não tivesse havido substabelecimento. Havendo poderes de substabelecer, só serão imputáveis ao mandatário os danos causados pelo substabelecido, se tiver agido com culpa na escolha desde ou nas instruções dadas a ele. Se a proibição de substabelecer constar da procuração, os atos praticados pelo substabelecido não obrigam o mandante, salvo notificação expressa (se eu confirmar o ato praticado pelo estabelecido), que retroagirá a data do ato. Extinção: Renúncia: é uma forma de resilição unilateral praticada pelo mandatário que renuncia os poderes conferidos. O mandante tem que declarar que tem conhecimento de renúncia, e eu tenho que notificá-lo, transcorrido 10 dias eu fico vinculado, a não ser que o mandante no dia posterior consiga outro mandatário. Revogação: é um ato de resilição unilateral, por parte do mandante, ele caça os poderes conferidos ao mandatário e substabelecidos. O mandante tem que dar conhecimento a comunidade de negócios. Obs.: cláusula de irrevogabilidade 1º. Quando a cláusula de irrevogabilidade for condição de um negócio bilateral 2º. Quando tiver sido estipulado no exclusivo interesse do mandatário; 3º. Quando o mandato for outorgado em causa própria; 4º. Quando o mandato está vinculado a um negócio já concluído e os poderes do mandatário, são apenas de confirmação do ato. Morte ou mudança de estado das partes: morrendo o mandatário ou mandante, por ser uma relação personalíssima, a regra é a extinção do contrato, no caso de irrevogabilidade, se o mandatário agir em causa própria, não se extingue os poderes. Em caso de mudança, na interdição, temos que uma nova procuração com o curado; em casamento tem que fazer uma nova procuração com a esposa. Termino do prazo ou conclusão do negócio Transporte de Coisas e Pessoas Noções gerais: Temos de um lado a transportadora que se responsabiliza a transportar pessoas ou coisas, mediante uma remuneração, dentro de um itinerário previamente estabelecido, e quem adere a esse serviço é o passageiro ou emissor O art. 730 do Código Civil estabelece normas e responsabilidades gerais aos transportes de coisas e pessoas, sejam eles térreos, marítimos ou aéreos Características: Contratos bilaterais e onerosos, contrato consensual, não é formal e solene. Temos contratos em que o passageiro apenas adere ao serviço não tendo direito a reclamação Transporte de pessoas e bagagens 1. Normas gerais: contrato pelo qual o transportador se obriga a conduzir o passageiro e as suas bagagens de uma localidade para outra, mediante a satisfação do preço correspondente e obedecendo a determinado itinerário. O art. 738 apresenta as regras básicas O transportador não pode negar o transporte do passageiro, salvo em questões de saúde e segurança O transportador pode interromper o contrato diante da quebra de normas, por segurança. O passageiro pode desistir de utilizar o transporte, com um tempo de antecedência, antes de iniciado. O transportador tem que concluir o contrato de transporte, em outro veículo de mesma categoria, em caso de interrompimento do transporte, ou de categoria diferente com consentimento do passageiro. 2. Responsabilidade do transportador em relação a pessoa do passageiro: existe uma cláusula, chamada cláusula de incolumidade, que determina que o transportador tem que resguardar a integridade física do passageiro Tipo de transporte Responsabilidade do transportador Clandestino – quando o transportador não tem conhecimento do passageiro Não há responsabilidade em caso de dano ao passageiro Gratuito – (mera cortesia, desinteressado) - Ex.: carona. Sem interesse econômico. Responsabilidade subjetiva – respondo só se tiver comprovado que a integridade física do meu passageiro foi lesionada por culpa minha. Oneroso – Ex.: transporte aéreo, marítimo, terrestre. Responsabilidade Objetiva. OBS: é excluída - culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior. (excluir a responsabilidade de indenizar da transportadora). “Gratuito” (com vantagem econômica indireta) – Ex.: corretor que leva o cliente até a fazenda, translado oferecido gratuitamente. Responsabilidade Objetiva. OBS: é excluída - culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior (bicho, vaca, cavalo que surge na estrada), fato ou culpa de terceiro. Fiança Conceito: é um contrato, mas também é uma garantia. Contrato estabelecido entre o credor e o fiador, com efeitos sobre o devedor. É classificado como uma garantia pessoal, fidejussória. O fiador é que garante o contrato principal Características: Regra geral é gratuito, mas pode ser oneroso também Unilateral É um contrato que tem que ser formalizado, não exige solenidade, mas tem que ser escrito É um contrato acessório, a fiança depende e existe em função de um contrato principal Geralmente é um contrato personalíssimo, as qualidades da pessoa do fiador são importantes com exceção dos fiadores profissionais que cobram para prestar a fiança A interpretação é restritiva, eu não posse estender os efeitos da fiança em outro contrato Espécies: Legal: decorre dos artigos na legislação – arts. 1.305, §único; 1.400 e 1.745, CC Judicial: decorre de atos do juiz Convencional: contrato estabelecido entre duas partes, decorre da vontade das partes Requisitos: Capacidade das partes Outorga uxória para casados Instrumento particular ou público Legitimidade Pessoas que não podem prestar fiança: governador, agentes fiscais, leiloeiros por um impeditivo legal A fiança se extingue no momento do óbito do obrigado, não se transmitindo aos herdeiros Benefício de ordem: é um benefício do fiador. A regra é o fiador ter uma responsabilidade subsidiária. Até a contestação, o fiador pode exigir o benefício de ordem, que pode ser exercido conjuntamente com outras defesas, no qual ele requer que o credor busque satisfazer o seu crédito, 1º nos bens do devedor para posteriormente, de forma subsidiária, busque o patrimônio do fiador. Pode perder o benefício se não agir de acordo com os requisitos e tempo para exercê-lo – art. 827, CC Benefício da divisão: regra da solidariedade – quando há mais de um fiador, todos são solidários à fiança prestada, salvo se expressamente pactuarem o benefício de divisão – art. 829, CC Extinção da fiança: extingue-se com a morte do fiador, com o pagamento da dívida ou a exoneração desta Contrato Estimatório O consignatário tem3 opções no final do contrato: 1º. Ficar com o bem, por esse preço 2º. Vender a terceiros, por esse preço 3º. Restituir O proprietário não pode se opor a venda a terceiros, nem a ficar com o consignatário Se o consignatário vende a terceiros, se o terceiro é um terceiro de boa-fé, não pode o consignante anular a venda Obs.1: o bem está em posse do consignatário, mas o bem não pode ser penhorado por dividas do consignatário, mas pode ser penhorado por dívidas do proprietário consignante Obs.2: em caso de lesão a 3º, todos podem ser chamados a responsabilidade Contrato de Corretagem – art. 722, CC O corretor é um profissional, que atua como alguém que intermediará um negócio jurídico e aproximará duas outras pessoas, terceiros, para a realização de um negócio jurídico. Atua na compra de bens imóveis e móveis, arrendamento, entre outros casos PARTES PARTES CORRETOR Atuar com diligência e sempre prestar todas as informações necessárias para as partes. Se ele for omisso nessas informações, pode responder por perdas e danos – art. 783, CC Obrigação em relação ao pagamento – obrigação de resultado: O corretor só receberá sua comissão se obter o resultado, que é a conclusão do negócio. Uma vez concluído o negócio, o corretor tem o direito de comissão, mesmo que uma das partes se arrependa, mesmo que uma das partes desista, mesmo que uma das partes não pague Se o rompimento do contrato se deu por informações equivocadas ou omissão por parte do corretor, este não tem direito à comissão Não exige formalidade Mesmo depois de extinto o contrato de corretagem, se o contratante realizar o contrato com um terceiro que foi aproximado pelo corretor, ele fará jus a comissão Cláusula de exclusividade: garante não só exclusividade na realização do negócio, como também se houver venda por terceiro não feito pelo corretor, ele tem direito a comissão O corretor apenas é um intermediário, não é o mandatário, nem o representante Contrato de Transação Conceito: relação contratual que visa a extinção de obrigação litigiosa ou duvidosa (ambas as partes abrem mão de um direito) Requisitos: Acordo de vontade Concessões mútuas Extinção da relação obrigacional litigiosa ou duvidosa Natureza Jurídica: negócio jurídico bilateral, oneroso, consensual e comutativo Características: Indivisibilidade: se houver vícios toda transação será considerada nula Restritiva: se aplica somente aquele contrato, não se estende para outros, porém se houver danos poderá ser exigida em nova ação – art. 843, CC Caráter declaratório: apenas declara existência de direitos Objeto: direito patrimonial de caráter privado – art. 841, CC Modalidades: Judicial: feita dentro do processo e realizada em ato do juiz Extrajudicial: feita fora do processo (existente ou não) e levada ao juiz para homologação judicial Nulidade: transação feita após a sentença final, ou partes não legítimas, etc. Anulabilidade: vícios de consentimento (dolo, erro, fraude) Efeitos: Extingue contratos litigiosos ou duvidosos Equivale ou produz efeitos de uma sentença, mas não é sentença e pode ser anulada Só produz efeitos entre as partes. (Exceção: fiador) Não prejudica nem aproveita senão aos que nela intervierem – art. 844, CC Evicção de bem dado em transação não reestabelece a obrigação, porém cabe perdas e danos ao evicto – art. 845, CC Contratos Bancários Conceito: contratos bancários são um acordo entre Banco e cliente para criar, regular ou extinguir uma relação que tenha por objeto a intermediação do crédito ou seja, aqueles que visam a intermediação de crédito e que são, obrigatoriamente, realizados por um banco Classificação: as atividades bancárias são divididas em atividades passivas (aquelas de capitação de recursos), e as ativas em que o banco assume a obrigação principal, a posição de credor a) Operações bancárias passivas: Depósito bancário: uma pessoa entrega ao banco determinada importância em dinheiro e ele tem que devolver na prazo e condições convencionadas Conta corrente: contrato pelo qual uma pessoa física ou jurídica ajusta com o branco a guarda de dinheiro em conta corrente Aplicação financeira: o depositante autoriza o Banco a empregar em determinados mercados de capitais, o dinheiro mantido em conta de depósito, denominado fundo de investimento Redesconto: o banco redesconta títulos adquiridos através de descontos em outros estabelecimentos bancários b) Operações bancárias ativas: Empréstimos: banco entrega a terceiros uma certa quantia de dinheiro para que seja devolvida dentro de um prazo determinado, com a cobrança de juros Mútuo bancário: banco empresta dinheiro, que se obriga a pagar, com o acréscimo de encargos remuneratórios Descontos bancários: uma pessoa recebe do bando certa quantia, para isso transferindo ao mesmo um título de crédito de terceiro Antecipações bancárias: alguém recebe do banco determinada importância, dando garantia real para o pagamento da importância adiantada Abertura de crédito: banco se obriga a colocar à disposição de um cliente uma soma em dinheiro por prazo determinado ou indeterminado, obrigando- se a desenvolver a quantia acrescida de juros, com a extinção do contrato Cartas de crédito: ordens escritas dadas por um banco a outro estabelecimento de crédito, localizado em praça diferente, para que seja colocada a disposição de uma ou mais pessoas determinadas certa quantia deve ser retirada, total ou parcialmente, num prazo especificado Características: Comutatividade: os contratos bancários não são aleatórios, pois as partes contratantes sabem quais as vantagens e desvantagens que terão com o negócio, não se sujeitando o pacto ao elemento álea (sorte) Complexidade estrutural: os pactos de natureza bancária por vezes não se enquadram em nenhum contrato tipificado em lei, tendo em vista que podem contém uma mescla de elementos daqueles Padronização: as cláusulas dos contratos bancários são preestabelecidas e padronizadas, não cabendo ao contratante à faculdade de discuti-las ou modifica-las de acordo com seu entendimento Sigiloso: o banco deve guardar sigilo de todas as suas operações bancárias Contrato de Seguro Conceito: contrato de garantia contra os riscos previstos, em que o segurado e o segurador negociam as consequências econômicas do risco e determinam um valor a ser pago pelo segurado, nomeado de prêmio, durante determinado período, em que o seguro terá vigência. Já a seguradora assume perante o segurado a obrigação de pagar-lhe uma determinada indenização, prevista no contrato, caso o risco a que está sujeito aconteça Requisitos: o objeto constituído pelo risco, que deve ser lícito, possível e seu valor deve ser determinado e também a boa-fé Características: contrato bilateral, oneroso, de adesão, de execução continuada, consensual e formal Modalidades: Seguro de dano: tem por objetivo específico a cobertura de eventuais danos materiais sobre bens móveis ou imóveis, porém se a materialização desse determinado risco, deve estar previamente previsto, se não a seguradora não tem obrigação de indenizar Seguro de pessoa: trata dos riscos de morte, incapacidade ou acidente, e é subdivido em seguro de saúde e seguro de vida, é possível fazer seguro de pessoa em mais de uma seguradora, como também não tem limite ao valor a ser pago pelo segurado Extinção: Pelo decurso do prazo estipulado Pelo distrato, se ambos os contraentes concordarem em dissolver os vínculos Pela resolução por inadimplemento de obrigação legal ou de cláusula contratual Pela superveniência do risco, por que então, o contrato deixará de ter o objeto e a seguradora pagará
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