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Aula 26.03.2020 - CLASSIFICAÇÃO DO CONTRATO Podemos dizer que os contratos podem ser classificados como: 1 – Quanto as obrigações a) Unilaterais – Quando existem dois ou mais contratantes, apenas um deles assume as obrigações, ou seja, só há prestação para uma das partes. Exemplo: doação simples e pura, mútuo, depósito, comodato. Atenção: Doação é contrato unilateral, porém é negócio jurídico bilateral, pois exige duas manifestações de vontade de doar e exige a aceitação. Observação: Não deve ser confundido com a quantidade de participantes de um negócio jurídico. b) Bilaterais ou sinalagmáticos - Ambas as partes têm obrigações. São contratos que possuem pelo menos duas obrigações, cada uma a cargo de uma parte. Exemplo: Contrato de Compra e Venda. O Comprador paga o preço porque receberá o bem, de outro lado, o vendedor entrega o bem porque receberá o valor pactuado. c) Plurilaterais - São os contratos formados com mais de dois contratantes com obrigação. Exemplo: contratos de sociedades ou de condomínios. 2 – Quanto às vantagens patrimoniais para as Partes envolvidas a) Gratuitos ou benéficos – Quando só uma das partes recebe benefícios, enquanto a outra parte suporta o ônus, ocorrendo uma diminuição patrimonial unilateral. Exemplo: Doação pura. b) Onerosos – São aqueles em que ambas as partes auferem benefícios e assumem o ônus. Vantagens e desvantagens recíprocas. Exemplo: compra e venda. Quando o negócio jurídico é oneroso, o patrimônio das duas partas é afetado. 3 – De acordo com a equivalência das prestações a) Comutativos – As obrigações são conhecidas pelas partes e possuem equivalência entre si. Há uma certeza quanto à existência e extensão da contraprestação, podendo ser apreciada imediatamente essa equivalência. Exemplo: Contrato de Compra e Venda; Contrato de locação. b) Aleatórios – Quando uma das prestações não é conhecida, dependendo de um risco futuro e incerto. Exemplo: Contrato de Seguro e colheita de safras. b.1. Contrato com risco relacionado à existência da coisa (emptio spei - compra da esperança) – com previsão no art. 458 do CC: “se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir.” O contratante assume o risco de não vir a ganhar coisa alguma, deixando a sorte dos acontecimentos o resultado da contratação. b.2. Contrato com risco relacionado à quantidade da coisa (emptio rei speratae - compra da coisa esperada) – com previsão legal no art. 459 do CC: “Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada”. Não há assunção de risco total pelo contratante, isso porque o alienante se comprometeu que alguma coisa fosse entregue, assim, a coisa objeto do contrato deve pelo menos existir, todavia, não importando em quantidade. b.3. Contrato de compra de coisa presente, mas exposta a risco assumido pelo contratante - com previsão legal no art. 460, o contratante aceita negociar coisa sujeita a risco, assumindo para si o perigo sobre a coisa, ainda que esta tenha se perdido antes da celebração do negócio. Todavia, o contrato poderá ser anulado se o prejudicado provar que o outro contratante agiu com dolo, ou seja, que não ignorava a consumação a que no contrato se considerava exposta a coisa. 4 – Quanto à previsão legal do contrato (regulamentação) Típicos – São aqueles que estão devidamente regulamentos por lei. Ex. Compra e venda; Locação. Atípicos – Derivam do livre direito de contratar. São aqueles não tratados por uma norma jurídica (lei), mas são lícitos por não contrariar a lei, os bons costumes e os princípios gerais do direito. Dessa forma, se baseiam na teoria geral das obrigações e na teoria geral dos contratos. Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código. Nominados – Contratos que a lei dá nome, obedecem a um padrão definido e regulado por lei. Exemplo Compra e Venda. Inominados – Contratos que não têm a figura negocial prevista na lei, não possuem denominação legal. Geralmente são frutos de fusão de 2 ou mais tipos contratuais. 5 - Quanto formação (formalidades) Consensuais ou não solenes – Não precisam de qualquer formalidade, basta o consentimento das partes para que se aperfeiçoe. Art. 656. O mandato pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito. Formais ou Solenes – Obedecem à forma, a solenidade prevista em lei para que sejam válidos. Necessita geralmente de ato público. Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é ESSENCIAL à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País. Reais – São aqueles que se aperfeiçoam com a entrega da coisa. Exemplo: mútuo, depósito, comodato. 6 – Quanto a existência ou autonomia a) Principais – Contratos que não dependem de qualquer outro para que possam existir e ter validade. Ex. Contrato de Locação. Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal. b) Acessórios – São os contratos que têm existência e validade vinculadas a um outro negócio jurídico, tido como principal. Dependem de outro contrato (fiança e todas as garantias), se nulo o principal, nulo será o acessório. c) Coligados – são os contratos que, embora distintos, possuem ligação por nexo funcional. Exemplo: contrato de exploração de posto de gasolina (envolve a locação do ponto, o fornecimento de combustível, uso de marca etc.) 7 – Quanto a pessoa dos contratantes a) Pessoais, personalíssimos ou intuito personae - O contrato é celebrado em razão das qualidades pessoais do contratante, sendo somente o contratante que pode cumprir a obrigação, é elemento determinante para a realização do negócio (contrato). Está relacionado a confiança na pessoa que irá executar. Ex. fiança, mandato etc. Obs. As obrigações de contratos personalíssimos, em regra não são transmitidas inter vivos ou causa mortis b) Impessoal - São os contratos onde só interessa o resultado da atividade, independentemente de quem a realize. O que importa é a satisfação das obrigações. 8 – Quanto à negociação do conteúdo a) Paritários – Aqueles que as cláusulas podem ser livremente discutidas, negociadas, considerando que há igualdade na relação negocial. b) De adesão ou por adesão – O contrato é imposto sem possibilidade de discussão de suas cláusulas, há sujeição de uma parte ao conteúdo imposto por outro. Art. 54, CDC. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas, tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo. CC Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. Questões 1 – Jamilton e Jadelson realizaram um negócio jurídico em que ficou estipulado que: Jamilton entregaria determinado bem móvel para Jadelson, que ficaria autorizado a vender o bem, pagando a Jamilton, em contrapartida, o valor de mil reais; e Jadelson poderia optar por devolver o bem, no prazo de 30 dias, para Jamilton. De acordo com o Código Civil, nessa situaçãohipotética foi firmado um contrato classificado como: A) atípico. B) solene. C) unilateral. D) consensual. E) comutativo. 2 - O contrato de seguro prestamista é classificado como: A) acessório, oneroso e de adesão. B) aleatório, acessório e paritário. C) oneroso, paritário e aleatório. D) gratuito, de adesão e aleatório. E) principal, oneroso e paritário. 3 - Contrato de prestações certas e determinadas no qual as partes possam antever as vantagens e os encargos, que geralmente se equivalem porque não envolvem maiores riscos aos pactuantes, é classificado como: A) benéfico. B) aleatório. C) bilateral imperfeito. D) derivado. E) comutativo. Aula 02.04.2020 - FORMAÇÃO DOS CONTRATOS O Código Civil estabelece no Art. 427 e seguintes a formação dos contratos. Lembrando: Negócio jurídico bilateral = convergência de manifestações de vontades contrapostas. Em um negócio jurídico, as partes fazem tratativas iniciais/preliminares, como por exemplo a confecção de uma minuta, conversas, reuniões, negociações etc. Essa fase inicial, pré- contratual, é denominada de fase de pontuação ou punctação. Até a formação do contrato os interesses dos contratantes são contrários: A faz oferta para B, que faz contraproposta, e após discussão, ambos manifestam a vontade e consentem em firmar contrato. Após a fase de pontuação, a formação do contrato passa pela fase na qual uma das partes faz uma proposta (oferta ou policitação) à outra: → Fase de pontuação = negociação → Fase da formação do processo Realizada a proposta, para se formalizar o contrato deve a outra parte aceitar (“aceite”). Nas relações de consumo, o CDC estabelece em seu art. 48 a responsabilidade pré-contratual do negócio de consumo. Propontente/policitante/ofertante PROPOSTA/POLITAÇÃO/OFERTA Aceitante/Oblato Art. 48. As declarações de vontade constantes de escritos particulares, recibos e pré-contratos relativos às relações de consumo vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execução específica, nos termos do art. 84 e parágrafos. PROPOSTA + ACEITAÇÃO = CONSENTIMENTO (verbal, escrito, gestual) Silêncio – somente considera-se consentimento se acompanhado de outras circunstâncias ou condições e se não for exigida a forma expressa. FASE DE PUNTUAÇÃO (negociações preliminares) – período PRÉ-CONTRATUAL É o período de negociações preliminares, ANTERIOR a formação do contrato. O contrato pode até ser concluído instantaneamente, ficando quase imperceptível ou inexistindo uma fase preliminar. É neste momento prévio que as partes discutem, ponderam, refletem, fazem cálculos, estudos, redigem a minuta, enfim, contemporizam direitos ANTAGÔNICOS para chegar a uma proposta final e definitiva. A característica desta fase é justamente NÃO-VINCULAÇÃO das partes a uma relação jurídica obrigacional, não-obrigatoriedade. Negociações preliminares é diferente de oferta. Oferta tem força vinculante. Optar pela celebração do contrato é um DIREITO dos negociantes. Todavia, ao se dar início a um procedimento negociatório, é preciso observar sempre se, a depender das circunstâncias do caso concreto, já não se formou a LEGÍTIMA EXPECTATIVA DE CONTRATAR. Isto porque pode até haver direito SUBJETIVO de não contratar, mas a BOA-FÉ OBJETIVA também é aplicável a esta fase pré-contratual. Assim, não se poderá imputar responsabilidade civil aquele que interromper as tratativas, mas isso não significa dizer que os danos daí decorrentes não devam ser indenizados. Sobre a responsabilidade nessa fase, segue entendimento doutrinário: Flávio Tartuce: segue o entendimento que há de se falar em responsabilidade pré-contratual nos casos de desrespeito à boa-fé objetiva. Já Maria Helena Diniz: a responsabilidade, neste caso, é aquiliana. (extracontratual) Dessa forma, podemos dizer que na fase de puntuação gera deveres às partes, isso porque, em algumas situações, considerando a confiança depositada, bem como a quebra desses deveres, poderá resultar na responsabilização civil: Enunciado 170 do CNJ: En.170 CNJ A boa-fé objetiva deve ser observada pelas partes na fase de negociações preliminares e após a execução do contrato, quando tal exigência decorrer da natureza do contrato. Essa fase não se confunde com o CONTRATO PRELIMINAR (= pré-contrato / promessa de contrato). É um NJ que tem por objeto a obrigação de fazer um contrato definitivo. A parte manifesta a sua declaração de vontade. Ex.: compromisso de compra e venda, deve ser registrada no CRI. Arts. 462/466 – Novidade do CC/02 - Conceito de contrato preliminar = avença através da qual as partes criam em favor de uma ou mais delas a faculdade de exigir o cumprimento de um contrato apenas projetado. O contrato preliminar se submete a todos os requisitos essenciais (existência e validade) do contrato, com exceção da forma – art. 462. O objeto da exclusão da forma é estimular a utilização do instituto. Ex.: contrato definitivo de compra e venda exige escritura pública, já o contrato preliminar da promessa de compra e venda pode ser feito com a lavratura em instrumento particular. É possível estabelecer cláusula de arrependimento ou retratabilidade nos contratos preliminares bilaterais (ambos podem exigir obrigações um dos outros). Realizado o contrato preliminar se não tiver cláusula de arrependimento, qualquer das partes poderá exigir a celebração do contrato definitivo – art. 463. Resumo contrato preliminar: - Não precisa obedecer a forma – art. 462 - Deve obedecer aos demais requisitos de existência e validade. - Pode ter cláusula de arrependimento – art. 463 - Pode ser bilateral ou unilateral - Pode ser exigido judicialmente – art. 464 CC - obrigação de fazer – imposição de multa “astreintes” – art. 461, CPC. Se não for celebrada a promessa, a parte poderá buscar a compensação devida, provando a ocorrência de uma legítima expectativa de pactuação. PROPOSTA DE CONTRATAR Proposta = policitação / oferta Vontade de contratar que uma pessoa faz a outra. Quem faz a oferta é o proponente, ofertante ou policitante. Pode fazer a proposta na presença do aceitante/oblato ou não. Toda proposta deve ter um tempo, determinado ou determinável. A proposta vale e tem força vinculante, por isso deve ser séria e concreta. Ela não pode ser confundida com simples oferta de negociações preliminares. ➔ Vinculação da proposta – art. 427 Regra = a proposta obriga o proponente (segurança jurídica). Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. QUANDO A PROPOSTA DEIXA DE SER OBRIGATÓRIA? Em duas situações: (I) Art. 427 – 2ª parte – CC Ocorre a perda da eficácia da vinculação: Resultar dos termos dela mesma – direito de arrependimento/retratação. Exceto CDC. Se o contrário resultar da natureza do negócio – ex.: venda até o limite do estoque/ promoção = faz a não-obrigatoriedade oferta e quem se manifestar primeiro leva. Resultar das circunstâncias do caso – genérica – liberdade ao juiz no caso concreto (princípio da razoabilidade) (ii) Art.428 – CC PRAZO – lapso entre a proposta e a aceitação Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante; II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. Para entender o art. 428, precisamos saber o que é: - Pessoa presente: pessoas que mantém contatodireto e simultâneo, o aceitante toma ciência da oferta no mesmo instante que ela é emitida – pessoalmente, telefone, chat. - Pessoa ausente: pessoas não mantém contato direto e imediato, há um lapso de tempo entre a emissão da oferta e a resposta - carta, telegrama, e-mail. Quadro das exceções: a proposta deixa de ser obrigatória: PROPOSTA Pessoa Presente Pessoa Ausente Com prazo Sabia do prazo e não se manifestou neste lapso. Não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo estabelecido pelo proponente. Sem prazo Não foi imediatamente aceita (a resposta deve ser imediata Decorreu prazo suficiente para chegar à resposta ao conhecimento do proponente. Tempo suficiente = conceito aberto – juiz – princípio da razoabilidade. Indiferente Se junto ou simultaneamente com a proposta chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. Fora dessas hipóteses, portanto, a proposta obriga o proponente e deverá ser devidamente cumprida, caso haja a consequente aceitação. OFERTA AO PÚBLICO – art. 429 É como as demais ofertas, a diferença é que é dirigida a um número indeterminado de essoas. É valida desde que: - obedeça aos requisitos essências de validade da proposta – existência e validade com exceção da forma. - as circunstâncias ou os usos descaracterizem-na como oferta. Ex.: é costume anunciar em voz alta o produto, mas a proposta só é feita quando o cliente chega à barraca. Parágrafo único = a proposta pode ser revogada pela mesma via de divulgação e que essa faculdade tenha sido ressalvada na própria oferta. No CDC, a obrigatoriedade da proposta (oferta) é mais rígida: Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha: I - Exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade; II - Aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente; III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos. MORTE DO PROPONENTE Morte do proponente antes da aceitação. Consequência? Se não for personalíssima, a sua obrigatoriedade perdurará, refletindo-se nos bens do espólio. ACEITAÇÃO Aceitação é a aquiescência de uma proposta, é a manifestação de vontade concordante do aceitante ou oblato que adere a proposta que lhe foi apresentada. Ato de aderência à proposta. Tem que ser externada sem vício de consentimento – sob pena de ser anulado. Art. 431 – a aceitação fora do prazo com adições, restrições ou modificações importará nova proposta (contraproposta). Art. 430 – se a aceitação chegar tarde ao conhecimento do proponente, este deverá comunicar o fato imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos – BOA-FÉ OBJETIVA. Ex.: extravio da carta que aceitava a oferta. A aceitação pode ser expressa ou tácita. É admitida a aceitação tácita se for costume negocial (sempre foi tácito) ou se houver dispensa do proponente da aceitação expressa – art. 432 – se não chegar ao aceitante, antes da conclusão do negócio a recusa do proponente. FORMAÇÃO DO CONTRATO ENTRE AUSENTES – AT. 434 Tornam-se perfeitos com a expedição da aceitação. O contrato entre ausentes não está celebrado (inexistente a aceitação): - Art. 433 – se antes ou com a resposta chegar a retratação (*). - Se o proponente houver se comprometido a esperar a resposta. - E a resposta não chegar no prazo convencionado. (*) Chegar = negou a forma conclusiva da EXPEDIÇÃO, para reconhecer que, enquanto não tiver havido a RECEPÇÃO, o contrato não se reputará perfeito, pois antes do recebimento da resposta ou simultaneamente a estará, poderá ver o arrependimento do aceitante. MOMENTO DA FORMAÇÃO DO CONTRATO Quando se dá a formação do contrato entre AUSENTES? TEORIAS para conclusão do contrato entre ausentes: a) teoria da cognição (conhecimento): quando chegar a resposta ao conhecimento do proponente. b) teoria da agnição : dispensa que a resposta chegue ao conhecimento do proponente b1) subteoria da declaração propriamente dita: no momento que o oblato redige, digita a resposta. b2) subteoria da expedição: no momento em que a resposta é expedida. b3) subteoria da recepção: no momento que recebe a proposta, dispensando a sua leitura. Pablo / Carlos Roberto Gonçalves = teoria da RECEPÇÃO, em decorrência do art. 433. Clóvis Beviláqua / Venosa = teoria da EXPEDIÇÃO, com a ressalva do art. 433. Tartuce = entende que as duas teorias são utilizadas, a regra é a expedição e a exceção, seria a recepção (exceção). O Enunciado 173 da III JDC reforça esse entendimento, in verbis: E. 173 – Art. 434: A formação dos contratos realizados entre pessoas ausentes, por meio eletrônico, completa-se com a recepção da aceitação pelo proponente. LUGAR DA FORMAÇÃO DO CONTRATO O art. 435 determina que se reputa celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. Esta regra é importante para efeitos de COMPETÊNCIA ou quando o juiz tiver que analisar usos e costumes do lugar onde o negócio fora pactuado. Se a proposta sai do Brasil para qualquer outro país, a lei estabelece que o lugar de sua formação é o Brasil. Contratação eletrônica, via internet, como fica? A celebração se dá na residência do policitante (entendimento majoritário). Aula 09.04.2020 - ESTIPULAÇÃO COM TERCEIROS Como já estudamos no PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE SUBJETIVA DOS EFEITOS DOS CONTRATOS, a regra geral é que os contratos só devem produzir efeitos entre as próprias partes contratantes, não dizendo respeito a terceiros estranhos à relação jurídica contratual. Mas há 3 figuras que excepcionam esta regra: a) Estipulação em favor de terceiro b) Promessa de fato de terceiro c) Contrato com pessoa a declarar ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO – ARTS. 436/438 Uma parte convenciona com o devedor que este deverá realizar determinada prestação em benefício de outrem, alheio à relação jurídica-base. As partes são chamadas de: - Estipulante: aquele que estabelece a obrigação. - Promitente ou devedor: aquele que se compromete a realizar a obrigação - Terceiro: beneficiário -> alheia a formação contatual O terceiro é estranho ao contrato, mas é o credor do promitente. Exemplo mais comum: seguro de vida. Consumado o risco da apólice (sinistro) a seguradora, conforme estipulado com o segurado, deverá pagar ao terceiro (beneficiário) o valor devido a título de indenização. Exemplo 2: pai acionista (estipulante) determine que a empresa (promitente) de que é acionista, prometa pagar ao seu filho (terceiro) os dividendos das suas ações na época que forem devidos. Efeitos O efeito peculiar desta modalidade especial de contratação é a (dupla) possibilidade de exigibilidade da obrigação tanto pelo estipulante quanto pelo terceiro. Ressalta-se que esta dupla possibilidade só é aceitável se o devedor aceitar o contrato (manifestação da vontade) e o terceiro anuir os termos do contrato (art. 436) – condições e normas do contrato. O terceiro pode recusar a estipulação a seu favor, mas é desnecessário o seu consentimento para a formação do contrato. Jurisprudência = a anuência deve ser inequívoca Doutrina = a anuência deve ser expressa O art. 437 deve ser interpretado em conjunto com o art. 438. Art. 437 = passa uma ideia de direito adquirido, caso se “deixe” para o terceiro o direito de reclamar a execução (anuir o contrato) o estipulante não poderá exonerar o devedor. Art. 438 = estipulante pode substituir o terceiro designado no contrato, independente da anuência deste e do devedor. O direito atribuído ao beneficiário, assim só pode ser por ele exercido se o contrato não foi inovado com a sua substituição prevista, a qual independe da sua anuência e da do outro contratante. Verifica-se, portanto, que no silêncio do contrato, o estipulante pode substituiro beneficiário, não se exigindo para tanto nenhuma formalidade a não ser a comunicação ao promitente para que este saiba a quem deve efetuar o pagamento. Ex.: seguro de vida – faz endosso na apólice e troca o beneficiário. Basta a vontade do estipulante por ato inter vivos ou causa mortis – art. 438, pu. PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO – ART. 439/440 Trata-se da possibilidade de estabelecimento de uma declaração de vontade na afirmação da realização de um ato por terceiro. Crítica doutrinária “Fato de terceiro” = o texto legal se trata da prática futura de uma conduta humana e não de um fato de coisa ou animal. NJ em que a prestação acertada não é exigida do estipulante, mas sim de um terceiro, estranho à relação jurídica obrigacional. É a promessa que uma pessoa faz dependendo da realização de um fato por terceiro. Exemplo: A promete para B que o Profº C ministrará aula no cursinho; caso isto não se realize é óbvio que não tendo participado da avença, não poderá ser compelido a fazê-lo. Por mais que a promessa não tenho se realizado, o NJ porém existiu, é válido e eficaz para vincular os sujeitos contratantes e não obviamente o terceiro. Haverá uma responsabilidade perdas e danos – art. 439. Responde por perdas e danos porque ninguém pode vincular terceiro a uma obrigação. As obrigações tem como fonte somente a própria declaração da vontade do devedor, a lei ou eventual ato ilícito por ele praticado. Ex.: “A” promete levar determinado cantor a casa de espetáculo de “B”. Não se trata da figura do mandato, por falta de representação. Nem de gestão de negócios porque o promitente não se coloca na defesa dos interesses de terceiro. Se o terceiro se obrigar diretamente à prestação, a obrigação será própria dele (art. 440), ou seja quem se comprometeu por outrem (promitente) ficará liberado, o terceiro passa a ser o devedor principal. A assunção da obrigação pelo terceiro libera o promitente. Nada impede que haja responsabilidade solidária do estipulante original, mas isto dependerá de manifestação expressa. Exclusão da responsabilidade– art. 439, pu Se o terceiro for cônjuge do promitente, depende da anuência do cônjuge e, desde que, pelo regime do casamento, a indenização de algum modo, venha a recair sobre os seus bens. O descumprimento acaba atingindo o patrimônio do cônjuge (Ex.: se for casado em regime de comunhão universal), o que seria uma possibilidade de responsabilização de terceiro que não fez parte da relação obrigacional. Ex.: “A” promete que sua esposa irá transferir um imóvel para “B” e ela não faz. CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR – ART. 467 À 471 Também se trata de prestação de fato de terceiro que titularizará os direitos e obrigações decorrentes do negócio, caso aceite a indicação realizada. Esta cláusula é denominada pro amico eligendo ou sibi aut amico vel aligendo. Na conclusão do contrato pode uma das partes reservar-se a faculdade de INDICAR a pessoa que deverá adquirir os direitos e assumir as obrigações do contrato – art. 467 – é como se ela própria tivesse celebrado o contrato. O prazo para indicação é de 5 dias se outro prazo não ficou acertado (art. 468) – prazo decadencial. Art. 468, pu = a forma para aceitação do terceiro deve ser a mesma utilizada para o contrato. Ex.: forma expressa. Sujeitos: - Promitente: assume o compromisso de assumir o amicus ou eligendo (terceiro). - Estipulante: que pactua em seu favor a cláusula de substituição. - Eleito ou electus: que validamente nomeado, aceita sua indicação, que é comunicado ao promitente. Ex.: promessa de compra venda – o comprador pode indicar terceiro para figurar na escritura definitiva. Tem sido utilizada para evitar despesas com nova alienação, nos casos de bens adquiridos com propósito de revenda, com a simples intermediação do que figura como adquirente. Ex.: condomínio que compra apto e não quer aparecer. Mas pode ser aplicado a qualquer contrato, desde que não apresente incompatibilidade. O efeito será ex tunc, desde a celebração do contrato – art. 469 – efeito retroativo. Estipulação em favor de terceiro Contrato com pessoa a declarar O estipulante e o promitente permanecem vinculados ao contrato, mesmo depois da adesão do terceiro, que se mantém estranho a ele. Um dos contratantes desaparece sendo substituído pelo nomeado e aceitante Promessa de fato de terceiro Contrato com pessoa a declarar Acarreta obrigação tão somente para o promitente, a de obter do terceiro uma declaração ou prestação O contratante promete fato próprio, mas eventualmente fato de terceiro. Se a declaração for válida o nomeado não pode recusar-se ao cumprimento. Cessão de contrato Contrato com pessoa a declarar Feita posteriormente e tem efeito ex nunc Feita previamente e tem efeito ex tunc. A lei ressalva hipóteses em que o contrato será eficaz apenas entre os contratantes originários – arts. 470 e 471: (ou seja, continua válido, subsistindo entre os contratantes originários). a) Se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la. b) Ser a pessoa nomeada era insolvente e a outra pessoa o desconhecia no momento da aceitação. c) Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação. Resumo: - não houver indicação da pessoa. - nomeado se recusa a aceitar. - nomeado era incapaz - nomeado era insolvente Este tipo de contrato envolve certa margem de risco tanto para os contratantes originários como para o terceiro que aceita a indicação. Inadimplemento e Responsabilidade civil contratual (pré, pós, extra contratual) IMPORTÂNCIA DO TEMA O CC não é explícito na parte de TGC quanto ao tema inadimplemento e responsabilidade contratual. Tal parte busca regular o contrato no seu nascimento, desenvolvimento e extinção. Todavia é de extrema importância entender o que acontecerá com os sujeitos caso não cumpram com o que fora estabelecido, ou seja, caso ocorra o INADIMPLEMENTO CONTRATUAL, bem como a RESPONSABILIDADE daí decorrente. Importante também porque o texto CONSTITUCIONAL propugna pela restituição integral de danos por atos ilícitos, dentro dos direitos e garantias fundamentais –art. 5º, V. Art. 186 e 187 c/c 297 CC -> Ato ilícito e obrigação de indenizar. Indene é aquele que não sofreu prejuízo. Indenizar é tornar indene. Para que surja o direito a indenização é necessário que haja um PREJUÍZO, ou seja, uma perda, uma diminuição no patrimônio. O dano deve ser efetivo e não hipotético. Deve existir um nexo causal que liga o prejuízo à conduta do agente. O montante do prejuízo será verificado no caso concreto. O marco inicial é saber se houve um DEVER VIOLADO. Dever é o ato ou a abstenção de um ato que deve ser observado por um homem diligente, vigilante e prudente. E o descumprimento do contrato nada mais é do que uma manifestação de um ATO ILÍCITO, que, independentemente de resultar ou não na extinção do contrato, deve ser SANCIONADO, na forma adequada, com a reparação dos danos daí decorrentes. INADIMPLEMENTO CONTRATUAL Conceito: não cumprimento da prestação pactuada, na forma como estabelecida na relação jurídica obrigacional. Havendo descumprimento, deve-se direcionar para a TUTELA ESPECÍFICA das prestações descumpridas, prestigiando a boa-fé objetiva (art. 422) e a manifestada intenção das partes (art. 112). CPC - Tutela específica = -> Obrigação de Dar – prestação de coisas – Arts. 233/246 CC + art. 461-A -> Obrigação de Fazer – atividade – Arts. 247/249 CC + art. 461 CPC Obrigação de Não fazer – atuação negativa – Arts. 250/251 + art. 461-A do CPC. IMPORTANTE!!! LER ARTIGOS - Inadimplemento das obrigações – Arts. 389 a 393 do CC. Independente disso, os danos causados devem ser REPARADOS, mas para isso é preciso distinguir se a INEXECUÇÃO ocorreu de forma voluntária ou não. É necessário averiguar se o inadimplemento ocorreu por motivo de CASOFORTUITO (evento totalmente imprevisível) ou FORÇA MAIOR (evento previsível, mas inevitável) – argumentação cujo ÔNUS da prova é sempre do DEVEDOR inadimplente, pois assim sendo não há o que falar em reparação – art. 393 CC. Art. 393, parágrafo único – o caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário cujos efeitos não era possível evitar ou impedir. Não sendo esta hipótese, incide plenamente a regra básica de responsabilidade civil contratual, a saber, o art. 389 do CC. Regra geral: - Sem culpa: resolve-se a obrigação - Com culpa: valor + perdas e danos RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL O tema da responsabilidade civil é sem dúvida o mais abrangente da Teoria Geral do Direito, extrapolando os limites do Direito Civil, embora esteja nele a disciplina de seus institutos essenciais. Trata-se na verdade da uma situação derivada da violação de uma norma jurídica preexistente (legal ou contratual), desembocando na necessidade de reparação pelos danos causados Assim, falar em RC contratual nada mais é do que tratar da REPARAÇÃO DOS DANOS CAUSADOS pelo descumprimento do contrato. Perdas e danos envolvem o que o credor perdeu e o que ele deixou de ganhar – art. 402. Violação de um dever jurídico (norma) – RC AQUILIANA Reparação dos danos Causados por = Descumprimento contratual – RC CONTRATUAL RC aquiliana ou extracontratual = se viola um dever necessariamente NEGATIVO, ou seja, a obrigação de não causar dano a ninguém. Não existe relação jurídica estabelecida entre as partes envolvidas (por isso, chamada de extracontratual). É a transgressão por um dever geral de conduta. Ex.: atropelar um pedestre. RC contratual = violação de um dever de ADIMPLIR, que constitui justamente o conteúdo do negócio jurídico. Existe relação jurídica contratual entre as partes. Com relação à CULPA ela é no mínimo PRESUMIDA, uma vez que se trata do descumprimento de uma prestação que se assumiu livremente. Caberá a vítima comprovar que a obrigação não Regra geral : - sem culpa: resolve-se a obrigação - com culpa: valor + perdas e danos foi cumprida e ao devedor que não agiu com culpa ou que ocorreu alguma causa excludente do elo de causalidade. É possível estabelecer uma cláusula de não indenizar? Sim, esta cláusula pode limitar o montante ou simplesmente excluir o dever de não indenizar. Existe renúncia prévia convencionada do direito de pedir indenização. Neste caso, o prejuízo é suportado pelo lesado (geralmente em atividades que envolvem “risco”). Para o Direito moderno, está cláusula não é bem vista, principalmente nos contratos de adesão. Nos contratos paritários tal direito está na esfera da disponibilidade dos contratantes. A total irresponsabilidade não é bem vista na doutrina e na jurisprudência. Mas, se é possível agravar a situação do contraente com a imposição de multa, também é possível minorar ou excluir a sua responsabilidade. Art. 393. Ainda que livremente convencionada, não opera essa cláusula em caso de dolo do agente; não é porque o contratante sabe que está isento de indenizar que intencionalmente possa ocasionar dano. Nos contratos de consumo ela não pode ser aceita diante do art. 51, IV do CDC – nula a cláusula que estabeleça obrigação iníqua, abusiva que coloque o consumidor em desvantagem exagera, incompatível com a boa-fé. Cláusula penal É um pacto acessório pelo qual as partes de um determinado negócio jurídico fixam, previamente, a indenização devida em caso de descumprimento culposo da obrigação principal, de determinada cláusula do contrato ou em caso de mora. RESPONSABILIDADE CIVIL PRÉ-CONTRATUAL O princípio da boa-fé objetiva (art. 422) deve ser aplicado não só na conclusão e durante o contrato, mas também na fase pré e pós contratual. Esta responsabilidade, segundo SILVIO VENOSA pode ser vista sob dois enfoques: a) Recusa de contratar b) Quebra das negociações preliminares Recusa de contratar Alguém pode recusar-se a contratar? Diante do princípio da autonomia da vontade, SIM. Todavia, tal conduta não pode ser levada a grau extremo, pois a conduta de quem oferta bens e serviços no mercado não pode ser interpretada como de plena liberdade para escolher quem bem lhe aprouver para atender, dando tratamento DESIGUAL em face de algumas pessoas, sob pena de ser considerada uma CONDUTA DISCRIMINATÓRIA. Alguns doutrinadores entendem que não se trata exatamente de responsabilidade civil pré- contratual, porque não existe contrato, mas de um aspecto da responsabilidade aquiliana que tem a ver com o universo contratual. A recusa coloca-se no âmbito sociológico. Um exerce atividade para suprir a necessidade do outro, que não pode satisfazê-la por si só. Portanto, que vende mercadorias e serviços desempenha uma função social, por livre escolha. A recusa na venda constitui ato que se insere no campo do abuso de direito. O comerciante não é obrigado a vender, mas se dispôs a vender, não pode recusar a fazê-lo a quem pretende adquirir sua mercadoria ou serviço. Essa conduta poderia caracterizar prática abusiva, pois existe um desvio de finalidade. Sua conduta contrariaria a boa-fé, a moral, os bons costumes, os fins econômicos e sociais, constituindo ato abusivo. Sendo o ato contraditório ao Direito, ocasionaria a responsabilidade do agente pelos danos causados. Quebra das negociações preliminares Os atos prévios ou preparatórios à celebração do contrato podem gerar responsabilidade civil do infrator pela quebra injustificada da expectativa de contratar por força da violação da boafé objetiva pré contratual. A expectativa de contratar deve ter sido LEGÍTIMA (atitude da parte que cria no outro a expectativa de contratar) e ter causado PREJUIZO a parte que efetivou gastos na certeza da celebração do negócio, tudo dependendo das circunstâncias -> RC por aplicação da teoria da culpa in contrahendo. Pressupostos: gastos com contrato + ruptura injustificada Ocorre a quebra do dever de lealdade (um dos deveres anexos da boa-fé objetiva) + comprovação dos danos decorrentes. Importante é a demonstração de que a conduta do indivíduo violou a boa-fé objetiva, conceito aberto que deverá ser aplicado no caso concreto pelo magistrado (LER ACÓRDÃOS – CULPA IN CONTRAHENDO) Caso mais importante foi da CICCA e dos plantadores de tomates em 1991 (TJ/RS) – ela distribui sementes no tempo do plantio e manifestou a intenção de adquirir o produto, mais depois por conveniência não mais quer industrializá-los, causando prejuízo ao agricultor, que sofre a frustração da expectativa da venda da safra. RESPONSABILIDADE CIVIL PÓS-CONTRATUAL Pelos mesmos fundamentos que se reconhece a responsabilidade pré-negocial, há que se reconhecer uma responsabilidade civil pós-contratual. Tudo gira em torno da boa-fé objetiva e todos os deveres jurídicos anexos (lealdade, informação, sigilo, assistência – “L.I.S.A.”) Após o término da relação contratual os contratantes devem guardar segredo aos fatos conhecidos, reserva do contrato e de garantia do resultado do contrato concluído. Espera-se da parte um comportamento ético e honesto, uma em face da outra. Aula 16.04.2020 - VÍCIOS REDIBITÓRIOS E EVICÇÃO. AÇÕES EDILÍCIAS Ambos os institutos têm a finalidade de resguardar ou garantir ao adquirente de determinada coisa em contratos translativos da posse ou da propriedade. A obrigação NÃO termina com a entrega da COISA. O alienante deve garantir que o adquirente possa usufruir da coisa. Essa utilização da coisa pode ser interrompida se a coisa tiver vício ou pertencer a outra pessoa. Na relação contratual em geral há certas e determinadas garantias que indiscutivelmente se apresenta, tais garantias vertem sobre a coisa transmitida e sobre o direito transmitido. As garantias quando à coisa transmitida são aqueles referentes aos VÍCIOS REDIBITÓRIOS. Já as garantias quanto aos direitos transmitidos são aqueles referentesà EVICÇÃO. Repouso no dever geral do alienante fazer boa a coisa garantida, deve garantir que a coisa cumprirá suas funções e que o direito não esteja maculado. VÍCIOS REDIBITÓRIOS – ARTS. 441 / 446 Definição: São defeitos ocultos (não aparente) que diminuem o valor ou prejudicam a utilização da coisa recebida por força de um contrato comutativo (obrigações conhecidas pelas partes). A coisa se torna IMPRÓPRIA ou PREJUDICA O VALOR. O vício ACOMPANHA a coisa (não é posterior). Pode haver cláusula expressa excluindo a garantia por defeitos ocultos. Requisitos do vício redibitório: a) existência de um contrato comutativo – translativo de posse ou propriedade O comutativo é o tipo em que uma das partes, além de receber da outra prestação equivalente a sua, pode apreciar imediatamente essa equivalência. No momento da formação, ambas as prestações geradas pelo contrato estão definidas, como na compra e venda. Aleatório é o contrato em que as partes se arriscam a uma contraprestação inexistente ou desproporcional, como no contrato de seguro e no emptio spei: contrato de aquisição de coisas futuras, cujo risco de elas não virem assume o adquirente. b) defeito oculto existente no momento da tradição (defeito aparente não). Venosa = defeito deve ser grave – se o adquirente soubesse não tinha adquirido a coisa. Existente no tempo do contrato (resolvida por meio de prova) c) diminuição do valor econômico ou prejuízo na utilização ➔ Efeitos em caso de vício redibitório: a) Rejeitar a coisa, redibindo o contrato – AÇÃO REDIBITÓRIA Objetivo: desfazimento do contrato e a devolução do preço pago e despesas do contrato. b) Reclamar o abatimento do preço – AÇÃO ESTIMATÓRIA ou “QUANTI MINORIS” Objetivo: abatimento ou desconto do preço. Ambas são chamadas de ações edilícias. Perdas e danos – art. 443 – somente se o alienante conhecia o vício ou defeito oculto da coisa Prazo decadencial – art. 445 PRAZOS Vício aparente Não estava na posse da coisa Contagem: da entrega Vício aparente Estava na posse da coisa Contagem: da alienação Vício de difícil constatação Contagem: da ciência do defeito pelo adquirente Bens Móveis 30 dias 15 dias 180 dias Bens Imóveis 1 ano 6 meses 1 ano Ex.: se o inquilino está na posse há 1 ano não tem mais como reclamar vício ou defeito oculto. Ex. vício que aparece depois: imóvel com problemas nas fundações; máquina que possui peça defeituosa. Obs.: relembrando CDC: - 30 dias bens não duráveis / 90 dias bens duráveis. - Vício aparente (da tradição) e vício oculto (da ciência do consumidor) Responsabilidade é do fornecedor (maior) e os direitos também. Se o adquirente já estava na POSSE da coisa, o prazo conta-se a partir da ALIENAÇÃO pela METADE. Ex.: já estava na posse da coisa e decide comprá-la. Basta a simples posse anterior da coisa, mesmo que seja 1 dia antes (crítica da doutrina – deve ser observado caso a caso, não literal, usar bom senso). Razão: já estava na posse, o legislador entendeu que teria condições de detectar o defeito oculto. ➔ Garantia contratual Art. 446 diz que não correrão os prazos legais em caso de existir a garantia contratual, ela fica SOBRESTADA, PARALISADA. Todavia, verificado o defeito, o adquirente deverá denunciá-lo ao alienante no prazo de 30 dias, sob pena de decadência (do prazo legal). Consagração do princípio da BOA-FÉ. Seu silêncio pode ser interpretado como má-fé, intenção de prejudicar ou tirar vantagem. EVICÇÃO – 447/457 Evicção remete e ideia de “perda”. Conceito: perda pelo adquirente (evicto) da posse ou propriedade da coisa transferida, por força de uma sentença judicial ou ato administrativo que reconheceu o direito ANTERIOR de terceiro, denominado evictor. Coisa foi alienada, mas não pertencia ao alienante. Neste caso o alienatário (adquirente) poderá voltar-se contra aquele (alienante) se vier a perder a coisa. Terceiro deve provar o seu legítimo e anterior direito à propriedade da coisa. Alienante (quem vende) 3 personagens => Adquirente (evicto) – sofre a perda Terceiro (evictor) – reivindicante Evicção tem natureza jurídica de GARANTIA. Fundamento jurídico principal é a proibição ao enriquecimento sem causa e a boa-fé objetiva. Quem responde pela evicção: o ALIENANTE (art. 447), ainda que a aquisição tenha sido realizada em HASTA PÚBLICA. ➔ Requisitos para caracterização da responsabilidade do alienante a) Aquisição de um bem A evicção deve ser POSTERIOR (cronologicamente) à aquisição. Observar como o bem foi adquirido. Duas formas: - Contrato oneroso (exclui contrato gratuito como doação simples e comodato): são os contratos que ambas as partes levam vantagem e proveito econômico. Ex.: compra e venda. A evicção pode ocorrer na dação em pagamento (art. 359 CC); Na transação (art. 845 CC); Na troca ou permuta (art. 533 CC), e, na partilha do acervo hereditário (art. 2024 CC). - Aquisição em hasta pública: Hasta pública – alienação forçada dos bens já que é público tem que ser por EDITAL. b) Perda da posse ou propriedade Evicção = perda do domínio (propriedade) ou posse. Por força de ato judicial ou administrativo que reconheça direito ANTERIOR de terceiro. O direito de terceiro deve ser preciso, certo para ocorrer a evicção. c) Prolação de sentença judicial ou execução de ato administrativo Sentença judicial = a sentença reconhece direito anterior de outrem. Ato administrativo = ex.: apreensão policial. Ex.: numa blitz policial verifica-se que o carro conduzido por “A”, comprado recentemente de “B” era roubado. Veículo é apreendido (perda da posse e, posteriormente, da propriedade). Entra com ação para reaver do alienante a justa compensação por sua perda. Ex.2: apreensão de produtos por fiscais da alfândega. ➔ Direitos do evicto – art. 450 - Restituição do preço pago - Indenização dos frutos produzidos - Indenização pelas despesas do contrato - Indenização pelos prejuízos - Custas judiciais - Honorários IMPORTANTE - Ler arts – 451/454 – condições para indenização / benfeitorias Evicção e benfeitorias Benfeitorias = obra realizada na coisa com o objetivo de: - Conservar = benfeitoria necessária -> evitar estrago iminente ou deterioração da coisa. Ex.: reparação num viga. - Melhorar = benfeitoria útil -> facilitar a utilização da coisa. Ex.: abertura de um portão para garagem - Embelezar = benfeitoria voluptuária -> mero deleite ou prazer, não aumenta a utilidade da coisa. Ex.: decoração, jardim, piscina. BN e BU feitas pelo adquirente -> são pagas pelo alienante (art. 453), caso o terceiro evictor não pague. BN e BU feitas pelo alienante -> descontará do valor a ser pago ao adquirente (art. 454). O CC não faz menção às BV – se realizada de boa-fé e desde que não tenham sido pagas, seguem a regra geral do art. 1219 -> poderão ser levantadas, sem detrimento da coisa. Se não puder ser removida sem danos à coisa principal, perdê-la-á o evicto/adquirente em favor do reivindicante (a benfeitoria foi realizada por mero deleite, sem sua anuência). ➔ Espécies de evicção Total – perda integral da coisa alienada Evicção = Parcial – perda não integral da coisa alienada – ex.: reinvindicação de partes de livros de uma biblioteca, parte de um terreno, parte de animas de uma fazenda. Seja qual for, o preço a ser restituído será o do valor da coisa, na época em que se perdeu. Em caso de evicção parcial o evicto pode optar pela dissolução do contrato (ação de evicção) ou restituição de parte do preço correspondente ao desfalque sofrido (desfalque = indenização). Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização. Considerável = caso concreto. PRAZO– discussão doutrinária – NÃO HÁ PRAZO ESPECÍFICO. Pablo – natureza de reparação civil – 3 anos (art. 206, § 3º, V, CC). Outros sustentam prazo geral – 10 anos. ➔ Evicção e autonomia da vontade – cláusula restringindo direito exclusão Cláusula = diminuição da garantia – ex.: não indenizar os frutos, abater frutos Restituídos Aumento da garantia – ex.: estipulação de multa em caso de evicção Fundamento – “art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção.” Deve constar de cláusula expressa. Hipótese de exclusão legal da garantia – art. 457 – se o adquirente sabia que a coisa era alheia ou litigiosa. Exclusão – o adquirente terá o direito de receber ao menos o preço pago se não sabia do risco da evicção ou tendo sido informado dele, não o assumiu – art. 449 Na cláusula contratual vai estar a seguinte frase “o alienante não responde pelos riscos da evicção”. Portanto, a exclusão será total para o alienante se (art. 449 c/c 457): - Constar cláusula expressa de exclusão - Dar ciência ao adquirente do risco da evicção - Adquirente assume o risco de perder a coisa neste caso o contrato apresenta-se com natureza ALEATÓRIA. ➔ Evicção e aspectos processuais “A” alienante – transmitiu o bem que não lhe pertencia “B” adquirente – evicto – sofre a evicção – comprou o bem do alienante “C” terceiro – evictor – reivindica a coisa “C” entra com AÇÃO REIVINDICATÓRIA contra “B” (tem a propriedade do bem). “B” DENUNCIA A LIDE “A” para garantir o direito de regresso. Doutrina – divergência – é obrigatória a denunciação da lide na ação reivindicatória? Pablo – não. Não se pode cercear o direito do evicto. Venosa – sim. Se não fizer o adquirente decai do direito à evicção “Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes: I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que dá evicção lhe resultam” 2 relações: (1) “C” x “B” – objetivo é ter a coisa já que é o legítimo proprietário. (2) “B” x “A” – objetivo é o ressarcimento do preço pago, benfeitorias e indenizações. A sentença julgará as 2 relações processuais. Aula 23.04.2020 - EXTINÇÃO DA RELAÇÃO CONTRATUAL Obrigação pessoal tem caráter transitório O contrato nasce para ser extinto. Pela vontade das partes Desfaz o contrato = contra a vontade das partes Independentemente da vontade das partes CC – ARTS. 472/480 CONTRATO – nasce -> desenvolve -> morre Para compreender, sistematicamente, as formas de extinção contratual, vamos levar como parâmetro o MOTIVO que determinou para tal ocorrência. Cumprimento do contrato Natural = Ocorrência de um evento (fator eficácia) Nulidade/anulabilidade Causa anterior = Direito de arrependimento EXTINÇÃO celebração Redibição Incidentes = Resilição Causa posterior Resolução À celebração Rescisão Morte do contratante ➔ EXTINÇÃO NATURAL Meio ordinário: cumprimento do contrato, execução do contrato. Ex.: pagar, prestar serviços. Com o adimplemento da obrigação (dar, fazer e não fazer). Eventos: fator eficacial está ligado a decurso do tempo ou ocorrência de um evento futuro e incerto: - Vencimento do termo: evento futuro e certo; determina uma data para seu término. Ex.: contrato de assistência técnica. - Condição resolutiva: condição – evento futuro e incerto. O implemento da condição gera a extinção do contrato. Ex.: inadimplemento extingue contrato / retrovenda (contrato de compra e venda). - Condição suspensiva: a frustração da condição suspensiva pode gerar a extinção do contrato. Se a condição suspensiva não ocorre, podemos dizer que o contrato extinguiu. Ex.: se você passar no vestibular, te dou o carro. ➔ CAUSAS ANTERIORES OU CONTEMPORÂNEAS Á FORMAÇÃO DO CONTRATO I – NULIDADE – nulidade absoluta – art. 166 e 167 Agressão a ordem pública legalmente qualificada como circunstância de nulidade. Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; IV - não revestir a forma prescrita em lei; V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. Efeito – ex tunc ANULABILIDADE – nulidade relativa – art. 171 Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: I - por incapacidade relativa do agente; II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. Efeito – ex nunc Obs.: porque não tem existência? Porque ele jamais existiu, não tem como extinguir o que não existiu. III – DIREITO DE ARREPENDIMENTO Falamos do direito expresso no contrato, não de resilir ou denunciar o contrato. Art. 420 CC – perda do sinal em caso de exercer o direito de arrependimento. “Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar”. IV – REDIBIÇÃO Redibir = extinguir (art. 442). Presença de vício redibitório (defeito oculto que diminui ou prejudica a utilização da coisa recebida por força de um contrato comutativo). Pode gerar extinção, mas nem sempre gera. O resultado do Vício Redibitório pode gerar revisão das prestações ou o abatimento do preço. ➔CAUSAS POSTERIORES OU SUPERVENIENTES À FORMAÇÃO DO CONTRATO O contrato se concretizou de forma plena. I – RESILIÇÃO Conceito = cessão do vínculo contratual pela vontade das partes, ou, por vezes, de uma das partes. Extinção que se dá por vontade dos sujeitos (alguns chamam de rescisão unilateral), de uma ou de ambas as partes. Art. 473 – resilição unilateral opera mediante denúncia notificada à outra parte. Pode ser unilateral: resilição unilateral. Efeito ex nunc A natureza do contrato permite que uma das partes dê por finda a relação: comodato, mandato, depósito. Contratos baseados na confiança. Nos contratos de trato sucessivo ou obrigações periódicas, exige-se uma notificação prévia, para não surpreender a outra pessoa. Art. 473 – opera-se mediante notificação à outra parte. Denunciar o contrato = resilir o contrato unilateralmente. Art. 473 – pu – investimentos – a denúncia unilateral só produzirá efeitos depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos. Pode ser bilateral: distrato. Autonomia da vontade estabeleceu a relação contratual, ela também pode desfazê-la. Efeito ex nunc. Como? Na mesma forma como foi pactuada – art. 472 – escritura pública, escrito etc. Nada impede que um contrato oral seja desfeito pela forma escrita e que um escrito particular seja desfeito por escritura pública. Mas ao contrário depende do contrato (ex. alienação imobiliária não pode). II – RESOLUÇÃO Resolução = descumprimento do pactuado, inadimplemento. Inexecução do contrato por uma das partes. Pode ser voluntária (culposa) ou involuntariamente (não culposa). É importante requerer a declaração judicial e notificar a outra parte. 1ª forma de resolução – inexecução voluntária. Culpa das partes. Ex nunc – se o contrato for de prestação única Ex tunc – se o contrato for de prestação continuada Inadimplemento culposo causa obrigação de indenizar Ex.: contrato parcialmentecumprido. Voluntariedade na inexecução vamos tratar em tema específico: - Exceção do contrato não cumprido - Resolução por onerosidade excessiva 2ª forma de resolução – inexecução involuntária (inadimplemento não culposo). Fatos alheios à vontade. Gera devolução de valores pagos. Art. 393: caso fortuito e força maior (principal característica = inevitabilidade e imprevisibilidade). CLÁUSULA RESOLUTIVA OU RESOLUTÓRIA As partes podem prever, no próprio conteúdo do contrato, que, caso haja descumprimento, ele será considerado extinto. É a chamada cláusula resolutória ou resolutiva expressa ou pacto comissório expresso. Pacto comissório = cláusula pela qual se estipula que qualquer das partes opte pela resolução do contrato, se o outro contratante não cumpre obrigação que lhe compete. Quando as partes nem cogitaram acerca do inadimplemento contratual, fala-se da existência de uma cláusula resolutória tácita, pois em todo contrato bilateral, por força da interdependência das obrigações, o descumprimento culposo por uma das partes deve constituir justa causa para a resolução do contrato, uma vez que se um é a causa do outro, deixando-se de cumprir o primeiro, perderia o sentido o cumprimento do segundo. Art. 474 – a cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial. Pleno direito = deve ser interpretado da seguinte forma: ocorrendo o inadimplemento a parte lesada tem o direito de pedir o seu cumprimento, ou não sendo possível a realização da prestação a declaração judicial da sua resolução (art. 475). Resumindo: havendo inadimplemento e optando a parte lesada pela resolução: a) Há cláusula resolutória expressa: a manifestação judicial terá efeito DECLARATÓRIO, operando-se ex tunc (retroage). Pode cumular pretensões como devolução dos valores pagos, indenização etc. b) Não há cláusula resolutória expressa: é imprescindível a interpelação judicial para desconstituir o vínculo contratual (objetivo = cientificar a outra parte da resolução do contrato, até porque o contrato é bilateral, sinalagmático, e a parte também tem sua obrigação). III – RESCISÃO Imprecisão terminológica. Divergência doutrinária O CC utiliza a expressão sem um significado único. Pablo= 2 acepções: (i) sentido genérico da palavra: extinção do contrato; (2) ruptura do contrato por nulidade. Venosa= extinção contratual por culpa 3 posicionamentos são relevantes (não em ordem de importância): 1º) MHD diz que RESCISÃO é extinção anômala – qualquer extinção que não se dê por cumprimento. 2º) Carlos Roberto Gonçalves diz que RESCISÃO se aplica aos casos de lesão. 3º) Francesco Messineo diz que RESCISÃO se aplica aos casos de lesão e estado de perigo. IV – MORTE DO CONTRATANTE: Contratos personalíssimos e com avença prévia. O contrato produz efeitos até a morte, portanto, não tem efeito retroativo (ex tunc). Nas demais situações fáticas, as obrigações contratuais, bem como os direitos correspondentes, transmitem-se aos herdeiros do de cujus. Efeito ex nunc. Exceção do contrato não cumprido, Teoria da imprevisão Resolução por onerosidade excessiva EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO -> extinção do contrato Exceptio non adimpleti contractus Forma extinção de contrato Arts. 476-477 Conceito É um meio de defesa pela qual a parte demandada pela execução de um contrato pode arguir que deixou de cumpri-lo pelo fato da outra parte ainda também não ter satisfeito a prestação correspondente. Elementos - Contrato bilateral: dependência recíproca de obrigações, uma é a causa de ser da outra. - Exigência do cumprimento da obrigação: para alegar a exceção deve haver a provocação, exigindo-se o cumprimento da obrigação. - Prévio descumprimento da prestação pela parte demandante: é o prévio descumprimento que autoriza a outra parte se valer da exceção. Exemplo: Contrato de empreitada. Se o contratante não entrega os materiais no dia acordado. A empreiteira não realiza a obra. O contratante ingressa com ação para obrigar a realizar a obra. A empreiteira pode alegar exceção de contrato não cumprido como defesa. Garantia de cumprimento Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la. Se houver fundado receio do futuro descumprimento do contrato, por força da diminuição posterior do patrimônio da parte contrária, a parte pode não cumprir a obrigação que lhe incumbe, até que o outro satisfaça a prestação a que lhe compete ou dê garantia para satisfazê-la. Ex.: vendedor não entrega mercadoria se fato superveniente ao contrato acarretar diminuição considerável no patrimônio do comprador, capaz de tornar duvidoso o posterior adimplemento de sua parte na avença, podendo aquele reclamar o preço de imediato ou exigir garantia suficiente. TEORIA DA IMPREVISÃO -> revisão contratual ONEROSIDADE EXCESSIVA -> resolução Contratos são feitos para serem cumpridos – pacta sunt servanda. Por este princípio, não é dado às partes alterar o contrato unilateralmente ou pedir ao juiz que o revise. A vontade conjunta das partes, pode evidentemente revisar e alterar o contrato, ou extingui- los, com base no princípio da autonomia da vontade. Todavia, em situações excepcionais, é possível a revisão do contrato por força de uma intervenção judicial. Conceito Instituto que permite rediscutir os preceitos contidos em uma relação contratual em face da ocorrência de acontecimentos novos, imprevisíveis pelas partes e a elas não imputáveis. Ressurgimento da cláusula rebus sic stantibus (“retornar as coisas como eram antes") do Direito Canônico, na qual o contrato só seria exigível se as condições econômicas do tempo de sua execução fossem semelhantes às do tempo de sua celebração. A cláusula caiu no esquecimento nos séculos XVIII e XIX, especialmente no auge do liberalismo, em que se cultuava a vontade e a razão humana como o centro de todo o universo social. Elementos para a aplicabilidade - Superveniência de circunstância imprevisível: a causa dever ser imprevisível, e não inserir na álea (risco) de previsão contratual. - Alteração da base econômica objetiva do contrato: isso impõe onerosidade excessiva a uma ou a ambas as partes. - Onerosidade excessiva: aumento na gravidade econômica da prestação a que se obrigou. Teoria da imprevisão no CDC Art. 6º, V – é direito do consumidor pleitear a revisão do contrato se circunstância superveniente desequilibrasse a base objetiva do contrato, impondo-lhe prestação excessivamente onerosa. Não exige fato superveniente e imprevisível. Teoria da Imprevisão no CC Da Resolução por Onerosidade Excessiva Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação. Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as condições do contrato. Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva. ➔ Aplicando o instituto O fato posterior pode onerar uma ou ambas as partes. O fato deve ser: - Imprevisível: não esperado. - Extraordinário: excepcional, escapando do curso normal e ordinário dos acontecimentos da vida. O devedor excessivamente onerado poderá pedir a - Resolução – art.478 –ou seja, o desfazimento do contrato. - Revisão – art. 479 ➔ Revisibilidade do contrato O réu pode modificar equitativamente as condições do contrato. Trata-se de uma faculdade do demandado. Pablo -> juiz poderá prolatar sentença revisional, corretiva das bases econômicas do negócio, mesmo com a oposição do devedor (fundamento: princípios da dignidade da pessoa humana e da efetividade do processo). Ele corrigirá o equilíbrio do contrato. ➔ Aplicação nos contratos unilaterais – art. 480 Para evitar a onerosidade excessiva – a norma tem cunho acautelatório – o devedor poderá pugnar pela redução ou a alteração do modo de executá-la. Ex.: doação unilateral – fornecer 50 sacas de cereais por via que foi obstada, pode pedir que se utilize outra via (fluvial, por exemplo). ➔ Pode proibir por cláusula contratual a teoria? Pablo -> tal cláusula violaria preceito de ordem pública, sendo atentatório da própria garantia da função social do contrato, seria leonina. Aula 07/05/2020 - CONTRATOS EM ESPÉCIE 1. COMPRA E VENDA 1.1. INTRODUÇÃO A COMPRA E VENDA Previsão legal artigos 481 a 532 do CC. Art. 481, CC → Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro. A Compra e venda é o contrato em que uma parte assume a obrigação de pagar uma remuneração e a outra parte assume a obrigação de entregar um bem, mediante o pagamento do preço. Relação bilateral, sendo que uma parte transfere o domínio de algo e em contraprestação recebe um tipo de riqueza. No sistema brasileiro a compra e venda da propriedade de um imóvel é adquirida pelo REGISTRO, no Cartório de Registro Imobiliário (CRI), ou se for um bem móvel, pela TRADIÇÃO. Art. 1267, CC → A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição. Art. 1245, CC → Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis. “Civil. Compra e venda. Imóvel. Transcrição. Matéria de prova. I. Ensina a doutrina que na compra e venda de imóvel a transcrição no registro imobiliário do título translativo da propriedade apenas completa, ainda que necessariamente, a operação iniciada com o contrato, ou qualquer outro negócio translativo. O modus é condicionado pelo titulus. O registro é ato automático, independente de providências do transmitente. II. Em sede do Especial, inviável qualquer intento no sentido de reexame de matéria que envolva reavaliação de provas. III. Recurso não conhecido” (STJ, REsp 5.801/SP, 3.ª Turma, Rel. Min. Waldemar Zveiter, j. 10.12.1990, DJ 04.02.1991, p. 576). Na compra e venda antes da tradição/registro não há aquisição da propriedade, assim, os riscos pelo perecimento da coisa ANTES da tradição/registro são de responsabilidade do proprietário vendedor (alienante) Res perit domino. Exemplo: compra e venda de carro. O comprador paga o valor porém combinam retirar o veículo no dia seguinte da concessionária. Se no estacionamento cair um murro em cima do carro e destruir, a concessionária assumirá o prejuízo pois ainda não houve transmissão de propriedade. Diferença de Compra e Venda e Leasing: o leasing (arrendamento mercantil) é um contrato de compra e venda de uso. A diferença está que no contrato de compra e venda uma pessoa paga enquanto que outro transfere o domínio. Já no contrato de leasing, uma pessoa paga enquanto a outra, em contraprestação, entrega o uso da coisa. Terminado o prazo contratual, há 3 possibilidades: 1) Extinção do contrato; 2) Renovação do contrato por novo período; ou 3) Direito de compra (o arrendatário pode comprar a propriedade do bem, pagando a diferença entre o valor do bem e o valor pago a título de arrendamento → valor residual de garantia - VRG). Nesse sentido, o STJ editou a Súmula 293, STJ → A cobrança antecipada do valor residual garantido (VRG) não descaracteriza o contrato de arrendamento mercantil. Dessa forma, se o arrendatário deixar de pagar as parcelas mensais, o arrendante tem direito a busca e apreensão ou reintegração de posse porque a propriedade do bem continua sendo sua (alienante). 1.2. CLASSIFICAÇÃO DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA A natureza jurídica da compra e venda é: (i) bilateral ou sinalagmático, (ii) oneroso, (iii) comutativo (regra*), (iv) consensual, (v) formal ou informal, depende do bem (imóvel ou móvel) e(vi) típico**. *Eventualmente, a compra e venda pode assumir natureza aleatória quando se tratar de venda de venda sujeita à prova, venda a contento ou venda de coisa incerta (ver abaixo) ** Segundo Flávio Tartuce: “a compra e venda assume a forma de adesão, podendo ainda ser contrato de consumo, nos termos dos arts. 2.º e 3.º da Lei 8.078/1990 (venda de consumo). Para a última hipótese, a teoria do diálogo das fontes é fundamental, pois as regras relativas ao contrato previstas no CC/2002 devem ser interpretadas de acordo com os princípios de proteção ao consumidor e com os artigos do CDC”. 1.3. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA Os elementos da compra e venda são: 1) Consentimento das Partes; 2) Coisa; 3) Preço. 1.3.1. Consentimento O consentimento deve ser manifestado de forma livre e desembaraçada (espontâneo), sob pena anulabilidade do contrato (teoria do NJ), bem como manifestado por pessoas capazes sob pena de nulidade ou anulabilidade da compra e venda (modalidade de incapacidade). Em algumas situações, poderão existir restrições/necessidade especiais: 1) Venda de bens de nascituro ou incapaz - Além do representante, precisa de autorização judicial e ser ouvido o MP para a venda do imóvel, não basta ir no cartório. 2) Compra e venda de ascendente para descendente É preciso o consentimento dos demais descendentes e do cônjuge do vendedor sob pena de anulabilidade do negócio. Art. 496, CC →É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido. Também, pode ser anulada a compra e venda de ascendente para descendente sem o consentimento dos demais interessados. No sistema jurídico brasileiro, a compra e venda de ascendente para descendente é diferente da doação. Na doação de ascendente e descendente presume ser antecipação de herança, salvo se, no ato da doação, houver indicação expressa de que o bem sai da parte DISPONÍVEL, respeitado o limite da legítima. Já no caso de compra e venda de ascendente para descendente, salvo má-fé, é uma compra e venda normal. Art. 179, CC → Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato. Enunciado 368, IV Jornada de Direito Civil → O prazo para anular venda de ascendente para descendente é decadencial de dois anos (art. 179 do Código Civil). O prazo deverá começar a correr da data do conhecimento do dano, ou seja, o prazo de 02 anos para anular a compra e venda do ascendente para descendente contará a partir do conhecimento da venda. Atenção.: a compra e venda de descendente para ASCENDENTE NÃO necessita do consentimento dos demais interessados, assim para que a venda de ascendente para descendente seja anulada (art. 496 do CC), é imprescindível que o autor da ação anulatória comprove que houve prejuízo aos herdeiros necessários. 3) Compra e venda entre marido e mulher É lícita a compra e venda entre marido e mulher, mas somente no que diz respeito aos bens excluídos da comunhão, até mesmo porque ninguém pode comprar ou vender aquilo que já é seu. Art. 499, CC → É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da comunhão. 4) Venda debem imóvel por pessoa casada Exige-se o consentimento do cônjuge para a venda de bem imóvel e para fiança e aval. Conforme previsto no art. 1.647, inc. I, do CC, que trata da necessidade de outorga conjugal para venda de bens imóveis a terceiros, sem esta outorga (uxória ou marital), a compra e venda será anulável (art. 1.649 do CC). Para um bem móvel, não é necessário. Se um dos cônjuges se recusar, sem justo motivo, poderá ser pleiteado judicialmente a questão. Também não é necessário o consentimento se o regime de casamento for de separação, participação final dos aquestos se assim estiver no pacto antenupcial ou ainda se o casal viver em união estável. A jurisprudência entende que se exige o consentimento do cônjuge também para a promessa de compra e venda de bem imóvel. Art. 1649, CC → A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal. 5) Compra e venda de bem condominial Para a venda do bem condominial é necessário o consentimento de todos os condôminos. Se um dos condôminos se recusar, imotivadamente, a dar o consentimento, poderá haver suprimento judicial. O condomínio que pretende vender a sua fração ideal deverá dar preferência aos demais condôminos. Este direito de preferência será garantido por meio de notificação judicial ou extrajudicial com prazo mínimo de 30 dias. O direito de preferência só ocorre na alienação onerosa; não se aplica na alienação gratuita. Se houver a venda sem observância da preferência, o negócio é INEFICAZ em relação os condôminos preteridos. Dessa forma, o condômino preterido terá o prazo de 180 dias para promover uma ação de adjudicação compulsória. Art. 504, CC →Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência. Nenhuma dessas regras se aplica ao condomínio edilício (partes comuns e partes exclusivas). 6) Proibição de venda bens sob administração Também é considerada nula a venda realizada de bens sob administração, isso porque, os bens estão sujeitos ao dever de zelo e guarda. Exemplo: tutor e curador. Art. 497, CC →Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública: I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou administração; II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta; III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua autoridade; IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados. 1.3.2. Preço Toda compra e venda tem um valor monetária, este deve ser certo e determinado (ou determinável) e em moeda nacional corrente, pelo valor nominal, conforme o art. 315 do CC (princípio do nominalismo) . Atenção: Se o adquirente entregar outra coisa ao invés de dinheiro, trata-se de troca ou permuta e não compra e venda. O preço pode ser fixado com base na taxa de mercado ou bolsa de valores bem como índices econômicos. Art. 486, CC →Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar. Art. 487, CC → É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis de objetiva determinação. Art. 489, CC → Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço. Lembre-se também que, no âmbito do CDC, o preço deve estar submetido ao dever de informação do fornecedor (exemplo: gôndolas de supermercado). Nos termos do art. 315, o preço se submete ao princípio do nominalismo. Art. 315, CC → As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em MOEDA CORRENTE e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subsequentes. [...] Exceção: Compra e venda internacional, nos termos do Decreto-lei 857/1969. 1.3.3. Coisa É o bem, seja ele móvel ou imóvel, corpóreo ou incorpóreo, atual ou futuro, coisa alternativa ou incerta, pode ser objeto de compra e venda. A coisa deve ser lícita, determinada (coisa certa) ou determinável (coisa incerta, indicada pelo gênero e quantidade). É permitida a venda de coisa litigiosa. O art. 483 do CC trata da compra e venda de coisa futura (sob encomenda). É permitida também a venda de coisa incerta e venda alternativa, mas não de herança de pessoa viva Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. 1.4. EFEITOS JURÍDICOS DA COMPRA E VENDA O Contrato de compra e venda tem 4 consequências a serem destacadas como garantias: 1) Evicção; 2) Vícios redibitórios; 3) Garantia contra o perecimento da coisa (a coisa perece para o seu dono); 4) Divisão de despesas. Art. 490, CC → Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição. Podem as partes dispor de forma contrária. 1.5. REGRAS ESPECIAIS DE COMPRA E VENDA Veremos neste ponto duas situações especiais de compra e venda: 1.5.1. Venda sobre amostras Venda por amostras, o vendedor assegura a qualidade do produto, ou seja, o produto vendido deve ter a mesma qualidade do modelo ou do protótipo. Art. 484, CC → Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, entender-se-á que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas correspondem. Na divergência entre a amostra e o produto, prevalece a amostra em relação ao produto. Art. 484, § único → Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo, se houver contradição ou diferença com a maneira pela qual se descreveu a coisa no contrato. 1.5.2. Venda Ad Mensuram e Ad Corpus Ad corpus: o objeto da venda é um bem compreendido como um todo. Exemplo: fazenda em Bauru. Ad mensuram: é a venda sobre determinada e específica medida. Exemplo: 500 hectares. Na venda ad mensuram pode ocorrer vício redibitório (AÇÕES EDILÍCIAS: Ação redibitória: desfazimento ou Ação intimatória: redução proporcional do preço pago). Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área (ação ex empto), e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato (ação redibitória) ou abatimento proporcional ao preço (ação estimatória ou quanti minoris). Art. 500, §1º, CC → Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando a diferença encontrada não exceder de um vigésimo da área total enunciada, ressalvado ao comprador o direito de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio. § 2o Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso. § 3o Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às suas dimensões, ainda que não conste, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus. CS - DIREITO CIVIL III 75 Art. 501. Decai do direito de propor as ações previstas no artigo antecedente
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