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Apostila de Estudo para Dentística 2017

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Diagnóstico e plano de tratamento: 
 O plano de tratamento é uma série de tratamentos em ordem de necessidade ou de 
exigência do paciente, cuidadosamente planejados para eliminar ou controlar os 
fatores etiológicos, reparar danos existentes e criar um ambiente bucal funcional e 
passível de ser mantido. 
 Um prognóstico preciso para cada dente e para a saúde bucal geral do paciente é 
fundamental para o seu sucesso. Para estabelecer o plano de tratamento, o CD precisa 
ser capaz de prever os possíveis resultados dos procedimentos a serem realizados, 
tendo em vista a condição atual e o conhecimento científico sobre prováveis efeitos 
dos diferentes tratamentos. 
 Tendo em mãos a lista inicial dos problemas a serem resolvidos, o profissional deve 
propor alternativas de tratamento, as quais são apresentadas ao paciente, detalhando 
vantagens e desvantagens e o custo de cada uma delas. O paciente deve decidir, com a 
ajuda do profissional, qual delas sera realizada. Os procedimentos devem ser 
ordenados numa sequencia de execução mais adequada. 
 A sequência deve ser de tal modo que a doença é tratada seguindo a prioridade de 
importância para a saúde geral do paciente. 
 Deve seguir a seguinte ordem: Fase sistêmica  fase de urgência/emergência  fase 
de controle da doença  fase de reavaliação  fase definitiva e fase de manutenção. 
 
Planejando o tratamento restaurador: 
 O planejamento de restaurações de dentes individuais é a peça final no planejamento 
do tratamento restaurador. Requer a consideração de quatro fatores principais: 
o Quantidade da estrutura dental remanescente 
o Forma da estrutura dental remanescente 
o As necessidades funcionais de cada dente 
o Objetivo final do plano de tratamento geral. 
CARIOLOGIA 
Etiologia: 
 Os ciclos de desmineralização e remineralização são influenciados por muitos fatores 
determinantes, o que faz da cárie uma doença multifatorial. 
 Basicamente, para o desenvolvimento de uma lesão de carie, três fatores são 
essenciais, sendo eles: 
o O hospedeiro (dente) 
o A microbiota favorável 
o Dieta 
A importância da saliva como fator protetor: 
 A saliva participa ativamente nos processos de desmineralização e remineralização dos 
tecidos dentais, através das trocas iônicas de cálcio e fosfato. Ela apresenta uma 
capacidade-tampão, que é a propriedade da saliva de manter o seu pH constante 
entre 6,9 e 7. 
 Outro importante papel protetor da saliva é a limpeza mecânica, através do fluxo 
salivar. 
 Ela também influencia no equilíbrio ecológico dos microrganismos bucais, pois serve 
de substrato para as bactérias, interfere na adesão microbiana, pela formação da 
película adquirida, e possui substancias antimicrobianas imunológicas e não 
imunológicas. 
 O fluxo salivar diminui durante a noite, o que explica a ocorrência de lesões rampantes 
observadas em crianças que fazem uso de mamadeiras com sacarose durante a noite. 
Métodos de diagnóstico das lesões de cárie: 
 Vários métodos podem ser utilizados para determinar a presença ou ausência das 
lesões de carie. Para analisar o quão preciso é um método, ou seja, sua capacidade de 
prover um diagnóstico que corresponda a realidade, pode-se realizar uma analise 
dicotômica (presença ou ausência da doença), cujos resultados são comparados com 
outra avaliação, denominado padrão “ouro”. 
 
 As decisões diagnósticas podem ser positivas ou negativas para a presença da lesão, 
sendo que, dependendo do real estado, quatro tipos de resultados podem ser obtidos: 
o Positivo verdadeiro  método diagnóstico positivo para a presença de lesão e 
o padrão de validação confirma a existência. 
o Negativo verdadeira  método diagnóstico negativo para presença da lesão e 
o padrão confirma esse diagnóstico 
o Falso-positivas  método diagnóstico positivo para a presença da lesão, 
porém não confirmado pelo padrão de validação. 
o Falso-negativas  método de diagnóstico negativo para a presença da lesão, 
porém não confirmado pelo padrão de validação. 
 Idealmente, um método de diagnóstico deve ser: 
o Não invasivo e sendo capaz de proporcionar informações confiáveis, com alto 
grau de sensibilidade e especificidade, além de medidas precisas do tamanho 
e atividade da lesão cariosa. 
 Métodos: 
o Anamnese  primeiro método utilizado para realizarmos o diagnóstico de 
lesões de cárie. 
 
o Exame visual  é a forma mais simples de exame da estrutura dental, para 
que se torne um exame eficiente, toda placa bacteriana e mancha extrínseca 
deve ser removida previamente a avaliação visual dos elementos dentais. 
 
o Exame tátil  no passado recomendava-se para o diagnóstico de lesões 
oclusais que com uma sonda exploradora, fosse passada no fundo dos sulcos, 
porém com o passar dos anos e com mais estudos, foi se verificando que isso 
só acarretava mais danos a estrutura dental, uma vez que uma lesão de carie 
em estágios iniciais poderia ser avançada pela perfuração do tecido dental por 
meio da exploração com a sonda. 
 
o Exame radiográfico  é o método auxiliar mais importante que os 
profissionais dispõem para fazer o diagnostico das lesões de carie. Apresenta 
como vantagem principal não ser invasivo, permitir a detecção de lesões 
ocultas e permitir acompanhar a progressão ou regressão das lesões. Contudo 
não é capaz de detectar as lesões em estagio inicial, pois pequenas perdas 
minerais não são suficientes para gerar imagem radiográfica nítida. 
 
o Transiluminação por fibra óptica  o principio da Transiluminação baseia-se 
no fato de que o dente apresenta diferentes índices de transmissão da luz, que 
variam de acordo com seu estado de higidez, com a presença ou não de lesões 
cariosas, cálculos e materiais restauradores. Visto que uma lesão cariosa 
apresenta menor índice de transmissão de luz que a estrutura hígida, uma 
área afetada pela carie apresenta-se quando transiluminada, como uma 
sombra escura que segue os contornos externos da lesão. 
 
 
 Lesão de carie ativa: 
o Aspecto em esmalte: 
 Mancha branca, rugosa e opaca. 
o Aspecto em dentina: 
 Tecido amolecido de cor marrom clara. 
 Lesão de carie inativa: 
o Aspecto em esmalte: 
 Mancha branca, lisa e brilhante. 
o Aspecto em dentina: 
 Tecido duro e escurecido. 
 
 Lesão de cárie SECUNDARIA: 
o São lesões de carie comumente encontradas em margens ou interior de 
restaurações previamente feitas, essas lesões são então denominadas de 
lesões de carie SECUNDARIA. 
o Elas podem ser resultado de: 
 Falhas durante a confecção da restauração, tais como  o uso 
incorreto do sistema de matrizes e cunha e a adaptação incorreta do 
material restaurador na cavidade, resultando em espaços vazios na 
interface, ou do uso incorreto do sistema adesivo e uma técnica 
inadequada de inserção da resina composta, levando a formação de 
fendas marginais. 
o Contudo, o motivo mais frequente é o fato de o profissional ter tratado apenas 
a lesão de carie, e não a doença que o paciente apresenta. Sendo assim, novas 
lesões ocorreram e, muitas delas, vão se iniciar na interface dente-
restauração. 
NOMENCLATURA 
Constituintes básicos das cavidades e preparos dentais: 
 As cavidades e os preparos dentais apresentam 2 constituintes básicos: 
o As paredes  são as partes internas dos preparos e podem ser divididas em: 
 Paredes circundantes  são as paredes laterais da cavidade e que tem 
contato com a superficie externa do dente 
 Paredes de fundo  são aquelas que formam o assoalho das 
cavidades e estão voltadas para a câmara pulpar. 
o Os ângulos  são os encontros entre as paredes dos preparos. 
 
 Classificação das cavidades e preparosdentais: 
o A forma mais simples de classificar uma cavidade ou preparo é de acordo com 
o numero de faces envolvidas. Podemos então ter três possibilidades: 
 Preparos simples – envolve apenas uma face dental. 
 Preparo composto – envolve duas superfícies dentais. 
 Preparo complexo – envolve mais de duas superfícies dentais. 
o As cavidades e os preparos dentais podem ser classificados ainda de acordo 
com sua extensão em: 
 Intracoronário ou Inlay  preparos confinados no interior da 
estrutura dental, sem o recobrimento de nenhuma cúspide. 
 Extracoronário parcial  podem ser de dois tipos de acordo com o 
número de cúspides que são recobertas: 
 Onlay – preparos que fazem recobrimento de uma ou mais 
cúspides de um dente, mas não todas. 
 Overlay – preparos que fazem recobrimento de todas as 
cúspides, porém sem recobrir completamente as superfícies 
lisas. 
 Extracoronário total ou coroa total  são preparos que envolvem 
todas as cúspides e recobrem completamente todas as superfícies lisas 
dos dentes. 
 
o Outra forma de classificar as cavidades e os preparos dentais é em relação a 
sua profundidade e proximidade pulpar: 
 Rasa 
 Média 
 Profunda 
 Muito profunda 
 Exposição pulpar 
 Classificação das CAVIDADES de acordo com o autor, BLACK: 
 
o Cavidades de classe I: 
 Superfícies oclusais de pré-molares e molares 
 2/3 oclusais da face vestibular de molares inferiores 
 2/3 oclusais das faces linguais dos molares inferiores, incluindo lesões 
na região do tubérculo de Carabelli. 
 Região de cíngulo da face lingual dos dentes anteriores superiores 
 
o Cavidades de classe II: 
 São cavidades e preparos que atingem as faces proximais dos dentes 
posteriores. Mesmo se a superficie oclusal for acometida 
simultaneamente, ela também será denominada classe II. 
 
o Cavidades de classe III: 
 São aqueles localizados nas faces proximais dos dentes anteriores, 
sem comprometimento dos ângulos incisais. 
 
o Cavidades de classe IV: 
 São cavidades e preparos que envolvem as superfícies proximais dos 
dentes anteriores, com o comprometimento do ângulo incisal. 
 
 
o Cavidades de Classe V: 
 São cavidades e preparos localizados nos terços cervicais das faces 
vestibulares e linguais de todos os dentes, com exceção das faces 
linguais dos dentes anteriores superiores que são classificados CLASSE 
I. 
PROTEÇÃO DO COMPLEXO DENTINO-PULPAR 
Fatores que norteiam a proteção do complexo dentino-pulpar: 
 Para realizar a PCDP, além do diagnostico correto da condição pulpar, alguns fatores 
devem ser considerados, como: 
o Profundidade da cavidade 
o Idade do paciente 
o Presença de dentina esclerótica (ou terciaria) 
o Material utilizado para a proteção 
o Tipo de material restaurador 
 
 A profundidade da cavidade é determinada pela espessura de dentina remanescente 
entre o assoalho da cavidade e o teto da câmara pulpar. 
Limpeza dos preparos dentais: 
 Após o preparo dental, com instrumentos cortantes manuais ou rotatórios, deposita-
se sobre a superfície dental uma camada amorfa e delgada conhecida como Smear-
Layer. Essa camada representa uma proteção natural do complexo dentina-polpa 
contra a invasão de bactérias, produtos tóxicos e ácidos, pois oclui os túbulos 
dentinários. 
 Porém, também apresenta desvantagens, como interferência direta no mecanismo de 
adesão de alguns sistemas adesivos e manutenção de bactérias dentro da cavidade. 
 Em decorrência disto, a limpeza dos preparos é um procedimento recomendável. 
Materiais de proteção: 
 Podem ser classificados da seguinte forma: 
o Selantes ou vedadores 
o Forradores 
o Bases 
Vernizes cavitários: 
 O verniz pode ser considerado selante ou vedador do preparo e ser utilizado para 
proteger do complexo dentina-polpa sob as restaurações de amalgama. 
 
Agentes dessensibilizantes: 
 O objetivo desse material é diminuir a permeabilidade dentinaria e consequentemente 
a movimentação de fluidos pelo interior dos túbulos dentinários. 
Sistemas adesivos: 
 O mecanismo de acao dos sistemas adesivos como proteção do complexo dentina-
polpa baseia-se na obtenção de uma zona de selamento na superfície dentária, pela 
deposição de uma camada homogênea de material resinoso que oclui os túbulos 
dentinários. 
 Quando aplicados em cavidades rasas e de media profundidade, apresentam 
biocompatibilidade, sendo favoráveis à manutenção da vitalidade pulpar. 
 Contudo, em cavidades profundas e muito profundas, seus componentes podem 
difundir através dos túbulos e atingir o tecido pulpar, e os componentes presentes no 
adesivo em contato com tecido pulpar pode apresentar certa toxicidade que é 
indesejada. 
Cimento de ionômero de vidro: 
 O CIV apresenta diversas propriedades favoráveis para um material de proteção, como 
Adesividade química à estrutura dental, liberação de flúor e acao antimicrobiana. Os 
cimentos de ionômero de vidro convencionais apresentam coeficiente de expansão 
térmica linear semelhante ao da estrutura dental, enquanto no CIV modificado por 
resina esse coeficiente varia de acordo com o percentual de componente resinoso 
incorporado ao material. 
Técnicas de proteção do CDP 
Proteção pulpar INDIRETA: 
 Consiste da aplicação de agentes protetores sobre a dentina, quando ainda não houve 
exposição do tecido pulpar em decorrência da carie, traumatismos ou preparo dental. 
 
 Pode ser realizada após o termino do preparo e imediatamente antes de inserir o 
material restaurador definitivo, denominado simplesmente CAPEAMENTO INDIRETO. 
 
 Ou após a remoção parcial do tecido cariado quando se pretende reabrir a cavidade 
posteriormente, para terminar a remoção do tecido cariado remanescente, no 
processo chamado de TRATAMENTO EXPECTANTE – nesse caso deseja-se que o 
material protetor ESTIMULE a remineralização do tecido dentinário afetado pela lesão 
de carie e seja evitada uma exposição pulpar que poderia ocorrer caso uma remoção 
total fosse realizada de imediato. 
 
Capeamento DIRETO: 
 Está indicado nos casos de exposição mecânica ou acidental, estando a polpa com 
vitalidade e num estagio de reversibilidade. 
 
 Os fatores mais importantes são: 
o Diagnostico correto da condição pulpar 
o Ausência de contaminação bacteriana 
o Emprego de materiais protetores adequados 
o Selamento efetivo da cavidade.

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