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Química Geral Experimental 1, Thalíssia Suzanne Santos, Experimento 7 1 Reatividade de metais e pilha de Daniell Ex p er im en to 7 Thalíssia Suzanne Santos Departamento de Química Fundamental, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Brasil Professora: Maria Carolina Pacheco Lima Data da prática: 25/04/2014; Data de entrega do relatório: 16/05/2014 Resumo O experimento é destinado a comparar reatividades dos metais, e estudar as reações que acontecem em uma pilha de Daniell. Além disso a voltagem da pilha nas condições ideais e nas condições reais são comparadas. Palavras chave: Eletroquímica; Pilha de Daniell; Reatividade dos metais; Introdução Não há dúvidas que as pilhas são de grande importância para o dia a dia. Elas trazem mobilidade ao mundo moderno. Não é mais é preciso ficar conectado a uma tomada para poder usar um computador, ou falar ao telefone. Atualmente, têm-se baterias recarregáveis de polímero de íons de lítio, que apresentam uma grande densidade de carga. Isso permite que se coloque muita carga em uma pilha leve e compacta. Além disso, essas baterias não tem o efeito de memória, popularmente chamado de vício da bateria. Isso possibilita ao usuário maior liberdade na hora de carregar a bateria, e faz com que ela tenha uma maior vida útil. [1] Mas as pilhas nem sempre foram como as atuais. Inicialmente elas eram grandes, feitas com materiais diferentes dos de hoje. Geralmente eram usados metais pesados, o que gerava poluição. A pilha de Daniell, por exemplo, era feita com cobre e zinco. Mas até hoje serve como um bom exemplo nos laboratórios de química. Metodologia Primeiramente, foram postos metais dentro de tubos de ensaio com sais. No primeiro tubo foi colocado um fio de cobre (previamente lixado e lavado com água destilada) em um tubo com 3 ml de solução de FeSO4 a uma concentração de 0,1 M. Em outro tubo foi colocado um prego limpo com 3 ml de solução de CuSO4 0,1 M. E, por fim, no terceiro tubo, foi posto um fio de cobre, (também previamente lixado e lavado) em um tubo com 3 ml de solução de AgNO3 0,1 M. Os três sistemas foram deixados em repouso, a fim de observar-se em qual deles ocorria reação. Enquanto os sistemas ficavam em repouso, as partes da pilha foram preparadas: Figura 1: esquema de pilha de Daniell [2] Ponte salina: um cordão de algodão foi posto dentro de um béquer, mergulhado em uma solução de KCl 1,0 M. Eletrodos: uma lâmina de zinco e outra de cobre foram lixadas e lavadas com água destilada. Depois foram secas com algodão. Meias celas: Em um béquer foi posto 70 ml de solução de CuSO4 0,1 M, e em outro béquer, 70 ml de uma solução de ZnSO4 0,1 M Montagem e operação: a lâmina de cobre foi mergulhada na solução de CuSO4 0,1 M, e a lâmina de zinco foi mergulhada na solução de ZnSO4 0,1 M. Depois, a ponte salina foi colocada entre os béqueres (tomou-se cuidado para que o cordão ficasse mergulhado em ambas as soluções). Os eletrodos do voltímetro foram conectados e o Química Geral Experimental 1, Thalíssia Suzanne Santos, Experimento 7 2 potencial foi lido. A ponte salina foi retirada e o potencial foi lido mais uma vez. Por fim, a ponte salina foi recolocada (depois de ser lavada e novamente mergulhada na solução de KCl) e o potencial foi lido pela terceira vez. Neste experimento também foi observado o efeito de um hidróxido na pilha. Adicionou-se 20 ml de solução de NaOH 1,75M ao béquer com CuSO4 0,1M. O potencial foi lido. Depois disso, novas pilhas foram montadas da seguinte maneira: a concentração da solução de CuSO4 foi mantida fixa em 0,1 M, e a concentração da solução de ZnSO4 variou entre os valores 10-1 M, 10-3 M, 10-5 M e 10-7 M. Os potenciais foram novamente lidos. Resultados e discussão Os tubos de ensaio foram observados ao fim do experimento. Notou-se que no primeiro tubo (fio de cobre + solução de FeSO4) não ocorreu reação. No segundo tubo (prego + solução de CuSO4) houve o depósito de cobre na superfície do prego, além do desaparecimento gradual da cor azul da solução. No terceiro tubo (fio de cobre + solução de AgNO3) ocorreu o depósito de prata no fio de cobre e o aparecimento da cor azul na solução. O que aconteceu dentro dois últimos tubos foram reações de simples troca. Fe + CuSO4 Cu + FeSO4 2 AgNO3 + Cu 2 Ag + Cu(NO3)2 Para que a reação ocorra é necessário que o metal da substância simples seja mais reativo que o elemento deslocado na substância composta, ou seja, a substancia simples deve ter maior tendência de perder elétrons. No primeiro tubo de ensaio, o ferro é mais reativo que o cobre, por isso não ocorre a reação. No terceiro tubo, o cobre é mais reativo que a prata. Chega- se então a seguinte ordem de reatividade: Fe>Cu>Ag Figura 2: reações de simples troca Na montagem das pilhas foram observados os seguintes potenciais Tabela 1: Potenciais em volts da pilha com e sem ponte salina Potenciais Com ponte salina 0,9 ± 0,1 V Sem ponte salina 0,0 ± 0,1 V Com ponte salina 0,9 ± 0,1 V Primeiramente nota-se que o potencial sem a ponte salina é nulo. Em uma pilha há fluxo de elétrons do ânodo para o cátodo. Isso faz com que as soluções das celas fiquem com excesso de cargas. A função da ponte salina é fazer com que o circuito se feche. Os íons das celas podem migrar através da ponte salina sem que haja o contato entre as soluções. [3] Em segundo lugar, é possível observar que os potenciais da pilha com a ponte salina são menores que o esperado nas condições ideais. Esse potencial deve estar dentro de uma incerteza causada por impurezas nos eletrodos, ou por um desgaste natural da pilha. Pois, calculando pela equação de Nerst, obtem-se E = E0. 𝐸 = 𝐸° − 0,0257 𝑛 𝑙𝑛𝑄 onde E0 é o potencial padrão da pilha, n é o número de elétrons envolvidos e Q é o quociente da reação (que deve ser calculado considerando a atividade de cada composto): 𝑄 = 𝑎(𝐶𝑢) 𝑥 𝑎(𝑍𝑛2+) 𝑎(𝑍𝑛) 𝑥 𝑎(𝐶𝑢2+) A atividade de sólidos é igual a 1, e a atividade de íons em soluções diluídas é considerada como igual a sua concentração. Obtêm-se o potencial da pilha de 𝐸 = 𝐸0 − 0,0257 2 𝑙𝑛 1 𝑥 0,1 1 𝑥 0,1 = 𝐸0 E0 é calculado usando-se os dados tabelados dos potenciais de redução do cátodo e ânodo. E0 = E0RED (CÁTODO) - E0RED(ÂNODO) Para o zinco (ânodo) e cobre (cátodo) tem- se Zn Zn2+ + 2e- E0RED(ÂNODO) = -0,76 V Cu2+ Cu + 2e- E0RED (CÁTODO) = 0,34 V Zn + Cu2+ Zn2+ + Cu E0 = 1,10 ± 0,01 V Percebe-se uma diferença de 0,20 volts entre o potencial ideal e o real. Química Geral Experimental 1, Thalíssia Suzanne Santos, Experimento 7 3 Na adição de NaOH 1,75 M ao béquer com CuSO4 notamos a formação de um precipitado azul (figura 3). O que ocorre é uma reação de dupla troca 2 NaOH + CuSO4 Cu(OH)2 + Na2SO4 Além disso, com a adição do hidróxido, o potencial da pilha foi reduzido para 0,7 V. Isso ocorreu porque houve um desequilíbrio das cargas. O número de íons Cu2+ foi reduzido porque Cu(OH)2 é um precipitado. A massa de Cu(OH)2 produzido pode ser calculada por regra de três: Em 20ml solução de NaOH 1,75 M tem-se N = 0,02 L x 1,75 mol L-1 = 0,035 mol de NaOH Em 70ml de solução de CuSO4tem-se X = 0,07 L x 0,1 mol L-1 = 0,007 mol de CuSO4 Como a proporção é de NaOH:CuSO4 é de 2:1, percebe-se que o NaOH está em excesso. Então a quantidade de NaOH que reage é 2X = 0,014mol. Pela proporção da reação o número de mols de Cu(OH)2 formado é 0,007 mol, e a massa é calculada a partir do número de mols e da massa molar. M(Cu(OH)2) = 0,007 x 97,561 = 0,683 ± 0,001 g Depois de alguns instantes o potencial volta para 0,9 V, pois a ponte salina equilibra os íons e estabiliza as soluções. Ao mudar-se as concentrações de CuSO4 das novas pilhas, obtêm-se os seguintes potenciais: Tabela 2: Potenciais da pilha com concentração de CuSO4 variável Concentração de CuSO4 Potencial 10-1 0,9 ± 0,1 V 10-3 0,8 ± 0,1 V 10-5 0,7 ± 0,1 V 10-7 0,7 ± 0,1 V Pela equação de Nerst, considerando 0,9V como o potencial padrão da pilha (pois é onde a concentrações de CuSO4 e ZnSO4 são iguais) tem- se: 𝐸10−3 = 𝐸 0 − 0,0257 2 𝑙𝑛 1 𝑥 10−1 1 𝑥 10−3 = 0,8 ± 0,1𝑉 𝐸10−5 = 𝐸 0 − 0,0257 2 𝑙𝑛 1 𝑥 10−1 1 𝑥 10−5 = 0,8 ± 0,1𝑉 𝐸10−7 = 𝐸 0 − 0,0257 2 𝑙𝑛 1 𝑥 10−1 1 𝑥 10−7 = 0,7 ± 0,1𝑉 Percebe-se que os potenciais obtidos experimentalmente estão dentro do esperado. Além disso, é notável a diminuição do potencial da pilha com a diminuição da concentração de CuSO4. Conclusão É importante conhecer a propriedade de reatividade dos metais para prever quando uma reação vai ocorrer ou não. Em uma pilha, é preciso saber a função de uma ponte salina, efeito de hidróxido, cálculo de potencial padrão e a utilização correta da equação de Nerst, Tudo isso é necessário para fazer a pilha funcionar corretamente e com o potencial desejado. Referências [1] https://www.apple.com/br/batteries/ [2] http://www.quiprocura.net/danielll.gif [3] ATKINS, Peter; JONES, Loretta. Princípios da química: Questionando a vida moderna e o meio ambiente. Porto Alegre: Bookman, 2011. 0,1 0,001 0,00001 0,00001 0 1 Concentração (M) P o te n ci al ( V ) Gráfico 1:Concentração de CuSO4 (M) x potencial da pilha (V) Figura 3: precipitado azul Química Geral Experimental 1, Thalíssia Suzanne Santos, Experimento 7 4 Questões 1) Consulte uma tabela de potenciais e calcule o () para cada equação química da parte I. Baseado nos valores destes potenciais qual é o metal com maior caráter redutor? Na Primeira parte do experimento tem-se as se- guintes equações de redução: Cu2+ + 2e- Cu Ered = 0,34 V Ag+ + e- Ag Ered = 0,80 V Fe2+ + 2e- Fe Ered = -0,44 V O metal com maior caráter redutor é aquele que tem maior potencial de oxidação. Já temos o potencial de redução, e para obtermos o de oxi- dação é só invertermos o sinal. Ou seja: Eoxi(Cu) = -0,34 V Eoxi(Ag) = -0,80 V Eoxi(Fe) = 0,44 V O Ferro é o metal com maior potencial de oxi- dação, e consequentemente é o que tem maior caráter redutor. 2) Suponha que você tenha um soldadinho de chumbo e que deseja protegê-lo da corrosão. Isto pode ser feito guardando-o numa solução adequada. Entre as soluções utilizadas na parte II qual (ou quais) você escolheria para proteger o brinquedo? Pela tabela, o potencial de oxidação do chumbo é Eoxi(Pb)= 0,13 V. Para protegermos o soldadi- nho de chumbo precisamos usar um metal de sacrifício com potencial de oxidação maior que o do chumbo. Com isso esse metal de proteção vai se oxidar mais facilmente que o chumbo e vai proteger o soldadinho. Na parte II temos: Eoxi(Zn) = 0,76 V Eoxi(Cu) = -0,34 V O metal que pode ser utilizado é o zinco. Química Geral Experimental 1, Thalíssia Suzanne Santos, Experimento 7 5
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