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DILLYANE RIBEIRO GRaTUIT O ESTa PU BLICaÇÃ O NÃO POD E SER COMERC IaLIZaDa . 2 FaSCÍCULO Participação e Controle Social na Garantia dos Direitos Humanos SUMÁRIO 1. Introdução 19 2. Direitos humanos e participação social 20 3. As diferentes formas de participar ao longo da história do brasil 25 4. Controle social na Administração Pública brasileira 29 5. Considerações fi nais 31 OBJETIVOS DO FASCÍCULO • apresentar a relação histórica entre participação social e direitos humanos; • Discutir a evolução da participação da comunidade no processo democrático brasileiro; • apontar os mecanismos de controle social na administração pública brasileira. Participe e compartilhe o curso Cidadania ParticipATIVA. As inscrições continuarão abertas ao logo do curso e todo o conteúdo estará disponível no site (AVA). INSCREva-SE: ava.fdr.org.br 19 Direitos humanos e participação social 20 As diferentes formas de participar 25 Controle social na Administração 29 31 OBJETIVOS DO FASCÍCULO a relação histórica entre participação social e direitos humanos; a evolução da participação da comunidade no processo democrático brasileiro; os mecanismos de controle social na Participe e compartilhe o curso Cidadania ParticipATIVA. As inscrições continuarão abertas ao logo do curso e todo o conteúdo INSCREva-SE: ava.fdr.org.br FuNDAçãO DEMóCRITO ROChA | uNIVERSIDADE AbERTA DO NORDESTE18 Introdução No fascículo anterior, estudamos a his- tória do Ocidente para entender de onde vêm as ideias de cidadania e Estado que infl uenciam nosso modo de viver. Aprendemos também sobre ética, mo- ral e responsabilidade social e o que deve nos guiar na hora de tomar decisões. Neste fascículo, vamos continuar a caminhada na busca por intensifi car o exercício da nossa cidadania e do controle social para garantir os direitos humanos. Para tal, nos guiaremos pelas seguin- tes questões: o que são direitos humanos? Qual a relação deles com a participação so- cial? Como se deu a participação social ao longo da história do brasil? E, por fi m, como posso exercer o controle social na adminis- tração pública brasileira? Antes de tudo, você sabe o que é con- trole social? bom, o nosso comportamen- to em sociedade é determinado por vários tipos de normas. A mais famosa delas são as normas jurídicas consagradas na Cons- tituição Federal, nas leis e nas portarias e resoluções dos órgãos públicos. Também existem normas não escritas que acabam por determinar nossa conduta, como as normas de uma religião, de um grupo a que você pertence ou até mesmo normas sociais expressas pela moral vigente. boa parte da força das normas vem dos meca- nismos de controle delas, ou seja, da ve- rifi cação se elas estão sendo cumpridas. O foco deste fascículo é o controle social na administração pública brasileira. Quando estamos falando de administra- ção pública, as normas que devem ser es- tritamente observadas pelo Poder Público são as normas jurídicas. Qualquer agente público só pode e deve fazer aquilo que a lei determinar, sempre observando que a Constituição Federal é a norma jurídica mais importante do país, devendo todas as leis e atos normativos estarem de acordo com ela. Dessa forma, o controle social da admi- nistração pública se dá quando os cidadãos ou organizações da sociedade civil buscam verifi car como se dá a prestação dos servi- ços públicos, a aplicação dos recursos ou quaisquer outros atos de agentes públicos para garantir que eles estejam sendo reali- zados de acordo com a lei. Dessa forma, o controle social da ad- ministração pública é fundamental para democratizar a gestão pública e promover os direitos humanos fundamentais que es- tão consagrados na Constituição Federal de 1988 e nos tratados internacionais fi rma- dos pelo brasil. con- ? bom, o nosso comportamen- to em sociedade é determinado por vários tipos de normas. A mais famosa delas são as normas jurídicas consagradas na Cons- tituição Federal, nas leis e nas portarias e resoluções dos órgãos públicos. Também existem normas não escritas que acabam por determinar nossa conduta, como as 1988 e nos tratados internacionais fi rma- dos pelo brasil. Para Refl etir “...temos o direito a ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito a ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades”. (Boaventura de Sousa Santos, jurista português.) 19CIDADANIA PaRTICIPaTIva: CONTROLE SOCIAL AO ALCANCE DE TODOS Saiba+ João Sem-Terra foi rei da Inglaterra do período de 1199 a 1216, e gerou descontentamento crescente entre o clero e a nobreza ingleses. Tomando parte em guerras contra a França, quis cobrir o “prejuízo” ao elevar a cobrança de impostos e tentar taxar a Igreja. A nobreza e o clero, em resposta, impuseram-lhe a Magna Carta (1212), cuja principal disposição era a de que o monarca só poderia criar impostos ou alterar lei com a aprovação do Grande Conselho, composto pelos nobres e sacerdotes (VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo). Direitos humanos e participação social Notas históricas dos direitos humanos Mas de onde vem a história dos direitos humanos? Sabemos que podemos encon- trar alguns vestígios do que hoje se enten- de por direitos humanos no pensamento de filósofos da Grécia ou oradores da Roma Antiga. Entretanto, o primeiro documento que traz noções importantes para os direi- tos humanos foi a Magna Carta, que os ba- rões e bispos da Inglaterra obrigaram o rei inglês João Sem-Terra a assinar em 1215. Esse documento limitava os poderes do rei, ao garantir que, por exemplo, nenhum homem livre seria preso sem julgamento e que a criação de novos impostos deveria ser aprovada por um Conselho com parti- cipação do clero e da nobreza. Dessa forma, os direitos humanos nascem para limitar os poderes governa- mentais de invadir a esfera do indivíduo, ou seja, atuam como um “escudo” do indivíduo contra o Estado. Contudo, quem era esse “indivíduo”, na época? Concluímos que o indivíduo protegido pelos direitos humanos seria o homem, branco, adulto e possuidor de bens, ou seja, uma minoria da sociedade. No período que se seguiu ao nasci- mento dos direitos humanos, poderíamos perceber como a igualdade formal perante a lei não adiantava muito para o número crescente de pessoas empregadas nas indústrias capitalistas, que não tinham nenhuma garantia de condições dignas de trabalho. É que, como todos eram for- malmente iguais perante a lei, patrões e Para Refletir “O espírito original da democracia moderna não foi, portanto, a defesa do povo pobre contra a minoria rica, mas sim a defesa dos proprietários ricos contra um regime de privilégios estamentais e de governo irresponsável” (Fábio Konder Comparato. advogado, escritor e jurista brasileiro). operários eram considerados como con- tratantes com os mesmos direitos, poden- do estipular livremente o salário, a carga horária e demais condições de trabalho. A Revolução Industrial (início no sécu- lo XVIII), que nasceu praticamente no mes- mo período das declarações que inaugura- ram a ideia de direitos humanos na história, tem esse nome porque as novas tecnologias e modos de produzir revolucionaram as re- lações sociais, estabelecendo o predomínio de valores e da economia capitalistas, com a definitiva separação entre capital (donos dos meios de produção) e trabalho (assa- lariados que não possuem outra coisa que não sua própria força de trabalho) (adapta- do de VICENTINO; DORIGO, 2010, p. 397).Assim, o que aconteceu: ao mesmo tempo que uma parcela da população ficava cada vez mais rica, os(as) trabalhadores(as) estavam sujeitos(as) a jornadas exaustivas de trabalho, emprego de mão de obra infan- til e uma pobreza crescente. Dessa forma, organizavam-se os movimentos pelo reco- nhecimento de direitos de caráter econômi- co e social, como o direito a um salário mí- nimo, a uma jornada máxima de trabalho, à seguridade social, à educação etc. FuNDAçãO DEMóCRITO ROChA | uNIVERSIDADE AbERTA DO NORDESTE20 Saiba+ Direitos civis e políticos: direito à vida, à liberdade de expressão, de pensamento, a garantia de que os indivíduos só podem ser proibidos de fazer algo mediante uma lei, entre outros. Direitos econômicos, sociais e culturais: trabalho e salário dignos, direito à saúde, à educação, à alimentação adequada, à organização sindical, ao direito de greve, à previdência social, ao acesso à cultura e à moradia etc Não é à toa que um dos primeiros ra- mos dos direitos humanos a ser alvo de acordos entre os países foi a regulação dos direitos do trabalhador assalariado com a criação, em 1919, da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Esse pe- ríodo também foi marcado pela Primeira (1914-1918) e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Diante disso, os países fir- maram alguns acordos sobre direitos humanitários visando a estabelecer algu- mas regras que pusessem um limite ao sofrimento levado pelas guerras. A luta contra a escravidão também foi tema de algumas conferências e acordos antes do fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, ano em que foi criada a Organização das Nações Unidas (ONU), marco de uma nova fase dos direitos humanos, com o propó- sito de manter a paz e a segurança inter- nacionais e obter a cooperação entre os povos na busca de soluções para os pro- blemas econômicos, sociais, culturais e humanitários e para promover e estimular o respeito aos direitos humanos e às li- berdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião. hoje, a Assembleia Geral da ONu é composta por mais de 180 países. 21CIDADANIA PaRTICIPaTIva: CONTROLE SOCIAL AO ALCANCE DE TODOS O fundamento dos direitos humanos Hannah arendt (1906-1975) afirma que quando os Direitos do homem foram proclamados pela primeira vez, buscava- se uma libertação dos privilégios conce- didos historicamente a certas camadas da sociedade, como o clero e a nobreza. Dessa forma, com a ideia de dignidade humana, os direitos humanos nasceram apegados à ideia de natureza humana. Os próprios termos utilizados na Declaração da Independência americana e na Decla- ração dos Direitos do homem — “ina- lienáveis”, “recebidos por nascimento”, “verdades evidentes por si mesmas” — mostram que se acreditava que as leis e os direitos poderiam ser deduzidos dessa natureza humana. No entanto, segundo a autora, ao longo do século XIX e XX, o ser humano também se distanciou da ideia de natureza, a partir do momento em que aprendeu a dominá-la, a tal ponto que poderia destruir toda a vida na Terra com a desenvolvida tecnologia. Assim, se refere várias vezes aos direi- tos humanos como o direito a ter direitos e não somente direito a isto ou aquilo. Entre- tanto, ela também aponta os paradoxos da noção de direitos humanos em um mundo que se organiza politicamente a partir das nações e não dos seres humanos. Características dos direitos humanos Como já vimos, a Declaração universal dos Direitos humanos (1948) inaugurou o direito internacional dos direitos huma- nos, ou seja, nenhum outro documento internacional havia tido tanta adesão dos países, tanta abrangência e/ou importân- cia. Nessa concepção contemporânea de direitos humanos, eles passam a ser con- siderados uma unidade universal, indivi- sível, interdependente e inter-relaciona- da (TRINDADE, José Damião de Lima, Autor brasileiro da área dos Direitos humanos) Vamos entender cada uma dessas características: a. Universalidade: Signifi ca que os di- reitos humanos são válidos para todas as pessoas não sendo cabíveis discriminações em razão da “raça”, do gênero, da religião, da orientação sexual, da idade ou qualquer outro marcador social. Pode haver dife- renças em como os governos de cada país garantem esses direitos, mas existem parâ- metros mínimos que devem ser cumpridos. b. Indivisibilidade: ninguém pode ser obrigado a abrir mão de um direito em nome do outro. Por exemplo, não basta que o Estado garanta a vaga na escola, é preciso que a educação seja de qualida- de. Ou seja, para garantir o direito huma- no à educação, o Poder Público precisa garantir as condições não só de acesso, mas também de padrão de qualidade. Em suma: não é possível fracionar os direitos humanos porque eles são indivisíveis. c. Interdependência e inter-relação: os direitos humanos estão todos relacionados entre si e dependem um do outro para que sejam plenamente realizados. Ou seja, um direito vai sempre “puxar” o outro. Nova- mente utilizando como exemplo a educação: para exercer o direito à educação, a criança e o adolescente também precisam exercer o direito à alimentação adequada, caso contrá- rio, não terão condições de aprender. O direito à alimentação também está relacionado ao direito à saúde, que se relaciona ao direito à moradia adequada e assim por diante. Raça: divisão tradicional e arbitrária dos grupos humanos, determinada pelo conjunto de caracteres físicos hereditários (cor da pele, formato da cabeça, tipo de cabelo etc.) Marcador Social: os marcadores sociais da diferença se articulam em sistemas classifi catórios, regulados em convenções e normas, materializados em corpos e coletividades, categorias de raça, gênero, sexo idade e classe. garantir as condições não só de acesso, mas também de padrão de qualidade. Em suma: não é possível fracionar os direitos humanos porque eles são indivisíveis. Interdependência e inter-relação: os todos relacionados entre si e dependem um do outro para que . Ou seja, um direito vai sempre “puxar” o outro. Nova- mente utilizando como exemplo a educação: para exercer o direito à educação, a criança e o adolescente também precisam exercer o FuNDAçãO DEMóCRITO ROChA | uNIVERSIDADE AbERTA DO NORDESTE22 O reconhecimento de novos direitos A Declaração universal dos Direitos humanos, o Pacto Internacional dos Direi- tos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais representam o marco fundamental dos di- reitos humanos da ONu. A partir deles, as reivindicações de grupos específi cos passa- ram a ser consideradas em tratados inter- nacionais pelos Estados da ONu partindo da compreensão de que o reconhecimento abstrato dos direitos humanos muitas ve- zes não é sufi ciente, de fato, para garantir uma vida digna para todas as pessoas. Dessa forma, os Estados se comprome- teram com diversos tratados sobre direitos de grupos ou questões específi cas, como a Convenção sobre os Direitos das Crianças, a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, sobre os Direitos das Pessoas com Defi ciên- cia, dos Povos Indígenas e Tribais, Conven- ção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradan- tes, entre outros. Essas lutas aprofundaram a ideia de igualdade material ou equidade em contraposição à ideia de igualdade me- ramente formal. Saiba+ Acesse aqui www.plataformadh.org.br Saiba+ Igualdade formal ou isonomia: todos são iguais perante a lei, todos têm os mesmos direitos e deveres. Igualdade material ou equidade: como as pessoas não têm o mesmo ponto de partida devido às desigualdades históricas, tratar a todos da mesma forma como se fossem idênticospode aprofundar as desigualdades ao invés de diminuí-las. Por exemplo, é justo cobrar a mesma quantidade de imposto para quem sobrevive com um salário mínimo e para quem tem um patrimônio de 5 milhões de reais? Por outro lado, é permitido que a legislação faça uma “discriminação positiva” ou “ações afi rmativas” para promover uma maior igualdade de oportunidades para grupos historicamente excluídos. Dessa forma, a lei pode tratar de maneira diferenciada as pessoas caso o objetivo seja diminuir as desigualdades. O reconhecimento de novos direitos A Declaração universal dos Direitos humanos tos Civis e Políticos Saiba+ Igualdade formal ou isonomia: são iguais perante a lei, todos têm os mesmos direitos e deveres. Igualdade material ou equidade: as pessoas não têm o mesmo de partida devido às desigualdades históricas, tratar a todos da mesma forma como se fossem idênticos aprofundar as desigualdades ao invés de diminuí-las. Por exemplo, é justo cobrar a mesma quantidade de imposto para quem sobrevive com um salário mínimo e para quem tem um patrimônio de 5 milhões de reais? Por outro lado, é permitido que a legislação faça uma “discriminação positiva” ou “ações afi rmativas” para promover uma maior igualdade de oportunidades para grupos historicamente excluídos. Dessa 23CIDADANIA PaRTICIPaTIva: CONTROLE SOCIAL AO ALCANCE DE TODOS Para Refl etir Apesar de só recentemente ter mais espaço, a ideia de igualdade material não é nada nova. Aristóteles, fi lósofo grego do século IV a.C., já dizia o seguinte: “Devemos tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de sua desigualdade”. Exigibilidade dos direitos humanos e participação Social atenção: os direitos humanos são exigíveis! Isso quer dizer que, quando desrespeita- dos, eles podem ser exigidos (não apenas solicitados) de quem tem o dever de ga- ranti-los. Como os direitos humanos estão consagrados nas leis e na Constituição Fe- deral de 1988, eles devem ser exigidos acio- nando-se o Judiciário por meio de diferen- tes tipos de ação. Por exemplo: a Ação Civil Pública para defender direitos coletivos ou o habeas corpus para defesa da liberdade e do direito de ir e vir, entre outros. Mas não é só por meio do Judiciário e nas cortes internacionais que podemos exigir a concretização desses direitos. Existem inúmeras formas de você exigir seus direitos, tanto enquanto indivíduo como de maneira coletiva no âmbito po- lítico e na mobilização social. Sobre isso vamos falar com detalhes a seguir. você Sabia? A expressão habeas corpus (“que tenhas o teu corpo”) é originária do latim. habeas corpus é uma medida jurídica para proteger indivíduos que têm a sua liberdade infringida. É um direito do cidadão e se encontra na Constituição brasileira. você Sabia? A Lei Maria da Penha, que busca coibir a violência doméstica e familiar contra as mulheres, foi aprovada para responder a uma decisão da Comissão Interamericana de Direitos humanos. O ex-marido de Maria da Penha havia tentado matá-la por seguidas vezes em 1983. Depois de anos sem que ele fosse punido pela tentativa de feminicídio* e pelas demais agressões perpetradas contra ela, Maria, com a assessoria de organizações não governamentais, denunciou, em 1998, a tolerância do brasil para com a violência cometida contra ela. A Comissão Interamericana de Direitos humanos reconheceu que efetivamente o brasil não tinha mecanismos efi cientes para proteger as mulheres vítimas de violência doméstica e familiar e recomendou que o país adequasse a sua legislação. (*) Femicídio ou feminicídio é um termo de crime de ódio baseado no gênero, amplamente defi nido como “assassinato de mulheres”, mas as defi nições variam dependendo do contexto cultural. seus direitos, tanto enquanto como de maneira coletiva no âmbito po- lítico e na mobilização social. Sobre isso vamos falar com detalhes a seguir. Iniciativa popular: é um instrumento da democracia que torna possível à população apresentar projetos de lei. O que nos importa agora é que você te- nha compreendido que os direitos são con- quistas e que essas conquistas só serão possíveis quando as pessoas se confronta- rem com os privilégios de alguns poucos. Sim, tenha a certeza de que os progres- sos que ocorreram no sentido do respeito à dignidade humana são frutos de longos processos de exigência desses direitos. É certo: alguém brigou por eles. Por isso tudo, a participação social é fundamental para a garantia dos direitos humanos. FuNDAçãO DEMóCRITO ROChA | uNIVERSIDADE AbERTA DO NORDESTE24 O verbo participar pode ter três senti- dos: “fazer parte de”, “ter parte de” e “tomar parte de”. O comunicólogo Juan Diaz borde- nave nos dá alguns exemplos para os dife- rentes significados dessas expressões: “Ele faz parte de nosso grupo, mas ra- ramente toma parte das reuniões.” “Fazemos parte da população do bra- sil, mas não tomamos parte nas decisões importantes”. “Edgar faz parte de nossa empresa, mas não tem parte alguma no negócio”. Dessa forma, “tomar parte” é o senti- do de participar que mais nos interessa nesse curso, porque significa uma tomada de decisão. Ou seja, desde que nascemos “fazemos parte” da população brasileira e de, pelo menos, um grupo social: a nossa família. Depois, passamos a nos sociali- zar em outros espaços: a escola, a rua, o trabalho... Não necessariamente ao “fazer parte”, estamos nos posicionando sobre o rumo que as coisas devem seguir, não é? Pois essa é a diferença entre a cidadania passiva exercida por aquele cidadão ou ci- dadã que apenas “faz parte da sociedade As diferentes formas de participar ao longo da história do Brasil sem tomar parte”, ou seja, deixando que os outros decidam sobre as questões co- letivas, e a cidadania ativa, exercida por aqueles e aquelas que buscam influenciar os rumos da sociedade. Para Refletir E afinal, em qual dos grupos você está? Você é um(a) cidadão(ã) ativo(a) ou passivo(a)? Pense bem! Para Refletir Democracia participativa: buscando ampliar a participação popular para além do voto (democracia indireta) e dos mecanismos da democracia semidireta, consiste na criação de espaços públicos que permitam aos cidadãos atuarem diretamente sobre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, exercendo assim o controle social das políticas públicas e sendo consultados no processo de tomada de decisões. Após essa paradinha para refletir, o que deixa essa leitura mais interessante, continuemos, pois agora você já entendeu que a participação social exige uma toma- da de posição. Pode vir então a pergunta: e baseadas em que as pessoas se posicio- nam? baseadas em sua história de vida, seus interesses, mas também com base na ética, na alteridade e na solidariedade. Então, não se engane: é esse o tipo de participação social necessária para a ga- rantia dos direitos humanos: aquela que objetive o bem comum e o respeito à digni- dade humana e que não se limite a interes- ses meramente individualistas. 25CIDADANIA PaRTICIPaTIva: CONTROLE SOCIAL AO ALCANCE DE TODOS Sociedade Civil: o cidadão, os coletivos, os movimentos sociais institucionalizados ou não, suas redes e suas organizações (Art. 2º, I, do Decreto n° 8.243/2014). E o que diz a Constituição Federal de 1988 sobre a participação social? Após extenso período de ditadura militar brasileira e do consequente resta- belecimento das eleições diretas e perió- dicas, a Constituição traz alguns mecanis- mos de participação social na elaboração das leis. Por exemplo, a possibilidade de plebiscito (quando a população é consul- tada sobre um tema antes de se elaborar a lei ouo decreto), o referendo (quando a população é convocada para confirmar ou rejeitar uma proposta de norma) e a ini- ciativa popular (apresentação de projeto de lei assinado por no mínimo 1% do elei- torado nacional). Quanto à participação social na gestão pública, a Constituição prevê o estabeleci- mento de Conselhos Gestores de Políticas Públicas com representação do Estado e da sociedade civil, sobretudo no que se refere à seguridade social, à educação e à política para crianças e adolescentes, reconhecendo assim o princípio da gestão democrática. Ao longo dos anos, alguns instrumen- tos decisórios da administração pública fo- ram democratizados, como os Planos Plu- rianuais, que são leis que estabelecem as metas, objetivos e diretrizes da união, es- tado ou município para os próximos 4 anos. Os Planos Plurianuais devem ser ela- borados durante o primeiro ano do manda- to do novo gestor para entrarem em vigor no segundo ano do mandato e alcança- rem o primeiro ano do mandato posterior, como forma de evitar grandes quebras en- tre uma gestão e outra. No caso do estado do Ceará, o Plano Plurianual é elaborado, monitorado e revisado por meio de encon- tros abertos ao público nas macrorregiões do estado. É muito importante que você esteja atento(a) para participar desses momentos, já que o Plano defi ne as estra- tégias da gestão pública por um bom pe- ríodo de tempo. FuNDAçãO DEMóCRITO ROChA | uNIVERSIDADE AbERTA DO NORDESTE26 Igualmente novos mecanismos de par- ticipação social foram sendo experimenta- dos, como os Orçamentos Participativos em alguns governos municipais e institui- ções (nos quais os cidadãos são chamados para defi nir como será empregado uma par- te do orçamento público daquele município ou daquela instituição) e as Conferências Municipais, Estaduais e Nacionais (nas quais os cidadãos participam para defi nir quais serão as prioridades para determina- da área no próximo período). Nesse sentido, o Decreto n° 8.243/2014 instituiu a Política Nacional de Participação Social, que, entre outros, reconhece a parti- cipação social como direito do cidadão e ex- pressão de sua autonomia e sistematiza as principais instâncias e mecanismos de partici- pação social na administração pública federal. A seguir, você pode ver que espaços são esses e a defi nição ofi cial deles com al- gumas observações: • Conselho de Políticas Públicas: ins- tância colegiada temática permanente, ins- tituída por ato normativo, de diálogo entre a sociedade civil e o governo para promover a participação no processo decisório e na gestão de políticas públicas; • Comissão de Políticas Públicas: ins- tância colegiada temática, instituída por ato normativo, criada para o diálogo entre a sociedade civil e o governo em torno de objetivo específi co, com prazo de funcio- namento vinculado ao cumprimento de suas fi nalidades; • Conferência Nacional: instância perió- dica de debate, de formulação e de avalia- ção sobre temas específi cos e de interesse público, com a participação de representan- tes do governo e da sociedade civil, poden- do contemplar etapas estaduais, distrital, municipais ou regionais, para propor diretri- zes e ações acerca do tema tratado; • Ouvidoria Pública: instância de con- trole e participação social responsável pelo tratamento das reclamações, solicitações, denúncias, sugestões e elogios relativos às políticas e aos serviços públicos, prestados sob qualquer forma ou regime, com vistas ao aprimoramento da gestão pública; • Mesa de Diálogo: mecanismo de de- bate e de negociação com a participação dos setores da sociedade civil e do governo diretamente envolvidos, no intuito de pre- venir, mediar e solucionar confl itos sociais; • Fórum Interconselhos: mecanismo para o diálogo entre representantes dos conselhos e comissões de políticas públi- cas, no intuito de acompanhar as políticas públicas e os programas governamentais, formulando recomendações para aprimorar sua intersetorialidade e transversalidade; • audiência Pública: mecanismo parti- cipativo de caráter presencial, consultivo, aberto a qualquer interessado, com a pos- sibilidade de manifestação oral dos partici- pantes, cujo objetivo é subsidiar decisões governamentais; • Consulta Pública: mecanismo partici- pativo, a se realizar em prazo defi nido, de caráter consultivo, aberto a qualquer inte- ressado, que visa a receber contribuições por escrito da sociedade civil sobre deter- minado assunto, na forma defi nida no seu ato de convocação; e • ambiente virtual de Participação So- c ial: mecanismo de interação social que utiliza tecnologias de informação e de co- municação, em especial a internet, para promover o diálogo entre administração pública federal e sociedade civil. Saiba+ Acesse o Decreto nº 8.243/2014 que institui a Política Nacional de Participação Social na Biblioteca virtual de seu AVA. Acesse o Decreto nº 8.243/2014 que institui a Política Nacional 27CIDADANIA PaRTICIPaTIva: CONTROLE SOCIAL AO ALCANCE DE TODOS Vale lembrar que o decreto não im- pede que novas formas de diálogo entre administração pública e sociedade civil se- jam criadas. Apesar de o decreto se referir à administração pública federal, algumas dessas instâncias e mecanismos também são obrigatórias nos estados e municípios. Você, então, já percebeu que pode par- ticipar individualmente, por meio das re- des sociais, audiências públicas, consultas públicas e de algumas conferências, como também pode se organizar coletivamente, por meio de uma associação, em um grupo ou em um movimento social para participar desses espaços, destacando que o exercí- cio do direito ao protesto também é uma forma de participação social. E você pensava que a participação so- cial era apenas o direito/dever de votar a cada dois anos? Claro que não. Vai muito além disso. Saiba+ Entre as outras diretrizes da Política Nacional de Participação Social: III - solidariedade, cooperação e respeito à diversidade de etnia, raça, cultura, geração, origem, sexo, orientação sexual, religião e condição social, econômica ou de defi ciência, para a construção de valores de cidadania e de inclusão social; V - valorização da educação para a cidadania ativa; A participação social na administra- ção pública entende que nós, cidadãos, podemos participar da defi nição de prio- ridades, na elaboração das políticas públi- cas, no monitoramento da sua execução e avaliação. Para isso, o Estado precisa ser transparente e disponibilizar as informa- ções necessárias (com uso de linguagem simples e objetiva) para que realizemos o controle social dos gastos públicos e das políticas públicas, o que é uma dimensão importantíssima da participação social que aprofundaremos agora. Pode ser? cio do direito ao protesto também é uma forma de participação social. E você pensava que a participação so- cial era apenas o direito/dever de votar a cada dois anos? Claro que não. Vai muito além disso. valores de cidadania e de inclusão social; V - valorização da educação para a cidadania ativa; importantíssima da participação social que aprofundaremos agora. Pode ser? FuNDAçãO DEMóCRITO ROChA | uNIVERSIDADE AbERTA DO NORDESTE28 Todo cidadão tem direito à informação, à transparência e a exercer o controle so- cial nas ações públicas, devendo o Poder Público utilizar uma linguagem simples e objetiva no fornecimento das informações. Ademais, os mecanismos de controle social devem progressivamente ser ampliados. Essas são algumas das diretrizes gerais da Política Nacional de Participação Social. Daí, você pode estar se perguntando: mas como realizar o controle social? Como eu consigo saber quanto dinheiro está sen- do efetivamente investidona educação do meu município? E se eu tiver notícia de alguma coisa errada na gestão pública, a quem eu posso/devo procurar? Para responder a essas perguntas, va- mos listar a seguir uma série de mecanis- mos e instâncias de realização de controle social na administração pública que você não pode deixar de conhecer. Contudo, deve lembrar-se: não basta saber o que é controle social. você tem que praticá-lo! Vamos tentar? Controle social na administração pública brasileira Portais da transparência É um site no qual o governo federal, estadual ou municipal disponibiliza os da- dos sobre a execução orçamentária, ou seja, os gastos até então realizados nas suas respectivas áreas. A união, todos os estados e seus municípios são obrigados a disponibilizar em tempo real esses dados detalhados na internet. Pode até não ser em um Portal da Transparência, mas é recomendável que as informações estejam concentradas em um só lugar para facilitar o acesso. No Portal, você pode verifi car os con- vênios e os contratos que o órgão admi- nistrativo fi rmou, verifi car suas receitas e suas despesas e ainda os dados sobre os servidores públicos daquele órgão. Brasil: portaltransparencia.gov.br Ceará: transparencia.ce.gov.br Municípios: tcm.ce.gov.br/transparencia/ O que muda para você? Agora que você tem o endereço virtual do Portal do Governo Estadual, seria muito interessante que você o acessasse e experimentasse consultar os convênios celebrados em seu município, bem como obras e projetos que estão sendo desenvolvidos também. Que tal dar agora aquela espiadinha, hein? Vamos praticar? 29CIDADANIA PaRTICIPaTIva: CONTROLE SOCIAL AO ALCANCE DE TODOS Sistema de Informação ao Cidadão A Lei de acesso à Informação (LAI), Lei nº 12.257/2011, regulamentou o direito cons- titucional de acesso às informações públicas, trazendo uma série de garantias e facilida- des para o exercício da participação popular e controle social das ações do Poder Público. uma dessas garantias é a de que o órgão deve apresentar informação assim que solicitada. Caso não seja possível de maneira imediata, o usuário terá a sua resposta, no máximo, em 20 dias, podendo esse prazo ser prorrogado por mais 10 dias, mediante justificativa ex- pressa (Art.13. § 2º, Lei nº 15.175/2012) Brasil: acessoainformacao.gov.br Ceará: acessoainformacao.ce.gov.br Lembramos que algumas informações já estão disponíveis no Portal da Transpa- rência, como apresentamos, e ainda no site dos órgãos estaduais podem ser obtidas mais informações acessando o banner de acesso à informação Fortaleza: acessoainformacao.fortaleza.ce.gov.br Ouvidorias A Ouvidoria é o canal responsável por receber qualquer manifestação do cidadão dirigida a um determinado órgão, seja de- núncia, reclamação, solicitação, sugestão ou elogio. Frequentemente, cada órgão tem sua ouvidoria, mas cada ente federado (união, estado ou município) deve organizar uma ouvidoria-geral que centralize o en- caminhamento dessas manifestações dos cidadãos que nem sempre sabem a quem buscar ou querem dirigir uma manifestação a um órgão que não tem ouvidoria. É importante ressaltar que, embo- ra os Portais da Transparência e os Sis- temas de Informação ao Cidadão sejam meios para obter informações, o controle social não se esgota quando as conse- guimos. Caso você e/ou outro qualquer cidadão(ã) verifique algum sinal de irre- gularidade, deve denunciá-la para a ou- vidoria. Ela encaminhará essa denúncia para o controle interno da administração. No entanto, você pode acionar também o controle externo, enviando uma repre- sentação/denúncia ao Ministério Público e/ou ao Conselho referente à política pú- blica afetada. Por fim, cabe-nos lembrar que muitas administrações vêm utilizando as redes sociais (facebook, instagram). A utilização desse mecanismo pelo cidadão pode ser- vir tanto para pressionar a administração pública pela reivindicação de algum direito, aproveitando a visibilidade que os posts têm, quanto para solicitar informações me- nos complexas. Ouvidoria-Geral da União: Site: ouvidoria.gov.br Ouvidoria-Geral do Ceará: Site: ouvidoria.ce.gov.br Central de atendimento Telefônico: número 155 e-mail: ouvidoria.geral@cge.ce.gov.br Facebook: cgeceara Twitter: @cgeceara Ouvidoria-Geral de Fortaleza: e-mail: ouvidoriageral.cgm@fortaleza.ce.gov.br Contatos telefônicos: (85) 3105-1502 / 3105-1501 ou Fala Fortaleza: 0800 285 0880 ou o número 156 Outras ferramentas para o exercício do controle social. • Plano Plurianual ou PPa Participativo: É um instrumento previsto na Constituição Federal, cujo objetivo é construir o conjunto de políticas públicas que realmente atenda às necessidades da população. A sociedade tem a possibilidade de participar desse mo- mento expressando as suas opiniões e de- fendendo ações prioritárias. O que muda para você No PPA Participativo, você pode participar nas modalidades presencial ou virtual. Na presencial: participando das Plenárias de Escuta Popular em cada município, nas Conferências Regionais de Priorização das propostas do governo e de uma Assembleia Estadual para referendar a versão final. Na virtual: acessando por meio eletrônico (sites, blogs), enviando mensagens ou mesmo votando nos projetos apresentados. É você opinando, debatendo as prioridades para os investimentos públicos, elegendo as obras que considera prioritárias para a comunidade. Compartilhe! FuNDAçãO DEMóCRITO ROChA | uNIVERSIDADE AbERTA DO NORDESTE30 • Processo Eleitoral: É um direito e também um dever exercitar o seu poder de voto. Mas não basta comparecer às ur- nas de dois em dois anos para votar! Os eleitores devem exigir de seus represen- tantes (mesmo que o seu candidato não tenha sido eleito) o cumprimento de suas promessas. Deve também se fazer presen- te, de qualquer maneira, sugerindo e par- ticipando ativamente da gestão, por meio dos Conselhos, Conferências, Audiências Públicas ou por meio da Ouvidoria. Não podemos esquecer o que afirma a nossa Constituição: “Todo poder emana do povo, que o exerce diretamente ou por meio de representantes eleitos.” Diante disso, podemos concluir que o controle social pode ser exercido pelo ci- dadão, de maneira individual, por meio de ações coletivas, como abaixo-assinados (pela internet ou em físico), em manifesta- ções, ou por meio de organizações da socie- dade civil, como coletivos, associações sem fins lucrativos, movimentos sociais etc. Esses atores do controle social podem participar dos mecanismos previstos na administração pública e que já foram aqui expostos, mas também podem promover suas denúncias e chamar a atenção para as questões que querem dar visibilidade por meio das redes sociais na internet e da imprensa. Quando um problema ganha visi- bilidade, os gestores públicos são pressio- nados a adequar sua conduta ao que diz a lei, aumentando muito as chances de o pro- blema ser solucionado. Considerações finais Neste fascículo, realizamos um passeio breve pela história dos direitos humanos, passando pela participação social até che- garmos aos mecanismos de controle social. O direito de participar e os mecanis- mos que permitem o controle social das ações governamentais são conquistas do povo brasileiro que precisamos valorizar e exercitar cada vez mais, promovendo o controle social. Que tal discutir o tema deste fascículo com a sua família, seus vizinhos, os colegas de trabalho e elaborar maneiras de intensi- ficar e ampliar a participação social? Ela só começa a existir a partir de você e de sua tomada de decisão. Se você encontrou um problema em al- gum serviço púbico ou simplesmente deseja obter alguma informaçãoque não está nos Portais da Transparência, já sabe que pode procurar a Ouvidoria do município, do estado ou do governo federal pelo site ou pelo tele- fone. Que tal testar esse mecanismo? Veri- ficar a rapidez e a eficácia da sua resposta? Que tal aprofundar ainda mais o exer- cício da democracia e procurar se engajar em espaços de participação social, como os Conselhos de Direitos, por exemplo, o Conselho de Educação, o Conselho de Di- reitos das Crianças e dos Adolescentes, o Conselho de Direitos humanos, o Conselho de Saúde do Município, Estado ou da união. Cada Conselho tem suas regras próprias de funcionamento. No entanto, invariavel- mente, são espaços de escuta de denúncia e as suas sessões são públicas. Por fim, o orçamento público diz exa- tamente que áreas o Poder Público está priorizando com mais recursos. Procure se informar sobre o processo de aprovação do orçamento público do seu município ou do seu estado. Será que importantes áreas não estão sendo negligenciadas? Caso estejam, é hora de mobilizar todos os canais conhe- cidos: redes sociais, imprensa, mesas de diálogo, manifestações etc. No próximo fascículo, iremos nos aprofundar no entendimento acerca da Ouvidoria, a mediadora eficaz entre você e os órgãos públicos, conhecendo como, de fato, podemos resolver e solucionar conflitos, participando como verdadeiros cidadãos(ãs) promovendo uma cultura participaTIva. Referências 1. ARENDT, hannah. Origens do totalitarismo. Trad. Roberto Raposo. Companhia de bolso: São Paulo, 2012. 2. CAMILO, Rodrigo Augusto Leão. a Teologia da Libertação no Brasil: das formulações iniciais de sua doutrina aos novos desafios da atualidade. uFG: Goiás, 2011. Disponível em: https://anais.cienciassociais.ufg.br/up/253/o/ Rodrigo_Augusto_Leao_Camilo.pdf. Acesso em 12 de jul. de 2017. 3. COMPARATO, Fábio Konder. a afirmação histórica dos direitos humanos. 6ª ed. Saraiva: São Paulo, 2006. 4. CORREIA, Maria Valéria Costa. Controle Social na Saúde. In: Serviço Social e Saúde: Formação e Trabalho Profissional. Cortez: São Paulo, 2006. 5. DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos da Teoria Geral do Estado. 2ª ed. Saraiva: São Paulo, 1998. 6. MILANI, Carlos. O princípio da participação social na gestão de políticas públicas locais. FGV, RAP, v. 9, n. 42, p. 551-79:Rio de Janeiro, 2008. 7. PLATAFORMA DhESCA; AçãO EDuCATIVA (org.). Direito Humano à Educação. 2a ed. São Paulo: Plataforma DhESCA e Ação Educativa, 2011. 8. SANTOS, boaventura de Sousa. Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitanismo multicultural. Civilização brasileira: Rio de Janeiro, 2003. 9. TRINDADE, José Damião de Lima. História Social dos Direitos Humanos. 3ª ed. São Paulo: Petrópolis, 2011. 10. VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História Geral e do Brasil. Scipione: São Paulo, 2010. 31CIDADANIA PaRTICIPaTIva: CONTROLE SOCIAL AO ALCANCE DE TODOS Dillyane Ribeiro bacharela em direito, graduada na universidade Federal do Ceará (uFC) Mestranda em Estudos de Gênero na universidad Nacional de Colombia. Advogada regularmente inscrita na OAb e membro da Rede Nacional de Advogados/as Populares. Pesquisadora e assessora jurídica popular na área de direitos humanos, especialmente de crianças e adolescentes. SOBRE A AUTORA FUNDaÇÃO DEMÓCRITO ROCHa (FDR) | Presidência João Dummar Neto | Direção Geral Marcos Tardin UNIvERSIDaDE aBERTa DO NORDESTE (Uane) | Coordenação Geral Ana Paula Costa Salmin | Cidadania ParticipaTIva: controle social ao alcance de todos | Coordenação Geral e Editorial Raymundo Netto | Coordenação de Conteúdo Thais Pinheiro Holanda | Coordenação Pedagógica Ana Paula Costa Salmin | Edição de Design Amaurício Cortez | Projeto Gráfico Alessandro Muratore | Editoração Eletrônica Cristiane Frota | Ilustrações Rafael Limaverde | Catalogação na Fonte Cássia Barroso Alves Este fascículo é parte integrante da coleção Cidadania ParticipaTIva: controle social ao alcance de todos, em decorrência do contrato celebrado entre a Controladoria e Ouvidoria Geral do Estado do Ceará e a Fundação Demócrito Rocha, sob o nº 01/2017. | ISBN 978-85-7529-799-5 Todos os direitos desta edição reservados à: Fundação Demócrito Rocha Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora CEP 60.055-402 - Fortaleza- Ceará Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148 | Fax (85) 3255.6271 fdr.org.br fundacao@fdr.org.br Realização Apoio
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