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IOB – 2015 Direito Administrativo – Irene Nohara CAPÍTULO 16: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 1. Sentido Formal e Sentido Material O Direito Administrativo é o ramo do direito público que trata de princípios e regras que disciplinam a função administrativa. Essa atuação abrange entes, órgãos, agentes e atividades desempenhadas pela Administração Pública na consecução do interesse coletivo. Para Lúcia Valle Figueiredo, a função administrativa consiste no dever do Estado, ou quem aja em seu nome, de dar cumprimento, no caso concreto, aos comandos normativos, de maneira geral ou individual. Ainda, segundo a autora, essa atuação deve perseguir fins públicos e ocorre sob o regime prevalente de direito público e mediante controle. O regime jurídico administrativo possui características que decorrem de prerrogativas e sujeições, englobando também as entidades que possuem natureza jurídica de direito público e de direito privado. Quanto aos demais poderes, estes também desempenham a função atípica, exercendo a função administrativa. O sentido subjetivo, formal ou orgânico da Administração Pública pode ser entendido a partir do conjunto de seus órgãos e pessoas. No sentido objetivo, material ou funcional, a administração pública (grafada em minúsculo), compreende a atividade desempenhada sob o regime de direito público para a consecução de interesses coletivos, ou seja, a função administrativa. Quando se estuda administração direita e indireta sob o enfoque subjetivo, primeiro, surge a desconcentração dos entes e, depois, a criação de novas entidades, resultando na descentralização. Quanto ao enfoque objetivo, o tipo de atividade que as entidades desempenham é que será analisado, p.ex., intervenção no domínio econômico (é excepcional), fomento, serviços públicos, poder de polícia (polícia administrativa). A palavra administração tem um sentido amplo, significando planejamento, comando ou direção (governo) + execução (administração pública). Tem também um sentido restrito que significa execução da lei (só administração pública), isto é, são órgãos administrativos no desempenho da função administrativa. Exercício 86. (Esaf – 2006 – Assistente Jurídico da União) A Administração Pública, em sentido objetivo, no exercício da função administrativa, engloba as seguintes atividades, exceto: a) Polícia administrativa. b) Serviço administrativo. Xc) Elaboração legislativa, com caráter inovador. d) Fomento a atividades privadas e de interesse público. e) Intervenção no domínio econômico. 2. Administração Direta A organização administrativa do Estado possui estrutura burocrática e, embora a reforma administrativa tentasse combater essa sistemática, alguns aspectos do Decreto-lei nº 200/1967 permanecem até a atualidade. A desconcentração é o meio pelo qual a administração tem de se especializar, dentro da estrutura de seu respectivo ente. A administração direta compreende as pessoas jurídicas políticas, sendo a União, Estados, Distrito Federal e Municípios, além de órgãos que integram tais pessoas pelo fenômeno da desconcentração. A Teoria do Mandato e a Teoria da Representação foram superadas pela Teoria do Órgão (Otto Gierke) que foi criada para acompanhar o modo com que o Estado manifesta sua vontade por meio de órgãos, tendo em vista a realização orgânica no âmbito da Administração Pública. Segundo Hely Lopes Meirelles, a definição de órgãos equivale a “centros de competência instituídos para o desempenho de funções estatais, por intermédio de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica que a pertencem”. Já a definição de órgão, com previsão legal no art. 1º, § 2º, I, da Lei nº 9.784/1999 define órgão como “unidade de atuação integrante da estrutura da Administração Direta e da estrutura da Administração Indireta”. Atenção: também a AP Indireta pode se desconcentrar, mas ela em si é um produto da descentralização da AP Direta. A criação e a extinção do órgão público depende de lei, que será de iniciativa do Chefe do Poder Executivo, nos termos do art. 61, § 1º, da Constituição Federal. No mesmo sentido, a Emenda Constitucional nº 32/2001 alterou o art.84, VI, a, CF para vedar a criação ou extinção de órgãos públicos por decreto. Segundo art. 4º do Decreto-lei nº 200/1967, com redação da Lei nº 7.596/1987, a Administração Direta constitui-se pelos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios. HLM define desconcentração como a “repartição de funções entre vários órgãos (despersonalizados) de uma mesma Administração, sem quebra de hierarquia”. CABM apresenta os seguintes critérios para a desconcentração: - Em razão da matéria: órgãos para tratar de assuntos determinados, ex., Secretarias e Ministérios. - Em razão do grau: níveis em escalões, ex., Diretor de Departamento, Chefes de Seção. - Em razão do território: atividades pela localização da repartição, p.ex., regionais de Prefeituras, Delegacia Regional da Saúde etc. Exercício 87. (Cesgranrio – 2012 – Advogado – CEF) A técnica de organização e distribuição interna de competências entre vários órgãos despersonalizados dentre de uma mesma pessoa jurídica e que tem por base a hierarquia denomina-se: a) Descentralização. Xb) Desconcentração. c) Outorga. d) Delegação. e) Coordenação. 3. Administração Direta e o Processo de Descentralização Conceitua-se a descentralização como a distribuição de competências de uma para outra pessoa, que pode ser física ou jurídica. Nesse caso, ocorre a quebra de hierarquia, pressupondo a existência de pelo menos duas pessoas jurídicas. São categorias básicas de descentralizações as políticas, envolvendo entes federativos com autonomia decorrente da Constituição e as administrativas. As descentralizações administrativas dividem-se em descentralização geográfica ou territorial, descentralização por serviços, funcional ou técnica e descentralização por colaboração. Na descentralização geográfica, utilizado em países como Bélgica ou França, que possuem forma de Estado unitária, apesar de personalidade de direito público, há o controle ou ingerência estatal. O art. 37, XIX, da CF, estabelece que somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de suas atuação. A Administração Indireta compreende as autarquias, as fundações, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e também o consórcio (Associação Pública) regido pela Lei nº 11.107/2005. Exercício 88. (Cespe – 2013 – TRE – MS) A respeito da organização administrativa e da administração direta e indireta, assinale a opção correta: a) A chamada centralização desconcentrada é a atribuição administrativa cometida a uma única pessoa jurídica dividida internamente em diversos órgãos. b) A estrutura básica da administração direta na esfera estadual é composta pelo chefe do Poder Executivo, que tem como auxiliares os ministros de Estado. c) Sociedade de economia mista, empresa pública e fundação pública de direito público são categorias abrangidas pelo termo empresa estatal ou empresa governamental. d) A criação de uma diretoria no âmbito interno de um Tribunal Regional Eleitoral (TRE) configura exemplo de descentralização administrativa. e) A administração direta é composta de pessoas jurídicas, também denominadas entidades, e a administração indireta, de órgãos internos do Estado. 4. Autarquias Autarquia vem do grego (autos-archia) e significa comando de si mesmo. O termo define, na atualidade, umaespécie de descentralização por serviços que abarcam os entes da Administração Indireta. Sua definição legal tem previsão no art. 5º, I, do Decreto-lei nº 200/1967, conceituando autarquia como o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receitas próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública. A doutrina faz uma crítica a respeito dessa definição legal, visto que não menciona a natureza jurídica pública da autarquia. A autarquia é criada por lei, possui personalidade e natureza jurídica públicas, tem capacidade de autoadministração e possui especialização dos fins ou das atividades e sujeição ao controle de tutela. Quanto à classificação no âmbito federativo, as autarquias são federais, estaduais, distritais e municipais. Quanto ao objeto, as autarquias podem ser de fomento, previdenciárias, culturais, profissionais ou corporativas, ambientais, de controle (reguladoras) e administrativas (Inmetro). 180 Direito Administrativo Com relação ao regime jurídico, as autarquias se dividem em comuns ou autarquias especiais, sendo as universidades e agências reguladoras. Vale destacar que a OAB possui natureza sui generis conforme Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 3.026/2006. Dessa forma, esta entidade não é considerada uma autarquia. São prerrogativas do regime público: a prescrição quinquenal, as prerrogativas de prazos dilatados, os bens que seguem o regime jurídico público, as dívidas cobradas por precatório e o reexame obrigatório. Dentre as sujeições inerentes à autarquia: o concurso público, necessário desde o advento da CF/1988, a licitação para contratações, a prestação de contas e a responsabilidade objetiva prevista no art. 37, § 6º, da CF. Exercício 89. (Esaf – 2004 – MRE) Conceitualmente, o que assemelha autarquia de fundação pública é circunstância jurídica de ambas: a) Serem órgãos da estrutura do Estado. b) Serem um patrimônio personificado. c) Serem um serviço público personificado. d) Serem entidades da Administração Indireta. e) Terem personalidade de direito privado. 5. Agências Reguladoras Conhecido por agencificação brasileira o fenômeno que se intensificou no final da década de 90, tendo como pressupostos a globalização e o ajuste fiscal e inspiração nas agências norte-americanas. Essa entidade está localizada entre o governo, mas também está responsável por articular a participação popular e outros setores interessados em influenciar o próprio governo. Quanto à natureza jurídica, as autarquias qualificadas com regime especial, definido segundo suas leis instituidoras, regulam e fiscalizam assuntos atinentes às respectivas esferas de atuação. O regime especial confere mandato fixo ao dirigente, não coincidente como regra ao mandato do Chefe do Executivo e sua impossibilidade de exoneração ad nutum por motivações políticas. Direito Administrativo 181 A quarentena é uma medida que evita a assimetria de informações, sujeitando-se a responder por improbidade administrativa, crime de advocacia administrativa, sem prejuízo de outras sanções administrativas e civis. A contagem da quarentena genérica, conforme art. 8º da Lei nº 9.984/2000, é de quatro meses, contados da exoneração ou término do mandato. Conta-se para as específicas, a regra definida em lei, via de regra, de doze meses. O dirigente receberá uma indenização referente ao período da quarentena, uma vez que ficará sem poder exercer atividade correlata até o término da quarentena. Exercício 90. (Vunesp – 2013 – MPE – Analista – ES) Sobre as agências reguladoras, é correto afirmar que: a) Seus dirigentes são nomeador em cargo de confiança e podem ser exonerados ad nutum. b) Seus servidores são submetidos ao regime jurídico de trabalho celetista. c) As decisões das agências devem ser referenciadas pelo respectivo chefe do Poder Executivo. d) As decisões proferidas pelas agências são em caráter definitivo, não podendo ser questionadas no Poder Judiciário. e) Estão sujeitas à tutela ou controle administrativo exercido pelo Ministé- rio a que se encontrem vinculadas. 6. Associações Públicas O art. 241 da Constituição Federal, com redação dada pela EC nº 19/1998, define consórcio como a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos. Vale mencionar que os consórcios foram inspirados no Direito dos Tratados Internacionais. A Lei nº 11.107/2005 atribui personalidade jurídica de direito público, nos termos do art. 6º, § 1º; o consórcio integra a Administração Indireta de todos os entes da federação associados (associação pública). A natureza jurídica dos consórcios é autárquica e suas prerrogativas estão previstas no art. 2º, § 1º, II, com a possibilidade de promover desapropriações e instituir servidões. 182 Direito Administrativo Possui, ainda, atribuições de poder concedente, delegando concessão, permissão ou autorização de obras ou serviços públicos, desde que haja autorização prevista no contrato de consórcio público. A vantagem dessa associação consiste na possibilidade de contratação pela Administração com dispensa de licitação, sendo observado o dobro do limite do valor na contratação direta (Lei nº 8.666/1993 art. 24, I e II) Quanto à prestação de contas, sujeita-se à fiscalização contábil, operacional e patrimonial pelo Tribunal de Contas competente. Também se verifica a legalidade, legitimidade e economicidade das despesas, atos, contratos e renúncia de receitas. Exercício 91. (2011 – MPE – Promotor – RJ) A União Federal, um Estado-membro e doze Municípios de uma mesma região firmaram protocolo de intenções, expressando seu objetivo de implementar a gestão associada de determinado serviço público, e constituíram uma associação pública após a ratificação do protocolo por lei. Diante desses elementos, foi constituído: a) Convênio personalizado. b) Convênio de cogestão. c) Consórcio público. d) Convênio administrativo. e) Consórcio despersonalizado. 7. Administração Indireta – Bens e Composição – Bens do Consórcio – Natureza Jurídica dos Bens e Consequências A Administração Indireta é composta pelas pessoas jurídicas de Direito Público, como as autarquias, que incluem as agências reguladoras e associações públicas que, por sua vez, são compostas por entidades multifederadas (consórcio público). As autarquias fundacionais possuem natureza jurídica de Direito Público, também integram a Administração Indireta. Via de regra, no consórcio, há transferência da titularidade dos bens à pessoa jurídica consorciada, salvo se houver previsão expressa no contrato de consórcio, nos termos do art. 11, § 1º, da Lei de Consórcios Públicos. Direito Administrativo 183 No caso de a gestão associada originar a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos, o Contrato de Programa, sob pena de nulidade, deverá preencher alguns requisitos. Como normalmente ocorre nos contratos administrativos, deverá trazer a identificação dos bens que terão apenas a sua gestão e administração transferidas e o preço dos bens que sejam efetivamente alienados pelo contratado. Quanto à natureza jurídica dos bens que constituem a associação pública, que é uma entidade de Direito Público, seria de bens públicos, pela própria definição do art. 98 do Código Civil. Dessa forma, a consequência da composição dos bens é encontrada no Regime Jurídico de Bens previsto no Direito Público, prevendo a inalienabilidade; se o bem estiver afetado, a impenhorabilidade, a imprescritibilidade, a não oneração com direitos reais de garantia. Pela composição, os bens móveis e imóveis que integram as autarquiassão transferidos pela pessoa política instituidora. Quanto à pessoa jurídica de direito privado, se a composição do bem recair sobre bens privados, haverá um regime privatístico estabelecendo seu regramento. Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, se a pessoa privada prestar serviço público, os bens terão natureza pública se estiverem afetados. 8. Administração Indireta – Pessoa Jurídica de Direito Público e Pessoa Jurídica de Direito Privado – Fundações Públicas de Direito Privado – Criação do Ente de Direito Privado – Empresas Públicas – Sociedade de Economia Mista Administração Indireta: – pessoa jurídica de direito público: autarquias, autarquias fundacionais (fundações de direito público, instituídas pelo Poder Público); – pessoa jurídica de direito privado: empresas públicas e sociedades de economia mista + fundações públicas de direito privado (para parte da doutrina, ex.: Di Pietro e Hely Lopes Meirelles). 184 Direito Administrativo Patrimônio personalizado destinado a um fim. Fundações de direito privado instituídas por particulares. Criada por escritura pública ou testamento. Registro no estatuto no cartório. Ministério Público – Promotoria de Justiça das Fundações: é o órgão fiscalizador das fundações privadas instituídas por particulares. Salvo determinação diferente do instituidor, se os bens não são suficientes – bens incorporados em outra fundação de fins iguais ou semelhantes (art. 63 do CC). Fundação: área de atuação – Lei Complementar. Entende-se que a lei complementar definirá as áreas de atuação das fundações. Tramita na Câmara dos Deputados Projeto de Lei Complementar para definir as áreas de atuação das fundações instituídas pelo Poder Público. Fundação pública de direito privado. Apesar da natureza privada, não tem fins lucrativos. Paralelismo das formas: criação – extinção. Em vez da fiscalização pelo MP, há a supervisão ministerial ou tutela. Exercício 92. (Esaf – AFT – 2006) A doutrina sempre considerou muito complexa a figura das fundações no âmbito da Administração Pública brasileira. Em verdade, foi constante, ao logo dos anos, a evolução dessa espécie organizacional. No atual estágio, assinale o conceito correto a respeito das diversas categorias dessa entidade. a) A fundação pública de direito público tem natureza autárquica e integra a Administração Pública Direta. b) A fundação de apoio às instituições federais de ensino superior tem natureza de direito privado e integra a Administração Pública Indireta. c) A fundação pública de direito privado vincula-se ao regime jurídico -administrativo e integra a Administração Pública Indireta. d) A fundação previdenciária tem personalidade jurídica de direito público e vincula-se ao regime jurídico administrativo. e) A fundação pública de direito privado equipara-se, em sua natureza jurídica, à sociedade de economia mista. Direito Administrativo 185 9. Fundações Públicas – Divisões – Fundações Públicas de Direito Privado – Prerrogativas Processuais e Derrogações Fundações públicas de direito privado: – seus bens são penhoráveis; – a lei não cria, mas autoriza a criação, havendo necessidade do registro; – caso não desenvolvam serviço público, hipótese em que tenderiam a ser consideradas autarquias fundacionais, responderão subjetivamente pelos danos que seus funcionários causarem; – não têm prerrogativas processuais; – o regime de contratação é o da CLT, sendo competente a Justiça do Trabalho para dirimir conflitos. Derrogações: – fiscalização pelos Tribunais de Contas; – seus empregos não são acumuláveis – proibição contida no art. 37, XVII, da CF; – remunerações obedecem ao teto constitucional do art. 37, XI, da CF; – realização, como regra, de concurso público; – submissão à Lei de Licitações (art. 37, XXI); – imunidade tributária em relação aos serviços, bens e rendas vinculadas a suas finalidades essenciais ou delas decorrentes, art. 150, § 2º; – não são extintas das formas de direito privado, mas por lei, que autoriza sua criação. Fundações de direito público: – Decreto-lei nº 2.299/1986: incluiu as fundações na Administração Indireta; – art. 5º, IV, do Decreto-lei nº 200/1967: fundação – entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa. Problema: fundações que não eram só criadas/instituídas pelo Poder Público, mas por eles mantidas (por dotação orçamentária). Criadas a partir de fundos insuficientes e que ficavam na dependência de repasse de verbas diretamente no orçamento. Leading case: STF, RE nº101.126, de 1984: “Nem toda fundação instituída pelo Poder Público é fundação de direito privado. As fundações, instituídas pelo Poder Público, que assumem a gestão de serviço 186 Direito Administrativo estatal e se submetem a regime jurídico administrativo previsto, nos Estados-membros, por leis estaduais, são fundações de direito público e, portanto, pessoas jurídicas de direito público. Tais fundações são espécie do gênero autarquia.” Exercício 93. (Procurador Federal – Cespe – 2006) Acerca das fundações, julgue o item subsequente: As fundações públicas ligam-se à administração direta por um vínculo denominado, pela doutrina administrativa, tutela administrativa. 10. Empresas Públicas – Semelhanças das Estatais e Derrogações – Atuação no Mercado – Regime Jurídico – Definição de Empresas Públicas Estatal é toda sociedade, civil ou comercial, da qual o Estado tenha o controle acionário. – Empresas Públicas (EP); – Sociedades de Economia Mista (SEM); e – qualquer outra empresa controlada pelo Estado. Tanto a EP como a SEM: – exigem lei específica autorizando sua instituição (e extinção); – têm personalidade jurídica de direito privado; – exigência de concurso público – art. 37, II, da CF. – submissão à licitação, sendo que as que atuam no domínio econômico só atividades-meio (CABM); – responsabilidade criminal em crime próprio pelos empregados, que também respondem por improbidade administrativa; – vedada acumulação de cargos, empregos e funções (art. 37, XVII, da CF); – se receberem recursos públicos para pagamento de despesas de pessoal e para custeio em geral, aplicação do teto remuneratório (art. 37, XI, da CF); – não se sujeitam à falência, art. 2º, I, da Lei de Falências. Estatais: Intervenção estatal por participação – quando cria empresas que desenvolvem atividades de mercado, o que se justifica excepcionalmente no art. 173, diante de: Direito Administrativo 187 – imperativos da segurança nacional; ou – relevante interesse coletivo. Regime jurídico: Quando atuam no domínio econômico, seu regime jurídico é predominantemente privado. Art. 173, § 1º, II: regime próprio das empresas privadas, inclusive quanto a direitos e obrigações: – civis, comerciais, trabalhistas e tributários. – Art. 175, muda o regime dos bens (STF – Correios – RE nº 220.906), muda a responsabilidade (passa a ser objetiva, 37, § 6º, da CF). – Contudo, continuam sendo pessoas jurídicas de direito privado, mas, por exemplo, a dispensa da ECT (Correios) – condicionada à motivação (TST – SDI-I – 247). Exercício 94. (Analista Seger – ES – Cespe) A pessoa jurídica de direito privado criada por autorização legislativa específica, com capital formado unicamente por recursos de pessoas de direito público interno ou de pessoas de suas administrações indiretas, para realizar atividades econômicas ou serviços públicos de interesse da administração instituidora, nos moldes da iniciativa particular, é denominada: a) Fundação pública. b) Sociedade de economia mista. c) Subsidiária. d) Agência executiva. e) Empresa pública. 11. Sociedade de Economia Mista – Origem e Desenvolvimento – Proliferação das Estatais no Brasil – Definição de Sociedade deEconomia Mista Origem e desenvolvimento – Capitalismo mercantilista (séculos XVI, XVII): para fins de colonização – havia associação entre o capital do Estado e o dos particulares. 188 Direito Administrativo – Capitalismo industrial: segundo Bilac Pinto, proliferação a partir da Alemanha, do modelo de sociedade de economia mista (século XIX e início do XX). Movimento Artigo – o declínio das sociedades de economia mista e o advento das modernas empresas públicas (RDA 32/9): 1. concessão de serviços públicos: cláusula de garantias de juros e extensão dada à teoria da imprevisão (Estado acabava participando das perdas); 2. sociedade de economia mista: mas não perfeito – conflito de interesses; 3. empresas públicas – década de 50, no mundo. Brasil Adoção com maior intensidade das concessões. Uma tentativa de remodelação da concessão foi o estabelecimento das PPP, que são concessões especiais: patrocinada e administrativa. Sociedade de economia mista é empresa estatal, dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada após autorização legal específica, integralizada com a participação do Poder Público e de pessoas físicas e entidades não estatais na formação do capital e na administração, organizada sob a forma de sociedade anônima para o desenvolvimento de atividade econômica ou a prestação de serviços públicos. Exemplos: – Petrobras; – Eletrobras; – Banco do Brasil – com alguma divergência, pois foi criado em 1808, por alvará do Príncipe Regente, sem a autorização legislativa (exigência do Decreto-lei nº 200/1967). Exercício 95. Integram a administração pública indireta as sociedades de economia mista, as quais podem ser criadas para prestação de serviço público ou para exploração de atividade econômica. Acerca disso, assinale a alternativa que apresenta característica de sociedade de economia mista que explora atividade econômica: a) Ser pessoa jurídica de direito privado composta por capital exclusivamente público. b) Sujeitar-se ao regime próprio das empresas privadas. Direito Administrativo 189 c) Possuir regime de pessoal no qual seus agentes são servidores públicos. d) Não se sujeitar ao controle externo. e) Possuir privilégios fiscais não extensíveis à iniciativa privada. 12. Empresa Pública x Sociedade de Economia Mista – Principais Diferenças e Semelhanças – Processamento e Julgamento das Estatais Federais Principais Distinções – EP/SEM: Semelhanças Ambas podem atuar: – tanto no domínio econômico; – como na prestação de serviços públicos. Exemplos que estão em evidência: – Petrobras: Sociedade de Economia Mista; – PPSA Pré-Sal Petróleo S.A. – Empresa Brasileira de Administração de Petró- leo e Gás Natural: gerenciar e fiscalizar contratos de exploração de petró- leo sob regime de partilha nos campos do pré-sal (ex.: Campo de Libra). Distinções O capital: a) da empresa pública – integralmente público (seja pela AD ou AI); b) da sociedade de economia mista – além do público, ele é integralizado também com dinheiro da iniciativa privada. Forma societária: a) empresa pública, qualquer configuração admitida pelo direito (S.A., Ltda., etc.); b) a sociedade de economia mista só pode adotar a forma de sociedade anô- nima, submetendo-se à Lei das S.A., com algumas derrogações de direito público. Processamento e julgamento das estatais federais: – art. 109, I, da CF (autarquia e empresa pública federal): empresa federal processada na Justiça Federal; – sociedades de economia mista (federal, estadual ou municipal) são processadas e julgadas na Justiça Estadual. 190 Direito Administrativo Súmulas nos: – 556/STF: “É competente a Justiça Comum para julgar as causas que é parte sociedade de economia mista.” – 45/STJ: “Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento.” Súmula nº 517 do STF: “As sociedades de economia mista só têm foro na Justiça Federal, quando a União intervém como assistente ou oponente.” Não é verdadeira exceção, pois é a presença da União que desloca a competência comum estadual para a federal, e não a sociedade de economia mista, cuja regra é o foro da justiça comum estadual. Exercício 96. (Procurador do Estado – PB – 2008) Constitui elemento diferenciador entre sociedade de economia mista e empresa pública o(a): a) Regime jurídico de pessoal. b) Composição de capital. c) Patrimônio. d) Natureza da atividade. e) Forma de sujeição ao controle estatal.
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