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2 1 4 i n t r o d u ç ã o à sedimentologia REGISTRO GEOLÓGICO DE MARCAS ONDULADAS PROBLEMAS DA PRESERVAÇÃO As marcas onduladas não são conservadas, quando não existirem con- dições que favoreçam rápido soterramento por sedimentações posteriores dessas estruturas. Para uma interpretação adequada do registro sedimentológico, é impor- tante conhecermos não somente os fatores que governam a formação das marcas onduladas mas também os que favoreçam ou impeçam a conservação dessas estruturas. Elas são preservadas quando são recobertas por sedimentos sem destruí-las. Em geral há duas possibilidades de que isso aconteça: 1) os sedimentos são carregados em suspensão por forte corrente e, então, se de- positam bruscamente por queda de velocidade, por exemplo, em rio desa- guando no oceano, em outro rio ou entrando em um remanso do seu próprio curso; ou os detritos são carregados em suspensão por correntes de água através de ventos fortes e depois essas correntes cessam; e 2) os sedimentos se depositavam subaereamente, como, por exemplo, em cinzas vulcânicas ou areias transportadas pelo vento. Segundo observaram Fúlfaro e Suguio (1967), uma diminuição gradativa da velocidade da corrente de água favorece também a permanência da estru- tura formada, que pode portanto constituir-se em elemento potencial para preservação no registro geológico. DISTRIBUIÇÃO VERTICAL Marcas onduladas têm sido consideradas pelos geólogos como estruturas de águas rasas. No caso de ondas e de correntes, as condições essenciais são a existência de corrente e de material favorável à sua formação, podendo existir, portanto, em qualquer profundidade, onde seja possível a formação de correntes. No estreito de Skajerrak, entre a Noruega e Dinamarca, cor- rentes de maré foram registradas até 200 m de profundidade. Na costa da Noruega foram verificadas correntes, paralelas ao talude continental, com velocidade de 0,215 m/s à profundidade de 250 m. Uma velocidade de 0,214 m/s é suficiente para mover grãos de areia e, portanto, para produzir marcas onduladas. Do acima exposto, torna-se claro que as marcas onduladas podem ser formadas a qualquer profundidade, dentro dos limites da plataforma con- tinental, no caso de ambiente marinho. No canal da Mancha, Inglaterra, e na baía de Newfoundland, Canadá, existem fortes oscilações, respectivamente, a 70 e 90 m de profundidade, suficientes para formar marcas de onda de oscilação. São citadas ocorrências de marcas de oscilação a 188 m de pro- fundidade no oceano Índico. Mergulhadores no mar Mediterrâneo notaram a presença de águas movimentadas a 30 m de profundidade, capazes de movê-los como pêndulos. estruturas sedimentares 2 1 5 Em águas rasas, pequenas ondas produzem marcas onduladas de pe- quena amplitude. Aumentando a profundidade, as amplitudes das marcas onduladas aumentam até certo limite, quando com ulterior aumento de velocidade, essas marcas vão diminuindo pois o efeito das ondas vai dimi- nuindo. Pequenas marcas, portanto, podem ser formadas em águas rasas como em águas profundas. Por outro lado, marcas de oscilação de grande amplitude e grande comprimento não podem ser formadas em águas rasas. LITOLOGIA DAS MARCAS As marcas onduladas na sua maioria são observadas em areia ou arenito comum, consumidos do grãos de quartzo. No arenito, por exemplo, foram formadas enquanto eram apenas grãos completamente soltos de areia. Não são encontradas em sedimentos pelíticos devido à alta coesão desse material, quando molhado em fundos de corpos de água. Em latitudes subtropicais e equatoriais são comuns areias formadas de partículas de carbonato de cálcio. Então essas partículas, ao serem transpor- tadas por correntes aquosas ou mesmo eólicas, podem dar origem a marcas onduladas. O peso específico das partículas de carbonato de cálcio, não sendo fundamentalmente diferente daquele dos grãos de quartzo, parece reagir essencialmente da mesma maneira a ação de onda e corrente. EXEMPLOS DE MARCAS ONDULADAS EM SEDIMENTOS ANTIGOS As marcas onduladas estão preservadas em sedimentos muito antigos, desde o Pré-Cambriano. No Brasil, são conhecidos em sedimentos pré- -silurianos, como, por exemplo, em quartzitos da Formação Itacolomi em Minas Gerais (Pflug, 1963), em depósitos devonianos da Formação Ponta Grossa do Paraná (Lange e Petri, 1967), em sedimentos permianos das for- mações Estrada Nova e Irati (Rich, 1951; Salamuni, 1963; Amaral, 1968; e outros). As regiões litorâneas das ilhas Baamas, na América Central, mostram belas marcas onduladas em areias calcárias. Também em praias, formadas predominantemente por fragmentos de conchas, existem marcas onduladas de pequeno comprimento de onda. Também nas ilhas Baamas, onde a cor- rente é mais forte, existem metaripples (ondas progressivas de areia) nessas areias. Em calcários antigos também se encontram marcas onduladas, tanto de oscilação como de corrente. IMPORTÂNCIA PALEOGEOGRÁFICA As conclusões paleogeográficas principais que podem ser deduzidas das marcas onduladas são dadas a seguir. 1) Marcas onduladas de grandes comprimentos de onda (da ordem de dezenas de centímetros), bem assimétricas (metaripples), pouco assimétricas
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