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Estruturas sedimentares: Gretas de Contração

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216 i n t r o d u ç ã o à sedimentologia 
ou mesmo simétricas (pararipples), são originadas somente por correntes de 
velocidade relativamente altas. 
a) se o comprimento de onda varia muito em pontos diferentes da mesma 
superfície e, se elas não podem ser traçadas a grandes distâncias, a velocidade 
da corrente que produziu as marcas deve ter sido limitada à área relativamente 
pequena, como no caso de canais de rios ou estuários; e 
b) se o comprimento de onda for notavelmente uniforme, podendo as 
marcas serem acompanhadas por grandes distâncias, deveremos estar na pre-
sença de planícies costeiras agitadas por correntes de maré. 
2) Marcas assimétricas de pequeno comprimento de onda indicam a exis-
tência pretérita de correntes de baixa velocidade. 
3) Marcas linguóides indicam margens de rios ou planícies costeiras, 
onde há mudanças bruscas no nível das águas. 
4) Marcas simétricas de pequeno comprimento de onda indicam corpos 
de água em oscilação sem formação de correntes. 
5) Marcas onduladas cruzadas por outras marcas ou estruturas indicam 
interferências de correntes aquosas provocadas por variações na direção do 
vento. 
Gretas de contração (pelotas de argila e bolas de carvão) 
O termo greta de contração serve para designar estrutura de fendas, 
formando polígonos, encontrada em lamas argilosas e calcárias, originadas 
em virtude da diminuição de volume por ressecação. 
Na maior parte dos casos, as gretas são formadas quando corpos de 
água secam e expõem sedimentos argilosos depositados no seu fundo. Em 
raros casos, no entanto, podem ser formados por congelamento de corpos 
rasos de água e posterior degelo, e consequente diminuição de volume, mas 
esses casos podem ser desprezados, na interpretação geológica de gretas, por 
serem muito raros. 
White (1961) chamou a atenção para a presença de gretas em argilas, 
com os minerais dispostos caoticamente (indício de deposição por floculação). 
Gretas (neste caso chamadas de synaeresis) são desenvolvidas, quando as 
argilas ainda estão submersas, por expulsão de água contida nos flocos, ori-
ginalmente grandes e moles. A expulsão se dá por efeito do peso dos flocos 
superpostos. Para haver floculação da argila é necessário certa concentração 
salina da água, contudo, dependendo da quantidade de argila em suspensão 
e dos tipos de cátions presentes na água, a concentração salina pode ser 
muito baixa para que o fenómeno ocorra. 
Burst (1965) chamou a atenção sobre a formação de gretas sob a água, 
quando a montmorillonita está presente entre os argilo-minerais e quando a 
salinidade do meio aquoso é aumentada. Tais condições podem ser encon-
tradas na natureza em regiões lagunares, canais de maré e outras áreas cos-
teiras, onde a salinidade da água é variável de acordo com o movimento das 
marés e com o suprimento de águas dos cursos que aí desembocam. Tais 
estruturas sedimentares 217 
gretas, de origem subaquática, não são regulares como as formadas por res-
secação. Além disso, possuem os lados retos, enquanto nas formadas por 
ressecação elas são em geral curvas para cima. Em casos mais raros a cur-
vatura dos polígonos é para baixo. A curvatura dos polígonos, para baixo 
0 u para cima, tem sido atribuída à presença de água salgada, no primeiro 
caso, e água doce, no segundo. Quando a salinidade é excessiva não se formam 
gretas, porque o crescimento dos cristais de sais desintegram a argila trans-
formando-a em poeira fina. 
A rachadura da lama se inicia nos pontos de maior fraqueza, por exemplo, 
um ramo de árvore enterrado, presença de um orifício, partícula de areia, 
orifício de verme ou qualquer outro fenómeno que enfraqueça a coesão da 
argila. Se a ressecação não progride além de um certo estádio, são formadas 
gretas incompletas. 
Às vezes temos uma mesma superfície com gretas isolando polígonos de 
formas variadas. Isso porque podem ser formadas diversas gerações de gretas 
com o progresso da ressecação. As que se formam em primeiro lugar são as 
mais longas e mais profundas. Em raros casos as gretas adquirem padrão 
retangular. 
Quanto às dimensões, gretas típicas raramente excedem poucos centí-
metros de largura, mas mostram considerável variação de profundidade. 
Gretas de tamanho microscópico têm sido descritas de rochas do Pré-Cam-
briano do Canadá e gretas gigantes, com profundidades superiores a 3m, 
foram registradas em folhelhos mesozóicos de Utah, Estados Unidos. Em 
seu desenvolvimento normal, contudo, possuem profundidades médias de 
poucos centímetros a poucos milímetros. 
O espaçamento das gretas é também uma função da espessura e natureza 
da lama, grau e modo de ressecação, e forma da bacia. O espaçamento nos 
sedimentos calcários é menor do que nos não-calcários. Ressecação rápida 
produz maior espaçamento do que ressecação lenta. Em lama, que contém 
muito material estranho, também ocorre menor espaçamento. 
Frequentemente as gretas ocorrem em locais de sedimentos cíclicos de 
regime sazonal ou não, de modo que são formados ritmitos e outros sedi-
mentos alternadamente claros e escuros. As gretas estarão presentes nas ca-
madas argilosas, de granulação mais fina, e uma parte dos materiais mais 
grosseiros (areias finas e siltes) irá preencher as gretas anteriormente formadas. 
Se a sedimentação for contínua durante o período de preenchimento das 
gretas, a natureza litológica do material que as preenche é a mesma da rocha 
sedimentada acima e, neste caso, o reconhecimento da presença das gretas 
seria mais difícil. Quando o preenchimento é de material diferente da super-
fície gretada, que é o caso mais comum, sua presença é mais facilmente per-
cebida. O preenchimento das gretas tende a adquirir duas formas funda-
mentais: a mais comum é a de V, com o vértice apontado para baixo, enquanto 
que o segundo tipo possui forma tabular e corta a camada argilosa com-
pletamente. 
218 i n t r o d u ç ã o à sedimentologia 
Gretas de contração são bem mais abundantes em sedimentos não-ma-
rinhos, principalmente de sedimentação em ambientes fluviais de planícies de 
inundação. Quando ligados a ambientes marinhos, possuem desenvolvimento 
nas planícies descobertas de maré. As condições são particularmente favo-
ráveis em climas secos, onde o desenvolvimento de vegetação é dificultado 
(veja a foto 2). 
Foto 2 — G R E T A S D E C O N T R A Ç Ã O . A ressecação de sedimento argiloso faz surgirem 
rachaduras que são posteriormente preenchidas por sedimento geralmente mais grosseiro. Ob-
servar na foto que existem gretas definindo p o l í g o n o s maiores, por sua vez gretados em p o l í g o n o s 
menores por um a v a n ç o no processo de ressecação 
P r o c e d ê n c i a : F o r m a ç ã o Estrada Nova (Permiano) 
Conchas — Estado de São Paulo 
Em sedimentos da Formação Estrada Nova, Permiano da Bacia do 
Paraná, a sondagem de Araquá, próximo a Rio Claro (SP), atravessou suces-
sivos leitos com gretas de contração em argilas, conservadas por leitos are-
nosos posteriormente formados. Isso indica sucessivas épocas de inundações, 
seguidas de épocas secas, formação de água estagnada, deposição da argila 
que estava em suspensão, evaporação da água estagnada e ressecação da 
argila com formação de gretas. Novas inundações traziam areia que preencheu 
as gretas formadas na fase anterior. Esta série de episódios deve ter se repetido 
muitas vezes. 
estruturas sedimentares 219 
No Estado do Paraná, na região de Prudentópolis, foram revelados, em 
sondagens, 90 m de depósitos sedimentares pertencentes à Fácies Teresina do 
Grupo Passa Dois (Permiano) da Bacia do Paraná, onde aparecem interca-
lados níveis de gretas preenchidas por siltitos ou arenitos com estratificação 
cruzada e, por vezes, marcas onduladas (Salamuni, 1964, p. 186). 
PELOTAS DE ARGILA (Clay Galls) 
Se alguns poucos centímetros de argila e silte se depositarem sobre uma 
camada arenosae ficarem sujeitos a ressecamento, a argila será completa-
mente fragmentada por gretas e os polígonos ficarão côncavos para cima 
formando pequenas lascas isoladas. Com forte ressecação, essas placas côn-
cavas podem se tornar bastante coerentes e poderão ser recobertas por sedi-
mentos posteriormente depositados, sem muita fragmentação ou perturbação. 
Pode acontecer que esses polígonos sejam mobilizados pela erosão, apare-
cendo então sob forma irregular. Quando a erosão for relativamente violenta, 
somente poucas placas argilosas podem escapar à desintegração, transfor-
mando-se em discos arredondados e chatos; assim a maioria será depositada 
com o plano das duas maiores dimensões paralelo ao acamamento. A esses 
fragmentos de argila, irregulares ou discóides, muitas vezes, soltos no meio 
dos sedimentos arenosos, damos o nome de pelotas de argila. 
Podem existir também pedaços de material argiloso do tamanho de seixos 
grandes e até matacões. A origem dessas bolas de argila não é a mesma das 
pelotas de argila. São frequentemente formadas por pedaços de material 
argiloso, bastante coesos, que caem dos barrancos e são rolados por correntes, 
juntamente com seixos, grãos de areia, fragmentos de vegetação ou de conchas, 
etc. As bolas de lama podem aumentar de diâmetro pela adesão de lama 
adicional, adquirindo assim estrutura concêntrica. Fragmentos placóides, 
alongados de 20 a 30 cm de diâmetro, constituídos de materiais argilosos, são 
encontrados nas praias de Conceição da Barra (ES). Neste local, esses discos 
argilo-orgânicos são arrancados das margens de um rio (o São Mateus) e 
transportados até a sua desembocadura no mar, presos a raízes de aguapés 
(plantas de hábito aquático que aí proliferam). Existem também as bolas de 
carvão (coal balis), formadas por processos similares, que originalmente foram 
bolas de turfa, de grande coerência e baixa densidade, podendo ser trans-
portadas até mesmo pela água. 
Níveis de pelotas de argila são frequentes em bacias sedimentares de 
idades correlatas de origem continental, tais como a Bacia de São Paulo, 
Curitiba e Taubaté (fim do Terciário para Pleistoceno). São verificados 
também nos sedimentos continentais da Formação Barreiras, que se estende 
pelo litoral brasileiro desde Espírito Santo, ao norte de Vitória, até a Ama-
zónia. Níveis de pelotas de argila aparecem também, com certa frequência, 
em sedimentos da Fácies Teresina do Grupo Passa Dois, Permiano da Bacia 
do Paraná. 
220 i n t r o d u ç ã o à sedimento!ogi a 
Estruturas externas singenéticas originadas por correntes 
turbilhonares e outros mecanismos 
Aqui detalharemos as estruturas, que, no quadro geral de classificação 
das estruturas sedimentares, foram referidas como estruturas principalmente 
singenéticas, principalmente físicas, internas, irregulares. Algumas dessas estru-
turas são de difícil interpretação, tendo sido chamadas, por isso, de hieróglifos 
Muitas dessas estruturas são originadas por correntes que não apresentam 
fluxo laminar mas sim turbilhonar, de modo que essas estruturas são muito 
mais irregulares do que as marcas onduladas, por exemplo. Em outros casos 
a ação das correntes é indireta, isto é, as marcas são produzidas por objetos 
que são levados pelas correntes. Essas marcas, na maior parte dos casos, 
mostram-se como depressões sobre a superfície das camadas. A deposição 
de novas camadas por cima molda as depressões, que aparecerão, então, 
salientes, sendo por isso facilmente detectáveis. Os moldes aparecem no lado 
inferior das camadas, sendo a razão por essas estruturas serem conhecidas 
também pelo nome marcas de sola (sole marks). Geralmente são mais cons-
pícuas em sedimentos argilosos. 
Essas estruturas aparecem sob grande número de formas, sendo, por 
isso, muito difícil uma classificação sistemática. Aqui será adotada a clas-
sificação desenvolvida por diversos autores e sintetizada por Dzulynski e 
Walton. 1965 (pp. 37-39). que é dada a seguir: 
I — Marcas de corrente 
a) Marcas de escavação: 
aj) escavação por correntes, 
turboglifos, 
escavações transversais e diagonais, 
sulcos de lavagem, 
sulcos e cristas longitudinais, 
marcas triangulares acunhando-se à jusante, 
marcas semelhantes a travesseiro, 
canais; 
a 2) escavação por obstáculos, 
marcas em crescente, 
marcas longitudinais de obstáculo. 
b) Marcas de objetos: 
b x ) marcas contínuas: 
marcas de sulco, 
marcas espigadas; 
b 2 ) marcas descontínuas: 
marcas de punção, 
marca de roçadura, 
marca de empuxo, 
marca de saltação; 
b 3) sulcos de lavagem associados a de objetos. 
estruturas sedimentares 221 
I I — Marcas e estruturas ocasionadas por outros mecanismos 
a) Fraturas de tensão. 
b) Marcas frondescentes. 
c) Linhas de deixa (swash marks). 
d) Pequenas cavidades de sedimentos. 
TURBOGLIFOS (Flute marks) 
A série de marcas, reunidas sob a designação de turboglifos, é uma das 
mais bem conhecidas. Consiste de depressões descontínuas com formas ge-
ralmente alongadas, variáveis, dotadas de uma depressão profunda e íngreme 
a montante, tornando-se gradativamente mais rasas à jusante da corrente que 
as originou. 
Turboglifos podem aparecer isolados mas ocorrem, mais comumente, 
cobrindo densamente a superfície das camadas em padrões definidos e iso-
rientados, em direção paralela, transversal ou oblíqua em relação à corrente. 
A reprodução artificial de turboglifos, através de experiências de labo-
ratório, demonstrou que essas marcas se originam em zonas de forte turbu-
lência de água, que escava o fundo lamacento. 
Turboglifos foram descritos e figurados por Murphy e Schlanger (1963, 
pp. 229-230) nas formações Ilhas e São Sebastião, e por Salamuni, Marques 
Filho e Sobanski (1966, pp. 17-18) em sedimentos do Subgrupo Itararé, Per-
mocarbonífero da Bacia do Paraná em Rio Negro (Estado do Paraná) e em 
Mafra (Estado de Santa Catarina). 
Os turboglifos do Cretáceo da Bahia foram moldados em siltito, com 
tamanhos variáveis, alguns alcançando mais de 15 cm de comprimento, 1,3 cm 
de largura e 1 cm de profundidade. Alguns dos contramoldes apresentam o 
ápice desenvolvido a montante, torcido ou espiralado. 
Os turboglifos do Subgrupo Itararé são de tamanhos variáveis, desde 
poucos milímetros em afloramentos da área de Rio Negro (PR), até cerca de 
20 cm, em afloramentos da área de Rio Branco (PR). Podem aparecer isolados 
ou agrupados. 
ESCAVAÇÕES TRANSVERSAIS E DIAGONAIS 
(Transverse and diagonal scours) 
Constituem-se de depressões alongadas, alinhadas em direção trans-
versal ou oblíqua à direção da corrente. Parecem ter-se originado pela coa-
lescência de uma série de turboglifos, porém é possível a ação de outros 
íátores ainda não perfeitamente identificados. 
SULCOS DE LAVAGEM (Rill marks) 
São canalículos dendriformes formados pelo escoamento de pequena 
quantidade de água, que se espalha como um lençol em um fundo relati-
222 i n t r o d u ç ã o à sedimentologia 
vãmente plano. As bifurcações podem se dar a montante, processo similar 
ao que normalmente acontece em um sistema fluvial, ou à jusante, processo 
similar ao que acontece em deltas. Este último caso ocorre quando a água 
carrega em suspensão maior quantidade de detritos do que a sua capacidade 
de transporte. A deposição do excesso de carga produz a bifurcação da pe-
quena corrente. Os sulcos são contínuos, mas as cristas podem ser descon-
tínuas (veja a Fig. 74). 
Essa estrutura se encontra cornumente em praias e cursos de água rasos. 
Podem adquirir padrão rombóide, semelhante a certas marcas onduladas, se 
encontrar pontos densamente distribuídos na superfície da areia, que servirão 
de obstáculos (Otvos, 1965). 
SULCOS E CRISTAS LONGITUDINAIS 
(Longitudinal furrows and ridges) 
Van Straaten (1951) chamou essas estruturas de marcas onduladas lon-
gitudinais e sugeriu que pudesse se originar sob águasextremamente rasas, 
por correntes de direção constante e de longa duração. Ressaltou que são 
estruturas mais erosivas do que deposicionais. 
Os sulcos e cristas longitudinais, aqui tratados, dispõem-se paralelamente 
entre si. A corrente que as originou tinha direção paralela aos sulcos e cristas, 
distinguindo-se desse modo das marcas onduladas. São mais densamente 
agrupadas do que as marcas onduladas. Há ocasional coalescência das cristas. 
Os sulcos são irregularmente deprimidos e podem ser descontínuos, sendo as 
cristas, ao contrário, contínuas, diferenciando-se neste particular dos sulcos 
de lavagem. As cristas podem ser paralelas por grande distância ou podem 
se unir após pequena distância. A união geralmente se dá à jusante. Os sulcos 
possuem seção transversal arredondada. Nos moldes, os sulcos aparecem ele-
vados e fragmentados por barras pontiagudas que representam os aprofun-
damentos irregulares dos sulcos. Essas barras pontiagudas são, quase que 
invariavelmente, convexas a montante. 
Figura 74. Estruturas de sulcos de lavagem Figura 75. Estruturas de "chamas" (ftamé) 
(rill marks) e os sentidos de fluxo das correntes associadas com sulcos e cristas longitudinais 
(Longitudinal furrows and ridges) (Segundo 
Dzulynski e Walton, 1965) 
estruturas sedimentares 223 
As cristas em seção podem mostrar saliências pontiagudas e retorcidas -
veja a Fig. 75 (Dzulynski e Walton, 1965). Essas cristas são chamadas de 
/fomes (chamas) pelos autores de língua inglesa, por se assemelharem a la-
baredas de uma chama. Como a corrente de água se desloca paralelamente 
às cristas, elas não têm influência sobre o sentido de torcimento das saliências. 
Estruturas em flame podem também ter outra origem. 
As estruturas em consideração são formadas por torrentes de material 
em suspensão e que, ao se deslocarem, adquirem forma de filamentos ou 
tubos, com o fluido se deslocando em espiral. Os movimentos em espiral 
possuem sentidos opostos nos tubos adjacentes. Esses tubos escavam sulcos 
e o material erodido é acumulado nas cristas. Quando os filamentos indi-
viduais se degeneram ou sobem, perdendo o contato com o fundo, as cristas 
podem coalescer. As cristas se bifurcam à jusante, quando novos filamentos 
tocam o fundo. Essas duas condições (bifurcação a montante ou à jusante) 
se originam, nas experiências, pela convergência ou divergência das correntes. 
Correntes rápidas tendem a produzir cristas retas e paralelas, enquanto cor-
rentes mais lentas tendem a produzir cristas coalescentes e sinuosas, visto 
que essas correntes são mais afetadas por irregularidades de fundo. Ao con-
trário do que pensava Van Straaten (1951), ocorrem tanto em águas rasas 
como profundas, estas originadas por correntes de turbidez. Lento deslize 
de água sobre lama mole produz um padrão dendritico, constituindo os 
sulcos de lavagem (já visto), e que é um caso extremo desse tipo de estrutura. 
Tanto os turboglifos como os sulcos e cristas longitudinais foram obtidos 
experimentalmente derramando-se suspensão de gesso em tanques de água 
com lama no fundo: as marcas formadas são moldadas em gesso (D/ulvnski. 
1965, p. 196). Os turboglifos, nessas experiências, se formaram próximo ao 
ponto de descarga, quando as correntes possuem grande turbulência, enquanto 
que os sulcos e cristas longitudinais se formaram em lugares mais afastados 
do ponto de descarga, em condições menos turbulentas e mais regulares. 
MARCAS TRIANGULARES ACUNHANDO-SE À JUSANTE 
(Triangular marks tapering down current) 
Constituem-se em sulcos, que se encontram formando "bicos", que 
apontam para a jusante da corrente. Ocorrem associados à estrutura anterior 
e as condições de sua formação, embora ainda não muito claras, devem estar 
ligadas às que condicionam a formação de sulcos e cristas longitudinais. 
MARCAS SEMELHANTES A TRAVESSEIRO (Pillow like scour marks) 
São constituídas de séries de depressões, mais ou menos eqiiidimensionais, 
associadas. Tais estruturas não possuem direção preferencial e, à primeira 
vista, não parecem estar ligadas a correntes. Sua associação com sulcos e 
cristas longitudinais, contudo, demonstra que se formam quando a corrente 
principal encontra um obstáculo, reflete-se e se incide em sentido oposto à 
224 i n t r o d u ç ã o à sedimentologia 
corrente principal. Tais estruturas foram obtidas experimentalmente em 
tanques de prova, com a reflexão das correntes nas paredes do tanque. São 
morfologicamente indistinguíveis de algumas estruturas de sobrecarga e real-
mente pode haver o ciso de origem mista. Sua verdadeira natureza poderá 
ser percebida pela associação com sulcos e cristas longitudinais. 
CANAIS (Channels) 
Dzulynski e Walton (1965, p. 87) propõem o uso deste termo para as 
grandes estruturas de escavação, com alguns metros de largura e profundi-
dade da ordem de 1 m. Frequentemente as exposições não permitem visua-
lizar, de um só golpe, a forma do canal. 
ESCAVAÇÕES POR OBSTÁCULOS (Obstacle scours) 
Sulcos originados à jusante de pequenos obstáculos, como um seixo ou 
fragmento de rocha, constituem o caso. O mecanismo de formação é o se-
guinte: o obstáculo represa momentaneamente a água depositando-se areia; 
a água, correndo pelos lados do obstáculo, também deposita areia, deixando 
a parte na frente do obstáculo mais deprimida. Uma vez vencido o obstáculo, 
a água passará a correr na depressão cavando um sulco que poderá se bifurcar 
adiante, como um delta. Partes mais resistentes do fundo também podem 
funcionar como obstáculos. Dependendo do tamanho do objeto, as marcas, 
à jusante, podem ter a forma crescente ou longitudinal. Tais marcas são 
frequentes em praias arenosas, sendo comuns os obstáculos serem consti-
tuídos por conchas inteiras ou fragmentadas. 
MARCAS DE OBJETOS (Tool marks) 
Objetos flutuantes, tais como gelo, madeira, algas, pequenas conchas, 
espinhas e vértebras de peixes, pedaços de púmice em regiões vulcânicas, etc. 
produ/em marcas de grande variedade de tipos. Dzulynski e Walton (1965) 
consideram fragmentos de argila consolidada, retirados do próprio fundo, 
como objeto mais comum. Quando tocam continuamente o fundo, produzem 
marcas contínuas; quando tocam intermitentemente, ao sabor do movimento 
da água, produzem marcas descontínuas. 
MARCAS CONTÍNUAS 
Entre as marcas contínuas devidas a objetos flutuantes distinguimos as 
marcas de sulco (groove marks) e marcas espigadas (chevron marks). 
O objeto pode mover-se em uma direção constante, produzindo um sulco 
reto; o transporte pode se dar por arrastamento ou rolamento. Qualquer que 
seja o transporte, as marcas originadas denominam-se marcas de sulco (groove 
marks). Às vezes o objeto não chega a tocar o fundo, mas ocasiona corrente 
dirigida, que cava o sulco no fundo incoerente. 
estruturas sedimentares 225 
Marcas de sulco são relativamente comuns nos depósitos permocarbo-
níferos dos Estados de Paraná e Santa Catarina (Subgrupo Itararé), segundo 
Salamuni, Marques Filho e Sobanski (1966). Apresentam-se isoladamente ou 
em grupos paralelos ou subparalelos. As larguras mais comuns estão entre 
3 e 10 mm, e as profundidades normalmente não ultrapassam 4 mm. Também 
nas formações Ilhas e São Sebastião, Cretáceo do Recôncavo Baiano (BA) 
ocorrem marcas de sulcos (Murphy e Schlanger, 1963). 
Marcas espigadas são constituídas por impressões em forma de V, ali-
nhadas e paralelas à corrente. Os vértices apontam para jusante da corrente 
que as originou. São claramente relacionadas às marcas de sulco, podendo 
estar associadas. A origem dessas marcas está relacionada com a consistência 
da lama de fundo. Alguns objetos podem cortar marcas de sulco retas em 
lama não coerente, mas, se uma película coerente cobre a lama, esta será 
amarrotada nos lados do sulco formando marcas espigadas. 
MARCAS DESCONTÍNUAS 
Se o objeto flutuante não tocar continuamenteo fundo, mas intermi-
tentemente, de acordo com o movimento da água, as marcas serão descon-
tínuas. Estas podem se dispor isoladamente ou em série. Radowski (in Dzu-
lynski e Walton. 1965) denominou-as genericamente de marcas de impacto. 
Se a natureza depende do objeto, do modo de transporte, do ângulo de inci-
dência e da consistência da lama, diversos são os tipos reconhecíveis. Por 
exemplo, se tomarmos o ângulo de incidência, em ordem decrescente deste 
ângulo, temos as marcas de punção (prod marks), marcas de roçadura (bounce 
marks) e as marcas de empuxo (brush marks). O caso extremo, de ângulo de 
incidência nulo, produz as marcas de sulco, já descritas acima. 
Quaisquer das marcas acima descritas podem se repetir regularmente 
sobre um depósito sedimentar; esta repetição ocorre quando o objeto toca 
regularmente o fundo. Nesse caso, a estrutura é conhecida como marcas de 
saltação (skip and roll marks). 
SULCOS DE LAVAGEM ASSOCIADOS A OBJETOS 
(Rilled tool marks) 
A estrutura aqui descrita é uma variedade do sulco de lavagem, já des-
crito. O mecanismo, contudo, é ligeiramente diferente. Ocorre quando um 
substrato muito coerente é tocado por um objeto flutuante, causando uma 
depressão. Água carregada de lama corre então no sentido da depressão oca-
sionando os canalículos dendriformes característicos daquela estrutura. 
FRATURAS DE TENSÃO (Tension cracks) 
Algumas cristas associadas a marcas de sulco são cortadas por fraturas 
de tensão devido ao empuxo da lama pelo objeto em movimento. Algumas 
lembram superficialmente marcas espigadas. 
226 i n t r o d u ç ã o à sedimentologia 
MARCAS FRONDESCENTES (Frondescent marks) 
São marcas constituídas por uma série de sulcos geralmente se ramifi-
cando à jusante, lembrando os galhos de uma árvore. As cristas são crenuladas 
e estas finamente estriadas. A forma varia de estreita a muito alongada a 
curta e larga. 
Essas estruturas são formadas primordialmente pelo assentamento de 
material recém-depositado, quando ainda não totalmente livre da corrente. 
O sedimento está fortemente embebido em água e, quando encontra a su-
perfície mais consistente do fundo, espalha-se radialmente, quando não afe-
tado pela corrente ou tendendo a se alongar no sentido da corrente, quando 
afetado por esta. A estrutura é tanto mais alongada, quanto maior é a velo-
cidade da corrente. 
LINHAS DE DEIXA (Swash marks) 
São estruturas, frequentemente encontradas em praias, constituídas por 
cordões anastomosantes, formados pelo acúmulo de materiais leves (frag-
mentos de concha, madeira, algas, etc.) e que acompanham aproximadamente 
a linha do litoral; em geral são curvas com a convexidade voltada para o con-
tinente. Constituem local propício para a procura de foraminíferos na praia, 
pois suas testas ocas são muito leves e adequadamente depositadas nessas 
estruturas. Marcas desse tipo foram descritas de arenitos devonianos do 
Estado de Nova York, Estados Unidos. 
PEQUENAS CAVIDADES DE SEDIMENTOS 
(Pit and mound structure) 
São orifícios formados em argilas que se sedimentam rapidamente. Cor-
rentes de água, movendo-se verticalmente através da lama e emergindo na 
superfície, produzem crateras rasas. Essas crateras pequenas continuam para 
baixo por um tubo vertical, o qual desaparece posteriormente por preen-
chimento pela lama. 
Orifícios semelhantes podem ser produzidos, também na lama, por 
escape de gases. Aqui, ao contrário de estruturas formadas por água ascen-
dente, em geral os orifícios não são limitados por uma margem elevada. 
Concreções singenéticas e epigenéticas 
Concreções são agregados em sedimentos, diferindo da natureza destes 
e formados de matéria inorgânica em forma nodular, discoidal, rizóide, ci-
líndrica ou outra forma. Diferem dos seixos porque não são transportados. 
Um núcleo pode estar presente e a estrutura, via de regra, é concêntrica, se 
bem que nenhuma dessas feições seja essencial na definição de concreção. 
São geralmente mais resistentes ao intemperismo do que as rochas encai-
xantes, dependendo naturalmente das composições das concreções e das 
estruturas sedimentares 227 
rochas encaixantes. Oólitos e pisólitos são os mais abundantes corpos con-
crecionares, mas, como eles têm significado diferente das outras concreções, 
serão considerados separadamente. 
COMPOSIÇÃO DAS CONCREÇÕES 
A concreção é normalmente composta de um único material, mas uma 
ou mais substâncias estão presentes como impurezas. Os materiais mais 
comuns nas concreções são: calcita, sílica, hematita, limonita, siderita, pirita 
e marcassita, gipso, barita, aragonita, óxido de manganês, fosfato de cálcio, 
fluorita, bauxita, etc. Os seis primeiros minerais dessa lista formam as con-
creções mais comuns. 
Concreções calcárias são muito mais comuns em folhelhos e arenitos. 
Geralmente a composição é calcítica e não aragonítica, porque este último é 
mais instável. 
Concreções silicosas são geralmente formadas por sílica quase pura sob 
a forma de sílex. São comuns, por exemplo, na Formação Irati (Permiano 
da Bacia do Paraná), onde aparecem em formas bi/arras. de onde vem a desig-
nação "bonecas de sílex". Em calcários permianos da Formação Estrada 
Nova da Bacia do Paraná, aparecem concreções em forma de bolas bastante 
esféricas de 5 a 10 cm de diâmetro, também constituídas de sílex. Algumas 
concreções em arenitos consistem de areia cimentada de sílica (ou de car-
bonatos). 
Concreções de hematita e limonita são as mais comuns em arenitos, sendo 
formadas por areias cimentadas por óxido de ferro. Formam-se atualmente 
em alguns solos lateríticos. São abundantes nos sedimentos neocenozóicos, 
que formam a Bacia de São Paulo (SP), e nos arenitos da Formação Barreiras, 
que se encontra ao longo da costa atual brasileira, desde o Estado de Espirito 
Santo até a Amazónia. 
Concreções de pirita e marcassita são comuns. Encontram-se em fo-
lhelhos, calcários, carvões e arenitos, sendo abundantes em folhelhos pretos 
de origem marinha. São encontrados nos ritmitos do Subgrupo Itararé, 
Permocarbonífero da Bacia do Paraná, em Itu, Estado de São Paulo. 
Concreções de siderita são comuns nos folhelhos do Eodevoniano da 
Bacia do Paraná (Formação Ponta Grossa — Membro Jaguariaíva), segundo 
Lange e Petri (1967). Nódulos de siderita e pirita aparecem também no Neo-
devoniano da Bacia do Maranhão (Formação Longa). 
Camadas vermelhas (red beds) contêm com frequência concreções de 
gipsita e barita. Nódulos de barita são também encontrados em sedimentos 
de fundos de mares atuais. 
FORMA E TAMANHO 
As formas das concreções são extremamente variáveis, podendo ser 
agrupadas da seguinte maneira: 
228 i n t r o d u ç ã o à sedimentologia 
a) esférica, discóide e elipsóide; 
b) cilíndrica; 
c) nodular e irregular. 
Concreções esféricas de calcita, pirita ou marcassita são muito comuns. 
Concreções de pirita são comuns em carvões brasileiros. As formas elipsoidal 
e discoidal podem ser originais ou secundárias, causadas por compressão de 
concreções esféricas. As concreções da Formação Irati, já mencionadas, podem 
adquirir forma elipsoidal. Concreções cilíndricas são comuns de pirita, mar-
cassita e óxidos de ferro; em loess ocorrem frequentemente concreções ci-
líndricas de calcita. Concreções de forma irregular podem ser desenvolvidas 
por união lateral de concreções separadas ou podem adquirir essa forma por 
crescimento original. Adquirem formas variadas, tendo sido citados casos 
raros em que tomam a forma de anel. Na praia de Pernambuco, Guarujá, 
Estado de São Paulo, a calcita cimentou a areia formando concreções irre-
gulares. 
As maiores concreções encontradas estão em arenitos. São citados are-
nitos eocênicos do Texas e Louisiania, Estados Unidos, concreções esféricas 
de 9 m de diâmetro. No Cretáceo de Dakota, Estados Unidos, são citadas 
concreções cilíndricas queultrapassam 30 m de comprimento. Normalmente, 
contudo, os diâmetros não excedem valores da ordem de centímetros. As 
concreções de calcário que ocorrem em margas do Grupo Araripe, Cretáceo 
do Nordeste do Brasil, adquirem com frequência tamanhos de mais de 30 cm. 
Nos carvões brasileiros as concreções de pirita podem chegar a 5 cm de diâ-
metro. A maioria das concreções obtidas do fundo do mar possuem diâmetros 
da ordem de fração de milímetro. As maiores concreções são encontradas em 
arenitos, porque elas podem crescer epigeneticamente, de maneira livre, 
enquanto que em rochas argilosas isso é mais difícil devido à menor permea-
bilidade dessas rochas. 
FEIÇÕES SUPERFICIAIS E INTERNAS 
Algumas concreções são mais facilmente separáveis da rocha encaixante 
por possuírem superfícies relativamente lisas. Outras possuem superfícies 
ásperas e irregulares. 
Quanto à estrutura interna, as concreções podem ter estrutura radial, 
em lâminas concêntricas, ou serem amorfas; podem também possuir simul-
taneamente estruturas radial e concêntrica. Muitas concreções de pirita e mar-
cassita, gipso e óxidos de ferro, possuem estrutura radial. 
A textura e a cor podem ser uniformes, mas, comumente, há variações 
nas partes diferentes, formando bandas e manchas de diferentes cores; manchas 
são mais comuns em concreções de sílex devido à presença variável de ma-
téria carbonosa, óxidos de ferro ou outras impurezas. Concreções de siderita 
costumam ser mosqueadas devido principalmente a mudanças secundárias de 
oxidação e hidratação. A estratificação se estende, às vezes, através das con-
creções. 
estruturas sedimentares 229 
A maioria das concreções não contém núcleos diferenciados. Outras vezes 
ocorre um núcleo de material inorgânico, principalmente grãos detríticos, ou 
orgânicos, fragmentos de conchas, coprólitos ou organismos, como peixe ou 
insetos, e folhas ou partes de plantas. No Cretáceo do Nordeste (Chapada 
de Araripe, Ceará), grande número de concreções contém núcleos de peixe 
fossilizado. No Devoniano do Piauí, há concreções ferruginosas contendo 
tribolitas como núcleo. No Mioceno do Estado do Pará (Formação Pirabas) 
certas rochas contêm concreções com núcleos de caranguejos ou folhas de 
plantas. 
NATUREZA DA ENCAIXANTE E SUAS RELAÇÕES 
COM AS CONCREÇÕES 
Concreções ocorrem em quase todos os tipos de rochas sedimentares, 
com a única exceção possível dos evaporitos. Concreções em folhelho e argila, 
em ordem de abundância, são compostas de calcita, ou calcita misturada com 
argila, pirita ou marcassita, siderita, fosfatos de cálcio, gipso, barita; em 
folhelhos pretos as concreções mais comuns são de pirita e marcassita; em 
folhelhos cinzentos, com apreciável quantidade de matéria orgânica, ocorre a 
siderita; em arenitos, comumente, os grãos de quartzo são cimentados por 
óxido de ferro; e as concreções mais comuns em calcários são de sílica, em 
forma de sílex, e, em carvão, as concreções mais comuns são de pirita. 
As concreções distribuem-se nas camadas das encaixantes ou entre as 
camadas. A estratificação da encaixante pode-se curvar acima das concreções 
ou terminar abruptamente contra ela ou com uma pequena curvatura acima. 
Algumas estratificações avançam através das concreções sem interrupção. Ra-
ramente os planos de estratificações se curvam igualmente acima e abaixo da 
concreção. Concreções dentro dos leitos são menos comuns do que entre os 
leitos. Os planos de acamamento da rocha encaixante, em relação às con-
creções, são muito menos importantes no caso de arenitos do que no caso 
de folhelhos. Isso se deve à grande permeabilidade dos arenitos; então, a 
maior parte das concreções dentro de arenitos nada mais são do que partes 
mais cimentadas dentro do corpo arenoso, cimentação esta que ocorreu muito 
tempo depois da deposição. 
CLASSIFICAÇÃO DAS CONCREÇÕES 
A classificação das concreções pode ser baseada em diversas caracte-
rísticas: origem, forma, composição e relação com a encaixante. Tanto a 
origem como a forma e composição não oferecem base satisfatória, sendo 
melhor a que relaciona a concreção com a encaixante. 
Merrill (in Twenhofel, 1932) classifica as concreções baseado nas relações 
de tempo com a rocha encaixante, considerando-se então dois grupos: 
a) primárias ou singenéticas - de origem contemporânea à rocha encai-
xante; 
b) secundárias ou epigenéticas - de origem posterior à rocha encaixante. 
230 i n t r o d u ç ã o à sedimentologia 
Já a classificação de Richard (»i Twenhofel, 1932), baseada no mesmo 
critério, divide as concreções em três classes: 
a) contemporâneas — formadas ao mesmo tempo que a encaixante; 
b) penecontemporâneas — segregadas próximo à superfície, de sedi-
mentos recentemente depositados; 
c) subsequentes — originadas depois da consolidação da rocha. 
Não existe nenhuma delimitação brusca entre esses tipos. Podem, inclu-
sive, existir concreções com a parte central singenética e a externa, epigenética. 
Embora a passagem seja transicional e algumas concreções possam até ter 
origem mista, podem ser estabelecidos alguns critérios para distinção das 
concreções singenéticas das epigenéticas, que são os seguintes: a) curvatura 
de leitos em torno da concreção; b) espelhos de fricção; c) linhas de estrati-
ficação passando através delas; d) fósseis dentro das concreções; e) caráter 
físico da encaixante; 0 volume da concreção; e g) distribuição. 
a) Curvatura dos leitos em torno da concreção — Como já vimos, os leitos 
podem se curvar acima e abaixo das concreções; os leitos acima geralmente 
se curvam mais pronunciadamente. Tais curvaturas são mais comuns em 
argilas e folhelhos, ocorrendo raramente em calcários e dolomitos em leitos 
finos; via de regra, são ausentes em arenitos e calcários formados por leitos 
espessos. Tais curvaturas têm sido interpretadas de modo diferente pelos 
estudiosos do assunto. Para alguns, o crescimento das concreções pode forçar 
os leitos para cima e para baixo, portanto seria evidência de origem epige-
nética; mas, para outros, essas curvaturas seriam devidas à acomodação dos 
leitos: os debaixo, forçados pelo peso da concreção e os de cima, acomodan-
do-se ao declive da concreção, donde teríamos evidência de origem singenética. 
Assim, fornecendo evidências para interpretação dupla, este fato não cons-
tituiria critério, por si só, para se chegar à conclusão de origem singenética 
ou epigenética. 
b) Espelhos de fricção — Essas feições foram verificadas em algumas 
concreções e têm sido interpretadas ora como sendo devido ao assentamento 
do sedimento, sobre a concreção, ora como devido ao atrito formado pelo 
crescimento da concreção, em contato com a encaixante, portanto a situação 
seria a mesma do critério anterior, pois, no primeiro caso, a origem seria sin-
genética e, no segundo, levaria à origem epigenética. 
c) Estratificação passando através da concreção — A estratificação pas-
sando através da concreção constitui prova irrefutável de origem epigenética 
e ocorre mais comumente em concreções encaixadas em arenitos. Em cal-
cários, mais raramente aparecem essas estruturas, mesmo nos casos de con-
creções admitidas como epigenéticas. 
d) Fósseis dentro das concreções — Fósseis no centro das concreções 
possuem, em geral, conservação excepcional, havendo exemplos de rochas 
cambrianas com concreções, onde até medusas foram preservadas no seu 
interior. Neste caso, a matéria orgânica deve ter sido decisiva na formação 
da concreção e, portanto, esta deve seir de origem singenética. Não são raros 
estruturas sedimentares 231 
os casos em que essas concreções são as únicas partes fossilíferas de uma 
formação. 
e) Caráter físico da encaixante - Características da encaixante, tais como 
porosidade e permeabilidade, esta de caráter mais importante, têm influência 
no tipo de concreção. Folhelhos são impermeáveis aos fluidos,mas substâncias 
dissolvidas podem se difundir através deles. Dificilmente são encontradas con-
creções formadas por substituição em folhelhos, porém há maior possibilidade 
de se formarem por deslocamentos e cimentação. Os materiais cimentantes 
devem sair da vizinhança imediata, pois alguns elementos traços são empo-
brecidos nas imediações das concreções. Arenitos são muito permeáveis, porém 
pouco solúveis; há, portanto, pouca substituição em arenitos; as concreções 
são em grande parte resultado da cimentação. 
f) Volume das concreções — O tamanho de uma concreção pode ser ca-
ráter importante para a consideração de sua origem. Concreções epigenéticas 
formadas por deslocamentos de sua encaixante provavelmente não atingem 
grande volume. Contudo, para concreções epigenéticas formadas por subs-
tituição ou cimentação e para as singenéticas, o volume não tem grande 
significação. 
g) Distribuição das concreções — A distribuição ao longo de planos de 
acamamento pode significar a formação no intervalo entre a deposição de 
dois estratos sucessivos, portanto origem singenética; podendo também ser 
interpretada como epigenética, formada por soluções que percolam através 
dos planos de acamamento. 
Para concluir, podemos dizer que cada ocorrência de concreção apre-
senta um problema particular e, alguma ideia sobre a origem, deve levar em 
consideração composição (da encaixante e da concreção), forma, existência 
ou não dos núcleos, relações entre a concreção e a encaixante, e outras carac-
terísticas, que podem ser observadas nos afloramentos. 
CONCREÇÕES SINGENÉTICAS 
As concreções singenéticas são formadas por precipitação a partir de 
soluções ou por coagulação de uma suspensão coloidal. Certas concreções 
de sílex são de origem singenética, sendo a sílica originada a partir de espículas 
de esponjas, radiolários ou diatomáceas. 
Muitas concreções de carbonato de cálcio devem ser singenéticas. A exis-
tência de concreções esféricas em sedimentos argilosos parece indicar que, 
não havendo quantidade suficiente de material calcário no fundo, para formar 
uma camada, ele se concentra em esferas. 
A possibilidade de origem singenética dos calcários é provada por alguns 
fatos observados: 
a) Concreções calcárias dragadas das costas da Nova Zelândia con-
firmam o ponto de vista singenético, pois mostram que elas podem crescer 
durante a acumulação de sedimentos. Essas concreções contêm cerca de 70% 
232 i n t r o d u ç ã o à sedimentologia 
de carbonato de cálcio e cerca de 15 cm de diâmetro. Conchas, caranguejos 
e outros materiais servem como núcleos. Essas concreções se formaram a 
profundidades de 8,5 a 10,5 m. 
b) Concreções calcárias com peixes foram achadas em argilas marinhas 
recentes e sub-recentes das costas da Groenlândia e norte do Canadá. 
Na Chapada do Araripe no nordeste brasileiro são conhecidas ocor-
rências de belíssimas concreções ictiolíticas de carbonato de cálcio. Na Co-
lômbia também são conhecidas concreções com Ammonoidea. 
Na consideração da origem dessas concreções, com peixes, no caso de 
Araripe, e com Ammonoidea, no caso da Colômbia, e de muitas outras con-
creções calcárias no mundo, os seguintes fatos devem ser levados em consi-
deração: a) a maior parte dos fósseis está perfeita mostrando que a calcifi-
cação foi suficientemente rápida para impedir a fragmentação dos esqueletos; 
e b) os sedimentos contendo concreções da Colômbia devem ter sido cobertos 
por carga de sedimentos cretáceos e terciários, com espessuras de 3 000 a 
4 500 m, os quais deveriam exercer pressões de pelo menos 700 kg/cm 2. Apesar 
disso os fósseis não estão comprimidos. Os fatos aqui enumerados parecem 
constituir razões suficientemente fortes para admitirmos origem singenética 
para essas concreções. 
As concreções carbonáticas associadas a folhelhos, margas ou calcários 
argilosos são geralmente consideradas como formadas em águas mais ou 
menos estagnadas. Nessas condições, o oxigénio é rapidamente consumido 
na oxidação da matéria orgânica e ocorre, portanto, um enriquecimento de 
C 0 2 . Com isso não ocorre precipitação de carbonatos que permanecem em 
solução sob a forma de bicarbonatos. Com a decomposição anaeróbica das 
partes orgânicas de peixes e conchas, ocorre uma concentração de N H 4 O H 
em torno dos resíduos orgânicos, aumentando assim o pH da água e pro-
piciando a precipitação de CaC0 3 , que acaba por envolvê-los. Uma vez 
iniciada a precipitação do carbonato de cálcio, ele serve de germe de crista-
lização para precipitação de mais carbonatos. Esta é a razão por que fre-
quentemente encontramos fósseis como núcleos de concreções calcárias deste 
tipo. 
As concreções sideríticas do Devoniano do Paraná (Jaguariaíva, PR) 
podem ser parcialmente singenéticas. Dos fósseis aí presentes, alguns não 
mostram sinais de deformação por compressão, ao contrário dos fósseis fora 
das concreções. Outros fósseis, contudo, estão fragmentados e muitas con-
creções são afossilíferas, caracteres estes que sugerem grande parcela de de-
posição epigenética. 
Outro fato espetacular é a ocorrência de concreções de manganês 
(nódulos) nos fundos de mares atuais. Bonatti e Nayudu (1965) discutiram a 
origem dos nódulos de óxido de manganês do fundo do oceano Pacífico. 
Estudos petrológicos desses nódulos demonstraram a íntima associação com 
produtos de emanações vulcânicas submarinas. 
estruturas sedimentares 233 
Todas as concreções de pirita em folhelhos pretos e em carvões parecem 
ser singenéticas; o enxofre parece ter sido originado da decomposição de 
matéria orgânica. 
CONCREÇÕES EPIGENÉTICAS 
As concreções epigenéticas são muito abundantes em arenitos e, em 
quantidade menor, ocorrem em folhelhos e calcários. Podem ser formadas 
por substituição ou por deslocamento de outras substâncias. É necessário 
que as soluções possam se mover através das rochas para haver concentração 
de material para formação dessas concreções. E a porosidade dos folhelhos 
é alta, mas a permeabilidade dessas rochas e dos calcários é baixa, dificultando 
o movimento das soluções. 
Concreções epigenéticas de sílex são em grande parte confinadas a cal-
cários e dolomitos. A sílica pode ser proveniente de testas de microrganismos 
(radiolários e diatomáceas ou de espículas de esponjas) ou ser de origem 
climática ou vulcânica. A Formação Irati da Bacia do Paraná possui abun-
dantes concreções de sílex, sendo a maioria epigenética. O ponto de vista 
mais antigo é que essas concreções se derivariam de soluções residuais do 
vulcanismo basáltico que durante o Mesozóico invadiu a Bacia do Paraná. 
Contudo, como conhecemos no Estado de São Paulo, afloramentos de Arenito 
Baum silicificados, rochas essas comprovadamente posteriores ao vulcanismo 
basáltico, uma origem climática para essa sílica não seria fora de propósito. 
Também uma origem a partir da dissolução de espículas de esponjas foi 
aventada por Amaral (1971). 
O intemperismo pode produzir não só concreções silicosas como também 
ferruginosas, manganesíferas e de carbonatos de cálcio. As cangas limoníticas 
podem ser consideradas como tipo particular de concreção epigenética. A 
mobilização dos óxidos de ferro e de carbonato de cálcio é consequência do 
pH ácido, mais comumente desenvolvido nos solos tropicais pela influência 
da matéria orgânica, fornecendo ácidos húmicos. 
Concreções epigenéticas podem ser formadas em todos os estádios da 
história da rocha. Podem ser antecedentes à litificação, contemporâneas ou 
ocorrerem devido a intemperismo. diastrofismo, associado a qualquer evento 
que propicie ativa circulação de água subterrânea. 
Estratificações paralelas e cruzadas 
GENERALIDADES 
Estrato é uma camada de rocha ou sedimento que é visualmente ou fisi-
camente distinguida de outros estratos acima e abaixo por superfícies defi-
nidas. A diferença de coloração por si só não defineestratificação, mas este 
fato pode frequentemente estar associado à ocorrência da estratificação. 
A estratificação é uma estrutura característica da maioria das rochas 
sedimentares. Trata-se de uma estrutura singenética, quando não perturbada 
234 i n t r o d u ç ã o à sedimentologia 
por fenómenos posteriores à sedimentação. A rocha estratificada indica, por-
tanto, que durante sua formação houve variações nas condições de deposição. 
Embora a estratificação constitua uma regra para as rochas sedimentares, 
existem exceções, tais como depósitos de loess, till e tálus, e eventualmente 
outros tipos, como certos argilitos. Por outro lado, existem rochas não estra-
tificadas em virtude da destruição da estratificação pela ação de organismos 
(veja a Fig. 76, segundo Moore e Scruton, 1957) ou mesmo por processos 
intempéricos. 
Figura 76. Sequênc ia de a l teração dos sedimentos pela ação orgânica por vermes e outros orga-
nismos. As setas superiores indicam a sequência formada pela des tru ição de estruturas primárias 
e secundárias . As setas inferiores mostram como mosqueados ou leitos irregulares podem ser 
orig inários a partir de h o m o g é n e o s (Segundo Moore e Scruton, 1957) 
Em grande número de casos a ausência de estratificação é apenas apa-
rente; ela não é evidente nas rochas, mas pode ser percebida através de pro-
cessos que atuem sobre elas ou através de aparelhamentos especiais. Pantin 
(1960) e Hamblin (1962b) descreveram vários processos de tratamento de 
rochas por meio de corantes ou por abrasão com a finalidade de ressaltar suas 
estruturas, principalmente a estratificação. As estruturas estratificadas em se-
dimentos homogéneos podem ser também ressaltadas por radiografia de 
raios X (Hamblin, 1962a). Landim (1970) mostrou que calcários permianos 
da Formação Estrada Nova, aflorantes no Estado de São Paulo, exibem 
estratificações pelo processo de raios X, de outro modo não evidente. Na 
rodovia Sorocaba — Itapetininga (SP), afloram siltitos calcíferos do Grupo 
Tubarão (Permocarbonífero da Bacia do Paraná), aparentemente maciços. 
A estratificação, contudo, é bem visível em seções delgadas, quando exami-
nadas ao microscópio. Existem também rochas estratificadas que não são 
sedimentares. Estão neste caso os derrames basálticos, que com o intempe-
rismo tornam-se mais difíceis de serem diferenciados das estratificações ver-
dadeiras de rochas sedimentares. 
CLASSIFICAÇÃO DOS ESTRATOS 
A espessura dos estratos é variável. Diversas foram as tentativas de dar 
denominações próprias aos estratos de acordo com as suas espessuras. Já 
Payne (1942) usou o termo "laminae" para estratos com espessura de 1 cm 
estruturas sedimentares 235 
ou menos. McKee e Weir (1953) distinguiram os termos laminae para estratos 
com espessura até 1 cm e leitos (beds) para estratos com espessuras maiores. 
O termo leito também tem sido usado no conceito de unidade de sedi-
mentação, isto é, "espessura de sedimento que foi depositada sob condições 
físicas essencialmente constantes" (Otto, 1938; Pettijohn e Potter, 1964). O 
termo essencialmente foi usado para permitir que pequenas flutuações na 
direção ou na velocidade da corrente, ou condições de mudança progressiva 
sem maiores interrupções, não interferissem no conceito de leito. 
No conceito de Campbell (1967), a espessura não é essencial nas defi-
nições de leito e lâmina. A lâmina seria a menor camada megascópica reco-
nhccivcl em uma sequência sedimentar. O termo megascópico foi introduzido 
por Campbell na definição de lâmina, de acordo com a sugestão de Sloss, 
para excluir diferenças entre camadas distinguíveis somente pelo uso de 
microscópicos petrográficos ou eletrônicos. A lâmina no conceito de Campbell 
possui composição e textura relativamente uniformes, não acamada inter-
namente (pelo menos megascopicamente). Na prática, contudo, o termo lâmina 
tem sido usado para leitos de espessura da ordem de milímetros, e leito para 
camadas de espessura maior que 1 cm. Entre os leitos mais delgados temos as 
varves e, entre os mais espessos, os leitos de origem eólica. 
Além da espessura absoluta, um leito é caracterizado pela variabilidade 
lateral da espessura. Em alguns ela é notavelmente uniforme, em outros, ao 
contrário, a disposição ondulada é comum, adelgaçando-se e espessando-se 
regular ou irregularmente e, em outros ainda, se acunham bruscamente. 
Na descrição de camadas deve-se notar se a superfície de separação é 
paralela ou não, se é plana, ondulada ou curva, e se é contínua ou descontínua. 
ESTRATIFICAÇÃO E GRANULAÇÃO 
Sabemos que todas as rochas elásticas são constituídas de fragmentos 
de minerais ou rochas que sofreram transporte. Então, se relacionarmos a 
estratificação com a granulação, verificaremos que, à medida que as rochas 
elásticas vão se tornando mais finas, os estratos tendem a se tornar cada vez 
mais delgados, provavelmente porque existe uma relação direta entre a gra-
nulação e a velocidade de deposição, isto é, quanto mais fino for o material, 
mais lenta será a sua velocidade de deposição. Os estratos são também menos 
distintos, quando a granulação é fina, pois não há variações marcantes no 
tamanho dos grãos. 
O diagrama (Fig. 77) mostra as relações entre sedimentos puramente 
arenosos e calcários, e para os que contêm porcentagens progressivamente 
maiores de argila. Os folhelhos são, de todas as rochas, as mais finamente 
laminadas, o que indicaria lenta deposição em ambiente calmo. Sua estru-
tura, contudo, é em parte relacionada à compactação e à existência de mi-
nerais placóides. Pela compactação há uma reorientação das partículas e os 
minerais de argila assumem disposição perpendicular ao peso dos sedimentos 
superpostos.

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