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caso concreto 7

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Fls.
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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE ARAÇATUBA/SP.
MARIA SOBRENOME, nacionalidade, viúva, profissão, expedida pelo, inscrita no CPF/MF sob o nº, residente e domiciliada a Rua Bérgamo, 123, apt. 205, Araçatuba/SP (doc.03), endereço eletrônico, por seu advogado, (doc. 04) com endereço profissional, nesta cidade, e endereço eletrônico, endereço que indica para os fins do artigo 106 do CPC, vem a presença de Vossa Excelência, propor
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS,
 Pelo procedimento COMUM em face de ROBERTO SOBRENOME, nacionalidade, estado civil, comerciante, inscrito no CPF/MF sob o nº, residente e domiciliado a, Cidade (UF), pelos fatos e fundamentos que passa a expor.
 
I – DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
1.1. Os Requerentes pugnam pela concessão do benefício DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA, previsto no inciso LXXIV, do art. 5º da Constituição Federal, c/c parágrafo único, do artigo 4º da lei nº. 1060/50 e do artigo 98 e seguintes do CPC, eis que não possuem condições financeiras para arcar com as despesas da justiça, especialmente das custas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo do sustento próprio e de suas famílias, de acordo com documento anexo (doc.01).
Art. 98 A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios, tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.
II – DA OPÇÃO DA AUTORA DA REALIZAÇÃO OU PELA NÃO REALIZAÇÃO DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU MEDIAÇÃO
2.1 O autor requer que não seja designada a audiência de conciliação e mediação na forma prevista do artigo 334 do NCPC. 
III – DOS FATOS:
3.1. O fato deu início quando o Sr. Marcos, esposo da senhora Maria, ora autora, enquanto caminhava por uma rua na cidade de Recife – PE, fora atingido por um aparelho de ar-condicionado que era manejado pelo Sr. Roberto, um comerciante e proprietário de uma padaria.
3.2. O Sr. Marcos, ainda vivo, mas criticamente ferido, fora encaminhado a um hospital particular, mas veio a falecer (doc. 05), em virtude da gravidade dos ferimentos, resultando em um dia de internação.
3.3. A viúva, a senhora Maria, fortemente abalada pela perda repentina e trágica do seu esposo, tivera que se deslocar até a cidade de Recife-PE, para poder efetivar o translado do corpo de volta à sua cidade de origem, em Araçatuba-SP, onde ocorreu o sepultamento. (docs. 06 e 07)
3.4. O falecido não deixou filhos, sendo que o mesmo já havia completado 50 (cinquenta) anos de idade, sendo o único a prover a sua subsistência e de sua esposa, com uma renda de um salário mínimo (doc. 08), obtida através muito esforço, exercendo a profissão de pedreiro.
3.5. A autora relata que o fato em si, lhe gerou uma despesa com gastos hospitalares no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) mais despesa referente ao transporte do corpo e o funeral, também estipulados em R$ 3.000,00 (três mil reais), somando um montante de R$ 6.000,00 (seis mil reais), que consumiu boa parte da reserva do casal, que haviam conseguido poupar até o momento.
3.5 De acordo com laudo pericial (doc. 09), concluído pela autoridade competente, presente no inquérito policial que fora instaurado pela ocasião do fato, apontou como causa morte o traumatismo crânio-encefálico grave (TCE). Também pudera excelência, difícil imaginar um resultado diferente deste, pois o Sr. Marcos, nada mais, nada menos, fora atingido em cheio por uma máquina de ar-condicionado.
3.6. No desfecho dos fatos, o senhor Roberto, fora indiciado, sendo posteriormente condenado pelo crime de homicídio culposo em primeira instância, conforme a cópia da sentença, anexa aos autos.
3.7 Diante do exposto, a autora tem seu direito assegurado, requerendo a devida reparação por parte do réu, pelo dano material e moral que irão ser demonstrados a seguir através dos fundamentos contido em nosso diploma legal.
IV – DOS FUNDAMENTOS
4.1. DO DEVER DE INDENIZAR
4.2. Nota-se que não há como negar a existência dos danos em que a autora vem suportando. Dano esse, ocasionado pela ausência de cautela do réu, em não tomar os devidos cuidados para o manejo de um ar-condicionado. É evidente a presença do nexo de causalidade da conduta do réu que ao ser negligente, comprova lucidamente seu ato ilícito, restando-lhe o dever de indenizar a autora pelo dano causado.
 
4.3. Os fatos aqui expostos encontram-se na seara da responsabilidade civil, pelo que demandam a incidência dos arts.186, 927, parágrafo único e 938 do código civil de 2002, que dispõem que:
DOS ATOS ILÍCITOS 
 Art. 186 Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito ou causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
DA OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR
Art. 927 Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar danos a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
Art. 938 Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançados em lugar indevido. 
4.4. DA QUANTUM INDENIZATÓRIO
4.3. Comprovadas nesses autos, que a autora absorveu um dano material e moral, relevante e inesperado, com a perda de seu esposo. É dever salientar que o artigo 944 do código civil aduz que:
Art. 944 A indenização mede-se pela extensão do dano. 
4.4. A autora que tinha sua subsistência suprida pelo seu esposo, restou além da dor irreparável da perda, uma despesa de translado do corpo para sua cidade de origem e o funeral.
4.5. Com isso, cumpre-se destacar também o art. 948, incisos I e II, que demonstra de forma cristalina o que há de ser observado nos ditames da lei, sobre a devida indenização é importante observar a sentença prolatada na esfera penal com relação ao réu, que foi condenado em primeira instância por homicídio culposo, conforme cópia da sentença anexo,
Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima (grifo nosso).
4.6. Deste modo, nota-se que o caso é suscetível de indenização, afim de que alivie a dor da Senhora Maria. Não somente os gastos com translado e funeral que somam uma quantia de R$ 6.000,00 (seis mil reais), mas também se resta cabido uma reparação contínua, do luto e das inúmeras necessidades que a autora certamente irá passar no transcorrer dos dias que lhe restam. Disto isso, requer a concessão de pensão de caráter alimentício por período proporcional a duração de vida que a vítima teria, qual seja, 70 (setenta) anos de idade, determinado como média de vida do brasileiro, segundos dados do IBGE, em prestação no valor equivalente à 2/3 do salário mínimo, que era o salário percebido por seu esposo anteriormente e de verbas indenizatórias com relação ao dano material e moral remetido à autora.
4.7. Tal quantia deverá sofrer a incidência de correção monetária, pelo INPC, a partir da data do arbitramento, nos termos da súmula n. 362 do STJ); e a de juros de mora desde a data do evento lesivo (Súmula n. 54 do STJ).
4.8. A doutrina, através da lição se Sérgio Cavalieri Filho - CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil 10. Ed. São Paulo Atlas, 2012.p.19), nos remete ao seguinte ensinamento sobre o dever de indenizar:
(...)”primeiramente um elemento formal, que é a violação de um dever jurídico mediante conduta voluntária; um elemento subjetivo, que ode ser o dolo ou a culpa; e, ainda, um elemento causal-material, que é o dano e a respectiva relação de causalidade”(...)
4.9. O Tribunal de Justiça de Santa Catarina, tem tido o seguinte entendimento sobre a matéria discutida: 
 APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS, MORAIS E ESTÉTICOS.DEMANDA AJUIZADA CONTRA O CONDOMÍNIO. DENUNCIAÇÃO DA LIDE À CONSTRUTORA, SEGURADORA E À RESSEGURADORA. PARCIAL PROCEDÊNCIA NA ORIGEM DA LIDE PRIMÁRIA E PROCEDÊNCIA DAS LIDES SECUNDÁRIAS. INSATISFAÇÃO DOS LITISDENUNCIADOS. PRELIMINARES CONHECIMENTO DOS RECLAMOS. DENUNCIAÇÃO DA LIDE. CONTRATO DE SEGURO. SEGURADORAS CONDENADAS A REEMBOLSAR O SEGURADO. AUSÊNCIA DE INSURGÊNCIA DESTE ÚLTIMO QUANTO AO MÉRITO DA LIDE. POSSIBILIDADE DE AS DENUNCIADAS DISCUTIREM, DE FORMA AMPLA, A LIDE PRIMÁRIA. RECURSOS CONHECIDOS. NULIDADE DO FEITO. FALTA DE INTIMAÇÃO DAS PARTES SOBRE O RETORNO DE CARTA PRECATÓRIA. OPORTUNIZADA MANIFESTAÇÃO ACERCA DO LAUDO PERICIAL PELO JUÍZO DEPRECADO. INTIMAÇÃO, ADEMAIS, PARA APRESENTAÇÃO DE ALEGAÇÕES FINAIS, POSSIBILITANDO AOS LITIGANTES DEBATER O LAUDO PERICIAL. PREJUÍZO NÃO VERIFICADO. RESPOSTA AOS QUESITOS PELO PERITO DE FORMA REMISSIVA. FATO QUE, POR SI SÓ, NÃO OCASIONA A NULIDADE DO ESTUDO. PARECER DO EXPERT QUE ABORDA TODOS OS PONTOS QUESITADOS PELAS PARTES. MÁCULA INEXISTENTE. INTEMPESTIVIDADE DA CONTESTAÇÃO DE UMA DAS DENUNCIADAS. DEFESA OFERTADA FORA DO PRAZO LEGAL. CÔMPUTO DO INTERREGNO PREVISTO NO ART. 191 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL QUE SOMENTE SE VERIFICA APÓS A ACEITAÇÃO E OFERTA DE RESPOSTA DA LITISDENUNCIADA. PREFACIAL RECHAÇADA. MÉRITO ASPECTOS COMUNS AOS RECURSOS QUEDA DE DETRITOS (REBOCO) DESPRENDIDOS DO 19º ANDAR DE PRÉDIO SOBRE A CABEÇA DE PEDESTRE (AUTORA), PROVOCANDO TRAUMATISMO CRANIANO E ESCORIAÇÕES NA REGIÃO CERVICAL. RESPONSABILIDADE DO CONDOMÍNIO, QUE MESMO CIENTE DO RISCO DE DESMORONAMENTO, EM DECORRÊNCIA DE DEFEITOS CONSTRUTIVOS, NÃO ADOTOU AS MEDIDAS NECESSÁRIAS PARA PREVENIR DANOS A TERCEIROS, LIMITANDO-SE A NOTIFICAR A CONSTRUTORA ACERCA DOS VÍCIOS VERIFICADOS. LESÃO EXTRAPATRIMONIAL VERIFICADA. RISCO DE MORTE E NECESSIDADE DE CUIDADOS ESPECIAIS PARA RECUPERAÇÃO DA LESADA. OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR MANTIDA, RESSALVADO O DIREITO DE REGRESSO EM FACE DA CONSTRUTORA. PRETENSA INADEQUAÇÃO ENTRE A CONDENAÇÃO E A COBERTURA PREVISTA NO CONTRATO DE SEGURO. DANOS CORPORAIS QUE COMPREENDEM DANOS MORAIS. INEXISTÊNCIA DE EXCLUSÃO EXPRESSA NO CERTIFICADO DE SEGURO. QUANTUM INDENIZATÓRIO. ABALO ANÍMICO. CRITÉRIOS DA RAZOABILIDADE, PROPORCIONALIDADE E EXTENSÃO DA LESÃO OBSERVADOS. MINORAÇÃO INVIÁVEL. PONTOS ABORDADOS PELO IRB-BRASIL RESSEGUROS S/A NEGLIGÊNCIA DO SEGURADO. PREEXISTÊNCIA DE AVARIAS NO EDIFÍCIO. AUSÊNCIA DE DOCUMENTO QUE EVIDENCIE QUE A SEGURADORA PERQUIRIU O SEGURADO ACERCA DAS CONDIÇÕES DO IMÓVEL. AVALIAÇÃO DA EXTENSÃO DO RISCO QUE DEVE SER ATRIBUÍDA À SEGURADORA, E NÃO AO SEGURADO. MÁ-FÉ NÃO CONFIGURADA. DEVER DE INDENIZAR EVIDENCIADO. DANOS MATERIAIS. DESPESAS QUE SE RELACIONAM COM O PAGAMENTO DE ALUGUEL PELA VÍTIMA DO ACIDENTE PARA GOZO DE FÉRIAS NA CIDADE EM QUE OCORREU O SINISTRO. IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO DO BEM EM FUNÇÃO DO ACIDENTE. NEXO DE CAUSALIDADE ESTABELECIDO. INDENIZAÇÃO DEVIDA. ABATIMENTO DA FRANQUIA. CLÁUSULA CONTRATUAL QUE PREVÊ O PAGAMENTO DO VALOR PELO SEGURADO, EM CASO DE ACIONAMENTO DO SEGURO. IMPORTE A SER APURADO EM LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. RECLAMO ACOLHIDO NESTE PONTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SENTENÇA MANTIDA EM SUA MAIOR PARCELA. SUCUMBÊNCIA MÍNIMA DA AUTORA. DESNECESSIDADE DE READEQUAÇÃO. MATÉRIAS QUESTIONADAS PELA LIBERTY SEGUROS S/A SUB-ROGAÇÃO NOS DIREITOS DO CONDOMÍNIO - SEGURADO - EM FACE DO CAUSADOR DO DANO (CONSTRUTORA). INTELIGÊNCIA DA SÚMULA N. 188 DO STF. RECLAMO, NESTE PONTO, ACOLHIDO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. REMUNERAÇÃO DEVIDA. LITISDENUNCIADA QUE IMPUGNOU O ALCANCE DA COBERTURA DO SEGURO. OPOSIÇÃO DE RESISTÊNCIA. DECISUM MANTIDO. RECURSOS CONHECIDOS E PARCIALMENTE PROVIDOS. (TJSC, Apelação Cível n. 2014.016160-0, de Balneário Camboriú, j. 03-07-2014).
4.9.1 DO DANO MORAL
Logo, não há que se falar em prova do dano moral, no sentido de comprovar o sofrimento da autora ou a intensidade da sua dor ou amargura diante de tais fatos. 
Gonçalves (2005, p. 570), nesse sentido, esclarece que:
“O dano moral, salvo casos especiais, como o de inadimplemento contratual, por exemplo, em que se faz mister a prova da perturbação da esfera anímica do lesado, dispensa prova em concreto, pois se passa no interior da personalidade e existe in re ipsa. Trata-se de presunção absoluta. Desse modo, não precisa a mãe comprovar que sentiu a morte do filho; ou o agravado em sua honra demonstrar em juízo que sentiu a lesão; ou o autor provar que ficou vexado com a não-inserção de seu nome no uso público da obra, e assim por diante”.
V - DO PEDIDO
Diante do exposto requer a Vossa Excelência: 
5.1. A citação do réu para responder a presente sob pena de revelia e confissão se não o fizerem;
5.2. Que seja julgado procedente a ação para condenar o réu no pagamento: i) da quantia de R$3.000,00, relativa às despesas hospitalares e de R$3.000,00, relativa às despesas com traslado do corpo e funeral; a) de pensão mensal de R$624,67, devida à autora desde o evento danoso até completar 70 anos; b) de indenização por dano moral no valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) para a autora; c) de correção monetária e juros legais, que, quanto aos danos materiais (item 4.7), incidirão a partir da data de sua fixação (a correção monetária), e a partir do evento danoso (quanto aos juros legais); 
5.3. Que seja julgado a procedência da presente ação; 
5.4. A condenação do réu ao pagamento das custas processuais e de honorários advocatícios no máximo legal, incidentes sobre o somatório de todas as prestações vencidas, além das demais verbas já definidas (dano moral, pensão alimentícia, juros etc.), e doze das vincendas.
VI - DAS PROVAS
6.1. Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos 369 e seguintes do CPC, em especial a prova documental, a prova pericial, a testemunhal e o depoimento pessoal do réu.
VII - DO VALOR DA CAUSA
7.1. Dá-se à causa o valor de R$209.920,80 (duzentos e nove mil, novecentos e vinte reais e oitenta centavos).
Pede deferimento.
Local, (Dia), (Mês) de (Ano).
Nome do Advogado
OAB/UF nº ...
Rol de documentos anexos:
(Doc)
1. (fls. 10) Declaração de hipossuficiência;
2. (fls 11) Procuração;
3. (fls.12) Documentos pessoais da autora;
4. (fls. 13) Cópia de sentença de 1º instância da esfera penal;
5. (fls. 14) atestado de óbito;
6. (fls. 15) comprovante do translado;
7. (fls. 16) nota fiscal da urna funerária e cerimônia de sepultamento;
8. (fls.17) contracheque da vítima (esposo da autora)
9. (fls. 18) laudo perícial.
	
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