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Governo de Jânio/João Goulart e o Plano Trienal – Política econômica e crise política/fracasso do Plano Trienal

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Prévia do material em texto

Economia Brasileira 
Contemporânea 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material teórico 
 
Responsável pelo Conteúdo: 
Prof. Ms. Nelson Calsavara Garcia Junior 
 
Revisão Textual: 
Profa. Ms. Rosemary Toffoli 
Governo de Jânio/João Goulart e o Plano Trienal – 
Política econômica e crise política/fracasso do Plano Trienal 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em um pequeno paralelo com a Unidade V, será apresentado na Unidade VI mais um Presidente da 
República que não conseguiu cumpriu integralmente seu mandato. 
Dessa vez, isso ocorreu com o Presidente Jânio Quadros, que governou por um período muito 
pequeno, renunciou e, com isso, o vice (João Goulart) assumiu. Portanto, essa unidade pode ser 
dividida em dois períodos: o governo Jânio e Goulart, contudo, na bibliografia recomendada não 
existe separação, pois foi indicado apenas um capítulo que aborda o período como um todo. 
Para o aproveitamento total do conteúdo proposto nesta unidade, você deverá inicialmente efetuar a 
leitura completa da bibliografia sugerida. Em seguida, (toda vez que julgar necessário) entrar em 
contato com o professor para que as dúvidas sejam esclarecidas. Feito isso, você estará apto para 
executar as atividades que serão propostas ao longo do estudo da unidade. 
Governo de Jânio/João Goulart e o Plano Trienal – 
Política econômica e crise política/fracasso do Plano Trienal 
Ob
jet
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o 
de
 
Ap
re
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iza
do
 
• Fracasso do Plano Trienal 
• Política Econômica e Crise Política 
• Introdução 
• Principais Problemas ao Final do Governo de JK 
Para o bom andamento dos trabalhos, será fundamental o seu envolvimento e 
interesse: por meio da leitura completa da bibliografia proposta ABREU, 
M. P. A Ordem do Progresso: Cem Anos de Política Econômica 
Republicana, 1889-1989. Rio de Janeiro: Campus, 2004, capítulo VIII 
(Inflação, Estagnação e Ruptura, páginas 197 a 212); pelo contato com o 
professor para o esclarecimento de dúvidas, ou ainda pela resolução das tarefas 
propostas, audição do arquivo em PowerPoint, leitura do conteúdo 
proposto e do material complementar. 
A leitura integral da bibliografia é fundamental e deve ser feita antes da 
utilização de quaisquer recursos que foram colocados à sua disposição. Com 
isso, haverá um entendimento inicial e você deverá utilizar os demais recursos 
para complementar e ou facilitar a compreensão da bibliografia em questão. 
 
6 
 
U n i d a d e : G o v e r n o d e J â n i o / J o ã o G o u l a r t e o P l a n o T r i e n a l – 
 P o l í t i c a e c o n ô m i c a e c r i s e p o l í t i c a / f r a c a s s o d o P l a n o T r i e n a l 
 
 
 
 
 
Tendo como símbolo de campanha uma “vassoura”, o então candidato Jânio Quadros 
prometeu muitas mudanças e reformas. Foi eleito com uma quantidade de votos muito 
superior ao General Lott (segundo colocado) com um mandato muito pequeno, mais 
intenso, marcado pela tentativa de promover muitas mudanças que deveriam ocorrer 
simultaneamente, fato que resultou na criação de muitas inimizades (nos mais diversos 
setores) que minou a sustentabilidade política e posteriormente determinou a renúncia. 
Jânio tomou uma série de pequenas medidas que ficaram famosas, destinadas a criar 
uma imagem de inovação dos costumes e saneamento moral. Também investiu 
fortemente contra alguns direitos e regalias do funcionalismo público. Reduziu as 
vantagens até então asseguradas ao pessoal militar ou do Ministério da Fazenda em 
missão no exterior, extinguiu os cargos de adidos aeronáuticos nas representações 
diplomáticas brasileiras, condecorou Ernesto “Che” Guevara e manteve relações 
comerciais com a China a União Soviética. 
Ainda sob o aspecto político, após a renúncia, foi instaurado o sistema Parlamentarista, 
que durou até os primeiros dias de 1963, já que o Presidencialismo voltou a ser adotado a 
partir de 06/01/1963. Quanto ao vice-presidente (João Goulart), foi empossado e ficou à 
frente da nação de 07 de setembro de 1961 a 02 de abril de 1964. No âmbito econômico, 
os destaques foram: Instrução 204 da SUMOC, sucesso nas negociações com credores 
americanos, Programa de governo da primeira equipe parlamentarista (viabilização do 
plano e resultados obtidos), queda do Primeiro-Ministro, a segunda equipe 
parlamentarista e o Plano Trienal (objetivos, consequências e resultados). 
 
 
Contextualização 
 
7 
 
 
 
 
 
O governo do presidente Juscelino Kubitschek foi muito bem sucedido nas realizações 
previstas no Plano de Metas, mas em relação aos aspectos econômicos, deixou vários 
problemas, a saber: 
a) inexistência de um mercado de capitais de médio e longo prazo devido á falta de 
financiamentos para investimentos na indústria automobilística que possuía 50% de 
capacidade ociosa. 
b) o financiamento foi executado com emissão de moeda; 
c) as reformas fiscais não existiram; 
d) houve aceleração inflacionária, pois em 1955 a inflação apurada foi 23% a.a, mas em 
1961 a mesma subiu para 33,2% a.a.; 
e) foi percebido o crescimento expressivo da dívida externa. Em 1955 era de US$ 1.445 
milhões e em 1961 a mesma atingiu US$ 2.835 milhões; 
f) sobre os investimentos notou-se a expansão da oferta de bens de capital, insumos 
básicos e bens de consumo, mas com problemas de falta de crédito ao consumidor; 
g) ressalta-se a crise no setor externo, com a queda no preço do café; 
h) os termos de troca apresentaram um novo ciclo de deterioração; 
i) houve o crescimento dos “serviços”. Isso se deve ao favorecimento do governo para a 
liberação de empréstimos, com taxas subsidiadas, contratações sem licitações, e assim 
por diante; 
j) sobre os empréstimos e a hostilidade internacional, pode-se afirmar que houve um 
curto período de maturação dos empréstimos obtidos no mercado internacional e 
ainda notou-se a hostilidade oriunda das agências oficiais e para-oficiais norte-
americanas além do FMI/BIRD; 
k) para as importações e situação fiscal, destacam-se o protecionismo e controle seletivo 
de importações e ainda o déficit fiscal. 
 
“Se comparado com o período anterior do governo Juscelino Kubitschek, o 
início dos anos 60 mostra forte reversão da situação econômica. Esse período, 
especialmente depois de 1963, caracterizou-se pela primeira grande crise 
econômica do Brasil em sua fase industrial: houve uma queda importante dos 
investimentos e a taxa de crescimento da renda brasileira também caiu 
significativamente”. ABREU (2004). 
 
1. Principais Problemas ao Final do Governo de JK 
 
8 
 
U n i d a d e : G o v e r n o d e J â n i o / J o ã o G o u l a r t e o P l a n o T r i e n a l – 
 P o l í t i c a e c o n ô m i c a e c r i s e p o l í t i c a / f r a c a s s o d o P l a n o T r i e n a l 
Tabela I: Produto e inflação: 1961-1965 
 
Ano 
Crescimento do 
PIB (%) 
Crescimento da 
produção industrial (%) 
Taxa de inflação 
(IGO-DI) (%)* 
1961 8,6 11,1 33,2 
1962 6,6 8,1 49,4 
1963 0,6 -0,2 72,8 
1964 3,4 5,0 91,8 
1965 2,4 -4,7 65,7 
Fonte: Abreu (1990). 
*IPC-RJ 
Fonte: GREMAUD (2007, página 372). 
 
A explicação de toda essa conjuntura negativa passou por menos três visões 
alternativas, sendo que a primeira era constituída por uma crise cíclica oriunda de movimentos 
de ciclos naturais de uma economia capitalista (defendido pelos economistas da UNICAMP). 
Era a inevitabilidade oriunda de problemas dos anos anteriores. A segunda explicação 
abordava a questão da inadequação institucional, pois a economia estava mais madura, mas 
com instituições ainda arcaicas. Como exemplo, destacam-sea o sistema financeiro e 
tributário inadequados para o crescimento vivenciado em momentos anteriores. 
Por fim, a explicação foi á política econômica recessiva, adotada por meio da reforma 
cambial de 1961 para reduzir o déficit no setor externo, com desvalorização do câmbio, 
retirando subsídios, desequilibrando preços relativos e causando inflação. 
 
 
 
 
O conteúdo dessa unidade abordará a posse de Jânio Quadros, com expressiva 
votação popular, a renúncia do mesmo em 25/08/1961, a adoção do Parlamentarismo de 
setembro de 1961 a janeiro de 1963, que contou com os seguintes Primeiros-Ministros: 
Tancredo Neves (08/09/1961 a 26/06/1962), Brochado da Rocha (10/07/1962 a 14/09/1962) 
e Hermes Lima (18/09/1962 a 24/01/1963). Ademais, destacam-se ainda a adoção do Plano 
Trienal em no final de dezembro no ano de 1962, o plebiscito para a volta do 
Presidencialismo em 06/01/1963 e por fim o golpe militar ocorrido em 31/01/1964. 
 
 
2. Introdução 
 
9 
 
 
Com a eleição do Presidente Jânio Quadros em 31 de janeiro de 1961 o mesmo após 
identificar toda a herança de seu antecessor, tratou rapidamente de implementar mudanças. 
É justamente nessa linha que a equipe econômica adotou a instrução 204 da SUMOC, 
que teve como objetivo possibilitar o Financiamento do déficit do Balanço de Pagamentos 
com um desafio, sem emissão de moeda. Para tanto, as principais mudanças adotadas foram: 
a) houve desvalorização na taxa de câmbio, pois o mesmo passou de Cr$ 100/US$ para 
Cr$ 200/US$, com leilões para a categoria “especial” de mercadorias; 
b) foi efetuada a unificação do mercado cambial e a categoria geral passou a ser 
negociada com a taxa do mercado livre; 
c) foram adotadas novas regras para as importações, já que após o pagamento do leilão 
os importadores deveriam depositar o correspondente em Cr$ no Banco do Brasil por 
150 dias para receberem as Letras de Importação. 
d) novas regras para as exportações de café: retenção de US$ 22 por saca de café. 
 
Outra medida importante para “arrumar a casa”, diz respeito às negociações com 
credores. O governo teve sucesso nas negociações ocorridas entre maio e junho de 1961 com 
credores norte-americanos (EXIMBANK). 
Ficou acertado que haveria abertura para novos empréstimos, ocorreria o 
reescalonamento dos pagamentos da dívida externa para o período de 1961-1965 e os 
pagamentos do “principal” foram remanejados para serem pagos em cinco anos, a partir de 
1966. Do montante que vencia em 1961, oitenta por cento foi remanejado, do montante que 
vencia entre 1962 e 1963, setenta por cento foi remanejado, do montante que vencia em 
1964, cinquenta por cento foi remanejado e do montante que vencia em 1965, trinta por 
cento foi remanejado. 
Saindo especificamente do contexto econômico e entrando no cenário político, as 
ações do presidente ao longo de seu curto mandato desagradaram diversos setores da 
sociedade e a renúncia foi irremediável, ocorrida em vinte e cinco de agosto de 1961. Para 
remontar o panorama político, foram elencados alguns aspectos importantes que instalaram a 
crise política no governo de Jânio, a saber: 
− discurso de posse: contrariando a expectativa geral, o discurso de posse do presidente 
foi discreto e gentil, chegando a tecer elogios ao governo anterior. Porém, na noite 
desse mesmo dia, Jânio atacou violentamente o governo Kubitschek em cadeia 
nacional de rádio, atribuindo ao ex-presidente á prática de nepotismo, ineficiência 
administrativa, responsabilidade pelos altos índices de inflação e pela dívida externa de 
dois bilhões de dólares; 
3. Política Econômica e Crise Política 
 
10 
 
U n i d a d e : G o v e r n o d e J â n i o / J o ã o G o u l a r t e o P l a n o T r i e n a l – 
 P o l í t i c a e c o n ô m i c a e c r i s e p o l í t i c a / f r a c a s s o d o P l a n o T r i e n a l 
− corte de direitos e regalias: o governo de Jânio investiu fortemente contra alguns 
direitos e regalias do funcionalismo público. Reduziu as vantagens até então 
asseguradas ao pessoal militar ou do Ministério da Fazenda em missão no exterior e 
extinguiu os cargos de adidos aeronáuticos junto às representações diplomáticas 
brasileiras; 
− mudanças sob o ponto de vista administrativo: tentou uma maior centralização de 
poderes com a adoção de uma mecânica de decisões que diminuísse o peso do 
Congresso Nacional e ampliasse a esfera de competência da Presidência; 
− movimento sindical: o próprio movimento sindical estabeleceu relação ambígua com o 
governo, apoiando a política externa, combatendo a econômica e divergindo, em sua 
maioria, da proposta de abolição do imposto sindical, sustentada pelo ministro Castro 
Neves. 
− 07/071961: Jânio reuniu todo o seu ministério para estudar as reformas do imposto de 
renda e dos códigos penal, civil e de contabilidade; 
− política interna e externa: enquanto desenvolvia uma política interna considerada 
conservadora e plenamente aceita pelos Estados Unidos, procurou afirmar no plano 
externo os princípios de uma política independente e aberta a relações com todos os 
países do mundo. Essa orientação provocou protestos de inúmeros setores e grupos 
que o apoiavam. Ex: contatos com o bloco socialista e recepção da primeira missão 
comercial da República Popular da China ao Brasil; 
− conferência de Punta Del Leste: as relações entre os países americanos e os Estados 
Unidos foram debatidas em agosto/1961. Após a reunião, Ernesto Che Guevara, então 
ministro da Economia de Cuba, viajou para a Argentina e, depois, para o Brasil a fim 
de agradecer a posição tomada por esses dois países para impedir a discussão de 
qualquer tema político na conferência. Jânio aproveitou o encontro com Guevara para 
pedir, com êxito, a libertação de 20 padres espanhóis presos em Cuba e discutir as 
possibilidades de intercâmbio comercial por meio dos países do Leste europeu. 
Finalmente, em 18 de agosto condecorou o ministro cubano com a Ordem Nacional 
do Cruzeiro do Sul, o que provocou a indignação dos setores civis e militares mais 
conservadores; 
− manifestações populares e fim do mandato: no dia 25 de agosto ocorreram as 
primeiras manifestações populares, devido á crise política. O Congresso aprovou o Ato 
Adicional promulgado em 03 de setembro, garantindo o mandato de João Goulart até 
02 de abril de 1964 em regime parlamentarista. Goulart foi finalmente empossado no 
dia 7 de setembro de 1961; 
− aspectos conjunturais e estruturais da crise: 
a) conjunturais: instabilidade política e política econômica recessiva de combate 
à inflação. 
b) estruturais: crise do populismo; estagnacionismo com crise do PSI, crise cíclica 
endógena de uma economia industrial e inadequação institucional. 
 
11 
 
 
 
Antes de chegar ao Plano Trienal, é necessário passar pela experiência do 
Parlamentarismo e por isso, pelos programas de governos dos primeiros-ministros Tancredo 
Neves, Brochado da Rocha e Hermes Lima. 
 Pela ordem cronológica, o programa de governo da equipe de Tancredo Neves tinha 
como objetivos propiciar o aumento da taxa de crescimento da economia para 7,5% a.a, 
absorver a mão de obra subempregada, promover à diminuição do desequilíbrio social com o 
combate a desigualdade na distribuição de renda e promovendo condições mínimas de 
saneamento e habitação, alcançar a estabilidade de preços, reduzir o desequilíbrio no Balanço 
de Pagamentos e buscar o aumento da produtividade no setor agrícola. 
 Para tanto o governo deveria viabilizar o plano de governo e contava que a mesma 
ocorreria por meio de reforma fiscal, contenção do déficit de custeio oriundo das empresas 
públicas, correção de desperdícios e adoção de medidas de emergência e reformas 
institucionais. 
 Entretanto havia a necessidade de adoção de medidas de emergência e reformas 
institucionais. Nocaso de medidas de emergências destacam-se os controles quantitativos de 
crédito, com mecanismos de depósito compulsório sobre depósitos à vista. Á respeito das 
medidas institucionais pode-se citar a menção à criação do Banco Central e do Banco Rural e 
as tentativas de estabelecer metas setoriais para o desenvolvimento econômico (sem sucesso) 
e compromisso com a reforma agrária. 
 No cenário externo, o primeiro ministro Tancredo Neves teve que enfrentar a 
deterioração das relações políticas entre o Brasil e os EUA, devido a pelo menos três fatores: 
a) lei da remessa de lucros e do capital estrangeiro que tramitava no Congresso Brasileiro. 
Era uma nova lei para taxar a Remessa de Lucros e o Capital estrangeiro; 
b) apoio a Leonel Brizola em questão comercial, pois o governo federal cancelou a 
concessão de lavra do minério de ferro da empresa Hanna Corporation (EUA) e 
apoiou a desapropriação da CIA Telefônica Nacional, subsidiária da ITT (também dos 
EUA), promovida pelo governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, que já havia 
feito o mesmo com a CIA de Energia Elétrica Rio-Grandense, subsidiária da AMFORP 
(EUA); 
c) política externa adotada foi uma continuação da política independente iniciada por 
Jânio, com ligações com a URSS e a abstenção durante votação para expulsar Cuba, 
da Organização dos Estados Americanos em janeiro/1962. 
4. Fracasso do Plano Trienal 
 
12 
 
U n i d a d e : G o v e r n o d e J â n i o / J o ã o G o u l a r t e o P l a n o T r i e n a l – 
 P o l í t i c a e c o n ô m i c a e c r i s e p o l í t i c a / f r a c a s s o d o P l a n o T r i e n a l 
 Apesar de todas as mudanças e dificuldades os resultados (em 1961) das mudanças 
praticadas pelo governo de Tancredo Neves podem ser classificados como razoáveis. A 
inflação, por exemplo, atingiu 30%, o PIB apresentou crescimento de 8,6%, próximo ao 
atingido em 1960, a formação bruta de capital fixo chegou a 13,1% (em comparação com 
15,7% de 1960) e o Balanço de Pagamentos registrou acumulação de US$ 307 milhões 
referente a divisas, devido á renegociação da dívida externa. 
Mesmo contando com resultados razoáveis, o Primeiro-Ministro Tancredo Neves 
renunciou ao cargo e a mesma foi coletiva, já que todos do gabinete o seguiram. As principais 
causas para a renúncia foram o aumento das despesas públicas, devido o aumento dos déficits 
das empresas estatais do setor de transportes, aumento da expansão monetária e divergências 
com o Presidente Goulart sobre a questão da reforma agrária. 
 
“O nome de Santiago Dantas, indicado para suceder Tancredo Neves, foi 
rejeitado pelo Congresso. A interpretação usual é de que isto teria resultado da 
insatisfação dos congressistas mais conservadores com a sua atuação no 
Ministério das Relações Exteriores”. ABREU (2004) 
 
 Com a renúncia de Tancredo Neves e a impossibilidade de Santiago Dantas assumir o 
cargo, a nova equipe ministerial assumiu o posto em julho de 1962, tendo a frente o Primeiro-
Ministro Francisco de Paula Brochado da Rocha. 
 Brochado da Rocha apresentou um programa econômico cujo objetivo era muito 
audacioso: estabilizar a inflação em 60% em 1962 e 30% para o ano de 1963. Porém, a 
apresentação de seu programa de governo em agosto de 1962, continha propostas vagas e 
muito óbvias. 
 Além disso, seu plano de governo contava com um “pilar”: ele desejava obter poderes 
especiais do Congresso para legislar sobre diversos temas. Mas não conseguiu obter esses 
poderes do Congresso e em setembro de 1962 pediu demissão. 
 Com a renúncia de Brochado da Rocha, foi criada uma equipe de transição até o 
Plebiscito, chefiada por Hermes Lima, que ocupou o cargo até o fim do Parlamentarismo, em 
janeiro de 1963. 
 Levando em consideração esse cenário político controverso e turbulento, o resultado 
dos principais indicadores econômicos em 1962 seguiu a mesma linha, a saber: 
a) expansão dos meios de pagamento de 4% ao mês e em dezembro aumentou para 13% 
ao mês; 
b) o PIB caiu para 6,6% (8,6% em 1961); 
c) a inflação mensal chegou a quase 50% (49,4%). 
 
13 
 Diante desses resultados, foi apresentado no final de 1962 sob a coordenação de Celso 
Furtado, então Ministro Extraordinário para Assuntos do Desenvolvimento Econômico, o 
Plano Trienal, baseado no diagnóstico de excesso de demanda via gasto público. 
 A política de desenvolvimento do plano foi planejada para o triênio 1963-65, com os 
seguintes objetivos: 
1) Assegurar uma taxa de crescimento da renda nacional compatível com as expectativas 
de melhoria de condições de vida; 
2) Reduzir progressivamente a pressão inflacionária; 
3) Criar condições para que os frutos do desenvolvimento se distribuam de maneira cada 
vez mais ampla pela população; 
4) Intensificar substancialmente a ação do Governo no campo educacional, da pesquisa 
científica e tecnológica, e da saúde pública; 
5) Orientar adequadamente o levantamento dos recursos naturais e a localização da 
atividade econômica; 
6) Eliminar progressivamente os entraves de ordem institucional responsáveis pelo 
desgaste de fatores de produção; 
7) Encaminhar soluções visando a refinanciar adequadamente a dívida externa; 
8) Assegurar ao Governo uma crescente unidade de comando dentro de sua própria 
esfera de ação; 
 Com efeito, após o anúncio do referido plano econômico, houve grande expectativa de 
controle de preços e por isso, ocorreu um aumento de mais de 20% no índice de preços por 
atacado e 11% em 02/1963. Ademais, o preço do trigo aumento 70% e os derivados do 
petróleo aumentaram 110% devido o fim do subsídio governamental. 
 No cenário político, setores de esquerda efetuaram fortes críticas, pois achavam que a 
política econômica tenha se rendido aos interesses norte-americanos. 
A posição do governo em manter o fim dos subsídios ao trigo e petróleo durou até o 
final do abril de 1963. Além disso, o governo aumentou em 60% o salário do funcionalismo e 
em 56,25% o salário mínimo. Em outras palavras, parece que o governo desejava mudar, mas 
nem tanto... 
Ao menos o setor externo trouxe uma boa notícia, o resultado da visita de Santiago 
Dantas aos EUA. Bem, a notícia também não foi tão boa assim, já que ficou acertado o 
empréstimo de US$ 398,5 milhões com liberação imediata de apenas US$ 84 milhões, sendo 
que US$ 30 milhões deveriam ser utilizados para a compensação da empresa ITT, além de 
acordo para a indenização da AMFORP. 
 
14 
 
U n i d a d e : G o v e r n o d e J â n i o / J o ã o G o u l a r t e o P l a n o T r i e n a l – 
 P o l í t i c a e c o n ô m i c a e c r i s e p o l í t i c a / f r a c a s s o d o P l a n o T r i e n a l 
Em direção ao fim do governo de Goulart, notou-se uma conjuntura política permeada 
pela falta de sustentação política, denotada através da rotatividade nos cargos políticos, pelas 
tentativas de ações populistas, como o comparecimento em comício da esquerda e a 
regulamentação do capital estrangeiro, a expansão monetária e descontrole de gastos nas 
contas públicas que se tornaram evidentes a partir de maio/1963 e o fim do apoio dos 
militares, devido á demora no episódio da rebelião dos sargentos da Marinha. 
 Em face de todo esse descontrole quais seriam os resultados do Plano Trienal? 
a) Fracasso enorme: tanto no que se refere ao incentivo ao desenvolvimento econômico 
como na parte concernente ao combate ao processo inflacionário; 
b) Inflação: programada para 1963 era de 25% e o IGP apresentou no referido ano um 
crescimento de 78%; 
c) PIB: A taxa de crescimento do PIB foi a mais baixa já conhecida desde que estimativas 
regulares deste agregado passaram a ser realizadas pela FGV, a partir de 1947: apenas 
0,6%, enquanto a programação estabelecida pelo Plano visava um crescimento de 7%; 
d) Déficit de caixa do Tesouro Nacional:atingiu Cr$ 500 bilhões, praticamente o dobro 
do valor programado: Cr$ 300 bilhões; 
e) Meios de pagamento: com expansão prevista de 34%, cresceram de 65%, alimentados 
pela expansão do déficit do Tesouro e do crédito ao setor privado, cuja expansão 
também foi notável, crescendo de 54% os empréstimos do Banco do Brasil ao setor 
privado não bancário. 
 
A 31 de março de 1964, os militares iniciaram um processo de rebelião que durou até 
1985 e ficou conhecido “o golpe de 64”. 
 
“Em 31 de março de 1964 teve início a rebelião militar que, com amplo apoio 
do empresariado, da classe média e respaldo ou omissão da maioria 
parlamentar, pôs fim à Terceira República. O remendo constitucional de 1961 
e seu corolário, o referido de 1963, mostraram-se insuficientes para impedir a 
ruptura da ilegalidade constitucional”. ABREU (2004) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABREU, M. P. A Ordem do Progresso: Cem Anos de Política Econômica 
Republicana, 1889-1989. Rio de Janeiro: Campus, 2004, capítulo VII VIII (Inflação, 
Estagnação e Ruptura). 
 
MACEDO, Roberto Brás M. “Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico Social 
(1963-1965)”. In: LAFER, Betty Mindlin (Org.) Planejamento no Brasil. São Paulo: 
Perspectiva, 1970, p. 69-89. 
 
MESQUITA, Mário Magalhães Carvalho, “Brasil 1961-1964: Inflação, estagnação e 
ruptura”, Texto para Discussão 569, Departamento de Economia, PUC-Rio, março de 
2010. 
 
MINISTÉRIO EXTRAORDINÁRIO DO PLANEJAMENTO. (1962), Plano Trienal de 
Desenvolvimento Econômico e Social (Síntese). Brasília, 1962. 
 
PARKER, Phyllis R. O papel dos Estados Unidos no golpe de Estado de 31 de 
março. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1977. 141 p. 
 
REZENDE, André Lara. A política brasileira de estabilização, 1963/1968. 
Pesquisa e Planejamento Econômico, Rio de Janeiro: IPEA, dez. 1982, p. 757-806. 
Disponível em 
http://getinternet.ipea.gov.br/scripts/odwp032k.dll?t=bs&pr=ipea_pr_public&db=ipea_d
b_public&use=sh&disp=list&sort=on&ss=NEW&arg=paeg 
 
SILVA, Hélio. (1974), Os presidentes: João Goulart: golpe e contragolpe (1961-
1964). São Paulo: Grupo de Comunicação Três, 1983-1984. 
 
TOLEDO, Caio Navarro. (1993), O governo João Goulart e o golpe de 64. São 
Paulo: Brasiliense, 1993. 
 
 
 
Material Complementar 
 
16 
 
U n i d a d e : G o v e r n o d e J â n i o / J o ã o G o u l a r t e o P l a n o T r i e n a l – 
 P o l í t i c a e c o n ô m i c a e c r i s e p o l í t i c a / f r a c a s s o d o P l a n o T r i e n a l 
 
 
 
 
 
 
ABREU, M. P. A Ordem do Progresso: Cem Anos de Política Econômica Republicana, 
1889-1989. Rio de Janeiro: Campus, 2004, Capítulo VIII (Democracia com desenvolvimento). 
Páginas 197 a 212. 
 
GREMAUD, Amaury Patrick & SANDOVAL, Marco Antonio & TONETO Jr, Rudinei. 
Economia Brasileira Contemporânea. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007. Página 371 a 397. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências 
 
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Anotações 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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