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1 UNIDADE SANTA CRUZ – ENGENHARIAS DESENHO TÉCNICO I (CCE0985) – Prof. Alberto Taveira AULA 5 Olhasses tu o mundo na perspectiva da rã ou da relva e serias tão humilde e discreto como elas. Casimiro de Brito (1938),poeta, ensaísta e ficcionista português. PERSPECTIVA A palavra perspectiva significa ver através de, um dos significados de perspicere, numa tradução literal da palavra grega optiké. Se você se colocar atrás de uma janela envidraçada e, sem se mover do lugar, riscar no vidro o que está "vendo através da janela", terá feito uma perspectiva. A perspectiva, portanto, é a representação gráfica que mostra os objetos como eles aparecem a nossa vista, com três dimensões. Erwin Panofsky, e outros teóricos, levantam a hipótese de que o termo seja uma tradução da palavra italiana prospettiva. Já a interpretação de Dürer se baseia na definição moderna que entende a perspectiva como uma seção transversal provocada na pirâmide visual (ou cone visual, que deu origem ao termo perspectiva cônica), pelo plano do quadro. Desde o seu surgimento, na Renascença, quase toda pintura obedecia a esse método de representação. A perspectiva era um expediente geométrico que produzia a ilusão da realidade, mostrando os objetos no espaço em suas posições e tamanhos corretos. A perspectiva capta os fatos visuais e os estabiliza, transformando o observador naquele para o qual o mundo todo converge. A perspectiva é um método de transmitir ao observador a aparência que as formas assumem à distância bem como as três dimensões que estas possuem, aqui a representação tridimensional não passa de uma ilusão, onde o objeto que está mais próximo do observador aparenta ter dimensões diferentes do que está mais longe mesmo que ambos os objetos tenham dimensões iguais. Tipos de Perspectivas Quando vemos um objeto, temos a sensação de profundidade e relevo. As partes que estão mais próximas de nós parecem maiores e as partes mais distantes aparentam ser menores. A fotografia mostra um objeto do mesmo modo como ele é visto pelo olho humano, transmitindo a idéia de três dimensões: comprimento, largura e altura. O desenho, para transmitir essa mesma idéia, precisa recorrer a um modo especial de representação gráfica: a perspectiva. Ela representa graficamente as três dimensões de um objeto em um único plano, dando a idéia de profundidade e relevo. 2 Existem diferentes tipos de perspectiva e cada tipo de perspectiva mostra o objeto de um jeito. Comparando as três formas de representação, você pode notar que a perspectiva isométrica (em termos de desenho técnico) é a que dá a idéia menos deformada do objeto. Perspectivas Cônica, Cavaleira e Isométrica. PERSPECTIVA CÔNICA As perspectivas cônicas são as mais associadas à idéia que geralmente temos de perspectiva, pois são as que mais se assemelham à interpretação feita pelos nossos olhos. A linha do horizonte (LH) corresponde ao nível dos olhos acima do chão, quer estejamos sentados ou em pé, e é esta altura que define onde se encontram os pontos de fuga. Todas as linhas que se afastam de nós e se encontram acima desse nível descem convergindo para num ponto de fuga, e todas as linhas que se encontram abaixo sobem para o mesmo ponto, ou seja, o nível dos nossos olhos está diretamente relacionado com os pontos de fuga. Existem três posições básicas dos nossos olhos que se traduzem em posição de frente onde o nível dos olhos encontra-se a cerca de metade da altura do objeto a desenhar, posição de baixo quando estamos agachados ou deitados onde o nível dos olhos encontra-se muito próximo do chão, e a posição acima do objeto que pode ser observada de cima numa parte alta dum prédio ou uma colina. Na perspectiva cônica podem existir um, dois ou três pontos de fuga no desenho perspectivado. 1 ponto de fuga 2 pontos de fuga 3 pontos de fuga PERSPECTIVA AXONOMÉTRICA A perspectiva axonométrica é uma projeção cilíndrica ortogonal sobre um plano oblíquo em relação às três dimensões do corpo a representar, ou seja, as figuras representadas se referem a um sistema ortogonal com 3 eixos que formam um triedro. 3 As perspectivas axonométricas podem ser: trimétrica (anisométrica); dimétrica; e isométrica. TRIMÉTRICA - Quando todos os ângulos axonométricos são diferentes, sendo todos superiores a 90º (o que acontece sempre nas axonometrias ortogonais), o subsistema axonométrico designa-se por TRIMETRIA ou ANISOMETRIA. DIMÉTRICA - No caso da DIMETRIA, dois eixos coordenados apresentam igual inclinação em relação ao plano axonométrico, com a conseqüência de haver dois coeficientes de redução e dois ângulos axonométricos iguais. ISOMÉTRICA - Na ISOMETRIA ou MONOMETRIA, os três eixos coordenados apresentam igual inclinação em relação ao plano axonométrico com a natural conseqüência da igualdade dos três coeficientes de redução e dos três ângulos axonométricos. Os 3 tipos de perspectivas axonométricas mais comuns são: 1. Militar - a perspectiva militar, também chamada de perspectiva aérea ou vôo de pássaro; é uma perspectiva axonométrica onde os eixos x e y formam entre si um ângulo reto. Para construí-la é necessário reduzir as medidas do eixo z (eixo das alturas) em 2/3. 4 2. Cavaleira - a perspectiva cavaleira é também chamada de perspectiva cavalheira, porque os desenhos das praças militares eram, geralmente, executados em projeção cilíndrica e o aspecto obtido dava a impressão de que o desenho havia sido colhido da cavaleira, obra alta de fortificação sobre a qual assentam baterias. É também conhecida como axonometria oblíqua pois é uma projeção que pressupõe o observador no infinito e, em conseqüência, utiliza os raios paralelos e oblíquos ao plano do quadro. Esta perspectiva torna uma das três faces do triedro como plano do quadro. Na perspectiva cavaleira a face da frente conserva a sua forma e as suas dimensões, a face de fuga (eixo x) é a única a ser reduzida. As 3 faces do objeto são montadas sobe os três eixos que partem de um vértice comum, sendo que uma das faces é representada de frente, em VG, ou seja, o objeto tem essa face paralela ao plano de projeção. As outras faces se projetam obliquamente (inclinadas) sobre um determinado ângulo, sofrendo, com isso, uma deformação em perspectiva. Coeficiente de alteração - para resultar uma figura mais agradável e proporcional ao objeto perspectivado, numa perspectiva cavaleira utilizam-se fatores de redução (K) no eixo das larguras. Esses coeficientes de alteração variam conforme o ângulo de inclinação (θ), sendo de; 1/2 para o ângulo de 45º; 2/3 para o ângulo de 30º; e 1/3 para o ângulo de 60º. 5 IMPORTANTE Usaremos, em nossas perspectivas cavaleiras, a correlação entre o ângulo de inclinação (θ) e o coeficiente de alteração (K) mais agradável à vista: θ = 45º; e K = 1/2 (metade). 3. Isométrica - a Perspectiva Isométrica é uma perspectiva axonométrica ortogonal na qual a projeção ortogonal é feita sobre um plano perpendicular à diagonal de um cubo, onde as arestas são paralelas aos três eixos principais. Para construí-la basta adotar uma única escala para os três eixos. Por definição, a Perspectiva Isométrica, como todas as outras perspectivasaxonométricas, também apresenta um certo grau de deformação no comprimento real. O coeficiente de redução K para neutralizar essa deformidade é tabelado em 0,816. Entretanto, para facilitar a execução dos desenhos abandona-se este coeficiente, usando-se as medidas em VG sobre os 3 eixos. Esse procedimento tem o nome de Desenho Isométrico e esse desenho é cerca de 20% maior do que uma Perspectiva Isométrica verdadeira, que utilize K = 0,816. OBSERVAÇÕES 1) Na prática o que se denomina PERSPECTIVA ISOMÉTRICA é na verdade um DESENHO ISOMÉTRICO, pois, muito raramente se utiliza o coeficiente de redução K = 0,816. 2) Em nossas “Perspectivas Isométricas”, usaremos a correlação entre o ângulo de inclinação (θ) e o coeficiente de alteração (K) de forma a facilitar a execução dos desenhos, ou seja: θ = 30º; e K = 0, ou, medidas em VG em todos os eixos. Por ser a de mais rápida execução, pois, teoricamente não é necessário fazer contas uma vez que não há fatores de redução (K), a Perspectiva Isométrica é a mais usada no desenho técnico de máquinas e peças. 6 Na Perspectiva Isométrica a representação do objeto é feita de modo a mostrar três de suas faces, que correspondem, convencionalmente, às vistas frontal, superior e lateral esquerda. As três faces interligam-se, montadas sobre 3 eixos, formando um só desenho. São perpendiculares entre si configurando as três dimensões (altura, largura e comprimento) do objeto e estão locadas obliquamente em relação ao plano de projeção. Na Perspectiva Isométrica os três eixos no espaço estão igualmente inclinados em relação ao plano de projeção, e assim, os ângulos formados pelos eixos de projetados são iguais a 120º. ISO quer dizer mesma; MÉTRICA quer dizer medida, assim, a PERSPECTIVA ISOMÉTRICA mantém as mesmas proporções do comprimento, da largura e da altura do objeto representado. Além disso, o traçado da perspectiva isométrica é relativamente simples. Por essas razões, neste curso de Desenho Técnico I, daremos ênfase a esse tipo de perspectiva. Linhas não isométricas – são as arestas que não são paralelas aos eixos axonométricos. Para traçá-las considera-se o sólido envolvente como um elemento auxiliar de construção, marcando-se os pontos extremos dessas linhas não isométricas e unindo-os depois, temos a linha desenhada por indução. Ângulos não isométricos – Os ângulos determinados pelas linhas não isométricas, assim como as arestas não isométricas, não aparecem em VG, em perspectiva, e para 7 traçá-los utiliza-se o mesmo recurso das linhas não isométricas, considera-se o sólido envolvente como elemento auxiliar da construção do ângulo. No exemplo, a marcação do plano inclinado (chanfrado) da peça é feita pela localização dos pontos 1 e 2, que são unidos. A partir do ponto 3, traça-se uma paralela a linha 1-2 e tem-se a linha e o ângulos não isométricos. Da mesma forma delimita-se o recorte inferior da peça. Perspectiva isométrica da circunferência – A perspectiva isométrica de uma circunferência é uma elipse. Sua construção não pode ser feita por instrumentos de desenho usuais, recomenda-se a substituição da verdadeira elipse por uma oval regular (falsa elipse) de quatro centros. processo construtivo: 1) Construir um quadrado isométrico (ABCD) cujo lado é igual ao diâmetro do circunferência (quadrado circunscrito) que se quer desenhar; 2) Marcar os pontos médios (M1, M2, M3 e M4) dos lados do quadrado, que são os pontos de tangência da falsa elipse; 3) Unir os vértices dos ângulos obtusos do quadrado isométrico aos pontos médios opostos a eles (AM2, AM4, CM1 e CM3), determinando os pontos E e F. 4) A partir dos vértices A e C (ângulos obtusos) traçar arcos com raio igual a AM2 (ou AM4), e CM1 (ou CM3). A partir dos pontos E e F, traçar arcos menores com raio igual a EM1 (ou EM4) e FM2 (ou FM3); OBS: Repetir o processo para as faces frontal e lateral esquerda, mudando apenas a posição do quadrado inicial. A construção de arcos de circunferência segue o mesmo processo. 8 Aplicações: p- FONTES Este material foi adaptado de: http://pt.wikipedia.org http://3pontosdefuga.blogspot.com.br/2008/02/perspectiva-cnica.html BARISON, Maria Bernadete apresenta definições, classificações e exemplos de Perspectivas em Geometria Descritiva. Geométrica vol.2 n.2a. 2005 in http://www.mat.uel.br/geometrica/php/pdf/gd_perspectivas.pdf FERREIRA, Patrícia & MICELI, Maria Teresa. Desenho Técnico Básico. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2010, 144p., ilustrado.
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