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Met Pesq Lins

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METODOLOGIA DA PESQUISA 
(apostila para uso em aula) 
Prof. Drd. Marcos Leite 
Formado em Filosofia e Teologia; MBA 
em Comportamento Organizacional e 
Gestão Empresarial; Especialista em 
Antropologia UC 
 
Chile; Mestrado e 
Doutorado em Administração da 
Educação 
 
Unesp. 
2007 
1o MÓDULO 
MANHÃ DO PRIMEIRO ENCONTRO 
1. A importância do estudo na vida do educador 
Destaco dois pensadores contemporâneos procurando mostrar a relação entre docência 
e discência e sobre a importância da formação contínua daquele que pretende ensinar, 
principalmente o professor, mas todos aqueles que têm o ofício ligado ao ensino são afetados 
pela orientação dada. 
1.1. Não há docência sem discência 
Para Paulo Freire (1996), a docência se fundamenta na discência, isto é, só existe o mestre 
na medida em que ele se faz discípulo. Pois, antes de ensinar é preciso aprender. Daí se pode 
concluir que todo bom professor se caracteriza por sem bom aluno de seus próprios ideais. O 
aprender-a-aprender e o aprender-a-ensinar sã duas faces da mesma moeda cujo valor se 
encontra nas seguintes exigências. 
 
Ensinar exige rigorosidade metódica 
 
Ensinar exige pesquisa 
 
Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos 
 
Ensinar exige criticidade 
 
Ensinar exige estética e ética 
 
Ensinar exige a corporeificação das palavras pelo exemplo 
 
Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação. 
 
Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática 
 
Ensinar exige conhecimento e a assunção da identidade cultural 
1.2. Administrar sua própria formação contínua 
O segundo grupo de exigência vêm do livro 10 novas competências para ensinar , no qual 
Perrenoud (2000) procura compreender as novas faces do ofício de professor e as novas 
competências trazidas pelas mudanças. No quadro resumo, traçado pelo próprio autor (20-21), 
ele situa todas as competências de referência em competências específicas que devem ser 
trabalhadas na formação contínua. O novo mestre não é alguém definitivamente pronto para 
sala de aula, pronto para usar o giz, mas um estudioso de si e da educação, aberto às 
novidades. Das competências analisadas no livro interessa somente o décimo capítulo voltado 
para a formação contínua do professor. Isto exige: 
 
Saber explicitar as próprias práticas 
 
Estabelecer seu próprio balanço de competências e seu programa pessoal de formação 
contínua 
 
Negociar um projeto de formação comum com os colegas (equipe, rede, escola); 
 
Envolver-se em tarefas em escala de uma ordem de ensino ou do sistema educativo 
 
Acolher a formação dos colegas e participar dela 
 
Ser agente do sistema de formação contínua 
2. METODOLOGIA DE ESTUDO: uma atitude de vida 
2.1. A atitude adulta do pesquisador 
2.1.1. Responsabilidade e amadurecimento 
O ato de estudar e de pesquisar, bem como o de ler e escrever, no mundo adulto 
depende da vontade deliberada do sujeito. Ele responde por sua escolha; não pelo que o 
professor manda. Assim é preciso distinguir duas atitudes elementares. 
Atitude infantil Atitude adulta 
Respeito à autoridade exterior: vontade 
forçada 
Autoridade interiorizada: vontade própria 
Lei: obediência servil 
 
faz o que mandam Lei sustentada por princípios e valores: faz 
o que escolheu 
Mérito e demérito: depende de punição e 
prêmio (de olho na nota) 
Objetivos: depende dos próprios ideais (de 
olho no aprendizado) 
Chantagem e interesse próprio: tenta 
convencer os outros para não precisar se 
esforçar 
Confiança e adesão livre: esforça-se para 
alcançar aquilo do qual está convencido 
O mais fácil: a lei do menor esforço O melhor: a lei do maior aproveitamento 
 
Como dizia Che Guevara, o ser humano deixa de ser escravo quando se transforma 
em arquiteto do próprio destino . Assim, o estudo deixa de ser sofrimento na medida em que 
ele faz parte da arquitetura de nossas vidas. O Estudo faz parte do amadurecimento dos 
próprios ideais para construirmos melhor nossas próprias vidas. E neste caso só somos 
verdadeiramente adultos quando podemos ler e escrever por nossa própria conta. A Faculdade 
aparece na vida do jovem ou do adulto como sinal de amadurecimento, maturidade e 
maioridade. Porém, muitos continuam imaturos por toda a vida porque nunca conseguiram 
projetar e concluir suas próprias pesquisas. 
2.1.2. Habilidades necessárias para estudos avançados e trabalhos 
 
Raciocínio matemático: propor e resolver problemas 
 
Raciocínio lógico, crítico e analítico; 
 
Capacidade de estabelecer relações entre as coisas. 
 
Capacidade de expressar-se de modo crítico e criativo. 
 
Capacidade de lidar com contextos organizacionais e sociais diferentes (riscos). 
 
Consciência moral e crítica 
 
Juízo de certo e errado; justo e injusto... 
 
Não engolir tudo o que se ouve e lê. 
 
Não falar e escrever tudo o que dá na telha . 
 
Visão sistêmica, capacidade de ver o todo. 
 
Conhecimentos gerais. 
 
Atualidades 
 
Interdisciplinaridade 
 
Vontade e dedicação 
2.1.3. A construção do conhecimento 
 
Conhecimento é construído: é mais construção que instrução. 
 
Instrução: adquirir o conhecimento que vem de fora; somos objetos. 
 
Construção: desenvolver o conhecimento que vem de dentro; somos sujeitos. 
 
Aprendizado é auto-motivado: ninguém pode ensinar quem não que aprender. 
 
A mente se forma pelas relações sociais no mundo em que vivemos. 
 
Somos fruto de um tempo e de um espaço. 
 
Nosso saber e nosso fazer estão vinculados ao nosso mundo cultural. 
 
Ninguém sabe tudo, cada um sabe um pouco: ensinar/aprender. 
 
Na era da globalização a educação demanda um novo processo pedagógico 
(construtivista), ao qual todos tenham acesso e motivação. 
 
Mestres e noviços partilham da mesma experiência pedagógica; não são inimigos, mas 
colaboradores. 
 
Estudo exige planejamento pessoal. 
3. A postura científica 
3.1. Dois modos de ver o mundo: 
Podemos ver o mundo de duas óticas diferentes: o senso comum e a atitude científica. 
Duas formas diferentes de lançar o olhar sobre a realidade. Segue um quadro comparativo das 
características destas duas formas de conhecimento como proposto por CHAUÍ (1995, pp. 248-
251). 
SENSO COMUM ATITUDE CIÊNTIFICA 
Subjetivo, isto é, exprimem sentimentos e 
opiniões individuais e de grupos, variando de 
uma pessoa para outra, ou de um grupo para 
outro, dependendo das condições que vivemos.
 
Objetivo, isto é, procura as estruturas 
universais e necessárias das coisas 
investigadas. 
Qualitativo, isto é, as coisas são julgadas por 
nós de acordo com suas qualidades 
(aparentes), tais como, grande e pequena, doce 
e azeda, bonita ou feia, pesada ou leve
 
Quantitativo, isto é, busca medidas, padrões, 
critérios de comparação e de avaliação para 
coisas que parecem ser diferentes. (Ex.: As 
diferenças entre as cores são explicadas por 
um mesmo critério de medida, o comprimento 
das ondas luminosas.) 
Heterogêneo: refere-se a fatos que julgamos 
diferentes, porque percebemos como diversos 
entre si; coisas diferentes se confundem na 
percepção dos sentidos (Uma pedra que cai e 
uma pena flutuando parecem acontecimentos 
diferentes) 
Homogêneo: busca as leis gerais de 
funcionamento de fenômenos, que são as 
mesmas para fatos que nos parecem 
diferentes (a pedra e a pena seguem a 
mesma lei gravitacional) 
Individualizador: por ser qualitativo e 
heterogêneo, cada coisa e cada fato nos 
aparece como um indivíduo ou como um ser 
autônomo (o algodão é áspero, o mel é doce) 
Generalizador: reúne individualidades, 
percebidas como diferentes, sob as mesmas 
leis, os mesmos padrõesou critérios de 
medidas, mostrando que possuem a mesma 
estrutura. (a química demonstra que a enorme 
variedade de corpos se reduz a um número 
limitado de corpos simples que se combinam 
de maneira variada) 
Generalizador: tendem a reunir na mesma idéia 
ou na mesma opinião coisas e fatos julgados 
semelhantes (os animais, as plantas, as 
mulheres ) 
Diferenciadores, pois não reúnem nem 
generalizam por semelhanças aparentes, mas 
distinguem os que parecem iguais, desde que 
obedeçam a estruturas diferentes. 
Tende a estabelecer relação de causa e efeito 
entre coisas ou entre fatos a partir de 
experiências particulares ( onde há fumaça a 
fogo , o corpo cai porque é pesado) 
Só estabelece relações causais depois de 
investigar a natureza ou estrutura do fato 
estudado e suas relações com outros 
semelhantes e diferentes (O corpo não cai 
porque é pesado, mas seu peso depende do 
campo gravitacional onde ele está). 
Não se surpreende e nem se admiram com a 
regularidade, constância, repetição e diferença 
das coisas; ao contrário, a admiração e o 
espanto se dirigem ao único, extraordinário, 
maravilhoso, miraculoso. 
Surpreende-se com a regularidade, a 
constância, a freqüência, a repetição e a 
diferença das coisas e procura mostrar que o 
extraordinário ou o milagroso é um caso 
particular do que é regular, normal, freqüente; 
e mesmo o excepcional segue determinadas 
regras (eclipse). 
Mistura ciência e magia entendendo que as 
duas lidam com o miraculoso e extraordinário. 
Opera um desencantamento ou 
desenfeitiçamento do mundo, mostrando que 
nele não agem forças secretas, mas causa e 
relações racionais que podem ser conhecidas 
e que tais conhecimentos podem ser 
transmitidos a todos. 
Projeta nas coisas ou no mundo sentimentos de 
angústia e de medo frente ao desconhecido. 
(Demônios) 
Afirma que, pelo conhecimento, o homem 
pode libertar0se do medo e das superstições, 
deixando de projetá-los no mundo e nos 
outros. 
Resultado de observações não sistemáticas que 
se cristalizam me preconceitos com os quais 
passamos a interpretar toda a realidade que nos 
cerca e todos os acontecimentos. 
Resultado de um trabalho paciente e lento de 
investigação, e de pesquisa racional, aberto a 
mudanças, não sendo nem um mistério 
incompreensível nem uma doutrina geral 
sobre o mundo. 
 
3.2. O esforço do método científico (Recorte da internet) 
A grande diferença entre estas duas formas de conhecimento está no problema do 
método. Enquanto o senso comum se contenta com a experiência cotidiana, os fatos ou 
objetos científicos superam os dados empíricos espontâneo da experiência cotidiana para 
construí-los pelo trabalho de investigação científica. Tal investigação caracteriza-se como um 
conjunto de atividades intelectuais, experimentais e técnicas, realizadas com base em método 
que permitem e garantem: 
 
Separar os elementos subjetivos e objetivos de um fenômeno; 
 
Construir o fenômeno como um objeto do conhecimento, controlável, interpretável e capaz 
de ser retificado ou corrigido por novas elaborações. 
 
Demonstrar e provar os resultados obtidos durante a investigação, graças ao rigor das 
relações definidas entre os fatos estudados; a demonstração deve ser feita não só para 
verificar a validade dos resultados obtidos, mas também para prever racionalmente novos 
fatos como efeitos dos já estudados; 
 
Relacionar com outros fatos um fato isolado, integrando-o numa explicação racional 
unificada, pois somente essa integração transforma o fenômeno em objeto científico, isto é, 
em fato explicado por uma teoria; 
Formular uma teoria geral sobre o conjunto dos fenômenos observados e dos 
investigados, isto é, formular um conjunto sistemático de conceitos que expliquem e 
interpretem as causas e os efeitos, as relações de dependência, identidade e diferença entre 
todos os objetos que constituem o campo investigado. 
3.3. A leitura e o fichamento: dois guias para a pesquisa 
O método científico envolve rigor e dedicação. Um de seus elementos fundamentais 
está na leitura sistemática que é acompanhada por algum sistema de fichamento. Existem 
diferentes formas de leituras e de fichamentos, como mostraremos seguindo a reflexão de 
ANDRADE (1999). 
3.3.1. Tipos de leitura 
São quatro as formas fundamentais de leitura: 
 
Leitura de conhecimento ou pré-leitura: leitura mais rápida para uma visão global do 
assunto verificando se há alguma informação útil ao trabalho que está sendo 
realizado. Trata-se de uma leitura prévia que, dependendo do caso, será retomada 
com outra forma. 
 
Leitura seletiva: objetiva coletar as informações interessantes para a elaboração do 
trabalho. 
 
Leitura crítica ou reflexiva 
 
estudo aprofundado e compreensão do significado geral 
do texto. A reflexão realiza-se através da análise, comparação, diferenciação e 
julgamento das idéias contidas no texto . 
 
Leitura interpretativa: compõe-se de três etapas: 1) procura-se saber o que 
realmente o autor afirma, quais os dados e informações que oferece; 2) 
correlacionam-se as afirmações do autor com os problemas para os quais se está 
procurando uma solução; 3) julga-se o material coletado, em função do critério de 
verdade . 
 
3.3.2. Tipos de fichamento 
Existe um padrão internacional de tamanho de fichas (pequeno 7,5x12,5cm; médio 
10,5x15,5cm; grande 12,5x20,5) e também uma orientação da ABNT (NBR 6023) para maior 
praticidade do fichamento. Isto não impede que o estudante desenvolva seus métodos de 
arquivamento de suas pesquisas desde que seja algo de fato organizado e que facilite a 
redação de seus trabalhos. 
De modo geral existem cinco tipos de fichamento: 
a) Bibliográfico: fichas que indicam as obras interessantes para o estudo realizado. 
Tanto pode destacar o autor como o título 
b) Fichas de transcrição: coleta de trechos dos livros interpretados pelo estudante que 
podem servir para citação direta no trabalho. Elas devem conter idéias centrais do texto lido. 
c) Ficha de apreciação: críticas, comentários, anotações, comparações feitas ao longo 
da leitura da obra que interessem ao pesquisador. 
d) Fichas de esquemas: de partes ou de toda a obra. A finalidade é facilitar a 
memorização das informações encontradas na obra. É um tipo de resumo tópico ou gráfico o 
mais reduzido possível. 
e) Ficha de resumo: de parte da obra ou de seu conjunto. Evita que o pesquisador 
esteja toda hora consultando o livro. Permite memorizar os textos lidos de modo organizado. 
f) Fichas de idéias sugeridas pelas leituras: Anotações pessoais das idéias que vão 
surgindo durante a leitura e que serão retomadas na confecção do trabalho. 
1o MÓDULO 
TARDE DO PRIMEIRO ENCONTRO 
ELABORAÇÀO PROJETO DE PESQUISA: parte por parte 
Para esta parte da matéria a principal obra de referência será: 
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. - 22 ed. Rever.e ampl. De 
acordo com a ABNT 
 
São Paulo: Cortez, 2002. 
A primeira etapa para a elaboração de um trabalho monográfico consiste em 
desenvolver o projeto de pesquisa o qual contém, de modo resumido, todo o conteúdo e 
método referencias para o estudante. O projeto é a delimitação dos caminhos a serem 
seguidos na etapa de elaboração. Sua principal função é não deixar o estudante perdido no 
caminho. 
Segundo SEVERINO (2002, p. 159), um projeto bem elabora do desempenha várias 
funções : 
1. Define e planeja para o próprio orientando o caminho a ser seguido no 
desenvolvimento do trabalho de pesquisa e reflexão, explicitando as etapas, os instrumentos e 
estratégias a serem utilizados. Este planejamento possibilitará ao pós-graduando / pesquisador 
impor-se uma disciplina de trabalho não só na ordem dos procedimentos lógicos mas também 
em termos de organização do tempo, de seqüênciade roteiros e cumprimentos de prazos. 
2. Atende às exigências didáticas dos professores, tendo em vista a discussão dos 
projetos de pesquisas e seminários, freqüentes sobretudo em cursos de doutorado. Cada 
colega submete sua proposta à apreciação dos colegas, com os quais a discute. 
3. Permitem aos orientadores que quilatem melhor o sentido geral do trabalho de 
pesquisa e seu desenvolvimento futuro, podendo discutir o início, com o orientando, suas 
possibilidades, perspectivas e eventuais desvios.
 
A estrutura do projeto para a elaboração do trabalho monográfico, de modo geral, 
apresenta as seguintes partes (no PowerPoint) 
 
Capa Nome do estudante na parte superior; Título da pesquisa no meio; 
Instituição, cidade e ano, no rodapé 
Resumo e 
palavras-chaves 
O resumo apresenta a visão geral do trabalho a ser realizado. Trata-se 
do resumo feito antes do trabalho existir, portanto cabe ao estudante 
colocar no papel de modo resumido aquilo que ele está pensando. 
Espaço importante para delimitar o tema e o título do trabalho. 
Apresentação do problema e das hipóteses (aquilo que se quer 
provar). 
Seguem as palavras-chaves para identificar o referencial teórico do 
estudante (um mínimo de 3 e máximo de 6) 
Justificativa Aqui aparecem os motivos que chamaram a atenção para o tema ou 
despertaram o interesse pela pesquisa. Além disso, expõe-se a 
pertinência do tema e odo problema tratados em vista a destacar a 
importância do estudo realizado. Mostrar o que despertou o interesse 
pela temática e qual sua importância para o meio científico e social. 
Qual contribuição a monografia trará para quem estiver preocupado 
com a temática. As principais pergunta são: por que me interessei por 
este tema? Qual contribuição ele pode trazer? 
Objetivos É importante delimitar bem o objetivo geral, isto é, onde o trabalho 
quer chegar. A partir daí, pode-se apresentar 2 ou 3 objetivos 
específicos. É bom lembrar que o objetivo se apresenta com o verbo 
no infinitivo. Ele indica onde o estudante quer chegar; o que seu 
trabalho vai conseguir mostrar. 
Introdução ou 
Revisão 
bibliográfica 
Apresentação de tudo aquilo que o pesquisador conhece e leu sobre o 
assunto a ser estudado. Trata-se de uma demonstração prévia de 
conhecimento para observar o grau de domínio do problema a ser 
estudado e a maturidade intelectual do estudante. Deve constar os 
apontamentos feitos nas leituras prévias que o estudante fez para a 
escolha do tema. 
Procedimentos 
metodológicos 
Explicitar os métodos a serem utilizados; seja o método de abordagem 
(indução, dedução, hipotético-dedutivo), seja os métodos de 
procedimento. Neste caso, de modo geral, estamos diante do método 
monográfico com suas características específicas, porém é possível 
um trabalho com fundamento histórico, ou comparativo, estatístico e 
assim por diante. 
Cronograma e 
orçamento da 
pesquisa 
Estabelecer as datas para cada fase do trabalho 
Verificar o orçamento da pesquisa, o que será necessário e quanto se 
gastará. 
Plano de 
trabalho ou 
Plano preliminar
 
A divisão prévia da monografia. O capítulo e subtítulos que o 
estudante pretende construir. O plano é preliminar porque ao longo da 
pesquisa mudanças podem acontecer em sua estrutura. 
Bibliografia de 
Referência 
Os livros e materiais de referência utilizados pelo estudante na 
elaboração de seu projeto de pesquisa. 
 
A.- Indicações para a escolha do Tema e do Título 
NB.: Os temas refletem a ciência ou o curso realizado. Assim, no caso específico, não 
foge das questões psicopedagógica. Uma sugestão pode ser a seguinte (no PowerPoint) 
Antes de elaborar o projeto o estudante precisa definir qual o tema que ele vai estudar. 
No caso de monografia de especialização, é importante que o tema seja ligado a alguma 
preocupação do cotidiano do pesquisador ou alguma área de preferência de estudo. Assim, a 
monografia serve para o aprimoramento profissional e intelectual do especialista. 
Segunda observação: quanto antes o tema for escolhido, mais tempo para leitura, 
pesquisa e redação o estudante terá. Ele poderá direcionar seus futuros trabalhos e leituras de 
acordo com a monografia. É importante não deixar o trabalho para depois da conclusão do 
curso, quanto antes começar, mais fácil de terminar junto com as matérias. 
Definindo o tema 
 
O tema é algo muito amplo que precisa ser melhor definido. A pesquisa monográfica se 
volta para algo bem específico, pois não é possível tratar um assunto muito vasto em tão 
poucas páginas e num tempo tão limitado. É preciso enfocar algo no tema, especificar a 
temática. A melhor forma para se fazer isto é traduzindo a inteção de pesquisa num título. 
O título indica o tema e a forma como ele será tratado. Pode ser que quando o trabalho 
for concluído o título dado no projeto seja modificado, mas até lá ele será sinalização adequada 
na estrada da redação da monogradia. 
Escolhendo o título 
 
B.- O problema e a hipótese 
Dois outros elementos que aparecerão no resumo e que são fundamentais para o início 
de uma pesquisa é o problema e a hipótese. O problema não é uma pergunta, mas a 
apresentação inicial do que chama a atenção para o tema. É o questionamento, a 
preocupação, que pede uma resposta. 
A hipótese aparece como resposta antecipada para o problema dado. Antecipada 
porque ao longo da monografia ela será demonstrada. 
Elaborando o problema 
 
Elaborando a hipótese 
 
C.- Escrevendo o projeto 
Seguindo o roteiro supracitado, elabore seu projeto de pesquisa. Teremos o resto da 
tarde para montar o esqueleto do projeto que será entregue para correção na próxima aula. Ele 
servirá como um dos critérios de avaliação para a nota da matéria. 
Como se aconselha que o trabalho monográfico deste curso de especialização esteja 
entre 30 e 50 páginas, o projeto não pode ser muito longo. Quanto mais objetivo e claro melhor 
para o estudante. 
Com o projeto em mãos, o especializando procurará um orientador para auxiliar na 
pesquisa e na redação da monografia. Cabe ao orientador apenas zelar para que o estudante 
siga os passos por ele mesmo proposto no projeto. Se exige do orientador que tenha grau 
mínimo de mestre e, se não for do quadro do Imbrape, seu currículo seja aprovado pela 
instituição. 
BIBLIOGRAFIA 
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Col. 
Leitura. São Paulo: Paz e Terra, 1996. 
PERRENOUD, Phlilippe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas 
Sul, 200. 
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 6. ed. São Paulo: Ática, 1995. 
ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de 
trabalhos na graduação. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1999.
EXEMPLO DE PROJETO PARA ENTENDER O CONTEÚDO DE CADA PARTE 
Título: A formação continuada do professor como necessidade na educação atual 
1.- Resumo 
O professor é uma figura central no processo da formação acadêmica e humana. Ele influencia 
de modo direto ou indireto no futuro de muitos jovens. O mundo tem se transformado e meios 
tecnológicos chegam à sala de aula e auxiliam na formação acadêmica da nova geração de estudantes. 
Qual a formação necessária para o bom exercício da função de mestre num mundo dominado pela 
informatização? Tomando como referência as novas competências para ensinar , a Pedagogia da 
Autonomia e Como nasce um Professor? , a resposta ao problema da formação necessária para o ato 
de ensinar parte da formação permanente, da relação entre docência e discência e do ato de amor a si e 
ao ofício. O professor do futuro se caracterizará como um animador bem informado que indica 
caminhos para aquele que se coloca na estrada do aprendizado. 
Palavras-chaves: Competências; Pedagogia da Autonomia; Interdisciplinariedade;Formação dos 
Professores. 
2.- Justificativa 
O interesse pela temática surge do encontro de duas preocupações. Primeiro, o trabalho como 
professor de Filosofia da Educação e palestras para professores e alunos nas escolas da rede pública 
levou a compreender que é preciso repensar o papel do professor e sua formação. Em segundo lugar, a 
leitura das Novas Competências para ensinar (PERREDOUD, 2000) e da Pedagogia da 
Autonomia (FREIRE, 1996) despertou o interesse para a importância da relação entre a docência e a 
discência daquele que se apresenta como professor. Assim é necessário identificar na formação 
permanente do professor um critério para a melhor qualidade no ensino. Desta maneira, o resultado da 
pesquisa poderá ajudar para estimular o professor a buscar sua formação continuada e incentivar as 
instituições ligadas ao ensino a desenvolver programas de formação continuada de acordo com as 
necessidade do desenvolvimento das novas competências para ensinar. 
3.- Introdução 
Em meio ao atual desenvolvimento tecnológico recém chegado às escolhas, à má qualidade da 
formação dos egressos da rede pública de ensino, à desvalorização profissional com baixos salários e 
ao aparente cansaço e desânimo que acompanham o dia a dia dos professores surge a preocupação 
com a formação do docente. Não se pode entrar num ciclo vicioso no qual o não reconhecimento 
salarial implique em má qualidade e a má qualidade não justifique para a sociedade e para o Estado 
melhor recompensa salarial, num circulo vicioso sem saída. Apesar de todos os problemas, a 
importância social dos professores e o impacto de sua conduta e saber sobre a vida de tantos 
indivíduos ainda é muito grande. 
Grande complexidade envolve a formação e o aprendizado do professor. Não basta destacar 
um ou outro ângulo para desenvolver um bom plano de formação continuada. A atividade docente é 
multifacetada como muitas faces deve ter o programa de preparação para o exercício profissional e a 
manutenção atualizada dos conhecimentos e práticas evitando atitudes obsoletas e ineficientes do 
ponto de vista do aprendizado (FURLANETTO, 2003, p. 9). Furlanetto tem razão ao defender um 
pequeno baú de coisas necessárias para a vida de mestre. Neste baú não entra só o aspecto técnico da 
formação, mas, também, o psicológico e o afetivo (FURLANETTO, 2003, p. 51-59). 
Assim, não se forma o professor , mas a pessoa humana, o adulto, que se encontra envolvido 
no mundo da educação. A preocupação em aprender ultrapassa o estrito interesse salarial-profissional 
e envolve todas as dimensões da vida daquele que antes de ser professor, foi e continua sendo 
estudante; antes de ser mestre, foi e permanece discípulo; e, antes de ser profissional foi e continua 
sendo homem e mulher vivente e atuante nas complexas relações de nossa sociedade. 
Após apresentar as dez novas competências emergentes, Perrenoud enfatiza que a 
especialização, enquanto processo de formação continuada, não é uma to solitário. Ninguém se 
profissionaliza sozinho, mas em equipe, em conjunto (PERRENOUD, 2000, p. 178-80). Além disto, a 
formação tem um caráter profundamente ético que exige fugir ao tradiconalismo e ter forças 
suficientes para enfrentar a divisão entre o que se é e o que se gostaria de ser (PERRENOU, 2000, p. 
178). Todo esforço volta-se para a ampliação das competências adquiridas e para a construção de 
competências novas . 
Tanto do ponto de vista individual como do coletivo é preciso romper com a tradição de que a 
responsabilidade da formação continua do docente é de inteira responsabilidade do Estado e da 
hierarquia que administra a própria educação. A responsabilidade de sua formação contínua pelos 
interessados é um dos mais seguros sinais de profissionalização do ofício (PERRENOUD, 200, 
p.179). A docência não é uma atividade amadora, mas profissional, portanto necessita de ser tratada 
com a seriedade de qualquer profissão. A escola precisa de professores profissionais, respeitadores de 
seu ofício sempre prontos para atualizarem suas competências. 
Esta profissionalização exige determinados saberes do educador. Antes de mais nada sua 
postura se caracteriza pela autonomia, isto é, pelo exercício da profissão em vista da liberdade interior. 
O docente, enquanto adulto, sabe o que quer. Sendo ele profissional livre em sua consciência e 
capacitado em suas ações, nunca abandona a discência. Com rigor metódico, pesquisa e criticidade 
procura ampliar seus conhecimentos em vista do respeito aos saberes do educando e ao compromisso 
com o processo educativo (FREIRE, 1996, p. 21-42). Educar não é só transferir conhecimentos, mas 
levar bom senso, humildade, alegria, esperança e curiosidade aos educandos (FREIRE, 1996, p. 47-
86). O professor, em meio a tantas tecnologias e conhecimentos não pode se esquecer da 
especificidade humana presente no ato de educar. Numa educação de qualidade, o humano prepara o 
humano para a vida livre e responsável. 
A melhor resposta para o problema podemos colher em FAZENDA (2003) em sua discussão 
sobre o sentido da interdisciplinariedade. O bom mestre carece de postura filosófica, quer dizer, 
precisa saber o sentido do que está fazendo; de postura antropológica, respeitando o humano presente 
nele o naquele que se dedica ao aprendizado, reconhecendo os limites e as dimensões do ser humano; 
postura existencial, empenho em identificar o sentido do próprio fazer, preocupado com os métodos e 
técnicas que levem em consideração a realidade concreta da vida de educando e educadores. 
Como principal competência do professor destaca-se a capacidade de administrar sua vida 
pessoal e apresentar aos estudantes um modelo possível de ser humano. Acima das técnicas e dos 
métodos de ensino, a conduta humana do docente alimentará no discente a vontade de vencer na vida. 
Todo esforço pedagógico se resume na tentativa de melhor orientar as novas gerações para bem 
conviver com seu futuro. 
4.- Objetivos geral e específicos 
a) Objetivo Geral 
Mostrar a importância da formação permanente na vida do docente profissional e indicar pistas 
para a realização de um projeto de orientação profissional. 
b) Objetivos específicos 
1. Identificar novas competências profissionais.. 
2. Oferecer subsídio para programas de formação continuada. 
5.- Procedimento metodológico 
Sendo o trabalho previamente determinado como monográfico, a pesquisa se voltara para o 
estudo bibliográfico do tema. A princípio se utilizará do método bibliográfico fazendo uma leitura 
exploratória e seletiva, desde as referências primárias, para identificar a contribuição do pensamento 
de Perrenoud, Freire, Furlanetto, especificamente nas obras citadas, para a formação contínua do 
professor atual. Tal leitura será submetida à análise e à crítica identificando os pontos positivos e 
negativos da formação continuada e sua aplicabilidade no meio educacional. 
6.- Atividades e cronograma de execução 
Com os créditos terminando em junho, a pretensão é concluir a monografia até o mês de 
agosto: 
Março Elaboração do projeto 
Abril Levantamento bibliográfico e leituras preliminares 
Maio Redação da primeira versão do trabalho e correção com o orientador 
Junho Debate com os colegas sobre a pesquisa em andamento e correção 
pessoal da primeira versão do texto. 
Julho Segunda versão do texto, com acréscimos e correções 
Agosto Revisão supervisionada pelo orientador e redação final 
Setembro Entrega do trabalho 
7.- Previsão de despesas (se houver) 
8.- Plano de trabalho ou Plano Preliminar 
Introdução: uma visão geral do trabalho 
Capítulo 1: A formação permanente 
1.- As lacunas da graduação 
2.- As necessidades forçadas pelas constantes mutações 
2.1- A tecnologia chega à sala de aula 
2.2- O exemplo da chegada do aluno especial na sala normal
 
3.- A importância dos cursos de especialização 
3.1-Um curso para cada necessidade 
3.2- A monografia de conclusão dentro do projeto de formação permanente 
Capítulo 2: Autonomia e competências 
1.- As novas competências segundo Perrenoud 
2.- A pedagogia do autonomia segundo Paulo Freire 
2.1- A relação entre docência e discência 
3.- Competências profissionais e humanas e seus reflexos na sala de aula 
Capítulo 3: Nasce um professor 
1.- A boa preparação inicial da graduação 
2.- Suprindo as lacunas pelo empenho pessoal 
3.- A especialização como constante atualização 
Conclusão: Não há docência sem discência; a importância da formação continuada 
8.- Bibliografia fundamental 
PERRENOUD, Philippe, Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 
2000. 
FURLANETO, Ecleide Cunico. Como nasce um professor? 
 
uma reflexão sobre o processo de 
individuação e formação. São Paulo: Paulus, 2003. 
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia 
 
saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e 
Terra, 1996. 
FAZENDA, Ivani. Interdisciplinariedade: qual o sentido?. São Paulo: Paulus, 2003. 
ADORNO, Theodor W. Educação e Emancipação. 2 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000. 
BOFF, Leonardo. Ethos Mundial: um consenso mínimo entre os humanos. Brasília: Letraviva, 
2000.

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