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Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial ANDRÉA CÉSAR PEDROSA Projeto Gráfico MANUELA CÉSAR ARRUDA Autor FABÍOLA MACIEL SALDÃO Desenvolvedor CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS Autor FABÍOLA MACIEL SALDÃO Olá. Meu nome é Fabíola Maciel Saldão. Sou formada em Letras, com Mestrado em Estudos Linguísticos pela UNIFESP - SP, com uma experiência profissional sólida na área de educação básica pública sendo professora de Línguas por mais de 12 anos. Atuei também como Coordenadora Pedagógica coordenando projetos e ações voltadas para a formação de professores e tenho experiência na produção de materiais didáticos para EAD e para cursos de Línguas. Sou uma profissional apaixonada pelo o que faço e que acredita no poder da educação para impactar o mundo. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho, irei contribuir com reflexões sobre avaliação. Conte comigo! INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimen- to de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser prioriza- das para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofun- damento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma ativi- dade de autoapren- dizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; Iconográficos Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: SUMÁRIO Instrumentos de Avaliação .................................................................. 10 Uma breve reflexão sobre a Avaliação Formativa ..........................10 A avaliação na perspectiva tradicional e moderna ........................ 13 Instrumentos de avaliação na perspectiva formativa ..................16 Tipos de Instrumentos de Avaliação .............................................20 Prova Escrita/Exame .............................................................................................. 20 Seminário – apresentação ................................................................................... 26 Relatório ................................................................................................................................32 Prova Prática................................................................................................34 Projetos Didáticos em Sala de Aula ...............................................36 Avaliação Teoria e Prática 7 UNIDADE 04 Avaliação Teoria e Prática8 Bem, estamos na última unidade da disciplina de Avaliação Teoria e Prática. As unidades trouxeram para nós inúmeras reflexões sobre a concepção de avaliação e visitamos sobre os posicionamentos de diversos teóricos a respeito da temática avaliação. Nesta unidade iremos estudar as possibilidades de instrumentos de avaliação e a real aplicabilidade em sala de aula. Analisaremos também as concepções destes instrumentos. Assim sendo, a presente unidade apresenta uma perspectiva sistemática das muitas fundamentações teóricas de autores que tecem reflexões sobre a avaliação escolar em suas inúmeras dimensões conceituais e na aplicabilidade real. Uma das primeiras observações que devem ser feitas é a de entender que avaliação e instrumentos avaliativos não são sinônimos, mas dois aspectos distintos que se complementam. INTRODUÇÃO Avaliação Teoria e Prática 9 Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: • Identificar os desafios postos para as instituições educativas na construção de uma nova cultura avaliativa, no contexto do projeto político- pedagógico; • Analisar as proposições teórico-metodológicas subjacentes às práticas avaliativas e suas decorrências no trabalho pedagógico; • Identificar os fundamentos epistemológicos que fundamentam novos paradigmas da avaliação da aprendizagem; • Analisar critérios de avaliação, formas de registro e de comunicação de resultados. Agora é a sua vez. Então? Que tal? Preparado para as leituras e reflexões? Vamos nessa! OBJETIVOS Avaliação Teoria e Prática10 Instrumentos de Avaliação INTRODUÇÃO: Ao final deste capítulo você será capaz de compreender a importância de compreender os mais variados instrumentos de avaliação e seus objetivos bem como quando utilizá-los em sala de aula. Uma breve reflexão sobre a Avaliação Formativa A concepção de avaliação formativa foi proposta por Scriven em 1967. Em seus escritos sobre grades curriculares e programas, o autor defende que o objetivo da avaliação é sempre o mesmo: apreciar o valor, ou seja, julgar, formular juízos de valor. Entretando, para que o mesmo seja alcançado, é preciso que os avaliadores emitam julgamentos e que os dados obtidos pela avaliação sejam usados de forma construtiva para as mudanças necessárias, visando ao aperfeiçoamento programático. Nessa perspectiva, a avaliação formativa no contexto de ensino se caracteriza por ser processual, isto é, possibilita a interação entre o professor e o aluno ao longo do processo ensino e aprendizagem, uma vez que auxilia os envolvidos com informações acerca dos objetivos alcançados e os esforços necessários para desenvolver o que ainda não foi atingido. Ampliando as pesquisas sobre avaliação no campo educacional, Bloom (1983, p. 9) postula que “a avaliação é a coleta sistemática de dados a fim de verificar se de fato certas mudanças estão ocorrendo no aprendiz, bem como verificar a quantidade ou grau de mudança ocorrido em cada aluno”. Nesse caso, a avaliação formativa tem a função de fornecer um feedback informativo à medida que o aluno evolui, ou apresenta dificuldades nas etapas de estudo dos componentes considerados importantes na unidade de aprendizagem. A partir disso, a tarefa dos professores consiste em especificar as formas pelas quais Avaliação Teoria e Prática 11 os alunos serão modificados e tomar uma série de decisões (materiais a utilizar, métodos mais adequados, atividades desenvolvidas pelo aprendiz) para que a aprendizagem ocorra da forma desejada. O desdobramento da tarefa de aprendizagem fornece os elementos para a construção dos testes ou procedimentos de avaliação formativa. Se estes instrumentos forem bem utilizados, podem fornecer a devida informação ao professor e aos alunos de quão adequadamente cada unidade está sendo aprendida, e também oferecer retro-informações sobre o que ainda é necessário para que a unidade seja dominada por cada aluno e pelo grupo como um todo. (BLOOM, 1983, p. 19) Nesse sentido, Bloom (1983) considera a comunicação para os alunos de dados sobre seu progresso como a essência da avaliação formativa. Dessa forma, a avaliação fornece subsídios para as intervenções que ocorrem durante a formação do aluno visando aperfeiçoar o processo de ensino e aprendizagem. Além disso, esse autor demonstra sua oposição ao sistema de ensino que utiliza a avaliação de forma classificatória e assegura que, geralmente, as consequências negativas desse sistemapara a aprendizagem ou para o bem-estar do aluno são desconsideradas pelos responsáveis pelo processo. Sendo assim, compreendemos que a utilização dos dados da avaliação apenas para fins classificatórios pode afetar o potencial de instância mediadora da avaliação formativa, por conseguinte, reduzir a eficácia do processo de ensino e comprometer a aprendizagem efetiva dos estudantes. Gonçalves e Nascimento (2012), em suas pesquisas sobre o ensino de língua materna com foco nas produções escritas dos estudantes, defendem a utilização da avaliação formativa como forma de regulação interativa da aprendizagem dos alunos. Se o maior objetivo da escola é que os educandos aprendam e com isso se desenvolvam, a avaliação deve estar a serviço desse pressuposto. Deve então constituir-se como um ato de investigação da qualidade das aprendizagens dos alunos, configurando-se como avaliação diagnóstica e, a partir desta, motivar a proposta de ações que aproximem o desempenho real dos estudantes daquele que se deseja que eles alcancem (LUCKESI, 2011, p. 175). Avaliação Teoria e Prática12 No contexto da avaliação formativa, o professor se transforma em pesquisador da prática pedagógica e, para tanto, deve pautar-se pelos seguintes princípios, de acordo com Luckesi (2011, p. 175): • Conscientizar se de que sua atividade tem por objetivo “iluminar” a realidade de aprendizagem de seu aluno – Quando o docente avalia, acende uma lanterna para iluminar seu caminho de investigador, pois assim é mais fácil saber onde pisa, vislumbrar outros percursos possíveis e escolher estratégias para chegar ao seu objetivo, a aprendizagem do educando. • Comprometer se com uma visão pedagógica que leve em con sideração o fato de que o ser humano sempre pode aprender – Já sabemos que a prática da avaliação tem relação direta com as ideias pedagógicas dos responsáveis por ela (professores, coordenadores, pedagogos). Assim, o comprometimento não é somente com a avaliação, mas com uma prática pedagógica de qualidade. • Estar ciente de que a construção do conhecimento depende tanto da exposição teórica de conteúdos quanto dos instrumentos utilizados para abordá los na prática, além de algumas outras variáveis – A avaliação é resultado de uma soma de fatores: a forma que o professor escolheu para avaliar, as ideias pedagógicas que permeiam essa escolha, as considerações acerca dos instrumentos utilizados, as datas de aplicação destes, a relação do aplicador com os educandos, entre outros fatores. • Ter a noção clara de que a prática avaliativa vinculada à aprendizagem só faz sentido se for parte de um processo e também se fornecer uma posição sobre a aprendizagem final do aluno – A avaliação é realmente parte do processo educativo e deve ser entendida como uma prática que pode ser corrigida, reavaliada, retomada. Por outro lado, como os tempos da escola são limitados, é preciso apresentar ao educando um resultado final e uma certificação, que devem constituir- se em um testemunho da aprendizagem satisfatória obtida. Avaliação Teoria e Prática 13 A avaliação na perspectiva tradicional e moderna Como foi visto anteriormente, autores no decorrer da história e mais recentemente caracterizam a avaliação atribuindo-lhe denominações diferentes. Partindo da premissa de que o fundamental é o por que e para que avaliar, ou seja, o uso que se faz da avaliação no cotidiano da escola, não iremos nos preocupar em criar categorias os diferentes modelos de avaliação dentro de distintas denominações. As avaliações utilizadas pelos professores em sala de aula podem ser incluídas em duas categorias, “modelos tradicionais de avaliação”, e “modelos não- tradicionais” ou podemos chamar de “avaliações alternativas”. Na categoria “avaliação não-tradicional” estão todos os modelos que pensam e utilizam a avaliação como parte do processo de aprendizagem. Segundo Lacueva (1997), a avaliação pode e deve ser, na sua essência, formativa, em um sentido que tenta orientar o aluno em seu desenvolvimento, apontando -lhe acertos e falhas, avanços e carências. Se a decisão final vai surgindo do progresso e desenvolvimento do aluno, perde o sentido falar de uma avaliação somativa. A avaliação tradicional busca os erros dos alunos como fator importante na atribuição da nota, quando os mesmos poderiam ser compreendidos como fazendo parte do processo, necessário à compreensão das deficiências e à superação das condições atuais. “Cabe aqui uma reflexão sobre a concepção de ‘erro ‘. No contexto escolar, normalmente o erro é considerado um mal a ser eliminado a qualquer preço. Os erros são assinalados com cores vermelhas, muitas vezes com uma ‘cruz’ (X) em caneta vermelha para ficar bem claro ao aluno. “Nem sempre se busca a razão do erro. Muito menos se faz dele um ponto de partida para a busca do acerto” (Moretto, 2001, p. 68). A avaliação de atividades difíceis deve basear-se na premissa de que normalmente não existe uma resposta correta, como costuma ser o caso de uma avaliação tradicional (Lacueva, 1997). Os métodos de avaliação por si só não podem ser incluídos primeiramente no modelo de avaliação tradicional ou não-tradicional, visto que o que garantirá uma ação educativa “não-tradicional”, que favoreça e amplie as possibilidades de aprendizagem, será o Avaliação Teoria e Prática14 acompanhamento do professor no processo de aprendizagem de cada aluno e o feed-back da avaliação, o qual deve ser contínuo. O processo de avaliação mediadora e os modelos não -tradicionais de avaliação estão embasados em alguns princípios: “o princípio de avaliação enquanto investigação docente, acompanhamento do processo de aprendizagem do aluno, complementaridade das observações sobre o desempenho dos alunos e provisoriedade dos registros de avaliação” (Hoffmann, 2000)”alunos e professores propõem-se desafios: aqueles desejam que as situações de avaliação sejam criativas, desafiadoras, co-participadas, que valorizem a construção do conhecimento e a aprendizagem; estes aspiram a inovações na sistemática da avaliação e nos instrumentos que utiliza, assim como o estabelecimento da relação teoria e prática” (Camargo e De Sordi; 1992.)” (Camargo, 1996, p.21). No modo de avaliação tradicional, que se refere a princípios da avaliação classificatória, termina a atividade do professor na correção e registro numérico e mesmo que o professor se esforce em explicar novamente as dúvidas, a nota atribuída anteriormente não muda. De acordo com Jussara Hoffman (2000), o sistema de médias é perigoso porque desconsidera o princípio evolutivo da aprendizagem. Os juízos qualitativos do professor que orientam sobre o que foi alcançado e o que ainda falta lograr são preferíveis e evitam a artificial ordenação dos alunos a partir de notas (Lacueva, 1997). Podemos incluir, como avaliação alternativa, a “avaliação continuada”, em que se usam trabalhos escritos mais extensos e projetos substanciais no intuito de incentivar a pesquisa, confrontar idéias e compreender como o aluno constrói o conhecimento; “portfólios” que são fichas de registro de resultados obtidos pelos alunos, que acompanhem o processo de aprendizagem e evolução do aluno; e testes “autênticos” usando materiais ou contextos similares àqueles nos quais o conhecimento e as habilidades serão aplicados (Ludke, 1995, p. 53). Ao referir-se ao processo contínuo de avaliação, Abreu & Masetto (1990, p.93) afirmam que este se distancia do entendimento da avaliação como atividade que se realiza ao final de um semestre ou ano para verificar se o aluno aprendeu ou não, realizando um julgamento que tem como elemento final a aprovação ou reprovação do aluno. Nérici (1988) Avaliação Teoria e Prática 15 também ressalta a sistematização das informações e não vê a avaliação como momento independente, mas sim ocorrendo durante o processo.Apesar disso, parece que a divisão que ele cria para as “modalidades” de avaliação - informativa, de continuidade, avaliação propriamente dita e avaliação de acompanhamento - é um pouco artificial, pois, como defendido por Lacueva (1997) e Abreu & Masetto (1990) em citações anteriores, esta divisão não existe na prática. “A avaliação propriamente dita consiste na avaliação que deve ser levada a efeito após o estudo de um tema ou unidade [ .. .]. É a avaliação que procura inteirar-se a respeito do que foi efetivamente aprendido após o término de um estudo. Esta é a avaliação que deve orientar o julgamento do educando quanto a promoções, término de cursos ou habilitações profissionais. É a avaliação que ocasiona conseqüências para o educando, mas deve ser, também, a avaliação que oriente mais profundas e sérias modificações nos planejamentos e na execução dos mesmos, a fim de melhor ajusta- los à realidade dos educandos e do meio. As provas e os exames são os que mais fornecem dados para esta modalidade de avaliação” (Nérici, 1988, p. 190). Dentro de um referencial teórico que contextualiza todas as formas de avaliação a fim de compreendê-las em seus pressupostos, não parece fácil aceitar que dentro de um conjunto de “modelos” de avaliação haja uma que se chame de “avaliação propriame nte dita”, pois serão as outras impróprias do termo avaliação? Apesar de mais tarde o autor falar que outras fontes devem ser levadas em consideração para “dar o veredicto” a respeito do educando - caindo na imagem de julgamento - ele é categórico: esta é a avaliação (a propriamente dita) que deve orientar a decisão do professor, ou seja, todo o acompanhamento da evolução do aluno perde a validade diante de uma verificação pontual de conhecimentos. Não se pode desmerecer a preocupação de Nérici com o ensino de qualidade, entretanto, pensar a avaliação principalmente como processo de verificação ao mal do processo, no intuito de utilizar as informações como dados para futuros planejamentos de ensino, acaba por manter uma falha do modelo tradicional, que é desvincular a avaliação como parte do processo de ensino, ou seja, havendo assim conseqüências positivas na aprendizagem dos alunos. Avaliação Teoria e Prática16 Instrumentos de avaliação na perspectiva formativa O papel da avaliação formativa deve ser valorizado tanto no âmbito do ensino como da aprendizagem. Nesta unidade procuramos desmistificar a ideia que ainda hoje perpassa nas escolas e nos cursos de formação de professores, de que quem é avaliador é o único detentor do conhecimento e os avaliados (alunos) são recebedores deste conhecimento, seres passivos e que não possuem consciência reflexiva. A partir desta visão fala-se em igualdade de oportunidades no acesso à escola, mas, como refere Méndez (2002, p. 54) “não de igualdade de oportunidade antes e durante o processo de escolarização”. A avaliação formativa pode ajudar a lidar melhor com preconceitos e estereótipos e promover uma inclusão mais democrática. O aspecto pedagógico e reflexivo passa a ter um peso importante na avaliação. Esta deixa a fórmula que a transformou num produto final e passa para uma perspectiva formativa centrada no processo de aprendizagem do aluno e no processo de ensino do professor. Neste sentido e com toda a complexidade da atitude de avaliar, como infere Barreira (2006) “poderá estar na origem de algumas dificuldades dos professores na prática da avaliação formativa”. O vocábulo avaliação tem sido abordado com tal frequência que muitas vezes não conseguimos explicar a sua razão de ser. Por outro lado, defende-se que a avaliação formativa, tal como era entendida nos anos 60 e 70 do século XX, pouco tem a ver com a avaliação formativa dos dias de hoje. Este autor caracteriza as duas décadas do século passado, como sendo de uma visão restritiva, com objetivos comportamentais e de pouca interação. Comparativamente, a avaliação formativa nos dias de hoje tem um maior grau de complexidade, com outra sofisticação e, teoricamente, mais rica. A avaliação é interativa, com o seu objetivo apontado aos processos cognitivos dos alunos em associação com o processamento do feedback, da regulação, da auto- avaliação e da auto-regulação das aprendizagens (Fernandes, 2006, pp. 22-23). Defendendo que o sentido da avaliação formativa terá de ser contínuo e pessoal, Méndez (2002, p. 69) diz que, “quem avalia com Avaliação Teoria e Prática 17 intenção formativa quer conhecer a qualidade dos processos e dos resultados”. Isto leva a que se possa intervir sempre que necessário para assegurar o sucesso. Também no que respeita ao conceito de avaliação formativa, Fernandes (2006) refere a importância de avaliação formativa. Este autor prefere utilizar a denominação Avaliação Formativa Alternativa, porque, por um lado permite melhorar e regular as aprendizagens e o ensino, e por outro é uma avaliação alternativa ao modelo de inspiração behaviorista, que considera ser apenas pontualmente formativo. Um dos contextos que tem sido referência na avaliação formativa é a de elaborar adaptações curriculares, respondendo às necessidades especiais dos alunos. Daí a importância da regulação como uma das suas características principais. De acordo com a teoria, são vários os instrumentos de avaliação que podem ser utilizados pelo professor durante o processo de ensino- aprendizagem. Prestes (2015, p. 32) obseva que é relevante que se tenha conhecimento das “potencialidades e as limitações de cada instrumento de avaliação que se pretende utilizar”. No decorrer do período letivo os instrumentos de avaliação devem ser utilizados, de maneira que, forneça ao professor informações para que ele possa identificar a melhor maneira que aluno consegue transmitir o seu conhecimento. Como estudamos anteriormente, a avaliação deve ser constante e contínua durante o processo de ensino. E para colaborar neste processo contínuo, alguns instrumentos que os professores utilizam para realizar estas avaliações podem ser citados, tais como: trabalhos, exercícios, seminários, debates, trabalhos em grupo, mapa conceitual, portfólios, entre outros. Zanon e Althaus (2008 apud PAIXÃO; RAYMUNDO, 2012, p. 294) citaram como exemplos: a prova objetiva; a prova descritiva; a prova oral; as produções coletivas; os seminários; e os portfólios. Souza e Boruchovitch (2010, p. 174-175) confirmam e observam que são variados os tipos de instrumentos avaliativos, “e as possibilidades de utilização que oferecem variam conforme seus propósitos e suas características”. Frente a estes fatores, “é importante conhecer as Avaliação Teoria e Prática18 potencialidades e as limitações de cada instrumento de avaliação que se pretende utilizar” (PRESTES, 2015, p. 32). O autor observa que os “instrumentos de avaliação da aprendizagem mais utilizados é a prova escrita, que geralmente é tomada como sinônimo de avaliação nas escolas” (PRESTES, 2015, p. 32). Torna-se importante que os educadores tenham consciência de se dedicarem à prática de avaliar a aprendizagem, refletir sobre este ato que além de definir a vida do aluno, também serve de bússola para seu trabalho, pois, se não houve um resultado satisfatório após a aplicação de um instrumento é porque não houve ensino. Desta forma, o professor precisa reorientar seu trabalho para assim estabelecer uma ação que possibilite que esta ocorra. De acordo com Luckesi (2011): O critério que viabiliza a seleção do instrumento a ser utilizado, bem como de sua configuração, tem sua fonte no próprio objeto de investigação. O avaliador, como um investigador, escolhe e constrói o instrumento de coleta de dados comprometido como que deseja investigar. (LUCKESI, 2011,p.337). Portanto, o professor deve ter clareza do que deseja investigar em relação ao desempenho de aprendizagem do seu aluno, a fim decolher o que precisa, ou seja, a escolha do instrumento esta associada ao objetivo do que se deseja saber. Visto que, quanto mais obter uma descrição da realidade, mais será eficaz sua intervenção e, por conseguinte, contribuirá para a aprendizagem de seu aluno e orientação para sua práxis pedagógica de forma efetiva. Entretanto, é preciso também que este ao elaborar um instrumento antecipadamente, reflita fielmente sobre decisões para orientar sua construção, desta forma, o instrumento deve ser escolhido e construído intencionalmente, ou seja, de acordo com o que se deseja averiguar. Assim, considerando a avaliação da aprendizagem um ato importante no processo de aprendizagem do educando, pois fornecem indicadores para identificar o desenvolvimento da aprendizagem do aluno, bem como identificar se os objetivos estão realmente sendo alcançados, como afirma Luckesi. A respeito da elaboração de instrumentos de coleta de dados para a avaliação da aprendizagem, Luckesi (2011, p. 362) aponta algumas regras em relação à questões que devem, cobrir todos os conteúdos, Avaliação Teoria e Prática 19 apresentar o mesmo nível de dificuldade, servir-se do mesmo nível de complexidade, servir-se das mesmas perspectivas metodológicas adotadas no ensino dos conteúdos, está construída numa linguagem clara e compreensível, conter variados níveis de dificuldade, ter precisão, ser válidas e fidedignas na coleta de dados, ajudar o educando a aprofundar seus conhecimentos e habilidades. Cabe ressaltar que o uso da sistematicidade na coleta de dados sobre o desempenho do educando, revelará o quanto o educador é cuidadoso com o ensino, com a aprendizagem e com a avaliação, desta forma, este coletará os dados necessários à prática pedagógica. Daí, a importância de considerar as regras da metodologia científica para a construção de um instrumento de coleta de dados. De acordo com o teórico Vasconcelos, para que o professor realize uma avaliação para ajudar o aluno a superar suas dificuldades, ele precisa começar mudando sua intenção no ato de avaliar. Para o autor, avaliar é localizar necessidades e se comprometer com sua superação. Em qualquer situação de vida, a questão básica da avaliação é: o que eu estou avaliando? No entender de Vasconcellos (1994, p. 43) a avaliação: é um processo abrangente da existência humana, que implica uma reflexão crítica sobre a prática, no sentido de captar seus avanços, suas resistências, suas dificuldades e possibilitar uma tomada de decisão sobre o que fazer para superar os obstáculos. No sentido escolar, ela só deve acontecer para haver intervenção no processo de ensino e aprendizagem. Entende-se intencionalidade, como o desejo traduzido em práticas concretas, visto que, quando a dificuldade é localizada, o professor precisa se comprometer com a busca de uma estratégia e com a superação da barreira e aponta o diálogo como um instrumento de avaliação. No entanto, o autor destaca que a escola também deve se integrar nesse processo de mudança, uma vez que não dá para discutir avaliação se não discutir antes que pessoa se quer formar, daí a importância do projeto político pedagógico. Avaliação Teoria e Prática20 Tipos de Instrumentos de Avaliação Prova Escrita/Exame Dentre os vários instrumentos utilizados na avaliação, a prova é o preferido infelizmente nas escola; por isso, é discutido em subitem separado. Alguns educadores preocupam-se em encontrar o modelo ideal de avaliação, relacionado geralmente à construção de provas eficientes, inclusive, associando avaliação a provas/exames. Segundo Ludke (1995), infelizmente o que se vê com freqüência é uma identificação redutora do termo avaliação ao conceito de prova. “ ... Essa ênfase da realidade da avaliação fez Luckes i (J 991) afirmar que a prática educativa da maioria das escolas brasileiras está direcionada por uma ‘pedagogia do exame’” (Camargo, 1996, p. 106). o exame ou a prova, em muitos casos, passa a ser instrumento de dominação e controle do professor na consecução de comportamento dos alunos e em relação à “absorção” do conteúdo. Segundo Camargo (1997, s/p): “O exame escolar faz parte do cotidiano escolar de tal sorte que o ensino se desenvolve sob sua pressão e controle [ .. .]. As provas e os cálculos das notas e das médias para a aprovação, as estatísticas dos resultados são atividades que ganham importância nas escolas e que acontecem independentemente do processo ensino-aprendizagem.” Constata-se que a atenção dos alunos, professores, pais gestores do ensino polarizam-se em torno da realização de provas/exames como objetivo primeiro da vida escolar (Camargo, 1996). Camargo (1997), em sua pesquisa, discute várias das conseqüências negativas da experiência de alunos com a avaliação, em que o papel principal que ve m cumprindo é a normalização da conduta INTRODUÇÃO: Ao final deste capítulo você será capaz de ter aprofundado conhecimentos sobre alguns tipos de instrumentos de avaliação e seus aspectos positivos e negativos no contexto escolar. Avaliação Teoria e Prática 21 do aluno e do seu processo de conhecimento. Costa (1995), em seu artigo, analisa exclusivamente o instrumento “prova”, desconsiderando algumas questões que seriam indispensáveis quando se trata de avaliação educacional. Inclusive, o autor especifica a prova objetiva como a mais eficaz, ao fornecer ao educador subsídios objetivos para reflexão e tomada de decisão que produzam resultados educacionais melhores. Ao analisar as provas como instrumento de avaliação, não cabe uma crítica a priori, visto que o foco de análise não se encontra nos instrumentos utilizados em si mesmos, mas no uso que se faz deles durante a ação educativa. Porém, é importante levar em consideração algumas falhas constantes que esses exames denunciam na prática cotidiana da sala de aula, tais como, stress dos alunos nas semanas de prova, a escolha aleatória das questões cujo conteúdo pode não ser aquele que o aluno domina e/ou lembra, o grande uso de “colas,,2, e principalmente, o uso exclusivo das provas/exames sem a preocupação por parte do educador de acompanhar o raciocínio do aprendiz, como ele constrói seu conhecimento e onde há falhas nesse processo. As provas discursivas, pela facilidade de elaboração por parte do professor, favorecem a improvisação; entretanto, geralmente o retomo que o aluno obtém sobre o seu desempenho é se cada resposta estava certa ou errada “perdendo-se a riqueza de encaminhamentos sobre outros aspectos da aprendizagem ... “ (Abreu & Masetto, 1990, p. 99). A prova oral, segundo Abreu & Masetto (1990, p. 100) pode servir para avaliar além dos conhecimentos, as opiniões, os julgamentos, as habilidades de expressão oral, e ainda a organização de idéias, as soluções criativas, entre outras. Mas possui limitações, como o alto grau de subjetividade, a questão da simpatia entre examinador e examinado e as próprias reações dos alunos, como bloqueios na hora de responder. Com as provas de múltipla escolha, privilegia-se uma resposta correta, maniqueísta, em detrimento do confronto de idéias, explicação das hipóteses levantadas, ampliação do conhecimento (Andrade, 1999, p. 29). Nérici (1993) argumenta que as perguntas “objetivas” são importantes componentes das provas, pois só elas conseguiriam cobrir a extensão da matéria, enquanto as discursivas serviriam para verificar a Avaliação Teoria e Prática22 profundidade do conhecimento. “As vantagens das ‘questões objetivas’, para verificação da aprendizagem, são indiscutíveis, uma vez que permitem uma sondagem mais ampla e precisa sobre a matéria sujeita a verificação. As verificações por meio de ‘questões objetivas’ convencem os alunos quanto às notas atribuídas, não acontecendo o mesmo com as dissertações, onde sempre pode haver subentendido ou uma intenção debaixo de uma expressão inexpressiva”(Nérici, 1988, p. 199). A única ressalva que Nérici (1988) faz em relação às questões objetivas é a possibilidade de o aluno acertar a resposta através da sorte (probabilidade) e não por dominar o assunto. O autor parece desconsiderar as outras discussões presentes neste texto e, além de não estender seus argumentos no intuito de abranger a avaliação como parte importante da aprendizagem, parece não conseguir distanciar- se da preocupação excessiva com a atribuição e precisão das notas. Lacueva (1997, s/p) questiona os exames, também por esses estarem desvinculados do processo de aprendizagem. Quando no lugar do exame tradicional é implantada uma sistemática de feedback contínuo, em processo transparente, as críticas e comentários dos professores são utilizados como informação e não como recompensa ou castigo. Camargo (1997) afirma que a avaliação, assim como suas repercussões, pode transformar-se em experiência positiva quando possui caráter contínuo e processual; quando os instrumentos são diversifIcados; quando as habilidades intelectuais são complexas e se distanciam da simples memorização; e quando o professor domina o conteúdo, interessa-se pelo desenvolvimento do aluno e dá retomo constante sobre os trabalhos. Desta forma, a prova pode não ser um instrumento necessário e a nota assume papel secundário. Segundo a autora: “As repercussões apontadas pelos alunos para as situações positivas de avaliação são extremamente desejáveis. Juntamente com a motivação para estudar e o estímulo para avançar no conhecimento, o aluno faz descobertas fundamentais: ele descobre que aprender não é decorar, que o importante é estudar e produzir conhecimento e não a obtenção de nota; ele constata que pela mediação dessas experiências positivas de avaliação, ocorreu a aprendizagem: ele Avaliação Teoria e Prática 23 descobre que APRENDEU porque não copiou modelos, dialogou com o conhecimento, interagiu com o professor” (Camargo, 1997, s/p) Todos esses argumentos em favor de novas formas de olhar a avaliação, assim como os questionamentos em relação às provas, não significam que seja necessário acabar com a utilização de provas escritas ou orais, pois não é eliminando -as que o processo de avaliação da aprendizagem será melhorado, mas através da ressignificação do instrumento a partir de nova perspectiva pedagógica (Moretto, 2001). “Avaliar a aprendizagem tem um sentido amplo. A avaliação é feita de formas diversas, com instrumentos variados, sendo o mais comum deles, em nossa cultura, a prova escrita. Por esse motivo, em lugar de apregoarmos os maleficios da prova e levantarmos a bandeira de uma avaliação sem provas, procuramos seguir o principio: se tivermos que elaborar provas, que sejam bem feitas, atingindo seu real objetivo, que é verificar se houve aprendizagem significativa de conteúdos relevantes” (Moretto, 2001, p. 96). Moretto (2001) indica alguns caminhos para o que chamou de ‘ressignificando’ a prova. Um dos pontos abordados é a capacidade de saber perguntar, considerando a estrutura conceitual dos alunos, lembrando que esta se encontra em processo de desenvolvimento e é diferente da do professor. Da mesma forma, a resposta tem de ser analisada dentro do contexto do desenvolvimento cognitivo e social do aluno, buscando o significado de suas palavras. Outra questão intimamente importante é buscar a construção de relações significativas por parte do aluno, não apenas a acumulação de informações desconexas. Para tanto, é necessário conhecer o que Moretto (2001) chama de “zona proximal do desenvolvimento”, o contexto cognitivo do aluno, termo apropriado da teoria do conhecimento de Piaget. Caso o aluno não consiga relacionar a informação apresentada com outros conteúdos ‘apropriados’ por ele, esta informação será repetida mecanicamente, não havendo aprendizagem real. Por outro lado, o próprio Moretto (2001) parece exagerar um pouco a importância da prova, enfocando-a como o principal instrumento de avaliação e tentando buscar as características que a transformariam em próxima da perfeição. Dispende significativo esforço discutindo questões relativas a como o conteúdo deve ser selecionado, como Avaliação Teoria e Prática24 estabelecer parâmetros para a correção e cuidados com a precisão das palavras, no intuito principal de ter formas mais precisas de verificação da aprendizagem. Des te modo, preocupa-se demasiadamente com a objetividade dos parâmetros de correção, com a frnalidade de facilitar a atribuição de notas, em detrimento de condições que propiciem maior liberdade de expressão e desenvolvimento dos conhecimentos. A parametrização é a indicação clara e precisa dos critérios de correção. Nas páginas anteriores chamamos sua atenção várias vezes sobre esse ponto que é, a nosso ver, um dos fondamentais para uma relação profissional entre o professor e aluno, no processo da avaliação da aprendizagem. Por exemplo, ‘disserte sobre ditaduras e democracias’ é uma questão sem parâmetros para correção, enquanto ‘escreva quatro substantivos próprios que iniciam em vogal’ é um exemplo de questões parametrizada. Nela o parâmetro é escrever quatro substantivos “(Moretto, 2001, p. 119). Desta forma, Moretto contraria várias idéias defendidas neste trabalho dentro de uma abordagem de avaliação não- tradicional, inclusive, aparentemente, alguns argumentos utilizados por ele próprio ao longo do seu trabalho. Prioriza os critérios de correção em relação a uma abertura maior para a criatividade e desenvolvimento do aluno, uma avaliação pontual em relação a um caminho evolutivo trilhado durante a aprendizagem. Vantagens: • fáceis de corrigir; • pouco tempo para correção; • possível correção mecânica; • possibilidade de avaliar, em extensão, maior quantidade de conteúdo. Desvantagens: • mais difíceis de elaborar; • atomizam o conhecimento; • mecanizam o aluno; • facilitam a “cola”; • possível resposta no “chute ou azar”; • conseqüente “desnecessidade” do estudo. Avaliação Teoria e Prática 25 SAIBA MAIS: A Revista Nova Escola possui uma reportagem muito interessante sobre Avaliação em sala de aula, a qual traz inúmeras reflexões sobre a prática docente e a avaliação. Link: https://bit.ly/2QbL6XK. A prova pode e deve assumir a função de colaborar com o trabalho pedagógico, propiciando informações claras e precisas para o professor sobre a apropriação de saberes e o desenvolvimento do aluno. Desse modo, precisa minimizar o valor dos dados quantitativos para deter-se sobre as informações qualitativas, prestando-se como um instrumento útil para a consecução de uma avaliação progressivamente mais formativa. Uma prova pode ser formativa quando vai além da verificação do desempenho do aluno diante dos objetivos propostos. A diferença entre uma prova tradicional e a formativa é que a primeira consiste apenas na verificação dos conteúdos trabalhados e na atribuição de notas, sem a preocupação com o que pode ser feito com os resultados no momento posterior. No caso da segunda, “[...] as informações serão recolhidas através de provas aplicadas nas unidades de ensino, e as atividades de recuperação serão dadas com base nos resultados, alcance dos objetivos apresentados” (Depresbiteris, 1991, p. 67). Já o seu caráter formativo consiste em entender que esta vai possibilitar ao professor e aluno condições para perceber não apenas os erros, mas seus progressos e dificuldades e fornece indicadores sobre eventuais falhas no processo didático, pois se caracteriza por prestar-se a “uma função ajustadora do processo de ensino-aprendizagem para possibilitar que os meios de formação respondam às características dos estudantes e [...] detectar os pontos frágeis da aprendizagem, mais do que determinar os resultados obtidos com essa aprendizagem” (Jorba; Sanmartí, 2003, p. 30). https://bit.ly/2QbL6XKAvaliação Teoria e Prática26 Seminário – apresentação Se olharmos para o processo ensino-aprendizagem como um todo veremos que existe um conjunto de competências e habilidades que são fundamentais e devem ser desenvolvidas pelo aluno no decorrer da sua formação. Se o foco de análise é a prática avaliativa, pode-se dizer que o professor ao usar como única prática de avaliação a prova, não oferece elementos para que o aluno por meio de diferentes experiências avaliativas adquira habilidades que lhe permitam um bom desempenho frente aos diferentes desafios que se colocaram no universo profissional. Sabe-se que nas diferentes áreas de atuação do mercado de trabalho o profissional precisa dominar não só as habilidades básicas de sua profissão, como também aquelas que servem como suporte estratégico para o seu bom desempenho profissional. Entre elas pode-se apontar o desenvolvimento de habilidades que lhe permitam organizar e comunicar informações e conhecimentos por meio da linguagem falada. Neste contexto pode-se abordar o uso da técnica de seminário como procedimento avaliativo que possibilita ao aluno desenvolver competências e habilidades no que se refere à pesquisa, à autonomia na busca de conhecimento, ao trabalho em grupo, à comunicação e o posicionamento crítico/reflexivo verbalizado do educando no decorrer do processo de organização e resultado do trabalho proposto. Como proposta de avaliação que possibilita o incentivo à aprendizagem de diferentes competências e habilidades, poderíamos fazer referência a vários procedimentos, contudo, como o objetivo deste trabalho em específico é refletir sobre o seminário como prática avaliativa que pode servir como meio de construção de saber, iremos nos ater ao caminho que precisa ser percorrido por professor e aluno para que esse procedimento avaliativo possa contribuir de forma significativa para o aprendizado de ambos, visto que num processo como esse não só o aluno deve ser avaliado, mas também o professor que deve colher por meio da avaliação dados que tragam contribuições positivas a sua atuação pedagógica, pois existe uma relação intrínseca entre o que se propõe como procedimento avaliativo e o que se pretende alcançar como objetivo de aprendizagem. Avaliação Teoria e Prática 27 Corroborando com Masetto, Gil (2009) afirma que o uso da técnica de seminário, apesar de ser uma prática conhecida no âmbito do ensino superior e pósgraduação, na maioria das vezes é muito mal definida e desenvolvida, e que um dos fatores que torna isso possível é o fato de ser mal empregada na educação básica. Tanto professor quanto aluno atuam de forma relativamente errada quanto ao propósito pedagógico dos múltiplos objetivos propostos pelo uso do seminário como procedimento avaliativo e construção de saber. Segundo o autor: A estratégia do seminário é bem conhecida pelos estudantes universitários. Mas isso não significa que reconheçam a importância da técnica; nem mesmo que a vejam com bons olhos. Provavelmente porque nenhuma estratégia de ensino tenha sido tão mal utilizada pelos professores. (GIL, 2009, p. 172) IMPORTANTE: As referências teóricas disponíveis no meio acadêmico sempre atribuem um valor significativo ao instrumento seminário no âmbito do ensino superior, desconsiderando práticas iniciais na educação básica. Em cada procedimento avaliativo tem como objetivo que o aluno construa determinado tipo de competência e habilidade. O seminário, por ser um instrumento avaliativo que pode ser desenvolvido de forma individual ou em grupo possibilita ao aluno aprender posicionamentos que levem em consideração a interpretação de contribuição para o desenvolvimento do trabalho feito pelo outro, como também o exercício da pesquisa e do estudo orientado de forma autônoma quando o seminário for realizado de forma individual. Utilizar o processo avaliativo mediado pela construção do seminário significa dizer que o aluno está sendo convidado pelo professor a desenvolver no decorrer da realização do trabalho, competências e habilidades como: pesquisa de informações para a construção de um debate aprofundado, uso da linguagem escrita e falada no momento de organização e produção do saber, capacidade de reconhecer o posicionamento crítico do trabalho Avaliação Teoria e Prática28 em equipe, construção de novos conhecimentos a partir da busca pelo embasamento teórico que será a base para o avanço crítico, como também a compreensão da importância das complementações que serão feitas a partir das interferências do professor. Segundo Masetto: O seminário (cuja etimologia está ligada a semente, sementeira, vida nova, idéias novas) é uma técnica riquíssima de aprendizagem que permite ao aluno desenvolver sua capacidade de pesquisa, de produção de conhecimento, de comunicação, de organização e fundamentação de idéias, de elaboração de relatório de pesquisa, de forma coletiva. (MASETTO, 2010 p.111) Se buscarmos auxílio nas literaturas que, construtivamente, por meio da metodologia científica fornecem elementos para que o aluno universitário possa ter eficiência na construção do conhecimento acadêmico, encontraremos o seminário. Este é apresentado como um dos procedimentos metodológicos que possibilita que o educando no decorrer da fase universitária seja inserido no processo investigativo da pesquisa. Assim, pode-se dizer que o seminário representa uma técnica de estudo e avaliação metódica que, no processo ensino-aprendizado constitui-se como instrumento importante para o desenvolvimento da curiosidade de pesquisa, interpretação de novas informações e dados e momento propício à postura reflexiva e crítica, elementos importantes para a construção da razão científica. Como comenta Barros: [...] Esse procedimento pode assumir diversas formas, mas o objetivo é um só: leitura, análise e interpretação de textos e dados sobre a apresentação de fenômenos vistos sob o ângulo das expressões científicas, analíticas, reflexivas e críticas. (BARROS, 2007 p. 25) Como forma de promoção de aprendizagem é importante destacar que o uso do seminário deve representar uma ferramenta avaliativa formativa que tenha como objetivo contribuir para o desenvolvimento da perspectiva de construção de novos saberes a partir da prática da pesquisa. É fundamental que seja construído por meio do exercício reflexivo do debate sobre a temática pesquisada. Quanto ao destaque para o uso da técnica de seminário como instrumento que possibilita a operacionalização do aluno em diferentes momentos da sua vida profissional, tarefa essa que está intrinsecamente relacionada a diferentes Avaliação Teoria e Prática 29 profissões e a atuação do profissional no mercado de trabalho a partir dos lugares ocupados no universo profissional, chama-se a atenção para o que afirmam Cervo & Bervian quando dizem que: “O seminário de estudos é um método utilizado tanto em curso de formação superior, especialmente nos de pós-graduação, como em reuniões, congressos, encontros programados por órgãos e instituições diversas. (CERVO & BERVIAN:2002, p. 70) Pode-se dizer que enquanto método de ensino-aprendizagem, o seminário é uma ferramenta relevante, quando proposta e orientada a partir das finalidades que lhe são inerentes como a abordagem fundamentada na pesquisa, troca de informações, intercâmbio de saberes, discussões sobre a temática abordada, comentário crítico e reflexivo para com as conclusões alcançadas. Enquanto método avaliativo, com o objetivo de assimilação do conhecimento proposto, representa uma possibilidade relevante para o trafegar do aluno na busca de novos caminhos para formação de conhecimento. A tarefa de proposição do seminário como proposta de avaliação pelo professor deve estar, portanto, respaldada na ideia de que a natureza operacional do mesmo represente para o aluno um momento privilegiadode estudo e construção de saber por meio da pesquisa. As dificuldades para uma satisfatória operacionalização do processo desde sua elaboração até a conclusão deverão, com certeza, aparecer ao longo do caminho percorrido por ambos os agentes (professor e alunos), contudo, é importante que os atores envolvidos no processo busquem garantir ao máximo a coerência entre a condução do seminário e a proposta do mesmo como estratégia avaliativa pautada na pesquisa e discussão. Por sua própria natureza, o seminário no dia a dia do processo de construção de saber oferece uma excelente oportunidade para a participação de alunos e professores em debates como estratégia de promoção de aprendizado a partir do compromisso com a pesquisa. As discussões com propósito crítico/reflexivo desenvolvidas no decorrer da exposição do seminário, no qual todos os envolvidos podem agregar contribuições as ideias apresentadas, servem como experiências compartilhadas em face aos novos conhecimentos Avaliação Teoria e Prática30 obtidos. Essa estratégia metodológica de avaliação de construção de conhecimento pode proporcionar uma nova forma de relacionamento entre o aluno e o papel deste como agente promotor de saber por meio da pesquisa no contexto de uma exposição oral. O desempenho do educando no decorrer de uma apresentação de seminário pode facilitar o desenvolvimento de competências e habilidades que hoje se fazem necessárias frente às exigências impostas pelo mercado de trabalho na grande maioria das profissões, como a expressão de ideias em público, como é o caso do concurso público para magistratura no campo do direito. Parece tarefa fácil realizar a verbalização de um determinado conhecimento ou pensamento, mas o desempenho do papel de expositor de ideias é um aprendizado que precisa ser aperfeiçoado, em virtude da sua complexidade de compreensão e desenvolvimento coerente e objetivo de qualquer que seja o assunto. Convém considerar também em nossas reflexões sobre o uso do seminário como prática avaliativa a contribuição dessa ferramenta para o desenvolvimento da capacidade de discussão, o exercício interpretativo a partir de diferentes perspectivas teóricas e práticas, a promoção do trabalho em grupo e suas contribuições para o alcance da percepção do outro, situações estas que favorecem o bom desempenho profissional, hoje fundamentado no trabalho em equipe. A influência positiva que o seminário possa vir a ter para o aluno no processo ensino-aprendizado, como procedimento avaliativo, não implica em dizer que este deva ser a única prática usada pelo professor para a assimilação ativa do conteúdo trabalhado. O ensino tem como princípio norteador da avaliação oportunizar, por meio de tal processo, o entendimento para que ocorra uma satisfatória atuação docente e o avanço no desempenho do aluno, assim é importante que os objetivos a serem alcançados para a concretização da aprendizagem significativa sejam trabalhados por meio da interação de diferentes caminhos que as variadas práticas avaliativas subsidiam. São muitos os fatores que conduzem aos aspectos positivos do uso do seminário como procedimento mediador de aprendizado. Avaliação Teoria e Prática 31 Entretanto, de modo geral a discussão ainda é de que forma o mesmo deve ser encaminhado pelo professor para que seja promotor de aprendizagem ao aluno, como deve ser trabalhado para que a condução deste esteja coerente com seus fundamentos teóricos e a proposta pedagógica em curso. Sabe-se que muitas são as estratégias existentes no campo pedagógico como proposta de construção de conhecimento a partir de uma nova postura desempenhada pelo professor-mediador, entretanto, a ideia de a ação de aprender a partir do que o aluno pode apresentar como resultado de pesquisa ainda é uma postura difícil de ser incorporada na prática docente no âmbito do ensino básico. A metodologia formativa como o seminário no campo da avaliação, no contexto do ensino básico ainda encontra muitos obstáculos para sua aplicabilidade como proposta de envolvimento de alunos e professor numa discussão segura e planejada. Chama-se a atenção para o desconhecimento que muitos docentes tem sobre os benefícios que uma pesquisa e uma discussão bem coordenada pelo professor e seguramente conduzida pelo aluno no formato proposto pela técnica de seminário pode trazer para a construção sólida de um ponto de vista intelectual e profissional. Vantagens: • favorecem a reflexão; • desenvolvem habilidades interpessoais; • estimula a leitura e a pesquisa; • fornece diferentes enfoques para um mesmo tema. Desvantagens: • alunos fogem do objetivo principal proposto; • alunos acabem sendo superficiais em suas discussões e reflexões; • baixo envolvimento dos alunos em relação a temas que não pertencem a sua realidade; • descontrole do tempo. Avaliação Teoria e Prática32 Relatório É um instrumento de avaliação caracterizado por produção escrita, utiliza de um texto coerente a respeito da resolução de um problema de forma individual ou coletivo, desta forma poderá ser realizado não só em sala de aula, mas também em ambientes fora dela. Oferece a oportunidade ao aluno de refletir sobre a solução do problema de forma a justificar os caminhos percorridos, construindo seu conhecimento. A elaboração de relatórios desenvolve capacidades de raciocínio e comunicação, pesquisa, tenacidade, responsabilidade e fornece ferramentas para construção e a inovação no desenvolvimento das tarefas da área de Ciências da Natureza. Os relatórios podem ser encontrados em diversas esferas da atividade humana, como por exemplo nos campos acadêmico, científico, escolar, profissional, político e burocrático. Devido a essa diversidade de esferas, há vários gêneros de relatório. Beltrão & Beltrão (2005), em livro sobre a correspondência empresarial, listam os seguintes: relatório de gestão, de visita, de rotina, de pesquisa, de inquérito, parcial e científico. Bonilla & Gianetti (2008) falam também dos relatórios acadêmico, escolar e executivo. Passos & Santos (1998) acrescentam o relatório de viagem, de estágio, de visita e administrativo. Existem também os relatórios de despesas, de prestação de contas, relatório jurídico e essa lista pode provavelmente se estender ainda mais. A própria definição de relatório no dicionário Aurélio é bem ampla. Este é definido primeiramente como uma “narração ou descrição verbal ou escrita, ordenada e mais ou menos minuciosa, daquilo que se viu, ouviu ou observou”, e também como “exposição das atividades de uma administração ou duma sociedade; exposição e relação dos principais fatos colhidos por comissão ou pessoa encarregada de estudar determinado assunto”. A primeira definição remete aos relatórios relacionados a eventos, como por exemplo, de visita e de viagem já a segunda aos relatórios de prestação de contas, de gestão, administrativo e a terceira aos relacionados a alguma experiência, atividade de pesquisa ou projeto, como os relatórios acadêmico e científico. Avaliação Teoria e Prática 33 REFLITA: O Relatório científico acaba sendo um instrumento de avaliação extremamente importante para as aulas de Matemática e Ciências. Já parou para pensar que a Língua Portuguesa perpassa todas as áreas de conhecimento? É um desafio e tanto aos professores de exatas valorizarem a produção escrita e a leitura após as atividades práticas. A linguagem do relatório científico deve ser compatível com o método utilizado para desenvolver o trabalho, ou seja, deve estar em sintonia com os princípios do método científico. Dessa forma, antes de iniciarmos nosso aprendizado sobre elaboração de um relatório, é importante relembrarmos as etapas básicas desse método. Vantagens: • favorecem a reflexão e a identificação de um problema; • desenvolvem habilidades interpessoais; •estimula a leitura e a pesquisa; • desenvolve a construção de hipóteses; • favorece a concentração e a observação de fenômenos da natureza. Desvantagens: • alunos fogem do objetivo principal proposto; • alunos acabem sendo superficiais em suas discussões e reflexões; • alunos com dificuldades de observação e concentração podem não trazer informações adequadas ao relatório. Avaliação Teoria e Prática34 Prova Prática Segundo Morales (2003) as provas práticas visam avaliar todo tipo de habilidade que o aluno manifesta através do que faz e não através do escreve ou diz. Trata-se da avaliação dos objetivos educacionais dentro do âmbito psicomotor ou procedimental. Lafourcad (1981) afirma que as provas práticas são provas em que o individuo é solicitado a cumprir uma determinada atividade real, para comprovar a eficácia de sua realização. Neste tipo de prova o aluno é posto diante duma situação problema que há de ser resolvida por uma realização material, um conhecimento de elementos visuais. A comparação da destreza e as habilidades adquiridas para efetuar uma determinada tarefa deve levar em consideração tanto os processos (e sequência de movimentos necessários para executá- las), com os produtos obtidos através de tais processos. Estes últimos podem ser tangíveis (uma reação obtida em laboratório, investido em economia doméstica.) e, consequentemente analisadas quantas vezes sejam necessárias, sem que se altere sua apresentação; ou intangíveis (uma canção executada ou cantada), fáceis de serem modificadas numa segunda ou terceira manifestação e onde o processo e o produto dificilmente podem ser analisados separadamente (dançar, nadar, jogar futebol, basquetebol.). São consideradas característias das provas orais: • “Aproximação com trabalhos profissionais”. (MORALES, 2003, p. 71); • Sua validade é maior que a oferecida por aquelas provas em que o aluno relata como se faz algo, embora não saibam fazer em circunstâncias reais; • A informação fornecida por uma prova funcional é muitíssimo mais amplo do que aquela fornecida pelo exame oral e escrita, a resposta isolada, contrapõe-se o desenvolvimento de uma ação globalizante, abrangendo uma grande diversidade de comportamentos apreendidos. No entanto, se mal elaborada, pode-se avaliar uma informação mais que a habilidade prática. Numa classe com muitos alunos, requer mais tempo para que se analisem os procedimentos de cada aluno. Ao elaborar uma prova prática, o docente deve: Avaliação Teoria e Prática 35 • Construir guias de observação – nestes guias ou listas de controle enumeram-se os comportamentos esperados; o observador limita-se a anotar se eles se dão ou não. Também é útil fazer a distinção entre observação e valoração. Nos guias de observação, em sentido próprio, não há inicialmente nenhuma valoração, mas uma mera codificação do que se observa; • Construir escalas de valoração – há tipos de escalas de valoração: o De acordo com o item avaliado (que pode ser expresso em termos muito genéricos ou em termos de comportamento mais diretamente observáveis); o De acordo com a resposta ou série de respostas que servem para que o observador codifique seu juízo ou sua observação; essas respostas podem ser muito distintas (juízos de valor, juízos comparativos, juízos em termos de frequência etc.). O uso das provas práticas é indicado, segundo alguns teóricos, especialmente a áreas tais como ciências (trabalhos de laboratório, incluindo o uso de aparelhos, ferramentas, instrumentos e materiais); artes (canto, execução de instrumentos musicais, pintura, modelagem); educação física (ginástica rítmica, esportes); artes industriais (carpintaria, eletricidade, mecânica etc.); economia doméstica (culinária, decoração, cuidados com as roupas, costura), etc. Embora essas provas sejam utilizadas de preferência nos campos de estudos acima citados, não se devem concluir que seu uso seja privativo dos mesmos. Se um aluno organizar e redigir uma monografia sobre “história do jornalismo” uma prova funcional poderia consistir na observação direta de como manipulam as fontes de consultas, como extraem notas, como se ordenam os pontos a desenvolver e a própria ação de redigir o artigo ou ensaio em questão. Pode-se alegar que o procedimento não é prático, que absorve tempo demasiado e que é difícil concretizá-lo em classes com muitos alunos. Lafourcad (1981) apresenta três critérios para realizar as provas práticas: • Que identifique ou que reconheça a adequação de um procedimento, ou uso correto dessa ferramenta etc.; • Em atividade de laboratório, pode-se mostrar e examinar diversos aparelhos e ferramentas e o aluno deve indicar para que e como são usados; Avaliação Teoria e Prática36 • Que execute uma tarefa sob condições simuladas em pequena escala; • O aluno deve executar movimentos, atividades ou operações “como se” fossem reais, utilizando ou não modelos construídos em escala. Sua aplicação no plano escolar é bastante limitada; • Que realize determinada tarefa bem representativo dos objetos que devem ser avaliados. Em geral trata-se de uma amostra representativa de uma tarefa ou de uma série de tarefas. Se o aluno se sair bem na execução de tal amostra de trabalho, pode- se inferir que é capaz de resolver com eficácia todas do mesmo gênero. Dentre os cuidados necessários no uso das provas práticas, salientamos: • É preciso ter cuidado com o tempo de execução da tarefa; • É necessário ter um instrumento para registrar os resultados apresentados nas provas práticas; • Deve-se levar em conta a questão do tempo para a eficácia deste método avaliativo. O avaliador não deve gerar um clima de ansiedade e apreensão, pois pode bloquear a capacidade desse aluno desenvolver o que é proposto. (LAFOURCAD, 1981). Projetos Didáticos em Sala de Aula Atualmente, o tema dos projetos repercute no Brasil através de variadas propostas de trabalho, as quais recebem diversas nomenclaturas. Um dos grandes defensores do movimento de renovação no século passado, John Dewey foi um dos precursores do que hoje conhecemos como Trabalho por projetos. Conforme assinala Tinoco (2008), Dewey buscava uma educação que minimizasse o hiato existente entre a escola e a realidade dos alunos; nesse sentido, relacionava a aprendizagem às ideias de motivação, sentido e significado. Tinoco afirma que Dewey posicionava-se contra a educação pautada na memorização, na passividade dos estudantes e no autoritarismo docente e empenhou- se em uma metodologia cujos pressupostos perpassavam pelo conhecimento através da experiência e a educação como ação coletiva. Contemporâneo de Dewey, Willian Kilpatrick levou para a sala de aula as contribuições de Dewey e sistematizou o “método de projetos”. Avaliação Teoria e Prática 37 Dessa forma, conforme aponta Tinoco (2008), na década de 1920, Dewey e Kilpatrick buscavam com suas pesquisas e trabalhos mostrar a necessidade de uma educação que possibilitasse aos educandos uma maior participação no processo ensino/aprendizagem, de forma a envolvê-los nas questões discutidas pela escola, que por sua vez deve proporcionar situações favoráveis à interação e ao diálogo. Segundo Dewey, o plano, em outras palavras, é o empreendimento cooperativo, não uma imposição. A sugestão do professor não é um molde para um resultado predefinido e inalterável, mas um ponto de partida a ser desenvolvido através de um plano e por meio das contribuições da experiência de todos os envolvidos no processo de aprendizagem [...]. O ponto essencial é que a proposta cresce e toma forma por meio de um processo de inteligência social. (apud KLEIMAN, CENICEROS E TINOCO, 2013, p. 71). Nesse sentido, levaram os educadores da época a repensarem a escola e sua sistemática de ensino. Na década de 30, no Brasil, tal método ganhou força devido ao movimento de expansãoda escola pública, liderado por Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, entre outros, que tem como principal documento o Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova (1932), no qual, segundo Tinoco (2008), as influências dos pressupostos de Dewey são nítidas. Dando prosseguimento a esse movimento de renovação, ganham destaque no Brasil, a partir da década de 1980 os estudos dos educadores espanhóis Fernando Hernández e Montserrat Ventura acerca dos projetos de trabalho. Esses estudiosos compartilham alguns princípios e pressupostos de Dewey e Kilpatrick. A proposta de projetos de Hernández considera a contribuição de Dewey e Kilpatrick na concepção do ensino por projetos conforme mostra esta passagem: Os projetos podem ser considerados como uma prática educativa que teve reconhecimento em diferentes períodos deste século, desde que Kilpatrick, em 1919, levou à sala de aula algumas das contribuições de Dewey. De maneira especial, aquela em que afirma que “o pensamento tem sua origem numa situação problemática que se deve resolver mediante uma série de atos voluntários”. Essa ideia de solucionar um problema pode servir de fio condutor entre as diferentes concepções Avaliação Teoria e Prática38 sobre os projetos. (HERNÁNDEZ, VENTURA, 1998, p. 66, 67). Apesar de terem sido formuladas a partir dos ideais propostos pelo movimento renovador, Hernández afirma que os projetos de trabalho assumem hoje outro significado, uma vez que [...] “a realidade e os problemas para os quais tentamos encontrar respostas, na atualidade, e aos quais se vinculam os projetos de trabalho, não coincidem com os desafios que eram enfrentados por Dewey e Kilpatrick”. (HERNÁNDEZ, 1998a, p. 28). Hernández afirma que várias propostas inovadoras escolanovistas tiveram êxito, contudo“[...] não se arraigaram até o ponto de substituir a organização do currículo por disciplinas, porque não incidiram na mudança das concepções predominantes do sistema escolar e de sua função social” (HERNÁNDEZ, VENTURA 1998, p. 38). Nesse sentido, Fernando Hernández propõe os projetos de trabalho, que segundo ele são um procedimento de trabalho que diz respeito ao processo de dar forma a uma ideia que está no horizonte, mas que admite modificações, está em diálogo permanente com o contexto, com as circunstâncias e com os indivíduos. (HERNÁNDEZ, 1998a, p. 22). Com essa proposta, o autor objetivou mostrar que é possível organizar um currículo escolar não por disciplinas acadêmicas, mas por temas pelos quais os alunos demonstrem interesse e, mais ainda, acompanhar a mudança da escola, que segundo ele, “são diferentes na atualidade das que se produziam há 20, 40 ou 60 anos” (HERNÁNDEZ, 1998b, p. 23). Nesse sentido, conforme afirmam Kleiman, Ceniceros e Tinoco “trabalhar sobre a ótica dos projetos de trabalho significa adotar uma concepção de conhecimento não fragmentado, que concebe o currículo integrado a partir de temas emergentes” (2013, p.72). Os projetos de trabalho, na perspectiva de Hernández, não buscam fazer uma síntese das ideias já consideradas inovadoras. Traduzem a preocupação em considerar que o processo de construção do conhecimento nunca parte do vazio. Portanto, é necessário pensar de onde partiu, quais experiências o influenciaram, a fim de reinterpretá-las, segundo outro ponto de vista, outro contexto, incorporando novos olhares, olhares de uma realidade social escolar que, atualmente, apresenta-se em constante processo de Avaliação Teoria e Prática 39 mudança. Para Hernández o trabalho por projetos [...] é a denominação de uma prática educacional que está sendo associada a algumas propostas de reforma no Brasil. Tais reformas pretendem favorecer mudanças nas concepções e no modo de atuar dos professores, na gestão das instituições de ensino e nas próprias funções da escola. Os projetos aparecem como um veículo para melhorar o ensino e como distintivo de uma escola que opta pela atualização de seus conteúdos e pela adequação às necessidades dos alunos e dos setores da sociedade aos quais cada instituição se vincula. (HERNÁNDEZ, 1998c, p. 53). Os projetos de trabalho organizam o ato educativo, partindo de situações problema, supondo um processo criativo envolvendo professores e alunos, permitindo ricas interações em relação ao ensino e à aprendizagem. Hernández aponta algumas características importantes que servem de marco para orientar o percurso de desenvolvimento dos projetos, deixando claro que se trata de um itinerário a ser construído em cada contexto, sem cair na formulação de etapas que deverão ser seguidas rigidamente, ainda que se faça um planejamento inicial e que vai sendo construído e reconstruído ao longo do processo. Além disso, trabalhar com projetos exige uma mudança de postura por parte do professor, não só em relação à conversão do docente em pesquisador, mas também diante das maneiras de abordar o objeto de estudo. Assim, deve-se levar em consideração que a aprendizagem é um processo de busca, no qual é questionada uma única versão da realidade. É importante destacar que a conversão do docente em pesquisador não descarta a necessidade de um planejamento prévio, que vai sendo moldado de acordo com o desenvolvimento do projeto. É preciso romper com a visão de que o trabalho por projetos não necessita envolvimento do professor. Ao contrário, ele é o responsável pelo planejamento e mediação, ainda que esteja aprendendo com sua prática. Acerca do papel do professor, Gandin e Franke defendem que o trabalho por projetos incentiva e valoriza o protagonismo dos estudantes e desloca o professor do lugar de quem detém, exclusivamente, o saber. Contribui para que a escola se transforme em local de construção e de produção de conhecimento e não somente de sua transmissão, de forma compartimentada. (GANDIN, FRANKE, 2005, p. 13). Avaliação Teoria e Prática40 Para Hernández, os projetos não devem ser considerados como fórmulas prontas, que podem ser aplicadas de maneira repetida. Isso seria uma visão reducionista e simplificadora. Cada etapa do trabalho é singular e nela estão diferentes tipos de informação. Quanto ao tema a ser pesquisado, pode ser mais rico quando sugerido pelo aluno. Os temas podem surgir de situações variadas, como uma visita a um museu ou a uma exposição. Também questões oriundas da imprensa ou televisão, um debate em sala ou algo relevante sugerido pelo professor, podem transformar-se em temas de estudo. A problematização do tema é um dos pontos mais importantes. Ela propicia o processo de indagação, levando em conta não só o que os alunos sabem, mas também a diversidade de seus pontos de vista. Há de se considerar também que cada aluno apresenta diferentes tempos e processos de aprendizagem, o que vai de encontro à ideia de que os alunos aprendem automaticamente o que os professores ensinam. Contrariando essa ideia, nos projetos, o que deve aflorar são as potencialidades individuais, já que cada um estabelece relações com aspectos diferentes da realidade. No desenvolvimento de um projeto, é importante considerar a diversidade de conhecimentos e capacidades dos alunos, proporcionando situações em que um aprende com o outro, criando atitudes de cooperação e participação. Nesse caso, as conversas e os debates podem ser transformados em conteúdos do projeto. Os alunos tornam-se mais responsáveis pela própria aprendizagem, sem, novamente, contudo, reduzir a mediação do professor. Os projetos também permitem aprender o não previsto pelos especialistas, a intenção é ir além dos conteúdos do currículo oficial. Por conseguinte, o professor deve levar em consideração as possibilidades dos educandos, que são complexas e muitas vezes desconsideradas por educadores que reduzem o potencial dos alunos apresentando tarefas simples e repetitivas. Nesse sentido, é preciso ter em mente que a aprendizagemé um processo que envolve o ser humano como um todo, devendo, pois, estar vinculada ao fazer. Entretanto, nas escolas, muitas vezes o que impera é somente a aprendizagem conceitual. Já um dos objetivos dos projetos é recuperar e despertar muitas capacidades que, muitas vezes, são menosprezadas. Hernández (1998a) defende Avaliação Teoria e Prática 41 que os projetos, assim entendidos, sinalizam uma nova maneira de apresentar os conhecimentos escolares, baseiam-se na interpretação da realidade e nas relações que vão sendo construídas entre o cotidiano dos alunos, professores, conhecimentos disciplinares e outros saberes não-disciplinares que passam a ser elaborados. Gandin e Franke (2002) afirmam que o trabalho com projetos possibilita uma alternativa para uma educação que busque mudanças, que veja a escola como um lugar de crescimento, de interesse e de desenvolvimento do saber. As autoras destacam algumas características da metodologia de projetos, que, segundo elas, são uma alternativa ao trabalho tradicional, quais sejam: • possibilita estudo de temas vitais, de interesse dos estudantes e da comunidade; • permite a participação de todos, de modo que o aluno não assuma uma postura passiva; • possibilita perspectivas para a construção do conhecimento, a partir de questões reais; • oportuniza a vivência crítica; • oportuniza um clima propício à comunicação, à cooperação e à participação. Avaliação Teoria e Prática42 BIBLIOGRAFIA BARREIRA, C. (2002). “Teoria e prática da avaliação das aprendizagens em contexto escolar”. In Costa, J. A, Mendes, A. N.e Ventura, A. (Org). In Avaliação de Organizações Educativas. Universidade de Aveiro (pp. 173-184). 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