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Hidráulica – CCE-0187 Período 2016/02 Capítulo II: Pressão e Estática dos Fluidos Engenharia / UNESA 1 1 Pressão e Estática dos fluidos Pressão É definida como uma força normal exercida por um fluido por unidade de área. Só falamos de pressão quando lidamos com um gás ou um líquido. O equivalente da pressão nos sólidos é a tensão normal. Como a pressão é definida como a força por unidade de área, ela tem unidade de newtons por metro quadrado (N/m2), que é denominado pascal (Pa). Se Fn representa a força normal que age numa superfície de área A, e dFn é a força normal que age em um infinitésimo de área dA, a pressão em um ponto será: Se a pressão for uniforme, sobre toda a área, ou se o interesse for na pressão média, então, Engenharia / UNESA 2 Pressão e Estática dos fluidos Engenharia / UNESA 3 100 N p1 A1 = 10 cm2 p1 = 100 N / 10 cm2 p1 = 10 N/cm2 100 N A2 = 5 cm2 p2 p2 = 100 N / 5cm2 p2 = 20 N/cm2 A unidade de pressão pascal é muito pequena para quantificar as pressões encontradas na prática. Assim, normalmente são usados seus múltiplos quilopascal (1 kPa = 103 Pa) e megapascal (1 MPa = 106 Pa). Outras três unidades de pressão muito usadas na prática, particularmente na Europa, são bar, atmosfera padrão e kilograma-força por centímetro quadrado: 1 bar = 105 Pa = 0,1 MPa = 100 kPa 1 atm = 101.325 Pa = 101,325 kPa = 1,01325 bars 1 kgf/cm2 = 9,807 N/cm2 = 9,807 x 104 N/m2 = 9,807 x 104 Pa = 0,9807 bar = 0,9679 atm Pressão e Estática dos fluidos Teorema de Stevin A diferença de pressão entre dois pontos de um fluido em repouso é igual ao produto do peso específico do fluido pela diferença de cotas dos dois pontos. Observações: Na diferença de pressão entre dois pontos não interessa a distância entre eles, mas a diferença de cotas; A pressão dos pontos em um mesmo plano ou nível horizontal é a mesma; O formato do recipiente não é importante para o cálculo da pressão; Engenharia / UNESA 4 A B Em qualquer ponto do nível A, tem-se pressão pA Em qualquer ponto do nível B, tem-se pressão pB pB = pA + h h Pressão e Estática dos fluidos Se a pressão na superfície livre de um líquido contido em um recipiente for nula, a pressão em um ponto à profundidade h dentro do líquido será dada por: p = h; Nos gases, como o peso específico é pequeno, se a diferença de cota entre dois pontos não for muito grande, pode-se desprezar a diferença de pressão entre eles. Engenharia / UNESA 5 N M pN = pM + h pN = h h C B A pA pB pC Gás Pressão e Estática dos fluidos Pressão em torno de um ponto de um fluido em repouso A pressão em um ponto de um fluido em repouso é a mesma em qualquer direção. Lei de Pascal: A pressão aplicada em um ponto do fluido em repouso transmite-se integralmente a todos os pontos do fluido. Engenharia / UNESA 6 A C B 100 N A = 5cm2 1 2 2 1 3 3 p1 = 1 N/cm2; p1 = 1 N/cm2 + 20 N/cm2 p2 = 5 N/cm2; p1 = 5 N/cm2 + 20 N/cm2 p3 = 2 N/cm2; p1 = 2 N/cm2 + 20 N/cm2 Estática dos fluidos Uma aplicação da Lei de Pascal é encontrada em dispositivos que transmitem e ampliam uma força através da pressão aplicada em um fluido. Engenharia / UNESA 7 F1 F2 Pela lei de Pascal, a pressão é transmitida integralmente: p1 = p2 Assim: p1 p2 A1 A2 É nesse princípio que, na prática, baseiam-se: prensas hidráulicas, servomecanismos, dispositivos de controle, freios etc. Pressão e Estática dos fluidos Carga de pressão O teorema de Stevin apresenta uma relação constante entre altura e pressão para um mesmo fluido. Essa altura h, que, multiplicada pelo peso específico do fluido, reproduz a pressão em um certo ponto do mesmo, é chamada “carga de pressão”. Engenharia / UNESA 8 A B hA hB A carga de pressão no ponto A: hA A carga de pressão no ponto B: hB Líquido de peso específico Pressão e Estática dos fluidos No caso de tubulações: Engenharia / UNESA 9 Tubo por onde escoa um líquido de peso específico e à pressão p. Supondo o diâmetro do tubo pequeno, a pressão do fluido em todos os pontos da seção transversal será aproximadamente a mesma. Abrindo-se um orifício no conduto, verifica-se que, se a pressão interna for maior que a externa, um jato de líquido será lançado para cima. Se esse jato for canalizado por meio de um tubo de vidro, verifica-se que o líquido sobe até alcançar uma altura h. Essa coluna de líquido deverá, para ficar em repouso, equilibrar exatamente a pressão p do conduto. p h Carga de pressão Pressão e Estática dos fluidos Escalas de pressão Se a pressão for medida em relação ao vácuo ou zero absoluto, é chamada pressão absoluta (pabs). Se a pressão for medida adotando-se a pressão atmosférica como referência, é chamada pressão efetiva (pef) ou pressão manométrica (pman). A escala de pressões efetivas é importante, pois praticamente todos os aparelhos de medida de pressão (manômetros) registram zero quando abertos à atmosfera, medindo, portanto, a diferença entre a pressão do fluido e a do meio em que se encontram. Se a pressão for menor que a atmosfera, costumam ser chamada impropriamente de vácuo e mais propriamente de depressão; é claro que uma depressão na escala efetiva terá um valor negativo. Todos os valores da pressão na escala absoluta serão positivos. Engenharia / UNESA 10 pef pode ser positiva ou negativa Pressão e Estática dos fluidos A pressão atmosférica é também chamada pressão barométrica e varia com a altitude. Mesmo em um certo local, ela varia com o tempo, dependendo das condições atmosféricas. Nos problemas que envolvem leis de estado de gases, é imprescindível o uso da escala absoluta. Em problemas envolvendo líquidos, o uso da escala efetiva é mais cômodo, pois, nas equações, a pressão atmosférica, em geral, aparece nos dois membros, podendo ser cancelada. Unidades de pressão (F/A): kgf/m2, kgf/cm2, N/m2 (Pa), daN/cm2 (decanewton por centímetro quadrado) ou bar, lb/pol2 ou psi 1 kgf/cm2 = 104 kgf/m2 = 9,8 x 104 Pa = 0,98 bar = 14,2 psi Engenharia / UNESA 11 Pressão e Estática dos fluidos Unidades de carga de pressão para indicar a pressão: mmHg (milímetros de coluna de mercúrio) mca (metros de coluna de água) cmca (centímetros de coluna de água) Obs: 5 mca 5 m x 10.000 N/m3 = 50.000 N/m2 ou 50.000 Pa Obs: 5.600 N/m2 5.600 N/m2 = 136.000 N/m3 x h 0,04 mHg ou 40 mmHg 1 atm = 760 mmHg = 101.230 Pa = 101,23 kPa = 10.330 kgf/m2 = 1,033 kgf/cm2 = 1,01 bar = 14,7psi = 10,33 mca Engenharia / UNESA 12 p = h Pressão e Estática dos fluidos O barômetro A pressão atmosférica é medida pelo barômetro. Se um tubo cheio de líquido, fechado na extremidade inferior e aberto na superior, for virado dentro de uma vasilha do mesmo líquido, ele descerá até uma certa posição e nela permanecerá em equilíbrio. Desprezando a pressão de vapor do líquido, na parte superior obtém-se, praticamente o vácuo perfeito ou pressão zero absoluto. A pressão em um mesmo nível é a mesma, logo: po = pA = patm Dessa forma, a coluna h formada é devida à pressão atmosférica e tem-se patm = h. O líquido utilizado é, geralmente, o mercúrio, já que seu peso específico é suficientemente elevado de maneira a formar um pequeno h e, portanto, pode ser usado um tubo de vidro relativamente curto. Como a pressão atmosférica padrão é muito utilizada, é interessante tê-la em mente: patm = 760 mmHg = 10.330 kgf/m2 = 101,3 kPa Engenharia / UNESA 13 Pressão e Estática dos fluidos Engenharia / UNESA 14 A O patm Observação: Pressões ou depressões são comumente medidas pelo manômetro metálico (ou manômetro de Bourdon). Esse nome provém do fato de que a pressão é medida pela deformação do tubo metálico. A leitura da pressão na escala efetiva é feita diretamente no mostrador, quando a parte externa do manômetro estiver exposta à pressão atmosférica. Pressão e Estática dos fluidos Engenharia / UNESA 15 Manômetro de Bourdon Caso particular: p2 p1 Nesse caso, a parte interna do tubo metálico está sujeita à pressão p1 enquanto a parte externa está à pressão p2. Dessa forma, o manômetro indicará não a pressão p1, mas a diferença p1 – p2. Logo: pman = p1 – p2 Pressão e Estática dos fluidos Coluna piezométrica ou piezômetro Engenharia / UNESA 16 h = p / Consiste em um simples tudo de vidro que, ligado ao reservatório, permite medir diretamente a carga de pressão. Logo, dado o peso específico do fluido, pode-se determinar a pressão diretamente. Problemas que tornam o uso limitado: *A altura h, para pressões elevadas e para líquidos de baixo peso específico, será muito alta. *Não se pode medir a pressão de gases, pois eles escapam sem formar a altura h. *Não se pode medir pressões negativas, pois nesse caso haverá entrada de ar para o reservatório,em vez de haver a formação da coluna h. Pressão e Estática dos fluidos Manômetro com tubo em U Nesse manômetro corrige-se o problema das pressões efetivas negativas. Se isso ocorrer, a coluna de fluido do lado direito ficará abaixo do nível A-A. A inclusão de um fluido manométrico (em geral, mercúrio) permite a medida da pressão de gases, já que impede que estes escapem. Ao mesmo tempo, utilizando-se um fluido manométrico de elevado peso específico, diminui-se a altura da coluna que se formaria com um líquido qualquer. Os manômetros de tubo em U, ligados a dois reservatórios, em vez de ter um dos ramos aberto à atmosfera, chamam-se manômetros diferenciais. Engenharia / UNESA 17 Estática dos fluidos Engenharia / UNESA 18 A A’ A B Pressão e Estática dos fluidos A equação manométrica É a expressão que permite, por meio de um manômetro, determinar a pressão de um reservatório ou a diferença de pressão entre dois reservatórios. Pode-se calcular a pressão aplicando-se o Teorema de Stevin, a Lei de Pascal e adotando-se uma referência – soma-se as pressões das colunas descendentes e subtrai-se as pressões das colunas ascendentes. Simplificações: O efeito de uma coluna de ar pode ser desprezada em face de outros efeitos, uma vez que dos gases ser pequeno; Ao se trabalhar na escala efetiva: patm = 0 Engenharia / UNESA 19 Pressão e Estática dos fluidos Engenharia / UNESA 20 pA + 1 (x + h1) - 2h1 + 1y -2h2 = 0 pA = 2 (h1 + h2) - 1 (x + h1 + y) Pressão e Estática dos fluidos Empuxo Contam os livros, que o sábio grego Arquimedes (282-212 AC) descobriu, enquanto tomava banho, que um corpo imerso na água se torna mais leve devido a uma força, exercida pelo líquido sobre o corpo, vertical e para cima, que alivia o peso do corpo. Essa força, do líquido sobre o corpo, é denominada empuxo ( ). Portanto, em um corpo que se encontra imerso em um líquido, agem duas forças: a força peso ( ), devida à interação com o campo gravitacional terrestre, e a força de empuxo ( ), devida à sua interação com o líquido. Engenharia / UNESA 21 Pressão e Estática dos fluidos Quando um corpo está totalmente imerso em um líquido, podemos ter as seguintes condições: Se ele permanece parado no ponto onde foi colocado, a intensidade da força de empuxo é igual à intensidade da força peso (E = W); Se ele afundar, a intensidade da força de empuxo é menor do que a intensidade da força peso (E < W); e Se ele for levado para a superfície, a intensidade da força de empuxo é maior do que a intensidade da força peso (E > W). Para saber qual das três situações irá ocorrer, devemos enunciar o princípio de Arquimedes: “Todo corpo mergulhado num fluido (líquido ou gás) sofre, por parte do fluido, uma força vertical para cima, cuja intensidade é igual ao peso do fluido deslocado pelo corpo” Engenharia / UNESA 22 Pressão e Estática dos fluidos Seja Vf o volume de fluido deslocado pelo corpo. Então, a massa do fluido deslocado é dada por: mf = fVf A intensidade do empuxo é igual à do peso dessa massa deslocada: E = mf g = f Vf g Para corpos totalmente imersos, o volume de fluido deslocado é igual ao próprio volume do corpo. Neste caso, a intensidade do peso do corpo e do empuxo são dadas por: W = c Vc g e E = f Vc g Comparando-se as duas expressões observamos que: Se c > f , o corpo desce em movimento acelerado (FR = W – E); Se c < f , o corpo sobe em movimento acelerado (FR = E – W); Se c = f , o corpo encontra-se em equilíbrio. Engenharia / UNESA 23 Pressão e Estática dos fluidos Quando um corpo mais denso que um líquido é totalmente imerso nesse líquido, observamos que o valor do seu peso, dentro desse líquido, é aparentemente menor do que no ar. A diferença entre o valor do peso real e do peso aparente corresponde ao empuxo exercido pelo líquido: Waparente = Wreal – E Exemplo: Um objeto com massa de 10 kg e volume de 0,002 m3 é colocado totalmente dentro da água ( = 1.000 kg/m3). Engenharia / UNESA 24 Peso do objeto: W = 10 kg x 10m/s2 = 100 N Empuxo: E = gV = 1.000 kg/m3 x 10 m/s2 x 0,002 m3 = 20 N Peso aparente: Waparente= 100 N – 20 N = 80 N Desprezando o atrito com a água: Fr = W – E = 80 N O objeto afunda com a = 80 N / 10 kg = 8 m/s2 Fr Pressão e Estática dos fluidos Para condição de flutuação: E = W líquido Vimerso g = corpo Vcorpo g ou seja: Exemplo: Um bloco de madeira (c = 0,65 g/cm3), com 20 cm de aresta, flutua na água (água = 1,0 g/cm3). Determine a altura do cubo que permanece dentro da água. Engenharia / UNESA 25 Pressão e Estática dos fluidos Engenharia / UNESA 26 Forças hidrostáticas sobre superfícies planas submersas Uma placa exposta a um líquido, como um distribuidor em uma represa, a parede de um tanque de armazenamento de líquido e o casco de um navio em repouso, estão sujeitos à pressão dos fluidos distribuída sobre sua superfície. Em uma superfície plana, as forças hidrostáticas formam um sistema de forças paralelas, e com frequência precisamos determinar a intensidade da força e seu ponto de aplicação, que é chamado de centro de pressão. Na maioria dos casos, o outro lado da placa está aberto para a atmosfera (como o lado seco de uma comporta) e, portanto, a pressão atmosférica age em ambos os lados da placa, produzindo uma resultante nula. Nesses casos, é conveniente subtrair a pressão atmosférica e trabalhar apenas com a pressão manométrica. Por exemplo, Pman = gh na parte inferior do lago. Pressão e Estática dos fluidos Engenharia / UNESA 27 Patm h Pressão atmosférica considerada Pressão atmosférica subtraída Patm + gh gh Pressão e Estática dos fluidos Considere a superfície superior de uma placa plana de forma arbitrária completamente submersa em um líquido. Engenharia / UNESA 28 Superfície líquida Massa específica do líquido, Pressão ambiente: Po Plano xy visto de cima Ponto de aplicação de Fr (centro de pressão) A pressão absoluta em qualquer ponto da placa: P = Po + gh = Po + g . ysen h = distância vertical entre o ponto e a superfície livre; y = distância entre o ponto e o eixo x (do ponto O) Pressão e Estática dos fluidos Engenharia / UNESA 29 A força hidrostática Fr resultante que age sobre a superfície é determinada pela integração da força P.dA que age em uma área diferencial dA em toda a área da superfície. Pressão e Estática dos fluidos Engenharia / UNESA 30 Pressão e Estática dos fluidos Engenharia / UNESA 31 Pressão e Estática dos fluidos Engenharia / UNESA 32 Pressão e Estática dos fluidos Engenharia / UNESA 33 Pressão e Estática dos fluidos Engenharia / UNESA 34 Po O s b yp (a) Placa inclinada A força age a uma distância vertical de hp= yp . sen da superfície livre diretamente abaixo do centroide da placa onde: Quando o lado superior da placa está na superfície livre e, portanto, s = 0, a equação reduz-se a: Pressão e Estática dos fluidos Engenharia / UNESA 35 O Po (b) Placa vertical s b yp Para uma placa vertical completamente submersa ( = 90) cuja aresta superior é horizontal, a força hidrostática pode ser obtida fazendo sen = 1: Pressão e Estática dos fluidos Engenharia / UNESA 36 h Po a (c) Placa horizontal A distribuição da pressão em uma superfície horizontal é uniforme e sua intensidade é P = Po +gh, onde h é a distância entre a superfície e a superfície livre. Assim, a força hidrostática que age sobre uma superfície retangular horizontal é: Obs: Fr age no ponto médio da placa Pressão e Estática dos fluidos Engenharia / UNESA 37 Exemplo: Qual a força hidrostática exercida pela água em uma comporta vertical de 3 m x 4 m, cujo topo encontra-se a 5 m de profundidade? Dado: (água) = 9,8 x 103 N/m2 5 m 4 m 3 m
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