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TCC Mônica

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS
UNIDADE PASSOS
CURSO DE DIREITO
MÔNICA CARDOSO REIS MARTINS
FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS: UMA REFLEXÃO DE SEU IMPACTO NO ORÇAMENTO PÚBLICO DE PASSOS - MG
PASSOS
2015
MÔNICA CARDOSO REIS MARTINS
FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS: UMA REFLEXÃO DE SEU IMPACTO NO ORÇAMENTO PÚBLICO DE PASSOS - MG
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Direito da Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG - Unidade Passos - Minas Gerais, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito.
Orientador: Prof. Esp. Vinicius Muzetti Bueno.
PASSOS
2015
MÔNICA CARDOSO REIS MARTINS
FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS: UMA REFLEXÃO DE SEU IMPACTO NO ORÇAMENTO PÚBLICO DE PASSOS - MG
COMISSÃO JULGADORA
MONOGRAFIA PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHAREL EM DIREITO
Presidente e Orientador: Esp. Vinicius Muzetti Bueno
1º Examinador:	
2º Examinador:	
Passos (MG), ___ de _____________ 2015.
 
DEDICO esta monografia à minha filha Mariana Reis Martins e ao meu esposo Alisson Thales Moura Martins com muito amor e carinho.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus que me deu a vida e a inteligência.
A meus pais João e Maria Imaculada e aos meus irmãos Andréia, João Carlos, Monalisa e Cláudio, meus exemplos de amor.
Ao meu orientador, por sua atenção, disposição e paciência em me guiar.
Aos meus professores, pelos ensinamentos que nortearam a minha vida como profissional.
A meus colabores em casa e na empresa, que me auxiliaram durante o curso.
E a todos aqueles com quem muito aprendi sobre o Direito.
“Ora, aquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme seu poder que opera em nós”.
Efésios 3:20
RESUMO
MARTINS, Mônica Cardoso Reis. Fundo de Participação dos Municípios: uma reflexão de seu impacto no orçamento público de Passos - MG. 2015. 73 f. Trabalho de conclusão de curso (graduação). Curso de Direito da Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG - Unidade Passos. 
O Município, entidade federativa de 3º grau em relação aos Estados-Membros e União, ao longo das últimas décadas, pleiteia junto ao Governo Federal uma nova avaliação dos valores dos repasses da União e do Estado. Isso decorre da maior concentração dos recursos públicos nos cofres federais e estaduais. Em contrapartida, o município, além de acumular uma série de obrigações financeiras fixas e ainda ter que promover o bem à coletividade, com o fornecimento de serviços de qualidade em saúde, educação e lazer para os munícipes, é o ente que tem a menor capacidade financeira. Além de sobreviver de suas receitas próprias, através de impostos de sua competência, taxas, contribuição de melhoria, o município tem a receita mais heterogênea, pois participa direta ou indiretamente das receitas dos demais entes. O Fundo de Participação dos Municípios - FPM representa uma transferência indireta para o município, de acordo com critérios previamente estabelecidos e dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. O FPM, a partir de 2008, com a diminuição da alíquota do IPI (um dos impostos federais que fornece recursos ao FPM juntamente com o Imposto de Renda) para fomentar a indústria nacional, sofreu quedas ou estagnação em alguns exercícios financeiros posteriores a 2009. Dessa forma, o consumidor foi desonerado em suas aquisições de produtos industrializados e onerou o município, diminuindo a receita do FPM, mantendo suas obrigações. Baseado neste cenário, o estudo propôs-se a demonstrar o impacto da receita do FPM junto ao orçamento público municipal de Passos - MG, dada a importância dessa transferência constitucional para as finanças desse ente federado. 
Palavras-chave: Fundo de Participação dos Municípios; Orçamento Público; Receita Pública; Impacto; Passos - MG.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Linha temporal tributária compacta	20
Figura 2 - Classificação das contribuições especiais	29
Figura 3 - Repartição das receitas tributárias	47
Figura 4 - A classificação dos municípios para efeito do FPM	52
Figura 5 - Sistema de Informações Fiscais - SIF	59
Figura 6 - Campo de busca dos valores do FPM do Município de Passos	60
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Coeficientes do FPM por faixa de habitantes para Municípios do Interior	53
Tabela 2 - Receita total do FPM do Município de Passos - MG do mês de novembro entre 2008 e 2014	63
Tabela 3 - Receita orçamentária anual estimada e a receita transferida do FPM entre 2010 e 2014 de Passos - MG	64
Tabela 4 - Total da receita arrecadada de impostos municipais em relação à receita total do FPM	65
LISTA DE ABREVIATURAS 
art. - artigo
CF - Constituição Federal
CIDE - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico
CLT - Consolidação das Leis do Trabalho
CTN - Código Tributário Nacional
ed. - edição
FPE - Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal
FPEx - Fundo de Compensação de Exportações
FPM - Fundo de Participação dos Municípios
ICMS - Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação
IE - Imposto de Exportação
IGF - Imposto sobre Grandes Fortunas 
II - Imposto de Importação
IOF - Imposto sobre Operações Financeiras
IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados
IPTU - Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana
IPVA - Imposto sobre a Propriedade de Veículo Automotor
ISS - Imposto Sobre Serviços
ISSQN - Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza
ITBI - Imposto sobre a transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia bem como cessão de direitos a sua aquisição
ITCMD - Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação
Km2 - quilômetro quadrado
LC - Lei Complementar
LDO - Lei de Diretrizes Orçamentárias
LF - Lei Federal
LOA - Lei de Orçamentos Anuais 
n. - número
p. - página
PPA - Plano Plurianual
s.d. - sem data
SIF - Sistema de Informações Fiscais
LISTA DE SIGLAS
CFC - Conselho Federal de Contabilidade
CRM - Conselho Regional de Medicina
DF - Distrito Federal
FESP - Fundação de Ensino Superior de Passos
FUNDEB - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Básico e de Valorização do Magistério
FUNDEF - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério
FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
HRC - Hospital Regional do Câncer
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MG - Minas Gerais
OAB - Ordem dos Advogados do Brasil
SCMP - Santa Casa de Misericórdia de Passos 
SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
UEMG - Universidade do Estado de Minas Gerais
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	13
CAPÍTULO 1. OS TRIBUTOS: CARACTERIZAÇÃO	15
	1.1. Da hipótese de incidência à constituição do crédito tributário	15
	1.2. As espécies de tributos	21
	1.3. A competência tributária dos municípios	30CAPÍTULO 2. ORÇAMENTO PÚBLICO E FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS	34
	2.1. Conceito, características e princípios orçamentários	34
	2.2. Plano plurianual, lei de diretrizes orçamentárias e lei orçamentária anual	38
	2.3. Receitas públicas: originária, derivada e transferida	43
	2.4. A repartição das receitas tributárias: direta e indireta	45
	2.4.1. O IPI e o Imposto de Renda: a repartição do produto de suas arrecadações	48
	2.5. O Fundo de Participação dos Municípios - FPM: uma transferência indireta da União para os Municípios	50
CAPÍTULO 3. PERCURSO METODOLÓGICO	54
	3.1. Caracterização do campo de pesquisa	54
	3.2. Caracterização do local de estudo	55
	3.3. Caracterização da pesquisa	56
	3.4. Processo e instrumento de coleta de dados	58
	3.5. Análise e interpretação de dados	60
CONSIDERAÇÕES FINAIS	67
REFERÊNCIAS	69
�
INTRODUÇÃO
De forma geral e alarmante, o ente federado que mais clama por recursos financeiros é o município brasileiro em decorrência da quantidade de obrigações (despesas) que fica a seu cargo.
Atualmente, o município sobrevive financeiramente através de suas fontes próprias de receita (originária ou derivada) e da participação na receita de tributos de outros entes federados (Estado e União) e do Fundo de Participação dos Municípios.
O Fundo de Participação dos Municípios - FPM, previsto na Constituição de 1988 e incrementado pela Emenda Constitucional n. 55, de 20 de setembro de 2007, representa uma modalidade de transferência indireta de receita, por constituir-se inicialmente em um fundo. É uma transferência que repassa 22,5% da arrecadação de dois impostos federais: o Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI e o Imposto de Renda - IR.
Com a divulgação frequente na imprensa escrita sobre as constantes quedas das transferências do Fundo de Participação dos Municípios ou ainda um singelo aumento, despertou o interesse em conhecer essa importante fonte de receita para o município.
O objetivo geral do estudo proposto é verificar o impacto do Fundo de Participação dos Municípios - FPM no orçamento público do Município de Passos - MG. Os objetivos específicos, extraídos a partir do objetivo geral foram: a) demonstrar o reflexo do Fundo de Participação dos Municípios - FPM como fonte de receita para o orçamento público municipal passense; b) analisar o impacto ao Fundo de Participação dos Municípios resultante da redução da alíquota do IPI; e c) verificar se a receita do Fundo de Participação dos Municípios - FPM é substancial para a execução orçamentária municipal.
Os objetivos, geral e específicos, foram traçados para responder ao seguinte problema de pesquisa: O Fundo de Participação dos Municípios - FPM impacta significativamente no orçamento público do Município de Passos - MG?
A parte estrutural do trabalho está dividida em três capítulos, além da introdução, considerações finais e referências. No primeiro capítulo foi tratada a caracterização dos tributos e a sua constituição, partindo da hipótese de incidência à formação do crédito tributário, as espécies tributárias e a competência tributária dos municípios. Na sequência foi discutido o orçamento público, apresentando conceito, características e os princípios orçamentários bem como o planejamento orçamentário constituído do plano plurianual, lei de diretrizes orçamentárias. Foi tratado ainda nessa seção, os tipos de receita pública, a repartição das receitas tributárias, enfatizando-se a repartição do IPI e do IR e por último o Fundo de Participação dos Municípios - FPM. Sequencialmente, no terceiro capítulo discorreu-se o percurso metodológico, onde foram caracterizado o campo e o local da pesquisa, as características da pesquisa, os processos utilizados para coleta de dados e a interpretação e análise dos mesmos. Por último, as considerações finais.
CAPÍTULO 1. OS TRIBUTOS: CARACTERIZAÇÃO
1.1. Da hipótese de incidência à constituição do crédito tributário
A forma com que os entes tributantes da administração direta - União, Estados-Membros, Distrito Federal e Municípios - sustentam suas atividades e promovem o bem comum no atendimento às necessidades coletivas de forma indistinta dá-se através dos recursos públicos, angariados pela exploração do próprio patrimônio estatal ou através da utilização do seu poder de império, que obriga o contribuinte ou responsável tributário ao pagamento de tributos. Importa, pois esclarecer que a receita obtida através dos contribuintes representa quantitativamente a maior, em detrimento da receita originária, fruto da exploração de seus próprios bens. (HARADA, 2013).
A esse respeito, Sabbag explica:
A cobrança de tributos se mostra como a principal fonte das receitas públicas, voltadas ao atingimento dos objetivos fundamentais, insertos no art. 3º da Constituição Federal, tais como a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, a garantia do desenvolvimento nacional, a erradicação da pobreza e da marginalização, tendente à redução das desigualdades sociais e regionais, bem como a promoção do bem-estar da coletividade. (2013, p. 39).
O tributo é definido no artigo 3º da Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966, denominado Código Tributário Nacional - CTN como:
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. (BRASIL, 1966).
Do conceito legal de tributo, pode-se extrair o seguinte: é uma prestação obrigatória em dinheiro, que não caracterize multa, criado por lei e cobrado mediante atividade administrativa em que a lei lhe atribuiu apenas modo a seguir, saindo do campo da discricionariedade, em que observadas a oportunidade e conveniência fica a cargo do administrador público fazer a sua escolha. (ALEXANDRE, 2014).
Nesse contexto, o tributo representa o vínculo do ente estatal, por meio de uma prestação de caráter obrigacional que vincula o contribuinte ou responsável tributário (sujeitos passivos) ao seu adimplemento.
Complementando, o art. 9º da Lei n. 4.320/1964 que estatuiu normas de Direito Financeiro, definiu tributo:
Art. 9º Tributo é a receita derivada, instituída pelas entidades de direito público, compreendendo os impostos, as taxas e contribuições, nos termos da Constituição e das leis vigentes em matéria financeira, destinando-se o seu produto ao custeio e atividades gerais ou específicas exercidas por essas entidades. (BRASIL, 1964).
Importa esclarecer que para a constituição do tributo e para atender a sua finalidade, que é a reversão dos recursos arrecadados em benefício coletivo, necessário é que o mesmo perfaça uma linha temporal tributária. Uma vez não ocorrida determinada fase, não há, por conseguinte, a constituição do crédito tributário, portanto, não há tributo. (COELHO, 2004).
Para tanto, essa cadeia evolutiva tributária inicia-se com a hipótese de incidência. Dá própria nomenclatura extrai-se o seu significado literal, ou seja, que uma vez ocorrida a hipótese de incidência, incidirá alguma coisa. (DIFINI, 2008).
A definição de Sabbag é assim demonstrada:
A hipótese de incidência tributária representa o momento abstrato, previsto em lei, hábil a deflagrar a relação jurídico-tributária. Caracteriza-se pela abstração, que se opõe à concretude fática, definindo-se pela escolha feita pelo legislador de fatos quaisquer do mundo fenomênico, propensos a ensejar o nascimento do episódio jurídico-tributário. (2013, p. 683-684).
Reportando à lição de Cassone (2007, p. 143 apud SABBAG, 2013, p. 684), hipótese de incidência significa “descrição que a lei faz de um fato tributário que, quando ocorrer, fará nascer a obrigação tributária (obrigação de o sujeito passivo ter de pagar ao sujeito ativo o tributo correspondente)”. 
A hipótese de incidência é um momento abstrato, ou seja, quando há a formulação de um ato constitutivo que resultana composição do evento gerador do tributo. (SILVA, 2011).
Chimenti (2011, p. 25-26), compara e complementa a respeito:
Por fato tributável entenda-se o fato gerador in abstracto, a hipótese de incidência, a descrição contida em lei como necessária e suficiente para o nascimento da obrigação tributária. O fato gerador in concreto é o fato imponível, a situação que, constatada, impõe a alguém a obrigação de pagar um tributo.
Em suma, a hipotética incidência tributária representa a lei abstrata como qualquer ato normativo, inaugurando a relação jurídico-tributária.
Torres (1993), apontado por Coelho, conceitua relação jurídico-tributária:
A relação jurídica tributária é complexa, pois abrange um conjunto de direitos e deveres do Fisco e do contribuinte. A Fazenda Pública tem o direito de exigir do contribuinte o pagamento do tributo e a prática de atos necessários a sua fiscalização e determinação; mas tem o dever de proteger a confiança nela depositada pelo contribuinte. O sujeito passivo, por seu turno, tem o dever de pagar o tributo e de cumprir os encargos formais necessários à apuração do débito; mas tem o direito ao tratamento igualitário por parte da Administração e ao sigilo com relação aos atos praticados. (2004, p. 35).
Para a formação de uma obrigação tributária é necessária a confirmação do fato gerador, o qual deve ser embasado em uma hipótese de incidência. A hipótese de incidência corresponde ao fato abstrato, ou seja, é uma hipótese de ocorrência. O fato gerador refere-se a um fato concreto, este é a materialização da hipótese de incidência. (CASTELANNI, 2009).
A lei descreve a hipótese de incidência, a suposição em que o contribuinte terá de quitar o tributo. Ocorrida a hipótese de incidência, nasce o fato gerador que constituirá em obrigação tributária. O fato gerador consiste na iniciação da relação tributária. O sujeito passivo tem a obrigação legal de pagamento do tributo ao sujeito ativo, logo o Estado passará a ter o direito de recebimento da prestação pecuniária do contribuinte. (MARTINS, 2011).
O fato gerador tem sua existência no momento da utilização de um elemento nuclear ou objetivo descrito por uma lei, a qual é necessária e suficiente para a sua ocorrência. (SABBAG, 2012).
O elemento objetivo ou o núcleo do fato gerador equivale à descrição de um fato, ou seja, ao fato que possibilita a ocorrência da geração da obrigação tributária. Esse elemento pode ser oriundo de um ou vários fatos, por conseguinte origina o fato gerador que pode ser simples ou complexo. (HARADA, 2013).
O art. 114 do CTN define fato gerador:
Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. (BRASIL, 1966).
Para análise e identificação do fato gerador, além da existência do elemento objetivo, tem se a seguinte classificação conforme aos quatro aspectos existentes: aspecto subjetivo, quantitativo, espacial e temporal. (ALEXANDRE, 2014).
O aspecto subjetivo concerne nos sujeitos a que pertencem à obrigação tributária, são figurados em pólo positivo (credor) e negativo (devedor). (DIFINI, 2008).
A relação jurídico-tributária pressupõe de dois sujeitos: o sujeito ativo e o passivo. O sujeito ativo é definido como a pessoa jurídica de direito público titular de competência para exigir o cumprimento da obrigação tributária. Enquanto o sujeito passivo refere-se à pessoa obrigada ao cumprimento da prestação relativa à obrigação tributária. (SILVA, 2011).
O aspecto quantitativo destaca a base de cálculo e a alíquota a ser aplicada no montante do tributo devido. A alíquota é o percentual incidente sobre a base de cálculo. É equiparada à majoração de tributo a modificação de sua base de cálculo para torná-lo mais oneroso. (HARADA, 2013).
Chimenti (2011) resume: a base de cálculo serve para quantificar, para dar a dimensão do tributo enquanto a alíquota é o percentual que multiplicado pela base de cálculo permite o cálculo do quantum devido.
Já o aspecto espacial é relacionado em qual local ocorre o fato gerador, de acordo com o âmbito espacial da lei. Posteriormente, há a identificação de quem será o ente competente para a tributação. (COSTA, 2013, online).
Quanto ao aspecto temporal, refere-se à periodicidade ou continuidade do fato gerador. É importante a determinação deste aspecto para discernimento de qual lei irá reger o fato. Em relação ao aspecto temporal existem o fato gerador instantâneo (surge em certo momento e constitui de imediato a obrigação tributária), periódico (o aglomerado de vários fatos geradores que ocorreram em um determinado período e o fato gerador continuado (duradouro, que tende a permanecer). (SABBAG, 2013).
Depois de concretizado o fato gerador, implica o nascimento da obrigação tributária. 
A partir de então, instala-se a relação jurídico-tributária. Nessa relação o sujeito ativo corresponde a todos os entes pertencentes à administração direta e indireta, enquanto o devedor corresponde ao particular vinculado ou responsável por este para obrigatoriedade do cumprimento da obrigação. (MARTINS, 2011).
Alexandre (2014), filiado ao conceito de Monteiro (2003), define obrigação como sendo:
Relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre devedor e credor e cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garatindo-lhe o adimplemento através do seu patrimônio. (2003, apud ALEXANDRE, 2014, p. 253).
A sujeição passiva tributária dá-se de forma direta e indireta. 
Difini (2008) destaca que o contribuinte é o sujeito passivo direto, ou seja, tem relação direta com a situação ensejadora do fato gerador. Por outro lado, a sujeição passiva indireta figura na pessoa do responsável tributário, a quem a lei atribui responsabilidade no cumprimento das obrigações principal e acessória.
A obrigação tributária principal diz respeito ao pagamento (conteúdo pecuniário), ao passo que a obrigação acessória refere às prestações positivas ou negativas, no interesse da administração tributária, para facilitar o cumprimento da obrigação principal. (HARADA, 2013). 
Martins (2011) complementa, estabelecendo que a obrigação principal está ligada ao ato de pagar (tributo ou multa por ocorrência de sanção do não cumprimento da obrigação acessória). A obrigação acessória corresponde à opção do sujeito passivo de fazer ou não atos que se encontram em Lei, ou seja, decidir cumprir ou não deveres formais.
Dando sequência à linha temporal tributária, para constituição do crédito tributário, imprescindível é o lançamento.
Assim dispõe o art. 142 do Código Tributário Nacional:
Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. (BRASIL, 1966).
Combinando o art. 142 do Código Tributário Nacional com o art. 97 do mesmo diploma, cabe ao lançamento apontar o fato gerador da obrigação tributária principal, o sujeito passivo, fixar alíquota e base de cálculo, cominar penalidades por ações ou omissões que fogem aos ditames legais.
O lançamento é ato privativo do Fisco, ou seja, o sujeito passivo da obrigação tributária não lança, podendo apenas colaborar com a apuração do montante do tributo a pagar.
Segundo Alexandre (2014), há cinco finalidades para a atividade do lançamento: verificação da existência do fato gerador (vinculado à hipótese de incidência), o estudo da matéria tributável (objeto do tributo), identificação da base de cálculo e alíquota e por fim a aplicação da penalidade cabível se for o caso.
Efetuado o lançamento no prazo legal exigível, formaliza-se o crédito tributário, dando-lhe certeza, liquidez e exigibilidade. O crédito é uma forma de o sujeito ativo exigirdo sujeito passivo uma determinada prestação. Com a obrigação tributária, existe o dever entre as pessoas da relação jurídico-tributária, enquanto com a formalização do crédito tributário se tem um direito de exigir da pessoa do sujeito passivo.
A definição de Castellani (2009, p. 74) é esclarecedora: “O crédito tributário é resultante da obrigação tributária lançada. Em consequência o sujeito ativo adquire o direito da exigibilidade do cumprimento do pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária sobre o sujeito passivo”.
Harada frisa: “O crédito tributário nada mais é do que a própria obrigação tributária principal formalizada pelo lançamento, ou seja, tornada líquida e certa pelo lançamento”. (2013, p. 536).
O crédito tributário após sua constituição, naturalmente irá se extinguir com o pagamento, ou seja, o adimplemento do valor do tributo pelo sujeito passivo. Em determinadas circunstâncias, o crédito tributário pode ser suspenso, extinto ou excluído, perdendo assim o Fisco, o direito à exigibilidade do crédito tributário.
Em síntese, a constituição do tributo pode ser resumida conforme a figura abaixo:
FIGURA 1. Linha temporal tributária compacta.
Fonte: Sabbag (2013, p. 683).
1.2. As espécies de tributos	
O art. 3º do Código Tributário Nacional conceituou tributo, considerado o gênero das espécies tributárias com as seguintes características: compulsoriedade na prestação (de caráter obrigatório), mensurabilidade econômica (medida), caráter não punitivo (não pode ser considerado multa), vinculado à lei para sua criação e extinção (princípio da legalidade) e não discricionariedade na cobrança.
Debates doutrinários originaram várias teorias a respeito das espécies tributárias, dentre elas:
»» 1ª Teoria (antes do Código Tributário Nacional): dualista, fundamentada na destinação da arrecadação: tributos não vinculados (impostos) e tributos vinculados (taxas). (ALEXANDRE, 2014).
Mais adiante, com o advento do Código Tributário Nacional em 25 de outubro de 1966, por sua vez considerou como espécies tributárias: impostos, taxas e contribuição de melhoria. (BRASIL, 1966).
»» 2ª Teoria: tripartida ou tripartite: originada do artigo 5º do CTN, foi fundamentada no fato gerador do tributo (a concretização da hipótese de incidência). (ALEXANDRE, 2014).
Essas duas teorias, atualmente consideradas ultrapassadas, foram sobrepostas pela 3ª e última teoria, que por sua vez foi originada na combinação da Constituição Federal e o Código Tributário Nacional, denominada Teoria Pentapartida (ratificada pelo Supremo Tribunal Federal), atualmente dominante.
»» 3ª Teoria: pentapartida, que considera 5 espécies tributárias: impostos, taxas, contribuição de melhoria, empréstimo compulsório e contribuições especiais. (ALEXANDRE, 2014).
Essas cinco espécies de tributos foram divididas em duas categorias, determinadas:
- pela hipótese de incidência: impostos, taxas e contribuição de melhoria;
- pela destinação do produto da arrecadação: empréstimo compulsório e contribuições (interventivas) e sociais. (ALEXANDRE, 2014).
O mais popular e conhecido tributo é denominado imposto.
O art. 16 do CTN o define:
Art. 16. O imposto é um tributo de caráter genérico que independe de qualquer atividade ou serviço do poder público em relação ao contribuinte. (BRASIL, 1966).
Da leitura do art. 16, pode-se considerar que para sua cobrança, independe de um fazer estatal a favor do contribuinte ou responsável tributário. Não tem natureza contraprestacional, bastando que o contribuinte manifeste riqueza de alguma forma, ou seja, que cumpra os fatos geradores próprios de imposto.
Paulsen (2012, p. 23) resume:
É dever fundamental contribuir para as despesas públicas, sendo que o principal critério para a distribuição do ônus tributário, inspirado na ideia de justiça distributiva, é a capacidade contributiva. Tal se dá, essencialmente, através do pagamento de impostos, tributos que incidem, necessariamente, sobre revelações de riqueza do contribuinte.
Alexandre explica:
Os impostos são, por definição, tributos não vinculados que incidem sobre manifestações de riqueza do sujeito passivo (devedor). Justamente por isso, o imposto se sustenta sobre a ideia da solidariedade social. As pessoas que manifestam riqueza ficam obrigadas a contribuir com o Estado, fornecendo-lhe os recursos de que este precisa para buscar a consecução do bem comum. (2014, p. 50).
Chimenti completa:
Por isso, costuma-se afirmar que o imposto é uma exação (exigência) não vinculada, uma exigência cujo fato gerador não se liga a uma atividade estatal específica relativa ao contribuinte ou por ele provocada. Independe de contraprestação específica. (2011, p. 72).
Por outro lado, Torres (2011, p. 376) critica as lacunas do art. 16 do CTN que define o imposto:
A definição do CTN é insuficiente e abreviada, porquanto não contém os outros elementos característicos dos impostos. Entre eles, o princípio da capacidade contributiva, agora expressamente proclamado no art. 145, § 1º. Aliás, a capacidade contributiva integra essencialmente a noção de imposto, eis que se o cidadão deve pagá-lo de acordo com a sua riqueza, segue-se que o fato gerador dessa categoria tributária não se vincula a qualquer prestação específica por parte do Estado, destinando-se a remunerar as necessidades globais do serviço público indivisível.
Em suma, pode-se afirmar que o imposto comporta como característica específica o seu caráter não vinculativo (contributivo), posto que independe a exação de qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte.
“A prestação patrimonial do contribuinte do imposto é unilateral, porque não faz nascer para a entidade tributante qualquer dever específico em relação ao contribuinte”. (CHIMENTI, 2011, p. 72).
Além disso, outra característica intrínseca do imposto refere-se à não-afetação, posto que não há indicação prévia sobre a sua destinação, ou seja, será aplicado para o custeio da administração, segundo o disposto no art. 167, inciso IV da Constituição Federal de 1988. 
Alexandre (2014, p. 50-51) comenta:
É importante perceber que os impostos não incorporam, no seu conceito, a destinação de sua arrecadação a esta ou àquela atividade estatal. Aliás, como regra, a vinculação de sua receita a órgão, fundo ou despesa é proibida diretamente pela Constituição Federal (art. 167, IV). Portanto, além de serem tributos não vinculados, os impostos são tributos de arrecadação não vinculada. Sua receita presta-se ao financiamento das atividades gerais do Estado, remunerando os serviços universais (uti universi) que, por não gozarem de referibilidade (especificidade e divisibilidade), não podem ser custeados por intermédio de taxas.
Chimenti (2011, p. 72), seguindo o raciocínio de Alexandre, traduz: “Observe-se, ainda, que o valor obtido com impostos não pode ser vinculado a um fundo, órgão ou despesa específica, salvo expressa previsão constitucional”.
Além dessas especificidades dos impostos, a Constituição Federal de 1988 enumerou e atribuiu a cada ente federado (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a competência privativa para instituí-los e cobrá-los, assim como o empréstimo compulsório (de competência privativa da União), que de forma diversa ocorre com as taxas, contribuição de melhoria e outras contribuições específicas.
Sabbag (2013, p. 353) explica:
É importante frisar que o regime jurídico-constitucional dos impostos é bastante peculiar. O legislador constituinte repartiu a competência legislativa para instituí-los entre as entidades impositoras, ou seja, as pessoas públicas de direito constitucional interno - União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Desse plano decorre, terminologicamente, o contexto da competência privativa para a instituição dos impostos. Estes foram, então, nominalmente enumerados, indicando-se a cada uma das pessoas políticas quais os que lhe cabe instituir. 
Partindo para a segunda espécie tributária, as taxas,tem como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou colocado à sua disposição.
Alexandre elucida:
São dois, portanto, os “fatos do Estado” que podem ensejar a cobrança de taxas: a) o exercício regular do poder de polícia, que legitima a cobrança da taxa de polícia; e b) a utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição, que possibilita a cobrança de taxa de serviço. (2014, p. 54).
Em outras palavras, a atividade estatal específica e divisível, efetiva ou potencial, solicitada, provocada ou colocada à disposição do contribuinte, autoriza a imposição da taxa (exação vinculada). O termo “atividade específica” significa destacável em unidade autônoma e “divisível” significa suscetível de utilização individual pelo contribuinte.
Alexandre detalha:
Na prática, o serviço público remunerado por taxa é considerado específico quando o contribuinte sabe por qual serviço está pagando, o que não acontece, por exemplo, com a taxa de serviços diversos, cobrada por alguns municípios.
(...)
Já a divisibilidade está presente quando é possível ao Estado identificar os usuários do serviço a ser financiado com a taxa. Assim, o serviço de limpeza dos logradouros públicos não é divisível, pois seus usuários não são identificados nem identificáveis, uma vez que a limpeza da rua beneficia a coletividade genericamente considerada. (2014, pp. 55-56).
O fato gerador da taxa pode se concretizar de duas formas: a utilização, efetiva ou potencial, de um serviço público específico e divisível (taxa de serviço) ou o exercício regular do poder de polícia (taxa de polícia).
Dessa forma, os serviços públicos de competência exclusiva do Estado e indelegáveis, por exemplo: serviço judiciário, emissão de passaporte dentre outros, e ainda os serviços públicos em que a lei os considere de utilização obrigatória (água, combate a incêndio, coleta de lixo etc.) tem sua contrapartida através de taxa. 
A lição de Sabbag (2013, p. 360) é a seguinte: “A taxa é um tributo imediatamente vinculado à ação estatal, atrelando-se à atividade pública, e não à ação do particular”.
A terceira espécie tributária classificada pelo Código Tributário Nacional é a Contribuição de Melhoria, tributo incidente sobre a valorização de imóvel particular em decorrência de obras públicas realizadas.
Segundo Rocha (2011, online, p. 17) o fato gerador da contribuição de melhoria, segundo o art. 81 do CTN é a valorização imobiliária decorrente de obra pública. (art. 1º do Decreto-Lei n. 195/1967).
O fato gerador da contribuição de melhoria é a valorização imobiliária decorrente de uma obra pública. A valorização imobiliária é parte integrante da hipótese de incidência do tributo, sem a qual o fato gerador não se completa. (SABBAG, 2013, p. 393).
Sabbag, seguindo o conceito de Celso Antonio Bandeira de Melo, define obra pública como “a construção, edificação, reparação, ampliação ou manutenção de um bem imóvel, pertencente ou incorporado ao patrimônio público”. (2013, p. 395).
Essa exação é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra a valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual, o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.
Sobre os limites total e individual, Rocha explica:
A contribuição de melhoria deve respeitar, ao mesmo tempo, dois limites:
- Limite total é o valor máximo que o ente público pode arrecadar com determinada contribuição instituída em função de certa obra: o valor do custo da obra.
- Limite individual é o valor máximo que cada contribuinte poderá ser cobrado em relação ao seu imóvel: a valorização sofrida pelo respectivo imóvel. (2011, online, p. 18).
Em suma, a contribuição de melhoria indeniza uma valorização efetiva recebida em imóvel do contribuinte por efeito de obra pública realizada na região do seu imóvel (exação vinculada).
Machado define contribuição de melhoria, diferenciando-a de taxa:
A contribuição de melhoria, portanto, é uma espécie de tributo vinculado, vale dizer, tributo cujo fato gerador está ligado a atividade estatal específica relativa ao contribuinte. Este conceito, porém, também se aplica á taxa. Adiante cuidaremos da distinção que se pode estabelecer entre a taxa e a contribuição de melhoria. Por enquanto, para a formulação do conceito de contribuição de melhoria, diremos apenas que esta espécie tributária tem como elemento essencial de seu fato gerador a valorização imobiliária. Em face destas considerações, podemos dizer que a contribuição de melhoria ê um tributo vinculado, cujo fato gerador é a valorização de imóvel do contribuinte, decorrente de obra pública. (2010, p. 459).
Dentre a classificação dos fatos geradores em instantâneos, periódicos e permanentes, o fato gerador da contribuição de melhoria é instantâneo, ocorrendo uma única vez, sendo o pagamento único após o término da obra. (SABBAG, 2013).
A função da contribuição de melhoria é fiscal, mas tem ela também importante função redistributiva. A arrecadação de recursos financeiros para cobrir os custos da obra pública pode ser considerada um de seus objetivos. O outro objetivo resume-se no restabelecimento da equidade em termos de aplicação dos recursos públicos. (MACHADO, 2010).
Quanto ao valor a ser atribuído aos contribuintes ou responsáveis tributários dos imóveis que sofreram valorização em decorrência da obra pública, os arts. 81 e 82, § 2º do CTN determinam:
Art. 81. O valor da contribuição a ser paga por cada contribuinte não poderá ser superior ao acréscimo de valor do imóvel respectivo, nem o total das contribuições arrecadadas poderá ser superior ao custo da obra.
Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes requisitos mínimos:
I - publicação prévia dos seguintes elementos:
a) memorial descritivo do projeto;
b) orçamento do custo da obra;
c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição;
d) delimitação da zona beneficiada;
e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas
(...)
§ 2º A contribuição de melhoria relativa a cada imóvel é determinada tomando a parcela do custo da obra, cujo custeio deva ser feito pelos contribuintes, e fazendo-se o rateio desta pelos imóveis situados na zona beneficiada, em função dos respectivos fatores individuais de valorização. (BRASIL, 1966).
O empréstimo compulsório representa a quarta espécie tributária, qualificado pela promessa de restituição. Não é um tributo permanente, haja vista que os requisitos que autorizam sua instituição devem estar determinados.
Dispõe a Constituição Federal, no seu art. 148:
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, b.
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. (BRASIL, 1988).
Conforme a norma constitucional, duas características peculiares e específicas do empréstimo compulsório são: somente pode ser criado através de lei complementar, não podendo ser criado por lei ordinária ou medida provisória e a competência para a sua instituição é privativa da União.
Em síntese, deve ser utilizado:
- para atender despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;
- para investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional.
Alexandre exemplifica o destino da arrecadação do empréstimo obrigatório feito pelo Estadoao sujeito passivo da obrigação tributária:
O parágrafo único do art. 148 da CF tem por objetivo evitar que haja um desvirtuamento do tributo, pois se a Constituição Federal previu quais as circunstâncias que autorizam a criação do tributo, não faria sentido utilizar os recursos arrecadados em outras despesas. Assim, se o empréstimo compulsório foi criado em virtude de uma guerra externa, toda sua arrecadação deve ser carreada para fazer face aos esforços de guerra. (2014, p. 72).
O mesmo autor ainda detalha as características da exação em estudo:
Os empréstimos compulsórios são empréstimos forçados, coativos, porém restituíveis. A obrigação de pagá-los não nasce de um contrato, de uma manifestação livre das partes, mas sim de determinação legal. Verificada a ocorrência do fato gerador, surge a obrigação de “emprestar” dinheiro ao Estado. (ALEXANDRE, 2014, p. 69).
Importa destacar ainda que o empréstimo compulsório é tributo vinculado, uma vez que o Estado tem de realizar alguma atividade específica relativa ao sujeito passivo para legitimar a cobrança. Além disso, o parágrafo único do art. 15 do Código Tributário Nacional exige que a lei instituidora do empréstimo compulsório fixe o prazo e as condições de resgate. Assim, a tributação não será legítima sem a previsão de restituição. (ALEXANDRE, 2014).
Por fim, a quinta e última espécie tributária considerada, tem-se as contribuições. Estas foram introduzidas no ordenamento jurídico pátrio pelo art. 149 da Constituição Federal de 1988, subdividindo-se em contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico (também chamadas de interventivas) e de interesse de categorias profissionais e econômicas (corporativas) e de iluminação pública. Elas são instituídas em regra, pela União por meio de lei ordinária. Por outro lado, os Estados, Distrito Federal e os Municípios também podem instituir contribuição para a seguridade, para que sejam cobradas de seus respectivos servidores públicos, para financiamento dos respectivos sistemas próprios de previdência. Já os Municípios e o Distrito Federal estão autorizados a instituir a contribuição de iluminação pública. 
As contribuições não são identificadas pelo seu fato gerador, e sim pela sua natureza finalística, pois o produto arrecadado serve para financiar atividade de interesse público, beneficiando certo grupo e, direta ou indiretamente, o contribuinte.
A função das contribuições é apresentada por Machado:
A função das contribuições sociais, em face da vigente Constituição, decididamente não é a de suprir o Tesouro Nacional de recursos financeiros. Neste sentido pode-se dizer que tais contribuições têm função parafiscal, algumas, e extrafiscal, outras. As contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas, bem como as contribuições de seguridade social, ostentam nítida função parafiscal. Destinam-se a suprir de recursos financeiros entidades do Poder Público com atribuições específicas, desvinculadas do Tesouro Nacional, no sentido de que dispõem de orçamento próprio. As contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas devem constituir receita nos orçamentos das entidades representativas dessas categorias, enquanto as contribuições de seguridade social constituem receita no orçamento da seguridade, de que trata o art. 165, § 5º, inciso III, da Constituição. São, portanto, nitidamente parafiscais. As contribuições de intervenção no domínio econômico, por seu turno, vinculam-se ao órgão do Poder Público incumbido de desenvolver ações intervencionistas, ou de administrar fundos decorrentes da intervenção estatal na economia. (2010, p. 433-434).
As contribuições são espécies do gênero tributo. Dessa forma, as contribuições são subdivididas e caracterizadas como subespécies tributárias:
» Contribuições Sociais: são contribuições instituídas para a realização de direitos sociais previstos na Constituição. É comum dividí-las em duas categorias: 
a) contribuições destinadas ao financiamento da atividade pública de seguridade social, ou seja, das atividades de saúde, previdência e assistência social mantidas pelo Poder Público (CF, art. 195); e
b) as contribuições sociais gerais, destinadas à realização de outros direitos sociais (salário educação, SENAI, SENAC, FGTS). (ROCHA, 2011, online).
» Contribuições Interventivas: são contribuições instituídas para financiar a atividade de intervenção da União em determinado setor da economia. São conhecidas pela sigla CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). (ROCHA, 2011, online).
» Contribuições Corporativas: são contribuições instituídas em favor de entidades representativas de categoria econômica ou profissional, por exemplo: contribuição sindical obrigatória prevista na Consolidação das Leis do Trabalho - CLT e as contribuições em favor dos conselhos reguladores de profissões (OAB, CRM, CFC etc.). (ROCHA, 2011, online).
» Contribuição para o Custeio da Iluminação pública: contribuição destinada a custear o serviço local de iluminação pública, de competência dos municípios, conforme art. 149-A da Constituição Federal.
 FIGURA 2. Classificação das contribuições especiais.
 Fonte: Alexandre (2014, p. 75).
Em síntese, o empréstimo compulsório e as contribuições são instituídos para atender a situações específicas.
1.3. A competência tributária dos municípios
Competência tributária é a prerrogativa atribuída às pessoas políticas de legislar sobre os tributos, ou seja, instituir os tributos e legislar a respeito dos mesmos.
A Constituição Federal não cria tributos, apenas atribui competência para que os entes políticos o façam. 
A Constituição Federal de 1988 disciplina a competência tributária, ou seja, delimita os poderes da União, dos Estados-Membros, do Distrito Federal e dos Municípios (entes políticos, entes com poderes legislativos) na edição de leis que instituam tributos.
Chimenti define competência tributária como:
O poder (para alguns, a faculdade) que a Constituição Federal atribui a determinado ente político para que este institua um tributo, descrevendo, legislativamente, sua hipótese de incidência, seu sujeito ativo, seu sujeito passivo, sua base de cálculo e sua alíquota. (2011, p. 15).
Quanto à sua titularidade, a competência tributária pode ser exclusiva (a exemplo da competência da União para instituir empréstimo compulsório), cumulativa (a exemplo do Distrito Federal, que legisla como Estado e também como Município), comum (a exemplo das taxas de serviço, que devem ser reguladas pelo ente político responsável pela respectiva prestação) ou residual (atribuída à União, que pode instituir novos impostos além daqueles previstos na Constituição Federal). (CHIMENTI, 2011).
A competência tributária é política e indelegável segundo o art. 7º, caput, do Código Tributário Nacional - CTN. (BRASIL, 1966).
Sabbag (2013) explica que o exercício da competência tributária, conquanto irrenunciável e intransferível, pode ser considerado facultativo. De fato, no plano da conveniência, cada ente tributante decide sobre o exercício da competência tributária. Por outro lado, o art. 11 da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar n. 101/2000) dispõe que, no plano de gestão fiscal da pessoa política, deve haver a instituição de “todos” os tributos que compete à entidade, sob pena de sanções, caracterizado como renúncia de receita. (BRASIL, 2000).
A competência tributária, compreendida entre as cinco espécies, varia de ente para ente. Nesse viés, alguns tributos somente podem ser instituídos por determinado ente tributante, ao passo que outras exações podem ser instituídas tanto por um ou por outro ente. A título de exemplo, a Constituição Federal vigente atribui competência aos entes tributantes (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) para instituir e cobrar impostos determinados, ao passo que as taxas podem ser instituídas por qualquer um deles, de acordo com a especificidade da situação tributável e o fato gerador da mesma.Alexandre, com propriedade, explica:
A competência para instituir impostos é atribuída pela Constituição Federal de maneira enumerada e privativa a cada ente federado. Assim, a União pode instituir os sete impostos previstos no art. 153 (II, IE, IR, IPI, IOF, ITR e IGF); os Estados (e o DF), os três previstos no art. 155 (ITCMD, ICMS e IPVA); os Municípios (e o DF), os três previstos no art. 156 (IPTU, ITBI e ISS). Em princípio, essas listas são exaustivas (numerus clausus); entretanto, a União pode instituir, mediante lei complementar, novos impostos, desde que sejam não cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados na Constituição Federal (art. 154, I). É a chamada competência tributária residual, que também existe para a criação de novas fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social (art. 195, § 4º). Em ambos os casos, a instituição depende de lei complementar, o que impossibilita a utilização de medidas provisórias (CF, art. 62, § 1º, III). Além da competência residual, a União detém a competência para criar, na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária (CF, art. 154, II). No uso dessa competência, denominada extraordinária, a União poderá delinear como fato gerador dos Impostos Extraordinários de Guerra - IEG - praticamente qualquer base econômica não imune, inclusive as atribuídas constitucionalmente aos Estados, Municípios e Distrito Federal (arts. 155 e 156). (2014, p. 51).
A competência para instituição de taxas é livre para qualquer ente tributante, desde que o fato gerador das mesmas não constitua fato gerador de imposto. A contribuição de melhoria, também segue a mesma regra, sendo competente para instituí-la o ente da federação que financiou a obra pública que provocou a valorização da propriedade particular.
Por outro lado, o empréstimo compulsório é de competência privativa da União, não podendo ser instituído por qualquer outro ente.
Já as contribuições, na maioria das vezes, são instituídas pela União. Aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios compete instituir e cobrar contribuição destinada ao custeio de sistemas de previdência e assistência social de seus servidores. (MACHADO, 2010).
A Emenda Constitucional n. 39/2002, acrescentou o art. 149-A à Constituição Federal de 1988, outorgou competência aos municípios para a instituição de contribuição específica para o custeio do serviço de iluminação pública. (BRASIL, 2002).
Como parte da receita própria do município, a mesma é composta pelos três impostos de sua competência, conforme mandamento constitucional. Além destes, pode ser constituída de taxas, contribuição de melhoria e contribuições (para regime próprio de previdência dos servidores municipais) e a contribuição para o custeio da iluminação pública. Além disso, sobrevive o município de transferências constitucionais, onde participa do produto da arrecadação do Estado e da União, que será abordado oportunamente.
O art. 156 da Constituição da República de 1988 atribui competência ao município para instituir os seguintes impostos: IPTU, ITBI e ISSQN.
A leitura do art. 156 da CF é a seguinte:
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
I - propriedade predial e territorial urbana;
II - transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição;
III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar. (BRASIL, 1988).
Nesse contexto, o município tem como fonte de receitas próprias os impostos de competência atribuídos pela Constituição Federal, além de taxas e contribuição de melhoria.
O Imposto Predial e Territorial Urbano é um imposto de competência municipal, instituído através de lei municipal, onde o sujeito passivo abrange qualquer direito de gozo relativamente ao bem imóvel, seja pleno ou limitado, sendo eles o proprietário, o titular do domínio útil (usufrutuário) e o possuidor (possibilidade de aquisição do domínio ou propriedade pela usucapião). (SABBAG, 2012).
Quanto aos seus elementos espacial e temporal do fato gerador, são respectivamente, o território urbano do município e temporal (momento de apuração) o dia 1º de janeiro de cada ano. Os elementos quantificadores, alíquota e base de cálculo, são respectivamente o valor venal do bem imóvel, ou seja, o preço à vista que o imóvel alcançaria se colocado à venda em condições normais no mercado imobiliário e as alíquotas progressivas determinada expressamente por lei municipal. (SABBAG, 2012).
Também de competência municipal figura o Imposto sobre Serviços - ISS, também conhecido como Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN. Essa exação tem função eminentemente fiscal, ou seja, visa angariar recursos para os cofres públicos, sem interferir no controle da economia, atribuição essa dos impostos regulatórios ou extrafiscais, de competência da União.
Chimenti (2011) destaca que o fato gerador do ISS é a prestação, por empresa ou profissional autônomo, com ou sem estabelecimento fixo, de serviços de qualquer natureza, enumerados pela Lei Complementar n. 116/2003, desde que os serviços não estejam compreendidos na competência estadual, pois assim estaria compreendido na competência do ICMS. O que realmente se tributa é o serviço prestado com finalidade econômica e habitual, sem relação empregatícia.
Segundo a Lei Complementar n. 116/2003, em seu art. 7º, a base de cálculo é o preço do serviço (valor bruto) (BRASIL, 2003).
Quanto à fixação das alíquotas, essas são fixadas pelo Município, embora, com a redação da Emenda Constitucional n. 37/2002, autorizam que lei complementar federal fixe as alíquotas máximas e mínimas do ISS, podendo as mesmas variar dentro do limite de acordo com a natureza do serviço e o que determinar a lei municipal. (CHIMENTI, 2011).
Por fim, o terceiro e último imposto de competência municipal é o Imposto sobre a transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição, conhecido como ITBI, de competência do município da situação do bem. (CHIMENTI, 2011).
O fato gerador do ITBI é a transmissão inter vivos da propriedade imobiliária mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis. A base de cálculo do imposto é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos e a sujeição passiva fica a cargo de qualquer das partes envolvidas na operação tributada e como dispuser a lei. (ALEXANDRE, 2014).
CAPÍTULO 2. ORÇAMENTO PÚBLICO E FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS
	
2.1. Conceito, características e princípios orçamentários
Para gerir financeiramente a administração pública é obrigatória a elaboração do orçamento público. Através desse instrumento, é possível fazer o planejamento a ser executado durante um determinado período, denominado exercício financeiro. (KOHAMA, 2012).
O orçamento público tradicional pode ser assim definido:
Orçamento é um ato de previsão de receita e fixação da despesa para um determinado período de tempo, geralmente, um ano, e constitui o documento fundamental das finanças do Estado, bem como da Contabilidade Pública. (KOHAMA, 2012, p. 46).
O surgimento do orçamento público teve início na Inglaterra, por volta de 1.217, período correspondente à ascensão do desenvolvimento do liberalismo econômico, no qual se tornou importante ter um instrumento para planejamento para controle das despesas públicas. (GIACOMONI, 2010).
O orçamento público sofreu modificações devido o mau uso deste instrumento pelo poder executivo, o qual não disciplinava as despesas públicas e quando estas eram excessivas, simplesmente aumentavam a carga tributária aplicada à sociedade parasustentação das despesas. (GIACOMONI, 2010).
Em meados do século XX, houve uma evolução que no orçamento público que conspirava o uso da eficácia, racionalidade no momento da elaboração do orçamento. (QUINTANA et al, 2011).
O orçamento programa foi aprimorado com a inclusão do uso de planejamento, controle no momento de fazê-lo, com isso a fixação de uma despesa abastecida por uma receita prevista que não requeira muitos sacrifícios da sociedade. (KOHAMA, 2012).
Orçamento público moderno é assim caracterizado:
O orçamento é o processo pelo qual se elabora, expressa, executa a avalia o nível de cumprimento da quase totalidade do programa de governo, para cada período orçamentário. É um instrumento de governo, de administração e de efetivação e execução dos planos de desenvolvimento sócio-econômico. (KOHAMA, 2012, p. 46). 
Para conceituação de orçamento público é importante salientar os termos “orçamento” e “público”. Orçamento deriva do verbo “orçar” o qual se refere ao cálculo, avaliação ou planejamento, com isso a análise do que se terá financeiramente (receitas) e os gastos a executar (despesas). (GIACOMONI, 2010).
O termo público equivale à sociedade, esta será indiciada ao recebimento de prestação de serviços para o fornecimento e continuidade do bem estar. Logo, orçamento público é o planejamento por um determinado período voltado para o atendimento da comunidade. (QUINTANA et al, 2011).
 Andrade conceitua:
Orçamento público ou orçamento-programa é a materialização do planejamento do Estado, quer na manutenção de sua atividade (ações de rotina), quer na execução de seus projetos (ações com início, meio e fim). Configura o instrumento do Poder Público para expressar seus programas de atuação, discriminando a origem e o montante de recursos (receitas) a serem obtidos, bem como a natureza e o montante dos dispêndios (despesas) a serem efetuados. (2013, p. 43).
O orçamento público é elaborado pelo poder executivo, no qual concilia as despesas fixas e as receitas previstas para o próximo período. Em seguida, o orçamento é enviado ao poder legislativo para aprovação e subsequentemente para execução deste instrumento de planejamento. (ANDRADE, 2013).
Os princípios orçamentários visam estabelecer regras para conduzir a estruturação e formulação dos processos de elaboração, execução e controle do orçamento público. (BRASIL, 2012, online). 
Os princípios orçamentários válidos para os Poderes Legislativos, Executivos e Judiciários de todos os entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) são: Unidade ou Totalidade, Universalidade, Anualidade ou Periodicidade, Exclusividade, Orçamento Bruto, Legalidade, Publicidade, Clareza, Especialização, Transparência e Não vinculação ou (não afetação) da receita de impostos. (GONTIJO, 2004, online).
O princípio da unidade ou totalidade caracteriza a obrigatoriedade da existência de apenas uma peça para cada ente federativo, no qual o poder executivo consolida o orçamento-programa das demais entidades e em seguida realiza o envio ao poder legislativo para a aprovação. (COSTA, 2013a, online).
O objetivo deste princípio é prevenir a existência de múltiplos orçamentos paralelos dentro do mesmo ente federativo, logo, para cada ente federativo deve existir um único documento legal caracterizando as receitas previstas e despesas fixadas. 
Kohama complementa:
É necessário, portanto, que cada orçamento se ajuste ao princípio da unidade em seu conteúdo, metodologia e expressão, e com isto contribuirá para evitar a duplicação de funções ou superposição de entidades na realização de atividades correlatas, colaborando de maneira valiosa para racionalização dos recursos. (2012, p. 47).
O princípio da universalidade retrata a inclusão no orçamento do ente federativo o valor total das receitas e despesas de todos os poderes, órgãos, entidades, fundos e fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público. (ANDRADE, 2013).
Portanto, este princípio determina que o orçamento deva discriminar todas as receitas e despesas dos três poderes, bem como de todas as entidades da administração direta e indireta. (QUINTANA et al, 2011).
Giacomoni explica:
O orçamento público deve ser elaborado e autorizado para um período determinado, geralmente um ano. A origem mais remota desse princípio está na regra da anualidade do imposto, que vigorou na Inglaterra antes mesmo do surgimento do orçamento. A cada novo ano, o Parlamento votava os impostos, bem como o programa de aplicações desses recursos. Renovando, periodicamente as autorizações para cobrança dos tributos, o Parlamento mantinha eficaz vigilância sobre os gastos do Executivo; no caso de aplicações indevidas, no exercício seguinte poderia ser negada autorização para a cobrança daquele tributo cuja renda foi mal aplicada. (2010, p. 73).
O princípio da anualidade ou periodicidade equivale ao período que corresponderá às receitas previstas e despesas fixadas. A validade do orçamento coincide com o exercício civil, no qual tem início em 1º de Janeiro a 31 de dezembro de cada ano. (KOHAMA, 2012).
 O princípio da exclusividade condiz que não é pertinente assuntos de outros campos jurídicos no orçamento, ou seja, não incluir matéria estranha à estimativa da receita e da fixação da despesa.
Art. 165.
(...)
§ 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da Lei. (BRASIL, 1988, online).
O princípio do orçamento bruto refere à obrigatoriedade do registro das receitas e despesas no valor bruto, vedadas quaisquer alterações. Este princípio encontra previsto pelo artigo 6º da Lei n. 4.320/1964. (COSTA, 2013a, online).
O princípio da legalidade diz que o orçamento deve seguir os mandamentos legais aplicáveis a gestão pública, sendo que esse obrigatoriamente faz ou deixa de fazer somente o que a lei expressamente autorizar. (QUINTANA et al, 2011).
O princípio da publicidade afirma que o orçamento deve ser fixado em lei, o qual é responsável pela autorização da execução das despesas. (KOHAMA, 2012).
Di Pietro (2001), apontado por Quintana et al, frisa:
(...) a Administração Pública tutela interesses públicos, não se justifica o sigilo de seus atos processuais, a não ser que o próprio interesse público assim determine, como por exemplo, se estiver em jogo a segurança pública. Assim, o princípio da publicidade, disposto no § 3º do art. 37 da CF/88 combinado com os arts. 48 e 49 da LRF, refere-se à obrigatoriedade de publicação de todos os atos praticados no processo orçamentário (apud 2011, p. 36).
O princípio da clareza refere ao conteúdo do orçamento que deve ser claro, ordenado e completo para divulgação e entendimento da sociedade. (COSTA, 2013a, online).
Embora diga respeito ao caráter formal, tem grande importância para tornar o orçamento um instrumento eficiente de governo e administração. O poder de comunicação do documento terá influência em sua melhor e mais ampla utilização e sua difusão será tanto mais abrangente quanto maior for a clareza que refletir. (KOHAMA, 2012, p. 48).
O princípio da especialização é a discriminação das despesas e receitas no orçamento para o melhor discernimento sobre a origem dos recursos e sua aplicação. (GIACOMONI, 2010).
Nas palavras de Costa (2013a, online) as receitas devem ser discriminadas por fonte (espécie), enquanto a despesa é discriminada por grupo de natureza.
O princípio da transparência é a obrigatoriedade dos entes públicos divulgarem os relatórios orçamentários em sites ou links, para disponibilização à sociedade, o qual deve ser acessado via internet, sem a interrupção das informações. (KOHAMA, 2012).
A não vinculação da receita de imposto textualiza a vedação da vinculação dos impostos a órgão, fundo ou despesa, exceto quando o recursocorresponde a uma transferência constitucional para desenvolvimento e manutenção da educação ou garantias às operações de créditos por antecipação de receita. (QUINTANA et al, 2011).
Assim, vinculados aos princípios orçamentários, estão as peças orçamentárias ou ainda chamados de instrumentos de planejamento a longo, médio e curto prazos, respectivamente ao plano plurianual, lei de diretrizes orçamentárias e lei orçamentária anual.
2.2. Plano plurianual, lei de diretrizes orçamentárias e lei orçamentária anual
Como vínculo entre o planejamento e as funções executivas da organização está o orçamento público, em que a alocação de recursos visa à consecução de objetivos e metas para um período específico. Sua elaboração considera todos os custos dos programas e ações, sem sair de sua estrutura dirigida para os aspectos administrativos e de planejamento.
O orçamento público é uma das primeiras peças de planejamento e controle ao alcance dos entes públicos. Quando bem elaborado, transforma-se em uma ferramenta de planejamento permitindo a execução orçamentária.
Atualmente, funcionam as peças orçamentárias como instrumento de planejamento dos gastos públicos e também como política governamental por um período determinado, subdividido em plano plurianual, lei de diretrizes orçamentárias e lei orçamentária anual, peças essas instituídas através de lei à esfera que estiver vinculada.
Nos termos do art. 165, incisos I, II e III da CF/88, leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual. (BRASIL, 1988).
Conforme Torres (2011), a tripartição do planejamento orçamentário, adotada pela Magna Carta de 1988, recebeu influência da Constituição da Alemanha, que prevê o plano plurianual, o plano orçamentário e a lei orçamentária.
Seguindo a regra constitucional, o processo de planejamento orçamentário é fundamentado nesses instrumentos:
• Plano Plurianual - PPA: é uma lei que abrangerá os respectivos poderes na União, nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios. Será elaborado no primeiro ano do mandato de executivo e terá vigência de quatro anos. Estabelecem as diretrizes, os objetivos e as metas para as despesas de capital e as relativas aos programas de duração continuada. (KOHAMA, 2012).
Costa e Carli detalham sobre o Plano Plurianual:
O PPA abrange os três últimos anos do Chefe do Poder Executivo em exercício e o primeiro ano do mandato do sucessor, devendo a lei que o instituir, nos termos do artigo 165, § 1º da CR-88, estabelecer, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da Administração Pública para as despesas de capital e outras delas decorrentes, bem como para as relativas aos programas de duração continuada. Ainda, nos termos do artigo 167, §1º, da CR-88, nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem a sua prévia inserção no Plano Plurianual, ou sem lei que autorize a inserção, sob pena de crime de responsabilidade. Tendo em vista consubstanciar mera enunciação de programação e orientação, o PPA é lei formal, sendo dependente do orçamento anual para possuir eficácia relativamente à realização das despesas. (2011, p. 57).
Torres aponta o objetivo do plano plurianual:
O plano plurianual tem por objetivo estabelecer os programas e as metas governamentais de longo prazo. É planejamento conjuntural para a promoção do desenvolvimento econômico, do equilíbrio e da estabilidade econômica. Deve conter principalmente a previsão das despesas de capital. Mas a CF de 88 ressalva que, além das despesas de capital, nele se incluem outras delas decorrentes, bem como as relativas aos programas de duração continuada, com o que modificou a legislação anterior (Ato Complementar nº 43, de 1969), que o restringia às despesas de capital. (2011, p. 172-173).
Como já demonstrado, o Plano Plurianual - PPA, como apresenta o vocábulo, tem duração de quatro anos, podendo ser revisto nesse período, caso necessário. Para sua revisão, necessário é o envio de projeto de lei ao poder legislativo para apreciação e votação.
O objetivo do plano plurianual é apontado por Torres (2011) como sendo o de estabelecer programas e as metas governamentais de longo prazo. É planejamento conjuntural para a promoção do desenvolvimento econômico.
 Pertinente é a lição de Piscitelli, que especifica a natureza da despesa tratada no plano plurianual:
O artigo 165, § 1º determina que o PPA apenas tratará das despesas de capital e outras delas decorrentes, e das despesas de duração continuada. Isso significa que essa lei orçamentária irá se preocupar com um tipo bastante específico de despesa: aquelas cuja execução resulta no aumento do patrimônio líquido da administração (despesas de capital) e aquelas cuja execução ultrapassa o exercício financeiro (despesas de duração continuada). Sendo assim, não é de interesse do PPA disciplinar despesas com o custeio da máquina pública - as chamadas despesas correntes - ou mesmo outros gastos mais triviais da administração. O que o legislador constitucional pretendeu foi dar à administração a possibilidade de colocar em prática um grande plano de governo, que seria executado por um período relativamente longo: quatro anos. (2011, p. 52).
• Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO: também como parte integrante do processo orçamentário, a Lei de Diretrizes Orçamentárias passa a apresentar as metas e prioridades da administração pública em todas as esferas governamentais.
Kohama (2012) aponta ainda como objetivo da Lei de Diretrizes Orçamentárias, além da previsão de metas e prioridades da administração, a orientação para elaboração da Lei Orçamentária Anual - LOA.
Sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias, Giacomoni destaca sua importância no planejamento orçamentário:
O marco normativo da elaboração das leis de diretrizes orçamentárias reside na Constituição Federal e, a partir de 2000, também na Lei de Responsabilidade Fiscal. No período após a Constituição de 1988, foi possível produzir e aperfeiçoar um padrão de apresentação para os vários conteúdos de interesse da lei. Bastante semelhantes na estrutura, essas leis têm se diferenciado apenas nos detalhes, com a retirada - em menor número - e a inclusão - em maior número - de dispositivos específicos a cada nova edição. (2010, p. 239).
No entendimento de Costa e Carli, a LDO representa:
No mesmo sentido, a LDO também é lei formal, compreendendo apenas as metas e prioridades da Administração Pública - que inclui as despesas de capital para o exercício financeiro seguinte e contém simples orientação para a elaboração da lei orçamentária anual. (2011, p. 57).
Com propriedade, Costa e Carli, apontando os ensinamentos de Torres (s.d.), diferenciam a LDO do PPA:
Diferencia-se do PPA na medida em que se refere às metas e prioridades para o exercício subsequente. Constitui-se, dessa forma, em plano prévio operacional de curto prazo, baseado em dados e informações de natureza econômica e social, para fundamentar e orientar a posterior elaboração da proposta orçamentária do Executivo, do Legislativo, do Judiciário e do Ministério Público, isto é, um verdadeiro elo entre o PPA e a LOA. (2011, p. 57).
• Lei de Orçamentos Anuais - LOA: é instrumento legal que deve conter o orçamento fiscal dos poderes da União, do Distrito Federal, dos Estados e Municípios, de seus fundos, órgãos e entidades da administração, pública direta e indireta. Discrimina a receita e a despesa pública de forma a visualizar o programa de trabalho do governo e também a política econômico-financeira obedecendo aos princípios de unidade, universalidade e anualidade. (KOHAMA, 2012).
A lei orçamentária anual estima receitas e fixa as despesas para um exercício financeiro, coincidente com o ano civil (de 1º de janeiro a 31 de dezembro). 
Giacomoni explica:
No Brasil, o exercício financeiro observado pelo setor público coincide com o ano civil; portanto, os orçamentos anuaissão executados no período de 1º de janeiro a 31 de dezembro de cada ano. Nem sempre foi assim. No passado, era praxe oficializar-se a extensão do exercício em alguns meses, de modo a permitir a realização de operações de receita e despesa não ultimadas dentro do ano financeiro. Com isso, ano financeiro e exercício financeiro passavam a ser categorias diferentes: o ano financeiro durava 12 meses, coincidindo ou não com o ano civil, enquanto o exercício financeiro iniciava com o ano financeiro e encerrava já no ano seguinte. (2010, p. 296).
De um lado, permite avaliar as fontes de recursos públicos no universo dos contribuintes e, de outro, quem são os beneficiários desses recursos. 
Costa e Carli, no mesmo sentido, complementam:
A lei orçamentária anual (LOA), observados os princípios da universalidade, unidade, anterioridade, anualidade, legalidade, exclusividade, transparência, não afetação, equilíbrio financeiro, redistribuição de rendas, desenvolvimento econômico, e economicidade, conforme será explicitado no final da aula, é o instrumento normativo que fixa a despesa e estima a receita anualmente, evidenciando a política econômica e financeira de curto prazo do governo. (2011, p. 58).
Estabelece o § 5º do artigo 165 da Constituição de 1988:
Art. 165. ...
(...)
§ 5º A lei orçamentária anual compreenderá:
 I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; (BRASIL, 1988).
Segundo Giacomoni (2010), conforme disposição constitucional, a lei orçamentária anual é constituída por três orçamentos: fiscal, seguridade social e investimentos das empresas. E detalha:
Orçamento fiscal - por sua abrangência e dimensão, o orçamento fiscal constitui-se no principal dos três orçamentos e referem-se aos Poderes, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público. Há evidente exagero na amplitude concedida pela Constituição Federal ao conteúdo do orçamento fiscal. A administração indireta compreende quatro categorias de entidades: autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista.
Orçamento da seguridade social - conforme a definição constitucional, o orçamento da seguridade social abrange as entidades e órgãos a ela vinculados - saúde, previdência social e assistência social - da administração direta e indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo poder público. Trata-se, aqui, de um orçamento de áreas funcionais, que cobre todas as despesas classificáveis como de seguridade social e não apenas as entidades e órgãos da seguridade social.
Orçamento de investimento das empresas - outra novidade no direito orçamentário brasileiro, este orçamento compreende os investimentos realizados pelas empresas em que o Poder Público, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto. (GIACOMONI, 2010, p. 226-227).
A Constituição da República Brasileira (1988), trouxe em seu texto, exigências formais quanto à apresentação da lei orçamentária anual, sob pena de ser discutida sua nulidade.
Piscitelli comenta:
Ainda na Constituição, há outra exigência relativa à LOA: o art. 165, § 6º, estabelece qual deverá ser o conteúdo mínimo do projeto da lei orçamentária, a ser encaminhado ao Poder Legislativo pelo Chefe do Executivo. Nos termos de tal disposição, o projeto deverá ser acompanhado de um demonstrativo regionalizado acerca do efeito das renúncias de receitas (leia-se: concessão de incentivos e benefícios de natureza tributária, financeira e creditícia) sobre as receitas e despesas. Ou seja, deve apresentar as conseqüências da opção pela redução de receitas em face do orçamento estritamente considerado e, portanto, em relação ao equilíbrio necessário entre receitas e despesas. (2011, p. 58).
Oliveira resume as peças orçamentárias constitutivas do orçamento público:
Plano Plurianual (duração de 4 anos): lei que abrange ideias, plano de governo, para vários exercícios financeiros. Estabelece as diretrizes e metas para as despesas de capital8 e para aos programas de duração continuada.
Lei de Diretrizes Orçamentárias: lei que disciplina o exercício financeiro seguinte, com alterações na legislação tributária.
Lei Orçamentária Anual: especificação daquilo que consta na lei de diretrizes orçamentárias. (2011, p. 25).
As formalidades não atingem apenas a lei orçamentária anual, mas também os demais instrumentos orçamentários, também parte integrante e indispensável do orçamento público: a lei de diretrizes orçamentárias e o plano plurianual, já referenciados.
2.3. Receitas públicas: originária, derivada e transferida
As receitas públicas, assim consideradas como a entrada de recursos de forma definitiva aos cofres públicos, recebem várias classificações. 
Antes de adentrar às receitas originária e derivada, cumpre trazer à baila o conceito de receita pública.
A definição de Torres é traduzida da seguinte forma:
Receita é a soma de dinheiro percebida pelo Estado para fazer face à realização dos gastos públicos. (...). Receita pública é a entrada que, integrando-se no patrimônio público sem quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, vem acrescer o seu vulto, como elemento novo e positivo. (2011, p. 185).
Complementa a definição Sabbag (2013), de forma singela e objetiva o conceito de receita pública como o ingresso definitivo de bens e valores aos cofres públicos, ou seja, sem condição pré-estabelecida de saída, ou ainda sem quaisquer reservas. 
Dentre as classificações recebidas estão as receitas federais, estaduais, distrital e municipais, de acordo com o ente federado competente para instituí-las, ou ainda quanto à categoria econômica, subdividida em duas, as chamadas receitas correntes (que custeiam atividades gerais da administração pública) e as receitas de capital (que visam agregar bens ao patrimônio público).
Antes de adentrar na classificação das receitas quanto à sua origem, cumpre destacar que as receitas originárias, derivadas e transferidas é resultado da classificação de receita ordinária.
Sabbag (2013, p. 36) explica:
a) Receitas extraordinárias: com entrada ocorrida em hipótese de anormalidade ou excepcionalidade, a receita extraordinária, longe de ser um ingresso permanente nos cofres estatais, possui caráter temporário, irregular e contingente. Assim, traduz-se em uma receita aprovada e arrecadada no curso do exercício do orçamento. Exemplos: a arrecadação de um imposto extraordinário de guerra (art. 154, II, CF) ou, mesmo, de um empréstimo compulsório para calamidade pública ou para guerra externa (art. 148, I, CF);
b) Receitas ordinárias: com entrada ocorrida com regularidade e periodicidade, a receita ordinária é haurida dentro do contexto de previsibilidade orçamentária e no desenvolvimento normal da atividade estatal. As receitas ordinárias podem ser subdivididas, essencialmente, em receitas derivadas e receitas originárias.
As receitas públicas são classificadas quanto à sua origem, subdividida em receita originária, derivada e transferida. 
A receita originária, também denominada receita patrimonial, corresponde à receita proveniente da exploração do patrimônio da entidade, ou seja, o direito que o ente federado tem de explorar seus próprios bens no intuito de arrecadar recursos. Trata-se de uma receita que não é originada do sacrifício patrimonial dos contribuintes. (PISCITELLI, 2011).
Complementando, Sabbag (2013) esclarece que a receita originária é fruto da exploração estatal de seus bens e empresas comerciais ou industriais, à semelhança de particulares, nas atividades de locação, administração ou alienação, o que nesse caso, estabelece uma relação jurídica de direito privado entre o Estado e o particular.
Por outro lado, as receitas derivadas são aquelas provenientes do poder de imposição

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