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JURISPRUDENCIA 1 LEI SECA

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PODER JUDICIÁRIO 
JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
 
 
Desembargadora Renata Cotta 
Apelação n.º 0117775-09.2015.8.19.0001 
 Página 1 de 7 
 
3ª CÂMARA CÍVEL 
APELAÇÃO Nº 0117775-09.2015.8.19.0001 
APELANTE: NICHOLAS ANTHONY PETER WELLINGTON 
APELADO: DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO DO ESTADO DO RIO DE JA-
NEIRO – DETRAN/RJ 
RELATORA: DESEMBARGADORA RENATA MACHADO COTTA 
 
 
 
AÇÃO ANULATÓRIA. PENALIDADE DE SUSPEN-
SÃO DO DIREITO DE DIRIGIR. DIREÇÃO SOB IN-
FLUÊNCIA DE ÁLCOOL. RECUSA AO TESTE DE 
ALCOOLEMIA. APLICAÇÃO DA PENALIDADE. 
PREVISÃO DO ART. 277 §3º DO CTB. PRINCÍPIO 
DA NÃO AUTO INCRIMINAÇÃO. SUSPENSÃO DO 
FEITO PARA SUSCITAR INCIDENTE DE ARGUI-
ÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. A controvér-
sia dos autos versa sobre o cabimento de aplicação da 
penalidade administrativa de suspensão do direito de 
dirigir, na hipótese de recusa do motorista de realizar o 
denominado “teste do bafômetro”, amplamente utiliza-
do nas fiscalizações de trânsito conhecidas como “blitz 
da lei seca”. O art. 165, do CTB prevê, a infração por di-
rigir sob a influência de álcool, com a penalidade de 
multa e suspensão do direito de dirigir. Por sua vez, o 
art. 277, caput, do CTB, prevê os meios de aferição de 
alcoolemia do motorista, a fim de comprovar seu estado 
de embriaguez ao volante. Mais ainda, o §3º, do referido 
dispositivo legal prescreve a aplicação das penalidades 
previstas na infração para o caso de o motorista se recu-
sar a realizar o teste de alcoolemia. Desse modo, a fun-
damentação jurídica do pedido reside na inconstitucio-
nalidade do art. 277, §3º, do CTB. A matéria se encontra 
 
PODER JUDICIÁRIO 
JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
 
 
Desembargadora Renata Cotta 
Apelação n.º 0117775-09.2015.8.19.0001 
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submetida ao STF, através da ADIn 4.103, cujo julga-
mento não foi iniciado. Todavia, o parecer do Procura-
dor Geral da República sustenta a inconstitucionalidade 
da aplicação de sanção pela recusa de se submeter ao 
teste de alcoolemia. Sob esse prisma, como o ato de di-
rigir embriagado é tipificado no direito penal, a recusa 
ao teste de alcoolemia não poderia sequer acarretar em 
sanções administrativas, sob pena de ensejar em coação 
à realização do teste e, por conseguinte, a auto incrimi-
nação. Nesse aspecto, mostra-se conveniente suscitar o 
incidente de arguição de inconstitucionalidade, nos 
termos do art. 948, do NCPC. Logo, considerando a ne-
cessidade de se buscar a análise de inconstitucionalida-
de do art. 277, §3º, do CTB,, mostra-se salutar, por ora, o 
sobrestamento do processo, suscitando-se o incidente de 
arguição de inconstitucionalidade, conforme art. 119, do 
Regimento Interno. Suspensão do feito para suscitar 
incidente de uniformização de jurisprudência. 
 
 
A C Ó R D Ã O 
Vistos, relatados e discutidos estes autos de APELAÇÃO Nº 
0117775-09.2015.8.19.0001, em que são APELANTE: NICHOLAS ANTHONY 
PETER WELLINGTON e APELADO: DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO DO 
ESTADO DO RIO DE JANEIRO – DETRAN/RJ. 
 
 
ACORDAM os Desembargadores que integram a 3ª Câmara 
Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por unanimidade de 
 
PODER JUDICIÁRIO 
JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
 
 
Desembargadora Renata Cotta 
Apelação n.º 0117775-09.2015.8.19.0001 
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votos, em suscitar o incidente de arguição de inconstitucionalidade, nos termos 
do voto da Des. Relatora. 
 
 
V O T O 
 
 
A apelação é tempestiva e satisfaz os demais requisitos de admis-
sibilidade. 
 
A controvérsia dos autos versa sobre o cabimento de aplicação da 
penalidade administrativa de suspensão do direito de dirigir na hipótese de 
recusa do motorista de realizar o denominado “teste do bafômetro”, amplamen-
te utilizado nas fiscalizações de trânsito conhecidas como “blitz da lei seca”. 
 
O autor foi multado no ano de 2009, sendo aplicável o Código de 
Trânsito Brasileiro com redação anterior à Lei nº. 12.760/2012. 
 
O art. 165, do CTB prevê, desde a data da multa, a infração por di-
rigir sob a influência de álcool, com a penalidade de multa e suspensão do direi-
to de dirigir, verbis: 
 
Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer 
outra substância psicoativa que determine dependência: 
 Infração – gravíssima; 
 Penalidade - multa (cinco vezes) e suspensão do direito 
de dirigir por 12 (doze) meses; 
 
 
PODER JUDICIÁRIO 
JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
 
 
Desembargadora Renata Cotta 
Apelação n.º 0117775-09.2015.8.19.0001 
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Por sua vez, o art. 277, caput, do CTB, com redação vigente à épo-
ca da infração, previa os meios de aferição de alcoolemia do motorista, a fim de 
comprovar seu estado de embriaguez ao volante: 
 
Art. 277. Todo condutor de veículo automotor, envolvido 
em acidente de trânsito ou que for alvo de fiscalização de 
trânsito, sob suspeita de dirigir sob a influência de álcool será 
submetido a testes de alcoolemia, exames clínicos, perícia ou 
outro exame que, por meios técnicos ou científicos, em apare-
lhos homologados pelo CONTRAN, permitam certificar seu 
estado. 
 
Mais ainda, o §3º, do referido dispositivo legal, desde sua redação 
original, prescreve a aplicação das penalidades previstas na infração para o caso 
de o motorista se recusar a realizar o teste de alcoolemia: “Serão aplicadas as pe-
nalidades e medidas administrativas estabelecidas no art. 165 deste Código ao condutor 
que se recusar a se submeter a qualquer dos procedimentos previstos no caput deste ar-
tigo.” 
 
A parte autora ajuizou ação anulatória da penalidade, alegando a 
inconstitucionalidade da medida, por violar a norma constitucional da vedação 
da auto incriminação, que decorre do art. 5º, LXIII, da CRFB, bem como no art. 
8º, ‘g’, do Pacto de San José da Costa Rica, devidamente ratificado pelo Brasil. 
 
Desse modo, a fundamentação jurídica do pedido reside na in-
constitucionalidade do art. 277, §3º, do CTB. 
 
 
PODER JUDICIÁRIO 
JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
 
 
Desembargadora Renata Cotta 
Apelação n.º 0117775-09.2015.8.19.0001 
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A matéria se encontra submetida ao STF, através da ADIn 4.103, 
que sustenta a inconstitucionalidade de diversos dispositivos do CTB, inclusive 
o art. 277, §3º. 
 
É bem verdade que o julgamento da aludida ADIn não foi inicia-
do, tendo em vista que o Ministro relator autorizou a manifestação de diversas 
entidades como amicus curiae, sendo designada, inclusive, audiência pública 
para debate do tema. 
 
Todavia, o parecer do Procurador Geral da República sustenta a 
inconstitucionalidade da aplicação de sanção pela recusa de se submeter ao tes-
te de alcoolemia: 
 
“ (...) com fundamento no direito geral de liberadade, na 
garantia do processo legal e das próprias regras democráticas 
do sistema acusatório de processo penal, não se permite ao 
Estado compelir os cidadãos a contribuírem para a produção 
de provas que os prejudiquem” 
 
Sob esse prisma, como o ato de dirigir embriagado é tipificado no 
direito penal, a recusa ao teste de alcoolemianão poderia sequer acarretar em 
sanções administrativas, sob pena de ensejar em coação à realização do teste e, 
por conseguinte, à auto incriminação. 
 
Nesse aspecto, mostra-se conveniente suscitar o incidente de ar-
guição de inconstitucionalidade, nos termos do art. 948, do NCPC: 
 
 
PODER JUDICIÁRIO 
JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
 
 
Desembargadora Renata Cotta 
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Art. 948. Arguida, em controle difuso, a inconstitucionali-
dade de lei ou de ato normativo do poder público, o relator, 
após ouvir o Ministério Público e as partes, submeterá a 
questão à turma ou à câmara à qual competir o conhecimen-
to do processo. 
 
Com efeito, um dos pressupostos de julgamento do recurso con-
siste no controle de constitucionalidade do art. 277, §3º, do CTB. 
 
Outrossim, não é permitido ao órgão fracionário afastar a aplica-
ção de dispositivo legal, sem obediência à cláusula de reserva de plenário, con-
soante súmula vinculante nº. 10: “Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 
97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a 
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua incidência, 
no todo ou em parte”. 
 
Logo, considerando a necessidade de se buscar a análise de in-
constitucionalidade do art. 277, §3º, do CTB,, mostra-se salutar, por ora, o so-
brestamento do processo, suscitando-se o incidente de arguição de inconstituci-
onalidade, conforme art. 119, do Regimento Interno: 
 
“Art.119 - Admitindo, nos casos previstos em lei, o pronun-
ciamento prévio do Órgão Especial ou da Seção Criminal so-
bre a interpretação do direito, ser-lhe-ão remetidos os autos, 
para o processamento do incidente, ficando sobrestado o jul-
gamento.” 
 
 
PODER JUDICIÁRIO 
JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
 
 
Desembargadora Renata Cotta 
Apelação n.º 0117775-09.2015.8.19.0001 
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À conta de tais fundamentos, suspendo o presente julgamento 
para suscitar o incidente de Arguição de Inconstitucionalidade do art. 277, §3º, 
do CTB, com a remessa dos autos para o Egrégio Órgão Especial deste Tribunal. 
 
 
 Rio de Janeiro, ____ de _________________ de 2016. 
 
DESEMBARGADORA RENATA MACHADO COTTA 
RELATORA

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