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INFORMATIVOS 987 a 997 - STF

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Informativo 987-STF (27/08/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
 
Informativo comentado: 
 Informativo 987-STF 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
ÍNDICE 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
▪ É inconstitucional lei estadual que proíba a Administração Pública de contratar empresa que tenha tido empregado 
condenado por crime ou contravenção relacionados com a prática de atos discriminatórios. 
 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO 
▪ STF determinou a suspensão da investigação que estava sendo realizada pelo Ministério da Justiça contra servidores 
públicos e demais cidadãos integrantes de movimento político antifascista. 
 
SEGURANÇA PÚBLICA 
▪ Lei distrital não pode conferir porte de arma nem determinar o exercício de atividades de segurança pública a 
agentes e inspetores de trânsito. 
 
DIREITO PENAL 
DIFAMAÇÃO 
▪ Difamação pode ser praticada mediante a publicação de vídeo no qual o discurso da vítima seja editado. 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
ICMS 
▪ É válida lei estadual que dispõe acerca da incidência do ICMS sobre operações de importação editada após a vigência 
da EC 33/2001, mas antes da LC 114/2002; esta lei, contudo, somente produz efeitos a partir da vigência da LC 
114/2002. 
 
IMPOSTO DE RENDA 
▪ A Súmula 584 do STF foi cancelada. 
 
DIREITO PREVIDENCIÁRIO 
APOSENTADORIA ESPECIAL 
▪ É constitucional a regra do art. 57, § 8º da Lei 8.213/91, que proíbe o titular da aposentadoria especial de continuar 
ou voltar a trabalhar com atividades que o exponham a agentes nocivos. 
 
DIREITO DO TRABALHO 
SALÁRIO-FAMÍLIA 
▪ O requisito de baixa renda instituído para o salário-família pela EC 20/98 não se aplica para quem, na data da 
publicação da Emenda, já estava em gozo do benefício. 
 
 
 
 
 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 987-STF (27/08/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 2 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
É inconstitucional lei estadual que proíba a Administração Pública de contratar empresa que 
tenha tido empregado condenado por crime ou contravenção relacionados com a prática de 
atos discriminatórios 
 
É inconstitucional lei estadual que proíba que a Administração Pública contrate empresa cujo 
diretor, gerente ou empregado tenha sido condenado por crime ou contravenção relacionados 
com a prática de atos discriminatórios. 
Essa lei viola os princípios da intransmissibilidade da pena, da responsabilidade pessoal e do 
devido processo legal. 
STF. Plenário. ADI 3092, Rel. Marco Aurélio, julgado em 22/06/2020 (Info 987 – clipping). 
 
A situação concreta foi a seguinte: 
Em São Paulo foi editada a Lei estadual nº 10.218/99 estabelecendo que a Administração Pública, durante 
certo período de tempo, fica proibida de contratar serviços e obras com empresas que tenham tido 
diretor, gerente ou empregado condenado por crime ou contravenção em razão da prática de atos de 
preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil, ou pela adoção de práticas inibidoras, atentatórias 
ou impeditivas do exercício do direito à maternidade ou de qualquer outro critério discriminatório para a 
admissão ou permanência da mulher ou do homem no emprego. 
 
Essa lei é constitucional? 
NÃO. 
A proibição de contratar com a Administração Pública somente se justifica se o motivo impeditivo 
estiver relacionado com exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do 
cumprimento das obrigações contratuais. 
Além disso, a situação imposta pela lei impugnada acaba por implicar ofensa ao princípio da 
intransmissibilidade da pena. Este princípio preconiza que as restrições jurídicas decorrentes de 
processo judicial ou administrativo não podem transbordar a dimensão estritamente pessoal do 
infrator, para atingir direitos de terceiros. 
Essa lei estadual, sem prévio processo ou exercício de contraditório, impede que a empresa celebre 
contrato com a Administração Pública em virtude de condenação criminal de pessoa natural que 
pertenceu ao rol de empregados ou diretores. Essa previsão afronta os princípios da responsabilidade 
pessoal e do devido processo legal. 
STF. Plenário. ADI 3092, Rel. Marco Aurélio, julgado em 22/06/2020 (Info 987 – clipping). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 987-STF (27/08/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 3 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO 
STF determinou a suspensão da investigação que estava sendo realizada pelo Ministério da Justiça 
contra servidores públicos e demais cidadãos integrantes de movimento político antifascista 
 
A imprensa divulgou que o Ministério da Justiça estaria investigando e elaborando dossiês 
sigilosos contra um grupo de servidores públicos identificados como integrantes do 
“movimento antifascismo”. Os principais alvos da investigação seriam professores e policiais 
autointitulados de “antifascistas”. 
Determinado partido político ajuizou ADPF para que o STF declare que essa investigação viola 
os preceitos fundamentais da liberdade de expressão, reunião, associação, inviolabilidade de 
intimidade, vida privada e honra. 
O STF deferiu medida cautelar para suspender todo e qualquer ato do Ministério da Justiça e 
Segurança Pública (MJSP) de produção ou compartilhamento de informações sobre a vida 
pessoal, as escolhas pessoais e políticas, as práticas cívicas de cidadãos, servidores públicos 
federais, estaduais e municipais identificados como integrantes de movimento político 
antifascista, professores universitários e quaisquer outros que, atuando nos limites da 
legalidade, exerçam seus direitos de livremente expressar-se, reunir-se e associar-se. 
STF. Plenário. ADPF 722 MC/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 19 e 20/8/2020 (Info 987). 
 
Investigação aberta pelo Ministério da Justiça contra o “movimento antifascismo” 
Em julho de 2020, a imprensa divulgou que o Ministério da Justiça estaria investigando e elaborando 
dossiês sigilosos contra um grupo de servidores públicos identificados como integrantes do “movimento 
antifascismo”. Os principais alvos da investigação seriam professores e policiais autointitulados de 
“antifascistas”. (UOL. Ação sigilosa do governo mira professores e policiais antifascistas. Disponível em: 
<https://noticias.uol.com.br/colunas/rubens-valente/2020/07/24/ministerio-justica-governo-bolsonaro-
antifascistas.htm>) 
Segundo a reportagem, o Ministério teria produzido um dossiê com nomes e, em alguns casos, fotografias 
e endereços de redes sociais das pessoas monitoradas. 
 
ADPF 
Com base nessas informações, o partido político Rede Sustentabilidade impetrou ADPF no STF. 
Para o partido, o Ministério da Justiça, sob a desculpa do exercício da atividade de inteligência, se utiliza 
da estrutura governamental para perseguições políticas e ideológicas. 
O autor da ADPF argumentou que o governo pretende interferir ilegalmente no exercício regular do direito 
à expressão de pensamento e à íntima convicção política, filosófica ou ideológica de servidores públicos 
essenciais (agentes de segurança e de educação). 
Segundo a inicial, a confecção de dossiê, que teria sido compartilhado com diversos órgãos, como Polícia 
Rodoviária Federal, Casa Civil, Abin, Força Nacional de Segurança e três centros de inteligência vinculados 
à Secretaria de Operações Integradas (Seopi), viola os preceitos fundamentais da liberdade de expressão, 
reunião, associação, inviolabilidade de intimidade, vida privada e honra. 
A Rede pediu a suspensão imediata da produção e da disseminação desses “dossiês”, a remessa dos 
conteúdos já produzidos ao STF para análise e a abertura imediata de inquérito pela Polícia Federal para 
apurar eventual prática de crime pelo Ministro da Justiça e por seus subordinados.Medida cautelar 
Nos dias 19 e 20/08/2020, o Plenário do STF se reuniu para apreciar a ação e, por maioria, deferiu a medida 
cautelar para suspender qualquer ato do Ministério da Justiça que esteja... 
- produzindo ou compartilhando 
- informações sobre a vida pessoal, as escolhas pessoais e políticas ou as práticas cívicas de 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 987-STF (27/08/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 4 
- servidores públicos integrantes de movimento político antifascista ou quaisquer outras pessoas que 
estejam exercendo a liberdade de expressão, reunião ou associação de forma lícita. 
 
No caso, a ADPF foi ajuizada contra ato do MJSP de promover investigação sigilosa sobre grupo de 579 
servidores federais e estaduais de segurança identificados como integrantes do “movimento antifascismo” 
e professores universitários. 
 
Serviço de inteligência deve ser desempenhado dentro dos limites constitucionais e legais 
O serviço de inteligência do Estado é tema mais que sensível e não pode ser desempenhado fora de 
estritos limites constitucionais e legais, sob pena de comprometer a sociedade e a democracia em sua 
instância mais central, que é a de garantia dos direitos fundamentais. 
Por isso, os órgãos de inteligência também se submetem ao crivo do Poder Judiciário, porque podem 
praticar ilegalidades que devem ser apuradas. 
 
Poder Judiciário deve examinar essa investigação 
A União alegou que o Ministro da Justiça instaurou sindicância no Ministério para apurar essas 
“investigações” e que o próprio Ministro foi até a Comissão Mista de Controle de Atividades de Inteligência 
do Congresso Nacional para prestar esclarecimentos. Logo, não haveria motivo para se seguir com a ADPF. 
Além disso, o Ministro afirmou que os dados requisitados pelo STF sobre as investigações em curso seriam 
sigilosos porque diriam respeito aos serviços de inteligência do Estado. 
O STF não concordou com esse argumento. 
A abertura de sindicância no Ministério da Justiça para a apuração de eventuais responsabilidades 
administrativas em relação aos fatos narrados nesta ADPF, e o comparecimento do Ministro perante a 
Comissão Mista para prestar esclarecimentos não substituem a jurisdição constitucional a cargo do STF 
nem minimizam o dever de atendimento à determinação judicial para fornecimento dos dados. 
Assim, é incompatível com o disposto no art. 5º, XXXV, da CF/88 (princípio da inafastabilidade da 
jurisdição), a tentativa de retirar do Poder Judiciário a possibilidade de apreciar dados e informações 
objetivas sob a alegação de que são relacionados com os serviços de inteligência. 
São asseguradas, pela CF/88, as manifestações livres de expressão, de reunião e de associação, a 
inviolabilidade da intimidade, da vida privada e da honra, conferindo-se a todos a garantia da liberdade 
para veicular ideias e opiniões e para se reunirem e também para se associarem (art. 5º, IV, X, XVI e XVII). 
 
Relatórios de inteligência foram preparados com dados pessoais 
O relatório de inteligência teria sido preparado com dados pessoais dos investigados, informações que 
seriam compartilhadas sigilosamente com outros órgãos da Administração. 
Os fatos não foram negados pelo Ministério da Justiça, que se limitou a defender a necessidade de se 
resguardar o sigilo da atividade de inteligência e a afirmar que esse proceder não seria inédito. 
A manifestação do órgão ministerial conduz à conclusão, ao menos nesta fase processual, de haver 
plausibilidade dos dados relatados e dos argumentos apresentados e elaborados a partir de fatos 
divulgados pela imprensa. 
Desse modo, por cautela, deve-se determinar, judicialmente, a cessação ou o impedimento de qualquer 
comportamento de investigação secreta da vida de quem quer que seja, fora dos suportes constitucionais 
e legais garantidores do devido processo legal e do direito ao contraditório, pelos órgãos competentes. 
 
Não ficou demonstrada que a atuação estatal tenha sido legítima 
No caso concreto, não ficou demonstrada que essa investigação estatal de participantes de movimento 
político antifascista tenha sido legítima. Sob o pretexto de se cuidar de atividade de inteligência, foi 
iniciada uma investigação contra cidadãos que estavam exercendo seu direito à liberdade de expressão, 
investigação essa feita sem observância do devido processo legal, em afronta ao sistema constitucional. 
 
 Informativo 
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Informativo 987-STF (27/08/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 5 
Desvio de finalidade 
O Ministério da Justiça sustentou que essa investigação não tinha como objetivo utilizar essas informações para 
persecução penal. O STF afirmou, contudo, que isso, ainda que seja verdadeiro, não torna o procedimento 
compatível com a Constituição Federal. Isso porque o uso (ou abuso) da máquina estatal para a colheita de 
informações de servidores com postura política contrária ao governo caracteriza desvio de finalidade. 
 
Voto vencido 
Vencido o Ministro Marco Aurélio, que indeferiu a cautelar. Esclareceu que, em um Estado democrático 
de direito, o centro político é o parlamento. Mesmo assim, insiste-se em deslocar matéria estritamente 
política para o STF, provocando incrível desgaste em termos de Poder Judiciário. Para o Ministro, o 
relatório é, na verdade, um longo cadastro que envolve pessoas naturais e entidades com atuação privada 
e pública. Há, nesse documento, o acompanhamento de pessoas de diversos segmentos e ideologias. 
Portanto, são dados, mantidos em sigilo, necessários e indispensáveis à garantia da segurança pública. 
 
 
SEGURANÇA PÚBLICA 
Lei distrital não pode conferir porte de arma nem determinar o exercício de atividades de 
segurança pública a agentes e inspetores de trânsito 
 
Importante!!! 
A Constituição Federal, nos incisos do art. 144, estabelece quais são os órgãos de segurança 
pública. Esse rol é taxativo e de observância obrigatória pelo legislador infraconstitucional. 
Como consequência, os Estados-membros não podem atribuir o exercício de atividades de 
segurança pública a órgãos diversos daqueles previstos na Constituição Federal. 
Assim, a lei distrital, ao estabelecer que os agentes de trânsito exercem atividades de 
segurança pública, possui vício de inconstitucionalidade material porque violou o rol taxativo 
dos órgãos encarregados da segurança pública previsto no art. 144 da CF/88. 
Compete aos órgãos e agentes de trânsito estaduais, distritais e municipais o exercício da 
“segurança viária”, que compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de 
outras atividades previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana 
eficiente (art. 144, § 10, da CF/88). As atividades de segurança viária não se confundem com 
“segurança pública”. 
Compete à União, nos termos do art. 21, VI; e 22, I, da Constituição, a definição dos requisitos 
para a concessão do porte de arma de fogo e dos possíveis titulares de tal direito, inclusive no 
que se refere a servidores públicos estaduais ou municipais, em prol da uniformidade da 
regulamentação do tema no país, questão afeta a políticas de segurança pública de âmbito 
nacional. Desse modo, é inconstitucional a lei distrital que disponha sobre porte de arma de 
fogo, criando hipóteses não previstas na legislação federal de regência, notadamente a Lei 
federal nº 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento). 
STF. Plenário. ADI 3996, Rel. Luiz Fux, julgado em 15/04/2020 (Info 987 – clipping). 
 
A situação concreta foi a seguinte: 
No Distrito Federal foram editadas leis prevendo que: 
• o Cargo de Agente de Trânsito é atividade de segurança pública, para todos os efeitos; 
• os agentes e inspetores de trânsito do Departamento de Trânsitodo Distrito Federal estão isentos da 
obrigação de obter autorização para o porte de armas de fogo de uso permitido; 
• constará do curso de formação profissional dos agentes de trânsito, entre outras matérias, armamento 
e tiro. 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 987-STF (27/08/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 6 
 
As previsões acima expostas são compatíveis com a Constituição Federal? 
NÃO. 
 
Rol do art. 144 é taxativo e nele não constam os agentes de trânsito 
A Constituição Federal, nos incisos do art. 144, estabelece quais são os órgãos de segurança pública: 
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida 
para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos 
seguintes órgãos: 
I - polícia federal; 
II - polícia rodoviária federal; 
III - polícia ferroviária federal; 
IV - polícias civis; 
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. 
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. 
 
Esse rol é taxativo e de observância obrigatória pelo legislador infraconstitucional. Como consequência, 
os Estados-membros não podem atribuir o exercício de atividades de segurança pública a órgãos diversos 
daqueles previstos na Constituição Federal. 
Assim, a lei distrital, ao estabelecer que os agentes de trânsito exercem atividades de segurança pública, 
possui vício de inconstitucionalidade material porque violou o rol taxativo dos órgãos encarregados da 
segurança pública previsto no art. 144 da CF/88. 
 
 (Delegado PC/SE 2018 CEBRASPE) A segurança pública, exercida para preservação da ordem pública e 
da incolumidade das pessoas e do patrimônio, é responsabilidade de todos. (certo) 
 (Escrivão PC/MA 2018 CEBRASPE) A CF, em seu art. 144, apresenta o rol dos órgãos encarregados da 
segurança pública. Esse rol é taxativo para a União, para os estados e para o Distrito Federal. (certo) 
 
Segurança viária não é o mesmo que segurança pública 
Compete aos órgãos e agentes de trânsito estaduais, distritais e municipais o exercício da “segurança 
viária”, que compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras atividades 
previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente (art. 144, § 10, da 
CF/88). 
As atividades de segurança viária não se confundem com “segurança pública”. 
Veja a redação do § 10 do art. 144 da CF/88, inserido pela EC 82/2014, porque ele é muito cobrado em 
provas objetivas: 
Art. 144 (...) 
§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das 
pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas: 
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras atividades 
previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e 
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos respectivos órgãos 
ou entidades executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei. 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 82/2014) 
 
 (PRF 2019 CEBRASPE) A segurança viária compreende a educação, a engenharia e a fiscalização de 
trânsito, vetores que asseguram ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente. (certo) 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 987-STF (27/08/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 7 
 (Delegado PC/SE 2018 CEBRASPE) O poder constituinte originário, ao tratar da segurança pública no 
ordenamento constitucional vigente, fez menção expressa à segurança viária, atividade exercida para a 
preservação da ordem pública, da incolumidade das pessoas e de seu patrimônio nas vias públicas. 
(errado) 
 (Analista TRT7 2017 CEBRASPE) Nos termos da CF, tanto no âmbito da União quanto no dos demais 
entes federados, a segurança viária compete aos respectivos órgãos e seus agentes de trânsito, 
estruturados em carreira, na forma da lei. (errado) 
 (Analista TRT7 2017 CEBRASPE) A partir da Emenda Constitucional nº 82/2014, a atividade de segurança 
viária passa a integrar expressamente o texto da CF, com vistas à preservação da ordem social e da 
incolumidade patrimonial nas vias urbanas. (errado) 
 
Competência para disciplinar o porte de arma de fogo é da União 
O art. 21, VI, da CF/88 atribui à União a competência para autorizar e fiscalizar a produção e o comércio 
de material bélico, o que alcança a disciplina do porte de armas de fogo. 
Ademais, o art. 22, I, da CF/88 confere à União competência privativa para legislar sobre Direito Penal, de 
forma que somente lei federal pode estabelecer as hipóteses em que o porte de arma de fogo não 
constitui ilícito penal. 
Desse modo, é inconstitucional a lei distrital que disponha sobre porte de arma de fogo, criando hipóteses 
não previstas na legislação federal de regência, notadamente a Lei federal nº 10.826/2003 (Estatuto do 
Desarmamento). Nesse sentido: 
Cabe à União, nos termos do art. 21, VI; e 22, I, da Constituição, a definição dos requisitos para a concessão 
do porte de arma de fogo e dos possíveis titulares de tal direito, inclusive no que se refere a servidores 
públicos estaduais ou municipais, em prol da uniformidade da regulamentação do tema no país, questão 
afeta a políticas de segurança pública de âmbito nacional. 
STF. Plenário. ADI 4.962, Rel. Min. Alexandre de Moraes, DJe de 25/4/2018. 
 
Em suma: 
A Constituição Federal, nos incisos do art. 144, estabelece quais são os órgãos de segurança pública. 
Esse rol é taxativo e de observância obrigatória pelo legislador infraconstitucional. Como consequência, 
os Estados-membros não podem atribuir o exercício de atividades de segurança pública a órgãos 
diversos daqueles previstos na Constituição Federal. 
Assim, a lei distrital, ao estabelecer que os agentes de trânsito exercem atividades de segurança pública, 
possui vício de inconstitucionalidade material porque violou o rol taxativo dos órgãos encarregados da 
segurança pública previsto no art. 144 da CF/88. 
Compete aos órgãos e agentes de trânsito estaduais, distritais e municipais o exercício da “segurança 
viária”, que compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras atividades 
previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente (art. 144, § 10, da 
CF/88). As atividades de segurança viária não se confundem com “segurança pública”. 
Compete à União, nos termos do art. 21, VI; e 22, I, da Constituição, a definição dos requisitos para a 
concessão do porte de arma de fogo e dos possíveis titulares de tal direito, inclusive no que se refere a 
servidores públicos estaduais ou municipais, em prol da uniformidade da regulamentação do tema no 
país, questão afeta a políticas de segurança pública de âmbito nacional. Desse modo, é inconstitucional 
a lei distrital que disponha sobre porte de arma de fogo, criando hipóteses não previstas na legislação 
federal de regência, notadamente a Lei federal nº 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento). 
STF. Plenário. ADI 3996, Rel. Luiz Fux, julgado em 15/04/2020 (Info 987 – clipping). 
 
 
 
 
 Informativo 
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Informativo 987-STF (27/08/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 8 
DIREITO PENAL 
 
DIFAMAÇÃO 
Difamação pode ser praticada mediante a publicação de vídeo 
no qual o discurso da vítima seja editado 
 
Configura difamação a conduta do agente que publica vídeo de um discurso no qual a frase 
completa do orador é editada, transmitindo a falsa ideia de que ele estava falando mal de 
negros e pobres. 
A edição de um vídeo ou áudio tem comoobjetivo guiar o espectador e, quando feita com o 
objetivo de difamar a honra de uma pessoa, configura dolo da prática criminosa. 
Vale ressaltar que esta conduta do agente, ainda que praticada por Deputado Federal, não 
estará protegida pela imunidade parlamentar. 
Caso concreto: durante a reunião de uma CPI, o então Deputado Federal Jean Wyllys proferiu 
a seguinte frase: “tem um imaginário impregnado, sobretudo nos agentes das forças de 
segurança, de que uma pessoa negra e pobre é potencialmente perigosa. É mais perigosa do 
que uma pessoa branca de classe média. Esse é um imaginário que está impregnado na gente”. 
O Deputado Federal Eder Mauro publicou, em sua página no Facebook, um vídeo no qual o 
discurso de Jean Wyllys é editado. No vídeo publicado, a parte inicial e final da frase são 
cortadas e ouve-se apenas: “Uma pessoa negra e pobre é potencialmente perigosa. É mais 
perigosa do que uma pessoa branca de classe média”. 
Para o STF, essa conduta configurou o crime de difamação agravada. 
STF. 1ª Turma. AP 1021/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 18/8/2020 (Info 987). 
 
A situação concreta foi a seguinte: 
Durante a reunião de uma CPI instaurada para apurar a violência contra jovens negros e pobres no Brasil, 
o então Deputado Federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) proferiu a seguinte frase: “tem um imaginário 
impregnado, sobretudo nos agentes das forças de segurança, de que uma pessoa negra e pobre é 
potencialmente perigosa. É mais perigosa do que uma pessoa branca de classe média. Esse é um 
imaginário que está impregnado na gente”. 
O Deputado Federal Eder Mauro (PSD-PA) publicou, em sua página no Facebook, um vídeo no qual o 
discurso de Jean Wyllys é editado. No vídeo publicado, a parte inicial e final da frase são cortadas e ouve-
se apenas: “Uma pessoa negra e pobre é potencialmente perigosa. É mais perigosa do que uma pessoa 
branca de classe média”. 
Assim, o vídeo editado dá a entender, falsamente, que o Deputado estaria defendendo essa afirmação 
pejorativa contra pessoas negras e pobres. 
Diante disso, Jean Wyllys ingressou com queixa-crime contra o Deputado Eder Mauro afirmando que o 
querelado praticou contra ele o crime de difamação (art. 139 do CP): 
Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 
O que decidiu o STF? O Deputado foi condenado? 
SIM. A 1ª Turma do STF julgou procedente o pedido formulado na ação penal privada e condenou o 
Deputado Federal pela prática do crime de difamação agravada. 
STF. 1ª Turma. AP 1021/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 18/8/2020 (Info 987). 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 987-STF (27/08/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 9 
Primeiro ponto: o Deputado Federal réu alegou que agiu acobertado pela imunidade parlamentar. Esse 
argumento foi acolhido pelo STF? 
NÃO. 
Não se aplica a imunidade parlamentar, pois o ato não foi praticado in officio ou propter officium. 
Para que incida a imunidade parlamentar material, é necessário que exista um liame direto entre o fato 
apontado como crime contra a honra e o exercício do mandato parlamentar. 
A liberdade de opinião e manifestação do parlamentar, ratione muneris (em razão do cargo), possui 
imunidade material, mas isso nos limites estritamente necessários à defesa do mandato contra o arbítrio, 
à luz do princípio republicano que norteia a Constituição Federal. 
A imunidade parlamentar material não confere aos parlamentares o direito de empregar expediente 
fraudulento, artificioso ou ardiloso, voltado a alterar a verdade da informação, com o fim de desqualificar 
ou imputar fato desonroso à reputação de terceiros. 
Assim, a veiculação dolosa de vídeo com conteúdo fraudulento, para fins difamatórios, amplamente 
divulgado em rede social não está protegida pela imunidade parlamentar. 
 
Materialidade 
A materialidade do crime ficou comprovada pelo laudo de perícia criminal realizado pelo instituto de 
criminalística da Polícia Civil, que concluiu que o vídeo foi editado e que o processo de edição resultou na 
modificação da informação, conduzindo à compreensão diversa da realidade factual. 
O conteúdo original da manifestação sofreu vários cortes, para transmitir a ideia de que o então 
parlamentar estava proferindo uma declaração de conotação racista e preconceituosa. 
O fato de veicular trechos da fala do autor é elemento especioso (enganador), ardil empregado com o 
intuito de transmitir verossimilhança. 
 
Dano à honra 
O dano à honra do querelante foi certificado em juízo por depoimentos prestados. 
Além disso, há prova do impacto sobre a imagem do autor. 
A fraude revela nítido potencial de enganar os cidadãos que a visualizaram e de produzir discursos de ódio 
contra a fala indevidamente alterada, difamando o opositor político do réu. 
 
Essa publicação ultrapassa a liberdade de expressão 
O réu publicou o vídeo adulterado na rede social com o intuito de difamar, considerando que ficou 
demonstrado que ele sabia que o seu conteúdo era falso. 
A criminalização da veiculação de conteúdo com essa finalidade não colide com o direito fundamental à 
liberdade de expressão. 
 
Crime contra a honra é de ação múltipla 
Os crimes contra a honra, como é o caso da difamação, são delitos de ação múltipla, englobando não 
apenas a criação do conteúdo criminoso como também a sua postagem e a disponibilização de perfil em 
rede social com o objetivo de servir de plataforma à alavancagem da injúria, calúnia ou difamação. 
A autoria desses crimes praticados por meio da internet exige: 
a) demonstração de que o réu é o titular de página, blogue ou perfil pelo qual divulgado o material 
difamatório; 
b) demonstração do consentimento — prévio, concomitante ou sucessivo — com a veiculação em seu 
perfil; 
c) demonstração de que o réu tinha conhecimento do conteúdo fraudulento da postagem (animus 
injuriandi, caluniandi ou diffamandi). 
 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 987-STF (27/08/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 10 
Autoria 
A divulgação do conteúdo fraudado constitui etapa da execução do crime. Assim, o divulgador do vídeo 
também é autor da difamação, o que não exclui a autoria também do programador visual ou do editor 
responsável pela execução material da fraude, quando promovidas por outros agentes em coautoria. 
Mesmo que o vídeo tenha sido publicado na rede social do Deputado por um ajudante, o titular do perfil 
só deixaria de responder se tivesse ficado demonstrado que ele desconhecia o uso de sua página para a 
divulgação e que não consentiu com o emprego de sua rede social para fazer a divulgação difamatória. 
Na situação dos autos, os testemunhos colhidos na instrução comprovam a autoria criminosa. 
 
Dolo 
O referido vídeo foi postado no perfil do acusado, que admitiu tê-lo assistido e ter sido informado da 
postagem quando foi disponibilizado em sua página na rede social. 
O réu sabia que o conteúdo não era fidedigno à fala do querelante, considerando que se tratava de 
manifestação absolutamente contrária ao discurso que ele proferiu no debate do qual o réu participou. 
Logo, ele conhecia o inteiro teor do pronunciamento do querelante. 
Ainda assim, o parlamentar-querelado manteve o conteúdo difamatório disponível em sua plataforma, 
que somente foi retirado de circulação após decisão judicial. 
Ademais, o vídeo fraudulento elevou a popularidade do réu na rede social utilizada, revelando número de 
visualizações superior à média de sua página, a evidenciar seu ganho pessoal com a campanha 
difamatória. 
 
Ausência de mero animus narrandi 
O STF rejeitou a tese da defesa de que o querelado teria agido com mero animus narrandi, ou seja, 
intenção de apenas divulgaro que aconteceu na reunião ocorrida na Câmara dos Deputados. 
A divulgação por mero animus narrandi somente se caracterizaria se o réu desconhecesse a natureza 
fraudulenta do vício. No caso, contudo, o querelado detinha todas as informações necessárias para saber 
que o vídeo foi adulterado. 
Também é inverossímil a alegação de que os cortes realizados tiveram finalidade exclusivamente técnica, 
com o objetivo de reduzir o vídeo ao tamanho limite do suporte de mídia utilizado. Se essa fosse 
unicamente a intenção, os cortes não teriam deturpado a fala do querelante. Outros trechos poderiam ter 
sido excluídos para atender ao propósito técnico. 
 
Dosimetria da pena 
Em sede de dosimetria, a Turma considerou presentes quatro circunstâncias judiciais negativas. 
Diante disso, fixou a pena em 1 (um) ano de detenção, no regime inicial aberto, cumulada com pena de 
multa. 
Diante de pressupostos legais, substituiu a pena privativa de liberdade por prestação pecuniária, na forma 
do art. 45, § 1º, do Código Penal, consistente no pagamento de 30 (trinta) salários mínimos à vítima, fixado 
como montante mínimo para reparação dos danos causados pela infração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Informativo 
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Informativo 987-STF (27/08/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 11 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
 
ICMS 
É válida lei estadual que dispõe acerca da incidência do ICMS sobre operações de importação 
editada após a vigência da EC 33/2001, mas antes da LC 114/2002; esta lei, contudo, somente 
produz efeitos a partir da vigência da LC 114/2002 
 
Importante!!! 
I - Após a Emenda Constitucional 33/2001, é constitucional a incidência de ICMS sobre 
operações de importação efetuadas por pessoa, física ou jurídica, que não se dedica 
habitualmente ao comércio ou à prestação de serviços, devendo tal tributação estar prevista 
em lei complementar federal. 
II - As leis estaduais editadas após a EC 33/2001 e antes da entrada em vigor da Lei 
Complementar 114/2002, com o propósito de impor o ICMS sobre a referida operação, são 
válidas, mas produzem efeitos somente a partir da vigência da LC 114/2002. 
STF. Plenário. RE 1221330, Rel. Luiz Fux, Relator p/ Acórdão: Alexandre de Moraes, julgado em 
16/06/2020 (Repercussão Geral – Tema 1094) (Info 987 – clipping). 
 
ICMS 
O ICMS é um imposto estadual previsto no art. 155, II, da CF e na LC 87/96: 
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: 
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte 
interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se 
iniciem no exterior; 
 
Características 
Principais características do imposto: 
• Plurifásico: incide sobre o valor agregado, obedecendo-se ao princípio da não-cumulatividade; 
• Real: as condições da pessoa são irrelevantes; 
• Proporcional: não é progressivo; 
• Fiscal: tem como função principal a arrecadação. 
 
Fatos geradores 
Eduardo Sabbag afirma que, resumidamente, o ICMS pode ter os seguintes fatos geradores (Manual de 
Direito Tributário. 4ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 1061): 
• Circulação de mercadorias; 
• Prestação de serviços de transporte intermunicipal; 
• Prestação de serviços de transporte interestadual; 
• Prestação de serviços de comunicação. 
 
Vale ressaltar que incide o ICMS mesmo que “as operações e as prestações se iniciem no exterior” (art. 
155, II, da CF/88). 
 
ICMS importação 
A CF/88 prevê que haverá cobrança de ICMS nos casos de mercadoria importada do exterior ou nas 
hipóteses de serviço prestado no exterior. Ex: uma empresa que fabrica roupas deverá pagar ICMS se 
importou da China uma máquina têxtil para utilizar em sua linha de produção. 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 987-STF (27/08/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 12 
Até aqui, tudo bem, sem muitas dúvidas. A polêmica está na resposta para as três perguntas a seguir: 
• Se a pessoa que importou a mercadoria era uma pessoa física não contribuinte habitual do imposto, 
haveria incidência de ICMS? 
• Se a pessoa que importou a mercadoria era uma pessoa jurídica não comerciante (não contribuinte 
habitual do imposto), haveria incidência de ICMS? 
• Se a mercadoria foi importada pela empresa sem finalidade comercial (não seria utilizada em sua cadeia 
produtiva), mesmo assim haveria incidência de ICMS? 
 
A resposta para tais perguntas irá depender do momento em que foi realizado o FG, isto é, se antes ou 
depois da EC 33/2001. 
 
Redação originária da CF/88 
(antes da EC 33/2001) 
NÃO 
Redação atual da CF/88 
(depois da EC 33/2001) 
SIM 
O STF entendeu que a redação do art. 155, § 2º, IX, 
“a”, da CF/88 não autorizava a cobrança do ICMS 
importação nos três casos acima listados. 
Só pagava o ICMS importação quem fosse 
contribuinte habitual do imposto. 
 
 
 
O Governo, com o objetivo de modificar esse 
entendimento do STF e autorizar a cobrança do 
ICMS, editou a EC 33/2001 alterando a redação do 
art. 155, 2º, IX. 
Assim, atualmente, com a redação dada pela EC 
33/2001, o ICMS incide sobre toda e qualquer 
importação. 
Independentemente de a pessoa ser contribuinte 
ou não do ICMS, deverá pagar o ICMS importação. 
Veja a redação originária da CF/88: 
Incide também o ICMS: 
a) sobre a entrada de mercadoria importada do 
exterior, ainda quando se tratar de bem destinado 
a consumo ou ativo fixo do estabelecimento, 
assim como sobre serviço prestado no exterior, 
cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado 
o estabelecimento destinatário da mercadoria ou 
do serviço; 
 
Veja a redação atual da CF/88: 
Incide também o ICMS: 
a) sobre a entrada de bem ou mercadoria 
importados do exterior por pessoa física ou 
jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual 
do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, 
assim como sobre o serviço prestado no exterior, 
cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado 
o domicílio ou o estabelecimento do destinatário 
da mercadoria, bem ou serviço; 
Na época, o STF chegou a editar uma súmula 
espelhando seu entendimento: 
Súmula 660-STF (Aprovada em 24/09/2003): Não 
incide ICMS na importação de bens por pessoa 
física ou jurídica que não seja contribuinte do 
imposto. 
Diante da nova redação da CF/88, o entendimento 
exposto nessa Súmula 660 está SUPERADO. 
 
O STF, ao analisar o impacto desta EC 33/2001, assim decidiu: 
Após a EC 33/2001, é CONSTITUCIONAL a instituição do ICMS incidente sobre a importação de bens, sendo 
irrelevante a classificação jurídica do ramo de atividade da empresa importadora. Antes da EC 33/2001 
essa prática era inconstitucional. 
As leis estaduais anteriores à EC 33/2001 que previam a cobrança de ICMS importação para pessoas que 
não fossem contribuintes habituais de imposto são inválidas, considerando que o sistema jurídico 
brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. 
 Informativo 
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Informativo 987-STF (27/08/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 13 
Para ser constitucionalmente válida a incidência do ICMS sobre operações de importação de bens, as 
modificações no critério material na base de cálculo e no sujeito passivo da regra-matriz deveriam ter sido 
realizadas em lei posterior à EC 33/2001. 
A súmula 660 do STF está superada. 
STF. Plenário. RE 439796/PR; RE 474267/RS, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgados em 6/11/2013 
(Repercussão Geral – Tema 171) (Info 727). 
 
LC 114/2002 
A fim de adequar a legislação do ICMS à nova disciplina da EC 33/2001, o Congresso Nacional editou a Lei 
Complementar 114/2002, alterandoa LC 87/96 (que trata do ICMS) para regular os casos de ICMS 
importação. 
Dessa forma, a LC 114/2002, que entrou em vigor em 17/12/2002, foi editada com o objetivo de prever 
expressamente, na legislação infraconstitucional, a possibilidade de ICMS sobre a importação. 
 
As leis estaduais editadas antes da EC 33/2001 e que autorizavam a incidência do ICMS importação em 
todos os casos foram “validadas” com a edição da EC 33/2001? 
NÃO. Os Estados-membros que se precipitaram e previram em suas leis estaduais a incidência do ICMS 
importação em todos os casos fizeram isso sem o necessário fundamento de validade constitucional. 
Logo, as leis estaduais e os lançamentos tributários realizados antes da EC 33/2001 são inválidos, 
considerando que o sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade 
superveniente. 
 
As leis estaduais autorizando a incidência do ICMS importação que foram editadas após a EC 33/2001, 
mas antes da LC federal 114/2002 são válidas? 
SIM. 
É válida lei estadual que dispõe acerca da incidência do ICMS sobre operações de importação editada após 
a vigência da EC 33/2001 (12/12/2001), mas antes da LC federal 114/2002, visto que é plena a 
competência legislativa estadual enquanto inexistir lei federal sobre norma geral, conforme art. 24, § 3º, 
da CF/88. 
Nesse sentido, o STF julgou válida lei do Estado de SP, editada em 21/12/2001, que prevê a incidência de 
ICMS sobre importação de veículo por pessoa física e para uso próprio. Não há inconstitucionalidade uma 
vez que a lei foi editada após a EC 33/2001, que autorizou a tributação. 
STF. 2ª Turma. ARE 917950/SP, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 
5/12/2017 (Info 887). 
 
Veja o que diz o art. 24, § 3º da CF/88 invocado como fundamento para a validade das leis estaduais 
editadas após a EC 33/2001 e antes da LC federal 114/2002. 
Art. 24 (...) 
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa 
plena, para atender a suas peculiaridades. 
 
Válidas, mas ineficazes até a edição da LC federal 114/2002 
Vale ressaltar que as leis estaduais editadas após a EC 33/2001, mas antes da entrada em vigor da Lei 
Complementar 114/2002, com o propósito de impor o ICMS sobre a referida operação, são válidas, porém 
só produziram efeitos a partir da vigência da LC 114/2002. 
Em outras palavras, a eficácia de tais diplomas legais ficou suspensa até a edição da LC 114/2002. Nesse 
sentido: STF. 2ª Turma. RE 917950 AgR, Relator p/ Acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 05/12/2017. 
 
 Informativo 
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Informativo 987-STF (27/08/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 14 
Confira o que disse o voto condutor do Min. Gilmar Mendes: 
“É cediço que apenas lei complementar federal pode dispor sobre contribuintes de imposto 
estadual na forma do art. 146, III, “a”, da CF. 
Contudo é de observar que, após a emenda constitucional, houve alteração da regra-matriz 
tributante para permitir o alargamento do sujeito passivo tributário do ICMS-Importação, norma 
constitucional que ofereceria todos os critérios necessários para a estruturação da lei estadual. 
Não se pode punir com a pecha de inconstitucional o ato do ente federativo diligente que, 
amparado por autorização constitucional e no exercício de sua competência tributária, alterou seu 
arcabouço normativo estadual para expressar o exato contido naquela norma. 
É bem verdade que a efetividade desse poder tributante dependeria de lei complementar federal, 
todavia não seria o caso de inconstitucionalidade formal ou material, mas, tão somente, de 
condição de eficácia daquele exercício após a superveniência da legislação necessária. (...) 
A questão resolve-se no plano da eficácia. 
Vale dizer, no período após a EC e anterior à lei complementar federal, não haveria 
inconstitucionalidade, mas tão só ineficácia da legislação estadual até 17.12.2002 (vigência da lei 
complementar 114/02), de sorte que seriam insubsistentes créditos tributários advindos de fatos 
geradores anteriores a tal marco.” 
 
As conclusões acima expostas foram reafirmadas pelo STF em sede de repercussão geral, tendo sido 
fixadas as seguintes teses: 
I - Após a Emenda Constitucional 33/2001, é constitucional a incidência de ICMS sobre operações de 
importação efetuadas por pessoa, física ou jurídica, que não se dedica habitualmente ao comércio ou à 
prestação de serviços, devendo tal tributação estar prevista em lei complementar federal. 
II - As leis estaduais editadas após a EC 33/2001 e antes da entrada em vigor da Lei Complementar 
114/2002, com o propósito de impor o ICMS sobre a referida operação, são válidas, mas produzem 
efeitos somente a partir da vigência da LC 114/2002. 
STF. Plenário. RE 1221330, Rel. Luiz Fux, Relator p/ Acórdão: Alexandre de Moraes, julgado em 16/06/2020 
(Repercussão Geral – Tema 1094) (Info 987 – clipping). 
 
 
IMPOSTO DE RENDA 
A Súmula 584 do STF foi cancelada 
 
Importante!!! 
Encontra-se superado o entendimento exposto na Súmula 584 do STF: 
Súmula 584-STF: Ao imposto de renda calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se 
a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração. 
Esse enunciado é incompatível com os princípios da irretroatividade e da anterioridade. 
Por essa razão, o STF decidiu pelo cancelamento do verbete. 
STF. Plenário. RE 159180, Rel. Marco Aurélio, julgado em 22/06/2020 (Info 987 – clipping). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
Em 28 de dezembro de 1990, foi publicada a Lei Federal nº XXX/1990 criando novo adicional de imposto 
de renda sobre o lucro das empresas. 
Essa lei disse expressamente que suas disposições se aplicavam inclusive para o período-base de 1990. 
 Informativo 
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Informativo 987-STF (27/08/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 15 
Em outras palavras, a Lei foi publicada em 28/12/1990 e influenciou no recolhimento do imposto de renda 
incidente sobre situações ocorridas em 1990. Como ela foi publicada no final de 1990, acabou incidindo 
sobre operações realizadas antes mesmo da sua vigência. 
Diante disso, os contribuintes alegaram a inconstitucionalidade dessa lei porque ela teria violado os 
princípios da irretroatividade e da anterioridade. 
 
Súmula 584-STF 
A União, por sua vez, defendeu a constitucionalidade da Lei sob o argumento de que essa prática é 
permitida pela jurisprudência do STF cristalizada na Súmula 584, que tem a seguinte redação: 
Súmula 584-STF: Ao imposto de renda calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente 
no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração. 
 
Assim, de acordo com esse raciocínio, o fato gerador do imposto de renda completa-se somente no dia 31 
de dezembro do ano-base. A lei que tenha sido publicada até essa data poderá ser aplicada no cálculo do 
imposto correspondente, nos termos do art. 105 do CTN: 
Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos 
pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja completa 
nos termos do artigo 116. 
 
Neste caso hipotético, a jurisprudência atual do STF é favorável ao Fisco ou ao contribuinte? 
Ao contribuinte. 
 
E a súmula? 
O STF decidiu cancelar a sua antiga Súmula 584. 
O princípio de irretroatividade tributária assegura ao contribuinte o direito de não ser cobrado com novas 
hipóteses de incidência ou majorações ocorridas após o início do período-base. 
Veja a brilhante explicação de Sacha Calmon para a inconstitucionalidade da posição cristalizada na 
Súmula 584 do STF: 
“Como se sabe, o imposto de renda, no Brasil, das pessoas físicas e jurídicas, salvodeterminadas 
exceções, como mudança para o estrangeiro, encerramento de atividades e outras, está 
estruturado pelo dualismo: ano-base/ano da declaração. No ano-base, 1º de janeiro a 31 de 
dezembro, ocorrem os fatos jurígenos. No ano da declaração, o contribuinte recata os fatos 
tributáveis, aproveita as deduções, compensa os créditos fiscais, dimensiona a base imponível, 
aplica as alíquotas, obtém o quantum devido e recolhe o imposto sob a condição suspensiva de, a 
posteriori, o Fisco concordar com o imposto declarado. Em caso de recolhimento a menor, 
ocorrerão lançamentos suplementares. 
É intuitivo, na espécie, que o aspecto temporal da hipótese de incidência fecha em 31 de dezembro 
do ano-base, porque o fato jurígeno do imposto de renda é continuado. Em 31 de dezembro cessa 
o movimento, e tudo cristaliza-se. O filme em exibição desde 1º de janeiro chega ao fim (no último 
átimo de tempo do dia 31 de dezembro de cada ano-base). Nesta data, temos o irreversível. No 
ano do exercício da declaração, o que se tem é o relato descritivo e quantitativo dos fatos jurígenos 
(suporte da tributação). 
Para satisfazer o princípio da anterioridade, é necessário que a lei de regência do imposto de renda 
seja a vigente em 31 de dezembro do ano anterior ao ano-base, pois teriam os contribuintes a 
prévia informação do quadro legal que regularia as suas atividades tributárias, antes de 
ocorrerem. 
 Informativo 
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Informativo 987-STF (27/08/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 16 
A Súmula do STF, no entanto, entendia o contrário, impressionada por uma polêmica acadêmica 
(mas não só por isso) que discutia sobre o dies ad quem do período aquisitivo da renda, se em 31 
de dezembro do ano-base ou em 1º de janeiro do exercício seguinte (exercício da declaração). 
Academicismo irritante, pois o importante é e sempre será o contribuinte saber, antes de realizar as 
suas atividades, o quadro jurídico de regência dessas mesmas atividades, o que leva à tese de que só 
o dia 31 de dezembro seria, ética e juridicamente, o dia apropriado. Caso contrário, falar em princípio 
da anterioridade traduziria enorme toleima, a crer-se na seriedade e nas funções do princípio. 
Interessa aos jogadores de um time qualquer, de um esporte qualquer, jogar sem saber das 
regras? E só tomar conhecimento delas após o jogo no vestiário? Privilegiado é o árbitro. Pode 
valorar a posteriori o vencedor e os vencidos. 
Ora, tal era a situação do IR no Brasil antes da Constituição de 1988. Vale dizer o IR não só não 
respeitava o princípio da anterioridade como tornava o imposto retroativo, contra um princípio 
geral do Direito universalmente aceito e praticado. 
Agora o quadro é outro. O art. 150, III, “a”, “b” e “c” rechaça a prevalência da Súmula nº 584, sem 
qualquer sombra de dúvidas. Esse é, ao menos, o nosso sentir, no que somos acompanhados por 
grande parte da doutrina e até mesmo por precedentes do STJ.” (CALMON, Sacha. Curso de Direito 
Tributário Brasileiro. 17ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2020, p. 274-276). 
 
Em suma: 
Encontra-se superado o entendimento exposto na Súmula 584 do STF. 
Esse enunciado é incompatível com os princípios da irretroatividade e da anterioridade. 
Por essa razão, o STF decidiu pelo cancelamento do verbete. 
STF. Plenário. RE 159180, Rel. Marco Aurélio, julgado em 22/06/2020 (Info 987 – clipping). 
 
 
 
DIREITO PREVIDENCIÁRIO 
 
APOSENTADORIA ESPECIAL 
É constitucional a regra do art. 57, § 8º da Lei 8.213/91, que proíbe o titular da aposentadoria 
especial de continuar ou voltar a trabalhar com atividades que o exponham a agentes nocivos 
 
Importante!!! 
I – É constitucional a vedação de continuidade da percepção de aposentadoria especial se o 
beneficiário permanece laborando em atividade especial ou a ela retorna, seja essa atividade 
especial aquela que ensejou a aposentação precoce ou não. 
II – Nas hipóteses em que o segurado solicitar a aposentadoria e continuar a exercer o labor 
especial, a data de início do benefício será a data de entrada do requerimento, remontando a 
esse marco, inclusive, os efeitos financeiros. Efetivada, contudo, seja na via administrativa, 
seja na judicial, a implantação do benefício, uma vez verificada a continuidade ou o retorno ao 
labor nocivo, cessará o benefício previdenciário em questão. 
STF. Plenário. RE 791961, Rel. Dias Toffoli, julgado em 08/06/2020 (Repercussão Geral – Tema 709) 
(Info 987 – clipping). 
 
Aposentadoria especial 
Aposentadoria especial é aquela cujos requisitos e critérios exigidos do beneficiário são mais favoráveis 
que os estabelecidos normalmente para as demais pessoas. 
 Informativo 
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Informativo 987-STF (27/08/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 17 
 
Regra geral 
A CF/88 estipula, como regra geral, que é vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a 
concessão de benefícios da previdência social. 
Em outras palavras, em regra, a lei não pode estabelecer que determinados grupos de pessoas tenham 
condições “mais fáceis” para se aposentar. 
 
Exceções 
A própria CF/88 admite exceções a essa regra. Assim, de forma excepcional, o § 1º do art. 201 da CF/88 
estabelece que LEI COMPLEMENTAR poderá prever idade e tempo de contribuição distintos da regra geral 
para a concessão de aposentadoria exclusivamente em favor dos segurados: 
1) COM DEFICIÊNCIA, previamente submetidos a avaliação 
biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e 
interdisciplinar 
Disciplinada pela LC 142/2013. 
2) cujas atividades sejam exercidas com EFETIVA EXPOSIÇÃO A 
AGENTES químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou 
associação desses agentes, vedada a caracterização por categoria 
profissional ou ocupação. 
Disciplinada pelos arts. 57 e 58 da 
Lei 8.213/91 que, quanto a este 
tema, possui status de LC. 
 
O julgado ora comentado diz respeito a essa segunda espécie de aposentadoria especial, ou seja, aquela 
concedida às pessoas que desempenhem atividades com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e 
biológicos prejudiciais à saúde. 
A explicação será dividida em duas partes: 
 
I – CONSTITUCIONALIDADE DA REGRA DO ART. 57, § 8º DA LEI 8.213/91 
Aposentadoria é cancelada se o segurado volta a desempenhar atividades com exposição a agentes nocivos 
O indivíduo que recebeu a aposentadoria especial e que, mesmo aposentado, continuou ou voltou a 
trabalhar com atividades que o exponham a agentes químicos, físicos ou biológicos prejudiciais à saúde, 
irá perder a aposentadoria. Isso está previsto no art. 57, § 8º c/c o art. 46 da Lei nº 8.213/91: 
Art. 57 (...) 
§ 8º Aplica-se o disposto no art. 46 ao segurado aposentado nos termos deste artigo que continuar 
no exercício de atividade ou operação que o sujeite aos agentes nocivos constantes da relação 
referida no art. 58 desta Lei. 
 
Art. 46. O aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à atividade terá sua 
aposentadoria automaticamente cancelada, a partir da data do retorno. 
 
Ex: João trabalhou, de 2000 a 2015, em atividades permanentes no subsolo de minerações subterrâneas. 
Segundo o Anexo IV do Decreto nº 3.048/99, se o segurado trabalhar durante 15 anos nessa atividade, ele terá 
direito a aposentadoria especial. João requereu e passou a usufruir de sua merecida aposentadoria especial. 
Ocorre que o valor dos proventos não era muito alto e seus gastos estavam cada vez maiores. Diante disso, 
ele decidiu voltar a trabalhar para complementar a renda. E voltou para aquilo que sabia fazer: trabalhar 
em atividades permanentes no subsolo de minerações subterrâneas. 
Depois de algum tempo, o INSS descobriu isso e cancelou a aposentadoria de João. 
 
Essa previsão é constitucional ou viola a liberdadede trabalho? 
O art. 57, § 8º da Lei nº 8.213/91 é constitucional. 
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Informativo 987-STF (27/08/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 18 
É constitucional a vedação de continuidade da percepção de aposentadoria especial se o beneficiário 
permanece laborando em atividade especial ou a ela retorna, seja essa atividade especial aquela que 
ensejou a aposentação precoce ou não. 
STF. Plenário. RE 791961, Rel. Dias Toffoli, julgado em 08/06/2020 (Repercussão Geral – Tema 709) (Info 
987 – clipping). 
 
Caráter protetivo 
A aposentadoria especial foi idealizada com o nítido caráter protetivo. Trata-se de um benefício 
previdenciário concedido com o objetivo de preservar a saúde, o bem-estar e a integridade do trabalhador 
submetido rotineiramente a condições de trabalho insalubres, perigosas e/ou penosas. 
 
Presunção absoluta de incapacidade 
Na aposentadoria especial, existe uma presunção absoluta de incapacidade. A aposentação se dá de forma 
precoce porque o legislador presume que, em virtude da nocividade das atividades desempenhadas, o 
trabalhador sofrerá um desgaste maior do que o normal de sua saúde. 
Em outras palavras, o tempo para aposentadoria é reduzido em relação às outras categorias porque como 
a natureza do serviço executado é muito desgastante, entendeu-se por bem que o exercente de atividade 
especial deva laborar por menos tempo. É uma forma de compensá-lo e, sobretudo, de protegê-lo. 
 
Objetivo do tempo de aposentadoria mais curto é afastar o trabalhador do ambiente insalubre 
O trabalhador recebe a aposentadoria antecipada com o objetivo de retirá-lo do ambiente insalubre e 
prejudicial a sua incolumidade física, a fim de que não tenha sua saúde prejudicada. 
Diante disso, qual seria o sentido de se permitir que o indivíduo receba a aposentadoria especial, mas 
continue a desempenhar atividade nociva? Como se nota, sob essa óptica, a previsão do art. 57, § 8º, da 
Lei nº 8.213/91, é absolutamente razoável e consentânea com a vontade do legislador. 
Desse modo, permitir o retorno do trabalhador ao labor especial é algo flagrantemente contrário à ideia 
que inspirou a instituição do benefício. 
 
Declarar a inconstitucionalidade do § 8º do art. 57 da Lei nº 8.213/91 levaria a uma violação do princípio 
da isonomia 
Declarar a inconstitucionalidade do dispositivo questionado para permitir a volta ou a continuação na 
atividade nociva implica violar o princípio da isonomia e criar odiosa forma de tratamento desigual entre 
os cidadãos. 
O trabalhador que desempenha atividade especial possui a vantagem de se aposentar bem mais cedo que 
os demais e está dispensado do fator previdenciário. 
Esse tratamento diferenciado somente se justifica pela razão de ser da aposentadoria especial: a 
necessidade de proteger a saúde do indivíduo e afastá-lo desse trabalho prejudicial. 
Ocorre que, se o beneficiário, depois de conseguir obter esse benefício, em vez de se afastar da atividade, 
continuar nela, teremos então um privilégio odioso. 
Dito em outras palavras, a aposentação é oportunizada em condições mais vantajosas, mas, em 
contrapartida, espera-se o afastamento do beneficiário do labor especial. 
 
Não se trata de uma proibição absoluta de trabalhar 
Vale ressaltar outro ponto importante: a pessoa que se aposenta na modalidade especial não fica 
impedida de trabalhar em outras atividades. Caso necessite complementar sua renda, ela poderá 
desempenhar outras atividades, desde que não sejam aquelas que causem danos excessivos à sua saúde 
e que são tratadas no art. 58 da Lei nº 8.213/91. 
Desse modo, o § 8º do art. 57 não traz uma proibição total ao trabalho após a obtenção da aposentadoria 
especial. O aposentado é absolutamente livre para laborar no que desejar, sendo colocados obstáculos 
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apenas no que tange aos serviços tidos como prejudiciais à saúde cujo desempenho justamente ensejou 
sua aposentação antecipada. 
Além disso, mesmo em relação ao labor especial, não há propriamente proibição, mas sim a colocação de 
uma escolha ao trabalhador: se ele optar por persistir na atividade, terá seu benefício suspenso. 
 
II – TERMO INICIAL DA APOSENTADORIA NA HIPÓTESE EM QUE O SEGURADO SOLICITAR A O BENEFÍCIO E 
CONTINUAR A EXERCER O LABOR ESPECIAL 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
Em 06/10/2006, Regina protocolizou requerimento administrativo no INSS pedindo a concessão de 
aposentadoria especial alegando que trabalhou durante 25 anos sujeita a condições especiais. 
A requerente juntou uma série de documentos atestando o trabalho prestado. 
Vale ressaltar que, mesmo depois de solicitar a aposentadoria, Regina continuou exercendo o labor 
especial, ou seja, continuou trabalhando exposta aos agentes nocivos. 
O INSS indeferiu o pedido. 
Regina continuou trabalhando e ajuizou ação contra o INSS no Juizado Especial Federal pedindo a 
concessão da aposentadoria. 
Em 08/11/2008, o juiz jugou o pedido procedente, condenando a autarquia a conceder a aposentadoria 
especial. Na sentença, o magistrado afirmou que, na data do requerimento administrativo (DER), a autora 
já havia preenchido os requisitos necessários. Logo, o juiz fixou a data de início do benefício (DIB) na DER, 
ou seja, em 06/10/2006. 
A importância disso está, principalmente, no pagamento das parcelas atrasadas. Como o magistrado fixou 
a DIB em 06/10/2006, a segurada terá direito de receber todas as parcelas mensais da aposentadoria de 
forma retroativa a essa data. 
 
Recurso do INSS 
O INSS recorreu unicamente contra a DIB fixada. 
No recurso, a autarquia alegou a seguinte tese: o § 8º do art. 57 da Lei nº 8.213/91 proíbe que o segurado 
receba aposentadoria especial e continue trabalhando na atividade especial; logo, não se pode dizer que 
o benefício se iniciou na DER (06/10/2006) já que a segurada continuou trabalhando até 08/11/2008. 
O pedido do INSS foi, portanto, para que se fixe como momento de início do benefício não a data de 
entrada do requerimento, mas sim o dia em que a autora efetivamente se afastou da atividade especial. 
 
Essa tese do INSS foi aceita pelo STF? 
NÃO. 
Nas hipóteses em que o segurado solicitar a aposentadoria e continuar a exercer o labor especial, a data 
de início do benefício será a data de entrada do requerimento. Essa data deverá ser considerada inclusive 
para os efeitos financeiros (recebimento dos retroativos). 
A situação se amolda ao art. 57, § 2º c/c art. 49, I, “b”, da Lei nº 8.213/91, que disciplinam a data de início 
da aposentadoria especial: 
Art. 57 (...) 
§ 2º A data de início do benefício será fixada da mesma forma que a da aposentadoria por idade, 
conforme o disposto no art. 49. 
 
Art. 49. A aposentadoria por idade será devida: 
I - ao segurado empregado, inclusive o doméstico, a partir: 
a) da data do desligamento do emprego, quando requerida até essa data ou até 90 (noventa) dias 
depois dela; ou 
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b) da data do requerimento, quando não houver desligamento do emprego ou quando for 
requerida após o prazo previsto na alínea "a"; 
II - para os demais segurados, da data da entrada do requerimento. 
 
Além disso, conforme bem explica o Min. Dias Toffoli: 
“(...) não me parece que, ocorrendo o reconhecimento do direito à aposentadoria especial ao 
trabalhador que não se afastou daquela atividade nociva, a DIB deva ser fixada na data do 
afastamento do labor e não na data do requerimento.Isso porque, julgada procedente a ação, 
subentende-se que a resistência da autarquia era, desde o requerimento, injustificada. Dito de 
outro modo, o postulante efetivamente fazia jus ao benefício desde o requerimento 
administrativo. Deverá ele ser penalizado por uma resistência imotivada do INSS, sobretudo 
quando sabidamente os processos administrativo e judicial alongam-se por tempo demasiado? 
Não é razoável exigir o afastamento do trabalho logo quando da postulação, pois entre essa e o 
eventual deferimento decorre um tempo durante o qual o indivíduo evidentemente necessita 
continuar a obter renda para seu sustento, sendo incerto, ademais, nesse primeiro momento, 
inclusive, o deferimento da aposentação. 
Quando, ao final do processo, o segurado tem seu direito à aposentadoria reconhecido e fica 
evidenciada a falta de fundamento para a resistência do INSS desde a entrada do requerimento, 
o segurado deve ser penalizado com a postergação da data de início do benefício para o momento 
em que ele se afastar da atividade?” 
 
Vale ressaltar, no entanto, que, depois de implementado o benefício, o segurado deverá parar de 
desempenhar o labor especial por causa da regra do § 8º do art. 57: 
Art. 57 (...) 
§ 8º Aplica-se o disposto no art. 46 ao segurado aposentado nos termos deste artigo que continuar 
no exercício de atividade ou operação que o sujeite aos agentes nocivos constantes da relação 
referida no art. 58 desta Lei. 
 
Art. 46. O aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à atividade terá sua 
aposentadoria automaticamente cancelada, a partir da data do retorno. 
 
Assim, se ele continuar trabalhando, a aposentadoria especial será cessada. 
Logo, em nosso exemplo, depois que a aposentadoria foi concedida para Regina, ela deverá parar de 
desempenhar o trabalho especial. 
 
A tese fixada pelo STF ficou assim redigida: 
Nas hipóteses em que o segurado solicitar a aposentadoria e continuar a exercer o labor especial, a data 
de início do benefício será a data de entrada do requerimento, remontando a esse marco, inclusive, os 
efeitos financeiros. Efetivada, contudo, seja na via administrativa, seja na judicial, a implantação do 
benefício, uma vez verificada a continuidade ou o retorno ao labor nocivo, cessará o benefício 
previdenciário em questão. 
STF. Plenário. RE 791961, Rel. Dias Toffoli, julgado em 08/06/2020 (Repercussão Geral – Tema 709) (Info 
987 – clipping). 
 
 
 
 
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DIREITO DO TRABALHO 
 
SALÁRIO-FAMÍLIA 
O requisito de baixa renda instituído para o salário-família pela EC 20/98 não se aplica para 
quem, na data da publicação da Emenda, já estava em gozo do benefício 
 
A alteração de regência constitucional do salário-família não repercute nas relações jurídicas 
existentes na data em que promulgada a Emenda Constitucional nº 20/1998. 
STF. Plenário. RE 657989, Rel. Marco Aurélio, julgado em 16/06/2020 (Repercussão Geral – Tema 
543) (Info 987 – clipping). 
 
Salário-família 
A Constituição Federal de 1988 previu, em seu art. 7º, XII, o salário-família como um dos direitos dos 
trabalhadores urbanos e rurais. 
A Emenda Constitucional 20, de 15 de dezembro de 1998, alterou esse dispositivo para dizer que o salário-
família somente seria devido aos trabalhadores de baixa renda. Veja: 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
Antes da EC 20/98 Depois da EC 20/98 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e 
rurais, além de outros que visem à melhoria de sua 
condição social: 
(...) 
XII - salário-família para os seus dependentes; 
 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e 
rurais, além de outros que visem à melhoria de sua 
condição social: 
(...) 
XII - salário-família pago em razão do dependente 
do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; 
 
Houve, portanto, uma alteração no requisito para a concessão do “salário-família”, impondo aos 
trabalhadores a condição de baixa renda para a concessão do benefício. 
 
Diante disso, indaga-se: esse requisito de baixa renda se aplica para situações anteriores à EC 20/98? 
NÃO. 
A alteração de regência constitucional do salário-família não repercute nas relações jurídicas existentes 
na data em que promulgada a Emenda Constitucional nº 20/1998. 
STF. Plenário. RE 657989, Rel. Marco Aurélio, julgado em 16/06/2020 (Repercussão Geral – Tema 543) 
(Info 987 – clipping). 
 
Situações consolidadas antes da EC 20/98 não podem ser atingidas porque deve ser observada a garantia 
do direito adquirido, que é oponível até mesmo contra o Poder Constituinte Derivado. 
Assim, as novas regras instituídas não são aplicáveis a quem, na data da publicação da Emenda, já estava 
em gozo do benefício. 
 
 
 
 
 
 
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EXERCÍCIOS 
 
Julgue os itens a seguir: 
1) É constitucional lei estadual que proíba que a Administração Pública contrate empresa cujo diretor, 
gerente ou empregado tenha sido condenado por crime ou contravenção relacionados com a prática de 
atos discriminatórios. ( ) 
2) Lei distrital não pode conferir porte de arma nem determinar o exercício de atividades de segurança 
pública a agentes e inspetores de trânsito. ( ) 
3) (PRF 2019 CEBRASPE) A segurança viária compreende a educação, a engenharia e a fiscalização de 
trânsito, vetores que asseguram ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente. ( ) 
4) (Delegado PC/SE 2018 CEBRASPE) O poder constituinte originário, ao tratar da segurança pública no 
ordenamento constitucional vigente, fez menção expressa à segurança viária, atividade exercida para a 
preservação da ordem pública, da incolumidade das pessoas e de seu patrimônio nas vias públicas. ( ) 
5) (Analista TRT7 2017 CEBRASPE) Nos termos da CF, tanto no âmbito da União quanto no dos demais entes 
federados, a segurança viária compete aos respectivos órgãos e seus agentes de trânsito, estruturados 
em carreira, na forma da lei. ( ) 
6) (Analista TRT7 2017 CEBRASPE) A partir da Emenda Constitucional nº 82/2014, a atividade de segurança 
viária passa a integrar expressamente o texto da CF, com vistas à preservação da ordem social e da 
incolumidade patrimonial nas vias urbanas. ( ) 
7) Configura difamação a conduta do agente que publica vídeo de um discurso no qual a frase completa do 
orador é editada, transmitindo a falsa ideia de que ele estava falando mal de negros e pobres. ( ) 
8) Após a Emenda Constitucional 33/2001, é constitucional a incidência de ICMS sobre operações de 
importação efetuadas por pessoa, física ou jurídica, que não se dedica habitualmente ao comércio ou à 
prestação de serviços, devendo tal tributação estar prevista em lei complementar federal. ( ) 
9) As leis estaduais editadas após a EC 33/2001 e antes da entrada em vigor da Lei Complementar 114/2002, 
com o propósito de impor o ICMS sobre a referida operação, são válidas, mas produzem efeitos somente 
a partir da vigência da LC 114/2002. ( ) 
10) Segundo entendimento atual do STF, ao imposto de renda calculado sobre os rendimentos do ano-base, 
aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração. ( ) 
11) É constitucional a vedação de continuidade da percepção de aposentadoria especial se o beneficiário 
permanece laborando em atividade especial ou a ela retorna, seja essa atividade especial aquela que 
ensejou a aposentação precoce ou não. ( ) 
12) Nas hipóteses em que o segurado solicitar a aposentadoria e continuar a exercer o labor especial, a data 
de início do benefício será a data de entrada do requerimento, remontando a esse marco,inclusive, os 
efeitos financeiros. Efetivada, contudo, seja na via administrativa, seja na judicial, a implantação do 
benefício, uma vez verificada a continuidade ou o retorno ao labor nocivo, cessará o benefício 
previdenciário em questão. ( ) 
 
Gabarito 
1. E 2. C 3. C 4. E 5. E 6. E 7. C 8. C 9. C 10. E 11. C 12. C 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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OUTRAS INFORMAÇÕES 
 
 
Sessões Ordinárias Extraordinárias Julgamentos Julgamentos por meio 
eletrônico* 
 Em curso Finalizados 
Pleno 19.8.2020 20.8.2020 — 1 437 
1ª Turma 18.8.2020 — 1 2 417 
2ª Turma 18.8.2020 — 3 3 378 
 
* Emenda Regimental 52/2019-STF. Sessão virtual 14 a 21 de agosto de 2019. 
 
CLIPPING DAS SESSÕES VIRTUAIS 
DJE DE 17 A 21 DE AGOSTO DE 2020 
 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 2.974 
RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO 
Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou procedente o pedido formulado na ação direta, para declarar a 
inconstitucionalidade da Instrução Normativa nº 8, aprovada mediante a Resolução nº 61, de 22 de agosto de 1996, do 
Tribunal Superior do Trabalho, nos termos do voto do Relator, vencidos o Ministro Roberto Barroso, que julgava 
improcedentes os pedidos, e o Ministro Gilmar Mendes, que declarava a inconstitucionalidade da IN nº 8/96, porém por 
outros fundamentos. Não participou deste julgamento, por motivo de licença médica, o Ministro Dias Toffoli (Presidente). 
Plenário, Sessão Virtual de 29.5.2020 a 5.6.2020. 
TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO – CARGOS DE DIREÇÃO E SUBSTITUIÇÃO – ELEIÇÃO. A escolha 
dos dirigentes é atribuição privativa do Tribunal, nos termos do artigo 96, inciso I, alínea “a”, da Constituição Federal. 
TRIBUNAL REGIONAL – ORGANIZAÇÃO – AUTONOMIA – VIOLAÇÃO. Surge inconstitucional norma do 
Tribunal Superior do Trabalho a disciplinar organização de tribunal regional. 
 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 3.092 
RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO 
Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou procedente o pedido formulado na ação direta para declarar a 
inconstitucionalidade da Lei n° 10.218, de 12 de fevereiro de 1999, do Estado de São Paulo, nos termos do voto do 
Relator, vencidos os Ministros Edson Fachin e Rosa Weber. O Ministro Roberto Barroso acompanhou o Relator com 
ressalvas. Plenário, Sessão Virtual de 12.6.2020 a 19.6.2020. 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – PROIBIÇÃO DE CONTRATAR – EMPRESA – QUADRO – CRIME OU 
CONTRAVENÇÃO – ATOS DISCRIMINATÓRIOS – CONDENADO. Surge inconstitucional vedação, à 
Administração Pública, de contratação de empresa cujo quadro seja integrado por pessoa condenada ante a prática de 
crime ou contravenção envolvendo atos discriminatórios, considerada a inobservância ao princípio da 
intransmissibilidade da pena e ao artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal. 
 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 3.538 
RELATOR: MIN. GILMAR MENDES 
Decisão: Após o voto dos Senhores Ministros Gilmar Mendes (Relator) e Sepúlveda Pertence, julgando procedente a ação 
direta, pediu vista dos autos a Senhora Ministra Cármen Lúcia. Ausentes, justificadamente, a Senhora Ministra Ellen 
Gracie (Presidente) e o Senhor Ministro Celso de Mello e, neste julgamento, o Senhor Ministro Eros Grau. Falaram, pelo 
requerente, o Dr. José Guilherme Kliemann, Procurador do Estado e, pela amicus curiae, o Dr. José Vecchio Filho. 
Presidência do Senhor Ministro Gilmar Mendes (Vice-Presidente). Plenário, 18.06.2007. 
Decisão: Após o voto-vista da Ministra Cármen Lúcia, julgando procedente o pedido formulado, acompanhando o 
Relator, para declarar a inconstitucionalidade da Lei nº 12.299/2005, do Estado do Rio Grande do Sul, pediu vista dos 
autos o Ministro Roberto Barroso. Presidência do Ministro Ricardo Lewandowski. Plenário, 28.05.2015. 
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, julgou procedente o pedido formulado na ação direta para declarar a 
inconstitucionalidade da Lei n. 12.299, de 27 de junho de 2005, do Estado do Rio Grande do Sul, nos termos do voto do 
Relator. Não votou o Ministro Dias Toffoli (Presidente), sucessor do Ministro Sepúlveda Pertence. Plenário, Sessão 
Virtual de 15.5.2020 a 21.5.2020. 
Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Lei 12.299 de 2005 do Estado do Rio Grande do Sul que concedeu reajuste de 
vencimentos aos servidores do Poder Judiciário. 3. Revisão Geral Anual. Iniciativa Privativa do Chefe do Poder 
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Informativo 987-STF (27/08/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 24 
Executivo. 4. Lei de iniciativa do Tribunal de Justiça local. Inconstitucionalidade. Violação aos arts. 37, X, e 61, §1º, II, 
a, da Constituição Federal. 5. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente. 
 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 3.996 
RELATOR: MIN. LUIZ FUX 
Decisão: O Tribunal, por maioria, conheceu da ação direta e julgou procedente o pedido para declarar a 
inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 2.176/1998; do inciso XVIII do artigo 2º da Lei nº 2.990/2002; e do artigo 5º 
da Lei nº 3.190/2003, todas do Distrito Federal, bem como dos trechos "armamento e tiro" do § 4º do artigo 4º e "é 
atividade de Segurança Pública para todos os efeitos" do artigo 11 da Lei distrital nº 2.990/2002, nos termos do voto do 
Relator, vencidos parcialmente os Ministros Edson Fachin e Gilmar Mendes. O Ministro Marco Aurélio acompanhou o 
Relator com ressalvas. Não participou deste julgamento, por motivo de licença médica no início da sessão, o Ministro 
Celso de Mello (art. 2º, § 5º, da Res. 642/2019). Plenário, Sessão Virtual de 3.4.2020 a 14.4.2020. 
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 1º DA LEI 2.176/1998; ARTIGOS 2º, XVIII, 
4º, § 4º, E 11 DA LEI 2.990/2002; E ARTIGO 5º DA LEI 3.190/2003, TODAS DO DISTRITO FEDERAL. 
ATRIBUIÇÃO DE PORTE DE ARMA E DE EXERCÍCIO DE ATIVIDADES DE SEGURANÇA PÚBLICA A 
AGENTES DE TRÂNSITO, COM A CORRELATA OBRIGAÇÃO DE FORNECIMENTO DE ARMAS DE FOGO 
PELO DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO A SEUS AGENTES. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL. 
COMPETÊNCIA DA UNIÃO PARA DEFINIR OS REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DO PORTE DE ARMA DE 
FOGO E OS POSSÍVEIS TITULARES DE TAL DIREITO (ARTIGOS 21, VI; E 22, I, DA CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL). INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL. TAXATIVIDADE DO ROL DOS ÓRGÃOS 
ENCARREGADOS DA SEGURANÇA PÚBLICA, CONTIDOS NO ARTIGO 144 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE CONHECIDA E JULGADO PROCEDENTE O PEDIDO. 1. O 
porte de arma de fogo não constitui ilícito penal nas hipóteses previstas em lei federal, porquanto compete à União legislar 
privativamente sobre Direito Penal, bem como autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico, o que 
alcança a disciplina do porte de armas de fogo (artigos 21, VI, e 22, I, da Constituição Federal). Precedentes: ADI 4.962, 
Rel. Min. Alexandre de Moraes, Plenário, DJe de 25/4/2018; ADI 5.010, Rel. Min. Cármen Lúcia, Plenário, julgado em 
1º/8/2018; ADI 2.729, Rel. Min. Eros Grau, Plenário, DJe de 12/2/2014. 2. O porte de arma de fogo e os seus possíveis 
titulares, porque afetos a políticas de segurança pública de âmbito nacional, possuem requisitos que cabe à União regular, 
inclusive no que se refere a servidores públicos estaduais ou municipais, em prol da uniformidade da regulamentação do 
tema no país. 3. In casu, a) o artigo 1º da Lei distrital 2.176/1998 alterou o artigo 8º da Lei distrital 1.398/1997 para incluir 
os agentes e inspetores de trânsito do Departamento de Trânsito do Distrito Federal no rol dos servidores públicos isentos 
da obrigação de obter autorização para o porte de armas de fogo de uso permitido; b) o § 4º do artigo 4º da Lei distrital 
2.990/2002

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