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1 Unidade - 01 Fenômenos de Transporte I Introdução a Mecânica dos Fluidos e Sistemas de Unidades 2 1. Introdução á mecânica dos fluídos 1.1. Definição de um Fluido A mecânica dos fluídos é a ciência que estuda o comportamento dos fluídos em movimento denominado de “Dinâmica dos fluídos” ou em repouso “Estática dos fluídos” e dos respectivos efeitos dos fluídos sobre os contornos, que podem ser superfícies sólidas ou interfaces com outros fluídos. Gases e líquidos são classificados e denominados como fluidos e a definição de um fluído é introduzida, normalmente pela comparação com um sólido, ou seja, a definição mais elementar diz que: “Um fluído é uma substância que não tem uma forma própria e assume o formato do recipiente que o contem.” A Figura abaixo ilustra o significado deste enunciado. A análise a nível molecular entre os sólidos e os fluidos (Líquidos e gases) pode ser exemplificado na Figura abaixo e nos mostra que: Nos sólidos: As moléculas são arranjadas num padrão que se repete por todo o sólido e devido à pequena distância entre as moléculas, as forças de atração entre elas são maiores que nos líquidos e mantém as moléculas em posições estáveis e fixas; Nos líquidos: Grupos de moléculas movem-se uma em relação às outras, mas o volume permanece relativamente constante devido às forças fortes de coesão entre moléculas. Como resultado, o líquido toma o a forma do recipiente no qual está contido. Nos gases: As moléculas são distantes umas das outras e não existe ordem molecular. As moléculas de um gás movem-se aleatoriamente colidindo-se uma com as outras e as paredes do recipiente em que estão contidas. As forças de coesão são muito pequenas e um gás expande-se até ocupar todo o volume do recipiente no qual está contido. Figura 01 - Diferença entre um sólido, um líquido e um gás Figura 02 – Diferença entre um sólido, um líquido e um gás 3 A definição analítica de um fluido pode ser obtida na capacidade uma substância em resistir a uma tensão de cisalhamento aplicada que tende a mudar a sua forma. A diferença clássica entre um sólido e um fluído é que uma substância sólida também se deforma quando uma tensão de cisalhamento é aplicada, mas não se deforma de forma contínua como é o caso dos fluidos, ou seja, um fluído é uma substância que se deforma continuamente sob a aplicação de uma tensão de cisalhamento, por menor que seja a sua intensidade. 1.2. Aplicações da Mecânica dos Fluídos Segue exemplos de aplicações da mecânica dos fluídos: Bombas, turbinas, ventiladores; Escoamento de fluídos no interior de dutos; Moinho de vento; Filtros; Motores; Embarcações; Avião, jatos e mísseis; Dentre outros Transporte Medicina 4 Meio Ambiente / Clima Esporte 5 Aplicações Diversas 6 1.3. O Estudo da Mecânica dos Fluídos O estudo da mecânica dos fluídos são baseadas nas leis básicas da física e mecânica, tais como: Conservação de massa Segunda lei de Newton Quantidade de movimento e energia Equação de Navier - Stokes Equação de Euler Equação de Bernoulli Primeira lei da termodinâmica Segunda lei da termodinâmica Equação dos Gases Perfeitos Dentre outros O estudo da mecânica dos fluídos é um compromisso entre a teoria e a respectiva comprovação experimental desta teoria. No caso da mecânica dos fluídos os principais obstáculos à validade de uma teoria são a geometria e a viscosidade. Somado às duas variáveis citadas as equações básicas dos fluídos em movimento são bastante complexas. Portanto do ponto de vista da geometria a análise e estudo dos fluídos para configurações aleatórias é bastante difícil. Por outro lado a viscosidade representa uma componente desestabilizadora ao escoamento dos fluídos e premissas simplificadoras são largamente utilizadas para simplificar as equações e formulações do escoamento dos fluídos. Os livros textos apresentam inúmeras formulações teóricas para geometrias simples e respectivas simplificações da viscosidade no escoamento dos fluídos que teremos a oportunidade de estar discutindo. A literatura apresenta várias técnicas de solução de problemas de mecânica dos fluidos envolvendo: Soluções analíticas, soluções numéricas e computacionais. Entretanto é muito importante no estudo da mecânica dos fluidos a comprovação e validação experimental dos modelos analíticos e numéricos computacionais. Solução Analítica: Desenvolvimento da Camada Limite no Interior de um Tubo 7 Solução Computacional: Simulação de Jato Turbulento Solução Experimental: Laboratório de Hidráulica / Túnel de vento Solução Experimental: Laboratório de Hidráulica / Túnel de vento 8 1.4. Personagens na História da Mecânica dos Fluídos Os cientistas acima citados foram os primeiros a aplicar o método cientifico ao estudo dos fluidos quando investigaram a distribuição de pressão hidrostática e do vácuo, posteriormente refinado e complementado por Pascal. Benedetto Castelli, monge italiano foi o primeiro cientista a publicar um enunciado do principio da continuidade dos fluidos. Isac Newton, por sua vez, alem de formular as equações de movimento dos sólidos, aplicou suas leis para os fluidos e analisou a inércia e resistência dos fluidos, jatos livres e viscosidade. Juntos Daniel Bernoulli e Leonard Euler definiram as equações de energia e momento. Por fim, Jean d´Alembert desenvolveu idéias de componentes de velocidade e aceleração para os fluidos. Devido a dificuldade de quantificar as propriedades e parâmetros dos fluidos e considerando que a maior parte das teorias até então serem relativamente abstratas e não podiam ser quantificadas para utilização em projetos, o desenvolvimento da mecânica dos fluidos até o final do século XVIII teve pouco impacto na engenharia de uma forma geral. A teoria mais antiga da mecânica dos fluidos é creditada ao matemático grego ARQUIMEDES. Ele formulou e aplicou o principio do empuxo no primeiro teste não destrutivo da história da humanidade para determinaro teor de ouro da coroa do Rei HIERO I. Simon Stevin Galileo Galilei Edme Mariotte Evangelista Torricelli Blaise Pascal (1548 – 1617) (1564 – 1642) (1620 – 1684) (1608 – 1684) (1623 – 1662) Arquimedes (285 – 212 a.C) Benedetto Castelli Isac Newton Daniel Bernoulli Leonard Euler Jean d´Alembert (1577 – 1644) (1643 – 1727) (1700 – 1782) (1707 – 1783) (1717 – 1789) Entretanto com o desenvolvimento da Escola de Engenharia Francesa liderada por Riche de Prony e junto com seus colegas da Escola de Politécnica de Paris grandes avanços ocorreram na época no estudo da mecânica dos fluidos. Eles foram os primeiros a incluir o cálculo e a teoria cientifica no currículo de engenharia, que se tornou o modelo para o resto do mundo. 9 Grandes nomes no estudo da mecânica dos fluidos deram sua contribuição nesta época, conforme citado abaixo: Navier formulou a teoria da elasticidade geral, em uma forma matematicamente utilizável e estabeleceu o módulo de elasticidade como sendo uma propriedade dos materiais, independente do segundo momento de área. Navier é por isso frequentemente considerado como o pai da análise estrutural. Sua maior contribuição, entretanto, foram as Equações de Navier-Stokes, fundamentais para a mecânica dos fluidos. Louis Navier (1785 – 1836) A força de Coriolis foi descoberta pelo físico e matemático Garpard Coriolis. Esta força é uma força fictícia por vezes usada para simplificar cálculos que envolvam sistemas rotativos, tais como o movimento do ar, da água e de projéteis acima da superfície da Terra em rotação. Outra conseqüência prática da força de Coriolis é a que acontece com os ventos dos anticiclones que não se encontram orientados em linha reta para o centro para o centro, partindo dele, mas circundando-o de tal maneira que no hemisfério norte é para a direita e no hemisfério sul tem um sentido de rotação oposto. Gaspard Coriolis (1792 - 1843) Henry Darcy e Julius Weisbach modificaram e aperfeiçoaram as equações de Riche de Prony para calcular perda de carga devido ao atrito devido ao escoamento de fluidos no interior de tubulações. Ainda hoje, de grande uso para calculo de perda de carga em dutos. Henry Darcy Julius Weisbach (1803 – 1858) (1806 – 1871) Jean Poiseuille Gotthilf Hagen Osborne Reynolds George Stokes William Froude (1799 – 1869) (1797 – 1884) (1842 – 1912) (1819 – 1903) (1810 – 1879) James Francis Lester Pelton Clemens Herschel Lord Kelvin Lord Rayleigh (1815 – 1892) (1829 – 1908) (1842 – 1930) (1824 – 1907) (1842 – 1919) 10 De meados para o fim do século XIX, avanços importantes e fundamentais chegavam de várias frentes de pesquisas, tais como: Jean Poiseuille mediu com precisão o escoamento em tubos capilares de vários fluidos; Gotthilf Hagen definiu a diferença entre escoamento laminar e turbulento em tubulações; Osborne Reynolds continuando o trabalho de Gotthilf Hagen e desenvolveu o número adimensional que leva o seu nome; George Stokes em paralelo em paralelo com Louis Navier completou as equações de movimento dos fluidos com atrito que recebeu o nome de Equação de NAVIER-STOKES; William Froude mostrou e comprovou o valor de testes dos modelos físicos; James Francis e Lester Pelton desenvolveram respectivamente as turbinas hidráulicas Francis e Pelton. Estas turbinas são muito utilizadas nas usinas hidroelétricas. Clemens Herschel desenvolveu o medidor de vazão Venturi Lord Kelvin e Rayleigh um grande numero de problemas tais como análise dimensional, escoamento irrotacional, movimento dos vórtices e ondas. Finalmente, os meados do século XX são considerados a época de ouro da aplicação da mecânica dos fluidos já que as teorias desenvolvidas e existentes eram adequadas ao avanço e da continuidade das pesquisas nesta área da engenharia. Com o advento dos computadores de grande capacidade para resolver para resolver problemas complexos vimos um imenso avanço e crescimento na aeronáutica, recursos hidráulicos, aerodinâmica, dentre outros 11 2. Sistema de Unidades Em mecânica dos fluidos o sistema normalmente adotado será o SI – Sistema Internacional e/ou BG – Sistema Inglês. Em ambos os sistemas quatro são as dimensões primárias: Massa, comprimento, tempo e temperatura. Todas as outras dimensões, denominadas de secundárias, serão derivadas destas quatro citadas. 2.1. Dimensões Primárias no Sistema Internacional (SI) e Sistema Inglês (BG) Dimensões Primárias SI BG Massa (M) Kilograma (kg) Slug Comprimento (L) Metro (m) Pé (ft) Tempo (T) Segundo (s) Segundo (s) Temperatura () Kelvin (K) Rankine (R) 2.2. Dimensões secundárias Da segunda lei de Newton pode se definir a mais importante dimensão secundária: maF F 2MLT Assim define-se respectivamente a dimensão secundária força no Sistema Internacional e no Sistema Inglês como: No Sistema Internacional por definição 1 Newton Força = N1 = 21 s mkg No Sistema Inglês por definição 1 Libra Força = lbf1 = ss ft slug1 Segue abaixo quadro com algumas dimensões secundárias importantes: Principais Dimensões Secundárias no Sistema Internacional (SI) e Sistema Inglês (BG) Dimensões Segundárias SI BG Força { MLT2 } N lbf Área { M2 } m 2 ft 2 Volume { M3 } m 3 ft 3 Velocidade { LT-1 } m/s ft/s Aceleração{ LT-2 } m/s 2 ft/s 2 Pressão ou Tensão { ML-1 T-2 } Pa=N/ m 2 lbf/ ft 2 Velocidade Angular { T-1 } s -1 s -1 Energia, Calor, Trabalho { ML2 T-2 } J = N . m ft . lbf Potência { ML2 T-2 } W = j/s ft . lbf/s Massa específica { ML-3 } Kg/m 3 slug/ ft 3 Viscosidade { ML-1 T-1 } Kg/(m . s) slug/(ft . s) Calor específico { L2 T-2 -1 } m 2 /( s 2 . K) ft 2 /( s 2 . R) 12 Segue abaixo prefixos utilizados no Sistema Internacional – SI: Prefixos utilizados no Sistema Internacional - SI Múltiplos Submultiplos Fator Nome Simbolo Fator Nome Simbolo 10 24 yota Y 10 -1 deci d 10 21 zeta Z 10 -2 centi c 10 18 exa E 10 -3 mili m 10 15 peta P 10 -6 micro μ 10 12 tera T 10 -9 nano n 10 9 giga G 10 -12 pico p 10 6 mega M 10 -15 femto f 10 3 kilo * k 10 -18 ato a 10 2 hecto h 10 -21 zepto z 10 1 deca da 10 -24 yocto y 2.3. Tabelas de Conversão de Unidades Segue abaixo algumas tabelas de conversão de unidades importantes do Sistema Internacional para o Sistema Inglês e Vice-Versa: 2.3.1. Unidades de massa Unidades de Massa Libra massa (lbm) slug Kilograma (kg)1 0,03108 0,4536 32,1740 1 14,5939 2,2046 0,06852 1 21,6170 0,67197 9,80665 2.3.2 Unidades de força Unidades de Força Libra Força (lbf) Newton (N) Kilograma-Força (kgf) 0,0311 0,1383 0,0141 1 4,4482 0,4536 0,2248 1 0,1020 2,2046 9,8067 1 13 2.3.3. Unidades de temperatura T(k) = T(C) + 273,15 T(R) = T(F) + 459,67 T(F) = 1,8 T(C) + 32 T(R) = 1,8 T(K) T(R) = 0,8 T(C) 2.3.4. Unidades de comprimento Unidade de Comprimento Metro (m) Centímetro (cm) Pé (ft) Polegada (in) 1 100 3,2808 39,3696 10 -2 1 0,0328 0,3937 0,3048 30,48 1 12 0,0254 2,54 0,0833 1 2.3.5. Unidades de massa específica Unidade de Massa Específica kg/m 3 g/m 3 lbm/ft 3 lbm/in 3 1 0,001 6,243 x 10 -2 3,613 x 10 -5 1000 1 62,428 3,613 x 10 -2 16,018 1,602 x 10 -2 1 5,787 x 10 -4 2,768 x 10 4 27,682 1728 1 2.3.6. Unidade de velocidade Unidades de Velocidade ft/s Km/h m/s 1 1,097 0,3048 0,911 1 0,2778 3,281 3,6 1 2.3.7. Unidades de viscosidade dinâmica Unidade de Viscosidade Dinâmica pa.s kgf.s/m 2 lbm/ft.s lbf.s/ft 2 cp 1 0,102 0,672 0,021 10 3 9,807 1 6,590 0,205 9,087 1,488 0,152 1 0,031 1,488 47,880 4,822 32,174 1 4,788 x 10 4 10 -3 1,02 x 10 -4 6,72 x 10 -4 2,09 x 10 -5 1 14 2.3.8. Unidades de pressão Unidade de Pressão Pa=N/m 2 kgf/cm 2 bar psi=lbf/in 2 atm torr=mmHg mmh2o inHg 1 1,0194 x 10 -5 10 -5 1,45 x 10 -4 9,869 x 10 -6 7,50 x 10 -3 0,102 2,953 x 10 -4 9,807 x 10 4 1 0,981 14,223 0,968 735,570 10 4 28,951 10 5 1,0194 1 14,504 0,987 750,061 1,02 x 10 4 29,530 6,895 x 10 3 0,0703 0,069 1 0,068 51,715 703 2,036 1,013 x 10 5 1,0328 1,013 14,696 1 760 10330 29,921 1,333 x 10 2 0,0014 1,333 x 10 -3 0,019 0,132 x 10 -2 1 13,6 3,937 x 10 -2 9,807 10 -4 9,807 x 10 -5 1,42 x 10 -3 0,968 x 10 -4 0,0735 1 2,894 x 10 -3 3,387 x 10 3 3,4540 x 10 -2 0,034 0,491 3,343 x 10 -2 25,40 345,354 1 2.3.9. Unidades de energia Unidades de Energia J = N.m Cal Btu hp.h ft.lbf kwh 1 0,239 9,481 x 10 -4 3,725 x 10 -7 0,738 2,778 x 10 -7 4,184 1 3,968 x 10 -3 1,559 x 10 -6 3,086 1,163 x 10 -6 1,055 x 10 3 2,520 x 10 2 1 3,929 x 10 -4 7,782 x 10 2 2,930 x 10 -4 2,685 x 10 6 6,416 x 10 5 2,545 x 10 3 1 1,980 x 10 6 7,457 x 10 -1 1,356 0,324 1,285 x 10 -3 5,051 x 10 -7 1 3,766 x 10 -7 3,600 x 10 6 8,606 x 10 5 3,413 x 10 3 1,341 2,665 x 10 6 1 2.3.10. Unidades de potência Unidades de Potencia cal/s J/s kw Ft.lbf/s Btu/h hp 1 4,184 4,184 x 10 -3 3,087 14,290 5,613 x 10 -3 0,239 1 0,001 0,738 3,413 1,341 x 10 -3 239,006 1000 1 737,560 3413 1,341 0,324 1,356 1,356 x 10 -3 1 4,268 1,818 x 10 -3 0,070 0,293 2,930 x 10 -4 0,216 1 3,929 x 10 -4 178,154 7,457 x 10 2 0,746 550 2545 1 2.3.11. Unidades de volume Unidades de Volume in 3 ft 3 gal L m 3 1 5,787 x 10 -4 4,329 x 10 -3 1,639 x 10 -2 1,639 x 10 -5 1728 1 7,481 28,320 2,832 x 10 -2 2,310 x 10 2 1,337 x 10 -1 1 3,785 3,785 x 10 -3 6,102 x 10 1 3,531 x 10 -2 0,2642 1 1,000 x 10 -3 6,102 x 10 4 35,310 264,200 1000 1 2.3.12. Unidades de área Unidades de Área m 2 cm 2 ft 2 in 2 1 10 4 10,76 1550 10 -4 1 1,076 x 10 -3 0,155 9,290 x 10 -2 929,0 1 144 6,452 x 10 -4 6,452 6,944 x 10 -3 1
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