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RESUMO PROVA DE PATOLOGIA GERAL CAUSAS DE AGRESSÃO CELULAR Privação de oxigênio: A hipóxia é uma das causas mais comuns e importantes de lesão e morte celular. Hipóxia é a redução parcial nas concentrações de oxigênio fornecidas às células e tecidos; uma completa redução denomina-se anóxia. O oxigênio é criticamente importante para a fosforilação oxidativa, principalmente nas células altamente especializadas, como neurônios, hepatócitos, miócitos cardíacos e células dos túbulos renais. A hipóxia pode ser resultante de uma oxigenação inadequada do sangue como resultado de insuficiência cardíaca ou respiratória, perda ou redução da perfusão sanguínea (isquemia), redução no transporte de oxigênio no sangue e bloqueio das enzimas respiratórias celulares. Agentes físicos: traumatismo, calor ou frio extremo, radiação e energia elétrica. Agentes infecciosos Distúrbios nutricionais Distúrbios energéticos Distúrbios químicos Distúrbios imunológicos Idade MECANISMOS BIOQUÍMICOS DA LESÃO A privação de glicose/ carboidrato resulta numa queda de ATP. Essa queda de ATP causa aumento da glicólise (resultando em queda do pH, queda de glicogênio, aglomeração da cromatina nuclear, liberação intracelular e ativação de enzimas lisossômicas – causando alterações nucleares e digestão de proteínas); diminuição da bomba de sódio (aumento do influxo de cálcio, água e sódio, efluxo de potássio – resultando na tumefação celular, perda de microvilosidades, bolhas, tumefação do retículo endoplasmático, figura de mielina); e outros efeitos que resultam no desprendimento de ribossomos, diminuição da síntese proteica e acúmulo de lipídios. Lesão na membrana ocorre por perda de fosfolipídios, alterações do citoesqueleto, radicais livres, degradação lipídica entre outros. Isso resulta em aumento do vazamento de enzimas e do influxo de cálcio. Se a lesão ocorrer na mitocôndria vai causar morte celular pela queda de ATP e perda das funções celulares dependentes de energia. Caso aconteça no lisossomo há digestão enzimática de componentes celulares. E no caso da lesão da membrana plasmática há perda de conteúdos celulares. A lesão no DNA pode acelerar a apoptose da célula (morte programada quando o “tempo de vida” da célula acaba / mecanismo fisiológico). A agressão a esse DNA pode provocar excesso de proteínas dentro da célula, resultando na morte celular. ATROFIA É a diminuição no tamanho ou no volume de uma célula, tecido ou órgãos, após o crescimento normal ter sido atingido. Essa diminuição é por perda de organelas (autofagia), sendo que a água não está inclusa nesse conceito. Pode afetar qualquer órgão ou parte dele. É uma alteração regressiva normalmente devido à lesão gradual e contínua. Algumas causas e exemplos de atrofia são: Deficiência de suprimento nutritivo. Inanição e principalmente diminuição do suprimento sanguíneo. Por exemplo, atrofia hepática resultante da diminuição do fluxo sanguíneo pela veia porta. Carga de trabalho diminuída. Por exemplo, atrofia de fibras musculares em pessoas sedentárias. Desuso. Músculos de um membro que fica imobilizado se atrofiam. Denervação. Fibras musculares diminuem em tamanho se o nervo é cortado. Pressão. Atrofia, degeneração e necrose ocorrem adjacentes ao tumor devido à compressão e comprometimento do suprimento sanguíneo. Perda da estimulação endócrina. Atrofia da zona fasciculada da adrenal devido a terapia esteroide prolongada. A patogênese da atrofia envolve um ambiente adverso. As células regridem a um tamanho celular menor e sobrevivem, mas com função diminuída. A causa mais comum é nutrição celular inadequada por qualquer razão. A atrofia pode ser solucionada se a causa for removida. Ela pode persistir estável, com ou sem prejuízo ao organismo, ou pode progredir. Os órgãos macroscopicamente atrofiados têm uma diminuição do peso e volume, podem apresentar membrana de revestimento solta, possuem vasos sanguíneos tortuosos e muito grandes para o volume tecidual, e geralmente são mais firmes devido à fibrose. Microscopicamente as células são menores. Ultraestruturalmente há menos mitocôndrias, RE e miofilamentos (músculo), e geralmente há aumento do número de vacúolos autofágicos e talvez de lipofuscina (pigmento depositado na célula que serve para detectar o tempo de vida celular). HIPERTROFIA Em uma hipertrofia simples, o número de células não aumenta. As células sintetizam mais organelas e ocorre o aumento do volume celular. A arquitetura histológica do órgão é normal, mas as células são maiores. Acontece mais em células com baixo índice mitótico. É muito comum em músculo estriado. As causas da hipertrofia normalmente envolvem a demanda de função aumentada. A hipertrofia fisiológica é um resultado comum e esperado após o trabalho. A hipertrofia compensatória é uma resposta à perda de uma parte de um órgão ou de um dos pares de órgão ou de uma obstrução de lúmen de um órgão muscular oco. Por exemplo, a hipertrofia ocorre em um rim após a perda do rim oposto. O termo hipertrofia é usado na patologia macroscópica para descrever lesões que envolvem aumento macroscópico de um órgão, independentemente da causa. HIPERPLASIA O fato de a hiperplasia ser um aumento no número das células implica aumento da divisão mitótica. A hiperplasia aumenta o tamanho de um tecido, um órgão ou parte dele, e pode aparecer macroscopicamente como hipertrofia. Ela é uma alteração comum. Microscopicamente, as células parecem com células normais, mas estão aumentadas em número. As células hiperplásicas também podem estar aumentadas em tamanho. Células lábeis - aquelas que rotineiramente proliferam em circunstâncias normais, como as da epiderme, epitélio intestinal e medula óssea – se tornam hiperplásicas rapidamente. A hiperplasia é tradicionalmente dividida em hiperplasia fisiológica e hiperplasia patológica. A hiperplasia fisiológica é normalmente hormonal ou compensatória. A hiperplasia hormonal inclui condições como a proliferação epitelial da glândula mamária aumentada antes da lactação e o aumento do útero gravídico. A hiperplasia compensatória, ou regeneração, ocorre após a perda de uma parte de um órgão. Por exemplo, caso a pele seja esfoliada, a camada basal da epiderme sofre mitoses para regenera as camadas superficiais. A hiperplasia patológica é normalmente causada por estimulação hormonal excessiva das células-alvo ou por irritação crônica. É comum ocorrer hiperplasia endometrial cística no útero das cadelas como resultado da influência prolongada da progesterona. Microscopicamente, há aumento do número de células epiteliais no interior de glândulas sobre a superfície luminal. A mucosa se espessa e pode reter ou impedir a saída de secreções, causando dilatação de glândulas e formação de cistos na mucosa. O processo é reversível caso o estímulo seja removido. A hiperplasia patológica pode levar ao aumento difuso de um órgão, ou ser localizada como uma hiperplasia nodular. A hiperplasia nodular pode ocorrer sem causa determinada e pode estar presente no baço, fígado e pâncreas de cães idosos. A hiperplasia, principalmente a nodular, deve ser diferenciada de neoplasia. METAPLASIA A metaplasia é uma alteração reversível na qual um tipo celular adulto é substituído por outro tipo celular adulto de uma mesma linhagem germinativa. Normalmente um epitélio especializado é substituído por um epitélio menos especializado. Um tipo celular adulto não se transforma em outro tipo celular adulto. É o estoque de células menos diferenciadas ou células-tronco que se diferenciam ao longo de uma linhagem diferente. Por exemplo, em fumantes, a irritação crônica do epitéliocolunar ciliado normal da traqueia e árvore traqueobrônquica faz com que este seja substituído por áreas focais ou difusas de epitélio escamoso estratificado (mais resistentes à lesão, porém são menos protetoras aos pulmões, e, como lhes faltam cílios, ocorre diminuição na remoção de muco). A metaplasia é geralmente, mas não sempre, uma alteração adaptativa para resistir às condições ambientais adversas e é reversível se a causa for removida. Entretanto pode ser pré-neoplásica, por exemplo, em pulmões de fumantes, onde ela aparece antes da transformação em carcinoma das células escamosas. Metaplasia ocorre em alguns tumores, como tumores mistos de glândula mamária de cães. DISPLASIA É o desenvolvimento anormal de células, mesmo depois de atingir o estado adulto, passando a apresentar atipias celulares. Há proliferação celular com redução ou perda de diferenciação. Ocorrência geralmente em epitélios. TUMEFAÇÃO CELULAR AGUDA ou DEGENERAÇÃO HIDRÓPICA A tumefação celular, também denominada de degeneração hidrópica, é a expressão da lesão celular mais comum e fundamental. Manifesta-se como aumento do tamanho e volume celular a partir de uma sobrecarga de água, causada pela falência da célula em manter sua homeostasia normal e regular a entrada e saída de água. É acompanhada pela modificação e degeneração das organelas. Os mecanismos responsáveis pela tumefação celular aguda normalmente envolvem lesão das membranas celulares, insuficiência na produção de energia celular ou lesão das enzimas que regulam os canais iônicos das membranas. A tumefação celular ocorre em resposta à perda da homeostase celular secundária a lesões mecânicas, por hipoxia, tócias, por radicais livres, virais, bacterianas e imunomediadas. As alterações funcionais e morfológicas começam com o influxo aumentado de água e evoluem com a desintegração difusa de organelas e proteínas citoplasmáticas. A tumefação celular deve ser distinguida de aumento de volume celular (hipertrofia), que é causado por aumento de organelas normais. Os órgãos compostos por células tumefeitas são maiores e mais pesados que o normal e com coloração pálida. O parênquima de órgãos tumefeitos, como rins e fígado, pode apresentar protusão pequena por debaixo da cápsula quando incisados. Devido ao aumento da quantidade de água intracelular, a gravidade específica dos tecidos alterados é levemente menor que aquela dos tecidos normais. Controle do volume celular normal e mecanismos de tumefação celular aguda Nas células normais, a energia proveniente do ATP conduz as bombas de íons Na+ - K+ presentes no interior das membranas celulares a levar continuamente Na+ para fora da célula, em troca do K+ que entra na célula. Para cada molécula de ATP usada, a bomba move 3 Na+ para fora e 2 K+ para dentro da célula. Desse modo a bomba de íons mantém os gradientes iônicos transmembrana necessários para o funcionamento normal de nervos e músculos. Devido ao movimento passivo da água através das membranas celulares em resposta ao gradiente de pressão osmótica produzido pelo Na+ e proteínas, a bomba Na+ - K+ é a chave para a regulação da água intracelular. Lesão por hipoxia resultando em tumefação celular aguda A hipoxia é provavelmente a causa fundamental mais importante da tumefação celular aguda. A lesão celular induzida por hipoxia é resultante de qualquer alteração no transporte de oxigênio, desde a inspiração do ar até seu papel como receptor final de elétrons pela citocromo-oxidase na fosforilação oxidativa. A isquemia é a redução do fluxo sanguíneo em alguma região do corpo, normalmente causada por obstrução do suprimento sanguíneo (obstrução – algo dentro de um vaso, dificultando a passagem do fluxo sanguíneo; compressão – algo dentro ou fora empurrando e deformando a parede do vaso dificultando a passagem do sangue). Portanto, a hipoxia celular ocorre na presença de asfixia, anemia, pneumonia, choque ou outras alterações circulatórias e interferência com as enzimas mitocondriais. Na lesão aguda por hipoxia, o oxigênio celular é depletado em instantes, a fosforilação oxidativa aeróbica para, e os níveis de ATP decrescem. O declínio de ATP celular estimula a fosfofrutoquinase, o elemento regulador inicial da glicólise anaeróbica. A conversão metabólica para o metabolismo anaeróbico de glicose rapidamente depleta o estoque de glicogênio celular e leva ao acúmulo de lactato intracelular e fosfatos inorgânicos. Embora a geração anaeróbica de ATP seja ineficiente, proporciona sobrevivência em curto prazo. Algumas células altamente especializadas, como os neurônios, não conseguem gerar ATP de forma aneróbica, sendo assim mais propensas à hipóxia. Enfim, essa deficiência de ATP leva a falência da bomba de Na+ - K+ e à perda do controle do volume celular. Lesão de membrana celular na tumefação celular aguda A lesão das membranas celulares, tanto da membrana plasmática quanto das membranas de organelas, destrói a barreira de permeabilidade seletiva que retém proteínas e eletrólitos dentro do citosol e que restringe a entrada de Na+, Ca++ e água para o espaço extracelular. A quebra dessa barreira resulta na modificação química de fosfolipídios por radicais livres, ligações covalentes de substâncias químicas tóxicas a macromoléculas, interferência com canais iônicos e inserção de complexos de proteínas transmembrana. A sequência dos eventos na tumefação celular aguda causada pela hipoxia ou isquemia é descrita a seguir: 1. Hipoxia – deficiência de O2. 2. Diminuição da fosforilação oxidativa e de ATP. 3. Aumento da glicólise, aumento de lactato intracelular e depleção de estoques de glicogênio. 4. Insuficiência da bomba de Na+ - K+ devido à deficiência de ATP. 5. Influxo em cadeia de Na+, Ca++ e água, com perda de K+ e Mg++ celular. 6. Tumefação de mitocôndrias e da rede citocavitária (RER, REL, Golgi e membrana nuclear externa). 7. Desprendimento dos ribossomos, condensação de cromatina nuclear, perda de microvilos, vesiculação de retículo endoplasmático, formação de espirais de membrana. 8. Ruptura severa de membranas celulares, influxo de Ca++ para o interior das mitocôndrias e citosol, dilatação celular generalizada e formação de espaços no citosol. 9. Lesão celular irreversível, morte celular. Quando a tumefação celular aguda é resultante de lesão de membrana, a sequência dos eventos é semelhante à listada, exceto que as alterações começam por volta dos eventos 5 e 6. Aparência Macroscópica A tumefação celular aguda é reconhecida por palidez, tumefação do órgão e diminuição da gravidade específica. Por exemplo, o fígado se tornará pálido e um pouco túrgido. O parênquima dos órgãos com cápsula pode apresentar protusão quando incisado. Aparência Microscópica O influxo de água dilui a matriz citoplasmática e dilata as organelas conferindo às células uma aparência pálida e delicadamente vacuolizada. A degeneração hidrópica é um termo comum usado para a aparência microscópica da tumefação celular aguda. O citoplasma das células afetadas contém vacúolos translúcidos que não se coram para gordura ou glicogênio. Esses vacúolos representam mitocôndrias tumefeitas e cisternas dilatadas do Golgi e RE. Em resumo, a tumefação celular é a manifestação da lesão celular subletal reversível. Entretanto, a menos que a causa da lesão em tipos celulares muito importantes seja removida rapidamente, a lesão progressiva nessas células e tecidos essenciais pode culminar com a morte do animal. ACÚMULO INTRACELULAR DE LIPÍDIOS Também chamada de lipidose, fígado gordo, alteração gordurosa, esteatose. A lipidoseé o acúmulo de triglicerídeos e outros metabólitos lipídicos dentro das células parenquimatosas. Embora ocorra no músculo cardíaco, no músculo esquelético e nos rins, as manifestações clínicas mais comumente encontradas são as alterações na função hepática porque o fígado é o principal órgão do metabolismo lipídico. A lipidose hepática pode ocorrer como resultado de um dos cinco mecanismos: 1. Liberação excessiva de ácidos graxos livres provenientes do intestino ou do tecido adiposo. 2. Diminuição da β-oxidação de ácidos graxos em corpos cetônicos e em outras substâncias devido a lesão mitocondrial (toxinas, hipoxia). 3. Síntese prejudicada de apoproteína. 4. Combinação prejudicada de triglicerídeos e proteínas para formação de lipoproteínas (incomum). 5. Liberação prejudicada (secreção) de lipoproteínas do hepatócito (incomum). Macroscopicamente, esteatose leve pode não ser detectável, mas fígados com lipidose perceptível estão aumentados, amarelados, macios, friáveis e os bordos dos lobos são arredondados e largos em vez de afilados e planos. Quando incisados, a superfície de corte dos fígados severamente comprometidos pode sofrer protusão, e o parênquima hepático é macio, friável e apresenta textura untuosa devido ao lipídio dentro dos hepatócitos. Além disso, um corte transversal de 1cm de espessura de um lobo hepático pode flutuar no formol, indicando a presença de lipídios no interior dos hepatócitos. É importante diferenciar essas lesões macroscópicas daquelas presentes em hepatopatias por glicocorticoides em cães. O fígado na hepatopatia por glicocorticoides também fica aumentado e apresenta os bordos arredondados, mas apresenta coloração que tende do bege-claro a marrom-esbranquiçado; é firme e não untuoso. Os fragmentos cortados não flutuam no formol. Essas lesões macroscópicas se devem ao acúmulo de glicogênio e água no citoplasma dos hepatócitos. Microscopicamente, os hepatócitos com lipidose são vacuolizados dependendo da severidade da lipidose. Inicialmente há poucos vacúolos pequenos e claros que aumentam de tamanho e em número, e eventualmente podem coalescer e formar vacúolos grandes. Esses vacúolos apresentam bordos nitidamente delineados que são atribuídos a interface hidrofóbica entre a água e os lipídios no citoplasma celular e devem ser diferenciados dos vacúolos resultantes do acúmulo por glicogênio. Nos hepatócitos com grande quantidade de gordura, o núcleo pode ser deslocado para a periferia e a célula parecer um adipócito. Presença de gotículas de gordura na célula, núcleos irregulares (mais claros e mais escuros). ACÚMULO INTRACELULAR DE GLICOGÊNIO Quantidades excessivas de glicogênio estão presentes em animais nos quais o metabolismo de glicose ou glicogênio é anormal, como no diabetes melittus, ou em animais que receberam quantidade excessiva de corticosteroides. Grande quantidade de glicogênio pode ser encontrada no fígado de animais jovens em crescimento, naqueles que estão bem nutridos e são alimentados com rações comerciais. No diabetes, o glicogênio é encontrado não só nos hepatócitos, mas também nas células epiteliais dos túbulos renais proximais e nas células B das ilhotas de Langerhans. Os hepatócitos são altamente permeáveis à glicose, e a hiperglicemia leva à concentração aumentada de glicogênio nessas células. Também no diabetes, grande quantidade de glicose passa para o filtrado glomerular, excedendo-se a capacidade de reabsorção das células epiteliais dos túbulos renais. Essas células, quando sobrecarregadas por glicose, convertem-na em glicogênio, que se acumulam intracelularmente. Macroscopicamente, os depósitos fisiológicos de glicogênio não podem ser detectados, mas na hepatopatia induzida por esteroides, onde grande quantidade de glicogênio é armazenada, o fígado pode ficar aumentado e pálido. Microscopicamente o glicogênio aparece como vacúolos claros no citoplasma da célula. Diferentemente da gordura intracelular, cujos vacúolos são arredondados e com forma bem delimitada, o glicogênio forma espaços claros irregulares com contornos pouco definidos. Normalmente o núcleo permanece localizado no centro do hepatócito. Entretanto, se quantidade muito grande de glicogênio for armazenada nos hepatócitos, como na hepatopatia induzida por esteroides, os núcleos dos hepatócitos poderão ser deslocados para a periferia. ACÚMULO INTRACELULAR DE PROTEÍNAS --------------------------Degeneração hialina. Hialina é uma substância albuminoide translúcida. O termo histológico hialino refere-se à aparência homogênea, eosinofílica e vítrea. As proteínas hialinas intracelulares incluem gotículas de reabsorção, corpúsculos de Russell nos plasmócitos e aquelas causadas por defeitos do desdobramento da proteína. Normalmente, há muito pouca proteína no filtrado glomerular, e a que está presente é reabsorvida pelas células epiteliais do túbulo proximal. Quando a concentração de proteína do filtrado é alta, como na proteinúria por dano glomerular, por exemplo, essa proteína é recolhida pelas células epiteliais do túbulo proximal em vesículas que, nos cortes corados com hematoxilina e eosina, aparecem como gotículas hialinas no citoplasma. Se a proteinúria cessar, a formação de gotículas hialinas também cessa. Os corpúsculos hialinos chamados de corpúsculos de Russell são vistos no citoplasma de alguns plasmócitos. Esses corpúsculos são grandes, eosinofílicos, homogêneos, amorfos e consistem em imunoglobulinas. Microscopia: células com citoplasma avermelhado. INCLUSÕES INTRACELULARES VACÚOLOS AUTOFÁGICOS Os vacúolos autofágicos são grandes inclusões eosinofílicas intracitoplasmáticas que, na análise ultraestrutural, são os autofagossomos. Eles representam uma resposta comum à lesão em células com danos subletais, especialmente hepatócitos, e são um mecanismo pelo qual a célula livra-se de organelas danificadas ou senescentes. Uma porção da membrana celular invagina-se e envolve as organelas afetadas, formando um autofagossomo, que então se funde com lisossomos para que ocorra a degradação do seu conteúdo. A digestão do material presente nos vacúolos autofágicos pode formar lamelas. Estas lamelas podem sofrer exocitose celular, ou permanecer na célula para formar a lipofuscina. A inclusão citoplasmática eosinofílica é uma massa amorfa de coloração vermelha que vai ficar no citoplasma (é um confundidor). GOTA É o depósito de cristais de urato de sódio e uratos no tecido. Acontece em aves e répteis. Microscopicamente os cristais de urato apresentam o formato de agulha e visivelmente circundados por numerosos neutrófilos, macrófagos e células gigantes. Podem apresentar duas formas: articular e visceral. Esta última afeta de modo característico as serosas viscerais, principalmente o pericárdio parietal e os rins. O diagnóstico é feito pela aparência macroscópica, a serosa é revestida por uma fina camada de grânulos acinzentados. Na forma renal, os depósitos de uratos são visíveis nos túbulos renais e ureteres. A gota visceral é normalmente diagnosticada somente na necropsia e vista esporadicamente na deficiência de vitamina A, dietas altamente proteicas e lesão renal. NECROSE - são as características macroscópicas e microscópicas que definem a morte celular. A morte celular é causada por lesão celular irreversível por hipoxia, isquemia e lesão da membrana. A lesão por hipóxia é uma causa comum de morte celular e necrose, frequentemente ocorre em decorrência do bloqueio ou perfusão sanguínea notadamente diminuída em uma área (isquemia). A lesão isquêmica é tipicamente mais severa do que ahipoxia isolada, porque não é somente a quantidade de oxigênio que diminui no tecido, mas também o influxo de substratos e nutrientes, e os resíduos celulares e metabólicos acumulam-se, sendo alguns deles os próprios agentes lesivos. A lesão de membrana celular causada por toxinas e outras substâncias e mecanismos pode levar à necrose, mas as alterações morfológicas resultantes são semelhantes. Ocorrem aproximadamente 8 horas após a morte celular. Na necrose um tecido estaria morto, enquanto o indivíduo como um todo estaria ainda vivo. ALTERAÇÕES NUCLEARES As alterações nucleares das células mortas são variáveis e descritas pelos termos picnose, cariorrexia e cariólise. Todas as seguintes alterações nucleares podem ser visíveis na mesma lesão necrótica. Picnose: núcleo está diminuído, escuro, redondo e homogêneo. Cariorrexia: a membrana nuclear se rompe e fragmentos nucleares escurecidos são liberados para o citoplasma celular. Cariólise: o núcleo fica extremamente pálido, aspecto fantasma, devido à dissolução da cromatina, provavelmente pela ação das RNAases e DNAases. Desaparecimento nuclear: é um estágio posterior a cariólise, no qual o núcleo dissolve-se e lisa-se completamente. ALTERAÇÕES CITOPLASMÁTICAS Aumento da eosinofilia. Citoplasma mais vermelho que o normal. Citoplasmólise -> desaparecimento do citoplasma. ALTERAÇÕES MACROSCÓPICAS Perda de coloração normal,o tecido tende a ficar mais pálido por diminuição da circulação, podendo ficar mais vermelho, principalmente em órgãos de circulação dupla. Perda da força de tensão pelo fato das moléculas estarem alteradas. Odor pela liberação de gases. Linha de demarcação -> morte celular -> liberação de proteínas -> proteínas reconhecidas como estranhas -> acúmulo de células inflamatórias formando a linha. Macroscopicamente é mais brancacenta. TIPOS DE NECROSE Necrose de Coagulação Essa forma de necrose pode acontecer em qualquer tecido, exceto no parênquima cerebral, embora inicialmente ocorra em neurônios individuais. Classicamente é vista em rins, fígado e músculos (órgãos com bastantes proteínas). O tecido necrótico pode eventualmente sofrer lise em alguns dias e ser fagocitado (regeneração do tecido). A necrose de coagulação sugere lesão celular por hipoxia, como aquelas vistas em locais de perda de suprimento sanguíneo ou em casos de choque. As exotoxinas bacterianas e toxinas químicas também causam a lesão. O infarto é a necrose que aconteceu em decorrência da isquemia. É caracterizada pela preservação do contorno básico das células necrosadas (a morfologia celular é reconhecível). Há desnaturação e coagulação de proteínas celulares associadas com atividade de enzimas hidrolíticas. O tecido está com coloração alterada, podendo ser mais claro ou mais escuro que o normal. Necrose Caseosa Implica a conversão das células mortas em uma massa granulosa. Ocorre em casos de reação inflamatória em que o agente infeccioso permanece na lesão (tuberculose, sífilis, linfadenite caseosa). Comparada à necrose de coagulação, a necrose caseosa é uma lesão mais antiga (crônica), normalmente associada a lipídios de origem bacteriana de difícil degradação. Há perda da morfologia celular. Possui coloração brancacenta, acinzentada, amarelada. Forma similar ao requeijão. Área está seca ou levemente cremosa, firme, mas sem força de coesão. A degradação tardia da parede da célula bacteriana atua no desenvolvimento de uma lesão causada por essas bactérias e resulta em um foco de necrose caseosa circundada por células inflamatórias granulomatosas e em uma cápsula externa de tecido conjuntivo fibroso (granuloma -> necrose caseosa, agente persistente, tecido fibroso, deposição de minerais). Necrose Liquefativa É um tipo comum de necrose que acontece no SNC, embora os corpos celulares dos neurônios inicialmente apresentem necrose de coagulação. Acontece porque o tecido afetado é digerido, ou porque a quantidade de proteína coagulada é muito baixa. Os dois principais locais de ocorrência são encéfalo e em abcesso (reação inflamatória onde o principal componente celular é o neutrófilo, que digere/liquefaz o tecido). A área de necrose, independentemente do tamanho, fica como um espaço contendo líquido ou então está vazio. Nem sempre apresenta cápsula, vai depender do estado (tempo) da lesão. A necrose do encéfalo é também chamada de malácia. Necrose na substância cinzenta: poliencefalomalacia; na substância branca: leucoencefalomalacia. Necrose na substância branca da medula: leucomielomalacia; na substância cinzenta: polimielomalacia. Leucoencefalomalacia: o animal ingere milho mofado. O fungo cresce no milho enquanto ele está na lavoura. Se o animal ingerir não haverá problema nenhuma. Quando a temperatura cai (cerca de 10 graus), o fungo produz uma toxina que causa vasoconstrição, principalmente no cérebro (comprime, incha, animal sente dor e encosta a cabeça em locais para tentar aliviar a dor). Fungo Fusarium monilliformes – toxina fumonisina. TIPOS ESPECIAIS DE NECROSE Necrose de Zenker É a denominação dada para alterações degenerativas ou necrose da musculatura estriada. Basicamente as mesmas alterações da necrose coagulativa. Citoplasma tumefeito, degeneração hidrópica, aumento da eosinofilia citoplasmática, citoplasmólise. As proteínas do citoplasma da célula muscular vão coagular. Normalmente a fibra é estriada, com a lesão essas estrias praticamente desaparecem e ficam marcadas pela coloração vermelha (hialinização citoplasmática). Macroscopicamente há alteração de cor, sendo que o músculo fica com coloração pálida a brancacenta; alteração de resistência e linha de demarcação. Pode ser causada por falta de oxigenação, bactérias, micotoxinas, ionóforos, deficiência nutricional (vitamina E e Se). Nem sempre a lesão é fatal, o problema é a consequência dessa lesão. Necrose da gordura Similar ao que acontece no SNC, num primeiro momento há liquefação. Mas como normalmente nos depósitos de gordura não há uma consequência de morte rápida, a tendência é que ocorram algumas outras alterações na sequência desse tipo de necrose. As células se rompem liberando as lípases, que quebram o glicerídeo liberando ácidos graxos, que vai ficar com pontas livres para ligação com minerais saponáceos. Teoricamente essas substâncias são estranhas ao organismo, portanto há grande capacidade dessas moléculas causarem resposta inflamatória. Ocorre principalmente por inflamação ou necrose pancreática. Gangrena É uma necrose complicada com putrefação (com variável intensidade de invasão bacteriana) ou desidratação tecidual (mumificação), ocorrendo principalmente em extremidades e vísceras internas. 1. Gangrena Seca: está usualmente associada com a necrose isquêmica (diminuição da oxigenação) de extremidades, com evolução lenta e gradual, que possibilita a evaporação de líquidos teciduais. Ocorre em locais onde há grande perda de líquido, e consequentemente há desidratação do tecido. Causas: fisiológica do cordão umbilical; intoxicações com alcaloides do Ergot (produzidos pelo fungo Claviceps purpureum e Cl. Paspali , parasitos do esporão de centeio e de outros cereais); intoxicações com Festuca arudinacea (gramínea comum no sul da América do Sul, com propriedades vasoconstritoras); congelamento / frio; gesso, garroteamento e bandagens muito apertadas. Morte -> lesão vascular -> líquido extravasa -> perda de líquido para o ambiente -> mumificação. Não há proliferação bacteriana, pois os tecidos secos não fornecem um ambiente favorável. A pele fica desvitalizada,cor tende a ser escura, tecido fica retraído e seco, coloração amarelo esverdeada a pardo enegrecido, devido a decomposição local da hemoglobina. A reação inflamatória do tecido vivo adjacente é intensa e delimita uma linha de separação nítida entre tecido sadio e a gangrena. Pode ocorrer também separação do tecido sadio do tecido necrótico e queda do segmento gangrenado. 2. Gangrena Úmida: gangrena pútrida. Normalmente está associada com a putrefação do tecido (contaminação bacteriana do local). Quando afeta a cavidade oral é chamada de noma. Pode ocorrer também nas extremidades (pele, membros apendiculares, glândula mamária) e em vísceras internas (últero, pulmão, intestino). Tem que haver fácil acesso de bactérias ao tecido necrótico. Em extremidades é causada por isquemias graves, intensas e de rápida instalação, de maneira que o processo de necrose seja desencadeado sem que haja tempo para se desidratar o tecido em necrose. No caso de trombo- angeíte obliterante e trombose (gangrena senil), ocorrem infartos nas extremidades. Pode ocorrer também em casos de feridas traumáticas graves, infectadas (trânsito, guerra); torções de alças intestinais, trombose de artérias mesentéricas, com proliferação descontrolada da flora bacteriana saprófita; pneumonias por aspiração de corpos estranhos; evolução da metrite puerperal. Há aumento de volume (edema) e amolecimento progressivo (coliquação tecidual) com hemorragias e escurecimento (decomposição local da hemoglobina) do local. A ação das bactérias saprófitas determina também odor extremamente fétido e a produção de grande quantidade de toxinas, o que causa toxemia grave, geralmente fatal. Exige tratamento imediato (amputação ou exérese da área gangrenada). 3. Gangrena gasosa: é mais específica e associada à proliferação de Clostridium ou bactérias anaeróbicas que produzem gás no local. Crepitação: passando a mão sobre o tecido com gangrena gasosa sente-se bolhas estourando. Geralmente o tecido tem odor de manteiga rançosa. Carbúnculo sintomático: animais sem imunidad ao C. chauvoei -> bovino ingere o Clostridium que está no pasto -> nos primeiros meses de vida do animal, quando ele não tem imunidade, a passagem do Clostridium da luz intestinal para a corrente circulatória é quase passiva -> quando há lesão, o Clostridium passa para a forma vegetativa pelo fato da anaerobiose ser favorável a isso -> rapidamente causa um quadro clínico -> essa bactéria produz hemolisina (que digere as hemácias do local) e gases, proteases, lípases; tudo isso se acumula no local formando uma espécie de bolha, tecido enegrecido, animal mancando; pela toxemia o animal morre rapidamente; qualquer área pode ser afetada, mas principalmente nos músculos mais externos e membros posteriores; acontece no máximo até dois anos de idade. Gangrena gasosa e edema maligno estão relacionados à contaminação de ferida, ocorrem em qualquer época da vida do animal. Quando a quantidade de gás é maior que a quantidade de edema é chamada de gangrena gasosa, quando ocorre o inverso é chamada de edema maligno. Quando a lesão é superficial há menor produção de exsudato - > gangrena gasosa. Quando a lesão é mais profunda há maior produção de exsudato -> edema maligno. Tecidos ficam com coloração avermelhado escuro a enegrecido, com presença de bolhas de gás contendo exsudato líquido que pode conter sangue. MINERALIZAÇÃO PATOLÓGICA Calcificação Patológica: deposição de sais de cálcio em tecidos moles. Tipos: distrófica (localizada) e metastásica (generalizada). A mineralização é quando há deposição de mineral em tecidos moles. A calcificação distrófica ocorre quando o nível de cálcio está dentro da normalidade, mas há uma lesão local principalmente a necrose caseosa (complexo de cálcio se liga a um material com carga iônica negativa – proteínas em desnaturação – à medida que o tempo vai passando o material caseoso vai recebendo cálcio), quanto maior o tempo da lesão maior a chance de deposição de cálcio. Alterações macro e micro: Cálcio tende a se corar pela hematoxilina (histologicamente) – macroscopicamente o material é mais frágil, consistência tende a estar alterada, coloração brancacenta do tecido, o corte do tecido é como se estivesse passando uma faca sobre a areia. Sempre é localizada e sempre tem uma lesão prévia. Ocorre nas áreas de necrose, não importando os tipos de necrose, sendo mínima nas necroses liquefativas. Macroscopicamente, as áreas do tecido afetadas são esbranquiçadas e, quando incisadas, dão uma sensação de material arenoso. Microscopicamente, os sais de cálcio coram-se azulados com a hematoxilina e aparecem como grânulos amorfos bem definidos ou agregados, que podem ser intracelulares ou extracelulares. A calcificação metastática (de metástase, disseminação, ampla) é difusa. Nível sérico de cálcio está elevado, não absurdamente, mas em algum momento do processo há uma elevação sérica do nível de Cálcio, o tecido não apresenta uma lesão prévia. Podem ser precursores dessa mineralização: hiperparatireoidismo, insuficiência renal (retenção de fosfatos – hiperparatireoidismo renal secundário e hipercalcemia, cálcio depositado na mucosa gástrica, rins e septos alveolares), excesso de vitamina D (Ingestão de plantas calcinogênicas resulta em mineralização severa dos tecidos moles, principalmente aorta, coração e pulmões). Ocorre em tecidos normaise é secundária à hipercalcemia. DISTÚRBIOS DE PIGMENTAÇÃO Exógenos: oriundos do exterior, introduzidos no organismo por ingestão, inalação ou inoculação, se depositam nos tecidos, funcionando como corpos estranhos. Poeira, tatuagens, carotenoides. Pneumoconioses São alterações pulmonares e de linfonodos regionais decorrentes da inalação de partículas provindas do ambiente (poeiras/poluição de ar). Antracose: deposição de carvão (carbono-poeira) nos pulmões e linfonodos regionais e em outros órgãos. Muito encontrado em centros urbanos. Não causam inflamação quando inalados. Quanto maior a passagem de partículas, maior a deposição no alvéolo, que serão eliminados por fagocitose (o material vai ser retirado da luz e depositado no interstício, à medida que passa o tempo, o material é destinado aos linfonodos regionais). Macroscopicamente verifica-se um pontilhado preto acinzentado, mais intenso nas porções mais ventrais. Linfonodos regionais também escurecidos. Quanto maior a concentração, mais enegrecido. Pontos enegrecidos no pulmão, linfonodos estriados. Microscopicamente observam-se grânulos enegrecidos histoquimicamente resistentes a todos solventes, nos alvéolos e nos septos interalveolares, às vezes dentro de macrófagos. A antracose é inerte, pode ser que ao longo do tempo cause uma insuficiência respiratória. Tem pouca importância clínica. Outros pigmentos exógenos Algumas tatuagens com o tempo vão se borrando dando impressão de hematoma. Pigmentos carotenoides -> animais que ingerem caroteno com excesso podem apresentar coloração amarelo/alaranjada. Equinos armazenam mais carotenoides na gordura; essa coloração se acentua pela reabsorção de gordura concentrando mais caroteno quando o animal passa dois a três dias sem comer. Deposita-se na adrenal, ovário, gordura. Endógenos: substância corada que é produzida dentro e pelo próprio organismo. Melanina, hemoglobina, pigmentos biliares, que são normais e em excesso causam lesão. Melanina Pigmento ganular, amarelo, pardo ou negro, de natureza proteica, insolúvel nos solventes comuns, que não contém ferro nem gordura e resiste aos ácidos e álcalis, sendo destruído pela oxidação (reação com água oxigenada catalisadacom ultavioleta -> destruição da melanina). Dá cor escura à pele, ao cabelo, à Iris, à retina, corpo ciliar e coroide, à mucosa oral de cães, aos cascos e chifres (conforme raça). Quanto mais concentrado mais escuro, quanto menos concentrado mais amarelado. Quando está fora dos locais normais é denominada melanose, e não tem importância clínica. No caso do melanoma, os melanócitos se desenvolvem descontroladamente e há importância clínica. Distúrbios associados com melanina Nevos pigmentados: são má formações de aspecto tumoral (hamartomas), também considerados por alguns como neoplasias benignas (nevoblastomas), oriundos dos melanócitos e melanoblastos. Em medicina veterinária são de pouca importância, só sendo citados em cães e suínos. Tem importância estética. Melanoma: neoplasias comuns em cães, suínos, equinos tordilhos (na base da cauda) ou albinos, incomuns em bovinos e raros em gatos e ovinos. Existem melanomas de baço e coração. Melanose: denomina-se o pigmento de melanina que está fora da pele e pelo, por vezes também às áreas de concentração do pigmento na pele (nevo). Geralmente congênita, afetando principalmente serosas como as meninges (principalmente em bovinos jovens), pleura, cápsula hepática, e às vezes a aorta. Mais intensa e frequente em animais jovens. Não tem significado clínico. Acantose Nigrans: doenças crônicas inflamatórias com grande quantidade de deposição de melanócitos. Pigmentos hemoglobínicos Pigmentos ferruginosos Hemoglobina Hematina Hemossiderina Pigmentos não ferruginosos Porfirinas Hematoidina Pigmentos biliares Hemoglobina Pigmento natural dos eritrócitos (proteína + heme) (ferro ferroso + porfirina). Oxiemoglobina – oxigênio + Fe (ferroso). Hemoglobina reduzida – Co2. Intoxicação por ácido cianídrico: inibe fosforilação oxidativa, não há uso do oxigênio transportado pelos eritrócitos. Metahemoglobina – hemoglobina oxidada (ferro férico) – coloração chocolate – intoxicação por nitritos e nitratos. Sulfahemoglobina – hemoglobina reduzida + sulfetos inorgânicos – coloração marrom escuro – intoxicação por sulfonamidas. Carboxihemoglobina – intoxicação por monóxido de carbono – coloração rósea. Hemoglobinemia – anemia hemolítica (excessiva destruição de eritrócitos circulantes): crises hemolíticas com hemólise intravascular. Causada por babesiose, leptospirose, intoxicação por cobre. Características: icterícia (bilirrubina na corrente sanguínea), hemoglobinemia e hemoglobinúria. Hemossiderina Pigmento brilhante, amarelo ouro ou castanho escuro, resultante da degradação da Hb, cujas características são: reação formando coloração azul da Prússia, aspecto granular amorfo, de ocorrência principalmente intracelular em locais onde esteja ocorrendo desintegração excessiva de hemácias. Hemossiderose é o acúmulo normal de hemossiderina nos tecidos, especialmente nos macrófagos (derme, fígado, baço, medula óssea, linfonodos e pulmões). Azul da Prússia é uma coloração que diferencia a hemossiderose da antracose, microscopicamente. Na hemossiderina esse pigmento vai ter como base o permanganato, que se liga ao ferro e dá o aspecto azulado/arroxeado, quando é antracose não colore. Animais com alto nível de hemólise vão ter locais de hemocaterese estarão mais pardos/ acastanhados - > hemossiderose. Causada por hemorragias, hiperemias passivas prolongadas e anemias hemolíticas. No caso da insuficiência cardíaca o pulmão fica acastanhado. Pigmentos Biliares Grupo de pigmentos oriundos da metabolização do grupo corado, isentos de ferro, ocorrendo normalmente nas células do sistema monocítico fagocitário em decorrência da hemocaterese (eliminação das hemácias velhas). Metabolismo dos pigmentos biliares: As hemácias duram de 90 a 140 dias. Na hemocaterese o eritrócito é fagocitado por macrófagos do sistema monocítico fagocitário. Em centros de hemocaterese, nos macrófagos, localizados principalmente no baço, medula óssea e fígado, a hemácia é lisada liberando hemoglobina que é quebrada em globina e grupos heme. O grupo heme sofre ação de enzimas (heme-oxidase e citocromo P450), liberando o grupo férrico e o grupo corado. Este último será transformado em biliverdina, que será reduzida para bilirrubina (Bb). Essa bilirrubina (insolúvel na água) é liberada no plasma e combina-se com a albumina, sendo então denominada Bb I ou HemoBb ou ainda Bb não conjugada. No fígado os hepatócitos liberam a albumina plasmática da Bb I e a conjugam com o ácido glicurônico no RE, formando assim a Bb II e colebilirrubina ou diglucoronato de Bb, ou ainda bilirrubina conjugada hidrossolúvel. A bilirrubina conjugada e os sais biliares são levados ao duodeno pelas vias biliares, onde sofre a ação de redutases bacterianas se convertendo em urobilinóides. Parte deles é absorvida pelo intestino e alcançam a circulação sistêmica. Os absorvidos que passarem a circulação porta hepática são removidos pelos hepatócitos e reconvertidos em ColeBb. Já os pigmentos que chegam à circulação sistêmica são retidos pelos rins, sendo excretados pela urina (a urobilina é responsável pela coloração amarelada da urina). Os urobilinóides não absorvidos no intestino serão eliminados pelas fezes na forma de urobilina e estercobilina (responsáveis pela coloração amarronzada característica). O acúmulo de pigmentos biliares é uma das alterações mais importantes que acarreta a icterícia. A icterícia é uma desordem importante caracterizada por uma coloração amarelo-esverdeada nos tecidos, causada pela elevação dos níveis séricos de pigmentos biliares. Macroscopicamente é facilmente reconhecível em tecidos mais pálidos como a esclerótica ocular, omento, mesentério, gorduras pericárdicas e perirrenais. Diferencição entre icterícia e acúmulo de carotenoides: os carotenois se depositam principalmente na gordura, enquanto na icterícia os pigmentos se depositam em todos os tecidos, inclusive na gordura. Quando se faz a reação com éter de um fragmento do órgão afetado, o caroteno é solúvel em éter, enquanto o fragmento com icterícia não. Se se dissolve no éter é caroteno, se não se dissolver é icterícia. Abrir vasos -> local onde não se deve ter gordura -> caso haja pigmentação amarela é icterícia Obs: em machucados a coloração esverdeada é oriunda da bileverdina. Obs²: quando o animal é mto jovem e tem icterícia e esta é mto profunda deve –se fazer a exposição desde animal a raios ultra violetas pois estes fara a transformação dessa substancia em atóxica. Se isso não for feito essa bilirrubina atravessa a barreira hematoencefalica e causa lesões. Em animais adultos o excesso de bilirrubina causa hemólise. Classificação da Icterícia Pré-hepática ou hemolítica ou por superfunção: doenças hemolíticas graves – anemia infecciosa equina (alteração superficial da hemácia – é destruída facilmente), complexo de tristeza parasitária bovina, leptospirose, infecções com Streptococcus hemolíticos, com Clostridium spp. com Bacillus anthracis, intoxicações com ricina, saponinas, veneno de cobra, chumbo e cobre. Aumenta a hemobilirrubina (não conjugada) no plasma. Hepática ou tóxico infecciosa ou por retenção: causada por lesões hepáticas que determinem diminuição da capacidade dos hepatócitos. Intoxicações, infecções, neoplasias. Aumenta a bilirrubina conjugada no plasma. Pós-hepática ou obstrutiva ou por reabsorção: obstruções nas vias biliares intra ou extra hepáticas causando o acúmulo de coliebilirrubina. Aumento dos níveis séricos coliebilirrubina, diminui o fluxo biliar de coliebilirrubina. Diminui a formação de urobilinogênio. Fezes e urinas descoradas. Parasitoses intestinais, coletlitíases, duodenite, compressões ductais. Fotossensibilização É diferente da queimadura solar, pois há uma substância química envolvida. A luz solar vai catalisara reaçãoda queimadura. Na queimadura solar há apenas exposição excessiva. Sensibilidade exagerada do animal aos raios solares, com lesões de aparecimento muito rápidas, em geral causado por ondas de radiação dentro da faixa visível, mas determinadas por um agente fotossensibilizador, que é um pigmento fotodinâmico causando queimadura e reação inflamatória severa. Primária: um pigmento fotossensibilizador, presente na dieta, é absorvido no intestino, e, posteriormente, é distribuído nos tecidos, incluindo a pele. As áreas com menos melanina são as mais prejudicadas. Causada por heliatronas (hipericina e fagopirina); trigo-sarraceno ou trigo-mourisco; furocumarinas. Secundária ou hepatógena: relacionada com lesão hepática. Ocorre alteração no parênquima hepático com dificuldade na eliminação da filoeritrina. A filoeritrina é um pigmento fotodinâmico formado nos pré- estômagos de ruminantes (metabolismo da clorofila), é absorvida pela mucosa intestinal e normalmente excretada pela via biliar. Quando há lesão hepática pode ocorrer insuficiente eliminação da filoeritrina que circula e se deposita em vários tecidos, incluindo a pele, causando queimadura de pele à luz solar. Além da queimadura, ocorre inflamação e o animal fica inquieto. Ambas as lesões são semelhantes, sendo diferenciadas apenas pelo histórico do animal. Obs: a Brachiaria tem um componente chamado de saponina (regeneração celular, tipo de repelente), eliminada junto com a bilirrubina no fígado, porém se cristaliza dentro do hepatócito, diminuindo sua função (obstrução mecânica). Fígado amarelado, rim enegrecido. Hepatócitos morrem -> macrófagos fagocitam a saponina -> identificação de macrófagos com conteúdo espumoso microscopicamente.
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