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Direito Administrativo Princípios da Administração Pública Polícia Federal - 2017 Prof. Almir Morgado “Princípios representam formulações genéricas, de caráter normativo, com a função de não apenas tornar logicamente compreensível a ordem jurídica, mas também de servir de fundamento para a interpretação ou para a própria criação de normas legais”. “Princípios são os mandamentos nucleares de um sistema”. Violar um princípio é muito mais grave que violar uma regra! Os princípios fundamentais relativos à Administração Pública encontram-se na própria Constituição Federal, ora de forma explícita, ora decorrendo implicitamente do sistema de funcionamento da Administração delineado pela Carta. Os princípios constitucionais se situam no ápice da pirâmide normativa e expressam os valores éticos, sociais, políticos e jurídicos consolidados na sociedade e constitucionalizados pelo legislador constituinte. De acordo com o caput do art. 37 da Constituição Federal há cinco princípios básicos a serem observados pela Administração Pública, denominados de princípios constitucionais expressos: Legalidade Impessoalidade Moralidade Publicidade Eficiência Princípio da Legalidade A Administração Pública está, em toda a sua atividade funcional, sujeita aos mandamentos da lei e aos ditames do bem comum. Na administração não há liberdade nem vontade pessoal - a administração só pode fazer o que a lei permite, ou prevê. Enquanto que nas relações entre particulares, o princípio aplicável é o da autonomia da vontade que lhes permite fazer tudo o que a lei não proíbe, a vontade da administração é a que decorre da lei. Por “lei” deve-se entender não só um específico ato normativo, mas também o sistema jurídico como um todo (Juridicidade). A administração deve atuar em conformidade com a lei, enquanto que do particular exige-se apenas uma relação de compatibilidade legal, ou seja, que sua atividade não contrarie a lei. Denominado por alguns de Restritividade, funciona o princípio da legalidade como verdadeiro óbice ao arbítrio, sendo a garantia maior das liberdades individuais, na medida que exige da Administração fiel obediência aos ditames da lei e do Direito – a atividade da administração deve sempre ser secundum legem. Princípio da Moralidade Direito Princípio da Moralidade O agente administrativo, como ser humano dotado da capacidade de atuar, deve, necessariamente, distinguir o bem do mal, o honesto do desonesto e o certo do errado. Ao atuar, não poderá desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá o agente público que decidir somente entre o legal e o ilegal, mas também entre o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, o honesto e o desonesto. A elevação do princípio da moralidade à condição de princípio autônomo explícito na Constituição de 1988 veio demonstrar a enorme importância que o legislador constituinte atribuiu a moralidade administrativa. Influência do Direito Francês Tanto que a Moralidade pode servir de fundamento para invalidação pelo Poder Judiciário de atos administrativos; permite que o cidadão manuseie a Ação Popular – art. 5º, LXXIII, e pode até ensejar a prática de crime de responsabilidade do Presidente da República – art. 85, V da CRFB. Moralidade e Probidade “Art. 37 da CRFB (...)”. § 4º. Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e na gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. A probidade, como se vê, correlata à noção de moralidade administrativa, é valor caríssimo para a Carta política, exigindo do administrador uma conduta ética e honesta. A Lei 8.429/92 define os atos de improbidade e estabelece as sanções aplicáveis aos agentes públicos desonestos. Dica importante: A súmula Vinculante nº 13 do STF ( Nepotismo) considera a nomeação de parentes como ato que viola o princípio da moralidade. Princípio da Impessoalidade Apresenta, implicitamente, o clássico princípio da finalidade o qual impõe ao administrador público que só pratique o ato para o seu fim legal. E o fim legal é unicamente aquele que a norma de Direito indica expressa ou implicitamente como objetivo do ato, de forma impessoal, imparcial e neutra. A finalidade terá sempre um objetivo certo e inafastável de qualquer ato administrativo: O interesse público. Todo ato que se apartar desse objetivo sujeita- se à invalidação por desvio de finalidade, devendo, portanto, a atuação do agente público ser objetiva e imparcial. Pode-se afirmar que a Impessoalidade é um princípio correlato ao princípio da igualdade, postulado inarredável da República de direito, que exige que todos sejam tratados igualmente pela administração, concedendo-lhes, se for o caso, idênticas oportunidades, idêntico tratamento. Não se pode conceder tratamentos diferenciados ou privilégios quando da admissão em cargos públicos, concessão de obras ou alienações de bens públicos, em virtude de amizade, parentesco, filiação partidária etc. Dicas Importantes: Não esqueça que o Princípio da Impessoalidade é o fundamento das regras que tratam dos impedimentos e suspeições nos processos administrativos; do dever de licitar; do dever de realizar concurso público; da vedação à promoção pessoal dos agentes públicos ( art. 37, parágrafo 1º) etc. Princípio da Publicidade(Transparência) Todos têm direito de conhecer as ações dos agentes públicos na gestão do interesse, dos bens e dos recursos públicos. Para tanto a publicidade dos atos da administração pública propicia transparência e possibilidade de viabilizar-se a verificação efetiva da obediência de todos os demais princípios da administração. O princípio da publicidade exige a divulgação oficial dos atos administrativos para conhecimento público e início de seus efeitos externos. Em princípio toda a atividade da administração deve ser pública, admitindo-se o sigilo apenas em casos excepcionais. Lei de Acesso à Informação Logo, se a publicidade é a regra, somente se admitirá sua atenuação quando diante de expressa autorização legal configurando a negativa em dar publicidade aos atos oficiais verdadeiro ato de improbidade – art. 11, IV, da Lei nº 8.429/92. Princípio da Eficiência Princípio recentemente introduzido pela Emenda Constitucional nº 19. Com a inserção do princípio no texto constitucional, pretendeu o legislador conferir direitos aos usuários dos diversos serviços prestados pela Administração ou por seus delegados e estabelecer obrigações efetivas aos seus prestadores com vistas a melhoria da qualidade do serviço público. O princípio alcança também os serviços puramente administrativos, obrigando a administração a recorrer à moderna tecnologia e aos métodos mais modernos de gerenciamento, buscando alternativas menos onerosas e que apresentem maior rendimento e produtividade. Inserido no princípio constitucional da eficiência há três vetores: prestabilidade, presteza e economicidade.Prestabilidade, pois o atendimento prestado pela Administração Pública deve ser útil ao cidadão. Presteza porque os agentes públicos devem atender o cidadão com rapidez. Economicidade porquanto a satisfação do cidadão deve ser alcançada do modo menos oneroso possível ao Erário público. Tais características dizem respeito quer aos procedimentos (presteza, economicidade), quer aos resultados (prestabilidade), centrados na relação Administração Pública/cidadão. Logo, a eficiência administrativa é atingida pelo melhor emprego dos recursos e meios (humanos, materiais e institucionais), para melhor satisfazer às necessidades coletivas num regime de igualdade de tratamento aos usuários e de qualidade do serviço. Legalidade Na atividade particular tudo o que não está proibido é permitido; na Administração Pública tudo o que não está permitido é proibido. O administrador está rigidamente preso à lei e sua atuação deve ser confrontada com a lei. Impessoalidade O administrador deve orientar-se por critérios objetivos, não fazer distinções com base em critérios pessoais. Toda atividade da Ad. Pública deve ser praticada tendo em vista a finalidade pública. Moralidade O dever do administrador não é apenas cumprir a lei formalmente, mas cumprir substancialmente, pautando-se por critérios éticos de decoro e boa-fé. Publicidade Requisito da eficácia e moralidade, pois é através da divulgação oficial dos atos da Administração Pública que ficam assegurados o seu cumprimento, observância e controle. Eficiência É a obtenção do melhor resultado com o uso racional dos meios. Atualmente, na Ad. Pública, a tendência é prevalência do controle de resultados sobre o controle de meios.
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