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REPROGRAMAÇÃO CELULAR
https://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/reprogramacao-celular-mais-simples-pratica-afirmam-especialistas-8403965
Reprogramação celular é mais simples e prática, afirmam especialistas
Para Stevens Rehen, da UFRJ, a pesquisa ‘perdeu o bonde da História’
 
RIO - O anúncio da criação do primeiro embrião humano a partir da transferência do núcleo de uma célula adulta, o que abre caminho, teoricamente, para a clonagem de pessoas, foi recebido com um entusiasmo comedido pelos especialistas. Segundo eles, embora o trabalho seja louvável e apresente avanços na técnica, sua utilidade perde força diante da existência de um método mais simples, e eticamente menos questionável, de produzir células-tronco embrionárias para uso na medicina regenerativa.
Conhecido como reprogramação celular, o método consiste na introdução de apenas quatro genes em células maduras que as forçam a regredir ao estágio de células-tronco, trabalho que rendeu ao cientista japonês Shinya Yamanaka o Prêmio Nobel de Medicina do ano passado. As células-tronco resultantes deste método, chamadas de pluripotência induzida (iPS, na sigla em inglês), teriam a mesma capacidade de se transformar em novos tecidos e órgãos que as embrionárias.
— A pesquisa teria sido um marco na ciência se tivesse sido feita há uns dez anos, mas agora perdeu o bonde da História — diz Stevens Rehen, coordenador do Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias (Lance) da UFRJ. — O estudo é interessante do ponto de vista técnico, mas de aplicação limitada justamente por causa da reprogramação celular.
Opinião parecida tem Lygia da Veiga Pereira, professora de Genética e chefe do Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias da USP.
— Fora o fato de o embrião ser humano, não há grandes novidades na pesquisa, que teria um impacto muito maior se Yamanaka já não tivesse descoberto como reprogramar células adultas para o estágio embrionário sem usar óvulos — avalia a cientista. — Depois da Dolly, esta técnica de transferência de núcleos teve variações e alguns avanços, mas perdeu a relevância por termos à disposição um método muito mais simples de produzir células-tronco embrionárias.
Segundo os especialistas, também não é possível afirmar que as células-tronco embrionárias resultantes da nova técnica seriam melhores ou mais eficientes do que as iPS na fabricação de órgãos sob medida, como aventaram os pesquisadores da Universidade de Ciência e Saúde do Oregon no artigo publicado na revista “Cell”.
— Para isso, eles teriam, por exemplo, que fabricar órgãos com os dois tipos de células-tronco e compará-los — conta Rehen. — Não vejo nada que indique que esta tecnologia é de alguma forma superior ao que a reprogramação celular pode fazer.
Lygia, por sua vez, destaca que, por ser muito mais simples e eficiente, a reprogramação celular já é usada por centenas de cientistas em laboratórios ao redor do mundo, o que faz com que as iPS estejam mais próximas de tornar realidade o sonho de fabricar tecidos e órgãos sob medida.
— Ambos os tipos de células-tronco são pluripotentes e têm potencial de uso na medicina regenerativa, mas não sabemos se de fato há alguma diferença entre elas para isso, é algo que ainda precisa ser demonstrado — considera. — De qualquer jeito, já há grupos que trabalham com as iPS caminhando para a fabricação de tecidos e órgãos.
Já a possibilidade de a nova técnica resultar no primeiro clone de um ser humano divide os especialistas. Para Rehen, não há dados no estudo que indiquem que os embriões gerados poderiam se desenvolver até virarem bebês. Além disso, a produção de embriões a partir da transferência do núcleo de células adultas tem uma taxa de sucesso mínima, tendo sido necessárias mais de mil tentativas, e óvulos, para que o grupo de Woo Suk Hwang, da Universidade Nacional de Seul, produzisse o primeiro cachorro clonado, Snuppy, em 2005. Lygia, porém, considera que o principal impedimento é ético e não científico.
— A princípio estes embriões poderiam resultar em um clone humano, já que se parecem muito com um embrião humano normal — diz a cientista. — Mas o fato de algo ser possível de fazer não quer dizer que deva ser feito. Há um consenso mundial que não se deve usar este tipo de técnica para produzir seres humanos e quem fizer isso não vai ser candidato a um Prêmio Nobel, e sim à prisão.

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