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1 CONSTITUCIONALISMO

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CONSTITUCIONALISMO
Introdução 
(Texto Prof. Luis Roberto Barroso)
“No princípio era a força. Cada um por si. Depois vieram as famílias, as tribos, a sociedade primitiva. Os mitos e os deuses – múltiplos, ameaçadores, vingativos. Os lideres religiosos tornam-se chefes absolutos. Antiguidade profunda, pré-biblica, época de sacrifícios humanos, guerras, perseguições, escravidão. Na noite dos tempos, acendem-se as primeiras luzes: surgem as leis, inicialmente morais, depois jurídicas. Regras de conduta que reprimem os instintos, a barbárie, disciplinam as relações interpessoais e, claro, protegem a propriedade. Tem início o processo civilizatório. Uma aventura errante, longa, inacabada. Uma história sem fim. “ 
“Formam-se as primeiras civilizações. Egito, Babilônia, Pérsia. Com os hebreus consagra-se o monoteísmo e a lei assume sua dimensão simbólica, ainda como ato divino, o pacto de Deus com o povo escolhido. A força política da lei religiosa prosseguiria com o cristianismo, dando origem à tradição milenar batizada como judaico-cristã. Só por grave injustiça não consta da certidão que é também helênica: foram os gregos os inventores da ideia ocidental de razão, do conhecimento científico fundado em princípios e regras de valor universal. Por séculos depois, tornaram-se os romanos depositários destes valores racionalistas, aos quais agregaram a criação e o desenvolvimento da ciência do Direito, tal como é ainda hoje compreendida. Em síntese sumária: a cultura ocidental, em geral e a jurídica, em particular, têm sua matriz ético-religiosa na teologia judaico-cristã e seu fundamento racional-legal na cultura greco-romana”. 
Porque estudar o Constitucionalismo?
Trata-se de estudar o movimento (histórico e social) humano pela limitação do poder, garantia de direitos e da criação do Estado de Direito. 
“movimento constitucional em busca da organização política da comunidade, fundado na limitação do poder”. (Dirley da C. Junior)
“instrumento de afirmação e garantia de direitos”. (Dalmo Dallari)
O Constitucionalismo representa uma conquista da humanidade, um produto a sua história. Como afirma Dallari: “ Em longo processo evolutivo ele foi sendo definido e aperfeiçoado, sendo hoje um elemento fundamental para a construção de sociedades justas, que tenham a pessoa humana como primeiro de seus valores e que busque por meios pacíficos a solução dos conflitos e a correção das injustiças. Uma exigência do novo constitucionalismo é que os direitos fundamentais da pessoa humana não sejam proclamados apenas como faculdades genéricas e abstratas, desligadas da realidade, mas que sejam realidades/possibilidades ao alcance de todos”. (A Constituição na Vida dos Povos, p. 353)
FINALIDADE DO MOVIMENTO CONSTITUCIONALISTA?
Luta pela proteção das liberdades individuais, permitindo aos cidadãos protegerem-se do arbítrio de governos absolutistas;
Princípio do governo limitado, submetido ao direito
Consagrar a separação dos poderes
CONSTITUCIONALISMO
Conexão com a história da Constituição e da criação dos Estados.
	“ o conhecimento do constitucionalismo, de seus fundamentos e de sua extraordinária importância para a conquista e manutenção da paz se faz a partir da história, da identificação dos fatores de influência adicionados a cada época e da contribuição das teorias políticas e jurídicas que, nas últimas décadas, conceituaram a Constituição como norma jurídica superior de cada povo, concebendo os valores como direitos fundamentais e definindo instrumentos de garantia e persecução dos direitos, para que estes sejam efetivados”. (p. 347)
Ideia de que a Constituição (mesmo não escrita) é um instrumento de organização política da sociedade. 
“Nunca haverá Estado sem Constituição”. (MGFF)
Michel Temer:
“(…)o constitucionalismo como movimento, não se destinou a conferir Constituições aos estados, que já as possuiam – pois o Estado absoluto precursor do Estado de Direito tinha uma organização que prescrevia obediência irrestrita ao soberano, pelo menos em sentido material, mas sim, fazer com que as Constituições (Estados) abrigassem preceitos asseguradores da separação das funções estatais e dos direitos fundamentais”. 
FASES DO CONSTITUCIONALISMO
ANTIGO
MODERNO
CONTEMPORÂNEO
PARA O FUTURO (interculturalidade/ supranacionalidade)
CONSTITUCIONALISMO ANTIGO
HEBREUS
Fixaçãoregiãopalestina,apósepisódiodoêxodo.
Constituiçõesregidasporconvicçõesdacomunidadeeporcostumesnacionais. (sociedadeorganizadaemtribos)
Estadoteocrático(dogmas e leisreligiosaseramlimitesaop.p.)
Sociedadesob ojulgododivino,chefesdefamíliaoudeclãsesacerdoteseramDeusnaterra
Adoçãodemeiosdeconstragimentoparaassegurarcumprimentodas leis
Existênciade leisnãoescritase costumes
Os homens deixam de ser nômades para viver em sociedade, dando origem as primeiras civilizações na região da crescente fértil.
As civilizações mesopotâmicas e as civilizações hebraicas são precursoras das grandes organizações sociais e políticas. 
CONSTITUCIONALISMO ANTIGO
GREGOS
NaGréciaantigaencontramosasprimeirascomunidadesorganizadasemtornodaatividadeagrícola(genos)
Nosgenososbenseconômicosestavamsobreocontroledochefecomunitário,chamadodepater, comfunçõesreligiosas,administrativasejudiciárias.
Crescimentodemográficofoiresponsávelpeladecadênciadosgenos,levandoabuscaporumpodercontroladore forte,formando-se asfatriase astribos.
Formam-seosprimeirospovoadoseaquelesqueerampróximosaopaterconstituiaosprimeiroslatifúndios. (surgemaclassedospequenosagricultorese dosmarginalizados)
Inicia-searacionalizaçãodasideiase comosnovosgrupossociais, apropriedadeprivadaeospovoados, surge aideiadeCidades-Estados.
Nascidades-Estadosorganizaram-segrandesoligarquias.
As civilizações grega e romana são consideradas a base histórica e cultural do Ocidente (regiões do mundo onde predominam povos de origem européia) 
Um pouco mais sobre a influência grega
A escassez de recursos naturais e da agricultura grega, bem como a ascensão de uma categoria de homens enriquecidos pelo comércio, começou a questionar a concentração do poder dos “bem nascidos”. 
Para solucionar as tensões sociais: regime político de democracia direta (por influência dos sofistas)
Pessoas (homens livres e atenienses) participam diretamente das decisões políticas
Democracia grega: o poder político encontra-se limitado pela soberania popular ativa.
CONSTITUCIONALISMO ANTIGO
ROMANOS
Roma eraumacidade-Estado deeconomiaagrícola
Sociedadedivididaentrepatrícioseplebeus(semdireitospolíticos),aindahaviamosescravos.
Poderinicialmenteestavaconcentrado(E, L e J)nasmãosdorei,queerafiscalizadoecontroladopeloConselhodosAnciãos(patrícios)
NoséculoVII a. C,ospatríciospromoveramumainsurreição,passandooSenadoarepresentaropoderpolítico.
Cria-se arepúblicaromana:poderpolíticolimitadonãopelasoberaniapopular,masporumprocessocomplexodecontroledosórgãospúblicos(check and balances)
Osplebeus, noentanto,nãofaziamparte dasescolhaspúblicas, oqueprovocouconvulsãosocial.
Elaboraçãodalei das XIITábuas, cargo detribunodaplebe nosenado, leislicíneas, leicanuléia.
Constantescrises,levaramaoadventodeditadurase,posteriormente, aformaçãodoImpérioRomano. (ImperadorAugustus eracultuadocomoDeus)
É conhecida por Lei das Doze Tábuas (em latim, Lex Duodecim Tabularum) uma série de leis confeccionadas e inscritas em tábuas de carvalho, considerados um marco na evolução do Direito Romano, a começar pelo simples fato de pela primeira vez ocorrer o registro escrito da letra da lei, o que permitia um cumprimento lógico e rigoroso das regras estabelecidas.
Lex Canuleia (Lei Canuleia) é a lei, entre os romanos, que passou a permitir o casamento entre plebeus e patrícios. Seu principal objetivo era o de fortalecer a classe patrícia, pois essa lei só funcionava se um patrício em decadência se casasse com uma plebeia em ascensão econômica. Deram origem a uma nova classe social: os Nobilitas
Lei Licínia Sêxtia foi uma lei, promulgada pelo senado romano, que obrigava que, a cada ano, um dos dois cônsules
romanosfosse um plebeu.
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Pano de fundo para o Constitucionalismo Inglês
Europa ocidental estava estruturada econômica e socialmente no feudalismo (alta idade média – sec. I a X), que substituiu a prática do escravismo greco-romano.
Sistema feudal: predominio da agricultura para consumo local, comércio reduzido ou inexistente e ausência de utilização de moeda. 
Os feudos pertenciam aos senhores feudais (clero ou nobres)
O trabalho estava fundado na servidão ( trabalhadores presos à terra)
A sociedade era estamental (individuo nao ascende de classe). 
A decadência do feudalismo inicia-se no séc. X a XV (baixa idade média): influenciado pelo crescimento demográfico europa; sistema feudal de produção não permitia o aumento da produtividade; desestímulo a evolução tecnológica, isolamento dos feudos. Além das cruzadas.
Aumento da marginalização social.
Renascimento com o comércio europeu e urbano, afastando-se da Igreja.
Filosofia escolástica: “o progesso humano não depende apenas da vontade divina, mas também do esforço do homem”. 
Marco histórico do Constitucionalismo Inglês
Condições históricas e geográficas propiciaram um modelo diferenciado de Constituição (poucas invasões e migrações – preservação e continuidade das culturas)
Influência das organizações católicas (chegada dos romanos à Inglaterra – sec. V)
Lutas entre os nobres/clero e o rei, na tentativa de limitar o seu poder
 Documentos escritos (sec. XIII – Magna Carta Libertatum)
O que é a Constituição????
	Posição majoritária durante este período: Constituição é essencialmente política, já que decorre das circunstâncias políticas e sociais ou de embates políticos e refere-se a regras básicas de organização política que todos devem respeitar. 
“ Estar ou não de acordo com a Constituição passou a ser um fator decisivo para a aceitação ou rejeição de qualquer decisão ou iniciativa de cunho social ou político que afetasse os interesses do povo e direitos tradicionalmente reconhecidos”. (Dalmo Dallari – “ A Constituição na vida dos povos” p. 172)
 “ No sistema inglês, que ainda é, basicamente, o que foi estabelecido no século XVII, as mudanças políticas e sociais que demandarem uma decisão do parlamento para o estabelecimento de novas regras, ou a necessidade de mudanças ou complementação da legislação já existente, em decorrência de novas realidades, podem ser objeto de lei comum, aprovada por maioria simples, mesmo que refiram a questões consideradas constitucionais. O Parlamento funciona como Poder Legislativo e também como Constituinte permanente”. (p. 182)
CONSTITUIÇÃO INGLESA: CONSTITUIÇÃO COSTUMEIRA. 
Ai reside a falha do sistema constitucional ingles, que pode ser facilmente alterado.
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COMO SE CARACTERIZA UMA CONSTITUIÇÃO COSTUMEIRA?
Para o costume ter validade de lei deve atender a algumas condições:
Estar em uso por tempo imemorial
Seu uso ser contínuo
Sua prática de ser pacífica e não contrária a razão humana
 O costume deve ter sentido certo (não há abertura para subjetivismos)
Características do modelo Inglês:
Influência filosófico-política: jusnaturalismo.
Os direitos naturais são princípios fundamentais de proteção ao homem, que forçosamente deverão ser consagrados pela legislação, a fim de que se tenha um ordenamento jurídico substancialmente justo. Não é escrito, não é criado pela sociedade, nem é formulado pelo Estado; é um direito espontâneo, que se origina da própria natureza social do homem e que é revelado pela conjugação da experiência e razão. É constituído por um conjunto de princípios, e não de regras, de caráter universal, eterno e imutável. (Paulo Nader – IED)
Características do modelo Inglês:
Influência filosófico-política: jusnaturalismo.
Influência na ideia de Constituição como padrão de organização política e social que deve ser respeitado.
Desenvolvimento do princípio da primazia da lei, pois todo poder político tem que ser legalmente limitado. 
Igualdade dos cidadãos perante a lei
Formação da monarquia parlamentarista, ou seja, onde o rei é chefe de Estado e o primeiro-ministro é chefe de governo. 
PARLAMENTO É CONSTITUINTE PERMANENTE
FORMAÇÃO DA MONARQUIA PARLAMENTARISTA
Sec. XVI - Ascensão dos comuns em razão das práticas comerciais. 
Câmara dos Lordes vai perdendo força e a câmara dos comuns ganhando participação. 
Sec. XVII – conflitos entre o rei e a câmara dos comuns. 
1629-1640 – dissolução parlamento pelo rei Carlos I
1649 – reiniciam as atividades (comando de Oliver Cromwell)
1688 – 1689 – Revolução Gloriosa (rei Jaime II – católico, por pressão do parlamento abdicou ao trono, passando-o para Guilherme de Orange e Maria II – protestantes)
1689 – aprovação do Bill of Rights (afirmação da superioridade do parlamento)
Sec. XVIII – atribuição do poder de governo ao Primeiro Ministro, escolhido como líder dos comuns e exclusão da hereditariedade para pertencer à Câmara dos Lordes.
NA ATUALIDADE
Passos para a consagração da separação dos poderes. 
Como? 
2009 – a Suprema Corte Inglesa foi instalada fora da Câmara dos Lordes e 
CONSTITUCIONALISMO MODERNO
FORMAÇÃO ESTADO LIBERAL (EUA e FR)
Influência positivista (equipara o Direito à lei, não há abertura para valores morais, nem à critérios de Justiça)
Império da racionalidade humana
Superação do modelo “antigo”: carecia-se de instituto que legitimamente controlasse o exercício do poder político e garantisse o respeito à lei pelo Estado.
FORMAÇÃO ESTADO SOCIAL (Final 1a. Guerra Mundial)
Duas etapas de desenvolvimento:
CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO 
EUA – 1787 Advento da 1a. Constituição escrita, com hierarquia superior e rígida
Pano de fundo: luta pela independência (1776), pela liberdade das antigas colônias inglesas e afirmação de direitos individuais (especialmente a propriedade)
“Havia naquela circunstância o desafio da criação de uma forma de governo que conjugasse legitimidade, respeito a limites legais e eficiência, devendo ser a expressão da vontade do povo e ter a força suficiente para superar resistências, internas e externas, sem o risco de que se tornasse uma ameaça à liberdade”. (p. 299) 
PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA
Influência de filósofos-políticos do Sec. XVII e XVIII (especialmente Thomas Jeferson) – redução de entraves e ônus sobre a atividade econômica.
Colônias converteram-se em Estados
1643 – Confederação da Nova Inglaterra
1754 – Benjamin Franklin apresentou Plano de União das Colônias 
1763 – assinatura do Tratado de Paris (fim da Guerra dos 7 anos): em razão dos gastos com guerras as colônias inglesas passam a ser mais exploradas
1773- 1774 Desenvolvimento econômico das colônias, houve a Revolta do Chá (Boston) e adoção da Lei dos Intoleráveis 
1774 – Convenção da Filadélfia (fim do comércio com a Inglaterra, visando revogar as medidas restritivas impostas pela metrópole)
1776 - Declaração da independência das colônias, o que não foi aceito pela Inglaterra gerando a Guerra da Independência (1776-1783)
1777 – Estabelecido o pacto confederativo : Artigos de Confederação (p. 254/255)
1787 – 2ª Convenção da Filadélfia (reunião dos Estados independentes) para rever o pacto: Redação da 1ª Constituição Escrita (necessidade de um poder central com mais autoridade)
Cria-se uma nova organização política: um governo forte para impedir o retorno a situação colonial; com poderes limitados; e, garantia de direitos aos indivíduos. 
Da formação do Estado Federado
(...) Foram estabelecidos dois níveis de poderes políticos. Indo muito além de uma descentralização administrativa, o que se consagrou foi uma descentralização política, preservando-se a independência dos Estados quanto a determinados assuntos, que são as competências próprias e exclusivas das unidades federadas e a formação de seus próprios governos, escolhidos pelo povo de cada unidade e não subordinados ao governo central. Na realidade, os Estados componentes dos EUA deixam de ser soberanos(...). O resultado da aprovação da Constituição foi o nascimento de um Estado
federal soberano, composto por unidades políticas autônomas, dotadas de competências próprias e exclusivas.” .(p. 259) 
“ (...) além de se tomar como ponto de partida um acordo escrito, consubstanciado nos Artigos de Confederação, não era concebível, no caso, uma Constituição costumeira, pelo simples fato de que não havia costumes comuns, consagrados pela tradição ou por decisões judiciais. A par disso, havia já o precedente de estabelecer por escrito as regras básicas de organização política e de relacionamento entre os Estados, desde o início das primeiras relações intercoloniais até a integração dos Estados numa Confereração. Esses motivos, acrescidos da necessidade de um governo com autoridade sobre todos os Estados, mas limitado por regras legais seriam suficientes para que acabassem adotando uma Constituição e para que ela fosse escrita. (...) havia a necessidade de reconhecimento da necessidade de um conjunto de regras com força de lei, que obrigasse a todos, inclusive os governos dos Estados e os respectivos legislativos. (...) Assim nasceu a Constituição escrita como documento de natureza jurídica e base normativa de organização do Estado, com eficácia jurídica superior às demais leis comuns”. (p. 242) 
CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO 
Constituição ESCRITA: estabelece quem manda, como manda e onde pode mandar aquele que exerce o poder
Objetivo de se estabelecer uma Constituição escrita? Garantir clareza quanto as regras e objetivos do novo sistema de governo.
Esta Constituição agora é expressão da vontade do povo e não dos legisladores.
Supremacia da Constituição sobre a ordem jurídica e garantia jurisdicional dos direitos da pessoa = Constituição passa a ser considerada a lei fundamental do povo (garante a continuidade da República) e ideal político. 
Poder Judiciário é neutro (pois não é eleito) e responsável por garantir a Supremacia da Constituição (Caso Marbury x Madison e o controle de constitucionalidade)
PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES 
Distinção entre poder constituinte (é o que cria a constituição e está destinado a desaparecer) e poder constituido (exercem os poderes constituidos)
Instituição da forma federativa de Estado (como unidade política de um povo, vinculada a determinado território e dotado de soberania) 
Instituição forma republicana de governo
“ O desejo de se livrar da monarquia britânica, inclusive de seu apêndice, a nobreza, fez nascer e desenvolver-se a aspiração a outra forma de organização política, que levasse em conta os direitos e os interesses dos governados e que não interferisse em sua liberdade econômica”. 
CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO 
Republicanismo X Democracia: não são sinônimos, pois não havia preocupação com a garantia da liberdade e igualdade para todos, sem qualquer espécie de discriminação. (poderes estavam concentrados com os proprietários de terras)
“ (…) um sentido fundamental ligado à noção de sistema republicano era a aspiração por um governo representativo, escolhido pelo povo, ficando excluída qualquer possibilidade de acesso a cargos, função ou qualquer posição pública de influência com base na hereditariedade, excluindo-se também a concessão de títulos que pudessem significar a colocação de uma pessoa em situação social privilegiada. Desse modo, república era expressão de igualdade, mas igualdade entre indivíduos a partir de certa categoria social”. (p. 247)
Forma de governo republicana é percursora das ideias atuais de democracia representativa.
Separação e equilíbrio entre os poderes, para formação de um bom governo (Influência de Montesquieu) – cria-se o sistema presidencialista
Afirmação dos direitos fundamentais constitucionais
CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO 
CONSTITUCIONALISMO FRANCÊS
Inspiração no movimento norte americano de busca pela sua independência(França participou guerra independência auxiliando EUA)
Sistema político-social vigente na França: existência de classes superiores privilegiadas, o que estava em desacordo com as novas realidades decorrentes da expansão comercial e do crescimento da classe burguesa (ligada ao mundo dos negócios), além da revolução industrial. 
A sociedade francesa mantinha a divisão em três Estados: o primeiro Estado – o clero; o segundo estado – os nobres ; e o terceiro estado – o povo. CADA QUAL REGIDA POR LEIS PRÓPRIAS MAS COM PRIVILÉGIOS PARA O 1 E 2 ESTADO.
 
A Revolução Francesa
Pano de fundo: 
França passava por crise financeira, social e política
Havia pouca representação do Terceiro Estado e somente estes recolhiam impostos
Início em 1787 – convocação Assembléia dos Notáveis (rei passaria a cobrar impostos dos notáveis)
Revolta dos Notáveis (auxílio da burguesia) – 1787-1789 “Convocação dos Estados Gerais para deliberar sobre projeto de reformas tributárias”. 
Os Estados Gerais era um órgão político consultivo e deliberativo, constituido por representantes das três ordens sociais. Tinha por escopo auxiliar o rei em algumas decisões. 
Reunião dos Estados Gerais em Versalhes em 1789 para acalmar o fervor criado na classe burguesa ( mas na reunião a classe burguesa se insurgue em razão da impossibilidade de participação igualitária)
“ Perturbado pela situação financeira extremamente difícil do reino e pelas graves consequências que vinham acarretando, com as camadas mais ricas revoltadas contra o excesso de tributação e as camadas mais pobres sofrendo todas as privações, Luis XVI convocou os Estados gerais. Foram eleitos representantes de cada ordem, a saber a nobreza, o clero e o povo comum, identificado pelo terceiro estado, os quais receberam dos respectivos eleitores uma espécie de mandato imperativo, documentos escritos redigidos pelos eleitores com as reivindicações de cada um. Entre estas apareciam muitas vezes a reclamação por uma Constituição escrita. Reunidos em Versalhes em 1789 não puderam se ocupar imediatamente com o projeto da Constituição, sobretudo pela divergência entre o rei e o terceiro estado (contagem de votos por ordem ou por cabeça)”. (p. 204)É assim que surge a Assembléia Constituinte Francesa, mas a princípio ainda se manteria a monarquia hereditária. 
O povo, revoltado, em 14 de julho do mesmo ano, vai à rua de Paris e toma a fortaleza real do rei, a Bastilha. Assim, para pacificar é que primeiro a Assembleia Constituinte resolve elaborar a declaração de direitos. (DUDHC)
Agosto de 1789 – Assembléia Nacional Constituinte revolucionária (apoiada por governos provisório populares e milícias) proclama a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão (abolindo os direitos feudais e confiscando terras da igreja)
Foi utilizada como preâmbulo da Const. Francesa de 1791– art. 16 “Toda sociedade na qual não é assegurada a garantia de direitos, nem determinada a separação de poderes não possui Constituição”.
CONSTITUCIONALISMO FRANCÊS
Assembléia Constituinte Revolucionária decidiu que a França teria uma Constituição escrita e que esta, aos dispor sobre regras básicas de organização política e das relações entre governantes e governados, deveria ser compatível com o reconhecimento e garantia dos direitos do homem. Pois, os preceitos da declaração não eram dotados de eficácia jurídica. (setembro de 1791)
Contributo da Constituição FR de 1791: 
A) Garantia de Direitos
 B) Separação dos Poderes 
C) Implantação de uma monarquia constitucional
“A adoção da ideia de Constituição como fundamento filosófico e político da organização social, numa perspectiva universal e idealizada com base nos valores fundamentais da pessoa humana, indo muito além da busca da solução para problemas locais e imediatos, foi a contribuição, extremamente importante, dada pela França ao constitucionalismo”. 
Para além de uma norma jurídica superior, a Constituição passa a ser um documento político. 
A Constituição não é concebida como a base do sistema jurídico, mas interessa ao direito como fator de garantia, na medida em que define a organização do poder do Estado, impedindo a concentração do poder político
e proibindo sua interferência na liberdade individual. (p. 219)
O que é a Constituição?
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: 
Declaração de Direitos como parte da Constituição (como base da implantação de uma sociedade livre e igualitária)
Limitação dos poderes do rei, com a garantia das liberdades individuais (liberdade, propriedade, segurança e resistência)
Concepção individualista dos direitos, afastando-se de noções de igualdade.
“ O que se considerava indispensável reconhecer e garantir era que os indivíduos são sujeitos de direitos naturais, ressaltando entre estes os direitos à liberdade e propriedade. O exercício destes direitos, sobretudo, mas também de todos os demais direitos individuais, a forma de exercê-los e a oportunidade para isso eram questões adstritas ao exclusivo arbítrio de cada um, situando-se integralmente na esfera privada”. (p. 215) O Estado só atua para manter a ordem pública (castigo de delitos e resistÊncia a agressão exterior).
Consagração da separação da esfera pública e privada 
Distinção entre Poder Constituinte Originário e Poder Constituinte Derivado (Sieyès)
CONSTITUCIONALISMO FRANCÊS
SÍNTESE DA FORMAÇÃO DO MODELO LIBERAL DE ESTADO:
“(…) o Estado liberal remete à primazia da lei sobre a administração, jurisdição e sobre os cidadãos, caracterizando-se por ser um Estado legislativo, no qual vige o princípio da legalidade, de maneira que este princípio expressa a ideia de que a lei é suprema e irresistível até mesmo em relação às demais fontes do Direito, o que representa a verdadeira derrota das tradições jurídicas do absolutismo (supremacia do Poder Executivo). Ademais, nesta forma de Estado de referência positivista, as leis eram formuladas mediante pressupostos fáticos abstratos, destinadas a valer indefinidamente, portanto, tudo o que pertencia ao mundo do direito (o direito e a justiça) estava resumido na lei, cabendo ao jurista somente aplicá-la de forma subsuntiva”. (Gustavo Zagrebelsky)
FORMAÇÃO DO ESTADO SOCIAL
Segunda fase do constitucionalismo moderno
Marco histórico: final da 1a. Guerra Mundial - 1918 (movimentos socialistas e cristãos) + crise industrial 
Preocupação com a igualdade substancial, pois o indivíduo passa a estar inserido dentro de uma coletividade.
Direitos sociais são instrumentos para atingir a igualdade substancial
Juiz deixa de ser mero aplicador do direito, para interpretar 
Poder Legislativo ganha protagonismo
No entanto, Constituição continua sendo documento essencialmente político: convite de atuação aos Poderes Políticos.
CONSTITUCIONALISMO CONTEMPORÂNEO
Faz florecer o Estado Democrático de Direito
Marco histórico: Final da 2a. Guerra Mundial
Influência da Declaração Universal de Direitos do Homem feita pela ONU em 1948: necessidade de preservação da dignidade humana.
 
Influência filosófica pós-positivista e humanista
“ o novo humanismo, que é a base de uma nova acepção do próprio Direito, assim como do constitucionalismo, afirma a supremacia da pessoa humana na escala de valores, mas de todas as pessoas humanas, sem qualquer espécie de discriminação ou privilégio, exigindo, além disso, que a afirmação da pessoa humana como valor supremo tenha sentido prático e se confirme no plano da realidade, não se restringindo a meras afirmações teóricas ou formais”. (p. 290)
Principais contributos:
Formação do Estado Constitucional em lugar do Estado legislativo (a estrita legalidade justificou a existência de regime totalitário)
 Reconhecimento da força normativa da Constituição (caráter vinculativo e obrigatório de suas normas, que se adaptam a realidade – por modificação formal ou não)
Pessoa humana passa a ser o centro do constitucionalismo (Estado existe para o indivíduo)
Rematerialização constitucional (consagração explícita de valores, opções políticas e diretrizes, bem como de DF)
Irradiação dos princípios constitucionais sobre todo ordenamento jurídico, com eficácia imediata.
Protagonismo do Poder Judiciário
Interdependência na separação dos poderes
Interpretação e ponderação dos princípios
Fundamentos da Constituição
Muitos foram os teóricos, ao longo do Constitucionalismo que tentaram justificar e explicar o fundamento da Constituição: 
Ferdinand Lassale: folha de papel/fatores reais de poder.
Kelsen: Norma hipotética fundamental: ideia de justiça vigente na sociedade.
Etc..
 
No neoconstitucionalismo, “ a Constituição tem fundamentos éticos, jurídicos e sociais que se encontram em todas as sociedades e em todos os seres humanos. Evidentemente, em vista da extrema variedade de condições materiais e de características culturais, seria impossível e mesmo contraditório pretender a definição de uma Constituição padrão, válida para todos os tempos e todos os lugares. O que se faz necessário é que em cada circunstância o constitucionalismo leve em conta o conjunto das peculiaridades éticas, jurídicas e sociais do povo, sem perder de vista e sem afrontar tudo o que é essencial à pessoa humana para preservação de sua dignidade”. (p. 307)
Em síntese, nas palavras de Luís Prieto Sanchis:
No período contemporâneo, temos Constituições tranformadoras, que pretendem condicionar as decisões da maioria, tendo como principais protagonistas os juízes e não o legislador. 
Seus traços mais evidentes:
Mais princípios do que regras
Mais ponderação do que subsunção
Onipresença da Constituição
Coexistência de uma constelação plural de valores
CONSTITUCIONALISMO PARA O FUTURO
Quais são os valores fundamentais a serem consagrados nas Constituições futuras? 
Preocupações com: verdade (promessas possíveis), solidariedade entre os povos (justiça social), consenso democrático, continuidade (sem modificações que destruam sua identidade), participação do povo na vida do Estado, integração supranacional e universalização dos direitos humanos.
Alguns autores já destacam a dimensão da integração supranacional, como realidade viva, por conta da experiência da União Européia, onde a soberania nacional cede lugar a núcleos de poder supranacional, havendo reestruturação e ampliação das capacidades de ação política. 
Os Estados estão sujeitos à normativas comunitárias.

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