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1 MINISTERIO DA EDUCACAO SECETARIA DE EDUCACAO A DISTANCIA ESCOLA TECNICA ABERTA DO BRASIL CURSO TECNICO EM CONTROLE AMBIENTAL MICROBIOLOGIA AMBIENTAL Professora: Edilayne Cristina Santos Ouro Preto, 2011 2 SUMÁRIO Aula 1. Células revisão • Tipos de microorganismos Aula 2. História da microbiologia • Classificação das bactérias • Morfologia e estrutura microbiana (tamanho forma e arranjo) Aula 3. Introdução ao laboratório • Dinâmica de aulas práticas; • Noções de relatório de aula prática; • Apresentação das normas de segurança, • Cuidados básicos, • Organização e prevenção de acidentes. Aula 4. Importância ecológica e econômica das bactérias Aula 5. Reprodução e nutrição das bactérias Aula 6. Materiais e equipamentos usados em microbiologia Aula 7. Metabolismo energético e crescimento das bactérias Aula 8. Controle microbiano: Agentes físicos e químicos Aula 9. Microbiologia nos sistemas terrestres, aquáticos e dos esgotos. Aula 10. Aula prática presencial: • Apresentação de microscópio e preparação de lâminas / Coloração de Gram • Esterilização e desinfecção/ Preparação de material para autoclavar/Preparação de meios de cultura Aula 11. Aula prática presencial • Uso do autoclave • Uso da placa de petri, coleta e preparo das amostras • Técnicas de análise de água 3 INTRODUCAO A MICROBIOLOGIA O que são microorganismos? Microrganismos ou micróbios compreendem os seres procarióticos - bactérias e arqueobacterias e os seres eucarióticos unicelulares, coloniais ou multicelulares simples nos quais protozoários e fungos - e os vírus que, embora sejam entidades acelulares não classificadas nos sistemas de classificação dos seres vivos (são parasitas intracelulares obrigatórios) são também considerados micróbios e objetos de estudo da Microbiologia. A grande maioria dos micróbios é microscópica, mas muitos podem ser facilmente visualizados a olho nu, como acontece com os bolores. O que é a microbiologia? Microbiologia: Mikros (= pequeno) + Bio (= vida) + logos (= ciência). A Microbiologia era definida, até recentemente, como a área da ciência que se dedica ao estudo dos microrganismos, um vasto e diverso grupo de organismos unicelulares de dimensões reduzidas, que podem ser encontrados como células isoladas ou agrupados em diferentes arranjos (cadeias ou massas), sendo que as células, mesmo estando associadas, exibiriam um caráter fisiológico independente. Assim, com base neste conceito, a microbiologia envolve o estudo de organismos procariotos (bactérias, archaeas), eucariotos inferiores (algas, protozoários, fungos) e também os vírus. Bactérias Archaea Fungos Vírus Algas Protozoários Tipos de microrganismos estudados pelos microbiologistas. (Adaptado de Tortora et al., Microbiology, 8 ed) Esta área do conhecimento teve seu início com os relatos de Robert Hooke e Antony van Leeuwenhoek, que desenvolveram microscópios que possibilitaram as primeiras observações de 4 bactérias e outros microrganismos, além de diversos espécimes biológicos. Embora van Leeuwenhoek seja considerado o "pai" da microbiologia, os relatos de Hooke, descrevendo a estrutura de um bolor, foram publicados anteriormente aos de Leeuwenhoek. Assim, embora Leeuwnhoek tenha fornecido importantes informações sobre a morfologia bacteriana, estes dois pesquisadores devem ser considerados como pioneiros nesta ciência. Recentemente foi publicado um artigo discutindo a importância de Robert Hooke para o desenvolvimento da Microbiologia. 5 AULA 1. CÉLULAS - REVISÃO 1.1- Células A palavra "célula" vem do latim: cellula (quarto pequeno). O nome descrito para a menor estrutura viva foi escolhido por Robert Hooke. Em um livro que publicou em 1665, ele comparou as células da cortiça com os pequenos quartos onde os monges viviam. A parte da Biologia que estuda a célula recebe o nome de Citologia. A célula representa a menor porção de matéria viva. São as unidades estruturais e funcionais dos organismos vivos. Alguns organismos, tais como as bactérias, são unicelulares (consistem em uma única célula). Outros organismos, tais como os protistas, fungos, plantas e seres humanos, são pluricelulares(são constituídos por várias células). Nosso corpo humano é constituído por 10 trilhões de células e mais de 90 trilhões de células de microrganismos que vivem em simbiose com o nosso organismo. A teoria celular que foi desenvolvida primeiramente em 1839 por Matthias Jakob Schleiden e por Theodor Schwann, indica que todos os organismos são compostos de uma ou mais células e que todas as células vêm de células preexistentes. As funções vitais de um organismo ocorrem dentro das células, e todas elas contêm informação genética necessária para funções de regulamento da célula, e para transmitir a informação para a geração seguinte de células. Existem células microscópicas (não são vistas a olho nu) e macroscópicas(são vistas a olho nu). A maioria das células tem dimensões microscópicas, medidas em micrometros; como é o caso das bactérias que são as menores células que se encontram, com cerca de 0,2 mm e 0,3 mm. Mas existem também, células macroscópicas, como a gema do ovo, a fibra de algodão, fibras dos músculos das coxas que seu comprimento é medido em centímetros, e os neurônios, que seu comprimento é medido em metros; mas as suas espessuras estão medidas em micrômetros. As células microscópicas podem ser vistas com a ajuda de um equipamento de aumento que e o microscópio 6 1.2. Células procarióticas e eucarióticas: Organização estrutural Células Procariontes As células procariontes ou procarióticas, também chamadas de protocélulas, são muito diferentes das eucariontes. A sua principal característica é a ausência da membrana carioteca individualizando o núcleo celular, pela ausência de alguns organelos e pelo pequeno tamanho que se acredita que se deve ao fato de não possuírem compartimentos membranosos originados por evaginação ou invaginação. Também possuem DNA na forma de um anel associado a proteínas básicas e não a histonas (como acontece nas células eucarióticas, nas quais o ADN se dispõe em filamentos espiralados e associados a histonas). Estas células são desprovidas de mitocôndrias, plastídeos, complexo de Golgi, retículo endoplasmático e sobretudo cariomembrana o que faz com que o ADN fique disperso no citoplasma.Os seres vivos que são constituídos por estas células são denominados procariotas, compreendendo principalmente as bactérias, e algumas algas (cianofíceas e algas azuis) que também são consideradas bactérias. Células Eucariontes As células eucariontes ou eucarióticas, são mais complexas que as procariontes. Possuem membrana nuclear individualizada (carioteca) e vários tipos de organelas. Todos os animais, protozoários, fungos e plantas são dotados deste tipo de células. É altamente provável que estas células tenham surgido das células procariontes. 1.3. TIPOS DE MICROOGANISMOS Antes do conhecimento dos microorganismos todos os organismos eram agrupados no reino animal (com movimento) e vegetal(sem movimento). De acordo com outros estudos verificou-se um nova classificação, as dos 5 reinos. Os seres vivos, ou seja, que possuem células são divididos em 5 reinos.1.3.1 - REINO MONERA Dentro deste grupo estão as bactérias que engloba os seres procariontes. As bactérias constituem um grupo de seres vivos muito antigos. Foram encontrados fósseis de cerca de 3,5 bilhões de anos. Existem evidencias de que os organismos procariontes primitivos foram ancestrais de todas as formas que encontramos hoje na terra, incluindo os procariontes atuais e os eucariontes. 7 A investigação sobre a natureza das bactérias nos permite dividi-las me dois grandes grupos: as arqueobacterias e as eubactérias. Estas denominações derivam dos elementos gregos arqueo. “antigo” e eu “verdadeiro”. Estudos mostram que há três bilhões de anos houve a formação de duas linhagens de bactérias, a partir de um grupo comum: surgiu uma linhagem que originou as eubactérias e uma outra linhagem que originou as aqueobactérias. Arqueobactérias As características deste grupo são o resultado das poucas modificações que sofreram os procariontes primitivos que originaram este tipo de bactérias. Atualmente, há poucas espécies de arqueobacterias. Essas são heterotróficas anaeróbicas e vivem em locais restritos, onde as condições ambientais são inadequadas para outros seres vivos. São classificadas em 3 grupos principais de acordo com suas condições extremas, como: • Halófitas: (do grego halos (sal) e philos (amigo). Que vivem em ambientes salinos como Mar Morto; • Termófilas: Que habitam fontes termais ácidas onde a temperatura varia de 60 a 80 graus. Como exemplo temos as sulfobácterias que obtêm energia oxidando o enxofre. • Metanogenicas: Vivem em regiões alagadas (pântanos) e no interior do tubo digestivo de insetos como cupins e de animais como herbívoros. Essas bactérias utilizam o gás metano por redução de CO2 e CH4. Estas bactérias são estritamente anaeróbicas, o oxigênio é tóxico para elas. Eubactérias Este grupo tem uma grande divisão metabólica. Ocorrem diferentes formas de células e tipos de colônias celulares. Nestas colônias não há divisão de trabalho entre as células. As eubactérias habitam o solo, a superfície das águas e os tecidos de outros organismos vivos ou em decomposição. As eubactérias mais comuns e melhor estudadas são as da espécie Eschericha coli . Todos os seres deste grupo, são formados por células procariontes. 1.3.2 - REINO PROTISTA São microorganismos unicelulares ou pluricelulares e eucarióticos. Podem ser autótrofos, ou seja, protistas que possuem clorofila e fazem a fotossíntese; no entanto, existem também outros protistas que são heterótrofos, ou seja, incapazes de fazer fotossíntese e que se alimentam de matéria orgânica. Protistas autótrofos, constituem a maior parte do plâncton marinho e dulcícula, são os mais importantes produtores nesses ecossistemas aquáticos. Se movimentam com a ajuda de pseudópodes, flagelos ou cílios. Apresentam diferentes formas e vivem em tanto como entidades livres quanto como parasitas. Podem reproduzir sexuadamente ou assexuadamente. 1.3.3 – REINO FUNGI São organismos eucarionte, unicelulares(leveduras) ou pluricelulares. Podem ser autótrofos ou heterótrofos. São conhecidos como fungos, bolores, mofo etc. Os fungos verdadeiros possuem a parede das células compostas principalmente por uma substancia chamada de quitina. Podem reproduzir sexuadamente e assexuadamente. 8 1.3.4 – REINO PLANTAE São organismos eucarionte, pluricelulares e autótrofos (são os únicos que são totalmente autótrofos). Possui a organela cloroplasto que realiza a fotossíntese para a produção de oxigênio e alimento. São conhecidos como briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas. Possue parede celular composta principalmente por celulose. E podem se reproduzir sexuadamente e assexuadamente. 1.3.5 – REINO ANIMALIA São organismos eucarionte, pluricelulares e heterótrofos (não produzem seu próprio alimento, necessitando a ajuda dos autótrofos) . Temos com exemplo os invertebrados e vertebrados. Podem se reproduzir sexuadamente e assexuadamente. 1.4 - Em 1978, Carl Woese desenvolveu um sistema de classificação com base na organização celular dos organismos. Ele classificou os organismos em três domínios que são: 1. Bactéria: Parede celular contem peptidioglicano 2. Archaea: Parede celular, se presente, não contém peptidioglicano 3. Eucarya, que inclue os seguintes: • Protista: protozoários e algumas algas • Fungi: leveduras unicelulares, bolores multicelulares e cogumelos • Plantae: musgos, samambaias, coníferas e plantas com flores • Animalia: Invertebrados e vertebrados 9 AULA 2. HISTORICO E MORFOLOGIA DAS BACTERIAS 2.1- História da microbiologia EXERCÍCIO: PESQUISE E FAÇA UM BREVE RELATO DA HISTÓRIA/ HISTÓRICO DA MICROBIOLOGIA. MÁXIMO DE 1 FOLHA 2.2- Classificação das bactérias • Arqueobactérias • Eubactérias 2.3 - Morfologia (tamanho, forma e arranjo) Tamanho: Medem cerca de 0,2 a 2,0 µm de diâmetro e de 2 a 8 µm de comprimento. Forma e arranjo: 2.4. Parece celular bacteriana A parede celular bacteriana é uma estrutura rígida que recobre a membrana citoplasmática e confere forma às bactérias. De acordo com a constituição da parede, as bactérias podem ser divididas em dois grandes grupos: - Gram-negativas: se apresentam de cor avermelhada quando coradas pelo método de Gram. - Gram-positivas: se apresentam de cor roxa quando coradas pelo método de Gram. A parede das gram-positivas é praticamente formada de uma só camada, enquanto a das gram- negativas é formada de duas camadas. Entretanto, Os dois tipos de parede apresentam uma camada 10 em comum, situada externamente à membrana citoplasmática que é denominada camada basal, mureína ou peptídeoglicano. A segunda camada, presente somente na células das gram-negativas é denominada membrana externa. Entre a membrana externa e a membrana citoplasmática encontra-se o espaço periplasmático no qual está o peptídeoglicano. Os dois tipos de parede são apresentados na figura abaixo. 2.5. Estrutura externas a parede celular bacteriana O exame de uma célula bacteriana revela certas estruturas definidas tanto dentro como fora da parede celular. Algumas das estruturas se restringem a certas espécies, porem certas estruturas ou partes como a parede celular e o citoplasma são comuns a todas as células bacterianas. Entre as possíveis estruturas externas a parede celular bacteriana/procariótica, estão o glicocalix, os flagelos, os filamentos axiais, as fimbrias e pili. Glicocálix: Revestimento de açúcar viscoso e gelatinoso que reveste a parede celular. A composição varia de acordo com a espécie. Possui várias funções como: • Importante na virulência; • Protege a célula contra morte; • Permite a fixação em superfícies do ambiente natural, com isso, crescem e se reproduzem. Ex: cárie e pneumonia • Impedir desidratação. Flagelo: Significa chicote e é responsável pelo movimento. Seu corpo é formado por 3 partes básicas que é o filamento, gancho e corpo basal. Suas proteínas identificam bactérias patogênicas. Fazem movimento de nado ou corrida que fazem-no movimentar de um lado para o outro. 11 Tem movimentos de taxia, ou seja, movimentam de acordo com o estimulo, que pode ser por quimiotaxia (estimulo químico); fototaxia (estimulo da luz); e sinal químico (+atraente e – repelente). Existem 4 tipos de arranjos: • Monotritio- 1 único flagelo • Anfitritio – 1 único flagelo na extremidade • Lofotritio – 2 ou mais flagelos em 1 extremidade •Peritritio – Muitos flagelos espalhados pelo corpo. Filamentos axiais: As espiroquetas sãos as que a possuem. São semelhantes a um flagelo e tem o movimento parecido ao de saca rolhas. Fimbrias: São pelos curtos, retos e finos. Ocorre nos pólos da célula bacteriana homogeneamente. Tem como função a aderência as superfícies de outras células. Quando não estão presentes, pode não ocorrer a colonização. Pili: São mais longas que as fimbrias. Existe apenas 1 ou 2 por células. E responsável pela transferência do material genético de uma bactéria para a outra – e chamado de Pili sexual. 2.6. Membrana plasmática Logo abaixo da parede celular, existe a membrana plasmática, que é uma membrana muito fina. A membrana plasmática tem a função de controlar a entrada de elementos nutritivos para o interior da célula e saídas de produtos do metabolismo. 2.7. Citoplasma E um material gelatinoso contido no interior da membrana plasmática. Constituído de aproximadamente 80% de água, alem de enzimas, carboidratos, lipídios, íons inorgânicos entre outros. As principais estruturas presentes em seu interior são: DNA(material genético), ribossomos (aspecto granular) e inclusões. 12 AULA 3. INTRODUÇÃO AO LABORATÓRIO 3.1 - INTRODUÇÃO AO LABORATORIO Objetivo geral das aulas pratica As atividades de aulas práticas efetuadas no Laboratório de Microbiologia incluem a execução de preparações e observações microscópicas, preparo e montagem de materiais e instrumentais, preparo de meios de cultura, reagentes, seguido da esterilização dos mesmos, manipulação de amostras biológicas e do ambiente, culturas de microrganismos, execução de técnicas de cultivo, isolamento, quantificação, caracterização e identificação de microrganismos. Desta forma, todo pessoal envolvido em sala de aula, inclusive os professores e laboratoristas, devem adotar os procedimentos de boas práticas laboratoriais, inclusive rigorosa assepsia, para evitar riscos de contaminação e acidentes. Por outro lado, há também a preocupação de evitar que os experimentos efetuados sejam contaminados ou que o descarte dos materiais contaminados possa vir a contaminar o ambiente e a comunidade envolvida. Muito embora na maioria dos experimentos efetuados emprega-se microrganismos não patogênicos ou microrganismos cuja exposição laboratorial raramente produz doença, é bom lembrar que um microrganismo pode até ser considerado incapaz de causar doença em indivíduos sadios, mas poderá causar doença em indivíduos com a saúde debilitada. 3.1.1 - Objetivos gerais de aulas práticas As aulas práticas de microbiologia tem como objetivo desenvolver habilidades e competências para que os estudantes se tornem aptos a: 1) Reconhecer e manipular os equipamentos freqüentemente utilizados em laboratórios de microbiologia; 2) Manipular, coletar, fracionar, semear as amostras para o ensaio; 3) Conhecer as principais metodologias de rotina de laboratório de microbiologia; 4) Interpretar os resultados experimentais; 5) Elaborar relatórios. 3.1.2 - Biossegurança E um conjunto de medidas necessárias para a manipulação adequada de agentes biológicos, químicos, genéticos, físicos (elementos radioativos, eletricidade, equipamentos quentes ou de pressão, instrumentos de corte ou pontiagudos, vidrarias) dentre outros, para prevenir a ocorrência de acidentes e conseqüentemente reduzir os riscos inerentes às atividades desenvolvidas, bem como proteger a comunidade e o ambiente e os experimentos. 3.2- MICRORGANISMOS E GRUPOS DE RISCO Grupo 1: Microrganismos que, até o momento, não causam doenças para o homem (baixo risco individual e coletivo) e que não representam riscos para o ambiente (Lactobacillus, Lactococcus, Saccharomyces, Bacillus polymyxa, cepas não patogênicas de E. coli, dentre outros); 13 Grupo 2: Microrganismos que podem causar doenças no homem, mas a exposição laboratorial raramente produz doença. Mesmo assim, para essas doenças existem medidas profiláticas e terapêuticas eficientes (Espécies de Salmonella (exceto S. typhi), E. coli patogênicas, Proteus, Staphylococcus, Streptococcus, Neisseria, Listeria, dentre outros); Grupo 3: Microrganismos que podem causar doenças graves no homem e apresentam risco elevado para os laboratoristas. Eles podem apresentar riscos de serem disseminados para a população, mas para as doenças causadas existem medidas profiláticas e terapêuticas eficazes (Mycobacterium tuberculosis, Coxiella burnetti); Grupo 4: Microrganismos que causam doenças humanas severas e apresentam risco elevado para os laboratoristas e para a população em geral. Eles são agentes altamente infecciosos que se propagam facilmente, podendo causar a morte das pessoas infectadas, pois não existem atualmente medidas profiláticas ou tratamentos efetivos. 3.3- VIAS DE TRANSMISSÃO DE PATÓGENOS EM LABORATÓRIOS DE MICROBIOLOGIA Transmissão oral: os agentes infecciosos são transmitidos por via oral, principalmente quando microrganismos patogênicos são isolados em culturas puras e atingem populações elevadas. Esta é uma das razões pelas quais não se deve pipetar com a boca, comer, beber, mascar chicletes, levar a mão ou objetos como caneta ou lápis à boca ou fumar no laboratório. Transmissão aérea: os microrganismos são transmitidos através da inalação de aerossóis contendo os agentes infecciosos. Esses microrganismos podem difundir-se no ambiente do laboratório. As práticas laboratoriais devem ser executadas de modo a minimizar os riscos de formação dos aerossóis. De preferência, os laboratórios devem ter pressão negativa e os microrganismos que são veiculados pelos aerossóis como M. tuberculosis devem ser manipulados em cabines especiais conhecidas como cabines de segurança biológica classe III, localizadas em local apropriado dentro do laboratório. Transmissão cutânea ou parenteral: Esta transmissão ocorre através da pele, pela injeção acidental de espécimes ou culturas microbianas com agulhas ou quando ocorrem acidentes com materiais cortantes, tais como vidro quebrado, lâminas de bisturi e agulhas. Apenas poucos organismos podem ser adquiridos através da pele intacta como Leptospira, Brucella, Treponema e larvas do Strongyloides, dentre outros. Indivíduos com soluções de continuidade na pele não devem trabalhar no laboratório. Transmissão ocular: Os organismos podem ser transmitidos através da superfície da mucosa ocular através de gotículas ou respingos de culturas que atinjam os olhos. Usualmente são os mesmos tipos de organismos que são transmitidos por via parenteral e também algumas toxinas potentes como a do C. botulinum. O respingo na mucosa pode ocorrer quando há manipulação de culturas líquidas, principalmente quando são pipetadas ou quando materiais como placas de micro-titulação contendo microrganismos são submetidos a etapas que envolvem lavagem (teste de ELISA) ou quando são transferidos ou adicionados materiais dentro de líquidos contendo microrganismos. Também podem contaminar-se por esta via através do contato dos olhos com lentes de microscópios e outros aparelhos oculares contaminados. 14 3.4 – Normas gerais • Para que o aluno alcance os objetivos desejados é necessário que seja PONTUAL, ASSIDUO E ORGANIZADO e tenha a compreensão prévia do trabalho a ser executado. • Todas as dúvidas a respeito da prática deverão ser esclarecidas antes do início dos trabalhos ou no final. • Todos os trabalhos práticos deverão ser executados com atenção, rigor técnico e disciplina. • Cada aluno deverá trazer para o trabalho prático o roteiro de aula prática. • Após cada aula prática deverá ser elaboradoum relatório sobre a aula. 3.5 – Organização e cuidados básicos • Os estudantes se organizarão em grupo, que ocupará sempre a mesma bancada (mesa) no laboratório. • Cada bancada do laboratório será equipada com o material necessário, para cada grupo executar o trabalho programado no roteiro, sendo o grupo responsável pelo mesmo. • Não toque, nem manipule reagentes, vidrarias ou equipamentos sem a orientação do professor. • Consulte o professor antes de descartar qualquer material usado no laboratório. • Ao usar o bico de bunsen nunca deixe as chamas acessas. • Descarte de soluções na pia deverão ser feitas com a torneira aberta, sumultaneamente, para evitar corrosão. • Ao término dos trabalhos, o estudante deverá proceder a limpeza de seu material e bancada. 3.6 – Segurança e prevenção de acidentes • Trabalhar sempre protegido com avental/jaleco abotoado, de calçado fechado e de cabelos presos. • Não fumar, comer e beber dentro do laboratório. • Não cheirar nenhum reagente diretamente. • Não pipetar usando a boca. • Não operar com substâncias inflamáveis (álcool, éter, acetona, etc) nas proximidades de chama. • Não trabalhar com material imperfeito ou defeituoso, principalmente com vidraria que tenha pontas ou arestas cortantes. • Se alguma substancia química cair sobre a pele ou espirrar sobre os olhos, lavar com bastante água e avisar imediatamente o professor. • Ler com atenção o rotulo dos frascos de reagentes a serem utilizados. • Se um reagente ou mistura cair sobre a bancada ou no chão, secar imediatamente com papel toalha. • Quando aquecer uma substancia no tubo de ensaio, inclinar o tubo e nunca dirigir a extremidade aberta do tubo na própria direção ou na direção dos colegas, pois o conteúdo aquecido pode projetar. • Desinfetar a bancada sempre após o uso. • Lavar sempre as mãos após o trabalho. 15 • Qualquer acidente dever ser avisado ao professor imediatamente. • Trabalhar com atenção, método, prudência e calma, lembrando sempre que o laboratório é lugar para trabalho sério. 3.7 - Noções de relatório de aula prática Tão importante quanto realizar o experimento proposto á e apresentação do relatório técnico científico que constitui um instrumento de avaliação desta disciplina. Portanto , entre os objetivos dessa disciplina esta introdução a redação de um relatório cientifico. O relatório de atividades deve retratar o que foi realmente realizado no experimento, sendo de fundamental importância a apresentação de um documento bem ordenado e de fácil leitura. Deve ser sucinto e descrever as atividades experimentais realizadas, a base teórica dessas atividades, os resultados obtidos e sua discussão, além da citação bibliográfica consultada. O relatório deve ser redigido de uma forma clara, precisa e lógica. Sempre escreva de forma impessoal, utilizando a voz passiva no tempo passado e na terceira pessoa do singular. 3.7.1 – Composição de um relatório IDENTIFICACAO Relatório número: Titulo: Nome dos autores RESUMO Inicialmente, deve se feito um resumo dos principais aspectos a serem abordados no relatório tomando por base, as etapas constantes do procedimento experimental desenvolvido e dos resultados obtidos. INTRODUCAO Apresentar os pontos básicos do estudo ou da atividade desenvolvida, especificando as principais aquisições teórico-metodológicas, referentes as técnicas empregadas. Neste item é dado um embasamento Teórico do experimento descrito para situar o leitor naquilo que se pretendeu estudar no experimento. A literatura é consultada, apresentando-se uma revisão do assunto. MATERIAL E METODO Descrição detalhada do experimento realizado, dos métodos analíticos e técnicas empregadas, bem como descrição dos instrumentos utilizados. Este item precisa conter elementos suficientes para que qualquer pessoa possa ler e reproduzir o experimento no laboratório. Geralmente são utilizados desenhos e diagramas para esclarecer sobre a montagem da aparelhagem. Não deve incluir discussões de resultados. 16 RESULTADOS E a parte principal do relatório, na qual serão mostrados todos os resultados obtidos, que podem ser numéricos ou não. Atenção: Utilize apenas dados obtidos experimentalmente, ou seja, NAO INVENTE OU COPIE DADOS DO VIZINHO. SEJA HONESTO E CULTIVE DESDE O INICIO A ETICA PROFISSIONAL. DISCUSSAO Em um relatório desse tipo espera-se que o aluno discuta os resultados em termos dos fundamentos estabelecidos na introdução, mas também que os resultados inesperados e observações sejam relatados, procurando uma justificativa plausível para o fato. Deverá ser feita uma avaliação global do experimento realizado, são apresentados os fatos extraídos de experimentos comentando-se sobre as adaptações ou nao, apontando-se possíveis explicações e fontes de erro experimental. EXERCICIO 1. EXPLIQUE O QUE E UMA REFERENCIA BIBLIOGRAFICA. 2. PESQUISE COMO DEVE SER FEITA AS REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS DE UM RELATORIO. 17 Aula 4. IMPORTÂNCIA ECOLÓGICA E ECONÔMICA DAS BACTÉRIAS 4.1- AS BACTÉRIAS COMO DECOMPOSITORES Os cadáveres dos organismos mortos, assim como os resíduos eliminados por seres vivos (fezes, urina etc), apodrecem e desaparecem rapidamente do ambiente graças à ação de certas bactérias e fungos, genericamente denominados decompositores. Esses organismos degradam a matéria orgânica sem vida, decompondo suas moléculas em substâncias mais simples, que são liberadas no ambiente e podem ser reutilizadas por outros seres. 4.2 - BACTÉRIAS E BIOTECNOLOGIA A indústria de derivados de leite, há séculos se utiliza das bactérias dos gêneros Lactobacillus e Streptococcus para a produção de queijos, iogurtes e requeijões. Na produção de vinagre, são utilizadas bactérias do gênero Acetobacter, que convertem o álcool do vinho em ácido acético. Hoje, as bactérias também têm sido muito empregadas na indústria farmacêutica para a produção de antibióticos e vitaminas. A indústria química também se utiliza de bactérias para a produção de substâncias como o metanol, o butanol, a acetona etc. A tecnologia do DNA recombinante, também chamada Engenharia Genética, tem permitido modificar geneticamente certas bactérias, fazendo-as produzir substâncias de interesse comercial. Já se encontra disponível no comércio hormônio de crescimento e insulina humanos, produzidos por bactérias geneticamente transformadas. No campo da estética pessoal, as bactérias também estão sendo utilizadas, ou melhor, sua toxina é posta em ação. É o caso da toxina botulínica (o "botox") que serve para paralisar, por um período, a musculatura do rosto (linhas de expressão), evitando as rugas da idade. 4.3 - BACTÉRIAS E FERTILIZAÇÃO DO SOLO Certas espécies de bactérias e cianobactérias são os únicos seres capazes de extrair nitrogênio da atmosfera, que é o grande reservatório natural desse elemento. As bactérias capazes de extrair nitrogênio do ar vivem no solo e são denominadas bactérias fixadoras de nitrogênio. Elas incorporam o nitrogênio molecular (N2), que passa a fazer parte das substâncias orgânicas de suas células. Ao morrer, as bactérias fixadoras liberam o nitrogênio na forma de amônia (NH3). 4.4 – BACTÉRIAS COMO DIGESTIVOS As bactérias também associam-se a outros seres vivos, estabelecendo relações ecológicas, sendo o mutualismo (uma união de que dependem dois seres vivos e na qual ambos são beneficiados) muito comum. Um exemplo disso ocorre entre os ruminantes e as bactérias que vivem em seu estômago. Sem elas, o ruminantenão conseguiria absorver o máximo dos nutrientes dos vegetais, devido à falta de uma enzima capaz de quebrar a celulose. Esse trabalho é realizado pelas bactérias. Em troca disso, estas ganham moradia e alimentação. Portanto, o benefício é mútuo. 18 4.5 – BACTERIAS E CONTROLE BIOLOGICO As bactérias também são amplamente utilizadas no combate as pragas na agricultura. Um exemplo disto é o Bacillus thuringensis, que ataca as larvas de determinados insetos, produzindo cristais de proteínas que acabam por romper seus intestinos, ocasionando a morte dessas mesmas larvas. Desse modo, elas controlam os insetos que atacam as plantações - o que nós denominamos de controle biológico ou natural de pragas. Ainda no âmbito ambiental encontramos as bactérias, juntamente com outros microorganismos, no tratamento biológico de águas de rios poluídos, em biorreatores, que, operados sob determinadas condições, resultam na estabilização da matéria orgânica poluente. Os sistemas de tratamento biológico de resíduos visam promover a remoção da matéria orgânica e se possível a degradação de compostos químicos. 19 AULA 5 - REPRODUCAO BACTERIANA Crescimento e reprodução As bactérias podem se reproduzir com grande rapidez, dando origem a um número muito grande de descendentes em apenas algumas horas. A maioria delas reproduz-se assexuadamente, por cissiparidade, também chamada de divisão simples ou bipartição (figura ao lado). Nesse caso, cada bactéria divide-se em duas outras bactérias geneticamente iguais, supondo-se que não ocorram mutações, isto é, alterações em seu material genético. Em algumas espécies de bactérias pode ocorrer recombinação de material genético. A maioria das bactérias possui uma única cadeia de DNA circular. As bactérias, por serem organismos assexuados, herdam cópias idênticas do genes de suas progenitoras (ou seja, elas são clonais). Algumas bactérias também transferem material genético entre as células. A transferência de genes é particularmente importante na resistência à antibióticos. A resistência a antibióticos acontece devido à "colocação" de um plasmídio cuja expressão confere essa resistência ao antibiótico. A maioria das bactérias não apresenta reprodução sexuada, mas podem ocorrer misturas de genes entre indivíduos diferentes, o que é chamado de recombinação genética. Esse processo leva à formação de novos indivíduos com características genéticas diferentes, resultando na mistura de material genético. Uma bactéria pode adquirir genes de outra bactéria e misturá-los aos seus de três maneiras diversas: 5.1 - Transformação bacteriana Ocorre pela absorção de moléculas ou fragmentos de moléculas de DNA que estejam dispostas no ambiente, proveniente de bactérias mortas e decompostas; a célula bacteriana transformada passa a apresentar novas características hereditárias, condicionadas pelo DNA incorporado. 5.2- Transdução bacteriana Consiste na transferência indireta de segmentos de moléculas de DNA de uma bactéria para outra. Isso ocorre porque, ao formarem-se no interior das células hospedeiras, os bacteriófagos podem eventualmente incorporar pedaços do DNA bacteriano. Depois de serem liberados, ao infectar outra bactéria, os bacteriófagos podem transmitir a ela os genes bacterianos que 20 transportavam. A bactéria infectada eventualmente incorpora em seu cromossomo os genes recebidos do fago. Se este não destruir a bactéria, ela pode multiplicar-se e originar uma linhagem "transduzida" com novas características, adquiridas de outras bactérias via fago. 5.3 - Conjugação bacteriana Consiste na transferência de DNA diretamente de uma bactéria doadora para uma receptora através de um tubo de proteína denominado pêlo sexual ou pilus, que conecta o citoplasma de duas bactérias. 21 AULA 6. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS USADOS EM MICROBIOLOGIA 6.1- Equipamentos Nos laboratórios de microbiologia, há habitualmente uma ou várias pias para lavar as mãos. Extintores são instalados , para ajudar a apagar o fogo no caso de incêndio. Há igualmente um dispositivo para lavar os olhos e um chuveiro no caso dos produtos químicos vazarem sobre as roupas, a pele ou os olhos exceto em laboratórios de tecnologia e de física, onde não se utiliza vidraria, capela e produtos químicos tóxicos. Em anexo ao laboratório, há habitualmente um ou vários locais onde os produtos químicos secos e úmidos são armazenados, onde se prepara todos os reagentes como ácidos, bases, soluções tampão, solução e onde se distribui a vidraria, o pequeno material e os equipamentos de proteção individual do pessoal. O equipamento e a orientação de um laboratório dependerão finalmente do seu objetivo. Os laboratórios de microbiologia têm habitualmente salas separadas com pressão negativa para impedir a entrada de bactérias nocivos. O ar passa, em geral, por um certo número de filtros e é expulso da sala. Os laboratórios previstos para tratar séries de amostras, como os destinados à análise para o meio ambiental ou análises clinícas são equipados de aparelhos especializados automatizados concebidos para tratar muito de amostras. A pesquisa e a experimentação não são uma prioridade nestes laboratórios; o objetivo é oferecer um resultado rápido e viável. 6.2 - Principais equipamentos e funções – Extraído da apostila do CEFET -PE 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 AULA 7. METABOLISMO ENERGÉTICO E CRESCIMENTO BACTERIANO 7. 1 - Classificação segundo o metabolismo As bactérias podem ser classificadas em quatro grandes grupos, quanto a suas necessidades nutricionais: Fotoautotróficas: São capazes de produzir as substâncias orgânicas que lhes servem de alimento, tendo como fonte de carbono o gás carbônico e como fonte de energia a luz. Fotoeterotróficas: Utilizam luz como fonte de energia, mas não convertem exclusivamente o gás carbônico em moléculas orgânicas. Assim, elas utilizam compostos orgânicos que absorvem do meio externo, como alcoóis, ácidos graxos, glicídios etc, como fonte de carbono para a produção dos componentes orgânicos de sua célula. Essas células são bactérias anaeróbias e, como exemplo, pode- se citar as bactérias não-sulfurosas verdes como Chloroflexus spp., e as não-sulfurosas púrpuras, como Rhodopseudomonas spp. Quimioautotróficas: Utilizam oxidações de compostos inorgânicos como fonte de energia para a síntese de substâncias orgânicas a partir de gás carbônico (CO2) e de átomo de hidrogênio (H) proveniente de substâncias diversas. As substâncias orgânicas produzidas são utilizadas como matéria- prima para a formação dos componentes celulares ou degradadas para liberar energia para o metabolismo. Quimioeterotróficas: A maioria das espécies bacterianas apresenta nutrição quimioeterotrófica , ou seja, tanto a fonte de energia quanto a de átomos são moléculas orgânicas que a bactéria ingere como alimento. De acordo com a fonte das substâncias que lhe servem de alimento, as bactérias heterotróficas são classificadas em saprofágicase parasitas. Exemplo: Clostridium. 41 7.2. Crescimento bacteriano Para se estudar o crescimento de uma bactéria é preciso cultivá-la, como cultura pura, em meios de cultura e condições ambientais que variam em condições químicas e físicas, tais como fontes de nutrientes, osmolaridade, pH, presença ou ausência de oxigênio e temperatura de incubação. Uma das abordagens mais comuns no estudo do crescimento bacteriano é a obtenção de curvas de crescimento. Estas são representações gráficas do aumento do número de indivíduos em um determinado período de tempo (figura 1). Uma linha de tendência passando pelos pontos do gráfico é uma curva exponencial e cada ponto por onde a curva passa indica o número teórico de células, em um dado tempo. A bactéria E. coli crescendo em um meio de cultura rico e sob condições aeróbicas, atinge uma concentração final de 2 a 5 X 109 células por ml em cerca de 12 a 18 horas. Uma cultura bacteriana é um sistema dinâmico, com células se dividindo e morrendo todo o tempo. A tendência de crescimento representada na Figura 1 só pode ser mantida indefinidamente se houver um suprimento ilimitado de nutrientes, ambiente inalterável e espaço ilimitado. Em ambientes naturais e em condições experimentais nas quais as disponibilidades de nutrientes e de espaço sejam limitadas, em um dado momento algum fator se torna desfavorável: um nutriente essencial torna-se escasso (fontes de energia, elementos-traço), produtos tóxicos do metabolismo acumulam-se em concentrações que inibem a divisão celular, o espaço torna-se limitado, etc. Quaisquer uma dessas situações, isoladamente ou em conjunto, inibem o crescimento, provocando um declínio do número de células viáveis na população até o ponto em que esta se extinga completamente (Figura 2). 42 Em condições experimentais, quando se inocula uma população bacteriana em um frasco contendo uma quantidade inalterável de meio de cultura (sistema fechado), o crescimento dessa população passa por quatro fases características, dependendo do ponto no qual o processo do crescimento seja interrompido pelo experimentador. Essas quatro fases estão representadas na Figura 3. Fases do crescimento bacteriano A curva de crescimento da Figura 3 representa uma situação próxima da real quando se cultiva a bactéria E. coli em um meio de cultura rico e sob condições aeróbicas. Fase lag: fase de adaptação metabólica ao novo ambiente; o metabolismo celular está direcionado para sintetizar as enzimas requeridas para o crescimento nas novas condições ambientais encontradas pelas células. O número de indivíduos não aumenta nesta fase, podendo até mesmo decrescer. A duração dessa fase depende das condições ambientais nas quais as células se encontravam anteriormente. A fase lag será tão mais longa quanto maiores as diferenças de composição do ambiente anterior ou se a população for constituído de bactérias esporuladas. Fase exponencial ou logarítmica: fase na qual o número de células da população dobra a cada geração. Esta taxa de crescimento não pode ser mantida indefinidamente em um sistema fechado. Após um determinado período de crescimento exponencial, as condições ambientais tornam-se desfavoráveis pela escassez de nutrientes essenciais, acúmulo de metabólitos tóxicos e limitação de espaço. À medida que a disponibilidade de nutrientes diminui as células se tornam menos capazes de gerar ATP e a taxa de crescimento se reduz. A duração da fase exponencial é altamente variável dependendo tanto das características genéticas da bactéria quanto das condições ambientais. 43 Fase estacionária: fase em que a taxa de crescimento diminui significativamente devido às condições limitantes do meio. As células continuam metabolizando e se dividindo, mas parte das células torna-se inviável e a taxa de divisão celular é muito próxima da taxa de morte celular, o que mantém constante o número de células viáveis na população. A curva de crescimento atinge um platô. A duração da fase estacionária depende do balanço entre a taxa de divisão celular e o número de células que vão se tornando inviáveis (morte celular ou incapacidade de se dividir) devido às condições ambientais tornarem-se progressivamente desfavoráveis. Fase de declínio: as células perdem a capacidade de se dividir, a taxa de morte celular torna-se maior que a taxa de divisão e o número de células viáveis decresce exponencialmente até a completa extinção da população. Nesta fase muitas células assumem formas incomuns. Em bactérias formadoras de esporos sobrevivem mais esporos que células vegetativas. A duração desta fase é variável dependendo tanto das características genéticas da bactéria quanto das condições ambientais. 44 AULA 8. CONTROLE MICROBIANO: AGENTES FÍSICOS E QUÍMICOS 8.1- Métodos Físicos de controle: O método mais empregado para matar microorganismos é o calor, por ser eficaz, barato e prático. Os microorganismos são considerados mortos quando perdem a capacidade de multiplicar. Calor úmido: A esterilização empregando calor úmido requer temperaturas acima de fervura da água (120º). Estas são conseguidas nas autoclaves, e este é o método preferencial de esterilização desde que o material ou substância a ser esterilizado não sofra mudanças pelo calor ou umidade. A esterilização é mais facilmente alcançada quando os organismos estão em contato direto como vapor, nestas condições o calor úmido matará todos os organismos. Calor seco: A forma mais simples de esterilização empregando o calor seco é a flambagem. A incineração também é uma forma de esterilizar, empregando o calor seco. Outra forma de esterilização empregando o calor seco é feita em fornos, e este binômio tempo e temperatura deve ser observado atentamente. A maior parte da vidraria empregada em laboratório é esterilizada deste modo. Pasteurização: Consiste em aquecer o produto a uma dada temperatura, num dado tempo e a seguir, resfria-lo bruscamente, porém a pasteurização reduz o número de microorganismos presentes mas não assegura uma esterilização. Radiações: As radiações têm seus efeitos dependentes do comprimento da onda, da intensidade, da duração e da distância da fonte. Há pelo menos dois tipos deradiações empregadas no controle dos microorganismos: ionizantes e não-ionizantes. Indicadores biológicos: São suspensões-padrão de esporos bacterianos submetidos a esterilização juntamente com os materiais a serem processados em autoclave, estufas e câmera de radiação. Terminado o ciclo, são colocados em meio de cultura adequada para o crescimento de esporos, se não houver crescimento, significa que o processo está validado. Microondas: Os fornos de microondas são cada vez mais utilizados em laboratórios e as radiações emitidas não afetam o microorganismo, mas geram calor. O calor gerado é responsável pela morte dos microorganismos. Filtração: A passagem de soluções ou gases através de filtros, retêm os microorganismos, então pode ser empregada na remoção de bactérias e fungos, entretanto, passar a maioria dos vírus. Pressão Osmótica: A alta concentração de sais ou açúcares cria um ambiente hipertônico que provoca a saída de água do interior da célula microbiana. Nessas condições os microorganismos deixam de crescer e isto tem permitido a preservação de alimentos. 45 Dessecação: Na falta total de água, os microorganismos não são capazes de crescer, multiplicar, emborapossam permanecer viáveis por vários anos. Quando a água é novamente reposta, o microorganismo readquirem a capacidade de crescimento. Esta peculiaridade tem sido muito explorada pelos microbiologistas para preservar microorganismos e o método mais empregado é a liofilização. 8.2 - Métodos Químicos de controle Os agentes químicos são apresentados em grupos que tenham em comum, ou as funções químicas, ou elementos químicos, ou mecanismo de ação. Álcoois: A desnaturação de proteínas é explicação mais aceita para a ação antimicrobiana. Na ausência de água, as proteínas não são desnaturadas tão rapidamente quanto na sua presença. Alguns glicóis podem ser usados, dependendo das circunstâncias, como desinfetantes do ar. Aldeídos e derivados: Pode ser facilmente solúvel em água, é empregado sob a forma de solução aquosa em concentrações que variam de 3 a 8% . A metenamina é um anti-séptico urinário que deve sua atividade à liberação de aldeído fórmico. Em algumas preparações, a metenamina é misturada ao ácido mandélico, o que aumentaseu poder bactericida. Fenóis e derivados: O fenol é um desinfetante fraco, tendo interesse apenas histórico, pois foi o primeiro agente a ser utilizado como tal na prática médica e cirúrgica, os fenóis atuam sobre qualquer proteína, mesmo aquelas que não fazem parte da estrutura ou protoplasma do microorganismo, significando que, em meio orgânico protéico, os fenóis perdem sua eficiência por redução da concentração atuante. Halogênios e derivados: Entre os alogênios, o iodo sob forma de tintura é um dos anti-sépticos mais utilizados na práticas cirúrgicas. O mecanismo de ação é combinação irreversível com proteínas, provavelmente através dainteração com os aminoácidos aromáticos, fenilalanina e tirosina. Ácidos inorgânicos e orgânicos: Um dos ácidos inorgânicos mais populares é o acido bórico; porém, em vista dos numerosos casos de intoxicação, seu emprego é desaconselhado. Desde a muito tempo tem sido usados alguns ácidos orgânicos, como o ácido acético e o ácido láctico, não como anti-sépticos mas sim na preservação de alimentos hospitalares. Agentes de superfície: Embora os sabões se encaixem nessa categoria são compostos aniônicos que possuem limitada ação quando comparada com a de substância catiônicas. Dentre os detergentes catiônicos os derivados de amônia tem grande utilidade nas desinfecções e anti-sepsias. O modo preciso de ação dos catiônicos não esta totalmente esclarecido, sabendo-se, porém, que alteram a permeabilidade da membrana, inibem a respiração e a glicólise de formas vegetativas das bactérias, tendo também ação sobre fungos, vírus e esporos bacterianos. Metais pesados e derivados: O baixo índice terapêutico dos mercuriais e o perigo de intoxicação por absorção fizeram com que aos poucos deixassem de serem usados, curiosamente alguns derivados mercuriais tiveram grande aceitação, embora dotados de fraca atividade bactericida e bacteriostática in vivo, como o merbromino. 46 Agentes oxidantes: A propriedade comum destes agentes é a liberação de oxigênio nascente, que é extremamente reativo e oxida, entre outras substâncias o sistemas enzimáticos indispensáveis para a sobrevivência dos microorganismos. Esterilizantes gasosos: Embora tenha atividade esterilizante lenta o óxido de etileno tem sido empregado com sucesso na esterilização de instrumentos cirúrgicos, fios de agulhas para suturas e plásticos. Terminologias Esterilização: Processo de destruição de todos as formas de vida de um objeto ou material. É um processo absoluto, não havendo grau de esterilização. Desinfecção: Destruição de microorganismos capazes de transmitir infecção. São usadas substâncias químicas que são aplicadas em objetou os materiais. reduzem ou inibem o crescimento, mas não esterilizam necessariamente. Anti-sepsia: Desinfecção química da pele, mucosas e tecidos vivos, é um caso da desinfecção. Germicida: Agente químico genérico que mata germes. Bacteriostase: A condição na qual o crescimento bacteriano está inibido, mas a bactéria não está morta. Se o agente for retirado o crescimento pode recomeçar. Assepsia: Ausência de microorganismos em uma área. Técnicas assépticas previnem a entrada de microorganismos. Degermação: Remoção de microorganismos da pele por meio de remoção mecânica ou pelo uso de anti-sépticos. 47 AULA 9. MICROBIOLOGIA NOS SISTEMAS TERRESTRES, AQUÁTICOS E DOS ESGOTOS. 9.1-Microorganismos do solo O solo é habitado por uma enorme variedade de microorganismos vegetais (microflora do solo) e animais (microfauna do solo) e ainda por organismos animais que vão de dimensões submicrocóspicas a dimensões médias ou mesmo relativamente grandes (macrofauna). As atividades dos diversos grupos de organismos do solo estão interligados entre si e com as condições do ambiente prevalecentes a cada momento, verificando-se que a população microbiana se ajusta rapidamente às variações dessas condições ambientais e que são estas que fundamentalmente determinam o sentido em que a atividade dessas populações se desenvolve mais do que a espécie ou o número de microorganismos presentes. A ação microbiana do solo depende, entre outros fatores, da temperatura, arejamento e condições de umidade e teor em elementos nutritivos, e da competição e antagonismos que se estabelecem entre os próprios grupos de microorganismos. A intensidade de decomposição da matéria orgânica é tanto mais pequena quanto mais baixa é a temperatura para temperaturas entre 5 e 30ºC e a baixas temperatura verifica-se que uma vez estabilizada a baixa taxa de decomposição as perdas em matéria orgânica são pequenas e nota-se uma certa tendência para se formarem resíduos ricos em azoto. Para altas temperaturas, entre 45 e 75ºC, e quanto mais elevada for a temperatura, a intensidade de decomposição também diminui, em condições de umidade suficiente mas não excessiva, reduzindo o arejamento, faz diminuir a atividade microbiana e principalmente modifica o sentido em que se processa a decomposição muito especialmente em relação aos produtos finais dessa atividade. As bactérias são o grupo mais importante de organismos do solo, no qual, em condições favoráveis, atingem números extraordinariamente elevados. Há bactérias aeróbias obrigatórias, anaeróbias obrigatórias e facultativas. As primeiras obtêm o seu oxigênio do ar, e só prosperam portanto em solos bem arejados. As segundas não necessitam de oxigênio gasosos, ou são mesmo prejudicadas por este, pelo que se encontram em solos compactos e/ou com drenagem deficientes; a sua atividade é muito inferior à das primeiras. As chamadas facultativas constituem o grupo mais importante , e atuam tanto num caso como no outro. As bactérias desempenham papel importante na decomposição de resíduos orgânicos e na formação do húmus, e incluem organismos fixadores de azoto amoniacal em azoto nítrico(nitrificação). Das bactéria fixadoras de azoto, uma (Rhizobium) vivem em simbiose com leguminosas, fixando azoto em nódulos das raízes destas. Outras, não-simbióticas, obtêm o azoto o azoto do ar e energia da decomposição de resíduos vegetais. É o caso do Azotobacter e da Beijerinckia; aeróbios, e do Clostridium pastorianum, anaeróbio. 48 As bactérias são, em geral, bastante exigentes em cálcio e prosperam especialmente em solos de reação levemente ácida a levemente alcalina. Os fungos podem atingir no solo uma massa total superior à das bactérias. São provavelmente todos heterotróficos e, em certas condições, parecem ser dos organismos do solo mais aptos para decompor a lenhina. Algumas espécies são depredadorasde protozoários e de nemátodos. São em geral menos exigentes em cálcio e mais tolerantes da acidez do que as bactérias. Certos fungos vivem em simbiose com as raízes de plantas superiores, cujo desenvolvimento parecem beneficiar. As associações de fungos e raízes são conhecidas por micorrizas. As algas incluem espécies que provavelmente realizam fotossíntese, e algumas fixam o azoto do ar. Desenvolvem-se principalmente na camada superficial de solos encharcados. Parece desempenharem papel importante no arejamento de solos pantanosos. Quanto a exigências em cálcio, aproximam-se mais das bactérias do que dos fungos. A microfauna do solo inclui principalmente protozoários, nemátodos e ainda micro-artrópodos. A macrofauna é constituída principalmente por anelídeos, artrópodos e ainda gasterópodos e alguns mamíferos. Os protozoários são as formas mais pequenas da vida animal. A maior parte deles alimenta-se principalmente de bactérias, pelo quem, em geral, tenderão a limitar a proliferação destas. Por outro lado, certas bactérias atuam mais intensamente na presença de determinados protozoários. Dos nemátodos, muitos alimentam-se de matéria orgânica em decomposição, de elementos da microflora do solo e, possivelmente, de protozoários. Vários são depredadores de outros elementos da fauna do solo, incluindo outros nemátodos. Há também nemátodos parasitas das plantas superiores e que, por isso, têm sido melhor estudados, não interessa referir aqui especialmente. Dos micro-atrópodos, podem citar-se os ácaros, aracnídeos que, na sua maior parte, se alimentam de resíduos vegetais e de fungos, e certos insectos apterigotas (Collembola), que utilizam matéria orgânica em decomposição, e são dos insetos que podem encontrar-se em maior número no solo. Dos anelídeos têm extraordinária importância as minhocas. Quando abundam, contribuem muito para incorporar os detritos vegetais que caem sobre o solo na massa deste, pelo menos até cerca de 15 a 20 centímetros de profundidade. Com efeito levam tais detritos para os canais que abrem o solo e aí são mais acessíveis à ação microbiana. Além disso, juntamente com os resíduos vegetais e dejetos animais de que se alimentam, ingerem partículas terrosas, e parte das suas glândulas digestivas segrega carbonato de sódio. 49 9.2 - Microorganismos da água ÁGUA E SAÚDE A água pode veicular um elevado número de enfermidades e essa transmissão pode se dar por diferentes mecanismos. O mecanismo de transmissão de doenças mais comumente lembrado e diretamente relacionado à qualidade da água é o da ingestão, por meio do qual um indivíduo sadio ingere água que contenha componente nocivo à saúde e a presença desse componente no organismo humano provoca o aparecimento de doença. Um segundo mecanismo refere-se à quantidade insuficiente de água, gerando hábitos higiênicos insatisfatórios e daí doenças relacionadas à inadequada higiene dos utensílios de cozinha, do corpo, do ambiente domiciliar. Outro mecanismo compreende a situação da água no ambiente físico,proporcionando condições propícias à vida e à reprodução de vetores ou reservatórios de doenças. Um importante exemplo é o da água empoçada, contaminada por esgotos, como habitat para o molusco hospedeiro intermediário da esquistossomose. Outro exemplo desse mecanismo é o da água como habitat de larvas de mosquitos vetores de doenças, como o mosquito Aedes aegypti e a dengue. O Aedes aegypti necessita de coleções de água para o seu ciclo de reprodução. É importante destacar que tanto a qualidade da água quanto a sua quantidade e regularidade de fornecimento são fatores determinantes para o acometimento de doenças no homem. Conforme mostram os mecanismos de transmissão descritos, a insuficiente quantidade de água pode resultar em (i) deficiências na higiene; (ii) acondicionamento da água em vasilhames, para fins de reservação, podendo esses recipientes tornarem-se ambientes para procriação de vetores e vulneráveis à deterioração da qualidade, e (iii) procura por fontes alternativas de abastecimento, que constituem potenciais riscos à saúde, seja pelo contato das pessoas com tais fontes (risco para esquistossomose, por exemplo), seja pelo uso de águas de baixa qualidade microbiológica (risco de adoecer pela ingestão). A água potável não deve conter microorganismos patogênicos e deve estar livre de bactérias indicadoras de contaminação fecal. Os indicadores de contaminação fecal, tradicionalmente aceitos, pertencem a um grupo de bactérias denominadas coliformes. O principal representante desse grupo de bactérias chama-se Escherichia coli. A Portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde estabelece que sejam determinados, na água, para aferição de sua potabilidade, a presença de coliformes totais e termotolerantes de preferência Escherichia coli e a contagem de bactérias heterotróficas. A mesma portaria recomenda que a contagem padrão de bactérias não deve exceder a 500 Unidades Formadoras de Colônias por 1 mililitro de amostra (500/UFC/ml) Bactérias do grupo coliforme Conceito: Denomina-se de bactérias do grupo coliforme bacilos gramnegativos, em forma de bastonetes, aeróbios ou anaeróbios facultativos que fermentam a lactose a 35-37ºC, produzindo ácido, gás e aldeído em um prazo de 24-48 horas. São também oxidase-negativos e não formam esporos. A 50 razão da escolha desse grupo de bactérias como indicador de contaminação da água deve-se aos seguintes fatores: • estão presentes nas fezes de animais de sangue quente, inclusive os seres humanos; • sua presença na água possui uma relação direta com o grau de contaminação fecal; • são facilmente detectáveis e quantificáveis por técnicas simples e economicamente viáveis, em qualquer tipo de água. • possuem maior tempo de vida na água que as bactérias patogênicas intestinais, por serem menos exigentes em termos nutricionais, além de ser incapazes de se multiplicarem no ambiente aquático; • são mais resistentes à ação dos agentes desinfetantes do que os germes patogênicos. A Contagem Padrão de Bactérias é muito importante durante o processo de tratamento da água, visto que permite avaliar a eficiência das várias etapas do tratamento. É importante, também, conhecer a densidade de bactérias, tendo em vista que um aumento considerável da população bacteriana pode comprometer a detecção de organismos coliformes. Embora a maioria dessas bactérias não seja patogênica, pode representar riscos à saúde, como também, deteriorar a qualidade da água, provocando odores e sabores desagradáveis. As técnicas adotadas neste manual para quantificar os coliformes e heterótrofos na água são as preconizadas no Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater publicação da American Public Health Association (APHA), American Water Works Association (AWWA) e Water Environment Federation OBSERVACAO: PARA MAIORES INFORMACOES PESQUISE A PORTARIA 518/2004 9.3- Microorganismos dos esgotos O tratamento biológico é a forma mais eficiente de remoção da matéria orgânica dos esgotos. O próprio esgoto contem grande variedade de bactérias e protozoários para compor as culturas microbiais mistas que processam os poluentes orgânicos. O uso desse processo requer o controle da vazão, a recirculação dos microorganismos decantados, o fornecimento de oxigênio e outros fatores. Os fatores que mais afetam o crescimento das culturas são a temperatura, a disponibilidade de nutrientes, o fornecimento de oxigênio, o pH, a presença de elementos tóxicos e a insolação. Havendo oxigênio livre (dissolvido), são as bactérias aeróbias que promovem a decomposição. Naausência do oxigênio, a decomposição se dá pela ação das bactérias anaeróbias. A decomposição aeróbia diferencia-se da anaeróbia pelo seu tempo de processamento e pelos produtos resultantes. Em condições naturais, a decomposição aeróbia necessita três vezes menos tempo que a anaeróbia e dela resultam gás carbônico, água, nitratos e sulfatos, substâncias inofensivas e úteis à vida vegetal. O resultado da decomposição anaeróbia é a geração de gases como o sulfídrico, metano, nitrogênio, amoníaco e outros, geralmente, gases malcheirosos. 51 A decomposição do esgoto é um processo que demanda vários dias, iniciando-se com uma contagem elevada de DBO, que vai decrescendo e atinge seu valor mínimo ao completar-se a estabilização. A determinação da DBO é importante para indicar o teor de matéria orgânica biodegradável e definir o grau de poluição que o esgoto pode causar ou a quantidade de oxigênio necessária para submeter o esgoto a um tratamento aeróbio. 52 Aula 10. Aula prática presencial: • Apresentação de microscópio e preparação de lâminas / Coloração de Gram • Esterilização e desinfecção • Preparação de material para autoclavar • Preparação de meios de cultura Aula 11. Aula prática presencial • Uso do autoclave • Uso da placa de petri, coleta e preparo das amostras • Técnicas de análise de água OBSERVACAO: As apostilas das aulas 10 e 11 serão entregues no dia da aula prática. 53 BIBLIOGRAFIA Manual de Biossegurança; Mario H. Hirata e Jorge Mancini Filho Ed. Manole Ltda., 2002 (exemplar disponível junto à CIPA, para consulta) Manual de Segurança; Santoro, Maria Inês Rocha Miritello – Prof. Livre Docente – Depto de Farmácia – USP –. http://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal MORAES, L. R. S.; BORJA, P. C.; TOSTA, C. S. Qualidade da água da rede de distribuição e de beber em assentamento periurbano: estudo de caso. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 20., 1999, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: Abes, 1999. OLIVEIRA FILHO, A. Terra, Planeta Água. Salvador: FNU/CUT, 2000. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Cenário do saneamento básico no Brasil: um enfoque sobre as áreas atingidas pela seca e pelo Projeto para Redução da Mortalidade na Infância – PRMI. Brasília: Opas, 1998b. REBOUÇAS, A. C. Panorama da água doce no Brasil. In: REBOUÇAS, Aldo da Cunha (Org.). Panorama da degradação do ar, da água doce e da terra no Brasil. São Paulo: IEA/USP; Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Ciências, 1997. p. 59-107. REVISTA ÁGUAONLINE. Recomendações do Fórum Mundial da Água. Brasília, ano I, no 1, 2000. Disponível em: <http//www.aguaonline.com.br>. REVISTA BIO. Padrão de qualidade da água de novo na berlinda. Rio de Janeiro, ano IX, no 4, p. 39- 41, set.-dez., 1997. TORTORA, G. J.; FUNKE, B.R.; CASE, C.L. Microbiologia. 6a ed. Porto Alegre: Ed. Artmed, 2000. 827p.
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