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Aula 5 Petição Habeas Corpus Direito Constitucional (1)

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO XXXX XXXXXX
XXXXXXXXXX, advogado, inscrito na OAB/XX sob o n.º XX. XXX, com escritório profissional na Rua XXXX XXXXX XXX, XXXXX, XXX/XX, onde recebe intimações, vem respeitosamente perante esse Egrégio Tribunal, com fulcro no art. 5º, inciso LXVIII, da Constituição Federal de 1988 e artigos 647 e 648, ambos do Código de Processo Penal, impetrar o presente,
HABEAS CORPUS LIBERATÓRIO
COM PEDIDO DE CONCESSÃO DE LIMINAR
em benefício do paciente MATILDE, brasileira, solteira, profissão, inscrita no cpf de nº xxxxxxx, RG de nº xxxxxx, nascida em xx/xx/xxxx, residente na Rua xxxxx, xxxxxxx, Rio de Janeiro/RJ, atualmente recolhido na Penitenciária XXXXXXX XXXXXXX, o qual vem sofrendo violenta coação em sua liberdade, por ato ilegal e abusivo do Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da __ Vara Cível da Comarca de XXXXXXXX/XX, pelos motivos de fato e de direito a seguir delineados:
DA SÍNTESE DOS FATOS
Matilde está sendo executada por seus filhos Jane e Gilson Pires, menores, com treze e seis anos, respectivamente, representada por seu pai, Gildo, pelo rito do artigo 911 do CPC. Na execução de alimentos, que tramita perante o juízo da 10ª Vara de Família da Capital.
 Matilde foi citada para pagar a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), referente aos últimos cinco meses impagos dos alimentos fixados por sentença pelo juízo da mesma Vara de Família.
 
Ocorre que Matilde está desempregada há 1 ano, fruto da grave situação econômica em que passa o país, com isso não está conseguindo se inserir novamente no mercado de trabalho e nem possui condições financeiras para quitar a dívida alimentar e mesmo diante da real impossibilidade da executada em adimplir a sua dívida, o magistrado decretou a prisão da mesma, pelo prazo de sessenta dias.
DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA
A Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988 prescreve em seu art. 5º, inciso LXVIII, que será concedido “habeas corpus” sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
	
Em igual substrato, o Código de Processo Penal contempla em seus artigos 647 e 648:
"Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar;"
"Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
I - quando não houver justa causa; (...)"
Há que se mencionar ainda o Pacto de São José da Costa Rica, recepcionado em nosso ordenamento jurídico brasileiro, que em seu art. 7º, é taxativo ao expor que toda pessoa tem direito a liberdade, sendo que ninguém pode ser submetido ao encarceramento arbitrário.
Assim, para ocorrer o cerceamento da liberdade de qualquer cidadão deve-se observar os princípios e garantias previstos na Carta Magna, o que foi gritantemente violado, além de, vislumbrar que, no caso em tela, o paciente não possui quaisquer tipos de condições financeiras para arcar com os custos da suposta dívida.
DAS NULIDADES
A decretação de prisão não merece prosperar, tendo em vista que no Art.733. a execução de sentença ou de decisão , que fixa os alimentos provisionais, o juiz mandará citar o devedor para, em três (3) dias, efetuar o pagamento, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo.
§ Se o devedor não pagar, nem se escusar, o juiz decretar-lhe-à a prisão pelo prazo de um ( 1 ) a três ( 3 ) meses.
Analisando sistematicamente este artigo do Código de Processo Civil com o art.5º, inciso LXVII da C.F./88, constata-se que o procedimento prevê a possibilidade de prisão civil alimentar, quando na hipótese de inadimplemento voluntário e inescusável. Logo, o art.733 garante o princípio da ampla defesa antes da decretação do mandado de prisão.
Portanto, resta claro que a decretação da prisão é ilegal, uma vez que não foram cumpridos os pressupostos legais no que tange ao princípio da ampla defesa e ao contraditório.
Conforme entendimento jurisprudencial o decreto prisional nos casos de dívida alimentar é medida extrema de caráter excepcional e somente pode ser adotada em caso de inadimplemento voluntário e inescusável da obrigação alimentícia, de modo que, caso justificável a inadimplência, reveste-se de ilegalidade a prisão civil do executado.
HABEAS CORPUS - EXECUÇÃO DE ALIMENTOS (ARTIGO 733 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL)- OBRIGAÇÃO ALIMENTAR DEVIDA AOS FILHOS MENORES - DECRETAÇÃO DA PRISÃO CIVIL - EXCESSO DE EXECUÇÃO - COMPROVAÇÃO DE PAGAMENTO DA PENSÃO ALIMENTÍCIA - ILEGALIDADE DO DECRETO PRISIONAL CONFIGURADA - ORDEM CONCEDIDA. O decreto prisional nos casos de dívida alimentar é medida extrema de caráter excepcional e somente pode ser adotada em caso de inadimplemento voluntário e inescusável da obrigação alimentícia, de modo que, caso justificável a inadimplência, reveste-se de ilegalidade a prisão civil do executado
(TJ-PR - HC: 7811398 PR 0781139-8, Relator: Clayton Camargo, Data de Julgamento: 13/07/2011, 12ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ: 688)
DO PEDIDO DE “MEDIDA LIMINAR”
A ilegalidade da prisão se patenteia pela ausência de fundamentação e cerceamento de defesa.
Por tais fundamentos, requer-se a Vossa Excelência, em razão do alegado no corpo deste petitório, presentes a fumaça do bom direito e o perigo na demora, seja LIMINARMENTE garantido ao Paciente a sua liberdade de locomoção.
A fumaça do bom direito está consubstanciada, nos elementos suscitados na justificativa do Paciente, apresentados na ação de execução de alimentos, na doutrina, na jurisprudência, na argumentação e no reflexo de tudo nos dogmas da Carta da Republica.
O perigo na demora é irretorquível e estreme de dúvidas, facilmente perceptível, não só pela ilegalidade da ordem de prisão que é flagrante. Assim, dentro dos requisitos da liminar, sem dúvida, o perigo na demora e a fumaça do bom direito estão amplamente justificados, verificando-se o alicerce para a concessão da medida liminar, com expedição incontinenti de salvo conduto e, mais, seja instado a Autoridade Coatora a suspender a ordem de prisão e, mais, conheça e aprecie o pedido de produção de provas formulado pelo Paciente, para, empós disto, profira nova decisão concernente à questão da prisão civil do mesmo.
CONCLUSÃO
O Paciente, sereno quanto à aplicação do decisum, ao que expressa pela habitual pertinência jurídica dos julgados desta Casa, espera deste respeitável Tribunal a concessão da ordem de Habeas Corpus, impetrada com supedâneo no art. 5º, inc. LXVII da Carta Política, suspendendo a ordem de prisão e, mais, instando a Autoridade Coatora para que conheça e aprecie o pedido de produção de provas formulados pelo Paciente, para, empós disto, profira nova decisão concernente à questão da prisão civil deste, ratificando-se, mais, a liminar ora almejada.
DOS PEDIDOS
Diante do exposto, resta induvidoso que o paciente sofreu constrangimento ilegal por ato da autoridade coatora, o Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da XX Vara Cível da Comarca de XXXXXX/XX, circunstância “contra legem” que deve ser remediada por esse Colendo Tribunal. Isto posto, com base no artigo 5º, LXVIII, da CF, c/c artigos 647 e 648 do CPP, requer:
1 - a confirmação no mérito da liminar pleiteada para que se consolide, em favor do paciente MATILDE, a competente ordem de “habeas corpus”, para fazer impedir o constrangimento ilegal que a mesma vem sofrendo, como medida da mais inteira Justiça, expedindo-se, imediatamente, o competente ALVARÁ DE SOLTURA, a fim de que seja o paciente posto em liberdade;
2 – A intimação pessoal do Douto Advogado para a sustentação oral, a ser marcada em dia e hora por esta Colenda Câmara.
Respeitosamente, pede deferimento.
LOCAL E DATA.
_______________
Advogado / OAB

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