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APOSTILA REMEDIACAO DE AREAS CONTAMINADAS

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CURSO TÉCNICO EM 
CONTROLE AMBIENTAL
REMEDIAÇÃO DE ÁREAS CONTAMINADAS
Professor: Walter Alves Durão Júnior
Ouro Preto /2012
SUMÁRIO
	AULA 1
	CARACTERIZAÇÃO, COMPOSIÇÃO E POLUENTES DOS SOLOS.....
	 2
	 1.
	PERFIL E COMPOSIÇÃO DO SOLO.......................................................
	 2
	 1.1.
	Definição do solo.......................................................................................
	 2
	 1.2.
	Composição do solo..................................................................................
	 3
	 1.3.
	Perfil do solo..............................................................................................
	 4
	 2.
	PRINCIPAIS CONTAMINANTES E POLUENTES DOS SOLOS..............
	 5
	 2.1.
	Emprego de fertilizantes nos solos............................................................
	 6 
	2.1.1.
	Tipos de fertilizantes..................................................................................
	 6
	2.2.
	O uso de praguicidas.................................................................................
	 7
	2.3.
	Metais pesados em solos..........................................................................
	 8
	2.3.1.
	Comportamento de alguns elementos traço no solo.................................
	10
	AULA 2
	PASSIVOS AMBIENTAIS E TRATAMENTO DE ÁREAS CONTAMINADAS................................................................................
	
13
	1.
	PRINCIPAIS ÁREAS PASSÍVEIS DE CONTAMINAÇÃO.........................
	13
	2.
	RECUPERAÇÃO DE ÁREAS CONTAMINADAS: UMA INTRODUÇÃO..
	15
	2.1.
	Processos de identificação de áreas contaminadas.................................
	17
	AULA 3
	RECUPERAÇÃO DE ÁREAS CONTAMINADAS....................................
	21
	1.
	PROCESSOS DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS CONTAMINADAS........
	21
	1.1.
	Investigação detalhada...........................................................................
	21
	1.2.
	Avaliação de risco..................................................................................
	22
	1.3.
	Concepção da remediação.....................................................................
	23
	1.4.
	Projeto de remediação...........................................................................
	23
	1.5.
	Remediação das áreas contaminadas....................................................
	24
	1.6.
	Monitoramento......................................................................................
	31
	2.
	UM ESTUDO DE CASO: ALTERNATIVAS PARA DESCONTAMINAÇÃO DE ÁREA CONTAMINADA POR MERCÚRIO....
	
32
	AULA 4
	TÉCNICAS EMPREGADAS NO CONTROLE E RECUPERAÇÃO DE ÁREAS ERODIDAS................................................................
	
36
	4.1.
	Introdução..................................................................................................
	36
	4.2.
	Processo de recuperação de áreas erodidas............................................
	38
	4.2.1.
	Projeto de recuperação da área erodida...................................................
	41
	4.2.1.1.
	Estudo preliminar.......................................................................................
	41
	4.2.1.2.
	Projeto básico............................................................................................
	41
	4.2.1.3.
	Projeto executivo.......................................................................................
	42
	4.2.2.
	Ações para a recuperação de áreas erodidas...........................................
	42
	4.2.2.1
	Reconformação de taludes........................................................................
	42
	4.2.2.2.
	Aplicação de biomantas.............................................................................
	43
	4.2.2.3
	Preenchimento das voçorocas..................................................................
	43
	4.2.2.4
	Reflorestamento.........................................................................................
	45
	
	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................
	47
	
	CURRÍCULO DO AUTOR.........................................................................
	
AULA 1
CARACTERIZAÇÃO, COMPOSIÇÃO E POLUENTES DOS SOLOS
1. PERFIL E COMPOSIÇÃO DO SOLO
1.1. Definição do solo
A definição do solo é relativa. Dependendo do meio e da atividade profissional o solo pode ter várias definições. Solo é matéria que recobre a superfície terrestre. Sua estrutura abrange desde a litosfera (camada sólida mais externa da terra) até a atmosfera (camada gasosa mais interna que recobre a superfície da terra) Os solos são constituídos de três fases: sólida (minerais e matéria orgânica), líquida (solução do solo) e gasosa (ar).
Os solos são formados por processos físico-químicos e/ou biológicos. Basicamente o clima, fatores topográficos e o tempo geológico contribuíram para a formação dos solos.
A porosidade do solo é ocupada por ar e água. Os solos podem possuir poros de tamanhos variados. São chamados de macroporos (poros maiores que 0,06 mm de diâmetro) e microporos (poros menores que 0,06 mm de diâmetro) a descrição para o tamanho dos poros. 
A textura dos solos está relacionada com a proporção de areia, silte e argila (menores frações granulométricas dos solos). Portanto as partículas de areia, silte e argila definem a textura do solo. A areia é áspera quando molhada e não é plástica nem pegajosa. O silte é sedoso e quando molhada é ligeiramente plástica e não é pegajosa. A argila dá uma sensação de sedosidade. Quando molhada é plástica e pegajosa [1].
1.2. Composição do solo
A composição do solo pode variar de um solo para outro. O solo é constituído por uma fase sólida que são basicamente os minerais e materiais orgânico e uma fase porosa. A figura 1 mostra o percentual em volume da composição do solo. 
Figura 1 – Proporção média das fases sólida, líquida e gasosa na superfície de um solo [2]. 
A fase sólida mineral encontra-se partículas de tamanhos variados. As partículas são classificadas pelas frações granulométricas. A tabela 1 mostra partículas encontradas na fase sólida mineral do solo e seus respectivos diâmetros.
Tabela 1– Escala de frações granulométricas de partículas na fase sólida mineral do solo [1]. 
	Fração
	Diâmetro / mm
	Matacão
	> 200
	Calhaus
	200 – 20
	Cascalho
	20 – 2
	Areia grossa
	2 – 0,2
	Areia fina
	0,2 – 0,05
	Silte
	0,05 – 0,002
	Argila
	< 0,002
A parte líquida do solo é fundamentalmente constituída por água. Muitos minerais assim como compostos orgânicos estão dissolvidos na água formando a solução do solo. Solo rico em água tende a expulsar o oxigênio sendo indesejável para o crescimento dos vegetais. De uma maneira geral é importante que o solo ocupe entre 30 e 35% do espaço poroso do solo [1]. É na solução do solo que as plantas absorvem nutrientes necessários para seu crescimento e desenvolvimento. Também é na solução do solo que muitos íons são transportados por todas as fases do solo. Inclusive íons de contaminantes inorgânicos como Hg2+, Cd2+, Pb2+ etc.
 
A parte gasosa do solo é ocupada pelo ar do solo que preenche os espaços porosos. O ar do solo é constituído basicamente por CO2 e O2. Solos com teor de oxigênio inferior a 10% tornam-se inadequado para a sobrevivência das plantas. 
Perfil do solo
A formação do solo é decorrente da ação combinada de fatores como o clima (pluviosidade, umidade, temperatura etc.), organismos vivos e mortos (vegetação, microorganismos, animais), relevo e tempo geológico.
Por meio de profundidade do solo é possível classificá-lo em termos de composição e propriedades físico-químicas. O quadro 1 mostra o perfil do solo e seus principais horizontes. A profundidade do solo pode variar de centímetros a muitos metros. A transição entre os horizontes pode ser difusa ou facilmente identificável.
Asdiferenças de cores dos solos também são muito marcantes. Solo rico em matéria orgânica possui coloração escura. Solo rico em ferro apresenta coloração avermelhada ou alaranjada. Solos bem drenados são avermelhados, marrons e alaranjados. Solos alagados, o ferro tende a solubilizar-se. Portanto não está muito presente fazendo com que a coloração destes solos têm uma coloração cinza claro a preto.
 
Quadro 1 – Perfil do solo e seus principais horizontes (modificado de [1]).
	Perfil do solo
	Caracterização
	Horizonte O
	Horizonte orgâico. É contstituído predominantemente por matéria orgânica.
	Horizonte A
	Horizonte mineral. É resultante da concentração de material orgânico misturado com mineral.
	Horizonte E
	Horizonte mineral. Apresenta coloração clara devido a perda de argila, óxido de ferro e matéria orgânica. Apresentam grande concentração de areia (quartzo).
	Horizonte B
	Horizonte mineral caracterizado por acúmulo de argila, ferro e alumínio. Tem pouca matéria orgânica.
	Horizonte C
	Horizonte mineral pouco afetado por organismos e bastante intemperizado.
	Camada R
	Rocha inalterada. Camada mineral coesa.
	
PRINCIPAIS CONTAMINANTES E POLUENTES DOS SOLOS
Existe uma grande preocupação por parte do governo e órgãos ambientais quanto a poluição do solo uma vez que no último século houve um avanço muito grande no desenvolvimento tecnológico e conseqüentemente grande expansão urbana e industrial. As atividades industriais e agrícolas destacam-se dentre as mais agressivas aos solos devido ao modo indiscriminado com que algumas substâncias são utilizadas e descartadas no ambiente [3]. 
Na produção agrícola percebe-se um aumento na utilização de compostos com ação biocida (inseticidas, fungicidas, nematicidas, herbicidas) que são destinadas ao controle de pragas que atingem as lavouras [1]. Estes compostos são caracterizados como contaminantes orgânicos. Além destes contaminantes orgânicos destacam-se também os lodos de estações de tratamentos de efluentes (ETE), os resíduos petroquímicos e lixos urbanos hospitalares. 
Destacam-se também os contaminantes inorgânicos como compostos promissores para contaminação dos solos. Incluem como contaminantes inorgânicos os nitratos, fosfatos, metais pesados (cádmio, cromo, chumbo, mercúrio etc.), resíduos gerados pelas indústrias de fertilizantes, tintas, produtos farmacêuticos, metalurgia, atividades de mineração dentre outros.
Emprego de fertilizantes nos solos
Figura 2 – Emprego de fertilizantes nos solos [4].Países como o Brasil atravessa crises em relação ao preço dos produtos agropecuários, apesar dos aumentos sucessivos de produção e produtividade de grãos, carne e outros produtos. Dentre os fatores que impulsionaram os preços dos alimentos nos últimos anos o principal são os fertilizantes. A busca de alternativas internas para fertilização das lavouras e pastagens, reduzindo a dependência das importações é fundamental para o desenvolvimento da agropecuária no Brasil acima dos níveis registrados nos últimos anos, acompanhado de redução dos custos de produção. No entanto, o emprego em excesso de fertilizantes no solo pode gerar um desequilíbrio ecológico. A explosão populacional gera uma crescente necessidade de alimentos acarretando com isto a utilização de fertilizantes em excesso nos solos. A utilização em excesso de fertilizantes nos solos pode gerar um desequilíbrio ecológico. Os agentes decompositores dos solos como fungos, bactérias e algas não conseguem decompor os fertilizantes (matéria orgânica) na mesma proporção em que eles são adicionados no solo. Este desequilíbrio provoca anormalidades nos solos como decréscimo de matérias orgânicas e retenção de água [5].
Tipos de fertilizantes
Os fertilizantes podem ser classificados em três tipos [6]:
• Fertilizante mineral: produto de natureza fundamentalmente mineral, natural ou sintético, obtido por processo físico, químico ou físico-químico, fornecedor de um ou mais nutrientes das plantas.
• Fertilizante orgânico: produto de natureza fundamentalmente orgânica, obtido por processo físico, químico, físico-químico ou bioquímico, natural ou controlado, com base em matérias-primas de origem industrial, urbana ou rural, vegetal ou animal, enriquecido ou não de nutrientes minerais.
• Fertilizante organomineral: produto resultante da mistura física ou combinação de fertilizantes minerais e orgânicos.
O uso de praguicidas
Muitos produtos são utilizados para controlar insetos, fungos e plantas invasoras. Estes praguicidas trazem muitos benefícios para o crescimento da produção agrícola. Acarretam com isto um avanço produtivo e comercial com custos razoáveis na produção em larga escala. No entanto o uso inadequado destes praguicidas pode causar sérios danos à saúde humana. Defensivos agrícolas são substâncias venenosas e nocivas ao homem. Mas são essenciais no combate às pragas, que atacam as plantações.
Os principais defensivos são:
Herbicidas, usados para matar ervas daninhas; 
Fungicidas, utilizados no combate de fungos parasitas; 
Inseticidas, usados contra insetos, e 
Nematócidos, que controlam nematódios parasitas.
O uso de defensivos agrícolas pode acarretar alguns problemas ambientais. Alguns deles como os inseticidas, são muito tóxicos, mas instáveis, ou seja, se decompõem à luz tornando-se pouco eficientes na agricultura. Porém eles podem causar grande poluição em longo prazo. Existem praguicidas menos tóxicos, ou seja, persistentes em ecossistemas, provocando efeitos prejudiciais ao meio ambiente por muitos anos. Os praguicidas podem ser transportados a longas distâncias, causando danos em regiões mais distantes.
Os praguicidas podem contaminar o solo por lixiviação ou solubilização. Cerca de 20% dos pesticidas são adsorvidos pela planta e aproximadamente 80% é perdido via drenagem e portanto pode chegar às águas superficiais ou subterrâneas. Fatores como propriedades químicas dos pesticidas, as características do solo, a presença de águas superficiais são os principais parâmetros que contribuem para contaminação nos solo [7].
Metais pesados em solos
Os metais fazem parte do cotidiano da humanidade desde a idade antiga. A utilização do fogo pelo homem foi o marco inicial que contribuiu com a poluição atmosférica. A Revolução Industrial, iniciada em meados do século XVIII, proporcionou uma nova forma de viver do homem. A necessidade pelo desenvolvimento tecnológico com o aumento da demanda por metais contribuiu para um grande aumento da poluição dos recursos naturais [8].
Processos pedogenéticos como intemperismo de rochas contribuíram para a liberação de metais para o ambiente. No entanto, atividade antrópicas contribui muito mais para o aumento de metais pesados no ambiente. As atividades industriais, mineradoras, o uso incorreto dos esgotos domésticos, incineradores de lixo, uso de fertilizantes e defensivos agrícolas dentre outos são os grandes contribuintes para poluição em solos e o ambiente como um todo [9].
Alguns metais não são degradáveis e podem sofrer enriquecimento por bioacumulação na cadeia alimentar. Alem do mais existem metais que não nenhuma função no organismo humano e são extremamente tóxicos. Por este motivo torna-se necessário seu monitoramento para se avaliar os seus riscos de contaminação. É importante destacar que alguns metais desempenham funções essenciais para microorganismos, plantas e animais. No entanto, seu excesso o torna potencialmente tóxico. 
Metais como Hg e Cd são sempre tóxicos, mesmo em pequenas quantidades, mas outros como Fe e Zn, que são essenciais na dosagem adequada. Os metais que apresentam toxicidade para os seres vivos são comumente chamados de “metais pesados”. O termo “metal pesado” é amplamente utilizado, porem com muitas divergências quanto ao seu significado, geralmente associado à toxidez do metal. Alguns autores utilizam a densidade como parâmetro para classificação, avaliando como metal pesado aqueles que apresentam densidade acima de5 g/cm3. Outras definições baseiam-se no número atômico do metal [9].
Os elementos traço são os elementos químicos constituintes naturais de rochas e solos, de um modo geral, em pequenas concentrações, da ordem de partes por bilhão (ppb) a partes por milhão (ppm), não representando, em condições naturais, riscos para o homem, animais e plantas.
Segundo Oliveira [4] os elementos traço constituem menos de 1% da composição da litosfera. Os outros elementos chamados de macro elementos, como Si, O, Al, Ca, Na, H e Fe, por exemplo, constituem os 99% restante da composição. A figura 3 mostra a distribuição dos macros elementos na composição da litosfera.
Figura 3 – Constituintes da litosfera [4].
Comportamento de alguns elementos traço no solo
a) Mercúrio
O solo geralmente tem condições favoráveis à formação de compostos inorgânicos de mercúrio. O hidróxido mercuroso (HgOH) e o cloreto mercuroso (Hg2Cl2) são exemplos de compostos inorgânicos. Os solos possuem uma grande capacidade de reter e armazenar mercúrio, devido grande capacidade deste metal de interagir com o carbono presente nesta matriz [10]. As condições de interação do mercúrio no solo variam entre os tipos de solos e a sua profundidade. Grande parte do mercúrio presente no solo está ligada à matéria orgânica. O teor de matéria orgânica é importante no controle da mobilidade do mercúrio no solo. A acumulação de mercúrio no solo ocorre na superfície de solos ricos em matéria orgânica. Então os solos orgânicos têm o conteúdo de mercúrio superior ao de solos inorgânicos e, o mercúrio tende a se acumular em ambientes ácidos, redutores e com muita matéria orgânica, como pântanos e fundo de lagoas. 
Condições do solo, como o potencial redox, CTC (capacidade de troca de cátions) e pH estão diretamente relacionados com as transformações químicas que o Hg sofre neste meio. O mercúrio pode ocorrer no solo na forma de Hg0 e Hg2+. Quando o mercúrio se encontra na forma gasosa, tem a tendência de ser adsorvidos principalmente por partículas argilominerais, óxidos de ferro e manganês [11]. Os argilominerais são os minerais característicos das argilas; quimicamente são silicatos de alumínio ou magnésio hidratados, contendo em certos tipos outros elementos como ferro, potássio, lítio e outros.
Quando o mercúrio se combina com elementos como enxofre, cloro ou oxigênio, obtêm-se os compostos de mercúrio inorgânico, também designados como sais de mercúrio (sais mercurosos e mercúricos). Por outro lado, se um átomo de mercúrio se liga covalentemente, a pelo menos um átomo de carbono, dá origem a compostos de mercúrio orgânico (metilmercúrio, etilmercúrio, fenilmercúrio). Os organomercuriais de cadeia curta possuem grande afinidade com o grupo sulfidrila (SH-), abundante no protoplasma, ligando-se às proteínas e bloqueando as atividades enzimáticas.
b) Arsênio
O arsênio pode ser introduzido no meio ambiente por fontes naturais e antropogênicas. As principais fontes antropogenicas são: atividades mineradoras, de fabricação de vidro e de pesticidas, usos como conservante de madeira e de couro. As duas principais fontes naturais desse elemento no ambiente são devido a sua volatilização e as atividades vulcânicas, correspondendo a cerca de metade da liberação total deste metalóide. O arsênio e um dos elementos freqüentemente associado a minérios, particularmente minérios de ouro, sendo o mais comum, a arsenopirita, que é o principal minério de arsênio [9].
A toxicidade do arsênio esta relacionada a espécie química, sendo as espécies inorgânicas as mais tóxicas. É um elemento não-essencial e muito tóxico para os seres vivos, sofrendo bioacumulação ao longo da cadeia alimentar. A intoxicação por arsênio pode provocar graves lesões na pele, taquicardia, arritmia ventricular, hipotensão severa, disfunção miocárdica, náusea, vômitos, dor abdominal, hemorragia gastrointestinal, lesões hepáticas, falência renal, renites, asma, má-formação em fetos, fortes dores de cabeça, encefalopatia grave, convulsões e coma.
A principal via de contaminação humana por arsênio é a ingestão de água. Uma das áreas mais problemáticas no Brasil quanto a contaminação por arsênio é a região do quadrilátero Ferrífero no Estado de Minas Gerais. Locais como o município de Nova Lima, Raposos, Mariana e Santa Bárbara são os que sofreram com maior impacto de contaminação. Estas áreas estão próximas de Minas de Ouro, fonte de contaminação por mercúrio e arsênio [12].
c) Cádmio
O cádmio, geralmente, apresenta grande disponibilidade no ambiente. A concentração de cádmio na crosta terrestre pode variar de 0,15 a 0,20 ppm. O principal mineral que constitui o Cd é o sulfeto de cádmio (CdS). O Cd tem grande mobilidade no solo, mas quando adsorvido pela matéria orgânica, estará relativamente imóvel nos sedimentos. O fato de este metal ter grande mobilidade nos solo o torna potencialmente tóxico pois ele pode entrar na cadeia alimentar e causar danos à saúde humana e animal. Atividades humanas como adubação do solo, mineração e fabricação de baterias e celulares são os principais responsáveis pela contaminação do solo por cádmio [13]. 
d) Chumbo
A utilização do chumbo na atividade humana é muito vasta. Fabricação de baterias, ligas metálicas, cosméticos, cabos elétricos, proteção contra raios-X, soldas, construção civil dentre outras são atividades que podem ser citadas que utiliza o emprego do chumbo. Este metal não tem nenhuma função no organismo humano. Logo ele é potencialmente tóxico quando absorvido pelo homem. As manifestações clinicas observadas geralmente são: tontura, irritabilidade, dores de cabeça, perda de memória, sede intensa, dores nos ossos e articulações, inflamação gastrointestinal, vômitos, hipertensão, danos aos rins, aborto, diminuição da fertilidade e diarréia. O envenenamento crônico e chamado de saturnismo. O chumbo e carcinogênico. A mobilidade do chumbo nos solos pode ser influenciada principalmente pela ligação química com constituintes da matéria orgânica e minerais de argila. Condições físico-químicas como temperatura, salinidade e pH também podem viabilizar a mobilidade do chumbo no solo [9]. 
AULA 02
PASSIVOS AMBIENTAIS E TRATAMENTO DE ÁREAS CONTAMINADAS
PRINCIPAIS ÁREAS PASSÍVEIS DE CONTAMINAÇÃO 
Áreas contaminadas pode ser um local ou um terreno onde há comprovadamente poluição causada pela introdução de resíduos. Estes resíduos ou substâncias de alguma forma se acumularam, armazenaram ou infiltraram no ambiente natural. De acordo com a maior ou menor mobilidade deste contaminante ele pode se concentrar no solo, nos sedimentos, nas rochas, nas águas subterrâneas e/ou se dispersarem-se por todo o meio.
O crescimento populacional e a concentração de indústrias nas grandes cidades brasileiras ocasionaram o surgimento de passivos ambientais, especialmente quanto a contaminação do solo e águas subterrâneas. Atividade humana como a distribuição de combustíveis nos postos, indústrias metalúrgicas e químicas, disposição inadequada de resíduos sólidos e líquidos podem geram impactos no solo e nas águas subterrâneas.
Áreas críticas
As áreas consideradas críticas quanto à contaminação são aquelas que em função do impacto e dano causado, gera um grande conflito entre seguimentos da sociedade, havendo necessidade de gerenciamento e definição de estratégias de intervenção e prevenção por parte dos órgãos ambientais responsáveis.
A Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), a partir de declarações apresentadas pelos responsáveis por áreas contaminadas em Minas Gerais, elaborou um inventário de áreas suspeitas de contaminação em todo o Estado [14]. 
 
A tabela 2 mostra a distribuição das áreas contaminadas em Minas Gerais de acordo com os seguimentos de atividades humanas.
Tabela 2 – Distribuição das áreas contaminadas por atividades no Estado de Minas Gerais (modificado de [14]).
	Atividades
	PC*
	MMS*
	AI*
	IE
	SC
	Total
	Norte de Minas
	-
	-
	-
	-
	-
	0
	Jequitinhonha
	-
	-
	--
	-
	0
	Noroeste de Minas
	-
	2
	-
	-
	-
	2
	Alto São Francisco
	1
	1
	-
	-
	-
	2
	Zona da Mata
	-
	-
	3
	-
	-
	3
	Triângulo Mineiro
	-
	-
	3
	-
	-
	3
	Sul de Minas
	1
	-
	2
	-
	-
	3
	Leste Mineiro
	-
	-
	4
	-
	1
	5
	Central
	-
	3
	4
	5
	-
	12
	TOTAL
	2
	6
	16
	
	
	30
* (PC) posto de combustível; (MMS) Mineração, Metalurgia e Siderurgia; (AI) atividades industriais; (IE) infraestrutura; (SC) serviço e comércio. 
Os resultados mostram que as áreas contaminadas se concentram como era de se esperar mais na região central de Minas Gerais. Nesta região se concentra maior população e os maiores setores de atividades. As atividades industriais detêm a maior parcela de contribuição para as áreas contaminadas em Minas. Das atividades industriais geradoras de contaminantes podem-se destacar as indústrias de metais e ligas, refinarias de petróleo, indústrias de solventes orgânicos dentre outros.
Segundo o mesmo inventário elaborado pela FEAM, as principais fontes de contaminação nas áreas contaminadas foram: disposição de resíduos industriais (33%), disposição de matérias-primas (17%), detecção de acidentes vazamento e infiltração de substâncias químicas (10%), presença de substâncias químicas contaminantes (7%).
RECUPERAÇÃO DE ÁREAS CONTAMINADAS: UMA INTRODUÇÃO
Área contaminada é o local onde há comprovadamente contaminação do solo e das águas subterrâneas. A contaminação pode ter sido causada pela introdução de substâncias ou resíduos que nela tenham sido depositados, enterrados, infiltrados ou simplesmente dispostos sobre a superfície. A introdução dessas substâncias ou resíduos pode ter sido feita de forma planejada ou acidental [15]. 
A presença de uma área contaminada é fruto da forma de ocupação que não leva em conta aspectos ambientais e sociais. As conseqüências dos contaminantes presentes no ar, no solo e na água já foram apresentadas na primeira aula.
É obrigação do poder público, e dos responsáveis pela área, atuar de forma preventiva e corretiva para evitar que a população seja exposta aos riscos das áreas contaminadas.
A constatação, pelo órgão ambiental competente, de que uma determinada área contaminada representa um risco para a saúde humana e para a segurança pública é o ponto de partida para a definição da metodologia de remediação a ser empregada. O uso futuro que se pretende para a área, após os procedimentos de remediação é definido por uma investigação detalhada das condições e pela avaliação de risco [15].
Remediação: consiste na remoção ou na contenção dos contaminantes em níveis compatíveis com uma utilização segura da área, isto é, o método de remediação está diretamente ligado ao tipo de uso que se pretende dar ao imóvel [16].
Os procedimentos adotados para avaliar a contaminação e definir o uso da mesma fazem parte do sistema de gestão de áreas contaminadas. O sistema de gestão empregado pela Companhia de Engenharia Ambiental (CETESB) é apresentado na figura seguinte:
Figura 4 – Gestão de áreas contaminadas [15]
O sistema de gestão se divide em duas fases distintas. Na primeira fase são apresentados os processos de identificação de áreas contaminadas (AC’s). Na segunda fase são apresentados os processos de recuperação das AC’s. Essas duas fases são mostradas na coluna a direita da figura acima. As cores de preenchimento na figura identificam os responsáveis pela execução de cada uma das etapas.
A metodologia empregada pela CETESB é considerada uma das referências mais completas, no Brasil, sobre avaliação de áreas de risco. O manual editado por esta instituição propõe uma análise progressiva, através de etapas seqüenciais, onde as informações de uma etapa servirão de base para a execução da etapa posterior [16].
2.1. Processos de identificação de áreas contaminadas
Os processos que identificam as áreas contaminadas são:
Identificação das áreas potencialmente contaminadas
Avaliação preliminar
Priorização
Investigação confirmatória
a) Identificação das áreas com potencial de contaminação
O objetivo dessa etapa é descobrir quais áreas onde se manipula ou se trabalhou com substâncias que podem causar danos às pessoas e ao ambiente. O processo inicia com a identificação das áreas. A identificação pode ser feita por meio de fotografias, reclamações, denuncias, dentre outros. As informações obtidas podem ser ordenadas na forma de gráficos e servem como referência para a execução das etapas seguintes [15].
b) Avaliação preliminar
Consiste no exame do histórico do uso e da ocupação do terreno. Esta etapa tem por objetivo descobrir, por meios documentais ou testemunhais, se houve a introdução de resíduos ou substâncias que podem oferecer risco à saúde das pessoas que habitam ou trabalham na área. Outro objetivo é descobrir se os resíduos presentes podem causar danos aos vizinhos de áreas próximas. Finalmente, tenta-se descobrir se, havendo resíduos presentes, os mesmos estão armazenados, acumulados, enterrados ou infiltrados, e por fim se a disposição dos resíduos na área avaliada foi feita de forma planejada ou acidental. 
A avaliação preliminar permite verificar se há necessidade ou não de tomada de medidas emergenciais para evitar maior propagação da contaminação.
Ao final da etapa as áreas identificadas entram no Cadastro de Áreas Contaminadas, recebendo a classificação AP, área potencialmente contaminada. 
c) Priorização
A priorização ocorre quando há escassez de recursos técnicos e/ou financeiros para realizar os procedimentos de identificação das áreas contaminadas. A priorização leva em conta o tipo de bem a ser protegido. Por exemplo, a proteção de uma área de manancial é priorizada em relação a uma fábrica abandonada. Outro fator importante para a definição da priorização é a potencialidade de contaminação das substâncias presentes na área. A priorização pode ocorrer antes das etapas de avaliação detalhada, de investigação confirmatória e de investigação detalhada. A diferença entre a priorização realizada antes das diferentes etapas está no nível de detalhamento das informações disponíveis para a tomada de decisão.
d) Investigação confirmatória
É a fase em que se executam análises em laboratório para confirmar a presença da contaminação considerada potencialmente presente na etapa de avaliação preliminar. Inclui análises físico-químicas e microbiológicas de amostras de solo e, quando pertinente, da água dos lençóis freáticos, pois é sabido que a contaminação presente na superfície do solo, ou em perfis menos profundos, pode alcançar as águas subterrâneas. Havendo necessidade, o avaliador pode solicitar mais recursos para completar o diagnóstico da área atingida como, por exemplo, análise em outros materiais, como plantas da região contaminada [15].
O objetivo da avaliação laboratorial é conseguir informações mais completas da área investigada. No entanto o custo para obter resultados analíticos que possibilitem um panorama mais detalhado da área é alto. A figura seguinte apresenta a relação entre os custos e a qualidade das informações obtidas.
Figura 5 – Relação custo x obtenção de informação detalhada [5]
Os resultados das análises realizadas na etapa de investigação confirmatória serão fundamentais para definir o tipo de gerenciamento a qual a área será submetida. Caso seja constatada a existência de risco, um plano de remediação deve ser desenvolvido.
Algumas informações obtidas na investigação detalhada do nível de contaminação de uma área são: a caracterização geoquímica da área, a geologia, mapas, imagens de satélite, fotografias aéreas, dados hidrogeológicos, etc. É importante também identificar e caracterizar os compostos poluentes no que diz respeito às propriedades biológicas, físicas e químicas e aos processos de transportes desses compostos, bem como de sua imobilização [15].
Para conseguir informações mais confiáveis e representativas é necessário definir um plano detalhado de amostragem(coleta de amostras) que indique os pontos de coleta da água subterrânea e do solo. Para o solo deve ser definido se a coleta será apenas do material de superfície ou se haverá a coleta em profundidade na coluna do solo. Para a água será necessário fazer poços para coleta. Normalmente uma área em estudo não apresenta a contaminação distribuída de forma homogênea. 
AULA 3
RECUPERAÇÃO DE ÁREAS CONTAMINADAS
1. PROCESSOS DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS CONTAMINADAS
Os processos para recuperar as áreas contaminadas são:
Investigação detalhada
Avaliação de risco
Concepção da remediação
Projeto de remediação
Remediação da áreas contaminadas
Monitoramento
1.1. Investigação detalhada
A investigação detalhada utiliza metodologias semelhantes às empregadas na investigação confirmatória. No entanto a natureza das informações obtidas é diferente. Um dos objetivos da etapa de investigação confirmatória é obter informações seguras da presença de contaminantes. Esta confirmação pode ser feita com resultados de laboratório obtidos por meio de análise qualitativa. Na investigação detalhada as informações obtidas em laboratório são de análise quantitativa.
Análise Qualitativa: é um conjunto de procedimentos de laboratório que têm como objetivo obter informações sobre os tipos de constituintes presentes em uma amostra. Os resultados de uma análise qualitativa informam sobre a presença ou ausência sem dizer sobre as quantidades.
Análise Quantitativa: é um conjunto de procedimentos de laboratório que têm como objetivo obter informações sobre as concentrações ou quantidades dos constituintes presentes.
1.2. Avaliação de risco
Na etapa de avaliação de risco faz-se a quantificação dos riscos produzidos pela presença do contaminante na área de estudo. Tomando como base os resultados das análises laboratórios das etapas anteriores, avalia-se o impacto dos contaminantes sobre a população e o ecossistema. Essa avaliação é feita tendo como base valores de referência para concentração máxima de contaminantes em solos e em águas subterrâneas. A tabela seguinte apresenta os valores de referência para alguns poluentes inorgânicos.
Tabela 3 – Alguns valores orientadores para solo e água subterrânea [17]
A tabela é integrante da resolução emitida pela CETESB em 2005 para orientação em trabalhos de avaliação de risco de áreas contaminadas [17].
Na tabela o valor de referência de qualidade é a concentração máxima de uma substância que permitem classificar uma área como não contaminada. O valor de prevenção é a concentração de determinada substância, acima da qual podem ocorrer alterações prejudiciais à qualidade do solo e da água subterrânea. O valor de intervenção é a concentração de determinada substância no solo ou na água subterrânea acima da qual existem riscos potenciais, diretos ou indiretos, à saúde humana [17].
Para que esta avaliação seja eficiente deve-se avaliar também, além dos valores de referência, o tamanho da população potencialmente exposta e as vias de exposição dos contaminantes.
Todas as informações obtidas na etapa de avaliação de riscos serão úteis para definir a necessidade ou não de remediação e o tipo de remediação da área contaminada.
1.3. Concepção da remediação
As informações obtidas nas etapas anteriores são empregadas para se planejar a concepção da remediação.
Para a realização dessa etapa, devem ser desenvolvidos os seguintes trabalhos:
• levantamento das técnicas de remediação;
• elaboração do plano de investigação;
• execução de ensaios piloto em campo e em laboratório;
• realização de monitoramento e modelagem matemática;
• interpretação dos resultados;
• definição das técnicas de remediação [15].
Os ensaios em laboratório são fundamentais para se avaliar a eficiência dos procedimentos de remediação propostos.
1.4. Projeto de remediação
O projeto de remediação é elaborado com as informações obtidas nas etapas anteriores, e tem como uma das finalidades, servir de base técnica para que o órgão competente autorize ou não as ações relacionadas à remediação.
O projeto deve conter outras informações importantes para a realização do trabalho, tais como, procedimentos de segurança para os envolvidos, cronograma de execução, recursos necessários, parâmetros a serem analisada, freqüência de amostragem.
1.5. Remediação das áreas contaminadas
A etapa de remediação das áreas contaminadas consiste em implementar ações para isolar os contaminantes, ou conter, ou solucionar os problemas advindos da contaminação. O objetivo da etapa é alcançar a programação traçada no projeto de remediação. 
Os custos para o emprego das técnicas de remediação são altos, por isso tem se avaliado o emprego de técnicas de atenuação com recursos naturais. 
Uma alternativa às técnicas tradicionais de remediação é a alteração no uso e ocupação do solo, que pode demandar um procedimento de remediação de menor custo financeiro do que o que seria empregado para eliminar o contaminante [1].
As técnicas de remediação podem ser divididas em dois grandes grupos. A remediação in situ e a remediação ex situ. A diferença entre os dois grupos diz respeito à forma como a remediação é feita. Nas técnicas in situ os procedimentos são realizados no próprio local onde ocorreu a contaminação. Nas técnicas ex situ o solo é removido e levado a outro local onde será tratado de acordo com o projetado no planejamento da remediação.
Os contaminantes presentes em áreas contaminadas são, na maioria das vezes, misturas complexas de substâncias químicas. O tipo de interação e as propriedades físico-químicas das substâncias contaminantes são igualmente complexos. Sendo assim as técnicas de remediação disponíveis devem ser o mais abrangente possível para que possam atuar adequadamente sobre os contaminantes e alcançar os objetivos propostos no projeto de remediação. Outros fatores, como as características do solo, são importantes para definição do método adequado de remediação. A tabela seguinte apresenta a adequação de alguns processos em função do tipo de solo [18].
Tabela 4 – Processos de descontaminação em função do tipo de solo [15]
A tabela seguinte apresenta a avaliação de alguns procedimentos de contenção da contaminação para diferentes compartimentos.
Tabela 5 – Avaliação de alguns procedimentos de contenção da contaminação
Alguns dos métodos para remediação de áreas contaminadas incluem:
Remoção e redisposição do solo:
É o método clássico de remediação. O custo é relativamente baixo e pode ser empregado para a maioria dos tipos de contaminação. A desvantagem é que pode ser considerado como a simples transferência de um passivo ambiental entre áreas diferentes [15].
Bombeamento e Tratamento de Águas Subterrâneas
A exemplo da redisposição do solo, o método consiste em remover, por bombeamento a água do lençol freático. No entanto, nesse processo, a água passa por tratamento para remoção da contaminação [15].
Extração de Vapores do Solo
É um método empregado para eliminação de substâncias orgânicas voláteis. O procedimento pode ser feito por aplicação de vácuo no local contaminado [15].
Injeção de Ar na Zona Saturada
É um método de remediação empregado para descontaminação de águas subterrâneas contaminadas. Consiste na injeção de ar comprimido nas águas do lençol freático. É empregada para remoção de compostos orgânicos voláteis presentes na água e para a volatilização da contaminação adsorvida abaixo do nível da água. Tem como vantagem adicional a criação de ambiente propício para eliminação de outros contaminantes por degradação biológica [15].
Biorremediação
É um método onde se empregam microorganismos naturalmente presentes no solo para eliminar os contaminantes ou transformá-los em substâncias inócuas. O processo de biorremediação pode ser feito in situ ou ex situ. A biorremediação comprende a bioestimulação e a bioaumentação. 
Na bioestimulação o crescimento dos microorganismos presentese que irão degradar os contaminantes é estimulada pela alteração de fatores como pH do solo, oxigenação ou nutrientes disponíveis. Na bioaumentação há o aporte de microorganismos e produtos biotecnológicos que farão o processo de biodegradação das substâncias bicontaminantes.
A tabela seguinte apresenta a adequação do método de biorremediação para alguns contaminantes comuns.
Tabela 6 – Adequação de alguns tipos de contaminantes a processos de biorremediação
 
Algumas vantagens da biorremediação são:
o fato de poder ocorrer a transformação de uma substância contaminante em uma substância inócua e não apenas o removimento do solo contaminado para outro lugar;
baixo custo comparado a outras técnicas;
Algumas desvantagens são:
Limitação em função da heterogeneidade das superfícies;
Possibilidade de se produzirem sub-produtos tóxicos.
Tratamento Térmico
É um processo onde o solo é aquecido para eliminação das substâncias voláteis. Pode haver injeção de vapor quente no solo ou remoção para aquecimento em instalações adequadas [15].
Oxidação Química
As reações de oxidação são empregadas para destruir as substâncias químicas presentes na água e no solo. Substâncias contaminantes nocivas são transformadas em produtos inócuos como água e gás carbônico.
Diversas substâncias podem ser usadas no processo, como, o ozônio, o peróxido de hidrogênio, o peróxido de cálcio, o permanganato de sódio e o perssulfato de sódio. Quando o peróxido de hidrogênio é utilizado em conjunto com o ferro o processo se chama reação fenton. No processo fenton o ferro a ser utilizado pode ser o naturalmente presente no solo. O processo fenton é mais eficiente que o processo tradicional que usa apenas o peróxido de hidrogênio.
Nos processos que usam oxidação química o reagente é misturado ao solo. A tabela seguinte apresenta a reatividade de alguns agentes oxidantes com compostos orgânicos clorados.
Tabela 7 – Reatividade dos agentes oxidantes e compostos orgânicos
Para aplicação dos agentes oxidantes são feitas escavações ou injeção direta do produto me poços de águas subterrâneas [15].
Extração por Solventes
É uma técnica empregada onde o solo é removido e é misturado um solvente que irá solubilizar os contaminantes presentes. 
As etapas do processo são: (a) mistura do solo com o solvente; (b) extração do contaminante; (c) secagem do solo e evaporação de solventes remanescentes; (d) destilação para recuperação de solventes; (e) disposição final do resíduo da recuperação do solvente.
A técnica de extração por solventes para remediação de solos pode ser empregada para contaminantes de origem orgânica, tais como, pesticidas, óleos e combustíveis derivados do petróleo [15].
Fitorremediação
É uma técnica simples, onde os contaminantes presentes no solo são transportados para as raízes e outras partes das plantas. As plantas emrpegadas no processo têm como uma de suas características acumularem substâncias contaminantes. 
É uma técnica empregada na remediação de solos contaminados por metais. Plantas que têm crescimento lento acumulam mais metais e aquelas que têm raízes mais profundas conseguem remediar o solo em maior extensão [15].
Contenção
É uma técnica simples onde são criadas barreiras para evitar a propagação dos contaminantes. Essas barreiras podem ser construídas com materiais inertes que não reagem com os contaminantes, ou podem ser construídas com materiais reativos. A vantagem do segundo tipo de barreira em relação ao primeiro tipo é a maior imobilização alcançada [15].
1.6. Monitoramento
A autoridade ambiental é quem tem competência de definir por qual período a área que passou por processo de remediação será monitorada.
O monitoramento consiste em análises diversas, laboratoriais ou não, que têm como objetivo verificar se os objetivos das ações de remediação foram alcançados.
2. UM ESTUDO DE CASO: ALTERNATIVAS PARA DESCONTAMINAÇÃO DE ÁREA CONTAMINADA POR MERCÚRIO
Em 2002 foi encontrado mercúrio metálico no Município de Descoberto, Minas Gerais. Descoberto situa-se a 370 km de Belo Horizonte e 52 km de Juiz de Fora. A origem do metal está relacionada com atividade de exploração do ouro que existiu no local no século XIX. 
As concentrações de mercúrio na porção superficial do solo (de 0 a 20 cm) da área contaminada variaram de 0,2 mg kg-1 a 8826 mg kg-1. Exames de urina, cabelo, sangue e neurológico foram também realizados, porém indicaram níveis normais de mercúrio na população [19]. 
Desde o conhecimento sobre a existência da contaminação, ações emergências de controle foram executadas na área. Entre as ações realizadas estão:
a) Construção de nova estrada de acesso e interdição (cercamento) da área;
b) Construção de barragens de contenção para material transportado superficialmente;
c) Implementação de canal de drenagem de água superficial;
d) Monitoramento das águas superficiais e subterrâneas;
e) Instalação de caixas de sedimentação de sólido transportado superficialmente.
Essas ações preliminares de controle contribuíram para reduzir a dispersão do solo contaminado para o leito do córrego que drena a área contaminada. Além disso, o cerca mento da área reduziu a intensidade da exposição das pessoas ao solo contaminado, sobretudo considerando que a análise de risco apontou que a ingestão acidental e o contato direto das pessoas com o solo contaminado são caminhos críticos de contaminação humana.
As tecnologias aplicáveis para remediação de solos contaminados por metais tóxicos, incluindo o mercúrio e seus compostos, são apresentadas na Tabela 8 [12]. 
Tabela 8 – Tecnologias utilizadas para remediação de áreas contaminadas por mercúrio [12].
	Princípio de Tecnologia
	Tipo de tecnologia
	Contenção
	Cobertura superficial. Barreiras Verticais
	Solidificação / Estabilização
	Cimentação. Vitrificação
	Separação / Concentração
	Pirometalúrgico
a) Tecnologias de contenção
As tecnologias de contenção para aplicação em áreas com solo contaminado incluem as coberturas superficiais, as barreiras verticais. Contenção é considerada uma alternativa para eliminar a dispersão do contaminante presente no solo para outros meios, como o ar, água superficial e água subterrânea. Para áreas contaminadas por mercúrio, a cobertura superficial reduz a infiltração das águas de
chuva que podem carrear espécies solúveis para o lençol subterrâneo e elimina o transporte de solo contaminado pelas águas superficiais. As emissões das formas voláteis de mercúrio (principalmente o Hg°) também são reduzidas pela aplicação desse tipo de tecnologia. 
As barreiras verticais são utilizadas para minimizar o transporte de contaminante, por meio das águas subterrâneas, para fora da área contaminada. Também é utilizada para limitar o fluxo das águas subterrâneas das áreas contaminadas para o local em que esteja presente o contaminante. Os custos de execução para as barreiras verticais são influenciados pelo perfil do solo, além disso, a profundidade e a forma de instalação da barreira influenciam significativamente nesses valores.
b) Tecnologias de solidificação e estabilização
As tecnologias de solidificação e estabilização promovem a incorporação ao solo de algumas substâncias com o objetivo de: minimizar a taxa de migração de contaminante para o ambiente; reduzir o nível de toxicidade do meio contaminado; reduzir a solubilidade do contaminante pela formação de espécies insolúveis; diminuir a área superficial do contaminante, reduzindo sua transformação e dispersão.
Durante o processo de solidificação/estabilização de solos contaminado, aditivos específicos são incorporados para formação de uma rede cristalina, vítrea ou polimérica em torno da partícula do material contaminado. Dessa forma, as propriedades físicas e químicas do material contaminado (permeabilidade, reatividade, solubilidade, resistência mecânica e etc) são modificadas com o propósito de tornar-lo imobilizado. Essa tecnologia de tratamentopode ser desenvolvida por meio de aditivos inorgânicos (cimento, cinzas, cal, gesso ou escória de auto forno) ou orgânicos (betume, parafinas ou poliolefinas).
c) Tecnologias de separação e concentração
O “SOIL WASHING”, também chamada de classificação via úmido, é uma tecnologia que combina processos de separação física e processos de separação em meio aquoso para reduzir a concentração de contaminantes em solo e outros materiais sólidos. Nesse processo, a toxicidade do contaminante não é alterada, porém ele é transferido (concentrado) na solução de lavagem ou no sólido segregado, dependendo do processo empregado. Dessa forma, há uma redução do volume do material contaminado, que deverá ser submetido a uma destinação adequada. Por sua vez, o material descontaminado (ou livre do contaminante) obtido após o processo poderá ser reencaminhado para o local de origem, desde que atenda os requisitos de segurança ambiental e de saúde. O processo de “soil washing” pode ser usado isoladamente ou em associação com uma outra tecnologia de tratamento.
d) Outras tecnologias citadas na literatura
Existem outras tecnologias possíveis para remediação de solo e resíduos contaminados por mercúrio. Algumas vezes a viabilidade econômica ou complexidade tecnológica de alguns dos processos compromete sua aplicação, sobretudo quando se considera a existência de outras tecnologias mais econômicas e simples.
Na FITOREMEDIAÇÃO, plantas são usadas para remover ou concentrar poluentes presentes no solo. Essa técnica apresenta o inconveniente de ser um processo lento e com dificuldades de aplicação para áreas com elevadas concentrações de mercúrio. Além disso, a escolha e controle das espécies vegetais utilizadas no processo são complexos. Outros problemas é que os principais caminhos de exposição identificados na avaliação de risco para a área contaminada por mercúrio em Descoberto/MG (ingestão de vegetais, ingestão acidental de solo e contato dermal com o solo) não são eliminados ou mitigados prontamente.
O “SOIL FLUSHING” é uma tecnologia de remediação “in situ” que consiste na produção, através do solo contaminado, de um fluxo de uma solução de lavagem. Após a extração do contaminante presente no solo, essa solução é conduzida ou bombeada para tratamento adequado. Para áreas contaminadas por mercúrio, são utilizados ácidos e extratantes que podem causar contaminação das águas subterrâneas. 
MICROENCAPSULAMENTO é uma tecnologia de solidificação/estabilização ‘ex situ” de materiais contaminados que utiliza compostos poliméricos para tornar esse material resistente a lixiviação ou dispersão. Normalmente, esse processo é aplicado nas situações em que não é possível a estabilização do contaminante com misturas a base de cimento. Apesar do bom desempenho dessa tecnologia para tornar inerte o material contaminado, após o processo o volume do resíduo a ser disposto é maior que o volume inicial do material. Além disso, a utilização de materiais poliméricos orgânicos (como poliolefinas e parafinas) requerem aquecimento do material a ser tratado, que, no caso de solos contaminados por mercúrio, pode volatizilar grandes quantidades de contaminante e outras substâncias. 
AULA 04
TÉCNICAS EMPREGADAS NO CONTROLE E RECUPERAÇÃO DE ÁREAS ERODIDAS
4.1 Introdução
O conceito de manejo do solo está relacionado aos procedimentos que envolvem o sistema solo-vegetação e têm como objetivo o aumento da produtividade agrícola. Um dos maiores desafios do manejo dos solos é como lidar com as áreas erodidas [1].
Área erodida: é definida como uma área que passou pela destruição do solo por ação do vento, da chuva, do gelo ou de outro agente natural. Durante o processo de erosão a estrutura do solo (argila, matéria orgânica e outros materiais) é destruída e o produto desse processo de degradação é transportado para uma região, normalmente, fora da área erodida. 
Há autores que classificam as áreas erodidas de acordo com o tipo de erosão que desencadeou o processo. Haveria, portanto, a erosão natural, ou feita pelos seres humanos [21].
As áreas erodidas se caracterizam por apresentarem grandes buracos no solo. Estes buracos são conhecidos como voçorocas, boçorocas ou ravinas. Os buracos tendem a aumentar de tamanho com o passar do tempo, porque uma vez que o solo apresenta-se exposto sem a cobertura vegetal, o transporte de materiais pela chuva e pelo vento é favorecido. Outra conseqüência negativa do processo de erosão é que o material transportado, os sedimentos, pode se depositar em cursos d’água provocando o assoreamento. O processo de erosão pode levar também, via transporte de material do solo, à dispersão de poluentes presentes no solo, como os pesticidas, por exemplo [22].
Assoreamento: é a obstrução, por sedimentos, areia ou detritos quaisquer, de um estuário, rio, baía, lago ou canal.
O processo de erosão do solo pode ser compreendido, de maneira simplificada, usando o seguinte modelo.
A presença de cobertura vegetal favorece a infiltração da água da chuva no solo e conseqüentemente o abastecimento dos lençóis freáticos. A diminuição da cobertura vegetal diminui a capacidade de infiltração do solo, e então a água da chuva começa a correr superficialmente transportando o material que compõe o solo. O processo de remoção do solo causa o aparecimento de buracos, sulcos e/ou veios [23].
A figura seguinte apresenta uma voçoroca em formação.
Figura 6 – Voçoroca em formação [21]
A erosão pode ser quantificada se calculando a perda de material por unidade de tempo e área. A expressão matemática empregada é apresentada a seguir:
A = R x K x L x S x C x P
Onde:
A: perda de solo por unidade de tempo e área (t/ha/ano)
R: fator que caracteriza a ação erosiva da chuva ou sua erosividade (t/ha/ano)
K: fator que caracteriza a sucetibilidade do solo à erosão (em perda de solo por unidade do fator R)
L: fator de comprimento do talude (adimensional)
S: fator de inclinação do talude (adimensional)
C: fator tipo de cultura, por exemplo, milho, feijão, soja (adimensional)
P: fator tipo de prática conservacionista, como plantação em nível, uso de cordões em nível etc. (adimensional)
Talude é entendido como sendo qualquer terreno inclinado. O talude pode ser natural quando é formado pela ação de agentes naturais que causam a erosão. O talude artificial é aquele que foi construído pelo homem. Encontramos taludes artificiais nas minas a céu aberto, nas barragens de reservatório de água, nas laterais de estradas e ruas e até nos fundos das casas construídas em local em aclive (terreno subindo) ou declive (terreno descendo). O grau de inclinação de um talude artificial é um fator importante para se avaliar a susceptibilidade do terreno à erosão [24].
4.2 Processo de recuperação de áreas erodidas
Os procedimentos de recuperação de áreas erodidas devem levar em conta uma série de aspectos, como por exemplo, o uso futuro que se pretende fazer da área recuperada e a profundidade atingida pela erosão.
O termo retorno de áreas degradadas tem o mesmo significado que recuperação de áreas erodidas, onde o objetivo é tornar uma região degradada em região produtiva para a atividade agrícola ou que sirva como refúgio para espécies silvestres [23].
A tomada de ações emergenciais para conter o aumento dos danos provocados ao solo pela erosão é, na maioria das vezes, a primeira etapa a recuperação das áreas erodidas.
A ação emergencial consiste, geralmente, da contenção da área fluvial para evitar que continue ocorrendo o transporte de material de solo que aumenta o tamanho das voçorocas [23].
As figuras seguintes apresentam algumas técnicas empregadas na contenção da água fluvial para evitar o aumento dos efeitos da erosão no solo.
Figura 7 – Dique de gabiões ou solo-cimento ensacado [21]
Figura 8 – Dique de pedra argamassada ou concreto ciclópico [21]
Figura 9 – Diques de terra e grama [21]
O tipo de contenção a ser escolhido depende de característicasda área erodida, bem como do tipo de processo de erosão que o solo passou. Diques de terra e grama (figura 9) podem ser empregados em terrenos onde a erosão do solo se deu de forma quase homogênea ao longo da superfície removendo grandes volumes de terra.
Sistemas de contenção que apresentam o aspecto de degraus, como mostrado na figura 9 podem ser usados em áreas com grande inclinação. O objetivo é fazer com que a água escoe em uma velocidade menor ao passar por diversos degraus. A diminuição da velocidade de escoamento da água reduz sua energia cinética e conseqüentemente seu potencial de provocar mais danos [23].
Existem propostas de uso de materiais inertes, que seriam descartados causando impacto ambiental, para construção de barreiras de contenção de sedimentos. Os pneus usados, ou inservíveis, têm sido um material estudado.
	
4.2.1 Projeto de recuperação da área erodida
O projeto de recuperação das áreas erodidas compreende as seguintes etapas:
4.2.1.1 Estudo preliminar
Consiste em estabelecer contato com a área a ser recuperada. Pode ser feita com a observação de fotos da área erodida ou com visita. É considerada uma etapa de diagnóstico cujo um dos objetivos é a apresentação das possíveis soluções para o problema de erosão na área.
4.2.1.2 Projeto básico
É feita a avaliação da viabilidade das opções de recuperação apresentadas na etapa de estudo preliminar. O objetivo é fazer a escolha dentre as opções sugeridas na etapa anterior tendo como base informações mais completas. As informações necessárias para essa escolha podem ser obtidas por estudos das características geotécnicas e geológicas do terreno, informações de topografia, e etc. A escolha da melhor solução para o terreno deve ser feita em função de aspectos técnicos e econômicos.
4.2.1.3 Projeto executivo
Consiste no detalhamento do projeto básico com informações relacionadas aos recursos necessários, previsão orçamentária e cronograma de execução. O projeto executivo é feito com as informações obtidas na etapa anterior.
4.2.2 Ações para a recuperação de áreas erodidas
Diversas ações, que podem ser feitas de forma conjunta ou isolada, são empregadas para recuperação das áreas erodidas. Essas ações são compreendidas no projeto executivo de recuperação.
4.2.2.1 Reconformação de taludes
A reconformação, ou recuperação, de taludes pode ser feita pelo uso de solo-cimento em áreas que passaram por erosão profunda ou grama em placas para casos de erosão mais superficial. As figuras seguintes ilustram o emprego das duas técnicas na recuperação de taludes.
Figura 10 – Talude reconformado com solo-cimento, compactado ou ensacado [4]
Figura 11 – Talude reconformado com solo argiloso e grama em placa [4]
4.2.2.2 Aplicação de biomantas
Biomantas são materiais feitos de fibras naturais e biodegradáveis e que têm como características a retenção de umidade no solo favorecendo a infiltração da água no solo. As biomantas também protegem os solos dos agentes de erosão, bem como ajudam na fertilização, uma vez que seus produtos de degradação são ricos em matéria orgânica e auxiliam no crescimento da vegetação. As biomantas podem ser empregadas na reconformação dos taludes ou sobre as superfícies horizontais degradadas.
4.2.2.3 Preenchimento das voçorocas
O preenchimento dos buracos causados pela erosão é uma etapa fundamental do processo de recuperação das áreas erodidas. Para o preenchimento pode ser usado solo ou sedimento removido de outras áreas.
Atualmente tem se empregado algum material inerte que seria descartado, gerando um grande passivo ambiental, no preenchimento das voçorocas. Um exemplo é o emprego de pneus inservíveis.
As figuras seguintes apresentam o emprego de pneus inservíveis no preenchimento de uma voçoroca de uma área erodida e a área recuperada meses depois.
Figura 12 – Pneus inservíveis preenchendo uma voçoroca [22]
Figura 13 – Área recuperada após preenchimento com pneus [22]
O uso de pneus inservíveis, ou outro material inerte, para o preenchimento dos buracos causados pela erosão é uma vantagem por empregar um material que seria descartado causando passivo ambiental. O emprego desses materiais, no entanto, é precedido por estudos que avaliam a lixiviação dos componentes potencialmente tóxicos para o solo [22].
Lixiviação: processo em que os componentes de um material disposto no solo são transportados por ação das águas podendo causar contaminação dos solos ou do lençol freático.
4.2.2.4 Reflorestamento
O reflorestamento é uma alternativa interessante do ponto de vista ambiental para a recuperação de áreas degradas. As áreas de reflorestamento podem servir de abrigo a espécies silvestres e ajudam a restabelecer ecossistemas ameaçados. 
O processo de recuperação por reflorestamento deve contar com uma equipe multidisciplinar que envolva biólogos, engenheiros agrônomos, geólogos, geógrafos, químicos etc. A implementação do reflorestamento depende de informações diversas como características físico-químicas do solo, geologia e geotécnica do solo, clima da região, espécies compatíveis com o bioma que se quer reproduzir, melhores condições de semeadura e etc.
Embora aparente ser uma opção óbvia para a recuperação de áreas erodidas, o reflorestamento, vem sendo empregado no Brasil de forma sistematizada somente a duas ou três décadas. 
No reflorestamento de uma área erodida costumam-se plantar a maior variedade possível de espécies para favorecer a biodiversidade, além de ser uma alternativa que traz ganhos do ponto de vista ambiental. Tem se a preocupação em plantar espécies frutíferas para que sirvam de fonte de alimentos para a fauna local.
Gramíneas como o capim vetiver (Vetiveria zizanioides) e a braquiária (Brachiaria sp.) também podem ser usadas como cobertura vegetal na recuperação de áreas degradas. Dentre as vantagens apresentadas pelo uso das gramíneas se inclui rápido crescimento, boa capacidade de retenção de umidade além de proporcionarem boa estabilidade ao solo [23].
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] Meurer, E.J. Fundamentos de Química dos Solos. Editora: Gênesis, 3º edição. Porto Alegre, 2006, 285 p.
[2] Braga, B.; Hespanhol, I.; Conjo, J.G.L.; Mierzwa, J.C.; Barros, M.T.L.; Spencer, M.; Porto, M.; Nucci, N.; Juliano, N.; Eiger, S. Introdução à engenharia ambiental. Editora Pearson. Edição 2. São Paulo (SP), 2010, 318 p.
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CURRÍCULO DO AUTOR
É licenciado em Química, mestre em Química Analítica e Doutor em Ciências-Química pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professor efetivo do Instituto Federal de Minas Gerais. Tem experiência na área de Química, com ênfase em análise de traços e Química Ambiental, atuando principalmente nos seguintes temas: Termodessorção, mercúrio, lâmpadas fluorescentes, resíduos sólidos, solos, descontaminação, absorção atômica e geração de hidretos.
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