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DIREITO PENAL III - Arts. 155 ao 234

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UNIVERSIDADE ESTACIO DE SÁ/FAP 
 DIREITO PENAL III 
RESUMO DE AULAS DE CRIMES C/ O PATRIMÔNIO 
 Prof. MsC. Luciano costa 
Mestre em Direito do Estado; professor da Universidade Estácio de Sá – FAP; professor convidado 
da UFPA no Curso de Mestrado e Especialização em Segurança Pública e Cidadania; professor da 
Escola de Governo – EGPA e professor do Instituto de Ensino de Segurança Pública do Pará – 
IESP. 
 
Lembrete aos alunos: 
 
O presente material é apenas um resumo dos itens do programa de Direito Penal III, objetivando 
dá um norte dos temas abordados. Importante ressaltar que ele não substitui a necessária e 
obrigatória leitura dos livros dos doutrinadores indicados e outras jurisprudências, para que o 
aluno reforce e amplie seus conhecimentos e pontos de vista. 
 CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
O fundamento dos crimes contra o patrimônio acha-se no art. 5º da CF, quando afirma 
“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à igualdade, à segurança e à propriedade”. 
O direito à propriedade é inviolável, e situa-se no rol dos direitos fundamentais. 
 DELITO DE FURTO – art. 155 
Furtar significa apoderar-se ou assenhorear-se de coisa pertencente a outrem. Subtrair 
significa retirar da esfera de posse do dono ou do possuidor. 
Os bens jurídicos protegidos são a posse e a propriedade da coisa móvel. 
 
FURTO SIMPLES: é o previsto no caput do artigo 155 do CP: O objeto jurídico é a 
propriedade, a posse e a detenção legítima. O objeto material é a coisa alheia móvel sem 
violência. 
Coisa para fins penais é tudo aquilo que pode ser deslocado, removido, apreendido ou 
transportado de um lugar para outro. Entretanto, por ficção jurídica, a luz, o ar, o calor, 
a água do mar ou do rio, embora não possam ser apreendidos ou utilizados em sua 
totalidade, mesmo assim pode ser aproveitados ou consumidos como força ou energia, e 
assim são objeto de furto. 
Coisa imóvel jamais poderá objeto de furto ou roubo. Entretanto, os acessórios do 
imóvel podem, tais como árvores, madeiras, plantas e todos adornos do imóvel. 
 
O elemento subjetivo é o dolo constante da vontade livre e consciente de apoderar-se 
de forma definitiva da coisa alheia móvel. 
 
Sujeito ativo: qualquer pessoa, salvo o proprietário. Também podem ser objeto de furto 
os condôminos, os co-herdeiros e os sócios, em razão de que não se pode subtrair coisa 
própria. 
Sujeito passivo: o proprietário, o possuidor ou o detentor legítimo da coisa. 
 
Objeto material, coisa móvel não abrangendo as presunções da lei civil. A energia 
elétrica ou outras de valor econômico são equiparadas a coisa móvel (CP:artigo 155, 
§ 3º). Os direitos não podem ser objeto mas, sim, os títulos que os representam, exige-se 
o valor econômico porque é crime material requerendo efetiva lesão ao patrimônio. 
 
Elemento normativo: a coisa deve ser alheia. 
Não pode ser objeto do crime de furto: res nullius (coisa sem dono, coisa de 
ninguém); res derelicta (coisa que já pertenceu a alguém, mas que foi abandonada); res 
desperdita (coisa perdida); res commune omnium (coisa de uso comum, que embora 
de uso de todos, não pode ser objeto de ocupação em sua totalidade. Entretanto, a res 
desperdita pode ser objeto de apropriação indébita, conforme artigo 169, § único, II-C 
P. 
Res communes omnium são o ar, a luz, calor do sol, água do mar ou de rios. Porém, a 
res communes pode ser parcialmente objeto de furto, quando captada e aproveitada 
como força ou energia, como por exemplo, ar liquefeito, calor do sol como força motriz, 
vento como força motriz, etc, incidindo na propriedade de alguém, e assim, podem ser 
furtadas. 
As águas de cisternas ou águas colhidas para uso de alguém podem ser objeto de furto. 
Mas o desvio ou o represamento de águas correntes alheias, em proveito próprio ou de 
outrem, tipifica o crime de usurpação de águas – art. 161, § 1, I, e não o crime de furto. 
Os direitos reais ou pessoais, a despeito do Código Civil considerá-los como coisa 
móvel (art. 83), não podem ser objeto de furto, por não serem coisas passíveis de 
apreensão, subtração, remoção ou transporte pelo agente. Contudo, os títuos ou 
documentos que os constituem ou representam podem ser furtados de seus titulares ou 
detentores. 
Também o ser humano vivo pode ser objeto de furto, em razão de que não se trata de 
coisa. No entanto, quando um cadáver pertence a uma instituição de ensino com o 
objetivo de estudo, passa a ter valor econômico, e portanto, pode ser objeto de furto 
 
Momento consumativo: com a posse tranqüila da coisa, ou saída da esfera de cuidado 
do respectivo dono ou possuidor. Ação penal pública incondicionada. Admite-se a 
tentativa. 
 
 FURTO NOTURNO - art. 155, § 1º do CP 
 
Quando o furto ocorre durante o repouso noturno, o legislador tornou mais grave o 
crime, em razão da menor vigilância que as pessoas exercem sobre seus patrimônios 
O repouso noturno pode-se dar em variados horários, mas normalmente compreende 
entre o início da noite, com o por do sol até o alvorecer. Neste período a vigilância 
fica dificultada quando a luz solar é substituída pela luz artificial. 
As expressões “repouso noturno” e “à noite” não possuem o mesmo significado, pois 
esta última pode abranger períodos anteriores e posteriores ao repouso noturno. 
Também pode configurar o furto agravado pelo repouso noturno quando o local achar-
se habitado ou não, estando seus moradores presentes ou ausentes, pois a majorante 
repouso noturno reside na maior facilidade com que o agente pode praticar o crime, 
dada a carência de vigilância durante esse período. 
Relativamente à aplicação do aumento de pena do repouso noturno ao furto 
qualificado, a maioria da doutrina e jurisprudência tem se posicionado no sentido de 
que somente cabe a majorante ao furto simples, na medida em que o furto qualificado já 
tem a punibilidade potencializada pelo dano produzido. 
 
 FURTO PRIVILEGIADO - Artigo 155 § 2º 
 
Ocorre quando o autor é primário e a coisa furtada é de pequeno valor. Preenchidas as 
condições, é direito subjetivo do agente e o juiz deve aplicar os benefícios. O juiz pode 
substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar 
somente a multa. 
Aplica-se ao furto simples quanto ao repouso noturno, excluindo-se o furto qualificado. 
Primário é aquele que já praticou crime, mas não fora condenado irrecorrivelmente. 
Reincidente é aquele que praticou um crime após o trânsito em julgado com decisão 
condenatória, enquanto não tenha decorrido o prazo de 5 anos do cumprimento da pena 
ou da extinção da pena. 
 
Coisa de pequeno valor, segundo a melhor doutrina, é aquela cuja perda pode ser 
suportada sem dificuldades pela maioria das pessoas. 
A orientação majoritária é de que pequeno valor é aquele que não ultrapassa o 
equivalente a um salário mínimo. 
Nos crimes contra o patrimônio, a recuperação da res furtiva não pode ser usado como 
causa de exclusão da tipicidade da conduta do agente. 
 
 FURTO QUALIFICADO - Artigo 155 § 4º 
 
I – Com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração. 
A violência deve ser contra o obstáculo que dificulta a subtração da coisa e não, contra a 
própria coisa ou a pessoa. Não se aplica quando é inerente à coisa. 
 
OBSTÁCULO é tudo aquilo que é empregado para proteger a coisa contra a ação do 
agente. Exemplos: ofendícula, alarme, maçaneta eletrificada, muros, paredes,vidraças, 
portas, grades, telas metálicas, etc. 
Não é obstáculo aquilo que integra a própria coisa: vidros do carro e a retirada dos 
pneus. 
No caso dos vidros do carro, será considerado obstáculo se forem rompidos para que 
seja retirado alguma coisa que esteja em seu interior. 
 
 
 
 
 
 
 
 DESTRUIÇÃO OU ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO 
 
Destruição: ocorre quando demolição, aniquilamento ou desaparecimento do obstáculo 
que serve de proteção para a coisa. 
Rompimento: ocorre quando há deslocamento ou supressão do obstáculo, visando 
facilitar a subtração da coisa. Romper significa arrombar, serrar, cortar, forçar, deslocar, 
perfurar o obstáculo. 
 
II – COM ABUSO DE CONFIANÇA 
 
Confiança é sentimento de credibilidade, que representa vínculo subjetivo de respeito e 
consideração entre as pessoas. 
Abuso de confiança consiste em trair esse sentimento de confiança entre a vítima e o 
acusado. 
Os exemplos típicos são os empregados domésticos ou de empresas, bem como também 
as relações de coabitação ou hospitalidade. 
Ressalta-se, no entanto, que não basta a simples relação empregatícia, coabitação ou 
hospitalidade, mas é indispensável para caracterizar a qualificadora do abuso de 
confiança, que haja um vínculo subjetivo de confiança. 
O simples fato de um empregado ter furtado objetos de casa não caracteriza a 
qualificadora, abuso de confiança não é condição obrigatória das relações trabalhistas 
ou domésticas, podendo, entretanto, caracterizar a agravante genérica das relações 
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade – art. 61, II, alínea f. 
Quando os empregados domésticos não gozam da confiança dos patrões prevalece o 
entendimento de que há furto simples. 
 
MEDIANTE FRAUDE: que é o emprego de ardil ou artifício para distrair a vítima e 
facilitar a subtração da coisa. O agente, usando de artimanhas, burla a vigilância da 
vítima, que não percebe a retirada da res de sua esfera de vigilância. A fraude neste caso 
do furto, é uma relação de confiança instantânea, formada a partir do artil. 
Exemplo: um funcionário de uma rodoviária, a pretexto de prestar auxílio a um 
passageiro, promete-lhe tomar conta das malas, enquanto o passageiro vai ao 
banheiro e neste momento, ele subtrai objetos das malas 
 
MEDIANTE ESCALADA: é a penetração no local do furto por meio anormal, 
artificial ou impróprio, demandando esforço incomum. Escalada não significa 
necessariamente subida de algo, pois tanto pode ser galgar alturas quanto pular fossos, 
rampas ou subterrâneos, desde que o faça para vencer obstáculos. 
O acesso ao local da subtração da coisa deve apresentar dificuldade, a ponto de exigir 
esforço incomum. Exemplo: Lino furtou equipamentos de uma fábrica, que possui 
muros de 3 metros de altura e arame farpado. 
 
Se para ingressar em local da subtração da coisa, mesmo por meio de uma janela ou 
saltando um muro, não for exigível esforço anormal, não se pode falar em escalada. 
Exemplo: Paulo entrou em uma casa e furtou objetos, e para tal usou uma janela, 
que tinha um metro e meio do solo e próxima à rua, que estava sem grade. 
 
MEDIANTE DESTREZA: é uma especial habilidade de impedir que a vítima perceba 
a subtração feita em sua presença. Pressupõe ação dissimulada e incomum habilidade, 
que aumenta o risco de dano ao patrimônio e dificulta a sua proteção. O punguista é o 
exemplo característica do furto qualificado pela destreza, pois ele age de forma 
dissimulada, não percebendo a vítima a retirada de seus objetos. 
Exemplo: Há furto qualificadora pela destreza, quando o agente, que estava atrás 
da vítima no interior de um caixa eletrônico, apoderou-se de seu cartão magnético 
e, devido ao protesto da mesma, devolveu-lhe outro, fazendo troca de cartões. 
 
A destreza deve ser analisada sob a ótica da vítima e não do terceiro, e nesta linha, se a 
vítima não percebe a punga, é irrelevante para caracterizar o furto qualificado pela 
destreza, mesmo que um terceiro impeça a sua consumação. 
Não se pode falar em furto qualificado pela destreza quando, por inabilidade do agente, 
é surpreendido pela vítima no momento da ação. 
 
COM EMPREGO DE CHAVE FALSA: consiste em utilizar qualquer instrumento 
apto a abrir fechadura ou fazer funcionar aparelho como cópia de chave sem 
autorização, arame, alfinete, grampo, gazua, ferro e outros objetos semelhantes. 
Chave falsa é qualquer instrumento capaz de abrir fechadura ou fazer funcionar 
aparelho, tendo ou não formato de chave. 
Se a chave verdadeira for ardilosamente conseguida pelo agente, o furto será 
qualificado pelo emprego de fraude. 
Se a chave verdadeira for perdida e encontrada pelo agente, que a usa para retirar algum 
objeto, o furto será simples. 
A simples posse da chave falsa é autentico ato preparatório. 
Para caracterizar a tentativa, é preciso pelo menos que o agente tenha começado a 
introduzir a chave na fechadura, sendo interrompido por causa estranha a sua vontade. 
Por outro prisma, a chamada ‘ligação direta’, usada para furtar veículo, não configura a 
qualificadora (TSMG, RT 692/310), entendimento majoritário. 
 
 MEDIANTE CONCURSO DE DUAS OU MAIS PESSOAS 
 
O fundamento desta qualificadora reside na diminuição da possibilidade de defesa do 
bem quando é atacado por duas ou mais pessoas. 
Para configurar o concurso tanto pode haver co-autor quanto partícipe. 
 
Sobre a presença física no local do furto qualificado pelo concurso de pessoas, há 
duas correntes: 
 
1- Para qualificar o furto por meio do concurso de pessoas, não se exige a presença de 
todos no local 
2- Embora todos que concorram para o crime, seja material ou moralmente, devem ser 
punidos – art. 29 CP – porém, a qualificadora do concurso de pessoa somente se 
configura se necessariamente elas estiverem presentes in loco, pois elas devem 
participar dos executórios do crime. O fundamento maior da punição, seria a maior 
temibilidade do número de pessoas envolvida no local do crime. 
A maioria entende que é necessário a presença de ambos no local, outros que não e que 
basta a união das vontades, sendo mais viável o primeiro entendimento. 
“Co-autor e partícipe inimputável: não exclui a qualificadora (STF, RTJ 123/268...)”. 
 
FURTO DE VEÍCULO – QUALIFICADORA ESPECIAL -Artigo 155, § 5º. 
 
Quando se tratar de veículo automotor transportado para outro Estado ou para o 
exterior, a Lei 9.426/96 estabeleceu os dois requisitos: 
a) veículo automotor (automóvel, caminhão, ônibus, trator etc, excluídos os a 
eletricidade ou de tração animal ou humana; 
b) transportado efetivamente para outro Estado ou para o Exterior. Por lapso do 
legislador ficou excluído o Distrito Federal, mas que se equipara aos Estados. 
A razão de ser dessa qualificadora reside no fato de que, se o carro já está em outro 
estado ou no exterior, a recuperação se torna mais difícil. 
A qualificadora somente incide se for comprovado que o ladrão pretendia levar o 
veículo para outro estado ou outro país. 
 
FURTO DE ENERGIA: ocorre quando, há ligação clandestina, desviando a energia 
antes de passar pelo medidor da companhia de eletricidade. 
Quando o desvio da energia ocorre após o medidor, o agente para fazer a subtração, 
necessita fraudar a empresa fornecedora, induzindo-a a erro, causando-lhe prejuízo. 
Aqui não houve ligação clandestina, o medidor continua ligado e a companhia acredita 
que esteja medindo corretamente. Tal conduta amolda-se à figura do estelionato. 
São exemplos de furto de energia: solar, química, térmica, eólica, sonora, atômica, 
genética (esperma humano e de animais), etc.DELITO DE ROUBO – ART. 157 
 
Trata-se de crime contra o patrimônio, em que é atingido também a integridade física ou 
psíquica da vítima. Na verdade, o roubo é o crime de furto qualificado pela violência à 
pessoa. 
É um crime complexo (formado pela reunião dos crimes de constrangimento ilegal e 
furto), onde o objeto jurídico imediato do crime é o patrimônio, tutelando-se também a 
integridade corporal, a saúde, a liberdade e na hipótese de latrocínio, a vida do sujeito 
passivo. 
O Roubo também é um delito comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa, 
menos o proprietário da coisa, por faltar-lhes a elementar “alheia”. 
Se o proprietário subtrair coisa própria, responderá por exercício arbitrário das próprias 
razões, dependendo das circunstancias e do dolo que orientar a conduta. 
Pode ocorrer a hipótese de dois sujeitos passivos: um que sofre a violência e o titular 
do direito de propriedade. 
Como no Furto, a conduta é subtrair, tirar a coisa móvel alheia, mas faz-se necessário 
que o agente se utilize de violência, lesões corporais, ou vias de fato, como grave 
ameaça ou de qualquer outro meio que produza a possibilidade de resistência do sujeito 
passivo. 
A vontade de subtrair com emprego de violência, grave ameaça ou outro recurso 
análogo é o dolo do delito de roubo. Exige-se porém, o elemento subjetivo do tipo, o 
chamado dolo específico, idêntico ao do furto, para si ou para outrem, é que se dá a 
subtração. 
O roubo distinque-se do furto exclusivamente pelo emprego da violência contra a 
pessoa. 
 
 MOMENTO CONSUMATIVO 
 
Consuma-se o crime de roubo quando o agente se torna possuidor da res furtiva, 
subtraída mediante violência ou grave ameaça, independente de sua posse mansa e 
pacífica, saindo o bem da esfera de disponibilidade da vítima. 
O roubo próprio se consuma no momento em que res é retirada da esfera de 
disponibilidade da vítima, não havendo necessidade da posse tranqüila, mesmo que 
passageira. 
O roubo impróprio consuma-se com o emprego de violência ou grave ameaça à 
vítima, logo após a subtração da res. 
 
 TENTATIVA DO DELITO DE ROUBO 
 
Quanto ao roubo próprio, é tranqüila a admissibilidade da tentativa. 
Quanto ao roubo impróprio, porém, há duas correntes, saber: 
1- Não se admite a tentativa; 
2- Admite-se a tentativa quando, após a subtração da res, o agente é preso ao 
empregar violência ou grave ameaça contra a vítima. 
 
Porém, para as duas correntes, se a subtração da res ficar na tentativa e houver grave 
ameaça ou violência no momento da fuga, haverá furto tentado em concurso com 
crime contra a pessoa, e não tentativa de roubo. 
No roubo, o início da execução coincide com a prática da ameaça ou da violência, ou 
ainda, com o uso de qualquer outro meio para inibir a vítima. Nesta linha, se o agente 
aponta uma arma para a vítima e determina que ela saia do carro, neste momento 
já ingressou na fase executória do crime de roubo. 
Quando a vítima não possui objetos de valor em seu poder, tal fato não descaracteriza 
o roubo, pois sendo um crime complexo, a grave ameaça ou a violência despendidas 
pelo agente, constitui início de execução do crime. 
 
 VIOLÊNCIA FÍSICA – vis corporalis 
 
O termo violência empregado no tipo significa o uso de força física contra o corpo da 
vítima, podendo ser lesão leve ou simples vias de fato. 
O emprego de fogo, água, energia elétrica(choque), gases (confinamento), podem 
caracterizar o crime de roubo. 
Violentos empurrões e trombadas também caracterizam o emprego de violência no 
roubo. 
 
 VIOLÊNCIA MORAL – VIS COMPULSIVA 
 
A vis compulsiva, que se efetiva por meio da grave ameaça, é aquela capaz de 
atemorizar a vítima, viciando sua vontade e impossibilitando sua capacidade de 
resistência. A grave ameaça pode ser dirigida tanto para a vítima quanto para pessoas 
que lhe são queridas. 
 
 SIMULAÇÃO DE ARMA OU USO DE ARMA DE BRINQUEDO 
 
A simulação de estar armado ou a utilização de arma de brinquedo, quando 
desconhecida ou não percebida pela vítima, constitui grave ameaça, caracterizando o 
roubo. 
São irrelevantes os meios usados pelo agente para fazer a ameaça, podendo real ou 
imaginário para amedrontar a vítima, como exemplo: mostrar que porta arma, fingir, 
com o dedo embaixo da rouba que porta arma, ou ameaçar com agressão física têm a 
mesma potencialidade de amedrontar pessoas. 
O assalto de inopino, surpreendendo a vítima, e retirando os pertences das vítimas, 
mesmo sem mostrar armas, constitui grave ameaça, e portanto, o roubo. 
 
 OUTROS MEIOS DE REDUZIR A RESISTÊNCIA 
 
A expressão ‘outros meios’ para reduzir a resistência significa a utilização de todo e 
qualquer meio pelo qual a vítima não ofereça resistência ou defesa, sem usar de 
violência física ou moral. Exemplos: uso de soníferos, anésicos, narcóticos, hipnose, 
máquina da verdade, etc. 
Esses outros meios devem ser empregados de forma subrepticia ou fraudulentamente, 
isto é, sem violência ou grave ameaça. 
 
 ROUBO PRÓPRIO E ROUBO IMPRÓPRIO 
No crime de roubo, a violência contra a pessoa pode ocorrer antes, durante ou depois da 
subtração da coisa alheia móvel. 
 
 ROUBO PRÓPRIO – art. 157, caput do CP 
Ocorre quando o agente pratica a grave ameaça, violência ou qualquer outro meio que 
reduza a resistência da vítima antes ou durante da subtração da coisa alheia móvel. 
Exemplo: Pedro aponta uma pistola para Genus, e ameaçando-o de morte, ordena 
a entrega de seu celular, carteira e relógio. 
 
 ROUBO IMPRÓPRIO – ART. 157, § 1º 
Ocorre quando a grave ameaça ou violência são praticadas logo depois da subtração da 
coisa alheia móvel, para assegurar a impunidade do crime ou assegurar a detenção da 
coisa subtraída. 
Exemplo: Pedro entra na casa de Beto de madrugada, subtrai vários pertences. 
Porém, no momento da saída da casa, derruba um objeto e acordo Beto. Este sai 
para ver o que ocorreu, sendo ameaçado por Pedro para não reagir. 
 
O emprego de violência ou grave ameaça posterior à subtração da coisa para assegurar a 
sua impunidade ou a posse da coisa, deve ser imediato para caracterização do roubo 
impróprio. 
O modus operandi do roubo impróprio se dá por meio da grave ameaça ou da 
violência empregada contra a pessoa, não se incluindo a expressão qualquer outro meio 
que reduza a resistência da vítima. 
A eventual utilização do recurso ‘qualquer outro meio’, após a subtração da coisa, não 
tipifica o crime de roubo, próprio ou impróprio. O crime ali perpetrado será o de furto, 
podendo haver concurso de outros crimes. 
 
 CAUSAS DE AUMENTO DE PENA OU MAJORANTES 
 
Hipóteses de causas de aumento de pena, popularmente chamadas de ,“majorantes”, 
descritas no § 2
º
 do artigo 157 do Código Penal Brasileiro: “a pena aumenta-se de um 
terço até metade” . 
 A primeira hipótese é se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma. 
Neste caso é necessário o efetivo emprego da arma ( revólver, faca, canivete, punal), 
seja para caracterizar a ameaça, seja para a violência. O fundamento da agravante reside 
no maior perigo que o emprego da arma proporciona. 
Para a maioria da doutrina e jurisprudência, para caracterizar a majorante do emprego 
de arma, esse emprego tem de ser efetivo, isto é, o uso da arma na prática da violência 
tem que ser real, descaracteriza a majorante o simples porte da arma. 
Por outro prisma, a inidoneidadelesiva da arma ( brinquedo, desmuniciada ou 
simplesmente à mostra) pode ser suficiente para caracterizar o roubo simples, porém, 
não tem o mesmo efeito para qualificá-la, como pretendia a súmula 174 do STJ, que já 
fora revogada, e que enunciava: “nos crimes de roubo, a intimidação feita com arma 
de brinquedo autoriza a aumento da pena”. 
Assim, é preciso que a arma empregada no roubo qualificado apresente idoneidade 
ofensiva, fato que não ocorre quando a arma é de brinquedo, está desmuniciada ou 
esteja com defeito. 
Ausência de apreensão da arma: o fato de não ser apreendida a arma usada no crime 
de roubo, não afasta a majorante, se o demonstrar a prova oral produzida na instrução da 
causa. 
 A Segunda hipótese é se há o concurso de duas ou mais pessoas. 
 
Ocorre aqui a mesma relevância da situação já estudada no crime de furto, ou seja, 
agindo os agentes entre duas ou mais pessoas, quando praticado nestas circunstâncias, 
pois isto revela uma maior periculosidade dos agentes, que unem seus esforços para o 
crime. 
Roubo em que o co-partícipe não tenha sido identificado e denunciado, mesmo assim 
aplica-se a qualificadora. 
Também aplica-se esta majorante quando, inimputáveis participam do roubo. 
 
 se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal 
circunstância: 
Nítida esta aqui a intenção da lei penal em proteger o transporte de dinheiro, jóias, ouro, 
etc. O ofendido deve estar transportando valores de outrem, e não próprios. 
Apenas incide a qualificadora quando o agente tem consciência de que a vítima está em 
serviço de transporte de valores (dinheiro, jóias, títulos, pedras preciosas e outros bens 
valiosos passíveis de serem transportados. 
O sujeito passivo não pode ser o proprietário dos valores transportados, o texto legal 
reza que a “vítima está a serviço de transporte de valores”, isto é, serviço sempre se 
presta a outra pessoa. Portanto, quem está transportando os valores está a serviço de 
alguém, que em tese, é o proprietário. 
Assim, se é o proprietário que transporte os valores, o carro for roubado, não incide a 
majorante do §2º, inciso III do CP. 
Mesmo que se prove mais de uma qualificadora, incide apenas uma; as demais servirão 
como circunstâncias agravantes, se cabíveis. 
 
 ROUBO QUALIFICADO PELA LESÃO CORPORAL GRAVE 
 
Nos termos do artigo 157 § 3
º
 do Código Penal Brasileira primeira parte, é qualificado 
roubo quando: “da violência resulta lesão corporal de natureza grave, fixando-se a pena 
num patamar superior ao fixado anteriormente, aqui reclusão de 7 (sete) à 15 (quinze) 
anos, além da multa”. 
É indispensável que a lesão seja causada pela violência, não estando o agente, sujeito às 
penas previstas pelo dispositivo em estudo, se o evento decorra de grave ameaça, como 
enfarte, choque ou do emprego de narcóticos. Haverá no caso roubo simples seguido de 
lesões corporais de natureza grave em concurso formal. 
A lesão poderá ser sofrida pelo titular do direito ou em um terceiro. 
Se o agente fere gravemente a vítima, mas não consegue subtrair a coisa, há só a 
tentativa do artigo 157 § 3
º
 1
ª
 parte. 
 ROUBO QUALIFICADO PELA MORTE 
Ocorre latrocínio, no ordenamento jurídico brasileiro, quando há dolo na conduta 
antecedente (roubo) e dolo ou culpa na conduta subseqüente (morte). Enfim, o 
latrocínio é a conduta de matar para roubar, ou matar para assegurar a impunidade do 
crime ou para manter-se na posse da coisa subtraída. 
O latrocínio é crime de natureza patrimonial, pois é um roubo. 
Nos termos legais, o Latrocínio não exige que o evento morte seja desejado pelo agente, 
bastando que ele empregue violência para roubar e que dela resulte a morte para que se 
tenha caracterizado o delito. 
No latrocínio, a morte pode resultar de conduta dolosa, culposa ou preterdolosa, 
quando o legislador lhe atribui a mesma gravidade na sanção, que é de 20 a 30 anos; 
 DUAS OU MAIS VÍTIMAS DE LATROCÍNIO 
A diversidade de vítimas fatais, não altera a tipificação do crime, continuando a 
configurar latrocínio único, e não duplo ou triplo latrocínio. A pluralidade de vítimas 
não constitui crime continuado nem concurso de crimes. 
Nesse sentido, tem sido a orientação do STF, que em vários julgados entende que a 
pluralidade de vítimas não implica a pluralidade de latrocínio. Na verdade, o fato das 
vítimas serem duas ou mais, deve ser levando em conta no momento da dosimetria da 
pena, nos termos do artigo 59 do CP. 
LATROCÍNIO E MORTE DE CO-AUTOR 
Se durante um roubo, um dos participantes do crime (autor, co-autor ou partícipe), por 
divergência qualquer, resolve matar o outro, não há falar em latrocínio, na medida em 
que a violência exigida pelo tipo penal refere-se ao sujeito passivo. 
 LATROCÍNIO E LEGÍTIMA DEFESA 
Quando a própria vítima do roubo reage e mata um dos sujeitos ativos, agindo em 
estado de legítima defesa, também não se pode falar em latrocínio para agravar a 
situação do outro sujeito ativo que sobreviveu, pois a violência exigida pelo tipo do art. 
157, § 3º refere-se ao sujeito passivo. 
 MORTE DECORRENTE DE GRAVE AMEAÇA 
A violência contida no § 3º do art. 157, é somente a física, não incluindo a grave 
ameaça (violência moral), podendo resultar lesão grave ou morte. Assim, se alguém 
sofre um roubo (assalto), e mesmo sem o agente empregar violência física, a vítima 
fica assustada com a arma usada e sofre um enfarto, vendo a falecer, o agente não 
pelo crime de latrocínio, pois não houve emprego de violência física. Neste caso, o 
agente responderá por roubo em concurso material com homicídio, podendo ser doloso 
ou culposo, dependendo das circunstancias. 
 
 CRIME DE EXTORSÃO – ART. 158 
 
Extorsão é o ato de constranger (obrigar ou coagir) alguém, mediante violência (física) 
ou grave ameaça (violência moral), com o fim de obter vantagem econômica indevida, 
para si ou para terceiro, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa. 
 
A conduta do agente objetiva constranger a vítima a: 1- fazer: exemplo:Pedro, usando 
de violência ou grave ameaça, constrange Maria a depositar certo valor em sua conta 
bancária; 
2- tolerar que se faça: Dino, com emprego de violência ou grave ameaça, coage 
Sandro a permitir que ele use seu automóvel em certa viagem; 
3- deixar de fazer alguma coisa: Paulo, usando de violência ou grave ameaça, impede 
que José lhe faça cobrança de uma dívida pessoal. 
 
BENS JURIDICOS TUTELADOS: Neste crime, os bens tutelados são a liberdade 
individual, o patrimônio(posse e propriedade) e a integridade física e psíquica da 
pessoa. 
 
SUJEITO ATIVO: pode ser qualquer pessoa; 
 
SUJEITO PASSIVO: pode ser qualquer pessoa, inclusive aquele que sofre o 
constrangimento sem perder o bem material. Pode ocorrer que o sujeito passivo da 
violência ou grave ameaça seja diverso do sujeito passivo que teve a perda patrimonial, 
vale dizer, neste caso, haverá dois sujeitos passivos do crime de extorsão: um em 
relação ao patrimônio e outro em relação à violência ou grave ameaça. 
 
PESSOA JURÍDICA pode ser vítima do crime de extorsão, quando seus representantes 
legais são coagidos a fazer, tolerar ou deixar de fazer alguma coisa desejada pelo 
agente. 
 
USO DE ARMA: o agente tem usá-la realmente no crime, não bastando o simples porte 
ou ostentação da arma no momento. 
 
 EXTORSÃO E ROUBO – DIFERENÇAS 
 
No crime de roubo, o agente toma a coisa da vítima ou obriga a entregá-la; no crime de 
extorsão, o extorsionário faz com que a vítima lhe entregue a coisa. 
No crime deroubo, o agente subtrai a coisa mediante violência; no crime de extorsão, a 
vítima entrega a coisa ao agente. 
Na extorsão a vítima cooperativa ativamente, fazendo, tolerando que se faça ou 
deixando de fazer alguma coisa em razão da violência ou da grave ameaça. 
Já no crime de roubo, o agente atua sem a colaboração da vítima, tomando a coisa. 
No roubo, a coisa desejada está à mão, enquanto no crime de extorsão, a coisa desejada 
precisa ser alcançada pelo agente, com a colaboração da vítima. 
 
Exemplos: Pedro para roubar um carro, aponta uma pistola para o seu 
proprietário e o retira violentamente do carro. 
No crime de extorsão, Pedro aponta a pistola para o filho do proprietário do carro, 
e ordena que ele busque o carro na garagem e o entregue em outra rua mais 
tranquila. 
 
CONSUMAÇÃO DA EXTORSÃO: consuma-se o crime quando a vítima é 
constrangida a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa, não sendo 
necessária para a consumação, a entrega da vantagem indevida econômica. 
Portanto, sendo um crime formal, consuma-se com o ato de constrangimento. 
O crime compõe-se de três estágios: 1- o agente constrange a vítima, usando de 
violência ou grave ameaça; 2- a vítima, diante da violência ou grave ameaça, faz, tolera 
que se faça ou deixa de fazer alguma coisa; 3- o agente, em fase posterior, obtém a 
vantagem econômica desejada. Este última fase não é necessária para configurar a 
extorsão. 
 
 TENTATIVA DE EXTORSÃO 
 
Embora o crime de extorsão se consuma com o constrangimento sofrido pela vítima, ele 
efetivamente se concretiza quando a vítima se submete à vontade do agente, fazendo, 
tolerando que se faça ou deixando de fazer alguma coisa. 
Portanto, o simples constranger a vítima, sem que ela faça, tolere que se faça ou deixe 
de fazer alguma coisa, caracteriza a tentativa de extorsão, pois o fato somente não 
ocorreu por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
A eventual prisão em flagrante delito do agente no momento em que ele recebe a 
vantagem econômica, não configura a tentativa de extorsão, pois o crime já estava 
consumado. Trata-se de mero exaurimento do crime. 
 
 SEQUESTRO RELÂMPAGO – ART. 156, § 3º 
Ocorre seqüestro relâmpago quando o agente restringe a liberdade da vítima, sendo essa 
condição necessária para se obter vantagem econômica. 
Exemplo: Tino obriga Paulo a fazer saques em caixas eletrônicos, e para fazer isso, 
o priva de sua liberdade. 
No sequestro relâmpago é imprescindível a atuação da vítima para que o delito se 
consuma, ou seja, a cooperação da vítima é condição necessária para a obtenção da 
vantagem econômica. 
Por força da Lei 11.923/2009, que entrou em vigor no dia 17.04.09, o chamado 
sequestro relâmpago, no nosso ordenamento jurídico-penal, passou a ser tipificado no 
art. 158, § 3º, do CP, nestes termos: 
"Art. 158. .................................................................... 
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa 
condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de 
reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave 
ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente." 
 A pena do seqüestro relâmpago foi reduzida: 
Partindo-se do fato de que antes da vigência da Lei 11.923/2009,o fato de se privar a 
liberdade de alguém para obrigá-la a dar dinheiro ou outro bem ,era enquadrado no 
delito de extorsão mediante seguestro – art. 159, cuja pena era de 8 a 15 anos de 
reclusão. Agora, com o novo crime – art. 158, § 3º, a pena é de 6 a 12 anos de reclusão 
(crime simples). A nova lei diminuiu a pena do delito em destaque. 
Além desse fato, o sequestro relâmpago deixou de ser crime hediondo: antes o 
sequestro relâmpago (sendo enquadrado no art. 159) era crime hediondo. Agora deixou 
de ser crime hediondo (porque a extorsão do art. 158, § 3º, não está catalogada, no 
Brasil, como crime hediondo - ver art. 1º da Lei 8.072/1990). Não sendo possível 
analogia contra o réu, não pode o juiz suprir esse vácuo legislativo. 
Por outro prisma, o novo parágrafo § 3º é mais benéfica ao réu: antes não se 
permitia para o sequestro relâmpago a anistia, graça, indulto. Agora todos esses 
institutos são cabíveis. Antes se exigia o cumprimento de dois quintos (se primário) ou 
três quintos (se reincidente) para a progressão de regime; agora basta o cumprimento de 
um sexto da pena para obter esses benefícios (LEP, art. 112). 
 Sequestro relâmpago com lesão grave ou morte 
Se resulta do sequestro relâmpago lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas 
previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente. Esclareça-se que o crime não se 
converte em extorsão mediante sequestro, tão-somente são aplicadas as suas penas (só é 
extorsão mediante sequestro quo poenam). 
 Roubo + sequestro relâmpago 
Se o agente rouba a vítima (rouba o carro, uma carteira, dinheiro, relógio etc.) e, em 
seguida, no mesmo contexto fático e sem interrupção temporal, pratica também o 
sequestro relâmpago (saques em caixas eletrônicos), temos dois delitos em concurso 
formal: roubo + art. 158, § 3º. O roubo pode ser simples ou agravado pelo concurso de 
pessoas ou emprego de armas. 
Exemplo: João, rouba o carro, carteira, relógio e celular de Cíntia. Não achando 
suficiente, logo em seguida e no mesmo contexto fático, a leva para um caixa 
eletrônico, obrigando a fazer retirada de dinheiro. Logo em seguida, a liberta em 
uma rua deserta. 
 ROUBO, SEQUESTRO RELÂMPAGO E EXTORSÃO MEDIANTE 
SEQUESTRO - Distinções 
Haverá o crime de roubo quando o agente, apesar de prescindir (não necessitar) da 
colaboração da vítima para apoderar-se da coisa visada, restringe sua liberdade de 
locomoção para garantir o sucesso da empreitada criminosa. 
Ocorre extorsão comum (seqüestro relâmpago) quando o agente, dependendo da 
colaboração da vítima para alcançar a vantagem econômica visada, priva a vítima da sua 
liberdade de locomoção pelo tempo necessário até que o locupletamento se concretize. 
Por fim, teremos extorsão mediante sequestro quando o agente, privando a vítima do 
seu direito de deambulação, condiciona sua liberdade ao pagamento de resgate a ser 
efetivado por terceira pessoa (ligada, direta ou indiretamente, à vítima). 
 
 EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO – ART. 159 
 
É um crime complexo, pois resulta da fusão dos crimes de extorsão (158 CP) e 
sequestro (148 CP), tutelando 2 objetos jurídicos: patrimônio e liberdade individual. 
É também crime hediondo em todas as modalidades, conforme diz o art. 1º, inciso IV da 
lei nº 8072/90. 
NÚCLEO DO TIPO: é o verbo sequestrar no sentido de privar uma pessoa da sua 
liberdade por tempo juridicamente relevante. Não é exigido que a pessoa seja removida 
ou transportadade um para outro local, pois o que interessa ao artigo é que a pessoa seja 
colocada em estado de sujeição ao criminoso. 
Exemplo: uma pessoa pode ser sequestrada dentro de sua própria casa ou dentro 
de uma fazenda, desde que lhe seja retirado o direito de sair desse local. 
SUJEITO ATIVO: o crime pode ser cometido por qualquer pessoa. Porém, aquele que 
simula o próprio sequestro para extorquir familiares com a ajuda de terceiro, responde 
pelo crime de extorsão (158 CP). 
Se o crime é praticado por FP no exercício da função, responderá em concurso formal 
pelos crimes de extorsão mediante sequestro e abuso de autoridade – art. 3º, a e 4º, a da 
lei nº 4.898/65. 
SUJEITO PASSIVO: pode ser tanto a pessoa que suporta a lesãopatrimonial quanto 
aquela que for privada de sua liberdade. Se a vítima for – 18 anos ou + 60 anos de 
idade, o crime será qualificado. 
ELEMENTO SUBJETIVO: É o dolo, não se admitindo a forma culposa. 
MOMENTO DA CONSUMAÇÃO: trata-se de crime formal ou de consumação 
antecipda, pois concretiza-se a partir do momento em que houver a privação da 
liberdade da vítima, mesmo que não tenha havido a obtenção da vantagem, pois o 
legislador não exige a entrega da vantagem ou resgate. 
A privação da liberdade há ser por tempo relevante, apto a demonstrar a vontade do 
agente de Tolher a liberdade de locomoção da vítima. 
Também é crime permanente, pois a consumação se prolonga no tempo em que a vítima 
estiver privada de sua liberdade. 
TENTATIVA: admite a tentativa, pois se trata de crime plurissubsistente, isto é, aquele 
em que a conduta pode ser fracionada em diversos atos, pois iniciada a execução o 
crime só não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
DELAÇÃO PREMIADA: é admitida, pois se trata de especial causa de redução de 
pena, encontrando respaldo no Direito premial na medida em que o Estado premia o 
criminoso arrependido que colabora com a persecução penal. 
 EXTORSÃO INDIRETA – ART. 160 
O crime tutela o direito ao patrimônio e a liberdade individual. O sujeito ativo (credor 
da dívida) pode ser qualquer pessoa, que exige ou recebe a garantia ilícita. Sujeito 
passivo (devedor) é aquele que cede à exigência ou entrega documento ao agente. 
A conduta incrimina exigir significa impor, ordenar, obrigando a vítima a lhe entrega o 
documento. Na conduta receber, o próprio agente é quem entrega o documento como 
garantia de dívida. 
Exemplo: Paulo, necessitando pagar certa dívida, voluntariamente entrega a 
Cláudio um cheque sem suficiente provisão de fundos, sendo aceito por aquele. 
O mero fato de Cláudio aceitar o cheque, já configura o crime de extorsão indireta, pois 
tem consciência de que poderá, no futuro, apresentar tal cheque e enquadrar o devedor 
no crime de estelionato. 
A expressão “abusando da situação de alguém”, significa que o agente aproveita-se do 
momento de necessidade do devedor para explorá-lo. O documento pode ser público 
ou particular, devendo ser apto a gerar a instauração de inquérito ou processo criminal 
contra a vítima ou contra terceiro, por exemplo, cheque sem fundos, confissão da prática 
de um crime, duplicata falsa, dentre outros. 
Só admite a forma dolosa. 
Na modalidade da conduta exigir, o crime se consuma com a simples exigência, 
independente da obtenção ou não do documento. Na modalidade receber, o crime se 
consuma com a efetiva entrega do documento ao agente. Só admite a tentativa na 
modalidade receber, pois se trata de crime material. 
Na modalidade exigir, não admite a tentativa, por ser formal, salvo se a exigência for 
por escrito. 
 
 APROPRIAÇÃO INDÉBITA – ART. 168 
 
 No crime de apropriação indébita a vítima voluntariamente entrega a coisa móvel ao 
agente e este, com a posse ou detenção, passa a agir como se fosse proprietário do bem. 
Há uma quebra de confiança. 
NÚCLEO DO TIPO: é o verbo “apropriar-se”, que significa tomar uma coisa alheia 
como se fosse sua definitivamente (animus rem sibi habendi). 
REQUISITOS: 
1- Entrega voluntária do bem pela vítima: a vítima entrega a coisa móvel de forma 
voluntária (posse ou detenção). Não há fraude, pois se a houvesse seria o crime de 
estelionato; 
2- a posse ou detenção desvigiada: não há fiscalização ou congtrole por parte do titular 
da coisa móvel; 
3- boa fé do agente no momento da entrega do bem móvel: ao ingressar na posse ou 
detenção da coisa móvel é preciso que o agente esteja a intenção de devolver o bem ou 
lhe a destinação certa. 
Se se provar que o agente, no momento da entrega da coisa, já tinha a intenção de 
apropriar-se do bem, passa a praticar o crime de estelionato. 
4- modificação posterior da conduta do agente: após entrar licitamente na posse ou 
detenção do bem, o agente passa se comportar como se fosse dono da coisa móvel 
(animo de assenhoramento), por meio da recusa de devolver o bem ou na prática de 
algum ato de disposição (venda, doação, locação, etc). 
 
SUJEITO PASSIVO: é a pessoa física ou jurídica proprietário da coisa móvel, mas 
também pode ser vítima o possuidor, usufrutuário, dentre outros. 
Em alguns casos, é possível que a vítima não seja a pessoa que fez a entrega do bem 
móvel, podendo ser outra pessoa. Exemplo: 
João, vendedor de uma loja, entrega em confiança uma peça de roupa para Sandro 
para que ele a experimente em sua casa, a qual João não paga nem devolve à loja. 
Neste caso, a vítima do crime não será João, mas a loja que foi lesada em seu 
patrimônio. 
TIPOS DE APROPRIAÇÃO INDÉBITA: 
1- Apropriação indébita própria: é aquela que se consuma com a prática de algum ato 
de disposição por parte do detentor ou possuidor do bem móvel, incompatível com a 
condição de possuidor ou detentor. Exemplo: 
Lúcia tinha a posse legítima de um computador pertencente a Paulo. Em certo dia, 
Lúcia resolveu vender o computador. 
2- Apropriação indébita negativa de restituição: é aquela em que o agente possuidor 
ou detentor da coisa móvel se recusa a devolver o bem móvel a quem de direito. 
Exemplo: 
Mila recebeu de Maria um livro de certo valor econômico para que o devolvesse a 
João, seu dono. Mila, após um tempo, não quis mais devolver o livro ao seu 
verdadeiro proprietário. 
MOMENTO DA CONSUMAÇÃO: o crime se consuma a partir do momento em que 
ao agente (como possuidor ou detentor) passa a se comportar como se fosse dono da 
coisa móvel, resultando lesão ao patrimônio da vítima. 
 
TENTATIVA: o conatus é cabível somente na apropriação indébita própria, pois se 
trata de crime plurissubsistente. Exemplo: 
Pedro foi preso em flagrante no instante em que vendia para Clark a bicicleta 
pertencente a Carlos, da qual tinha a posse legítima. 
 
Não se admite a tentativa no crime de apropriação indébita negativa de restituição, 
pois neste caso, ou o agente se recusa a devolver o bem, e o crime se consuma, ou o 
devolve ao proprietário, não havendo crime. 
 
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA - § 1º 
 
Inciso I - Depósito necessário: neste caso o depositário se apropria de coisa móvel que 
recebeu em razão de obrigação legal. Exemplo: 
Há incêndio em certo edifício, e as pessoas que tiveram seus apartamentos 
atingidos, precisaram guardar seus bens móveis com alguém (depositário 
necessário). Este, posteriormente, se apropria de alguns desses bens. 
 
Inciso II – as pessoas constantes deste rol exercem um “múnus público”, não podendo 
recusar a tarefa. Elas recebem coisas móveis alheias para guardarem consigo, até o 
momento da devolução. 
 
Inciso III – o legislador incrimina a conduta dessas atividades profissionais em razão 
terem a posse ou detenção de coisa móvel para restitui-la posteriormente, mas não o 
fazem, incidindo penalmente neste inciso. 
Ofício: é a ocupação manual ou mecânica, que reclama certa habilidade. Ex: sapateiro. 
Emprego: é o prestador de serviços com subordinação. Ex: empregados de um 
restaurante. 
Profissão: atividade com ausência de hierarquia e exercício com predominância técnico 
e intelectual de conhecimentos específicos. Ex: advogado; médico; engenheiro, etc. 
 
 CRIME DE ESTELIONATO – ART. 171 CP 
 
Neste crime, o agente utiliza a fraude (engano, ardil, engodo, astúcia, malícia) para 
espoliar a vítima em seu patrimônio. Estelionato deriva da palavra latina “stellio”, 
significando camaleão, que com o seu mimetismo dissimulador consegue enganar a suacaça. 
A lei penal, com este artigo tutela o patrimônio das pessoas. 
 
NÚCLEO DO TIPO: é o verbo “obter”, significando alcançar um lucro indevido em 
razão de haver ludibriado a vítima. O agente não se utiliza de violência física ou moral, 
mas usa ardis e fraudes. A vítima, de forma inadvertida, colabora com a fraude sem 
perceber que está lesado em seu patrimônio. 
Induzir a vítima em erro: nesse caso, o agente é quem cria na vítima a falsa percepção 
da realidade. 
Manter a vítima em erro: significa que a vítima já está enganada e o agente não desfaz 
o engano percebido, mantendo-o no erro em que ela mesma se envolveu. 
 
Meios de execução do crime: para induzir ou manter a vítima em erro, o agente usa: 
 
1- artifício: é a fraude material, por meio de objetos ou instrumentos, em que o agente 
cria uma aparência material externa. 
Exemplo: Alberto veste-se de mecânico e vai para uma autoestrada. Escolhe um 
motorista e por meio de gestos, diz que o carro apresenta defeito. Com a permissão 
do dono, abre o motor do carro e diz que o defeito certa em peça, que ele tira. Fala 
que tem tal peça em seu carro, que na concessionária a peça custa X, mas que pode 
trocar ali mesmo por Y custo. Sem entender de mecânica, o dono aceita. 
 
2- ardil: é a fraude moral, é a conversa enganosa e astuciosa, em que há aspectos 
intelectuais, atuando sobre o psiquê (sentimento) da vítima, criando uma percepção 
errônea da realidade. 
Exemplo: Pedro alegando ser um expertize em relógios automáticos de alta 
qualidade, convence Beto a lhe entregar o seu relógio Rolex para proceder a uma 
limpeza de rotina. 
3- qualquer meio fraudulento: é qualquer conduta que provoque ou mantenha a 
pessoa em erro, na qual o agente obtenha uma vantagem indevida. 
Exemplo: Sandro ao pagar certa compra no shoping, o caixa lhe devolve troco a 
mais do que devia ser. Sandro percebe e nada fala, indo embora (silêncio). 
Estrutura do crime de estelionato: exige-se 4 momentos diversos 
 
1- emprego de fraude pelo agente; 
2- situação de erro criada ou mantida pelo agente; 
3- obtenção de vantagem ilícita; 
4- prejuízo suportado pela vítima. 
SUJEITO ATIVO: pode ser qualquer pessoa, tanto aquele que emprega a fraude como 
aquele que se beneficia da vantagem ilícita. 
SUJEITO PASSIVO: pode ser qualquer pessoa física ou jurídica, seja aquela enganada 
pela fraude ou aquela que suporta o prejuízo material. Pode, pois existirem duas 
vítimas. 
A vítima deve ser pessoa certa e determinada, pois o tipo penal fala em “prejuízo 
alheio” e induzindo ou mantendo “alguém” em erro. 
Assim, condutas fraudulentas contra máquinas ou aparelhos eletrônicos não 
caracterizam o crime, pois a lei exige que a vítima seja pessoa (alguém). Há o crime de 
furto, mas não estelionato. 
Pessoa inimputável: Se a vítima for pessoa inimputável (menor ou alienado ou débil 
mental), e o agente a induz ou mantém em erro, causando prejuízo a si mesmo ou a 
terceiro, o crime não será o de estelionato, mas o de abuso de incapaz – art. 173 do 
CP. 
 
CONSUMAÇÃO: sendo um crime de duplo resultado, sua consumação depende de 2 
requisitos: 1- obtenção de vantagem ilícita; 2- prejuízo alheio. 
O STJ tem firmado entendimento de que “ a doutrina penal ensina que o resultado, 
no estelionato, é duplo: benefício para o agente e lesão ao patrimônio da vítima.” 
TENTATIVA: é admissível em 3 situações: 
1-o agente emprega meio fraudulento, mas não consegue enganar a vítima: só 
caracteriza o conatus de estelionato se a fraude era apta a ludibriar a pessoa. Caso 
contrário, fala-se em crime impossível em face da ineficácia absoluta do meio de 
execução. 
2-o agente utiliza o meio fraudulento, engana a vítima, mas não consegue obter a 
vantagem ilícita por circunstâncias alheias à sua vontade. 
3-o agente utiliza o meio fraudulento, engana a vítima, obtém a vantagem ilícita, 
mas não causa prejuízo patrimonial à vítima. 
Assim se justifica juridicamente a tentativa, pois o crime de estelionato exige duplo 
resultado para se consumar: obtenção de vantagem ilícita MAIS prejuízo 
patrimonial. 
 ESTELIONATO PRIVILEGIADO - § 1º 
 
O estelionato privilegiado exige 2 requisitos: 
a) primariedade: o agente não pode ser reincidente. 
b) pequeno valor do prejuízo: aquele em que o dano é igual ou inferior a um salário 
mínimo à época do fato criminoso. 
 
 FIGURAS EQUIPARADAS AO CRIME DE ESTELIONATO - § 2º 
 
I - DISPOSIÇÃO DE COISA ALHEIA COMO PRÓPRIA: aqui o agente finge ser o 
proprietário da coisa (móvel ou imóvel) e pratica qualquer das condutas típicas com 
terceiro de boa fé, sem ter autorização, causando prejuízo patrimonial à vítima. 
venda: é a transferência do domínio de uma coisa a alguém mediante pagamento de 
preço. 
Permutar: as partes convencionam a troca uma coisa por outra. 
Dar em pagamento: se presente o consentimento do credor, este pode receber coisa 
que não seja dinheiro, em substituição da prestação devida. 
Dar em locação: o agente transfere para outra pessoa o uso e gozo da coisa, mediante 
contraprestação. 
SUJEITO PASSIVO: normalmente, há 2 vítimas: a pessoa ludibriada e o titular da 
coisa que o agente se passa por proprietário. 
 
CONSUMAÇÃO: ocorre com o núcleo de cada tipo penal. 
Vender: consuma-se o crime quando o agente recebe o pagamento, ainda que não se 
tenha operado a entrega do bem móvel ou imóvel. 
Permutar: o crime se consuma quando o agente recebe o bem permutado. 
Dar em pagamento: consuma-se o crime quando o agente obtém a quitação da dívida. 
Dar em locação: consuma-se quando o agente recebe o valor do primeiro aluguel 
Dar em garantia: consuma-se o crime quando o agente consegue o empréstimo. 
 
II- ALIENAÇÃO OU ONERAÇÃO FRAUDULENTA DE COISA PRÓPRIA 
A conduta criminosa do agente recai sobre seu próprio patrimônio. 
 
Coisa própria inalienável: é aquela que não pode ser vendida em razão de disposição 
ou convenção (clausula de inalienabilidade temporária ou vitalícia) imposta aos bens 
pelos doadores ou testadores. 
 
Coisa própria gravada de ônus: certos bens são colocados à disposição da pessoa 
apenas para o seu usufruto, uso, servidão e habitação, não podendo ser vendido ou 
qualquer outro ato de disposição. 
 
Coisa própria litigiosa: é a coisa objeto de controvérsia submetido à apreciação do 
Poder Judiciário. 
 
Imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações: aqui o 
bem só pode ser imóvel, e que o agente prometeu vendê-lo mediante o pagamento de 
prestações. 
 
III – DEFRAUDAÇÃO DE PENHOR: 
A coisa empenhada nesse caso fica em poder do devedor, e este aliena (vende ou doa), 
ou utiliza qualquer outro meio (abandono, destruição e ocultação) da coisa dada em 
garantia sem o consentimento do credor. 
 
Sujeito ativo: devedor. 
 
Sujeito Passivo: credor. 
 
Conduta: defraudar a garantia alienando ou, por exemplo, destruindo a coisa (qualquer 
outro modo) 
Consumação: o crime se consuma com o duplo resultado: vantagem + prejuízo. 
Obs: tem jurisprudência minoritária dizendo que o inciso III é formal. Basta a 
defraudação, sem a necessidade de vantagem. 
 
Sujeito Ativo: qualquer pessoa juridicamente obrigada a entregar a coisa a alguém, fora 
da relação comercial. 
Sujeito Passivo: o destinatário da coisa. 
 
IV- FRAUDE NA ENTREGA DA COISA 
 
Este crime pressupõe que haja um negócio jurídico envolvendo 2 pessoas, no qual o 
agente responsável pela entrega da coisa fraudulentamente o modifica e o entrega. Essa 
modificação da coisa pode cair sobre sua própria substância. Exemplo: 
Entregar um pneu recauchutado, em vez de um novo; 
 
Pode recair sobre aquantidade da coisa. Exemplo: 
Entregar 900 g de ouro, e não 1 k conforme o combinado. 
 
Atenção 1: Levar uma televisão para consertar e o agente substitui as peças originais 
por peças recondicionadas, neste caso o crime é do art. 175, CP.(Sujeito ativo no 
exercício de atividade comercial). 
 
Atenção 2: se a coisa defraudada é produto alimentício, enquadra-se o fato no artigo é o 
272 do CP. 
 
Atenção 3: se a coisa é produto destinado a finalidade terapêutica ou medicinal, o 
crime é capitulado no art. 273, pena de 10 a 15 anos, sendo um crime é hediondo. 
 
 
 
V- FRAUDE PARA RECEBIMENTO DE INDENIZAÇÃO OU VALOR DE 
SEGURO 
Neste tipo o legislador não importa os estragos produzidos pela pessoa em seu corpo ou 
em seu patrimônio. Aqui a lei se importa é com o patrimônio da seguradora, punindo o 
segurado que produz o dano de forma dolosa com o objetivo de obter indevidamente o 
prêmio do seguro. 
1-Destroi coisa própria: danificar 
Exemplo: jogar o próprio carro em um penhasco, objetivando receber o prêmio do 
seguro. 
2-Ocultar coisa própria: esconder ou dissimulá-la tornando-a irreconhecível. 
Exemplo: declarar o furto do carro que, na verdade está escondido em algum local. 
3-Lesar o próprio corpo ou saúde: significa provocar autolesão no corpo ou a saúde 
para receber fraudulentamente prêmio de seguro. Exemplo: 
Pessoa que amputa certa parte do corpo ou contrai dolosamente uma doença para 
receber seguro. 
4-Agravar as consequências da lesão ou doença: a lesão ou a doença não foram 
provocadas por ele, mas ele piora as condições da lesão ou da doença com o fim de 
recebimento de prêmio do seguro ou da indenização. 
 
Consumação: esta modalidade de estelionato é crime formal, pois o crime se concretiza 
no momento em que o agente destrói, oculta, lesa ou agrava, ainda que ele não consiga 
receber a vantagem indevida, bastando a intenção. 
Tentativa: é admissível por se tratar de crime plurissubjetivo. 
Exemplo: João foi flagrado no minuto em que havia jogado gasolina em seu carro e 
estava prestes a incendiá-lo. 
 
VI- FRAUDE NO PAGAMENTO POR MEIO DE CHEQUE 
É a fraude usada como meio de enganar o tomador de um cheque, fazendo com que ele 
acredite que o título será honrado pelo banco sacado. 
Este inciso tutela o patrimônio e a fé pública 
Emitir cheque sem fundo: o agente preenche e assina o cheque e o coloca em 
circulação, sem ter a quantia suficiente para honrar o pagamento. 
Frustrar o pagamento: o agente emite o cheque consciente de que há fundos para 
honrar o pagamento, mas posteriormente, por várias razões, dolosamente retira tais 
fundos, frustrando o pagamento. 
 
Observação: se o agente pratica ato impeditivo do pagamento do cheque, alegando 
falsamente a sustação por furto ou roubo ou o encerramento da conta, obtendo vantagem 
indevida em prejuízo alheio, neste caso se caracteriza o crime de estelionato simples 
(art. 171, caput), pois a fraude foi praticada antes da emissão do cheque. 
 
Consumação: o crime se concretiza no instante em que o banco se nega a efetuar o 
pagamento, seja pela ausência de fundos ou pela contra-ordem do correntista para não 
pagar. 
 
 
 
 CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL 
 
Com a evolução da sociedade, o nosso CP modernizou-se, deixando de tutelar os hábitos 
sexuais das pessoas. Passou, com a nova redação, a tutelar a dignidade sexual, que é 
corolário da pessoa humana. Dignidade traz embutido a noção de decência e 
respeitabilidade, que também está ligado à honra. Considerando que a Constituição Federal 
garante o direito à intimidade e à vida privada, é justo tutelar o Direito Penal os desejos 
sexuais do ser humano de forma digna, com liberdade de escolha. Veda-se, porém, a 
exploração da sexualidade. 
 
 CRIME DE ESTUPRO – ART. 213 
 
Consiste em que o agente constrange alguém a manter conjunção carnal mediante violência 
ou grave ameaça, ou a praticar ou com ele permitir que se pratique outro ato libidinoso. 
Conjunção carnal caracteriza-se com a introdução do órgão sexual masculino no órgão da 
mulher. 
Na expressão “outro ato libidinoso” estão todos os atos de natureza sexual que não a 
conjunção carnal, que tenham por objetivo satisfazer a libido. 
A doutrina aponta como ato libidinoso, por exemplo, o sexo oral, o coito anal, a 
masturbação, as apalpadelas ou toques nas partes intimas e a contemplação lasciva. 
O constrangimento do agente pode ter duas finalidades: 1- o agente obriga a vítima a 
praticar um ato libidinoso diverso da conjunção, agindo a vítima ativamente, podendo atuar 
sobre seu próprio corpo, como por exemplo, a masturbação. 2- Pode também atuar no 
corpo de agente que a constrange, por exemplo, sendo obrigado a praticar sexo oral no 
agente. Pode também atuar sobre o corpo de outra pessoa, sendo observada pela agente. 
A segunda conduta a vítima é passiva, permitindo que, com ela seja praticado o ato 
libidinoso diverso da conjunção carnal, podendo ser o próprio agente constrangedor ou por 
uma terceira pessoa, a mando do constrangedor. 
 
Sujeito ativo e passivo: quando a finalidade for a conjunção carnal, o sujeito ativo poderá 
tanto o homem quanto a mulher. 
Se a finalidade for a prática de outro ato libidinoso, o sujeito ativo poderá ser qualquer 
pessoa, bem como o sujeito passivo. 
 
Consumação: quando a intenção do agente for manter conjunção carnal com a vítima, o 
crime se consuma com a penetração do pênis na cavidade vaginal, não interessando que 
houve penetração total ou parcial, ou ejaculação. 
Se a intenção do agente é praticar ato libidinoso, o estupro se consuma no momento em 
que ele obriga a vítima a praticar ou permitir que com ela se pratique o ato libidinoso. 
 
Tentativa: é possível quando o agente preparava-se para fazer a penetração viginal, mas 
por qualquer motivo, foi interrompido. 
Também no caso de praticar de ato libidinoso, é possível a tentativa, depois da prática do 
constrangimento, sem que o agente consiga praticar o ato. 
 
Bens jurídicos tutelados: o artigo 213 tutela tanto a liberdade quanto a dignidade sexual, 
isto é, a lei protege o direito de liberdade que a pessoa tem sobre seu corpo sobre com 
quem praticar atos sexuais. 
 
Elemento subjetivo: é o dolo, não admitindo o CP a modalidade de estupro culposo, por 
expressa falta de disposição legal. 
 
Estupro na Modalidade comissiva: o verbo constranger no artigo 213, pressupõe ação 
por parte do agente. 
 
Estupro na Modalidade omissiva imprória: ocorre quando o agente tem o status de 
garante, nos termos do artigo 13, § 2º do CP. 
Exemplo: um agente penitenciário, durante o seu plantão, na ala em que há um estuprador 
preso, teve notícia de que durante o seu plantão os outros presos iriam estuprá-lo, 
praticando coito anal. Mesmo sabendo do fato, o agente penitenciário nada fez para evitar 
o crime. Neste caso, ele na condição de garantidor, como nada fez para evitar o crime, 
responderá pelo crime de estupro por omissão, nos termos do artigo 213, caput c/c art. 13, 
§ 2º, ambos do CP. 
 
 Estupro nas modalidades qualificadas pelo resultado 
 
Se da conduta adotada pelo agente no estupro, resulta lesão corporal grave ou morte da 
vítima de forma culposa, ele responderá por estupro qualificado – art. 213, § 1º e 2º. 
Entende-se por lesão corporal de natureza grave aquelas capituladas no art. 129, §§ 1º e 2º 
do CP. Neste caso, o crime de estupro qualificado é complexo, isto é, o estupro soma-se 
aos crimes autônomos de lesão corporal culposa grave e homicídio culposo. Neste caso 
também trata-se de crime preterdoloso, isto é, há dolo no antecedente (estupro) e culpano conseqüente (lesão corporal ou morte da vítima). 
Se, porém, comprovar que o agente teve a intenção de lesionar e matar, ele responderá 
pelos crimes de lesão corporal de natureza grave ou morte em concurso material com o 
crime de estupro. 
Também o legislador criou a qualificadora quando o estupro for praticado contra pessoa 
tiver menos de 18 e mais de 14 anos. Portanto, quando a vítima for adolescente, o estupro 
torna-se qualificado. 
 
 Marido ou esposa como sujeitos ativos do crime de estupro 
 
Com interpretação do Código Civil de 1916, havia o chamado débito conjugal, com base 
no qual o homem podia obrigar a esposa manter com ele conjunção carnal contra a sua 
vontade, alegando o exercício regular de um direito. 
Hodiernamente essa posição já não existe e o marido somente poderá manter relação 
sexual com sua esposa (e vice-versa) se ela ou ele consentir. Caso a esposa ou esposo se 
recuse ao cumprimento do dever sexual, tal fato poderá motivar a separação do casal, mas 
nunca se justificará ações de uso de violência ou grave ameaça para obrigar ao coito. Tal 
conduta é ofensiva à liberdade sexual prevista na Constituição Federal. 
Com a nova redação do art. 213 CP, a esposa também poderá ser sujeito ativo do estupro, 
quando obriga o marido, por exemplo, a praticar ato libidinoso com ela contra a sua 
vontade. 
 
 Mulher vítima de estupro praticado por outra mulher 
 
Agora é possível o estupro praticado por mulher contra outra mulher, na modalidade ato 
libidinoso, quando a vítima é constrangida mediante violência ou grave ameaça, a praticar 
ou permitir que com ela se pratique outro ato libidinoso. Não importa o ato praticado, 
podendo ser felação, masturbação ou mesmo penetração com objetos, caracteriza o crime 
de estupro. 
 
 ESTUPRO DE VULNERÁVEL – ART. 217-A 
 
Considera-se vulnerável, nos termos do art. 217-A a vítima do sexo masculino ou feminino 
menor de 14 anos, bem como a vítima portadora de enfermidade ou deficiência mental, 
não possuindo discernimento para a prática do ato sexual. 
 
Enfermidade mental significa moléstia, doença que compromete o funcionamento de um 
órgão do ser humano, e consequentemente ao aparelho mental. Como exemplos de 
enfermidade mental citamos as psicopatias, as demências mentais e as neuroses. 
 
Por deficiência mental que dizer a insuficiência e o atraso do desenvolvimento psíquico. 
É o retardo mental adquirido desde o nascimento ou com dificuldade de aprendizado. 
Também é considerado vulnerável a pessoa que, por qualquer outra causa, não pode 
oferecer resistência à prática do ato sexual. 
Caracteriza impossibilidade de resistência as situações de uso de sedativos usados por 
médicos com o objetivo de praticar abusos sexuais; há relatos em que pessoas que se 
encontravam em estado de coma sofreram abusos sexuais; há relatos de pessoas que, após 
serem colocadas em estado de embriaguês letárgica, foram abusadas; casos que também 
não podem oferecer resistência como a hipnose ou de pessoas com idade avançada ou 
crianças de tenra idade. 
 
Ressalta-se que, no crime do art. 217-A, não há exigência do uso de violência física ou 
grave ameaça. O fato de ter conjunção carnal ou praticar ato libidinoso com a pessoa 
vulnerável, mesmo com o seu consentimento, já caracteriza o crime. 
 
 Estupro de vulnerável na modalidade omissiva 
 
Se o agente usufrui da condição de garante ou garantidor, nos termos do art. 13, § 2º do 
CP, e permite que ocorra o fato delituoso tendo a possibilidade de evitá-lo, responderá pelo 
estupro de vulnerável na forma omissiva imprória. 
Exemplo: mãe que, sabendo que o seu namorado mantém relações sexuais com sua 
filha de 10 anos, responderá pelo crime de estupro de vulnerável na forma omissiva 
imprópria. 
 
 
 CRIME DE VIOLAÇÃO SEXAUAL MEDIANTE FRAUDE – ART. 215 CP 
 
O crime protege a liberdade sexual de qualquer pessoa no sentido de dispor o seu corpo 
sexualmente, sem que essa permissão seja obtida por meio que impeça ou dificulte a sua 
livre manifestação. A conduta do agente tanto poderá induzir a vítima em erro quanto 
poderá aproveitar-se do erro da vítima para manter com ela conjunção carnal ou ato 
libidinoso. 
Exemplo: curandeiro que inculte na cabeça da vítima que ela se ficará curada se 
mantiver relações sexuais com ele. 
Ressalta-se que o meio usado pelo agente há que ser eficiente, pois a fraude grosseira não 
caracteriza meio apto ao cometimento do crime em tela. 
Os sujeitos ativo e passivo podem ser tanto homem quanto mulher, pois o artigo fala em 
conjunção carnal e ato libidinoso. 
Também pode ser vítima do crime pessoa que exerce a prostituição, em face do princípio 
constitucional da dignidade da pessoa. 
Se a vítima for menor de 14 anos e o agente conseguir praticar conjunção carnal ou ato 
libidinoso mediante fraude, o crime passa a ser o de estupro de vulnerável – Art. 217-A. 
Há o crime de violação sexual mediante fraude qualificada (art. 215, § único) quando for 
para obter vantagem econômica. 
 
 ASSÉDIO SEXUAL – ART. 216-A 
 
O núcleo do tipo penal é o verbo “constranger”, significa compelir ou forçar. Não há uso 
de violência física ou grave ameaça à vítima. 
Não é qualquer gracejo que pode caracterizar o assédio sexual, mas aquele que causa 
importunação ofensiva, chantagiosa ou ameaçadora a alguém que seja subordinado do 
acusado. O crime pode ser praticado verbalmente, por escrito ou por gestos. 
O agente aproveita-se da superioridade hierárquica ou da relação de ascendência 
decorrente de emprego, cargo ou função para obter favores sexuais. 
Superior hierárquico pressupõe relação de direito público, entre o superior e seu 
subordinado, e havendo tal relação, pode caracterizar o crime de assédio sexual. 
Ascendência inerente ao exercício de emprego, cargo ou função. Emprego é a relação 
trabalhista entre aquele que emprega e aquele que presta o serviço não eventual, pagando 
salário. 
Não pratica o crime de assedio sexual pessoa que se prevalece das relações de coabitação, 
domésticas ou hospitalidade, já que nesses casos não se configura subordinação. 
Mas, a empregada doméstica e a diarista, podem ser vítima do crime de assédio sexual, 
vez que, na primeira há relação empregatícia, e na segunda, a diarista acha-se 
temporariamente inferiorizada na relação com seu patrão. 
Professor que usa sua condição para assediar sexualmente aluna, fazendo chantagem com 
notas, não caracteriza o crime de assédio sexual haja vista que entre professor e aluna há 
apenas o temor reverencial e não relação de subordinação. 
Pastor, padre ou freira em relações aos fieis, que em razão de seu ofício ou ministério, 
usa essa condição para obter favores sexuais de seus fiéis, não caracteriza o crime, já que 
não relação de ascendência de emprego, cargo ou função, e portanto, não há vínculo de 
emprego. 
 
Sujeito ativo e passivo: é a pessoa (homem ou mulher) que é superior hierárquica ou 
tenha relação de ascendência sobre a vítima. Pode ser interesse heterossexual ou 
homossexual. A prostituta também pode ser sujeito passivo do crime. 
Não se configura crime de assédio sexual caso o funcionário que assedia possua o mesmo 
nível, nem quando o funcionário for subordinado. 
 
O elemento subjetivo: é sempre o dolo, consistente na intenção de obter vantagens 
sexuais para si ou para outra pessoa. Quando a terceira pessoa, desconhecia esse propósito 
do agente, mesmo assim ele pratica o crime. 
Mas quando terceira pessoa, sabe e deseja a obtenção dos favores sexuais,neste caso há 
concurso de pessoas. 
Consuma-se o crime como ato de constranger a vítima, pois é um crime formal, não 
exigindo que o agente obtenha o favor sexual. 
 
ART. 218 – INTERMEDIAÇÃO DE MENOR DE 14 ANOS OU CORRUPÇÃO DE 
MENORES 
 
O verbo do tipo penal induzir significa sugerir, dar a idéia ao vulnerável para que ele 
satisfaça a lascívia de outra pessoa. É uma terceira pessoa, que intermédia o menor para 
satisfazer o desejo sexual de outra. 
É um tipo penal desnecessário, pois se poderia ter usado o próprio art. 217-A. Trata da 
participação moral no crime de estupro de vulnerável, que passa a ter pena mais branda. 
Sujeito ativo: qualquer pessoa, que é conhecido por proxeneta, o qual atua como 
mediador para satisfazer o desejo sexual de outra pessoa. 
Sujeito passivo: somente o menor de 14 anos 
Elemento subjetivo: é dolo, não havendo a forma culposa. 
 
 ART. 218-A – SATISFAÇÃO DA LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA 
 
Os verbos do tipo penal são: praticar e induzir, vale dizer, praticar na presença de menor 
de 14 anos conjunção carnal ou ato libidinoso, ou induzi-lo a presenciar o ato sexual, com 
objetivo de satisfação dos desejos sexuais próprios ou de terceiro. Na verdade, onde se ler 
induzir, leia-se também instigar ou auxiliar, todos são formas de participação. 
Voyer é aquele que possui a tara sexual de presenciar (olhar) o ato sexual de outras 
pessoas. 
Aqui, o agente não atua como voyer, mas ele quer que o menor de 14 anos atue como 
voyer, isto é, que o menor veja o ato sexual dele com alguém ou de outras pessoas. 
Perceba também, que o agente do crime não tem contato físico com o menor, pois se o 
fizer, o crime passa a ser o de estupro de vulnerável. 
Sujeti ativo: qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: O menor de 14 anos. 
Elemento subjetivo: é o dolo, existente ainda o dolo específico, que é a vontade de 
satisfazer a lascívia própria ou de terceiro. 
Não é exigível a presença física do menor no local onde está havendo o ato sexual, 
bastando apenas que o menor presencie a conjunção carnal ou o ato libidinoso, mesmo 
estando distante. Assim, pode caracterizar o crime, quando o menor estiver ao lado do 
agente assistindo o ato sexual praticado por outras pessoas, mas transmitido por meios 
eletrônicos, por exemplo, câmeras ou vídeos(filmes pornôs). 
A simples presença do menor, causa satisfação no agente ou atende à satisfação alheia. 
 
ART. 218-B – FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA 
 
O tipo penal contem os verbos submeter (sujeitar alguém a algo), induzir (dar a idéia) ou 
atrair (chamar a atenção para algo), tendo por objeto a prostituição ou outra forma de 
exploração sexual de menor de 18 anos ou pessoa que tenha enfermidade ou deficiência 
mental que cause o não discernimento para a prática do ato sexual. 
A segunda parte do artigo, contem as condutas facilitar (tornar acessível a entrada e a 
permanência do menor no ambiente da prostituição), impedir (colocar obstáculos para que 
o menor não saia da prostituição) ou dificultar (tornar a saída da prostituição mais 
complicada, mais dificultosa). 
Embora seja um tipo alternativo, isto é, a prática de mais de duas condutas no mesmo 
contexto fático implica na prática de um só crime. 
 
Sujeito ativo: qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: menor menor de 18 e maior de 14 anos, pois quando houver menor de 14 
anos envolvida na atividade sexual, caracteriza o crime de estupro de vulnerável – art. 217-
A. 
No § 2º do art. 218-B, o legislador criou a figura do vulnerável relativo (aquele que pode 
ser vítima de crimes sexuais entre 18 e 14 anos). Pode-se falar em vulnerabilidade 
absoluta (menor de 14 anos) e vulnerabilidade relativa (vitima de crimes sexuais entre 
18 e 14 anos de idade). 
Se uma pessoa sem discernimento para o ato sexual em razão enfermidade ou deficiência 
mental praticar um ato sexual com alguém, caracteriza-se a vulnerabilidade absoluta, e 
portanto, a outra pessoa responderá por estupro de vulnerável. 
Se um menor de 16 anos, ingressa na prostituição ou outra forma de exploração sexual, 
sem a intermediação de ninguém, consciente do que está fazendo, não que se falar em 
crime. 
No § 2º, I, o legislador pretende punir o cliente do cafetão, entra na condição de participe 
do crime de favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual. 
No § 2º, II, o legislador busca punir o proprietário, gerente ou responsável pelo local 
onde ocorre a prostituição ou outro tipo de exploração sexual do menor de 18 e maior de 
14 anos ou pessoa enferma ou deficiente mental. 
Há que se provar, que o menor de idade entre 18 e 14 anos só está local por que está sendo 
submetido por terceiro para praticar prostituição. Se se provar, que o menor entre 18 e 14 
anos está no local onde se explora a prostituição por livre vontade dele, o fato é atípico 
penalmente, pois neste caso a pessoa pode dispor de seu corpo para práticas sexuais. 
Prever ainda o legislador, como efeito da condenação pelo crime do art. 218-B, que o juiz 
mencione na sentença condenatória a cassação da licença de funcionamento e de 
localização do estabelecimento. 
 
 AÇÃO PÚBLICA NOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL 
 
Nos delitos contra a liberdade sexual ou nos delitos sexuais contra vulnerável, a iniciativa 
para promover ação penal é publica incondicional, pois envolve menor de 18 anos e 
enfermo ou deficiente mental (pessoa vulnerável) – art. 225, § único do CP. 
Quando o fato não envolver menor de 18 anos nem pessoa vulnerável, a ação é publica 
condicionada à representação da vítima – art. 225, caput do CP. 
No caso de abuso do pátrio poder ou da qualidade de padrasto, tutor, curador, se a 
pessoa abusada não for menor de 18 anos, nem vulnerável, e desde que a pessoa tenha 
discernimento em relação à sexualidade, a ação competente será ação condicionada à 
representação da vítima. 
 
 
 
 ART. 227 – MEDIAÇÃO PARA SERVIR À LASCÍVIA DE OUTREM 
 
Lenocínio é a prestação de apoio e incentivo `vida voluptuosa de outra pessoa, dela tirando 
proveito. Aquele que explora essa atividade ilegal é chamado de rufião, cafetão ou 
proxeneta. 
 
O verbo do tipo penal é induzir, que quer dizer, inspirar e criar a idéia de sastisfazer o 
prazer sexual de outra pessoa. 
Sujeito ativo: qualquer pessoa, sendo um crime que exige a participação da vítma, quando 
ela adere à idéia da satisfação. No entanto, a vítima não é punida. 
 
Sujeito passivo: é qualquer pessoa. 
 
Elemento subjetivo: é o dolo, não admitindo a forma culposa. 
 
§ 1º - trata da forma qualificado do crime, quando a vítima for menor de 14 e maior de 
18 anos, ou quando o agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, 
irmão, tutor, curador, ou pessoa a quem esteja confiada para educação, tratamento ou 
guarda, sendo crime qualificado por que deveria ser a pessoa que deveria zelar pela 
integridade moral da vítima. 
 
Crime qualificado pelo emprego de violência ou grave ameaça ou fraude: se o agente 
usa de meios violentos, ameaçadores ou fraudulentos para mediar a lascívia de outro, o fato 
é punido com pena mais grave (§ 2º do art. 227). 
 
Entretanto, quando o agente faz mediação para satisfazer a luxúria de outra pessoa 
objetivando o lucro, neste caso não se trata de qualificadora, mas de um acrescéscimo da 
pena de multa. Não se exige que o agente obtenha o lucro, mas apenas que ele tenha a 
intenção de obter a vantagem econômica. 
 
 ART. 228 – FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE 
EXPLORAÇÃO SEXUAL 
 
O núcleo do tipo contem os verbos induzir ou atrair, que significa seduzir para alguma 
coisa ou atividade; facilitar: dar acesso mais fácil; impedir: por obstáculo para que a 
pessoa saia; abandonar: significa

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