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Aula 3 Embriologia Med 2008

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FERTILIZAÇÃO E 
SEGMENTAÇÃO
Ovulação
► ocorre por volta da metade do ciclo menstrual (cerca de 14 dias, em um ciclo de 28 dias);
► o folículo ovariano - sob influência do FSH e do LH - sofre um repentino surto de crescimento – 
chega a 15 mm ou mais - produzindo um intumescimento cístico ou saliência na superfície do ovário;
► um pequeno ponto avascular, o estigma, logo aparece nesta saliência;
a. Esquema de folículo de Graaf; b. Imagem de ultra-sonografia de um folículo de Graaf: 1. tecido ovariano; 2. antro 
folicular; 3. cumulus oophorus; 4. medida do antro folicular – 22 mm/5 ml; c. Imagem da folículo maduro na 
superfície do ovário: 1. tuba uterina; 2. fímbrias; 3. ovário; 4. folículo; 5. estigma. 
► o ovócito e algumas células do cumulus oophorus destacam-se do interior do folículo;
► o estigma logo se rompe, expelindo o ovócito secundário com o fluido folicular. Esta expulsão se 
dá como resultado da estimulação por produção de prostaglandinas (no pico de LH), levando à:
 1. digestão enzimática da parede folicular – ação de colagenase.
 2. aumento da pressão intrafolicular;
 3. contração do músculo liso do ovário e da teca externa;
► o ovócito secundário expelido está envolvido pela zona pelúcida e uma ou mais camadas de células 
foliculares (originárias do cumulus oophorus), as quais se arranjam radialmente, passando a constituir 
a coroa radiada (corona radiata);
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► durante a ovulação, as extremidades da tuba uterina aproximam-se intimamente do ovário; 
► as expansões digitiformes da tuba - as fímbrias - movem-se para frente e para trás sobre o ovário; 
► a ação de varredura das fímbrias e a corrente de fluido produzida pelos cílios das células da mucosa 
das fímbrias "varrem" o ovócito secundário para o infundíbulo afunilado da tuba;
 
 
Mecanismo de aproximação da tuba uterina em relação ao ovário no momento da 
fecundação: 1. ovário; 2. folículo próximo da ruptura; 3. ampola da tuba uterina; 4. 
fímbrias; 5. tubas uterinas; 6. ligamento superior do ovário; 7. ligamento superior do 
ovário. 
► a onda de LH também parece induzir o término da 
primeira divisão meiótica do ovócito primário ou I, de 
modo que folículos ovarianos maduros contêm ovócitos 
secundários ou II – a meiose concluída antes ou durante 
a ovulação;
► o ovócito II passa para a ampola da tuba, 
principalmente como resultado da peristalze - os 
movimentos alternados de contração e relaxamento da 
parede da tuba, das fímbrias e por movimentos dos cílios 
do epitélio interno da tuba.
Transporte dos 
Espermatozóides:
► Do seu local de armazenamento no epidídimo, os espermatozóides 
são transportados para a uretra por contrações peristálticas da 
musculatura do ducto deferente; 
► as glândulas sexuais acessórias: glândulas (ou vesículas) seminais, 
próstata e glândulas bulbo uretrais, produzem secreções que 
constituirão a parte líquida do sêmen;
► de 200 a 600 milhões de espermatozóides são depositados em torno 
do orifício externo do útero e no fórnice da vagina durante o intercurso 
sexual; 
► o ejaculado (espermatozóides em meio às secreções) tem em média 
3,5 ml (de 2 a 6 ml);
► os espermatozóides passam lentamente pelo canal cervical através 
de movimentos de suas caudas;
► quando a ovulação ocorre, o muco cervical aumenta em 
quantidade, fica menos viscoso, tornando mais fácil o transporte 
dos espermatozóides;
► os espermatozóides passam rapidamente pela vagina, para o 
útero e daí para o ístimo de ambas as tubas uterinas – por 
natação e auxiliados por contrações do útero e tubas;
► prostaglandinas presentes no sêmen estimulam a mobilidade 
uterina;
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► a enzima vesiculase, produzida pelas glândulas seminais, coagula uma pequena quantidade do 
sêmen e forma um tampão vaginal que impede o retorno do sêmen para o interior da vagina;
► a frutose presente no sêmen, secretada pelas glândulas seminais, é utilizada como fonte de energia 
para os espermatozóides; 
► os espermatozóides movem-se de 2 a 3 mm por minuto, mas a velocidade varia em função do pH 
do ambiente;
► se movem lentamente no ambiente ácido da vagina, mas muito rapidamente no ambiente alcalino 
do útero;
► nadam o equivalente a um humano nadar 600 km;
► o tempo de deslocamento é variável - 5 a 45 minutos após sua deposição próximo ao orifício 
uterino externo. 
► Os espermatozóides recentemente ejaculados são incapazes de fertilizar ovócitos - precisam passar 
por um período de condicionamento - a capacitação. 
CAPACITAÇÃO DOS ESPERMATOZÓIDES: 
► o processo ocorre no útero ou nas tubas uterinas, por ação de substâncias aí secretadas, e dura cerca 
de 7 horas; 
► uma cobertura glicoprotéica e proteínas seminais são removidas da membrana plasmática próxima à 
superfície do acrossoma do espermatozóide;
► durante a fertilização in vitro a capacitação é induzida artificialmente;
VIABILIDADE DOS GAMETAS
► os ovócitos humanos são geralmente fertilizados até 12 horas após a ovulação - in vitro podem ser 
fertilizados após 24 horas;
► a maioria dos espermatozóides humanos não sobrevive por mais de 48 horas no trato genital 
feminino;
► alguns espermatozóides são armazenados nas pregas da mucosa do colo e gradualmente liberados - 
aumentam assim as chances de fertilização;
► depois de congelado a baixas temperaturas, o sêmen pode ser guardado por muitos anos.
FERTILIZAÇÃO
► a fertilização é uma complexa seqüência de eventos 
moleculares coordenados que se inicia com o contato entre um 
espermatozóide e um ovócito e termina com a mistura dos 
cromossomos maternos e paternos na metáfase da primeira 
divisão mitótica do zigoto;
► o processo completo leva em torno de 24 horas e ocorre 
normalmente na ampola da tuba uterina; 
► se o ovócito não for fertilizado passa lentamente em direção 
ao útero, onde se degenera e é reabsorvido;
► sinais químicos (atrativos), secretados pelo ovócito e pelas células foliculares circundantes, guiam 
os espermatozóides capacitados (quimiotaxia dos espermatozóides) para o ovócito;
► dos 200 a 600 milhões de espermatozóides de um ejaculado (200-300), cerca de 200 
espermatozóides alcançam o local da fertilização (300-500);
► a maioria dos espermatozóides se degeneram e são reabsorvidos pelo trato genital feminino.
► somente um espermatozóide fertiliza o ovócito, mas acredita-se que outros auxiliem no processo;
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Fases da Fertilização
Fase 1: Passagem do 
espermatozóide através 
da corona radiata;
Fase 2: Penetração da 
zona pelúcida;
Fase 3: Fusão das 
membranas plasmáticas 
do ovócito e 
espermatozóide;
Fase 1: Passagem do espermatozóide através da corona radiata: 
► ocorre dispersão das células foliculares da corona radiata que circunda o ovócito II, 
“provavelmente” por ação da enzima hialuronidase, liberada pelo acrossoma do espermatozóide;
► auxiliam também na dispersão das células da coroa radiada as enzimas da mucosa tubária e os 
movimentos da cauda do espermatozóide;
Fase 2: Penetração da zona pelúcida:
► a zona pelúcida é uma capa glicoprotéica que envolve o 
óvulo e facilita e mantém a ligação do espermatozóide e induz a 
reação acrossômica;
► a reação acrossômica é abertura do acrossoma com liberação 
das enzimas aí armazenadas: esterases, acrosina e neuraminidase 
- a mais importante destas é a acrosina (proteolítica); 
► a ligação do espermatozóide com o ovócito é mediada pelo 
ligante ZP3, da zona pelúcida, e sítios receptores presentes na 
membrana plasmática do espermatozóide; 
► logo que o espermatozóide penetra a zona pelúcida, ocorre uma reação zonal - uma mudança nas 
suas propriedades que a torna impermeável a outros espermatozóides;
► acredita-se que a reação zonal seja o resultado da ação de substâncias liberadas pelosgrânulos 
corticais situados logo abaixo da membrana plasmática do ovócito - o conteúdo destes grânulos vão se 
depositar entre a membrana plasmática e a zona pelúcida (espaço perivitelino); 
Fase 3: Fusão das membranas plasmáticas do ovócito e 
espermatozóide:
► As membranas plasmáticas do ovócito e do espermatozóide 
se fusionam e se rompem na área de fusão;
► a cabeça e a cauda do espermatozóide entram no citoplasma 
do ovócito, mas a membrana plasmática do espermatozóide 
fica para trás.
► Mecanismos extremamente bem organizados agem no sentido de evitar a poliespermia – 
fecundação de um ovócito II por mais de um espermatozóide.
► vários espermatozóides se ligam ao ovócito – processo acrossomal com sítio receptor na membrana 
vitelínica (=Zona pelúcida);
► ocorrem dois bloqueios à poliespermia: um rápido, mas temporário, e um lento, mas definitivo.
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Bloqueio primário: 
► um primeiro espermatozóide perfura a zona pelúcida (=membrana vitelina) e encosta na membrana 
plasmática do ovócito II;
► imediatamente ocorre um rápido e intenso influxo de sódio ao longo de toda a membrana 
plasmática do ovócito II – isso provoca uma despolarização da membrana, semelhante ao impulso 
nervoso ao longo de neurônios – de alguma forma ainda não bem esclarecida, a despolarização impede 
qualquer outro espermatozóide, até mesmo os que já estão aderidos aos sítios receptores, de perfurar a 
membrana vitelínica.
► o espermatozóide que tocou a membrana plasmática funde sua membrana com a do ovócito II;
► ao redor do ponto de fusão a membrana do ovócito II forma microvilos que crescem e se deslocam 
em direção ao espermatozóide, se enrolando ao seu redor e de seu corpo – proteínas contrácteis no 
interior destes microvilos puxam o núcleo para dentro, promovendo a sua entrada definitiva no 
citoplasma.
► porém, o ovo não mantém a despolarização da membrana por muito tempo. Experimentalmente, 
observou-se que, no momento em que ocorre essa despolarização sem ter ocorrido o segundo bloqueio, 
outros espermatozóides perfuram a membrana vitelínica.
Bloqueio definitivo: 
► os grânulos corticais ocorrem no citoplasma periférico do ovócito II, bem próximo à membrana;
► quando o núcleo masculino é empurrado para dentro do citoplasma, promove um distúrbio no 
córtex do ovo que induz os grânulos corticais a se aproximarem da membrana celular;
► acontece então um processo de exocitose em que o conteúdo dos grânulos é liberado para fora do 
ovo, mais exatamente entre a membrana celular e a membrana vitelínica;
► esta ocorrência, chamada reação cortical, dá-se em toda a superfície do ovócito, a partir do ponto de 
penetração do espermatozóide até o ponto exatamente oposto.
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► o interior dos grânulos corticais contém mucopolissacarídeos, enzimas e proteínas estruturais;
► algumas enzimas têm como função deslocar a zona pelúcida da membrana plasmática;
► os mucopolissacarídeos provocam osmose, fazendo que água penetre em grande quantidade, 
aumentando drasticamente o espaço entre a membrana vitelínica e a membrana plasmática, separando-
as definitivamente;
► mesmo que o espermatozóide perfurasse a membrana vitelínica, não encontraria a membrana 
plasmática;
► outras enzimas têm como função alterar os sítios receptores da zona pelúcida, provocando o 
desligamento dos espermatozóides que ainda neles se encontrem presos;
► as proteínas estruturais criam uma barreira física e espessa, denominada então membrana de 
fertilização; 
► Todos estes eventos, da despolarização até o fim do bloqueio definitivo, acontecem em menos de 
trinta segundos em condições normais.
Término da segunda divisão meiótica e formação do pronúcleo feminino:
► A penetração do ovócito II pelo espermatozóide, estimula o ovócito a completar a segunda divisão 
meiótica, formando um ovócito maduro (óvulo) e segundo corpo polar;
► os cromossomos maternos em seguida se descondensam e o núcleo do ovócito maduro torna-se o 
pronúcleo feminino, com 23 cromossomos;
► Dentro do citoplasma do ovócito, o núcleo do espermatozóide aumenta para formar o pronúcleo 
masculino, e a cauda do espermatozóide degenera;
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► morfologicamente, os pronúcleos masculino e feminino são indistinguíveis;
► o ovócito contendo dois pronúcleos haplóides pode ser chamado de oótide (ou ovótide) - durante o 
crescimento dos pronúcleos, eles replicam seu DNA passando a ser constituído por 23 cromossomos 
duplos (duas cromátides), já prontos para a realização da primeira mitose do zigoto;
► logo que os pronúcleos se fundem em uma agregação de cromossomos única e diplóide, a oótide 
torna-se um zigoto – os cromossomos arranjam-se iniciam a primeira divisão do zigoto;
► o zigoto é 
geneticamente único: 
metade dos seus 
cromossomos origina-
se da mãe e a outra 
metade do pai; além 
disso, ocorre um 
"embara-lhamento" 
dos genes, produzindo 
uma re-combinação do 
mate-rial genético 
durante a permutação.
► o sexo cromos-
sômico do embrião é 
determinado na fe-
cundação, pelo tipo de 
espermatozóide (X ou 
Y) que fertiliza o 
ovócito – sendo assim, 
é o gameta do pai que 
determina o sexo do 
embrião;
► um fator inicial de 
gravidez, uma proteína 
imunossupressora, é 
secretada pelas células 
iniciais e surge no soro 
materno dentro de 24 a 
48 horas após a 
fertilização – constitui-
se na base do teste de 
gravidez durante os 
primeiros 10 dias de 
desenvolvimento.
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CLIVAGEM DO ZIGOTO
► A clivagem consiste em divisões mitóticas repetidas do zigoto, resultando em rápido aumento do 
número de células;
► a divisão do zigoto inicia-se cerca de 24-30 horas após a fertilização, no interior da tuba uterina e 
continua à medida que o embrião inicial é levado para o útero; 
► estas células embrionárias, os blastômeros, tomam-se menores a cada divisão por clivagem; 
► inicialmente, o zigoto se divide em dois blastômeros, os quais se dividem em quatro blastômeros, 
oito blastômeros e assim sucessivamente;
► durante a clivagem, o zigoto situa-se dentro da espessa zona pelúcida, que é translúcida quando 
vista ao microscópio óptico;
A. Estágio de duas células de um zigoto se desenvolvendo in vitro, rodeado por vários espermatozóides; B. Estágio de duas 
células de embrião humano in vitro – a zona pelúcida foi removida e mostra, em rosa, um dos corpúsculos polares; C. 
Estágio de quatro células de embrião humano in vitro; D. Estágio de quatro células de embrião humano in vitro.
► após o estágio de nove células, os blastômeros mudam sua forma e se agrupam firmemente uns com 
os outros para formar uma bola compacta de células - a compactação é um fenômeno provavelmente 
mediado por glicoproteínas de adesão de superfície celular;
► a compactação permite uma maior interação célula com célula e é um pré-requisito para a 
segregação de células internas que formarão a massa celular interna ou embrioblasto do blastocisto;
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► três dias após a fertilização o embrião é constituído por 12 a 32 blastômeros, é chamado de mórula 
(L. morus, amora);
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FORMAÇÃO DO BLASTOCISTO
► Logo após a mórula ter alcançado o útero (cerca de 4 dias após a fertilização), surge no seu interior 
um espaço preenchido por fluido, conhecido como cavidade blastocística;
► o fluido da cavidade uterina passa através da zona pelúcida para formar este espaço – aumenta a 
cavidade blastocística e leva a separação dos blastômeros em duas partes: o trofoblasto e o 
embrioblasto;
Fotomicrografias de cortes de blastocistos humanos recolhidos na cavidade uterina (aumento 600X). A. Quatro dias: a 
cavidade blastocística está começando a se formar e a zona pelúcida está ausente em parte do blastocisto; B. Quatro dias e 
meio: a cavidade blastocística aumentou, evidenciando claramente oembrioblasto e o trofoblasto – a zona pelúcida 
desapareceu.
► o trofoblasto (Gr. 
trophe, nutrição) é uma 
delgada camada celular 
externa - formará a parte 
embrionária da placenta;
► o embrioblasto é um 
grupo de blastômeros 
centrais - constitui o 
primórdio do embrião; 
► durante este estágio o 
concepto é chamado de 
blastocisto e permanece 
suspenso nas secreções 
uterinas por cerca de dois 
dias;
► a zona pelúcida se 
degenera e desaparece 
permitindo o crescimento 
do blastocisto e absorção 
de alguns nutrientes 
secretados pela parede 
uterina;
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