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Licitação I ADM I

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UNESA
Dir. Administrativo I. 
Licitação – Parte I
1) Licitação.
1.1. Conceito: a doutrina não chega a um consenso se é um processo ou procedimento. Adotaremos o entendimento de que é um procedimento administrativo, em que a Administração busca a escolha da melhor proposta para celebração de um contrato.
 
Destinatários: arts. 117 e 118 da Lei nº 8.666/93.
1.2. Natureza jurídica: da lei nº 8.666/93: é lei federal, mas nacional ou federativa?
O STJ já se manifestou no sentido de que o art. 1º e o art. 118 da Lei só valem para a União.
1.3. Disciplina normativa: artigos 22, XXVII; 37, XXI; 173, § 1º, III da CF e Lei nº 8.666/93.
1.4. Objeto: mediato – é a conseqüência da licitação, ou seja, é a celebração do contrato.
 Imediato – é o que a licitação pretende, que é a escolha da melhor proposta (é o que é alcançado com o procedimento).
 	O objeto da contratação pode ser uma aquisição, alienação ou alocação de bens, realização de obras ou serviços públicos.
1.5. Princípios: 
Legalidade: é a obediência à Lei. A licitação, como qualquer ato praticado pela Administração, deverá estar vinculado à lei e aos princípios (explícitos e implícitos);
Moralidade: é o próprio fundamento da licitação; a adequação aos padrões técnicos, morais etc.;
Impessoalidade: a licitação não pode ser dirigida a atender interesses pessoais dos licitantes ou dos administradores;
Publicidade: os atos da licitação devem ser públicos, exceto aqueles que envolvem a segurança nacional em que há mitigação ao princípio da publicidade. A regra é a publicidade.
Vinculação ao instrumento convocatório: art. 41 da Lei. A regra é que todos estejam vinculados às regras do procedimento licitatório;
Competitividade: a Administração não pode criar requisitos que inviabilizem a competitividade e não pode criar óbices que a impeçam;
Sigilo das propostas: art. 43, § 1º da Lei;
Julgamento objetivo: art. 45 da Lei.
1.6. Dispensa e inexigibilidade de licitação:
Dispensa: a Lei federal das licitações administrativas prevê, como regra, obrigatoriedade de licitação para todas as entidades da Adm. Pública direta (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), indireta (fundos especiais, autarquias, fundações públicas) e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, DF e Municípios.
Excepcionalmente, porém, há casos em que a Adm. pode dispensar ou inexigir a licitação, se assim lhe convier.
A dispensa de licitação está no art. 24 da Lei nº 8.666/93 e são situações em que, embora haja a viabilidade em realizar o certame, este se torna inconveniente, por razões de interesse público, uma vez que o procedimento licitatório demanda uma série de gastos que devem trazer benefícios que os compensem. Nos casos em que a licitação apenas sacrificaria o interesse público, o legislador concedeu ao administrador a faculdade de dispensar a licitação.
Atenção ao art. 17, I e II da Lei: são casos em que a licitação é dispensada porque assim já determina o legislador, quando então não vai haver qualquer conveniência do administrador.
Inexigibilidade: ocorre quando, na prática, é impossível estabelecer-se uma competição entre os interessados, por várias razões, diferentemente da dispensa, em que a competição é possível, mas a Adm. pode achar que é inconveniente.
Seu rol é taxativo e está no art. 25 da Lei.
Os casos que estão elencados pela lei: quando todos os bens pertencerem a uma só pessoa ou, com relação a produtos, de só existir um fornecedor exclusivo; a contratação for de natureza singular; ou exigir profissional do setor artístico de consagrada notoriedade.
Resumindo: toda licitação tem um pressuposto lógico, sendo este uma pluralidade de ofertantes e de bens, caso contrário haverá objeto singular ou fornecedor exclusivo, não havendo possibilidade de competição. Como só se dispensa o que pode acontecer, tais hipóteses correspondem à de inexigibilidade de licitação. Logo, tecnicamente, esta seria a diferença entre dispensa e inexigibilidade. Na inexigibilidade existe possibilidade de competição ou porque todos os bens pertencem a um só indivíduo ou por haver um único bem no mercado, caso em que a licitação seria inviável.
	
Outro ponto: é importante saber que nas hipóteses de dispensa e inexigibilidade a contratação passa a ser direta, mas não liberando a Adm. da verificação da documentação do contratado. Dispensa e inexigibilidade só liberam da competição, mas o contratado terá que comprovar todos os requisitos da habilitação, sob pena de não poder contratar com o Poder Público.
Parte II.
 
2. Modalidades de licitação: o legislador dispôs apenas cinco modalidades, elencando-as no art. 22 da Lei, quais sejam: concorrência, tomada de preços, convite, leilão e concurso. Entretanto, a Medida provisória nº 2.026/2000, posteriormente convertida em Lei nº 10.520/2002, inseriu mais uma modalidade, que é o pregão.
Concorrência: é a modalidade mais complexa, prevista no art. 22, I da Lei, sendo a indicada para os contratos de grande vulto, sendo também mais adequada para os seguintes casos, em que as estimativas de valores são corrigidas periodicamente:
Obras e serviços de engenharia com valor estimado de contratação anteriormente de R$ 1.500.000,00, de acordo com o art. 23, I, “c”, da Lei;
Compras e outros serviços com valor estimado da contratação superior a R$ 650.000,00, conforme o art. 23, II, “c”, da Lei;
Venda de bens imóveis, SALVO nos casos em que a) tenham sido adquiridos em procedimentos judiciais; b) tenham sido adquiridos em procedimento de dação em pagamento; c) quando o valor da avaliação não chegar ao valor de R$ 650.000,00, hipótese em que poderá ser adotado o leilão como modalidade de licitação (nestas três situações, previstas nos arts. 17, § 6º e 19, o despacho da autoridade administrativa é que definirá pela adoção da concorrência ou do leilão);
Concessão de direito real de uso (art. 23, § 3º);
Licitações internacionais, SALVO quando o órgão ou entidade da Adm. dispuser de cadastro internacional de fornecedores, quando, então, a modalidade será a da tomada de preços ou, ainda, quando fornecedor do bem ou serviço no país, caso em que a modalidade adotada poderá ser o convite (art. 23, § 3º).
Atenção ao art. 23, § 4º da Lei: mesmo quando os valores sejam menores, caindo nas hipóteses de modalidade de tomada de preços ou do convite, poderá ser utilizada a modalidade de concorrência, desde que assim pareça conveniente ao administrador.
Convite: é a modalidade mais simples, adequada para contratações cujos valores estimados são de menor vulto, de pequeno valor (quando a obra ou serviço for de R$ 150.000,00 ou quando o valor do serviço ou compra for de até R$ 80.000,00, por exemplo).
 
 Essa modalidade será cabível quando a Adm. for licitar um determinado serviço ou uma determinada compra e não houver no país empresa capaz de atender a essa demanda. Nesse caso, a Adm. poderá convidar licitantes internacionais, desde que o objeto se enquadre nos limites de valores mencionados anteriormente, nada a impedindo, inclusive, de realizar a tomada de preços e até mesmo a concorrência, pela complexidade do objeto.
 
 3. Tomada de preços: modalidade licitatória que é basicamente determinada em 
 razão do valor do objeto, sendo cabível a sua eleição pelo administrador quando, 
no caso de obras e serviços de engenharia, o valor do contrato for superior a R$ 
150.000,00 e até o valor de R$ 1.500.000,00. Por outro lado, em se tratando de 
outros serviços ou compras, os valores são superiores a R$ 80.000,00 até R$ 640.000,00.
 
 Não esquecer da regra disposta no § 4º do art. 23 da Lei, pela qual o administrador poderá eleger a concorrência como modalidade licitatória, ainda que o contrato se enquadre nos valores acima. Também nas licitações internacionais, DESDE QUE a Adm. possuaum cadastro internacional de fornecedores, poderá se utilizar da tomada de preços como modalidade, respeitando os limites se valor dispostos anteriormente.
 Nessa modalidade licitatória a participação dos licitantes fica restringida àqueles previamente cadastrados perante a Adm. Pública (art. 22, § 2º, da Lei), de modo que já ingressem no certame somente aqueles cuja idoneidade se encontra parcialmente comprovada, logo, fica suprimida a rigorosa fase de habilitação exigida para a concorrência. Mas, ATENÇÃO: a fase da habilitação só não vai existir enquanto fase do procedimento, sendo substituída pelo processo do cadastramento (art. 34 da Lei), mediante o qual o interessado se mostra habilitado a celebrar contratos com o Poder Público até que surja uma oportunidade.
Concurso: é uma das modalidades licitatórias escolhidas não em razão da expressão econômica do objeto, mas sim em razão de sua natureza. Essa modalidade será utilizada quando a Adm. for licitar a escolha de um trabalho artístico, técnico ou científico, quando então será instituído um prêmio ou remuneração ao vencedor, o que corresponde a uma autorização à Adm. para usar o objeto da licitação no momento que melhor lhe aprouver.
 Há uma espécie de integração entre as licitações por melhor técnica ou técnica e preço, pois ambas servem para a escolha do melhor trabalho técnico ou científico, que têm natureza intelectual. Mas o que caracteriza o concurso é que o objeto licitado não é inicialmente contratado, pois o concurso não visa a uma futura contratação. O que a Adm. quer é apenas premiar, sendo muito comum ocorrer, por exemplo, quando a prefeitura lança concursos para que os arquitetos apresentem projetos para o programa favela-bairro, não significando que tal projeto será desde logo executado, mas existindo a possibilidade disso ocorrer mais tarde.
Leilão: é a modalidade licitatória adequada para se vender bens da Adm. Pública. Normalmente usada para alienação dos bens móveis da Adm., desde que inservíveis, bem como os bens de particulares legalmente apreendidos ou penhorados.
	
Os bens imóveis só poderão ser alienados por meio de leilão, quando:
	a) Seu valor não superar a R$ 650.000,00;
b) Houverem sido adquiridos em razão de processos judiciais ou dação em pagamento.
	
 	 Nada impede que tais bens sejam alienados também pela concorrência!
	 Há uma semelhança entre essa modalidade de licitação e as modalidades de concorrência, tomada de preços e convite: o critério para se chegar à melhor proposta será o preço ofertado. A diferença entre o leilão e as outras modalidades está em que o que faz da proposta a melhor dentre as apresentadas, é o maior valor em relação às demais, pois será o que a Adm. vai receber pelo que está alienando. Enquanto nas outras modalidades o critério de desempate será pelo menor valor possível da proposta, pois quem estará pagando pelo bem, obra ou serviço será o Poder Público.
	
Pregão: modalidade instituída pela medida provisória nº 2.026/2000, que gerou várias discussões doutrinárias a respeito de sua constitucionalidade, pelo fato de o legislador ter criado tal modalidade voltada somente ao âmbito da União, excluindo outros entes da Federação. Mas o entendimento doutrinário majoritário é no sentido de que entes “menores” podem valer-se do pregão que, no entanto, é obrigatório apenas para a União.
 Com a conversão da medida provisória na Lei nº 10.520/2002, o pregão foi incorporado definitivamente como modalidade licitatória aplicável a todos os âmbitos e esferas da Adm. Pública, NÃO MAIS se restringindo à Adm. Pública Federal. Trata-se de modalidade adequada para a aquisição de bens ou serviços comuns, independentemente do valor estimado do contrato. Aponta a doutrina para a seguinte questão: o que são bens e serviços comuns? Nas palavras do prof. José Madeira, hoje parece inegável que se trata de um conceito jurídico indeterminado, cabendo, portanto, apenas à Adm. Pública a tarefa de avaliar se esse ou aquele objeto se enquadra em seus parâmetros, salvo quando se tratar de uma inequívoca situação que apontar para conclusão diversa.
	
 Cabe ressaltar que a Lei nº 8.666/93 deverá ser aplicada subsidiariamente à modalidade de pregão, segundo o art. 9º da Lei nº 10.520/2002, ou seja, o pregão estará sujeito a todas as normas da Lei Geral das Licitações que se mostrem necessárias para a sua exeqüibilidade e aplicação, nos momentos em que a Lei do Pregão tratar insuficientemente ou mesmo for omissa, mas sem desconsiderar os avanços propostos pela nova modalidade (pregão).
3. Tipos de licitação: o art. 45 da Lei nº 8.666/93 dispõe acerca desses tipos. Antes de adentrarmos neste ponto, convém fazermos a diferenciação entre as expressões “tipo” e “modalidade” de licitação, posto que essas não se confundem. Assim, quando falamos em modalidades, estaremos nos reportando aos diferentes procedimentos que cada uma adota e, quando falamos em tipos de licitação, nada consideraremos sobre esses procedimentos, pois estaremos tratando de critérios para a avaliação das propostas.
	
Devemos lembrar que um dos objetivos da licitação é justamente a escolha da proposta mais vantajosa para a Administração. Então, de acordo com o tipo de contrato que a Adm. Pública pretender celebrar, será determinada a proposta mais vantajosa. Sendo assim, é de se considerar que serão diversos os critérios de julgamento das propostas conforme sejam diferentes os objetos a serem licitados. E é justamente por isso que distinguimos os diferentes tipos de licitação, que estão enunciados no § 1º do art. 45 da Lei nº 8.666/93.
Menor preço: quando será considerada a mais vantajosa para a Adm. Pública a proposta que contiver o menor preço, sendo um tipo adequado para as hipóteses em que a Adm. está adquirindo bens ou serviços que não demandem maiores discussões acerca de aspectos técnicos;
 
Melhor técnica: aqui, a Adm. já fixará no edital o preço máximo que se propõe a pagar pelo serviço, mas mesmo assim o licitante deverá apresentar a sua proposta de preço;
Técnica e preço: quando haverá uma avaliação técnica e outa econômica das propostas, ganhando cada uma a sua pontuação. Depois, procede-se a uma média ponderada das duas propostas de acordo com os pesos previamente estipulados no edital. Aqui, o licitante deverá se pautar na pretensão da Adm., que poderá estar prestigiando mais a técnica do que o peço, ou vice-versa;
Maior lance ou oferta: em que a melhor proposta será aquela que apresentará o maior preço, sendo a modalidade adequada para a alienação de bens da Adm. Pública ou a concessão por esta do direito real de uso de seus bens, sendo muito utilizada quando se tratar de leilões ou quando os bens forem licitados na modalidade de concorrência.

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