Buscar

Semana Aula 8 PARA O PORTAL

Prévia do material em texto

Semana Aula: 8 
O neoconstitucionalismo e a eficácia horizontal dos direitos fundamentais. 
 
Tema 
O neoconstitucionalismo e a eficácia horizontal dos direitos fundamentais. 
 
Objetivos 
- Indicar os principais efeitos da constitucionalização do direito sobre as relações 
jurídicas privadas. 
- Analisar a eficácia horizontal dos direitos fundamentais em comparação com a eficácia 
vertical perante o Estado. 
 
Estrutura de Conteúdo 
1. A colisão de normas constitucionais na esfera das relações jurídicas privadas. 
2. A teoria da eficácia indireta dos direitos fundamentais 
3. A teoria da eficácia direta dos direitos fundamentais 
4. O neoconstitucionalismo e a vinculação dos particulares aos direitos fundamentais 
5. A eficácia horizontal dos direitos fundamentais e a posição do STF 
 
Procedimentos de Ensino 
A aula deverá destacar o papel da dignidade da pessoa humana como novo eixo 
axiológico do Estado Democrático de Direito, merecedora de especial consideração pelo 
exegeta constitucional. Como principais consequências do fenômeno da 
constitucionalização do direito civil no âmbito da reconstrução neoconstitucionalista, 
deve ser destacado a eficácia horizontal dos direitos fundamentais. Por conta da 
absoluta prevalência da dignidade humana, a autonomia privada deixa o epicentro do 
constitucionalismo principialista, devendo, pois ser ponderada com outros direitos 
fundamentais do cidadão comum. Com efeito, o neoconstitucionalismo prevê a 
ponderação de valores envolvendo os direitos fundamentais no âmbito das relações 
jurídicas privadas. Portanto, é oportuno o debate sobre a possibilidade de se reconhecer 
a prevalência de um direito fundamental ainda que diante de uma situação manifestação 
clara da autonomia privada. 
A aplicação do direito constitucional nas relações privadas possui duas grandes 
correntes doutrinárias, a saber: 
a) a teoria dualista ou teoria da eficácia indireta e mediata dos direitos fundamentais; e 
b) a teoria monista ou teoria da eficácia direta e imediata dos direitos fundamentais. 
 
A teoria da eficácia indireta é aplicada de duas maneiras: 
a) a intervenção do poder legislativo através de sua competência constitucional de 
elaborar as leis infraconstitucionais; e 
b) pelo intérprete na atribuição de sentido às cláusulas abertas. 
 
Já a teoria da eficácia imediata dos direitos fundamentais defende a aplicação da 
eficácia horizontal mediante um processo de ponderação de valores, que coloca de um 
lado a livre iniciativa e a autonomia da vontade, e, do outro, o direito fundamental em 
tensão. Tal teoria - na lição de Barroso (Temas de Direito Constitucional, Tomo III, p. 
35) - tem prevalecido na doutrina. 
 
Ou seja, os direitos fundamentais, além de vincular diretamente o Poder Legislativo na 
sua função constitucional de construtor da ordem infraconstitucional e o Poder 
Judiciário na sua função constitucional de entregar a prestação jurisdicional necessária a 
solução da lide, vinculam também as relações entre particulares. Nesse sentido, Luis 
Roberto Barroso mostra que: Na ponderação a ser empreendida, como na ponderação 
em geral, deverão ser levados em conta os elementos do caso concreto. Para esta 
específica ponderação entre autonomia da vontade versus outro direito fundamental em 
questão, merecem relevo os seguintes fatores: 
a) a igualdade ou desigualdade material entre as partes (e.g., se uma multinacional 
renuncia contratualmente a um direito, tal situação é diversa daquela em que um 
trabalhador humilde faça o mesmo); 
b) a manifesta injustiça ou falta de razoabilidade do critério (e.g., escola que não admite 
filhos de pais divorciados); 
c) preferência para valores existenciais sobre os patrimoniais; 
d) risco para a dignidade da pessoa humana (e.g., ninguém pode se sujeitar a sanções 
corporais. 
 
Recursos 
Quadro e pincel; 
Retroprojetor; 
Data show; 
Leitura de textos; 
Constituição Federal; 
Jurisprudência. 
 
Aplicação: articulação teoria e prática 
Questão discursiva: 
João da Silva é proprietário de um terreno não edificado e que vem servindo de atalho 
para se chegar à única escola pública da sua região. A grande maioria das crianças do 
bairro costumam passar por dentro da propriedade de João da Silva. Incomodado com o 
grande número de crianças circulando em sua propriedade, João da Silva resolver 
proibir a passagem das crianças de pele negra, como meio de reduzir o número de 
crianças que cortam o caminho para a Escola por seu terreno. A família de uma das 
crianças decide ajuizar uma ação para obrigar João da Silva a liberar a passagem de 
todas as crianças, amparando sua pretensão no direito à igualdade. Citado, João da Silva 
argumenta que a propriedade é sua e que não há nenhuma lei infraconstitucional que o 
obrigue a liberar a passagem por sua propriedade. Alega que, nos termos do inciso II do 
artigo 5º da Constituição de 1988, ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de lei. Portanto, como não há nenhuma lei que o impeça 
de proibir o trânsito pela sua propriedade, ele pode permitir a passagem de quem bem 
entender. Na qualidade de juiz da causa e com espeque na reconstrução 
neoconstitucionalista, responda, JUSTIFICADAMENTE, se o caso em tela é de 
aplicação direta dos direitos fundamentais nas relações entre particulares? 
 
Questão objetiva: 
O exame da eficácia horizontal dos direitos fundamentais é tema fundamental no 
constitucionalismo contemporâneo, na medida em que consolida a abertura do catálogo 
de direitos fundamentais e sua incidência nas relações jurídicas privadas. Assim sendo, 
assinale a alternativa correta: 
a) Os direitos fundamentais devem sempre ter aplicação indireta nas relações 
estabelecidas entre particulares. 
b) A jurisprudência do STF não aceita a assim chamada eficácia horizontal dos direitos 
fundamentais. 
c) A aplicação de direitos fundamentais nas relações privadas é um fator limitador da 
autonomia da vontade, princípio elementar do Direito Civil. 
d) A Constituição de 1988 expressamente prevê a possibilidade de aplicação dos 
direitos fundamentais às relações entre particulares.

Continue navegando