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PROTEINA E FUNÇÃO RENAL

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Muito ainda se fala sobre o consumo de proteínas estar ligado diretamente com a função renal, principalmente voltado para dietas com alto consumo desse macronutriente. Vamos analisar o que a literatura nos mostra? 
Primeiramente, essa ligação entre alto consumo de proteína teve por parte início em dois estudos (Addis, 1926; Wilson, 1933), no qual em animais, foi verificado que o consumo alto de proteínas estava diretamente ligado a hipertrofia e doença renal. Em humanos, um dos primeiros estudo sobre essa relação, foi de 1979 (Kim e Linkswiler, 1979), onde o mesmo realizou um estudo com 6 homens e analisou função glomerular, entre outros parâmetros. Entretanto, ambos analisando de forma aguda essa relação. Sendo assim, (Jia et al., 2010) verifica de forma crônica, que houve aumento na hipertrofia renal e algumas evidências de possíveis danos, entretanto, em porcos. 
Desde então, diversos estudos foram realizados avaliando essa possível correlação e propagado uma crença nutricional de que o consumo de proteína esta relacionado a danos renais. 
Será verdade? 
Em um estudo observacional em 2003, com 11 anos de análise com uma amostra de pouco mais de 1600 mulheres, verificou que a ingestão foi correlacionada com um declínio na função renal em mulheres com DOENÇA RENAL PREEXISTENTE, mas NÃO em MULHERES COM FUNÇÃO RENAL NORMAL (Knight et al., 2003)
De mesma forma, (Brinkworth et al., 2010) verificou por 1 ano em uma amostra de 68 homens e mulheres com obesidade abdominal, se a perda de peso aliada a uma dieta de baixo carboidrato + ALTA PROTEÍNA X alto carboidrato + baixa proteína, estava relacionado a danos renais. No final das análises, a perca de peso foi semelhante (muito baixo teor de carboidratos: -14,5 ± 9,7 kg, alto teor de carboidratos: -11,6 ± 7,3 kg; P = 0,16) e resultando em AUSÊNCIA DE ALTERAÇÕES RENAIS após 1 ano de intervenção. 
Entretanto, em dois estudos mostraram que o alto consumo de proteínas, agravaram e aceleraram o processo de deteriorização EM PACIENTES COM DISFUNÇÃO RENAL, no qual uma dieta com baixa quantidade desse nutriente se mostra protetor.(Klahr, 1989; Robertson et al., 2007).
Em outro estudo com revisão sistemática e meta análise (Schwingshackl e Hoffmann, 2014), mostrou que o alto consumo de proteína dietética com a finalidade de redução de peso, como as low carb high protein, deve ser realizada com cautela pois pode agravar danos renais nesse determinado público. Isso comprova uma leitura adicional fantástica, publicada na renomada Nature Reviews Nephrology, grande referência em estudos na área renal, que pessoas obesas tem maiores alterações indesejáveis nos rins, facilitando processos patológicos nesse órgão devido a processos inflamatórios e outros distúrbios ocasionados pelo estilo de vida e alterações hormonais com aumento de citoninas, entre outros fatores. (Câmara, 2017)
CONCLUSÃO:
Em resumo, sem conflito de interesse mas com real embasamento científico e comprovação de estudos até então, o consumo de proteína NÃO se torna prejudicial em PESSOAS SAUDÁVEIS!!!
Ambos os estudos que mostraram correlação na piora entre essa ligação, foram em animais e em pacientes com alterações patológicas renais já ADQUIRIDAS, ou com fatores de risco aumentado como em obesos!!!
Em apoio de uma revisão sistemática detalhada (Calvez, 2012), mostrou novamente que NÃO HÁ RELAÇÃO DO CONSUMO PROTEÍCO E DANOS RENAIS EM PESSOAS SAUDÁVEIS, APENAS EM PACIENTES COM ALGUM DISTÚRBIO RENAL PRÉ-EXISTENTE (O que se torna algo meio óbvio, não?)
Ou seja, o cuidado do consumo dietético de proteína, se torna IMPORTANTÍSSIMO em pacientes com doença renal, mas não há ligação entre o consumo de proteínas dentro de referências dietéticas atuais, com alterações renais. 
VALE FRISAR, que a qualidade da proteína também se torna um importante fator a se considerar, sendo que a proteína de fonte animal vai ser totalmente diferente de uma proteína de péssima qualidade como as multiprocessadas e patês prontos, por exemplo, pela presença de outros produtos possivelmente nocivos para a saúde humana. 
Com isso, vamos tomar cuidado com crenças ancestrais e falsamente propagadas, sem embasamento científico algum, apenas por que “ouviu falar”. Tenha senso crítico e tenha o real conhecimento de seu paciente, avaliando de forma minuciosa suas necessidades e limitações. 
REFERÊNCIAS:
ADDIS, T. The effect of some physiological variables on the number of casts, red blood cells and white blood cells and epithelial cells in the urine of normal individuals. J Clin Invest. 1926 Jun; 2(5): 417–421 
WILSON, HE. An investigation of the cause of renal hypertrophy in rats fed on a high protein diet. Biochem J 27, 1348–1356.
KIM, Y; LINKSWILER, HM. Effect of level of protein intake on calcium metabolism and on parathyroid and renal function in the adult human male. J Nutr 109, 1399–1404.
JIA Y; et al; Long-term high intake of whole proteins results in renal damage in pigs. J NUTR 140, 1646–1652.
KNIGHT EL; et al; The impact of protein intake on renal function decline in women with normal renal function or mild renal insufficiency. Ann Int Med 138, 460–467.
BRINKWORTH GD; et al; Renal function following long-term weight loss in individuals with abdominal obesity on a very-low-carbohydrate diet vs highcarbohydrate diet. J Am Diet Assoc 110, 633–638.
KLAHR S. The modification of diet in renal disease study. N Engl J Med 320, 864–866.
ROBERTSON, L; et al; Protein restriction for diabetic renal disease. Cochrane Database Systematic Review. 2007
SCHWINGSHACKL, L; HOFFMANN, G; Comparison of High vs. Normal/Low Protein Diets on Renal Function in Subjects without Chronic Kidney Disease: A Systematic Review and Meta-Analysis. PLoS ONE9(5): 2014 https://doi.org/10.1371/journal.pone.0097656
CÂMARA, Niels O.S.; et al; Kidney disease and obesity: epidemiology, mechanisms and treatment. Nature Reviews Nephrology 13, 181–190 (2017) 16 January 2017
CALVEZ, J; et al; Protein intake, calcium balance and health Consequences: systematic review. European Journal of Clinical Nutrition (2012) 66, 281–295

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