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Fisiopatologia e diagnóstico laboratorial da função renal Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Biociências Departamento de Bioquímica Bioquímica Médica Profª. Monique Gabriela Alves • Compreender a importância dos rins; • Identificar as alterações na função renal; • Descrever o diagnóstico laboratorial da função renal. Objetivos • Paciente obesa, diabética e hipertensa é atendida em urgência hospitalar com crise de enxaqueca e apresentando pico hipertensivo com pressão arterial de 22/15 mmHg. O médico, prontamente, receitou captopril, um fármaco inibidor da enzima conversora de angiotensinogênio (ECA) para redução da pressão arterial da paciente. Caso clínico Supressão do sistema renina-angiotensina-aldosterona Qual é o órgão que sofre a ação do sistema renina- angiotensina-aldosterona? Qual é o órgão associado com o controle da pressão arterial? – Órgãos em forma de feijão; – Região lombar; – Cerca de 12 cm; – De 135 a 150 g. Rim Rim Rim NÉFRON Unidade funcional do rim Até 1 milhão de néfrons em cada rim Néfron Estrutura do Néfron • 1. Glomérulo; • 2. Cápsula de Bowman; • 3. Túbulo proximal; • 4. Alça de Henle; • 5. Túbulo distal; • 6. Ducto coletor. Estrutura do Néfron Vasos sanguíneos: 1. Arteríola aferente; 2. Arteríola eferente. Suprimento sanguíneo do nefrón Vênulas Veias VEIA RENAL ARTÉRIA RENAL Artérias Suprimento sanguíneo do rim 25% do débito cardíaco Quais são as funções do rim? Função excretora Função reguladora da homeostase Função endócrina Urina • Características da urina (indivíduos saudáveis): – Estéril; – Cor clara; – Transparente; – pH levemente ácido (5,0 a 6,0) – Odor característico; – Fragmentos celulares, células completas, componentes proteicos e cristais. Função excretora Urina • Eliminação da URINA: – Adultos normais: • 0,4 a 2L/dia (500 mL/dia); – Alteração: • Anúria: < 100 mL/dia; • Oligúria: < 400 mL/dia; • Poliúria: > 3 L/dia. Como a urina é formada? Funções do rim Função excretora Filtração glomerular Reabsorção tubular Secreção tubular Néfron Formação da urina ULTRAFILTRADO REABSORÇÃO TUBULAR SECREÇÃO TUBULAR FILTRAÇÃO URINA (0,4 a 2,0L/24h) Corpúsculo renal Túbulo proximal, distal e tubo coletor 170 a 200 L/24h Ultrafiltrado: Mesma composição do plasma (quantidade reduzida de proteínas). Corpúsculo renal Glomérulo Cápsula de Bowman CORPÚSCULO RENAL TÚBULO PROXIMAL Arteríola eferente Arteríola aferente Glomérulo renal 1. Células endoteliais fenestradas: água e pequenos solutos (barreira para as células). 2. Membrana basal (carga negativa): barreira para proteínas. 3. Epitélio visceral da cápsula de Bowman (podócitos): fendas de filtração. Filtração de proteínas: 1. Tamanho; 2. Carga; 3. Forma. Proteínas acima de 66 kDa (maior que a albumina) são retidas no glomérulo. Filtração glomerular CÁPSULA DE BOWMAN Proteínas de carga negativa como a albumina são repelidas Filtração glomerular Glomérulo Cápsula de Bowman CORPÚSCULO RENAL TÚBULO PROXIMAL Arteríola eferente Arteríola aferente FILTRAÇÃO Túbulos renais • Células epiteliais tubulares com diferentes características. Reabsorção e secreção tubular Reabsorção Secreção Lúmen Túbulo proximal • Parte mais ativa do néfron: – Reabsorção: • 60 a 80% do volume filtrado glomerular; – Secreção: • 90% do íon hidrogênio excretado pelo rim. Reabsorção e secreção tubular Água, aminoácidos,proteínas glicose, sódio, potássio, bicarbonato, fosfato, sulfato, ácido úrico. H+ Túbulo proximal DIABETES Glicose > 180 mg/dL ou 220 mg/dL): Glicosúria Reabsorção de glicose: túbulo proximal TRANSPORTE ATIVO DEPENDENTE DE SÓDIO TÚBULO RENAL VASO SANGUÍNEO CÉLULA RENAL Excede o limiar renal Capilar peritubular Alça de Henle • Geração de urina concentrada: – Hipertônica em relação ao plasma. • Reabsorção: – Água. – Cloreto de sódio. • Secreção: – Ureia. Reabsorção e secreção tubular Água NaCl Ureia Túbulo distal • Da mácula densa até o ducto coletor. – Reabsorção: • Sódio (aldosterona). • Bicarbonato. – Secreção: • Íon hidrogênio. • Potássio. Regulação do equilíbrio ácido-base H+ Bicarbonato K+ Sódio (aldosterona) Reabsorção de sódio: túbulo distal (aldosterona) Troca Na+ por H+/K+: equilíbrio eletrolítico Manutenção do pH sanguíneo Reabsorção de bicarbonato: túbulo proximal e distal Livremente filtrado (equilíbrio ácido-base) Ducto coletor • Formados por cerca de 6 túbulos distais. – Reabsorção: • Água (hormônio antidiurético - ADH) – controle do volume urinário. – Secreção: • Íon hidrogênio. • Potássio. Reabsorção e secreção tubular Água (ADH) NaCl, ureia. H+, K+ Reabsorção de água: ducto coletor (ADH) Hormônio antidiurético (ADH) AQUAPORINAS (poros permeáveis a água) Regulação da osmolaridade da urina • 1. Glomérulo renal - FILTRAÇÃO; • 2. Cápsula glomerular; • 3. Túbulo contorcido proximal – REABSORÇÃO (sódio, cloreto, bicarbonato, cálcio, fosfato, sulfato, glicose, ácido úrico); • 4. Ramo descendente da alça de Henle - REABSORÇÃO (água); • 4. Ramo ascendente da alça de Henle – REABSORÇÃO (NaCl) e SECREÇÃO (ureia); • 5. Túbulo contorcido distal – REABSORÇÃO (sódio – aldosterona; e bicarbonato); • 6. Tubo coletor – REABSORÇÃO (NaCl, ureia, água – ADH) e SECREÇÃO (H+, K+). Formação da urina Concentração/ volume da urina Concentração da urina Medula renal hiperosmótica ADH: movimento da água por osmose (aquaporinas) Funções do rim Função excretora Função reguladora da homeostase Função endócrina Função reguladora Manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico Manutenção do equilíbrio ácido base Regulação da pressão sanguínea Função reguladora CÉLULAS JUSTAGLOMERULARES MÁCULA DENSA (Túbulo distal) APARATO JUSTAGLOMERULAR Arteríola glomerular aferente Túbulo distal Sistema renina- angiotensina- aldosterona Aparato justaglomerular Glomérulo Cápsula de Bowman CORPÚSCULO RENAL TÚBULO PROXIMAL Arteríola eferente Arteríola aferente CÉLULAS JUSTAGLOMERULARES (ricas em grânulos contendo RENINA) Células da mácula densa do TÚBULO DISTAL APARATO JUSTAGLOMERULAR Aparato justaglomerular • Manutenção da pressão sanguínea: – Regulação do volume de sangue intravascular circulante; – Concentração de sódio plasmático. Diminuição da concentração de sódio (mácula densa) Liberação de RENINA pelas células justaglomerulares Pressão arteriolar aferente diminuída ANGIOTENSINOGÊNIO ANGIOTENSINA I ANGIOTENSINA II Vasoconstricção Liberação de aldosterona Liberação de hormônio antidiurético (ADH) RENINA ECA Aparato justaglomerular Baixa pressão sanguínea Aldosterona Supra-renal Aumento da pressão sanguínea Angiotensina II: vasoconstrictor; Estimula liberação de ADH. • Paciente obesa, diabética e hipertensaé atendida em urgência hospitalar com crise de enxaqueca e apresentando pico hipertensivo com pressão arterial de 22/15 mmHg. O médico, prontamente, receitou captopril, um fármaco inibidor da enzima conversora de angiotensinogênio (ECA) para redução da pressão arterial da paciente. Caso clínico CAPTOPRIL: Redução da concentração de angiotensina II e de aldosterona. Supressão do sistema renina-angiotensina- aldosterona Funções do rim Função excretora Função reguladora da homeostase Função endócrina Função endócrina Produção de hormônios (eritropoetina, vitamina D, renina) Fisiopatogenia da doença renal • Inflamação; • Acúmulo e deposição de matriz extracelular; • Fibrose tubointersticial; • Atrofia tubular; • Glomerulosclerose (fibrose); • Aumento da regulação de angiotensina II: – Aumento da permeabilidade glomerular a proteínas; – Estímulo a síntese de citocinas pró- inflamatórias. Angiotensina II é um importante alvo terapêutico. Quais exames laboratoriais podem ser realizados para evidenciar a doença renal? Função glomerular Taxa de filtração glomerular Integridade da permeabilidade da membrana glomerular Função tubular Função excretora Função glomerular Taxa de filtração glomerular (TFG) Clearance ou depuração de moléculas AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR Indicativa do número de néfrons em funcionamento Redução da depuração é sinal de diminuição da taxa de filtração glomerular Medida mais sensível de lesão renal Clearance ou depuração Volume de plasma que fica livre (que é depurado) de uma substância por unidade de tempo (minuto) Estimativa da taxa de filtração glomerular Clearance ou depuração • Bom marcador: – Concentração estável no plasma; – Fisiologicamente inerte; – Livremente filtrada no glomérulo; – Não seja secretada, reabsorvida, sintetizada ou metabolizada pelo rim. A quantidade da substância filtrada pelo glomérulo será igual a quantidade excretada na urina. Creatinina • Creatinina: – Metabolismo muscular; – Síntese endógena (113 Da); – Concentração depende da idade, sexo, exercício, massa muscular, estado nutricional e ingesta de carne. Livremente filtrada pelo glomérulo. Pequena secreção tubular. Depuração da creatinina DEPURAÇÃO DOSADA DEPURAÇÃO CALCULADA (estimativa) URINA DE 24 horas SORO SORO Depuração da creatinina dosada URINA DE 24 horas Concentração urinária Volume urinário (mL/min) SORO Concentração plasmática O intervalo entre a coleta do sangue e da urina não deve ultrapassar 72 horas. Depuração da creatinina dosada DEPURAÇÃO = [U] x V (mL) x 1,73 (m2) [P] 1440 min Área (m2) [U] = Concentração urinária da creatinina (urina de 24 horas) V = Volume urinário (24h) [P] = Concentração plasmática da creatinina Área corporal do paciente (m2). Depuração da creatinina dosada O tamanho do rim e a TFG são proporcionais ao tamanho do corpo Ajuste das estimativas da depuração a uma área padrão de superfície corporal de 1,73m2. Depuração da creatinina calculada Fórmula de Cockcroft-Gault Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration Modification of Diet in Renal Disease Resultado de exame Avaliação da função renal SORO Função renal UREIA CREATININA Avaliação da função renal SORO Função renal UREIA CREATININA DISFUNÇÃO HEPÁTICA GRAVE: Concentração de ureia sérica diminuída DISFUNÇÃO RENAL: Concentração de ureia sérica aumentada NÃO DEVE SER UTILIZADA, ISOLADAMENTE, PARA AVALIAR A FUNÇÃO RENAL Detecção da proteinúria < 10 mg/dL ou < 150 mg/24 h (50 a 60% albumina; proteínas menores e proteínas secretadas pelos túbulos renais). Excreção urinária normal • Doença renal; • Exercício físico vigoroso; • Febre; • Proteinúria ortostática – postura “de pé”. Difícil de exceder 1000 mg/dia Função glomerular PROTEINÚRIA URINA DE 24 horas Sumário de urina Detecção da proteinúria: urina de 24 horas Detecção da proteinúria: sumário de urina Fita reagente de urina (limite de detecção: = ou > 30 mg/dL) Detecção da albumina Teste do ácido sulfossalicílico a 10% PROVA DO ANEL Detecção de todas as proteínas (turvação) Detecção da proteinúria Sedimentoscopia da urina Detecção de hematúria e hemoglobinúria Tira reativa Sedimentoscopia Função tubular Glicosúria Com hiperglicemia Diabetes mellitus Sem hiperglicemia Anemia de Fanconi Gravidez Função tubular DENSIDADE OSMOLARIDADE (Número de partículas dissolvidas na urina) pH (Indica o equilíbrio ácido-base) ALCALEMIA ACIDEMIA Capacidade de concentração da urina Perfil da disfunção renal • Manifestações laboratoriais das doenças renais: – 1. Aumento da concentração de ureia sérica; – 2. Aumento de creatinina sérica; – 3. Diminuição do clearance de creatinina; – 4. Proteinúria. • Causas das manifestações laboratoriais: – 1. Diminuição da função renal (secreção e reabsorção); – 2. Problema na filtração glomerular (não ocorrência); – 3. Problema na filtração glomerular (não ocorrência); – 4. Lesão glomerular (perda da capacidade do filtro) – excesso de proteínas; – 4. Redução da capacidade de reabsorção. Suplementação com proteínas causa lesão renal? • Compreender a importância dos rins; • Identificar as alterações na função renal; • Descrever o diagnóstico laboratorial da função renal. Objetivos Referências • David Bruns, Tietz Fundamentos da Química Clínica. 6ª ed. Elsevier Health Sciences, 2011. • Maria Alice Terra Garcia, Salim Kanaan, Bioquímica Clínica. 2ª ed. Atheneu, 2014.
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