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DIREITO CIVIL

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DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA – CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 
1 
CAROS AMIGOS E ALUNOS 
É um prazer poder usufruir dos atuais meios de comunicação e me dirigir 
a todos vocês. Nesta apresentação vou passar algumas breves informações 
sobre minha pessoa e o curso que pretendo ministrar. 
Sou graduado e pós-graduado em Direito pela Pontifícia Universidade 
Católica de São Paulo (PUC/SP). Sempre fui o que se pode chamar de 
“concurseiro”. Exerci diversos cargos públicos, sempre por concurso, desde 
Escrevente, passando por Procurador do Estado e atualmente Juiz de Direito. 
Ao lado das funções públicas, sempre fui ligado à área do ensino. Para mim, 
uma atividade completa a outra e vou me mantendo atualizado. Iniciei minha 
carreira docente na própria PUC/SP, onde lecionei durante alguns anos. 
Atualmente dedico-me aos cursos preparatórios para concursos públicos, 
tendo me especializado no Direito Civil, matéria que possuo algumas obras e 
artigos publicados. 
Minha intenção com este curso é ministrar aulas direcionadas para o 
concurso de ANALISTA JUDICIÁRIO (ÁREA JUDICIÁRIA E EXECUÇÃO DE 
MANDADOS) DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ, de uma 
forma clara e direta, fornecendo o máximo de informações e abrangendo a 
totalidade do edital referente à matéria de Direito Civil, sem perder a 
objetividade e dispersar para temas que não caem nas provas, evitando 
opiniões pessoais e doutrinárias que não são acolhidas nos concursos. 
Nosso curso foi elaborado com base no Edital n° 01 de 13 de 
Fevereiro de 2014, expedido por determinação do Presidente do Tribunal de 
Justiça do Estado do Ceará (TJ/CE). 
A Banca Examinadora é o CESPE/UnB (Centro de Seleção e de 
Promoção de Eventos da Universidade de Brasília). Geralmente este banca 
adota o estilo Certo ou Errado. No entanto, nesta prova em especial as 
questões serão objetivas, do tipo múltipla escolha, com cinco opções, 
havendo uma única resposta correta, de acordo com o comando da questão. A 
data provável da prova é o dia 11 de maio de 2014. 
Lembramos que as provas realizadas pelo CESPE possuem um grau de 
subjetividade acima da média dos demais concursos. O que isso quer dizer? 
Quer dizer que é importante saber a literalidade da lei, pois muitas vezes 
cai o texto literal da lei no enunciado da questão. E ainda assim o candidato 
deve tomar cuidado, pois o examinador costuma elaborar um enunciado 
grande com apenas uma palavra diferente do texto legal, tornando, com isso, 
a afirmação errada. Mas isso só isso não basta para o CESPE! Em muitas 
questões, principalmente quando se exige nível superior, o examinador redige 
o enunciado de modo bem diferente do que está na lei; utiliza expressões 
diversas do que consta na norma, para verificar se o candidato realmente 
entendeu o “espírito da lei” ou se apenas houve “decoreba” da lei. 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA – CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 
2 
Desta forma, mais importante do que a simples literalidade da lei, o 
candidato precisa demonstrar que sabe o que a lei quer dizer com determinada 
afirmação. E aí vem a importância destas aulas, pois iremos “dissecar” os 
institutos legais para que o aluno aprimore a aprendizagem para melhor 
interpretar os enunciados da questão da prova e fazer uma ligação 
com a norma jurídica. 
Feita esta observação, vejamos abaixo a distribuição dos pontos nas 
aulas. 
 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DAS AULAS 
 
Além da aula demonstrativa de hoje, teremos OUTRAS 12 (doze) 
AULAS. Nosso programa, obedecendo o edital, é o seguinte: 
Aula Demo: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Vigência, 
aplicação, interpretação e integração das leis. Conflito das leis no tempo. 
Eficácia da lei no espaço. 
Aula 01: Pessoas Naturais. Existência. Personalidade. Capacidade. Nome. 
Estado. Domicílio. Direitos da personalidade. Ausência. 
Aula 02: Pessoas Jurídicas. Constituição. Extinção. Domicílio. Sociedades de 
fato, grupos despersonalizados, associações. Sociedades, fundações. 
Desconsideração da personalidade jurídica. Responsabilidade. 
Aula 03: Bens. Diferentes classes. 
Aula 04: Fatos Jurídicos (1ª Parte). Ato jurídico. 5.1 Fato e ato jurídico. 
Prescrição e Decadência. 
Aula 05: Fatos Jurídicos (2ª Parte). Negócio jurídico. Disposições gerais. 
Classificação, interpretação. Elementos. Representação. Condição. Termo. 
Encargo. Defeitos do negócio jurídico. Validade, invalidade e nulidade do 
negócio jurídico. Simulação. Atos jurídicos lícitos e ilícitos. Prova. 
Aula 06: Atos Ilícitos. Responsabilidade Civil. 
Aula 07: Obrigações. Características. Obrigações de dar. Obrigações de fazer 
e de não fazer. Obrigações alternativas. Obrigações divisíveis e indivisíveis. 
Obrigações solidárias. Obrigações civis e naturais, obrigações de meio, de 
resultado e de garantia. Obrigações de execução instantânea, diferida e 
continuada. Obrigações puras e simples, condicionais, a termo e modais. 
Obrigações líquidas e ilíquidas. Obrigações principais e acessórias. Transmissão 
das obrigações. Adimplemento e extinção das obrigações. Inadimplemento das 
obrigações. Atos unilaterais. 
 
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3 
Aula 08: Contratos. Contratos em geral. Disposições gerais. Extinção. Lei nº 
8.245/1991 e alterações (Locação de imóveis urbanos). Locação em geral, 
sublocações, aluguel, deveres do locador e do locatário, direito de preferência, 
benfeitorias, garantias locatícias, penalidades civis, nulidades, locação 
residencial, locação para temporada, locação não residencial. Preferências e 
privilégios creditórios. 
Aula 09: Espécies de contratos regulados no Código Civil. 
Aula 10: Posse. Direitos reais. Propriedade. Direitos autorais. Superfície. 
Servidões. Usufruto. Uso. Habitação. Direito do promitente comprador. Direitos 
reais de garantia. 
Aula 11: Direito de família. Casamento. Relações de parentesco. Regime de 
bens entre os cônjuges. Usufruto e administração dos bens de filhos menores. 
Alimentos. Bem de família. União estável. Concubinato. Tutela. Curatela. 
Aula 12: Direito das sucessões. Sucessão em geral. Sucessão legítima. 
Sucessão testamentária. Inventário e partilha. 
Interessante esclarecer que o edital de Direito Civil ainda menciona outros 
pontos, tais como: Títulos de Crédito, Direito de Empresa, Código de Defesa do 
Consumidor, Estatuto da Criança e do Adolescente, etc., que serão ministrados 
por outro professor. 
Vamos agora explicar como será desenvolvido nosso curso. 
Cada aula contém a matéria referente a um capítulo do Direito Civil que 
está no edital, sendo que a mesma será exposta de uma forma direta e 
objetiva. Durante as aulas forneço o maior número de exemplos possível. 
Tenho certeza que mesmo uma pessoa que não seja formada em Direito terá 
plenas condições de acompanhar o curso e entender tudo o que será 
ministrado. No entanto não posso fugir de algumas ‘complexidades jurídicas’, 
pois estas também costumam cair nas provas, principalmente nas 
elaboradas pelo CESPE/UnB. Costumo dizer que os examinadores gostam 
de pedir “as exceções de uma regra...” e também “as exceções da exceção...”. 
Desta forma, darei um enfoque especial a estes aspectos, chamando a 
atenção do aluno quando um ponto é mais exigido no concurso e onde podem 
ocorrer as famosas “pegadinhas”. 
Em todas as aulas, após apresentar a parte teórica, com muitos 
exemplos práticos, sempre faço um quadro sinótico, que na verdade é o 
resumo da aula. É o que eu chamo de “esqueleto da matéria”. A experiência 
demonstra que esse “quadrinho” é de suma importância, pois se o aluno 
conseguir memorizá-lo,saberá situar a matéria e completá-la de uma forma 
lógica e sequencial. Portanto, após ler toda a aula, o aluno deve também ler 
(e reler) o resumo apresentado, mesmo que tenha entendido toda matéria. 
Sem dúvida alguma, esta é uma excelente maneira de fixação do conteúdo 
da aula. Além disso, é ótimo para rápidas revisões às vésperas de um 
exame. 
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4 
Ao final de cada aula também apresento alguns exercícios. Aliás, muitos 
exercícios. São testes que já caíram em concursos anteriores. Este ponto 
merece um destaque especial em nosso curso. Trata-se de um diferencial. 
Até por experiência própria, entendo que os exercícios são imprescindíveis 
para um curso direcionado para concursos. Uma aula, por melhor que seja, só 
é completa se tiver exercícios, pois é por meio deles que o aluno vai pegando a 
“malícia” de uma prova. Inicialmente eles têm a finalidade de revisar o que foi 
ministrado na aula e fixar, ainda mais, a matéria dada. Resolver questões já 
aplicadas em concursos anteriores é, indiscutivelmente, uma das melhores 
formas de se preparar para exames. Observem como os concursos 
costumam repetir questões que já caíram em outros exames ou fazer 
“variações sobre um mesmo tema”. Devo esclarecer que alguns testes foram 
adaptados, acompanhando as alterações legislativas que vem ocorrendo a 
todo o momento e também com inserção de mais alternativas em algumas 
questões. 
Agora uma observação. Como dissemos acima, o CESPE costuma 
elaborar questões no sistema “Certo ou Errado”. Ocorre que esta prova fará 
pelo sistema de “múltipla escolha”. Como quase todas as questões que 
temos se refere a Certo ou Errado, será desta forma que enviaremos as 
questões de provas anteriores. No entanto, o importante é que o aluno pegue 
a malícia do CESPE, ou seja, o que é exigido por esta banca, 
independentemente de ser Certo ou Errado ou múltipla escolha. 
Finalmente, qualquer dúvida que porventura o aluno ainda tenha 
referente à aula deve ser encaminhada ao fórum deste site, para que eu 
possa respondê-la da melhor forma possível. Assim, as perguntas dos alunos e 
as minhas respostas ficarão disponíveis para todos os matriculados no curso, 
enriquecendo ainda mais o nosso projeto. Por esse motivo é importante que o 
aluno leia todas as perguntas e respostas que já foram elaboradas e 
encaminhadas, mesmo que feitas por outros alunos, pois às vezes as suas 
dúvidas podem ser as mesmas que outro aluno já formulou. 
Com a exposição da matéria teórica acompanhada de exemplos práticos, 
quadros sinóticos, resumos e uma boa quantidade de testes com gabarito 
comentado, possibilitando ainda ao aluno eliminar qualquer dúvida que reste 
através do nosso fórum, acreditamos ser este trabalho uma importante 
ferramenta para o conhecimento e aprimoramento nos estudos. 
Finalizo, desejando a todos os votos de pleno êxito em seus 
objetivos, com muita tranquilidade e paz durante os estudos e na hora da 
realização das provas. 
 Um forte abraço a todos. 
 
Lauro R. Escobar Jr. 
DIREITO CIVIL: 
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Aula Demonstrativa 
 
Meus amigos e alunos: antes de iniciar uma aula, costumo colocar no início 
e em destaque os itens que o edital expressamente exige e que serão 
abordados, bem como a legislação a ser consultada, para que o aluno 
acompanhe o que está sendo ministrado, facilitando o estudo. Vejamos: 
����Itens específicos do edital que serão abordados nesta aula →→→→ LEI DE 
INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO (LINDB). Vigência, 
aplicação, interpretação e integração das leis. Conflito das leis no tempo. Eficácia da 
lei no espaço. 
����Legislação a ser consultada: Decreto-Lei n° 4.657/42 (Lei de Introdução às 
Normas do Direito Brasileiro). 
 Outra coisa: para que o aluno possa manusear de forma mais prática o 
material, sempre faço um “pequeno índice” antes de começar a aula. Desta 
forma, principalmente quando o aluno deseja apenas revisar um ponto na 
matéria, ou tirar uma dúvida a respeito de um item específico, pode ir 
DIRETO AO PONTO utilizando este índice. 
 
Índice 
 
INTRODUÇÃO E RESUMO DA LINDB .................................................. 06 
Fontes de Direito Civil .................................................................. 07 
Características da lei .................................................................... 10 
Classificação das leis .................................................................... 11 
VIGÊNCIA DAS LEIS NO TEMPO ........................................................ 17 
Início da obrigatoriedade ............................................................. 18 
Fim da obrigatoriedade ................................................................ 25 
Repristinação ............................................................................... 28 
Leis gerais e especiais .................................................................. 30 
Conflito das normas no tempo ...................................................... 30 
Interpretação das leis ...................................................................... 35 
Integração da norma jurídica ........................................................... 37 
Antinomia: conflito entre as normas ................................................ 42 
VIGÊNCIA DAS LEIS NO ESPAÇO ...................................................... 45 
Estatuto de Direito Internacional ................................................. 47 
RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA ..................................................... 51 
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Bibliografia Básica ........................................................................... 55 
EXERCÍCIOS COMENTADOS (CESPE) ................................................ 56 
Vamos agora entrar na matéria... 
 Mas... primeiro... uma curiosidade. O Decreto-Lei n° 4.657/42 tinha 
como “nome” (ou ementa) “Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro”. Pois 
bem... a Lei n° 12.376 de 31 de dezembro de 2010 alterou esse nome para 
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Ou seja, nossos 
parlamentares elaboraram uma lei apenas para alterar o nome da lei. Nada, 
absolutamente nada, mudou em seu conteúdo. E a intenção foi somente deixar 
claro o que já dizíamos há muito tempo: a Lei de Introdução não tem aplicação 
somente ao Código Civil, mas sim a todo o Direito, respeitadas as 
peculiaridades de cada matéria, como veremos. 
Feita esta observação, comecemos... 
 
LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO 
 
Em 2003 entrou em vigor o novo Código Civil (Lei n° 10.406/02). Ele foi 
publicado no dia 10 de janeiro de 2002, mas somente entrou em vigor no ano 
seguinte. Antes disso já vigorava uma lei conhecida como Lei de Introdução ao 
Código Civil (ou simplesmente LICC), que é o Decreto-lei n° 4.657, de 04 de 
setembro de 1942, que atualmente é chamada de Lei de Introdução às 
Normas do Direito Brasileiro (ou simplesmente LINDB). 
Importante salientar que a Lei de Introdução não é parte integrante 
do Código Civil. O novo Código não a revogou a Lei de Introdução, nem a 
incorporou em seu texto. Ou seja, Código Civil e Lei de Introdução são leis 
autônomas e independentes entre si. Como diz seu próprio nome, suas 
normas são aplicáveis não só ao Direito Civil, mas também a todo nosso 
ordenamento jurídico (evidentemente que respeitadas as peculiaridades de 
cada matéria). 
Na realidade a Lei de Introdução é um conjunto de normas sobre 
normas (alguns autores a chamam de lex legum: lei das leis), isto porque 
disciplinaas próprias normas jurídicas, prescrevendo-lhes a maneira de 
aplicação e entendimento, predeterminando as fontes e indicando-lhes as 
dimensões espaço-temporais. Ela não rege a vida das pessoas (como o Código 
Civil), mas sim das próprias normas jurídicas, ultrapassando o âmbito do 
Direito Civil e atingindo tanto o direito privado quanto o público, salvo 
naquilo que for regulado de forma diferente na legislação específica. Contém 
normas de sobredireito (também chamadas de normas de apoio, pois visa 
regular outras normas). Trata-se de um código de normas. A doutrina a 
considera como uma “lei de introdução às leis” por conter princípios gerais 
sobre as normas sem qualquer discriminação, indicando como aplicá-las. E, 
DIREITO CIVIL: 
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reforçando, continua em vigor, a despeito do novo Código Civil, de forma 
autônoma e em sua plenitude. 
 RESUMINDO A LINDB 
• Arts. 1° e 2° →→→→ vigência e eficácia das normas jurídicas sob o 
aspecto temporal (ou seja, determinando como e quando a lei entra em 
vigor). 
• Art. 3° →→→→ obrigatoriedade geral e abstrata das normas; garantia da 
eficácia global da ordem jurídica (ou seja, não admite a ignorância de lei 
vigente). 
• Art. 4° →→→→ fontes e mecanismos integração das normas (ou seja, 
quando houver lacunas na lei). 
• Art. 5° →→→→ critérios de interpretação das normas (hermenêutica 
jurídica). 
• Art. 6° →→→→ aplicação da norma no tempo (direito intertemporal: 
solução de conflitos temporais, dando certeza e segurança no 
ordenamento). 
• Arts. 7° a 19 →→→→ aplicação da norma no espaço (território). Também 
contem normas de Direito Internacional público e privado 
estabelecendo critérios para eliminar conflitos de normas entre Países 
(ex.: competência judiciária brasileira, prova de fatos ocorridos no 
estrangeiro, eficácia de tratados e convenções assinadas pelo Brasil, 
execução de sentença proferida no exterior, atos praticados pelas 
autoridades consulares brasileiras no exterior, etc.). 
FONTES DO DIREITO CIVIL 
Inicialmente, vamos falar sobre as “Fontes de Direito Civil”. Na verdade a 
expressão “Fontes do Direito” é figurada. Em sentido comum, fonte significa 
a origem, o nascedouro (daí fonte de água). Em sentido técnico significa onde 
o direito nasce ou o meio pelo qual se estabelecem as normas jurídicas. Para 
fundamentar uma sentença, o Juiz precisa apontar o dispositivo (que é a fonte) 
para fundamentá-la. São necessários dois elementos para caracterizar uma 
fonte de direito: segurança e certeza. Cada autor possui uma classificação 
própria de fonte de direito. Citamos duas formas de se classificar. Aliás, muito 
parecidas. 
A primeira é a seguinte: 
• Fontes formais: formadas pela lei, a analogia, os costumes e os 
princípios gerais de direito. Lembrem-se que no Brasil a lei é a 
principal fonte de Direito. As demais são apenas formas acessórias. 
Mas nem por isso são menos importantes, especialmente para fins de 
concurso. 
• Fontes não-formais: formadas pela doutrina e pela jurisprudência. 
Para outra corrente doutrinária, a classificação é um pouco diferente: 
DIREITO CIVIL: 
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• Fontes diretas ou imediatas: são as que geram por si mesmas a regra 
jurídica (lei e costumes). Observem que esta classificação possui um 
caráter mais restrito, pois não menciona a analogia e os princípios gerais 
de direito, que seriam formas de integração (e não fontes) da norma 
jurídica. 
• Fontes indiretas ou mediatas: são as que não geram por si mesmas a 
regra jurídica, mas contribuem para que a mesma seja elaborada 
(doutrina e jurisprudência). 
FONTES INDIRETAS 
DOUTRINA é a interpretação da lei feita pelos estudiosos da matéria. 
Também é chamada de Direito Científico. Forma-se doutrina por meio dos 
pareceres dos jurisconsultos, das pesquisas, ideias e ensinamentos dos 
professores, das opiniões e juízos críticos dos tratadistas e dos trabalhos 
forenses, especialmente se há alguma controvérsia. Esta nossa aula, por 
exemplo, embora singela sob o ponto de vista jurídico, não deixa de ter um 
conteúdo doutrinário. 
JURISPRUDÊNCIA é a interpretação da lei feita pelos juízes em suas 
decisões. Como fonte de direito podemos dizer que a jurisprudência é o 
conjunto uniforme, constante e pacífico das decisões judiciais sobre 
determinada matéria em determinado sentido. “Uma andorinha não faz verão” 
e, da mesma maneira, uma decisão solitária não constitui jurisprudência. Por 
isso é necessário que as decisões se repitam e sem variações de fundo. 
Costuma-se usar o termo “jurisprudência mansa e pacífica” quando as decisões 
não sofrem alterações em julgados da mesma natureza. Quanto à importância 
dela, diversificam os sistemas jurídicos contemporâneos. Para os anglo-saxões, 
de direito costumeiro (dizemos direito consuetudinário – direito dos 
costumes), ela é de suma importância; a pessoa que tem a jurisprudência a 
seu favor certamente ganhará a causa (common law). Já para o nosso sistema 
jurídico, teoricamente, ela não tem tanta relevância, pois nosso sistema é 
baseado nas leis (civil law). No entanto, na prática, a jurisprudência tem-se 
revelado como uma importante fonte criadora de Direito e uma ótima 
ferramenta para os juristas. Basta verificar a quantidade de Súmulas de 
Jurisprudência de nossos Tribunais Superiores. A jurisprudência é fonte 
indireta de direito porque muitas vezes cria soluções não encontradas na lei ou 
em outras fontes. Mas, embora se constitua numa importante fonte de 
consulta, os Juízes não são obrigados a segui-la. 
É possível que a partir de agora a jurisprudência tenha maior relevância 
no cenário do Direito, pois a chamada “Reforma do Poder Judiciário” (Emenda 
Constitucional n° 45/04) aprovou a “Súmula de Efeitos Vinculantes”. Há uma 
grande discussão a respeito do tema, dividindo os autores a respeito dos “prós 
e contras” do dispositivo, pois por um lado ela “engessaria” a magistratura, 
tornando o direito estático, impossibilitando a interpretação do Juiz e afetando 
DIREITO CIVIL: 
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sua independência. Mas por outro lado dará uma melhor igualdade sistêmica, 
conferindo maior homogeneidade nas decisões judiciais e limitando o excessivo 
número de recursos para matérias que já foram amplamente debatidas, 
desafogando o Poder Judiciário. Mas não estamos aqui para defender uma ou 
outra posição. Nosso objetivo é dizer que atualmente elas existem, estão 
previstas na Constituição e por isso devem ser cumpridas. E caem nos 
concursos... 
Explicando melhor o assunto: Súmulas são enunciados que, sintetizando 
as decisões assentadas pelo respectivo Tribunal em relação a determinados 
temas específicos de sua jurisprudência, servem de orientação para toda 
comunidade jurídica; são extraídas de reiteradas decisões judiciais em um 
mesmo sentido. As Súmulas podem ser vinculantes ou não vinculantes. As de 
efeito vinculante estão fundamentadas no art. 103-A da Constituição 
Federal, dispositivo este regulamentado pela Lei n° 11.417/06. Elas somente 
podem ser editadas pelo Supremo Tribunal Federal, de ofício ou por 
provocação, mediante decisão de dois terços de seus membros, depois de 
reiteradas decisões sobre matéria constitucional. A partir de sua publicação 
na imprensa oficial ela terá um efeito chamado “vinculante”, que torna estas 
Súmulas obrigatórias aos demais órgãos do Poder Judiciário e à 
Administração Pública (direta e indireta), nas esferas federal, estadual e 
municipal. Também poderá ser revisada ou cancelada pela nossa Suprema 
Corte, na forma estabelecida em lei. Alguns autores entendem que estas 
súmulas, ainda que tenhamefeito vinculante, por não serem atos normativos 
(e sim interpretativos do STF), são fontes indiretas. Já outros autores 
entendem que o efeito vinculante da súmula é a sua obrigatoriedade, conferida 
a determinado enunciado jurisprudencial. Neste caso específico, afasta-se a 
mera orientação, passando a obrigar o judiciário e os órgãos da administração 
a adotarem o conteúdo dela. Atribuindo-se as características essenciais de 
imperatividade e coercibilidade, passam a ser fontes diretas (um pouco de 
common law em nosso direito). Existe também a chamada “Súmula Impeditiva 
de Recurso”, que na realidade é um mecanismo que possibilita o Juiz não 
receber recurso de apelação interposto contra sua sentença, caso esta esteja 
de acordo com alguma súmula do Supremo Tribunal Federal (STF) ou do 
Superior Tribunal de Justiça (STJ). 
FONTES DIRETAS 
Falemos, agora sobre as Fontes Diretas, que são as mais importantes 
para nosso sistema jurídico e, por isso mais complexas exigindo um estudo 
mais aprofundado: 
COSTUMES 
Costume é o uso reiterado, constante, notório e uniforme de uma conduta, 
na convicção de ser a mesma (a conduta) obrigatória. Falaremos mais acerca 
dos costumes no tópico “formas de integração das normas jurídicas”. Isso 
DIREITO CIVIL: 
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porque o costume pode ser considerado como fonte de Direito e também como 
forma de integração da norma jurídica. 
LEI 
É a principal fonte de Direito no Brasil. Etimologicamente o vocábulo lei 
é originário do verbo latino legere = eleger, escolher (em sentido figurado 
seria a escolha de uma determinada regra dentro de um conjunto). A lei pode 
ser definida de vários modos. Para conceituá-la adotamos o ensinamento da 
Professora Maria Helena Diniz: Lei é a norma imposta pelo Estado e tornada 
obrigatória na sua observância, assumindo forma coativa. Também podemos 
conceituá-la como sendo um preceito jurídico escrito formulado por meio de 
um processo previamente definido pela autoridade competente, sendo 
instituidora de uma ordem jurídica, impondo-se coercitivamente a todos 
(somente o Estado detém o monopólio da força coercitiva), protegendo 
interesses e normatizando as ações. 
Atualmente há uma exigência de maior certeza e segurança para as 
relações jurídicas. Por isso, nas sociedades modernas, há um entendimento de 
supremacia da lei, da norma escrita sobre as demais fontes. Portanto a lei é, 
indiscutivelmente, a fonte mais importante na ordem jurídica brasileira. Trata-
se, portanto, de uma norma jurídica escrita, elaborada pelo Poder Legislativo, 
por meio de um processo adequado, de caráter geral e obrigatório. 
Vejam o que diz nossa Constituição Federal: “Ninguém será obrigado a 
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (art. 5°, inciso 
II: Princípio da Legalidade). E o art. 4° da Lei de Introdução ao Código Civil 
determina que somente quando a lei for omissa é que se aplicarão as demais 
formas de expressão de direito. O Código de Processo Civil (CPC), em seu art. 
126, também prevê que “o juiz não se exime de sentenciar ou despachar 
alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á 
aplicar as normais legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos 
costumes e aos princípios gerais de direito”. 
CARACTERÍSTICAS DA LEI 
• Generalidade: não se dirige a um caso particular, mas a um número 
indeterminado de indivíduos, tendo-se em vista o seu caráter abstrato 
(pode ser destinada a todos os cidadãos em geral ou a uma categoria de 
pessoas, como o Regulamento Disciplinar da Polícia Militar ou o Estatuto 
dos Funcionários Civis). 
• Imperatividade: impõe um dever, uma conduta a ser observada pelos 
indivíduos. Trata-se de ordem, quando exige a prática de uma ação ou 
uma proibição quando exige uma abstenção. 
• Autorizamento: autoriza que o lesado pela violação exija o seu 
cumprimento ou a reparação pelo mal causado. 
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• Permanência: a lei não se exaure numa só aplicação; ela perdura até 
que seja revogada por outra. No entanto, como veremos adiante, algumas 
normas são temporárias, como por exemplo, as disposições transitórias de 
uma lei, as leis orçamentárias, etc. 
• Competência: como a lei é um ato do Estado, deve emanar de 
autoridade competente, ou seja, respeitando o processo legislativo 
previsto na Constituição. Se o ato for emanado por autoridade 
incompetente será considerado nulo, não sendo possível a sua 
convalidação e não estando apto a produzir efeitos, podendo haver um 
questionamento perante o Poder Judiciário. 
 Observação Alguns autores ainda acrescentam como característica o 
registro escrito da lei, pois garante maior estabilidade das relações 
jurídicas, com a sua consequente divulgação em órgãos oficiais (publicação 
em Diário Oficial). 
CLASSIFICAÇÃO DAS LEIS 
Existem várias formas de se classificar as leis. Depois de ler muito sobre o 
assunto, elaborei uma classificação, baseada na melhor e mais atualizada 
doutrina. A classificação que daremos a seguir ajuda o aluno a entender o 
sentido de diversas palavras que têm caído nos concursos. Já vi cair em alguns 
testes, logo no enunciado da questão, o seguinte: “Nossa lei adjetiva 
prescreve......” O que é uma lei adjetiva? E uma lei substantiva? E cogente? E 
dispositiva? Vejamos as respostas destas indagações... 
A) Quanto à Obrigatoriedade (ou imperatividade) 
 Cogentes (imperatividade absoluta ou ordem pública): são as normas 
que ordenam ou proíbem determinada conduta; estabelecem princípios de 
aplicação obrigatória; não podem ser ignoradas ou alteradas pela vontade 
dos interessados. Ex.: os requisitos e solenidades para se contrair um 
casamento são absolutos, pois a vontade dos contraentes não é levada 
em consideração; neste caso, na hipótese de desrespeito, a consequência 
é a nulidade do ato (ex: um viúvo é proibido de casar com a sua sogra; 
mesmo que ambos queiram, isto é proibido; se eventualmente 
conseguiram se casar, este casamento é nulo). As normas cogentes 
podem ser mandamentais (quando ordenam uma determinada ação) ou 
proibitivas (quando impõem uma abstenção, um não-fazer). 
 Dispositivas (ou não-cogentes ou de imperatividade relativa): são as 
normas de ordem particular. Não proíbem nem determinam uma conduta 
de modo absoluto, por não estarem ligadas diretamente ao interesse da 
sociedade. Por isso, apesar da lei dizer algo, as pessoas podem 
convencionar de modo diverso, como melhor lhes convier. A norma irá 
funcionar no silêncio dos contratantes. Ex.: o art. 327, CC prevê que o 
pagamento de uma dívida deve ser feito no domicílio do devedor, salvo se 
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as partes convencionarem diversamente. Assim, se um contrato for 
omisso em relação ao pagamento, este deverá ser feito no domicílio do 
devedor. Outro exemplo: o art. 313, CC estabelece que um credor não é 
obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, mesmo que 
mais valiosa. Ele credor não é obrigado, mas ele pode aceitar outra coisa 
ao invés daquela originalmente pactuada. As normas dispositivas podem 
ser: a) permissivas: quando permitem que os interessados disponham 
como lhes convier (ex.: regime de bens no casamento, art. 1.639, CC: “É 
lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto a 
seus bens, o que lhes aprouver”); b) supletivas: quando se aplicam na 
falta de manifestação de vontade das partes (aproveitando o exemplo 
anterior, art. 1.640, CC: “Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou 
ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da 
comunhão parcial”).B) Quanto à sua Natureza 
 Substantivas (também chamadas de materiais, primárias ou de primeiro 
grau): são as que geralmente conferem direitos e deveres, estabelecendo 
os requisitos para seu exercício. Elas visam realizar uma ordem à 
sociedade, disciplinando a conduta dos indivíduos no seu cotidiano. Nosso 
ordenamento jurídico, na sua maior parte, possui normas de natureza 
substancial, sejam elas no plano Constitucional ou Infraconstitucional, em 
suas especialidades como o Civil (Código Civil), Penal (Código Penal), 
Tributário (Código Tributário Nacional). E assim por diante nas outras 
matérias: Comercial, Trabalhista, Militar, Eleitoral, etc. Mesmo que não 
haja um Código específico, uma lei pode ser considerada material, como 
no Direito Administrativo. 
 Adjetivas (também chamadas de formais, processuais, secundárias ou de 
segundo grau): nosso ordenamento jurídico possui um grupo de normas 
também denominadas de instrumentais, que irão realizar a eficácia 
contida na norma material. Elas regem o exercício da jurisdição, buscando 
organizar o trâmite de um processo. Assim o direito adjetivou ou 
processual é um instrumento para solucionar eventual conflito do direito 
material; ele traça os meios para a realização do direito material. 
Exemplos: Código de Processo Civil, Código de Processo Penal, etc. É de 
se observar que a aplicação do Direito Processual é exclusiva do Poder 
Judiciário, exercendo sua função típica (lembrando tanto o Poder 
Legislativo, como o Executivo também podem exercer a função julgadora, 
porém de forma atípica). 
Exemplificando. Duas pessoas querem se casar! Quais as normas aplicáveis? 
Normas de direito material (ou Substantivas). Ou seja, para um casamento 
aplica-se o Código Civil. É ele quem vai apontar todas as formalidades para o 
casamento, irá prever os regimes de bens que os nubentes podem escolher e 
adotar, as proibições para o casamento, as nulidades, etc. Passados alguns 
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anos estas pessoas desejam se separar! E agora? Quais as normas aplicáveis? 
Normas de direito processual (ou adjetivas). Ou seja, essas pessoas 
necessitarão ingressar com uma ação no Poder Judiciário e o processo irá 
tramitar de acordo com as normas processuais. O divórcio está previsto no 
Código Civil; mas os meios para se divorciar estão disciplinados no Código de 
Processo Civil. 
Outro Exemplo. Duas pessoas desejam celebrar uma locação: aplicam-se 
então as disposições do direito material, sendo elaborado um contrato. Uma 
das partes não respeita o contrato (ex: deixa de pagar o aluguel). Surge para 
a outra o direito de ingressar com uma ação de despejo, que é norma do 
direito processual (ou adjetiva). Mais um Exemplo: “A” matou “B”. Pelo Código 
Penal (direito material ou substantivo) cometeu o crime de homicídio (art. 
121). E agora? Como fazemos? Esta pessoa será processada! Mas como se 
desenvolverá o processo? É o Direito Processual Penal (direito adjetivo ou 
formal) que determinará qual o rito que o processo seguirá. O direito material 
irá descrever o crime e as penas. E direito processual irá estabelecer o rito que 
o processo seguirá. Assim, se uma regra do direito material não for observada 
o Estado-juiz é acionado para que o conflito seja composto. E é aí que inicia o 
âmbito de atuação do direito processual. 
Finalizando: durante o trâmite de um processo, o Juiz deve aplicar as normas 
de direito material que estavam em vigor quando da existência do conflito 
(como regra estas regras não retroagem). Já as normas de direito processual, 
como regra, têm vigência imediata. Se uma regra processual for alterada no 
curso de um processo em trâmite, ela já se aplica a este processo (ressalvados 
apenas os atos já realizados). Nesta aula, mais adiante, falaremos de forma 
detalhada sobre o princípio da retroatividade das leis. 
C) Quanto ao Autorizamento (encaradas sob o prisma da sanção) 
 Mais que perfeitas: são as que autorizam a aplicação de mais de uma 
sanção na hipótese de sua violação: nulidade do ato ou o 
restabelecimento à situação anterior e ainda uma aplicação de pena ao 
violador. Ex.: uma pessoa casada contraiu novas núpcias. Para o Direito 
Civil este segundo casamento é considerado nulo. Além disso, esta pessoa 
também irá responder pelo crime de bigamia (Direito Penal). Outro 
exemplo: o não pagamento da pensão alimentícia pode gerar a prisão civil 
do devedor, além da execução judicial da obrigação de pagar a dívida. A 
Lei de Alimentos prevê expressamente (art. 19, §1°, da Lei n° 5.478/68) 
que o cumprimento integral da pena de prisão não eximirá o devedor do 
pagamento das prestações alimentícias vincendas ou vencidas e não 
pagas. 
 Perfeitas: a violação a elas autoriza apenas nulidade ou anulabilidade do 
ato, sem gerar outra penalidade ao violador. Ex.: pessoa menor de 16 
anos que vendeu sua casa sem ser representado (negócio nulo: art. 166, 
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I, CC). Pródigo que vendeu seu automóvel sem ser assistido (negócio 
anulável: art. 171, I, CC). 
 Menos que perfeitas: há uma aplicação de sanção ao violador da norma, 
mas o ato não é considerado nulo ou anulável. Ex.: o divorciado, 
enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do 
casal não deve se casar (art. 1.523, I, CC). Mas se ele se casou sem ter 
feito a partilha? –Neste caso o casamento não será anulado. No entanto, o 
regime de bens do novo casamento será, obrigatoriamente, o da 
separação de bens (art. 1.641, I, CC). 
 Imperfeitas: são leis cuja violação não acarreta qualquer consequência 
jurídica, não havendo penalidade alguma. Ex.: perdi dinheiro no jogo; a 
lei prevê que ninguém é obrigado a pagar dívidas de jogo (art. 818, CC). 
O mesmo ocorre com as dívidas prescritas (falaremos sobre isso em aula 
mais adiante). 
D) Quanto ao Alcance 
 Gerais: são as normas de direito comum, que se aplicam para todo um 
sistema de relações jurídicas. Ex.: Código Civil, Código Penal, etc. 
 Especiais: são as que se aplicam a situações jurídicas específicas, 
afastando a aplicação do direito comum para estas situações especiais. 
Ex.: regras específicas relativas aos contratos previstos no Código de 
Defesa do Consumidor, da Lei do Inquilinato, etc. 
E) Quanto às Espécies Normativas 
 Quanto a esse ponto, aconselhamos a leitura da Constituição Federal 
(arts. 59 a 69, CF/88). Como esta matéria não é específica de Direito Civil, se 
quiserem, podem “pular” este item, passando de imediato ao tópico “Vigência 
das Leis”. Nosso objetivo neste ponto é apenas relembrar as diversas 
espécies de lei, consideradas em seu sentido amplo e tecer alguns breves 
comentários sobre elas. Vejamos. 
1) Constitucionais: são as que constam na Constituição, que é um conjunto 
de normas supremas de nosso ordenamento; é a lei máxima de nosso País e 
servem de fundamento para todo o nosso sistema jurídico positivo. Trata-se do 
princípio da supremacia (ou primazia) da Constituição, que está em um 
patamar superior a qualquer outra lei, no topo da pirâmide normativa. Em 
uma apertada síntese, ele limita o poder, organiza o Estado e define os direitos 
e garantias individuais. Nossa Constituição é escrita e da espécie rígida, pois 
exige, para sua alteração, um processo muito mais solene do que é exigido 
para a elaboração das demais espécies normativas (ditas infraconstitucionais). 
Nossa Constituição também possui mecanismos de controle da 
constitucionalidade das leis, permitindo a aplicação de normas incompatíveis 
com a própria Constituição. Recebe também o nome de (isso cai em concurso): 
Lei Fundamental, Lei Suprema, Lei das Leis, Lei Maior, Carta Magna, etc. 
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2) Emendas à Constituição: nossa Constituição permite sua reforma por 
meio de emendas, que podem modificá-la parcialmente (trata-se do Poder 
Constituinte Derivado, ou Reformador, ou de Segundo Grau, ou Limitado). A 
proposta de emenda deve ser discutida e votada em cada Casa do Congresso, 
em dois turnos cada. Considera-se aprovada se obtiver em todas as votações 
três quintos dos votos dos respectivos membros. 
3) Lei Complementares: tratam de matérias especiais, estipuladas na 
própria Constituição, para melhor regulamentar determinado assunto. 
Possuem quorum especial para aprovação (maioria absoluta). 
4) Leis Ordinárias: são as “leis comuns”, elaboradas pelo Poder Legislativo 
(Congresso Nacional = Federal; Assembleia Legislativa = Estadual; Câmara 
dos Vereadores = Municipal). A aprovação se dá por maioria simples ou 
relativa. Lembrando que o Código Civil, apesar do nome, trata-se de uma Lei 
Ordinária. 
 Observações 
O art. 47, CF estabelece que “salvo disposição constitucional em contrário, 
as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria 
dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros”. Por esse dispositivo 
percebe-se que as deliberações legislativas no Brasil são tomadas, em regra, 
pela maioria simples ou relativa de votos, isto é, pelo voto da maioria dos 
presentes, desde que presente na sessão a maioria absoluta dos membros da 
Casa Legislativa. Assim, se a Constituição não exigir expressamente outro 
quorum (maioria absoluta, dois terços, três quintos), aplica-se a regra da 
maioria simples ou relativa. Ex: em relação à lei complementar, a Constituição 
exige expressamente maioria absoluta (art. 69). Mas em relação à lei 
ordinária, a Constituição não estabelece o quorum. Logo, neste caso, aplica-se 
a regra geral, da maioria simples ou relativa. Para se instalar a sessão de 
deliberação, exige a Constituição que estejam presentes, pelo menos, a 
maioria absoluta dos membros da Casa Legislativa. 
Já a maioria absoluta corresponde ao primeiro número inteiro 
posterior à metade dos integrantes da Casa (costuma-se usar a expressão 
“metade mais um”; no entanto, não se aconselha falar assim, pois 
tecnicamente não é correto). Ex: o Senado Federal é composto atualmente de 
81 Senadores, portanto há a necessidade da presença de, pelo menos, 41 
Senadores para instalar a sessão de votação. Se não for obtida esta 
presença mínima (maioria absoluta), a sessão não se instala. Instalada a 
sessão, a matéria será aprovada pela maioria dos votos dos presentes. 
Portanto, uma lei é aprovada por um número variável (e muitas vezes 
reduzido) de votos. Se presentes 60 Senadores à sessão, serão necessários 31 
votos para se aprovar uma lei. Acrescentando: se presentes 60 Senadores e 10 
deles se abstiverem (a abstenção não conta), serão necessários apenas 26 
votos para aprovação. 
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Já para aprovação de uma lei complementar (maioria absoluta), leva-se 
em consideração o número total de integrantes da Casa Legislativa, sendo, por 
isso, um número fixo de votos, independentemente do número de 
parlamentares presentes à sessão. Tomando mais uma vez o exemplo do 
Senado: presentes 41, 57 ou 80 Senadores, o número exigido para aprovação 
da lei complementar é o mesmo: 41 votos (maioria absoluta dos integrantes 
da Casa). O mesmo se aplica à Câmara dos Deputados que atualmente conta 
com 513 Deputados Federais. Resumindo: o quorum da maioria simples é um 
número variável e o da maioria absoluta e também o da qualificada (dois 
terços, três quintos) é sempre fixo. 
5) Leis Delegadas: são normas elaboradas pelo Presidente da República em 
função de autorização expressa do Poder Legislativo e nos limites impostos por 
este. Podem ser internas (o encargo é atribuído a uma comissão do próprio 
Poder Legislativo) ou externas (atribui-se ao chefe do Executivo a elaboração 
da lei). 
6) Medidas Provisórias: são normas com força de lei, editadas pelo 
Presidente da República, em caso de relevância e urgência. Devem ser 
submetidas de imediato ao Congresso Nacional. Este tem 60 dias (prorrogáveis 
por igual período) para analisar o seu texto. Se ela não for apreciada em 45 
dias, entrará em regime de urgência, ficando sobrestadas todas as demais 
deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando, até que se ultime 
a sua votação. Três situações podem ocorrer: a) aprovação (com ou sem 
alteração do texto) – neste caso ela se converterá em lei ordinária, sendo 
promulgada pelo presidente do Senado Federal que a remeterá ao Presidente 
da República para publicação; b) rejeição expressa – neste caso ela será 
arquivada e caberá ao Presidente do Congresso Nacional baixar ato 
declarando-a ineficaz; c) rejeição tácita – se a análise da lei não findar em 120 
dias, também acarreta a perda de sua eficácia. É proibida a reedição da 
medida provisória na mesma sessão legislativa, que tenha sido rejeitada ou 
tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo. 
7) Decretos Legislativos: são normas promulgadas pelo Poder Legislativo 
(Congresso Nacional) sobre assuntos de sua competência (ex: ratificação de 
tratados internacionais; autorização de referendo ou convocação de plebiscito). 
8) Resoluções: são normas expedidas pelo Poder Legislativo (Câmara dos 
Deputados ou Senado Federal), destinadas a regular matéria de sua 
competência, de caráter administrativo ou político, de seu peculiar interesse 
(ex: fixação de subsídios, licença dos parlamentares, perda de cargo, etc.). 
 
 
 
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I. VIGÊNCIA DAS LEIS NO TEMPO 
 
Toda norma jurídica tem um âmbito de aplicação temporal, espacial, 
material e pessoal, dentro dos quais ela tem vigência e validade. Vamos iniciar 
nosso estudo quanto à vigência, analisando as leis sob o aspecto temporal. 
Depois passaremos para o âmbito territorial. 
As leis também possuem um ciclo vital: nascem, aplicam-se a 
determinadas situações, podem ser modificadas e “morrem”. São regidas por 
dois princípios fundamentais: 
1. Princípio da obrigatoriedade das leis (também chamado de princípio 
da inescusabilidade da ignorância das leis). 
Publicada a lei, ninguém se escusa de cumpri-la alegando que não a 
conhece (art. 3°, LINDB), tornando-se obrigatória para todos os seus 
destinatários (ignorantia legis neminem excusat). Tal dispositivo visa garantir a 
estabilidade e a eficácia do sistema jurídico que ficaria comprometido, caso 
admitida a alegação de ignorância de lei em vigor. Segundo a doutrina, três 
teorias procuram justificar este preceito: 
 Presunção legal: uma vez publicada, presume-se que todos leram e 
tomaram conhecimento do teor da lei, tornando-se conhecida de todos. 
 Ficção: pressupõe que se uma lei foi publicada torna-se conhecida de 
todos. 
 Necessidade social: sustenta que a lei é obrigatória e deve ser cumprida 
por todos não por ser de conhecimento ficto ou presumido, mas para 
tornar possível a convivência social. É a mais aceita no mundo 
jurídico, para não se estabelecer o caos ou a anarquia. Em consequência, 
não é necessário se provar em juízo a existência de uma lei, pois parte-se 
do pressuposto que o “Juiz conhece o direito” (jura novit curia). Mas isso 
não se aplica ao direito municipal, estadual, estrangeiro ou 
consuetudinário (art. 337 do Código de Processo Civil). 
O erro de direito (que seria a alegação de desconhecimento da lei) só 
pode ser invocado em raríssimas ocasiões e quando não houver o objetivo de 
furtar-se o agente ao cumprimento da lei (serve para justificar a boa-fé no 
descumprimento de um contrato,sem intenção de descumprir a lei). 
Reforçando. Para a LINDB o desconhecimento da lei não pode ser alegado 
como escusa de seu cumprimento. Para o Código Civil o princípio da 
obrigatoriedade não é absoluto, mas somente é aplicável em situações 
especialíssimas (art. 139, III). 
 
 
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2. Princípio da continuidade das leis 
A partir de sua vigência, a lei tem eficácia contínua, até que outra a 
modifique ou revogue (embora possam existir “leis temporárias”, conforme 
veremos adiante: art. 2°, LINDB). O desuso ou o decurso de tempo, não fazem 
com que a lei perca sua eficácia. 
INÍCIO DA OBRIGATORIEDADE DAS LEIS 
A criação de uma lei obedece a um procedimento próprio, definido nas 
normas constitucionais (arts. 59 a 69, CF/88). Há todo um processo solene de 
elaboração da lei, chamado de processo legislativo, que geralmente passa 
por cinco etapas. Embora este não seja um tema específico do Direito Civil é 
conveniente fazer um resumo sobre o tema. Há várias espécies de leis, 
cada uma possui peculiaridades próprias. Vamos falar sobre o “processo 
padrão” (ou processo legislativo ordinário): 
A) INICIATIVA. É o ato que inicia todo o processo legislativo. Trata-se da 
faculdade conferida a alguém ou a algum órgão para apresentar um projeto de 
lei. A Constituição confere legitimação a várias pessoas e órgãos para a 
apresentação de projetos de lei ao Poder Legislativo. Na área federal, 
dependendo da matéria, cabe: 
1. Iniciativa Parlamentar: a qualquer membro ou comissão do Poder 
Legislativo. 
2. Iniciativa Extraparlamentar: ao Presidente da República (em regime 
normal ou de urgência para apreciar o projeto), Supremo Tribunal Federal, 
demais Tribunais Superiores, Procurador Geral da República e também aos 
cidadãos em geral (iniciativa popular), como previsto no art. 61, CF/88. 
Nesta última hipótese o caso mais famoso foi o da autora de novelas Glória 
Peres, que perdeu uma filha assassinada e liderou uma campanha vitoriosa 
por todo Brasil para incluir o homicídio qualificado como crime hediondo. 
B) DISCUSSÃO E APROVAÇÃO. Apresentado o projeto são realizados 
estudos, debates, redações, correções, emendas e votação do projeto. Este 
trabalho é chamado de deliberação parlamentar. O projeto inicialmente passa 
pelo crivo de comissões parlamentares, dependendo do assunto. No âmbito 
federal, como o nosso sistema é bicameral, o projeto deve ser aprovado pelas 
duas Casas Legislativas (Iniciadora e Revisora). No caso de uma lei ordinária, 
que trata, em tese, de matérias mais simples, a aprovação se dá por maioria 
simples de cada Casa Legislativa. Já uma lei complementar possui um quorum 
qualificado (maioria absoluta), isto para que se tenha certeza de que aquele 
assunto tratado realmente reflete o interesse da sociedade. Lembrando: na 
maioria das vezes a Casa Iniciadora é a Câmara dos Deputados. Isso ocorre 
quando o projeto é apresentado por um Deputado Federal, pelo Presidente da 
República, pelo Supremo Tribunal Federal, pelos Tribunais Superiores, etc. A 
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exceção ocorre quando o projeto é de autoria de um Senador ou comissão do 
Senado. Neste caso a Casa Iniciadora é o próprio Senado Federal. 
A Casa Iniciadora pode aprovar ou rejeitar o projeto. Se for rejeitado, será 
arquivado, não podendo ser apresentado outro sobre a matéria na mesma 
sessão legislativa, salvo se houver proposta da maioria dos Deputados ou dos 
Senadores. Aprovado na Casa Iniciadora (com ou sem emendas) o projeto 
segue para a Casa Revisora, para nova deliberação. Ela poderá: a) aprovar 
integralmente o projeto (segue-se, então, para a próxima etapa, que é a 
sanção ou veto); b) emendar o projeto (neste caso as emendas – somente as 
emendas – retornam para a Casa Iniciadora, podendo aprová-las ou rejeitá-
las); ou c) simplesmente rejeitar o projeto (neste caso ele será arquivado). 
Não há um poder ilimitado para apresentar emendas; elas devem ser 
relacionadas ao tema de que trata o texto. Sendo o projeto de iniciativa 
exclusiva do Presidente da República, não serão admitidas emendas que 
acarretem aumento da despesa prevista, salvo se se tratar de lei orçamentária 
(este “salvo”, como temos visto na prática, é uma “festa”...). 
C) SANÇÃO OU VETO. Nesta fase o Poder Executivo participa do processo 
(deliberação executiva). No plano federal é ato exclusivo da alçada do 
Presidente da República. 
1. Com a sanção ele manifesta a sua concordância com o projeto 
aprovado pelo Poder Legislativo. Há uma conjugação das vontades dos Poderes 
Legislativo e Executivo, nascendo a lei. A sanção incide em um projeto de lei e, 
ao incidir, faz com que este projeto se transforme em lei. O projeto pode ser 
sancionado de forma expressa (quando o Executivo se manifesta por 
despacho, aprovando o projeto) ou tácita (quando o Executivo simplesmente 
se omite, deixando de apreciar o projeto no prazo de 15 dias úteis), conforme 
estabelece o art. 66, §3°, CF/88. 
2. Com o veto o chefe do Executivo manifesta sua recusa ou não-
concordância com o projeto de lei. O veto é irretratável e deve ser sempre 
expresso e motivado. Não há o chamado “veto tácito”, pois o silêncio do 
Chefe do Executivo implica em sanção. O veto pode ser total, quando atinge 
todos os dispositivos do projeto ou parcial, quando atinge um ou alguns dos 
dispositivos do projeto. Como falei acima, o veto deve ser motivado. E são dois 
os motivos para se vetar: inconstitucionalidade e/ou inconveniência. Costuma-
se dizer que o veto é jurídico (caráter formal) quando o projeto é considerado 
inconstitucional; ele contraria a Constituição. Por outro lado ele pode ser 
político (caráter material - mérito), ou seja, contrário ao interesse público; o 
Chefe do Executivo faz um juízo sobre a inconveniência de se aprovar 
determinada matéria. Assim, um projeto pode ser constitucional, e, mesmo 
assim, ser vetado por não ser conveniente para o interesse público. O veto só 
pode ser supressivo, ou seja, o Chefe do Executivo nada pode acrescentar ao 
projeto; ele somente pode retirar. Não pode haver veto de palavras isoladas; 
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isso para evitar alterações ou inversões de sentido (ex.: vetar a palavra 
“não”). O veto, ainda que parcial, deve abranger o texto integral do artigo, de 
parágrafos (§1°, §2° ...), de incisos (I, II, III...), ou alíneas (“a”, “b”, “c”...). 
Por outro lado o veto pode ser superado (ou derrubado). Isto é, 
ocorrido o veto, o Presidente da República comunica ao Presidente do Senado 
os motivos do veto no prazo de 48 horas e o Congresso Nacional irá reapreciar 
a matéria, no prazo de 30 dias. A votação será feita pelo Congresso Nacional, 
de forma conjunta, mas os votos dos Deputados e Senadores serão 
computados separadamente. Ou seja, embora a sessão seja conjunta, para 
derrubar o veto é necessária a maioria absoluta dos Deputados e dos 
Senadores. Sendo o veto total e não sendo alcançada a maioria absoluta em 
cada Casa, encerra-se o processo legislativo (o projeto será arquivado). Se o 
veto for parcial e o mesmo for mantido, o próprio Presidente do Congresso 
promulgará a lei (evidentemente que somente com as partes não vetadas), 
uma vez que o texto já estava com a concordância com o Chefe do Executivo. 
Se o veto for derrubado, o projeto volta ao Chefe do Executivo apenas para a 
promulgação. 
D) PROMULGAÇÃO (existência da lei). Decorre da sanção e tem o significado 
de proclamação, de “ateste de validade de lei”. Dá-se conjuntamente com a 
sanção, quando o Presidente da República assina o projeto de lei. Promulgar é 
declarar a existênciade uma lei, inovando-se a ordem jurídica. Costuma-se 
dizer que “a lei nasce com a promulgação”. Quando está escrito no texto da lei 
...faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei... 
implicitamente quer dizer que a lei também está sendo promulgada, no mesmo 
tempo e instrumento. Apesar de ocorrer conjuntamente, a doutrina majoritária 
gosta de afirmar que “a sanção incide sobre o projeto de lei (transforma o 
projeto de lei em lei), enquanto a promulgação já incide sobre a lei (declara a 
existência de uma lei válida; por isso o que se promulga é a lei e não o 
projeto)”. O Chefe do Executivo atesta perante a sociedade a existência 
válida de uma lei, ordenando-lhe o respectivo cumprimento. Lembrando 
que não há sanção ou veto no caso de uma Emenda Constitucional, mas sim 
de promulgação pelas mesas da Câmara e do Senado. Nos casos de sanção 
tácita (transcorreram 15 dias úteis sem manifestação do Executivo) ou 
derrubada de veto, o Chefe do Executivo terá 48 horas para promulgar a lei. 
Não o fazendo no prazo a atribuição cabe ao Presidente do Senado. 
E) PUBLICAÇÃO. É o ato por meio do qual se dá a divulgação da existência 
da nova lei em órgão oficial, tornando-se, portanto, conhecida de todos (trata-
se de uma presunção). A finalidade da publicação é garantir (ao menos 
potencialmente) que uma lei seja conhecida por todos os que estarão sujeitos 
ao seu comando; é uma condição de vigência e de eficácia da lei. Como já 
dissemos, a teoria mais aceita para justificar a obrigatoriedade da lei para 
todos é a da necessidade social. Com a publicação encerra-se o processo 
legislativo. 
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 Resumindo Observando-se o processo de criação de uma lei (processo 
legislativo) notamos que a lei só deixa de ser um projeto quando ocorre a 
sanção. Já na promulgação atesta-se a existência de uma lei válida, 
confirmando sua executoriedade (possibilidade de ser executada). Todavia, 
para que possa ser aplicada e possa produzir seus efeitos, a lei deve ser 
obrigatória, e a obrigatoriedade depende de sua publicação oficial. Mas não 
é só, para que a lei possa obrigar seus destinatários não basta a simples 
publicação; é preciso ainda que a lei possua vigência. Assim, mesmo antes 
de ser publicada, uma lei já é executável e existente. No entanto, ainda que 
exista e que se possa cobrar sua produção de efeitos, só isso não basta. É 
preciso, também, que se tenha dado conhecimento aos destinatários da lei, o 
que ocorre mediante sua publicação em veículo oficial. Com isso pode-se falar 
que ela é obrigatória. E ainda assim, para que possa produzir seus efeitos ela 
precisa estar vigente, ou seja, apta para produzir seus efeitos. 
 Frases da doutrina referentes a este tópico que costumam cair em 
concurso: “A promulgação, por ser ato de competência do Executivo, é que 
dará força executória à lei, que tenha sancionado, dando-lhe autenticidade”. “A 
executoriedade é efeito da promulgação”. “A obrigatoriedade é efeito da 
publicação”. “A obrigatoriedade supõe a publicação, sendo que a lei só a 
adquirirá após a vacatio legis” (que veremos mais adiante). 
����IMPORTANTE ���� Distinção entre validade, vigência e eficácia. 
a) Validade: qualidade da norma por terem sido obedecidas as condições 
formais e materiais para sua produção. Validade Formal: norma produzida 
por autoridade legítima e competente (competência para elaboração da 
lei), além da tramitação pelo devido processo legislativo e consequente 
integração no sistema jurídico da sociedade. Validade Material: diz respeito 
ao conteúdo da norma; se está de acordo com nosso sistema jurídico (ex.: 
respeito à Constituição). 
b) Vigência: deriva da expressão latina vigentia (do verbo vigere, vigens – 
estar em voga, vigorar), que significa a qualidade de vigente, o tempo durante 
o qual uma coisa vige ou vigora. Refere ao intervalo de tempo em que a norma 
jurídica está legalmente autorizada a produzir seus efeitos. É o período de 
vida da lei, que vai do momento em que ela entra em vigor (passa a ter força 
vinculante; início da obrigatoriedade) até o momento em que é revogada, ou 
em que se esgota o prazo prescrito para sua duração (lei temporária). Como 
veremos a seguir, uma lei pode ter sido publicada e ainda não estar vigorando, 
pois a própria lei marcou um prazo para que ela entre em vigor (vacatio legis). 
Outro tópico interessante aqui é a diferença entre vigência e vigor. Como 
vimos, vigência está relacionada com o período de vida da lei (tempo de sua 
duração); a vigência de uma lei acaba quando esta lei é revogada. Já vigor 
está relacionado com a força vinculante da lei. Uma lei pode vigorar, mesmo 
tendo sido revogada (perdeu a vigência). É o caso de um contrato celebrado 
sob a égide de uma lei que posteriormente foi revogada, mas ela continua 
sendo aplicada naquele caso concreto (ultra-atividade). 
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c) Eficácia (ou efetividade): refere-se aos efeitos ou consequências da 
norma jurídica; é a qualidade da norma que está em vigor no tocante à 
possibilidade de produção de efeitos concretos, seja porque foram 
cumpridas as condições exigidas para isso (eficácia jurídica ou técnica), seja 
porque estão presentes as condições fáticas exigíveis para sua observância, 
espontânea ou imposta, ou para a satisfação dos objetivos pretendidos. Neste 
último caso leva-se em conta se a lei atende aos anseios da sociedade e se os 
destinatários da norma a estão cumprindo (eficácia social da norma). No 
entanto, na prática, como veremos, as pessoas não podem se eximir do 
cumprimento de suas disposições. 
Quase todas as leis que entram em vigor, também possuem eficácia. No 
entanto, há normas que foram editadas, mas ainda não foram 
regulamentadas. Já outras exigem que o Estado crie um órgão que viabilize 
sua execução. Portanto, pode ocorrer que uma lei seja válida e possua vigência 
(já está vigorando), estando apta a produzir efeitos, porém ainda não tenha 
eficácia (não produzindo efeitos concretos), pois depende da prática de algum 
ato por parte do Estado. 
REGRAS DA LINDB SOBRE O INÍCIO DA OBRIGATORIEDADE 
PRIMEIRA REGRA. Salvo disposição em contrário, uma lei começa a vigorar, 
em todo o País, quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada 
(art. 1°, caput, LINDB). Essa regra não é absoluta. Na prática quase todas 
as leis contêm em seu texto disposição que elas entram em vigor “na data de 
sua publicação”. 
O espaço compreendido entre a publicação da lei e sua entrada em vigor 
(quando há esse espaço de tempo) denomina-se vacatio legis. Trata-se de 
uma expressão latina, muito comum em concursos, que significa “vacância da 
lei”. Geralmente este prazo é estabelecido para melhor divulgação dos textos 
legais antes que eles entrem em vigor e se tornem obrigatórios e para que os 
órgãos da administração se aparelhem melhor ao novo texto legal. Enquanto 
não transcorrido esse período, a lei nova, ainda que já publicada, não tem 
força obrigatória ou vinculante. Observem: a norma é válida, mas ainda não é 
vigente. 
Notem que esse mesmo dispositivo também consagrou o princípio da 
vigência sincrônica (sincronismo significa ao mesmo tempo) ou sistema 
simultâneo (princípio da simultaneidade ou prazo único). Ou seja, a lei entra 
em vigor a um só tempo em todo o território nacional (portanto, não há 
vigência progressiva da lei). Trata-se de um prazo único para todo País (45 
dias após a sua publicação oficial), sendo simultânea a sua 
obrigatoriedade. 
Quanto ao prazo de vacatio legis, as leis podem ser classificadas em: 
a) Lei com vacatio legis expressa: a própria lei faz referência ao seu 
período de vacatio. O melhor exemplo é o atualCódigo Civil, que prevê em 
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seu art. 2.044: “Este Código entrará em vigor um ano após a sua 
publicação”. 
b) Lei com vacatio legis tácita: o texto da lei é omisso em relação ao 
momento em que ela entra em vigor; neste caso ela passará a vigorar 45 
dias após a publicação; é a regra teórica do art. 1°, caput, LINDB (raríssimo 
de se encontrar na prática). 
c) Lei sem prazo de vacatio legis: a lei entra em vigor na data de sua 
publicação, devendo esta frase constar de seu texto. 
����Art. art. 8°, da Lei Complementar n° 95/98 (com texto modificado pela 
Lei Complementar n° 107/01 e regulamentada pelo Decreto n° 4.176/02, que 
dispõe sobre a elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis, 
conforme determina o parágrafo único do art. 59 da Constituição Federal): “A 
vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar 
prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a 
cláusula entra em vigor na data de sua publicação para as leis de pequena 
repercussão”. 
 Resumindo: uma lei pode entrar em vigor na data de sua publicação ou 
em outra data mais à frente, desde que haja previsão expressa no seu texto. 
Isto é assim devido à importância ou urgência de determinada lei e a maior ou 
menor dificuldade de adaptação da sociedade a esta nova lei. Somente quando 
não houver expressa disposição na própria lei acerca da data em que ela 
entrará em vigor (omissão proposital da lei), aí sim, ela entrará em vigor em 
45 dias após a publicação. 
SEGUNDA REGRA. Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei 
brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente 
publicada (art. 1°, §1° da LINDB). Isto é, se uma lei for editada no Brasil, mas 
para surtir efeitos no estrangeiro (em geral, quando cuida de atribuição de 
ministros, embaixadores, cônsules, convenções de direito internacional, etc.) e 
a lei for omissa quanto à data que entrará em vigor (a data de sua vigência 
efetiva), ela lei somente entrará em vigor 03 (três) meses após a sua 
publicação. 
���� Atenção ���� Como vimos, a regra (teórica) quanto ao prazo para uma lei 
começar a vigorar em todo País é de 45 dias depois de oficialmente publicada; 
já o prazo para vigorar nos Estados estrangeiros é de 03 meses (e não 90 dias 
como às vezes eu vejo cair em concursos, como uma forma de “pegadinha”). 
Parece ser óbvio, mas é importante deixar claro que para o Direito, 03 meses é 
prazo bem diferente do que 90 dias! Há um “macete” bem manjado para 
não fazer confusão: esTRangeiro = TRês meses. 
TERCEIRA REGRA. Uma lei pode ter sido publicada com algum erro 
substancial, implicando em uma divergência de aplicabilidade (geralmente 
são erros materiais ou falhas de ortografia). O art. 1°, §3° da LINDB determina 
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que “se antes de entrar em vigor ocorrer nova publicação desta lei, 
destinada à correção de seu texto, o prazo deste artigo e dos parágrafos 
anteriores começará a correr da nova publicação”. Exemplo: uma lei foi 
publicada em determinado dia e é omissa em relação ao dia que entrará em 
vigor. Assim, somente entrará em vigor 45 dias após a publicação. Vinte dias 
depois de publicada (portanto ainda estamos no curso do prazo de vacatio 
legis), alguém notou que houve um erro no texto da lei. Desta forma ela deve 
ser republicada. E aquele prazo de 45 dias recomeça a contar; inicia-se 
novamente a contagem do prazo de vacatio a partir do dia da republicação da 
lei. Notem que continua sendo a mesma lei. 
QUARTA REGRA. As emendas e correções de texto de lei que já tenha 
entrado em vigor consideram-se lei nova (art. 1°, §4°, LINDB). Exemplo: uma 
lei foi publicada, cumpriu o prazo de vacatio legis e entrou em vigor. Alguns 
dias depois, um erro foi notado. Neste caso, quando houver a “republicação”, 
esta será considerada como lei nova. No entanto, para haver esta 
“republicação de correção”, é necessário um novo processo legislativo, pois 
se trata de lei nova. Os direitos adquiridos na vigência da lei emendada serão 
resguardados. Admite-se que o Juiz ao aplicar determinada lei corrija um 
evidente erro ortográfico, mas ele não pode alterar erros substanciais, que 
possam alterar o sentido da norma; nesse caso é imprescindível a edição de 
uma nova lei. 
���� Atenção ���� No período entre a publicação da lei nova e o início de sua 
vigência, subsistirá a “lei velha”, que ainda estará em vigor, enquanto não se 
vencer o prazo de vacatio legis; a “lei nova” nada obriga, pois ainda não 
entrou em vigor. 
 Resumindo: norma corretiva 
• Correção antes da publicação →→→→ a norma pode ser corrigida sem 
problema algum. 
• Correção após a publicação, mas durante a vacatio legis →→→→ trata-se 
da mesma lei; sendo o texto republicado por incorreção, conta-se novo 
prazo de vacatio, a partir da republicação (leiam mais abaixo o item 
“questão polêmica”). 
• Correção após entrar em vigor →→→→ nesse caso a lei somente pode ser 
corrigida mediante a edição de uma nova lei, após o trâmite de um 
processo legislativo regular. 
� Questão Polêmica � Digamos que uma lei esteja no período de vacatio 
legis e quase no final do prazo ela foi republicada com algumas modificações. 
Pergunta-se: a lei inteira deve cumprir novo prazo de vacatio? Ou aplica-se o 
novo prazo de vacatio apenas àquilo que foi modificado pela nova publicação? 
A professora Maria Helena Diniz, em sua obra, “Lei de Introdução ao Código 
Civil Interpretada” (Ed. Saraiva – 13a Edição - 2007), pondera que: “Se apenas 
uma parte da lei for corrigida o prazo recomeçará a fluir somente para a 
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parte retificada, pois seria inadmissível, no que atina à parte certa, um prazo 
de espera excedente ao limite imposto para o início dos efeitos legais, salvo 
se a retificação afetar integralmente o espírito da norma” (grifos meus). 
Portanto, diante dessa situação, devemos analisar cada caso em concreto. Se a 
parte corrigida afetar a norma de uma forma geral, a lei inteira deve esperar o 
novo prazo de vacatio. Mas se a parte corrigida não afetar o espírito da lei, ou 
for independente em relação a ela, nada impede que a lei entre em vigor, 
excetuada a parte que foi modificada, recomeçando-se o prazo de vacatio 
apenas naquilo que foi modificado. 
���� Importante ���� Contagem do prazo da vacatio 
Conforme o art. 8°, §1° da LC n° 95/98 (com redação dada pela LC n° 
107/01), o prazo de vacatio legis deve ser contado: incluindo-se o dia do 
começo (o dies a quo, ou seja, o dia da publicação da lei) e também do último 
dia do prazo (o dies ad quem, que é o dia do seu vencimento). Assim, a lei 
entrará em vigor no dia subsequente a sua consumação integral, ou 
seja, no dia seguinte ao último dia de prazo, ainda que se trate de domingo ou 
feriado (o prazo não é prorrogado até o primeiro dia útil, pois não se trata de 
cumprimento de obrigação, mas de início de vigência de uma lei, que também 
deve ser obedecida aos domingos e feriados). Ex.: uma lei foi publicada no dia 
10 de abril com prazo de vacatio de 15 dias. O prazo começou a ser contado a 
partir do próprio dia 10. No dia 24 de abril completaram-se os 15 dias de 
vacatio. A lei entrará em vigor no dia 25 de abril (10+15=25), pouco 
importando se esse dia é um domingo ou feriado. 
 Observação. Prazo de vacatio para decretos, resoluções e 
regulamentos. Tais espécies normativas entram em vigor na data que eles 
determinarem. Na falta de tal determinação a doutrina majoritária é no sentido 
que entram em vigor na data de sua publicação. Ou seja, para eles nãohá 
vacatio legis. O mesmo ocorre com os atos administrativos que têm 
obrigatoriedade a partir de sua publicação. 
FIM DA OBRIGATORIEDADE DAS LEIS 
Não se destinando à vigência temporária, uma lei terá vigor até que 
outra a modifique ou a revogue. É o que dispõe o art. 2°, caput, LINDB. 
REGRA GERAL →→→→ A lei tem caráter permanente e irá perdurar até a sua 
revogação. Isto é, uma lei não tem um prazo certo para vigorar; ela 
permanece em vigor enquanto não for modificada ou revogada por outra lei 
(eficácia contínua). O desuso não implica em perda de vigência. 
No entanto, algumas leis são expedidas com prazo de duração. Nestes 
casos a lei possui vigência temporária. Ex.: lei que concede favores fiscais 
durante 10 anos às indústrias que se instalarem em determinada região; 
racionamento de combustível durante a guerra; Imposto/Contribuição 
Provisória sobre Movimentações Financeiras (IPMF, CPMF), Leis Orçamentárias, 
etc. Tais normas desaparecem do ordenamento jurídico com o decurso do 
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prazo estabelecido ou quando ela já cumpriu os objetivos a que se propôs 
(Ex.: lei que se destina alojar, de forma temporária, em escolas públicas, 
pessoas desabrigadas por causa de uma inundação). Assim, lei temporária é 
a que nasce com termo prefixado de duração ou com um objetivo a ser 
cumprido. A lei já nasce com um prazo para perder sua vigência. Contudo, não 
se fixando um prazo determinado, prolonga-se a obrigatoriedade da norma 
(princípio da continuidade) até que ela seja modificada ou revogada por 
outra. 
Revogar (do latim revocatio, revocare = anular, desfazer, desvigorar) é 
tornar sem efeito uma lei ou qualquer outra norma jurídica, retirando a sua 
obrigatoriedade. Uma lei somente pode ser revogada por outra lei de 
hierarquia igual ou superior (portanto, ela não pode ser revogada por decretos, 
portarias, resoluções, regulamentos, etc.). Podem ser revogadas as leis, os 
regulamentos, as portarias, as cláusulas contratuais, etc. O art. 2°, §1°, LINDB 
dispõe que a lei posterior revoga a anterior em três situações: 
• quando expressamente assim o declare; 
• quando seja com ela incompatível; 
• quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. 
Podemos classificar a revogação quanto à extensão em: 
a) Total (ou ab-rogação): quando a lei nova regula integralmente a 
matéria da lei anterior, ou quando existe incompatibilidade (explícita ou 
implícita) entre as leis. A norma anterior perde sua eficácia em sua totalidade. 
b) Parcial (ou derrogação): quando torna sem efeito apenas uma parte 
da lei ou norma, permanecendo em vigor todos os dispositivos que não foram 
modificados. 
A revogação ainda pode ser classificada quanto à forma de execução: 
a) Expressa (ou por direta): quando a lei nova taxativamente declara 
revogada a lei anterior ou aponta os dispositivos que pretende suprimir (art. 
2°, §1°, primeira parte da LINDB). Seria interessante que todas as leis 
dissessem exatamente o que estão revogando. Mas isso não ocorre muito na 
prática. O art. 9° da LC n° 98/95, com a redação da LC n° 107/01, determina 
que “a cláusula de revogação deverá enumerar, expressamente, as leis ou 
disposições legais revogadas”. 
b) Tácita (por via indireta ou oblíqua): quando a lei posterior é 
incompatível com a anterior e não há disposição expressa no texto novo 
indicando a lei que foi revogada. Diz o art. 2°, §1°, segunda parte da LINDB, 
que ocorre a revogação tácita quando seja com ela incompatível (revogação 
tácita por incompatibilidade) ou quando regule inteiramente a matéria que 
tratava a lei anterior (revogação tácita global). 
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���� ATENÇÃO ���� Embora haja muita controvérsia a respeito, a ESAF entende 
que a expressão contida em algumas leis “revogam-se as disposições em 
contrário”, é uma forma de revogação expressa. Na prova do MDIC 
(analista de comércio exterior), realizada em 2012, o examinador considerou 
correta a afirmação: “a revogação expressa pode também ser geral, 
compreensiva e aplicar-se a todas as disposições contrárias, sem 
individualização”. Houve recurso, mas a questão não foi anulada! 
 Observações 
01) As espécies de revogação podem ser “combinadas”. Ou seja, a 
revogação expressa pode ser total (a nova lei diz que está revogando toda a lei 
anterior) ou parcial (a nova lei aponta apenas um ou dois artigos que está 
revogando da lei velha). E a revogação tácita também pode ser total ou 
parcial. 
02) Irrevogabilidade. Algumas matérias estabelecidas na Constituição 
Federal (art. 60, §4°) não podem ser objeto de revogação, nem mesmo 
mediante Emenda Constitucional. São as chamadas cláusulas pétreas: forma 
federativa do Estado, voto direto, secreto, universal e periódico; separação dos 
Poderes e os direitos e garantias individuais. 
03) No mundo jurídico pode ocorrer a seguinte hipótese: uma Lei X está 
vigorando normalmente. Algum tempo depois é promulgada uma Emenda 
Constitucional (que ficará fazendo parte da própria Constituição – trata-se do 
Poder Constituinte Derivado ou Reformador). Com isto, aquela Lei X se tornou, 
digamos, “inconstitucional”. Quando isso ocorre dizemos que houve a “não-
recepção da lei pela nova ordem constitucional” ou que a lei “perdeu o 
seu fundamento de validade”. 
 Curiosidade. A perda de eficácia pode também decorrer da decretação 
de inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal, cabendo ao Senado 
suspender-lhe a execução. Embora não seja nossa matéria, vamos aprofundar 
este tema um pouco mais... No Brasil temos basicamente dois métodos de 
controle de constitucionalidade: difuso e concentrado. 
O controle difuso (também chamado de via de defesa ou via de 
exceção, controle aberto ou concreto) pode ser exercido por qualquer órgão do 
Poder Judiciário. Uma pessoa se sentindo lesada ou na iminência de ser 
prejudicada por uma lei e entendendo estar ela fora dos limites legais, ingressa 
com uma ação ou contesta esta ação (civil, trabalhista, penal, etc.) em 
primeira instância e argui, de forma incidental, a inconstitucionalidade da lei. O 
órgão competente para julgar a questão principal terá também competência 
para julgar a questão incidental (a decisão sobre a constitucionalidade será 
uma questão incidental ao objeto principal do processo). Mesmo que esta ação 
chegue ao Supremo Tribunal Federal, a decisão dele não terá efeito extensível 
a todos (erga omnes). A decisão vincula apenas as partes envolvidas no 
processo (inter partes). Por isso, o Senado, através da espécie normativa 
"resolução", estenderá os efeitos da decisão declaratória da 
inconstitucionalidade, proferida pelo Supremo Tribunal Federal. Esta Resolução 
é que irá suspender a execução da norma (consultem o art. 52, X, CF/88). 
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Já o controle concentrado (também chamado de reservado, abstrato 
ou por via de ação direta) é exercido por apenas um órgão: o Supremo 
Tribunal Federal, que é o "guardião da Constituição". O pedido é 
feito diretamente ao STF com a intenção única de declaração de 
(in)constitucionalidade. Portanto, a finalidade deste processo é viabilizar o 
julgamento da validade da lei em tese (daí ser abstrato) e não da relação 
jurídico-processual. A declaração de inconstitucionalidade no controle 
concentrado resultará em eficácia erga omnes da decisão, ou seja, extensivo a 
todos. Neste caso a própria decisão do STF já produz este efeito de imediato. 
Exemplo: o Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucional o §1° do art. 
66 do Código Civil. Este dispositivo afirmava que se uma Fundação

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