Buscar

Fatos Jurídicos - Prescrição e Decadência

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 90 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 90 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 90 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 11 
 
Aula 04 
 
Fatos Jurídicos - 1ª Parte 
Prescrição e Decadência 
 
 
�Itens específicos do edital que serão abordados nesta aula →→→→ 
FATOS JURÍDICOS (1ª Parte). Ato Jurídico. Fato e Ato Jurídico. Prescrição 
e Decadência. 
Subitens →→→→ Fato Jurídico. Conceito. Classificação. Aquisição. Resguardo. 
Modificação. Extinção de Direitos. Fato Jurídico Stricto Sensu (Fato Natural). 
Prescrição. Conceito. Disposições Gerais. Efeitos. Causas impeditivas, 
suspensivas e interruptivas. Prazos Prescricionais. Decadência. Conceito. 
Disposições Gerais. Espécies de Decadência. Efeitos. Prazos Decadenciais. 
�Legislação a ser consultada →→→→ Código Civil: arts. 189 até 211. 
 
 Índice 
 
Introdução ................................................................................... 02 
Classificação Geral dos Fatos ........................................................ 07 
Prescrição e Decadência como Fato Jurídico ................................. 10 
Prescrição .................................................................................... 11 
 Disposições Gerais .................................................................. 13 
 Causas Impeditivas e Suspensivas .......................................... 19 
 Causas Interruptivas ............................................................... 23 
 Prazos Prescricionais .............................................................. 26 
 Ações Imprescritíveis .............................................................. 29 
Decadência ................................................................................... 30 
 Espécies de Decadência ........................................................... 33 
 Prazos Decadenciais ................................................................ 35 
Quadro Comparativo: Prescrição e Decadência ............................. 38 
RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA ................................................. 39 
Bibliografia Básica ........................................................................ 42 
EXERCÍCIOS COMENTADOS (CESPE/UnB) .................................... 43 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 22 
INTRODUÇÃO 
Como vimos, uma RELAÇÃO JURÍDICA é formada por três 
elementos: 
 Elemento Subjetivo: são as pessoas envolvidas; os sujeitos de direito e 
suas relações. O sujeito ativo é o titular do direito oriundo da relação. O 
sujeito passivo é aquele sobre o qual recai um dever decorrente da 
obrigação assumida pela relação e que deve respeitar o direito do sujeito 
ativo. 
 Elemento Objetivo: é o objeto do direito; o bem jurídico pretendido pelo 
sujeito ativo. Divide-se em objeto imediato, que é a prestação (a 
obrigação de dar, fazer ou não fazer) e objeto mediato (o bem em si: 
móvel ou imóvel, divisível ou indivisivel, fungível ou infungível, etc.). 
 Elemento Imaterial: é o vínculo que se estabelece entre os sujeitos e os 
bens. Este é o FATO JURÍDICO. É o fato propulsor idôneo à produção de 
consequências jurídicas. Será o ponto desta e da próxima aula. Vejamos. 
Toda relação jurídica possui um ciclo vital: nasce, se desenvolve, pode 
ser conservada, modificada ou transferida e se extingue. Há sempre um fato 
que antecede o surgimento de um direito subjetivo. 
����FATO, portanto, é uma ocorrência, um evento, um acontecimento. 
O tema “Fatos, Atos e Negócios Jurídicos” deve ser visto bem devagar. 
Por isso, o desmembramos em duas aulas. Esta primeira é introdutória. 
Costumo fazer isso também nas aulas presenciais. Primeiro dou essa parte 
teórica. Os alunos, de uma forma geral, não gostam muito dessa primeira 
parte do tema. Mas ela é imprescindível. Por isso vou tentar torná-la mais 
agradável... Falaremos hoje sobre alguns conceitos, classificações, e, 
principalmente da prescrição e da decadência. Na realidade este será o 
ponto central da aula. Depois, na próxima aula, passaremos para uma parte 
mais dinâmica, onde veremos o Negócio Jurídico e seus elementos 
constitutivos, além da ineficácia (nulidade e anulabilidade) do Negócio Jurídico. 
Comecemos, então. 
Como dissemos, fato é um acontecimento. No entanto, os fatos 
podem ser classificados. Há fatos que não interessam ao Direito. A doutrina os 
chama de “fatos comuns, meramente materiais ou ajurídicos”. São os 
acontecimentos naturais ou as condutas humanas, cuja ocorrência não traz o 
potencial de repercutir na ordem jurídica. Exemplo: quando uma pessoa 
passeia por um jardim, está praticando um fato comum, que não sofre a 
incidência do direito. Porém, se essa pessoa que está passeando comprar um 
saco de pipocas, alugar uma bicicleta ou pisar sobre o gramado, causando 
danos à vegetação ou mesmo alimentar os animais em um zoológico (condutas 
consideradas como proibidas), tais fatos passarão a interessar ao direito, 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 33 
causado repercussões. Portanto, para que um acontecimento seja considerado 
como fato jurídico é necessário que esse acontecimento, de alguma forma, 
cause algum reflexo no âmbito do Direito. Seja este reflexo lícito ou ilícito. 
Observem a seguinte classificação: 
FATO: qualquer ocorrência ou acontecimento. 
 Fato Comum: ação humana ou fato da natureza que não interessa ao 
Direito (por isso, não será objeto do nosso estudo). 
 Fato Jurídico (em sentido amplo – lato sensu): Fato + Direito. É o 
fato qualificado pelo Direito. Ou seja, é o acontecimento natural ou 
humano ao qual o Direito atribui efeitos e relevância jurídica. Ex.: um 
contrato de locação é um fato jurídico (na verdade ele é mais do que 
isso; é um negócio jurídico), pois tanto o locador, como o locatário 
assumem compromissos e ficam vinculados um ao outro. Deste vínculo 
surgem efeitos, ou seja, reflexos no campo do Direito (direitos e 
deveres para ambas as partes). Vamos agora conceituar os fatos 
jurídicos: 
����Acontecimentos previstos em norma de direito, em razão dos quais 
nascem, se modificam, subsistem e se extinguem as relações jurídicas. 
 Para efeito de memorização dos elementos do fato jurídico, costumo usar 
a expressão A.R.M.E. (Aquisição, Resguardo, Modificação e Extinção) de 
Direitos. Vejamos: 
AQUISIÇÃO DE DIREITO →→→→ É a conjunção (união) dos direitos com seu 
titular. Ocorre a aquisição de um direito com a incorporação do patrimônio à 
personalidade do titular. Dessa forma, surge a propriedade quando o bem se 
subordina a seu titular. Ex.: quando eu acho um livro abandonado (e não 
perdido) ou quando eu compro um automóvel de um amigo, eu me torno 
proprietário destes bens; adquiri direitos sobre eles. Os direitos podem ser 
adquiridos de forma: 
a) Originária: o direito nasce no momento em que o titular se apossa 
ou se apropria de um bem de maneira direta, sem a participação de outra 
pessoa; não há qualquer relação com o titular anterior ou mesmo que tivesse, 
não há uma transmissão pelo seu titular. Ex.: pescar um peixe em alto-mar, 
achar uma coisa abandonada, usucapir um terreno, etc. 
b) Derivada: ocorre quando há uma transferência ou transmissão do 
direito de propriedade (sucessão), existindo uma relação jurídica entre o titular 
anterior (sucedido) e o atual (sucessor). Ex.: quando eu vendo um carro ou 
uma casa a propriedade do bem passa de uma pessoa para outra, daí ser 
considerada como derivada; outro exemplo é a aquisição de direitos pelos 
herdeiros. Lembrando que o direito é adquirido com todas as qualidades e 
defeitos do título anterior.DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 44 
A aquisição ainda pode ser classificada em: 
c) Gratuita: quando não há uma contraprestação na aquisição; só o 
adquirente aufere vantagem. Ex.: uma pessoa adquire um bem por uma 
doação; neste caso não há uma contraprestação nesta doação; o mesmo pode 
ocorrer quando se recebe uma herança. 
d) Onerosa: quando há uma contraprestação na aquisição; há 
benefícios recíprocos. Ex.: pessoa adquire o bem por meio de uma compra e 
venda → se por um lado recebeu o bem, por outro lado pagou por este bem, 
havendo, portanto uma contraprestação na aquisição; o mesmo ocorre na 
troca ou na locação. 
RESGUARDO DE DIREITOS (proteção, conservação ou defesa) →→→→ São atos 
praticados pela pessoa que servem para proteger os seus direitos. Ou seja, o 
titular de um direito deve praticar atos conservatórios preventivos 
(garantindo seu direito contra eventual e futura violação) ou repressivos (são 
os que visam restaurar eventual direito violado). Costuma-se dizer que não 
pode haver direito subjetivo sem a correspondente proteção. 
Exemplo: Direito de Retenção. Uma pessoa possui uma casa (o bem não é 
dela, mas ela está na posse de boa-fé, ou seja, acredita que a casa seja sua). 
Esta pessoa realiza benfeitorias necessárias (conserto dos alicerces ou do 
telhado) ou úteis (construção de garagem). Posteriormente o real proprietário 
move uma ação contra o possuidor de boa-fé e ganha a ação. O possuidor 
deve ir embora, sair da casa e devolvê-la. No entanto, como realizou 
benfeitorias, deve ser indenizado por elas. Se a outra parte não indenizar, o 
possuidor pode reter o bem (a casa) até que seja indenizada pelas 
benfeitorias (art. 1.219, CC). Outros exemplos: arresto (que é a apreensão 
judicial de coisa litigiosa ou de bens para a segurança da dívida); sequestro 
(que é o depósito judicial da coisa litigiosa para garantia do direito); protesto, 
etc. A defesa pode ser: 
a) Extrajudicial: são hipóteses de defesa de direitos sem ser necessário 
ingressar em juízo. Exemplo: quando se estabelece uma cláusula penal (multa) 
em um contrato o que se quer na verdade é estabelecer uma garantia para o 
cumprimento deste contrato. Outros exemplos: o sinal (também chamado de 
arras) que é um adiantamento da quantia que será paga também para garantir 
o cumprimento da obrigação; a fiança, que serve para garantir o pagamento 
da dívida (se o devedor principal não pagar a dívida, o credor poderá acionar o 
fiador), etc. 
b) Judicial: são as ações judiciais para proteção de direitos. Recorre-se à 
autoridade judicial competente para restabelecer um direito já violado ou para 
proteger um direito ameaçado. Lembrando que para a propositura de uma 
ação judicial é necessário ter um interesse legítimo (econômico ou moral). Ex.: 
Mandado de Segurança (que visa proteger um direito líquido e certo); Interdito 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 55 
Proibitório (que é uma ação possessória, que visa proteger uma pessoa de 
eventuais ameaças a sua posse), etc. 
 Lembrem-se do brocardo: “A todo Direito corresponde uma Ação 
que o assegura”. Se houver ameaça ou violação a um direito subjetivo, este 
será protegido por meio de uma ação judicial (art. 5°, XXXV, CF/88 “a lei não 
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito”). 
Imaginem o seguinte exemplo: sabemos que “todo cidadão tem o direito de ir, 
vir e permanecer”. Esse é um Direito que temos; dizemos que este é um 
direito material. Agora... e se uma autoridade policial diz que você está preso 
em flagrante, sem ter um motivo plausível para esta prisão? É o famoso “teje 
preso”. O que você faria?? Com certeza você entraria com um Habeas 
Corpus!!! Ora, o Habeas Corpus é uma Ação. Assim, nós temos um Direito 
(no caso o direito de locomoção, de ir, vir e permanecer)! Violado este 
Direito, surge a Ação (no caso o Habeas Corpus)! Prevê o art. 5°, LXVIII, 
CF/88: “conceder-se-á habeas-corpus sempre que alguém sofrer ou se achar 
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por 
ilegalidade ou abuso de poder”. 
O mesmo pode ocorrer com uma propriedade. Eu comprei um sítio. 
Paguei por ele. Tenho a escritura e o registro. Portanto é meu, eu tenho direito 
de propriedade. Mas alguém invadiu a minha propriedade. O que eu posso 
fazer? Com certeza entrarei com uma ação... no caso Ação Reivindicatória. 
Portanto, voltando e reforçando a ideia... “a todo direito corresponde uma 
ação”. 
Ação é o meio que o titular do direito dispõe para obter a atuação do 
Poder Judiciário, no sentido de solucionar litígios relativos a interesses jurídicos 
(art. 3° do Código de Processo Civil → “Para propor ou contestar uma ação é 
necessário ter legítimo interesse econômico ou moral” – neste sentido a 
Súmula 409 do Supremo Tribunal Federal). 
Sabemos que no Brasil nós não podemos fazer “justiça pelas próprias 
mãos”, sob pena até de cometermos um crime (exercício arbitrário das 
próprias razões – art. 345, Código Penal). Se uma pessoa me deve seis meses 
de aluguel eu não posso ir até sua casa, lhe dar uns ‘tabefes’ e exigir o 
pagamento devido ou simplesmente colocá-la no ‘olho da rua’. Não! O correto 
é ingressar com uma ação de despejo por falta de pagamento e requerer 
também o pagamento dos aluguéis atrasados. No entanto, admite-se, 
excepcionalmente, a autodefesa ou autotutela de um direito, como no caso 
da legítima defesa da posse (art. 1.210, §1°, CC), do penhor legal, etc. 
MODIFICAÇAO DE DIREITOS (transformação) →→→→ Os direitos podem sofrer 
modificações relativas ao seu conteúdo (objeto) ou a seus titulares (pessoas), 
sem que haja alteração em sua substância. A modificação do direito pode: 
a) Objetiva: diz respeito ao conteúdo ou objeto da relação jurídica. Pode 
ser qualitativa, quando um direito se converte em outra espécie (o credor de 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 66 
uma saca de feijão aceita o equivalente em dinheiro; uma pessoa está 
devendo uma quantia em dinheiro e o credor aceita um terreno em 
substituição) ou quantitativa, quando diz respeito ao volume do objeto. 
b) Subjetiva: substituição da titularidade do direito, ou seja, de uma das 
pessoas (sujeito ativo ou passivo) envolvidas na obrigação, podendo ser inter 
vivos (contrato) ou causa mortis. Ex.: testamento – morrendo o titular de um 
direito este se transmite aos seus sucessores. Outros exemplos: 
desapropriação, venda de um bem, etc. Alguns autores afirmam que a 
transmissão dos direitos seria um quinto elemento do Fato Jurídico. Obs.: 
há direitos que não comportam modificação no sujeito por serem 
personalíssimos (também chamados de intuitu personae). 
EXTINÇÃO DE DIREITOS →→→→ quando sobrevém uma causa que elimina os 
seus elementos essenciais. Notem que o perecimento deve ser total. Se for 
parcial, o direito persiste sobre o remanescente desta parte. Se a extinção 
puder ser atribuída a alguém, este será o responsável pelos prejuízos, devendo 
ressarci-los. Vejamos os principais exemplos de extinção dos direitos (entre 
outros): 
• Perecimento do objeto (ex.: anel que cai em um rio profundo e é levado 
pela correnteza) ou perda das qualidades essenciais do objeto (ex.: 
campo de plantação invadido pelo mar). 
• Renúncia: quando o titular de um direito, dele se despoja, sem transferi-lo 
a quem quer que seja; ele abre mão de um direito que teria (ex.: 
renúncia à herança). 
• Abandono (ou derrelição): intenção do titular de se desfazer da coisa não 
querendo ser mais seu dono(ex.: jogar um par de sapatos velho no lixo). 
• Alienação: que é o ato de transferir o objeto de um patrimônio a outro, de 
forma onerosa (compra e venda) ou gratuita (doação). 
• Falecimento do titular, sendo direito personalíssimo, e por isso, 
intransferível. 
• Confusão: numa só pessoa se reúnem as qualidades de credor e devedor. 
• Prescrição ou Decadência: será o tema desta aula de forma 
pormenorizada. 
Com isso encerramos esta parte introdutória sobre os elementos do fato 
jurídico. 
 
Vejamos agora a CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS FATOS JURÍDICOS. O 
quadro abaixo nos dará uma visão geral sobre o tema, sendo de extrema 
importância. 
 
 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 77 
 
CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS FATOS 
 
A) FATO COMUM →→→→ Acontecimento sem repercussão no Direito. 
B) FATO JURÍDICO →→→→ Fato + Direito. Acontecimento natural ou humano ao 
qual o Direito atribui efeitos (A.R.M.E.). 
I. FATO JURÍDICO NATURAL (Fato Jurídico em Sentido Estrito ou 
Stricto Sensu) → é o acontecimento natural do qual decorrem efeitos; 
não há manifestação da vontade humana. Divide-se: 
1. Ordinários: são os que normalmente acontecem (previsíveis), 
produzindo efeitos jurídicos relevantes: nascimento, maioridade, morte 
(por causas naturais), aluvião (art. 1.250, CC), avulsão (art. 1.251, 
CC), decurso de tempo (como a prescrição, a decadência, a usucapião), 
etc. 
2. Extraordinários: são os que ocorrem de forma inesperada 
(imprevisíveis). Exemplos clássicos: “caso fortuito” ou “força maior”. 
Têm importância ao direito por excluírem, como regra, a 
responsabilidade: destruição de bens móveis e imóveis em virtude de 
uma tempestade, desabamento de prédios em virtude de um 
terremoto, incêndio de uma fábrica em razão de um raio, naufrágio de 
um navio em virtude de um maremoto, tsunami, etc. 
II. FATO JURÍDICO HUMANO (ou simplesmente ATO) →→→→ é o 
acontecimento que conta com a participação humana. Abrange tanto os 
atos lícitos como os ilícitos. Veremos este tema na próxima aula, de forma 
mais detalhada. Por enquanto, é importante que se saiba: 
1) ATO LÍCITO também chamado de ato jurídico em sentido amplo 
(lato sensu) ou ato jurídico voluntário, previsto no art. 185, CC) →→→→ 
praticado em conformidade com a ordem jurídica: 
a) Ato Jurídico em Sentido Estrito (stricto sensu): há a 
participação humana, voluntária, consciente e lícita. No entanto, os 
efeitos são impostos pela lei e não pelas partes interessadas, não 
havendo regulamentação da autonomia privada. Não existe liberdade de 
escolha nos efeitos jurídicos produzidos, pois estes são 
automaticamente conferidos pela lei. Também é chamado de “ato não-
negocial”. Ex.: reconhecimento de filho, fixação de domicílio, abandono, 
ocupação, percepção de frutos de uma árvore, atos de comunicação 
processual, como a notificação, etc. 
b) Negócio Jurídico: há a participação humana e os efeitos desta 
participação são ditados pela própria manifestação de vontade; os 
efeitos são desejados pelas partes (ex.: contratos, testamentos, 
etc.). Há, portanto, autonomia privada; autorregulação de interesses 
particulares, em maior ou menor grau. 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 88 
2) ATO ILÍCITO ou Involuntário: é o praticado em desacordo com a 
ordem jurídica (arts. 186 e 187, CC). Na realidade, muitas vezes a 
conduta é voluntária e consciente, havendo a transgressão a um 
dever jurídico. Entretanto, os efeitos da prática deste ato são 
involuntários, impostos pela lei. A consequência da prática do ato ilícito 
é o surgimento do dever de reparar o dano causado. Ao invés de 
criarem um direito, criam deveres e obrigações. Pode atuar nas 
seguintes áreas do Direito: 
a) Penal: violação de um dever tipificado como crime, 
pressupondo um prejuízo causado à sociedade; desrespeitado, 
compromete-se a ordem social (norma de ordem pública); a sanção é 
pessoal, ou seja, é a pessoa do infrator imputável que irá responder 
pela conduta (não se transmite a responsabilidade a terceiros). 
b) Administrativo: violação de um dever que se tem para com a 
administração; a sanção também é pessoal. 
c) Civil: violação de um dever contratual ou legal, pressupondo um 
dano a terceiro; a sanção é patrimonial, ou seja, atinge o patrimônio 
do lesante (como regra). 
 Costuma-se dizer que enquanto o ato lícito é fonte de direito, o ato ilícito é 
fonte de responsabilidade (obrigações). 
���� Observações ���� 
01) Parte da doutrina considera que o ato ilícito enquadra-se na noção 
de ato jurídico. Daí alguns editais de concurso estabelecem: “Ato Jurídico: ato 
lícito e ilícito”. Porém a doutrina majoritária discorda. Para ela, se ato jurídico é 
toda ação humana lícita, o ato ilícito seria reservado para uma categoria 
própria, não podendo ser enquadrado como ato jurídico. Podemos concluir: o 
ato ilícito é um fato jurídico (humano), porém não é um ato jurídico. 
02) Parte da doutrina também se refere ao “ato-fato jurídico”. O atual 
Código Civil não trouxe norma específica quanto a isso, por isso tudo fica no 
plano doutrinário. O ato-fato jurídico seria uma categoria intermediária 
entre o ato da natureza e o fato do homem. Ocorre nas situações em que a lei 
encara a ação humana como um fato, sem levar em consideração a vontade, a 
intenção ou a consciência do agente. Os exemplos clássicos disso são o de 
uma criança de 10 anos que compra um doce em uma padaria ou de um louco 
que pinta um quadro que se torna uma obra de arte. Em ambos os casos não 
há uma vontade direcionada à celebração de um contrato de consumo. 
Feitas essas observações vamos analisar o itens do quadro acima. O 
primeiro deles é o Fato Jurídico Natural. A doutrina também o chama de fato 
jurídico em sentido estrito ou fato jurídico stricto sensu. São expressões 
sinônimas, mas que costumam cair e confundem... 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 99 
����Fato Natural é o acontecimento natural (independe da vontade 
humana) do qual decorrem efeitos jurídicos, criando, modificando ou 
extinguindo direitos. Como vimos, podem ser classificados em: 
1. Ordinários  São aqueles que normalmente ocorrem; são 
previsíveis. Pergunto: o que há de mais certo em nossa vida? – A morte! Ela 
ocorrerá independente de nossa vontade! E trará uma série de consequências 
jurídicas. Se por um lado a morte extingue a personalidade de uma pessoa, 
por outro lado cria inúmeros direitos e obrigações para os sucessores do 
falecido. Portanto a morte é o exemplo clássico de fato natural. Lógico que 
estou falando da morte por causas naturais (costumo brincar: “a morte 
morrida”). Pois um homicídio (brincando ainda: “a morte matada”) é crime, e, 
portanto, ato ilícito. Outros exemplos de fato jurídico natural ordinário: o 
nascimento (início da personalidade), a maioridade (cessação da 
incapacidade), o decurso de tempo que juridicamente se apresente sob a 
forma de prazo (intervalo de dois termos), a usucapião (matéria que pertence 
ao Direito das Coisas), além da prescrição e da decadência, etc. Estes 
últimos temas são importantíssimos e serão analisados de forma autônoma, 
ainda nesta aula. 
2. Extraordinários  São causas ligadas ao caso fortuito ou à força 
maior, onde se configura uma imprevisibilidade e inevitabilidade do 
evento, além da ausência de culpa pelo ocorrido. Não há uma unanimidade 
dos autores para se conceituar e diferenciar tais institutos. Para alguns, caso 
fortuito seria um evento da natureza, imprevisível e inevitável (ex.:uma 
tempestade, um terremoto, um tsunami, etc.). Já força maior é o que decorre 
de uma atuação humana imprevisível e inevitável interferindo no ato (ex.: uma 
greve). Para outros o conceito é exatamente o inverso. Para outros ainda, o 
caso fortuito decorre de uma causa desconhecida (ex.: explosão de uma 
caldeira em uma usina) e na força maior conhece-se a causa, que é fato da 
natureza (ex.: raio que provoca um incêndio). Outros autores tratam ambos os 
termos como sinônimos. Sílvio Venosa assim leciona: “caso fortuito e força 
maior são situações invencíveis, que refogem às forças humanas, ou às forças 
do devedor, impedindo e impossibilitando o cumprimento da obrigação”. 
Geralmente costuma cair nas provas (especialmente em Direito Civil) as 
expressões “caso fortuito” ou “força maior” e não a situação propriamente dita. 
E quando cai a situação (ex.: um terremoto), basta o aluno saber classificá-la 
o fato como “fato jurídico natural (ou fato jurídico em sentido estrito – stricto 
sensu) extraordinário”. 
 
 
 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 1100 
 
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA COMO FATO JURÍDICO 
 
As obrigações jurídicas não são eternas. Se eu empresto determinada 
quantia em dinheiro a uma pessoa eu não posso ficar cobrando esta dívida a 
vida inteira. Eu tenho um prazo determinado para exigir o cumprimento da 
obrigação; se não cobrar dentro deste prazo não poderei mais fazê-lo. Assim, 
para que haja uma tranquilidade na ordem jurídica, fundada na necessidade de 
estabilidade social, da certeza do direito e de que as relações jurídicas não 
se prorrogam indefinidamente, surgiram os institutos da prescrição e da 
decadência. No entanto, como veremos mais adiante, alguns direitos são 
imprescritíveis (ex.: direito de reconhecimento de paternidade, direito ao 
nome, alimentos, etc.). 
Assim, o decurso do tempo, aliado a inércia do titular do direito, faz 
com que a situação de afronta ao direito prevaleça sobre o próprio direito. Ex.: 
o credor de uma dívida em dinheiro, que não recebeu o que lhe é devido, tem 
o direito de ajuizar uma ação para cobrar esta dívida. Mas se ele deixa de 
ajuizar a ação cabível, após certo tempo, perde o direito de fazê-lo, 
consolidando-se uma situação contrária a seus interesses, mas que ocorreu 
por sua própria culpa; por sua desídia. Há um brocardo em latim, muito 
conhecido, que diz: dormientibus non succurrit jus (o direito não socorre 
aos que dormem). 
O fundamento primordial dessa proteção a situações consolidadas no 
tempo (ainda que contrárias ao direito de alguém) é a paz social. Assim, 
impede-se que esta paz seja perturbada, a qualquer tempo, por quem se sinta 
lesado em algum direito. Ora, se o próprio interessado não cuidou de defender 
seus direitos no tempo estabelecido em lei, vamos interpretar esta conduta 
como uma “renúncia ao direito”, pois ele aceitou de forma inerte a afronta que 
lhe foi feita. Não se trata de achar este instituto justo ou injusto. Não é esta a 
preocupação da lei. O que se busca é uma questão de segurança jurídica, de 
tranquilidade e paz social. Ninguém se veria seguro em seus direitos, se a 
qualquer tempo pudesse vê-los na contingência de serem contestados por 
fatos ocorridos há muito tempo. 
 Elementos comuns da prescrição e decadência. Os dois institutos são 
causas extintivas decorrentes do não exercício de um direito em determinado 
prazo. Requisitos: inércia do titular do direito e decurso de tempo para o 
exercício desse direito. 
���� Atenção ���� Embora o Direito Civil trace as regras gerais sobre prescrição 
e decadência, este tema é comum a todas as matérias do Direito. O Direito 
Penal, Administrativo, Tributário, Comercial, Trabalhista... todas elas tratam do 
assunto. Lógico que cada matéria possui as suas peculiaridades. Vamos dar o 
enfoque apenas sob a ótica do Direito Civil. Se cair uma questão sobre esse 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 1111 
tema, observem bem em sua prova, qual ramo do Direito está sendo 
abordado. Reforço: o que vamos falar aqui se refere ao Direito Civil (embora 
muita coisa possa ser aproveitada por outras matérias). 
 Curiosidade (já vi isso cair isto em alguns concursos recentes...) 
O Código Civil anterior não mencionava a expressão decadência. Para ele tudo 
era prescrição. Ele possuía um artigo que dizia: “Prescreve... ” e elencava uma 
série de situações. Era a doutrina que analisando item por item daquela 
relação dizia o que era prescrição e o que era decadência. Mas mesmo assim, 
não havia um consenso sobre todos os temas. Resumindo: era uma bagunça... 
Hoje a matéria está bem fácil. O Código diz exatamente o que é prescrição e o 
que é decadência. Ele conceitua ambos os institutos. E menciona as situações 
e os prazos de um e outro caso. Além disso, ainda existem alguns “macetes de 
concurso” que facilitam a diferenciação. Vou mencioná-los mais adiante. 
 
 
I. PRESCRIÇÃO 
(arts 189 a 206, CC) 
 
 
Direito Subjetivo é a faculdade que o ordenamento reconhece a 
alguém de exigir de outrem determinado comportamento. Representa a 
estrutura da relação poder-dever, em que o poder de uma das partes 
corresponde ao dever da outra. A infração deste dever resulta (nas relações 
jurídicas patrimoniais) um dano para o titular do direito subjetivo. Por isso, 
todo direito subjetivo deve (ou deveria) ser protegido por uma ação. 
No momento em que este direito é violado surge o poder de se exigir do 
devedor uma ação ou omissão, que permite a composição do dano ocorrido. A 
doutrina chama este direito de exigir de pretensão. 
Pretensão é a expressão utilizada para caracterizar o poder de exigir de 
outrem, coercitivamente, o cumprimento de um dever jurídico. A pretensão é 
deduzida em juízo por meio de uma ação. Violado um direito nasce para o seu 
titular a pretensão. A partir daí surge a possibilidade de se fazer valer em juízo 
este direito violado e também se inicia a contagem do prazo prescricional. 
Portanto, o prazo prescricional se inicia no momento em que o direito é 
violado... e morre no último dia do prazo prescricional. Havendo violação ao 
direito e o titular deste permanecer inerte, a consequência será a perda da 
pretensão. 
 Direto ao Ponto Prescrição é a perda da pretensão do titular de 
um direito subjetivo, em virtude de sua inércia durante um prazo 
determinado previsto em lei. 
Trata-se de uma sanção aplicada a pessoa que foi negligente, pois não 
fez valer seu direito no prazo adequado, operando-se tanto em relação às 
pessoas naturais (físicas), como em relação às jurídicas. Portanto, a prescrição 
tem por objeto direitos subjetivos patrimoniais e disponíveis (como 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 1122 
exemplo as obrigações), não abrangendo os direitos de personalidade, os 
relacionados ao estado da pessoa e os direitos de família (que são 
imprescritíveis, conforme veremos adiante). 
• A quem a prescrição favorece? Ao devedor que não pagou seu débito e 
não foi acionado em tempo oportuno para fazê-lo! 
• A quem a prescrição prejudica? Ao credor que ao ter o direito violado, 
pois o devedor não pagou a dívida, ficou inerte e não o acionou 
judicialmente dentro do prazo fixado em lei! 
����Requisitos da Prescrição: a) violação de um direito e nascimento da 
pretensão (possibilidade de se ingressar com uma ação); b) inércia do titular 
do direito violado; c) continuidade desta inércia durante prazo fixado em lei 
(decurso de tempo); d) inexistência de impedimentos ou causas suspensivasou interruptivas do prazo. 
Embora esta expressão seja bem técnica, precisamos mencioná-la, pois 
muitos concursos a exigem. Trata-se da actio nata. Isto é, não pode correr a 
prescrição enquanto não nascer a ação possível de ser ajuizada pela violação 
do direito. 
����Vamos agora dar um exemplo completo ���� 
Digamos que eu tenha emprestado certa quantia em dinheiro a uma 
pessoa, estabelecendo prazo de 06 (seis) meses para que a importância seja 
devolvida. A partir do momento em que eu empresto o dinheiro, surge o 
direito ao crédito. Se o devedor pagar a dívida dentro do prazo estabelecido 
a obrigação se extingue pelo seu cumprimento. Mas se ele assim não o fizer, 
haverá a violação ao direito de crédito. Neste momento “nasce” a 
pretensão (actio nata), que é a possibilidade de se exigir judicialmente o 
direito que foi violado. A partir daí eu já posso ingressar com uma ação 
pleiteando meu direito. Mas nada é eterno... eu tenho um prazo estabelecido 
na lei para fazer valer meu direito. E no momento em que eu posso ingressar 
com a ação, surge, também, um prazo para que faça isso. Devo, então, 
exercer o direito dentro do prazo, pois nesse momento também se inicia a 
contagem do prazo prescricional. Se eu entrar com a ação dentro do prazo, eu 
exerci meu direito. Mas... e se eu não ingressar com a ação dentro do prazo? – 
Ora, o meu direito (pretensão) prescreveu... Eu não posso mais entrar com a 
ação. Na realidade eu até “posso” entrar com a ação... mas esta ação está 
fadada ao fracasso, pois basta que a outra parte alegue (e mesmo que não 
alegue o juiz poderá reconhecer de ofício) que a ação será extinta! E eu ainda 
deverei suportar todos os encargos processuais da ação (custas processuais, 
honorários advocatícios de ambas as partes, etc.). Portanto o melhor é não 
entrar com a demanda. Com a prescrição eu perdi o instrumento jurídico para 
fazer valer meu direito. Agora eu pergunto... e se o devedor pagar 
espontaneamente a dívida que estava prescrita? O pagamento valeu? E o 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 1133 
devedor, percebendo que a dívida estava prescrita, pode se arrepender do 
pagamento que fez e pedir a devolução do dinheiro? Resposta: de fato, a 
dívida estava prescrita, mas a pessoa que pagou não pode mais pedir de volta 
o dinheiro. Se ela pagar espontaneamente a dívida prescrita, este pagamento 
valeu! E por quê? –Porque o direito material (que é o meu direito ao crédito, 
que nasceu no dia em que eu fiz o empréstimo) ainda existia. Ele não foi 
extinto pela prescrição. A pessoa ainda estava me devendo. A prescrição 
atingiu apenas a pretensão; com a prescrição eu perdi o instrumento judicial 
para cobrar a dívida (ou seja, o direito de ação). E não o direito ao crédito. 
Com a prescrição perde-se apenas o direito à pretensão (não havendo 
mais a ação para exercer o direito em juízo). Mas o direito em si (o direito ao 
crédito) ainda se mantém intacto (embora sem proteção jurídica). Portanto a 
pessoa pagou algo que existia, valendo este pagamento, mesmo que a ação 
esteja prescrita, não se podendo pedir a devolução da quantia paga. 
Aliás, dívida prescrita é um excelente exemplo de obrigação natural, 
isto é, de uma obrigação sem proteção judicial, pois não pode ser exigida 
pelo credor e o devedor só paga se quiser; mas, pagando, não pode pedir a 
restituição do valor desembolsado. O art. 882, CC assim prevê: “Não se pode 
repetir o que se pagou para solver dívida prescrita ou cumprir obrigação 
judicialmente inexigível” (lembrando que repetir, em sentido jurídico, significa 
pedir de volta). 
 Vamos recordar. A prescrição não serve para proteger o lesante. Trata-
se de uma punição ao próprio lesado por sua inércia. Baseia-se no interesse 
social de pacificação das demandas. Ela extingue a pretensão. Extinta a 
pretensão perde-se o direito de ajuizar a ação, ou seja, perde-se o direito de 
resolver a pendência judicialmente. Todavia, o direito em si (o direito material, 
o direito propriamente dito) permanece incólume, só que sem proteção jurídica 
para solucioná-lo. 
DISPOSIÇÕES GERAIS SOBRE A PRESCRIÇÃO 
Vejamos cada item do Código Civil de forma pormenorizada: 
Exceção (art. 190, CC) 
Determina o Código Civil: “A exceção prescreve no mesmo prazo em que 
a pretensão” (art. 190, CC). Inicialmente cabe um esclarecimento quanto a 
esta frase, em especial àqueles que não têm formação jurídica. A expressão 
“exceção” possui basicamente dois sentidos. De uma forma geral significa 
aquilo que foge à regra; que não se inclui em determinada situação; dá uma 
ideia de ressalva, de reserva, de exclusão. No entanto, na técnica jurídica o 
vocábulo significa outra coisa: indica uma forma de defesa realizada por uma 
das partes (em geral o réu) em um processo para opor-se a um direito do 
adversário. Substitua no texto legal a expressão exceção por defesa... veja 
como ficou mais fácil! 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 1144 
O autor de uma ação deduz uma pretensão (exigindo do réu o 
cumprimento de um dever jurídico). E o réu pode se defender por meio de 
uma exceção. Muitas vezes esta defesa é indireta, pois o réu, sem negar 
categoricamente o fato alegado pelo autor, alega um outro fato ou direito com 
o objetivo de elidir ou paralisar a ação proposta. Exemplos: o autor ingressa 
com uma ação (deduzindo uma pretensão: cobrando uma dívida) e o réu alega 
como defesa que já foi processado, sendo que a ação foi julgada improcedente 
por aquele mesmo fato (neste caso falamos em exceção de coisa julgada); ou 
alega que já há uma ação pendente sobre o mesmo assunto (exceção de 
litispendência); ou que aquele juízo é incompetente para apreciar este tipo de 
questionamentos (exceção de incompetência); ou que ele não é parte legítima 
no processo (exceção de ilegitimidade processual); etc. 
Outro exemplo: “A” possui um crédito contra “B”, mas este se encontra 
prescrito. Portanto “A” não pode exigir de “B” o pagamento da dívida. Ocorre 
que “B” ingressou contra “A” uma ação cobrando este por outra dívida. 
Pergunta-se: “A” pode se defender alegando a compensação desta dívida com 
a outra da qual é credor, mas se encontra prescrita? Resposta: Não! Ora, se 
está prescrita a pretensão (o crédito de “A” contra “B”), prescrita também está 
a defesa (exceção), que no caso se daria com a compensação. Assim, se o 
direito não pode ser alegado como modalidade de ataque (pretensão), também 
não poderá ser invocado como meio de defesa (exceção: no caso a 
compensação). 
 Resumindo: o que o art. 190, CC quer dizer é que o prazo dado para a 
manifestação do contradireito (que é a exceção ou a defesa) é exatamente o 
mesmo que a lei estipula para que o titular da ação exerça sua pretensão. Por 
isso costuma-se dizer que “a exceção (defesa) nasce com o exercício da 
pretensão”. 
Renúncia (art. 191, CC) 
Renúncia é um ato unilateral, produzindo efeitos sem necessidade da 
manifestação de vontade da outra parte. Uma dívida está prescrita. O credor 
não tem mais como cobrar a dívida judicialmente. Mesmo assim o devedor 
pode renunciar a esta prescrição. Dispõe a lei que esta renúncia pode ser 
expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita sem prejuízo de terceiro, depois 
que a prescrição se consumar. Apesar de pequeno, este dispositivo é muito 
importante, cai muito nas provas e exames, além de trazer diversas 
consequências jurídicas. Vamos por partes. 
Inicialmente nosso Código não admite a renúncia prévia ou 
antecipada. Ou seja, o devedor não pode renunciar à prescrição antes dela 
ocorrer, até porque, não se pode renunciar algo que ainda não temos ou que 
ainda não existe.Ex.: Digamos que eu seja um credor. O devedor não pagou o 
que deve. Eu tenho um prazo para entrar com a ação. Mas eu não entrei com a 
ação no prazo legal. Portanto ocorreu a prescrição. Mas, mesmo prescrita a 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 1155 
dívida, o devedor pode pagar o que deve. E se ele assim proceder (pagando a 
dívida após o prazo prescricional) estará renunciando à prescrição. Portanto a 
renúncia é um ato do devedor. No entanto o devedor somente pode renunciar 
à prescrição após a consumação desta. Enquanto o prazo prescricional estiver 
fluindo, o devedor não pode renunciar ela. Isto para não destruir a sua eficácia 
prática. Se assim não fosse o credor poderia inserir uma cláusula abusiva em 
um contrato. Ex.: o credor insere no contrato uma cláusula em que o devedor 
renuncia (isto é desiste do direito de alegar) de forma antecipada, eventual e 
futura prescrição. A lei proíbe esta conduta. Caso contrário qualquer credor 
poderia colocar uma cláusula no contrato de que o seu direito permaneceria 
válido e eficaz até o momento que ele, credor, desejasse e eventualmente 
ingressasse com a ação judicial. Ou seja, poderia propor a ação quando 
quisesse. 
Outra coisa: não pode haver renúncia à prescrição quando esta for em 
prejuízo de terceiros. Ex.: A deve a B e C determinada quantia (duas 
dívidas autônomas). Em relação a B a dívida está prescrita. Resta então A 
pagar C. No entanto A renuncia a prescrição em relação a B e paga sua dívida 
em relação a ele. A seguir alega que não tem mais dinheiro para pagar C. Ora, 
a dívida estava prescrita. B não tinha mais como cobrar a dívida. E A ao pagar 
B, renunciou à prescrição, mas prejudicou os direitos de C. Portanto esta 
conduta não é permitida. Trata-se de uma evidente fraude contra credores, 
sendo que C pode anular a renúncia e pedir a entrega do dinheiro para si. 
A renúncia pode ser classificada em: 
a) Expressa: o prescribente (pessoa a quem a prescrição aproveitaria; o 
devedor) abre mão do direito de forma explícita. Ex.: devedor redige um 
documento por escrito abrindo mão da prescrição; como isso possibilita-se ao 
credor acionar o devedor exigindo o crédito que estaria prescrito. 
b) Tácita: o interessado pratica determinado ato incompatível com a 
prescrição. O exemplo clássico é o próprio pagamento da dívida prescrita. Se 
eu pago uma dívida que está prescrita, eu estou renunciando tacitamente à 
prescrição. Outro exemplo é o requerimento que o devedor faz de 
“parcelamento do débito”; com esta conduta ele demonstra que quer pagar a 
dívida prescrita, embora em prestações. 
���� Cuidado com as expressões usadas pelos examinadores (todas 
erradas): “não pode haver renúncia à prescrição”; “a renúncia só pode ser 
expressa”; “só pode ser tácita”; “pode ser expressa ou tácita e ocorrer antes 
de sua consumação”, etc. 
Alegação (art. 193, CC) 
A prescrição pode ser alegada em qualquer fase do processo, mesmo 
em grau de recurso pela parte a que aproveita, ou seja, pela parte interessada 
com a sua declaração. Uma ação geralmente é interposta perante um Juiz 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 1166 
singular (primeira instância), seguindo um trâmite processual. A prescrição 
pode ser alegada em qualquer momento deste trâmite: na contestação, na 
audiência de oitiva de testemunhas, nos debates, no julgamento, etc. Após a 
sentença do Juiz, as partes podem recorrer da decisão. O processo então será 
encaminhado para um Tribunal, que é o órgão de segunda instância. Também 
no Tribunal a prescrição pode ser arguida. 
���� Atenção ���� A doutrina aponta que não é cabível a alegação de prescrição 
na fase de liquidação em processo de execução, nem em fase de liquidação da 
sentença. Ou seja, o processo, propriamente dito já acabou. Agora somente 
estamos executando o que ficou anteriormente decidido. Portanto não teria 
cabimento alegar a prescrição no momento de se executar o que já foi 
exaustivamente debatido. Também se tem entendido que embora o art. 193 
diga que a prescrição possa ser alegada “em qualquer grau de jurisdição”, ela 
não poderia ser alegada, pela primeira vez, perante o Superior Tribunal de 
Justiça (STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF), pois estes Tribunais são 
considerados como instâncias especiais e extraordinárias. Eles somente 
poderiam conhecer de recursos nos quais tenha havido prévio debate da 
matéria em outras instâncias (chamamos isso de pré-questionamento). 
EFEITOS ESSENCIAIS DA PRESCRIÇÃO 
• Um contrato não pode conter cláusula declarando que um direito é 
imprescritível. Só a lei pode fazê-lo e mesmo assim em circunstâncias 
muito especiais, conforme veremos. 
• Os prazos prescricionais não podem ser alterados pelos 
particulares, ainda que haja um acordo de vontades entre eles (art. 192, 
CC), seja para reduzi-los, aumentá-los ou mesmo suprimi-los, uma vez 
que se trata de matéria de ordem pública. Não existe prazo prescricional 
convencional. Todos os prazos prescricionais são legais. É a lei que 
determina em que prazo determinada pretensão prescreve (veremos 
esses prazos mais adiante), impedindo que eles sejam alterados. 
• Prescrevendo o principal, prescrevem todos os acessórios. 
• Antes de consumada é irrenunciável: não se pode renunciar a 
prescrição que ainda não ocorreu. 
• Os relativamente incapazes (art. 4°, CC) e as pessoas jurídicas têm direito 
a ação regressiva contra os seus assistentes ou representantes legais 
que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente (art. 
195, CC). Ex.: um rapaz com 16 anos que está sob tutela, possui um 
crédito. Seu representante legal sabe disso e não ingressa com a ação 
para cobrar a dívida. Com o tempo ocorre a prescrição. Em relação à 
dívida nada mais pode ser feito. Ela está prescrita. Mas posteriormente o 
rapaz poderá acionar o seu tutor em razão de sua não-alegação do direito. 
Trata-se de mais uma forma de se proteger e preservar o patrimônio de 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 1177 
incapazes ou das empresas. Entende a doutrina que a responsabilidade é 
subjetiva (é necessária a prova do dolo ou da negligência do agente). 
• Suspensa a prescrição em favor de um credor solidário, somente se 
suspenderá a prescrição em favor dos demais se a obrigação for 
indivisível. Ex.: Antônio se comprometeu a entregar um cavalo de raça 
para Bernardo e Carlos de forma solidária. Assim, eles são credores 
solidários de um bem indivisível (o cavalo). Se por algum motivo o prazo 
prescricional for suspenso em relação a Bernardo, este prazo, por força de 
lei (art. 201, CC), também ficará suspenso em relação a Carlos, pois a 
obrigação além de solidária é indivisível. No entanto, se a obrigação for 
divisível (dinheiro) a prescrição somente ficará suspensa em relação a 
Bernardo, correndo normalmente em relação ao outro credor. Falarei um 
pouco mais sobre este assunto mais adianate. 
����Cuidado���� Todos os efeitos citados acima têm uma grande incidência em 
concursos públicos!!! 
Pessoas a quem aproveita 
A prescrição pode ser alegada e aproveita tanto às pessoas físicas como 
às jurídicas. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr 
contra seu sucessor (art. 196, CC), a título universal (herança) ou singular 
(legado). Ex.: Antônio tem um direito de ação em face de Bernardo. Digamos 
que o prazo prescricional é de dez anos. Passados sete anos Antônio não 
ingressou com a ação e faleceu. Neste caso Carlos, herdeiro de Antônio, 
disporá apenas do prazo faltantepara exercer a pretensão (ou seja, três anos). 
O prazo não parou em razão da morte de Antônio. Ou seja, a morte não 
interrompe e nem suspende o prazo prescricional, que continua a fluir 
normalmente contra os sucessores. 
No entanto... (como não podia deixar de ser...) há uma exceção a essa 
regra: na hipótese em que o sucessor é absolutamente incapaz. Neste caso a 
prescrição não corre (fica impedida ou suspensa, como veremos adiante). 
Aproveitando o exemplo acima: Antônio faleceu e Carlos, seu único filho, tem 
12 anos de idade. Neste caso a morte de Antônio fará com que o prazo 
prescricional fique paralisado (suspenso) e somente se reiniciará quando Carlos 
completar 16 anos (pois passa a ser relativamente incapaz). 
Finalmente em relação a este tópico: prescrevendo o direito principal, 
prescrevem também os acessórios. Exemplo: se a dívida principal prescreveu, 
com ela prescreveu também a multa contratual (trata-se da aplicação da 
regra, que aqui também se aplica, de que “os acessórios acompanham o 
principal"). 
Declaração de Ofício (ex officio) 
����Indagação Importante: um Juiz, no curso de uma ação judicial, pode 
reconhecer a prescrição, mesmo que a outra parte não tenha alegado, ou seja, 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 1188 
mesmo que não tenha sido provocado para decidir a respeito? Ex.: digamos 
que uma eventual pretensão já esteja prescrita. Eu tenho ciência deste fato, 
mas, assumindo o risco, ingresso com a ação judicial mesmo assim... A outra 
parte não alega a prescrição (dizemos na gíria que ela “engoliu barriga” ou 
“comeu bola”). O Juiz percebe que ocorreu a prescrição. Pergunto: pode o Juiz 
reconhecer a prescrição sem que a mesma tenha sido alegada (chamamos isso 
de declaração ex officio)? 
A lei era taxativa no sentido de que o Juiz não podia suprir de ofício a 
alegação de prescrição, salvo se favorecesse a pessoa absolutamente incapaz. 
Era o que dispunha o art. 194, CC. No entanto a Lei n° 11.280 de 16 de 
fevereiro de 2006 revogou o art. 194, CC e alterou o §5° do art. 219, 
CPC. Ou seja, atualmente o Juiz “deve” reconhecer a prescrição de uma 
ação, independentemente de requerimento da outra parte, em qualquer 
situação (e não somente para favorecer absolutamente incapaz, como 
anteriormente). Estabelece atualmente o art. 219, §5°, CPC: “O juiz 
pronunciará, de ofício, a prescrição”. O objetivo deste dispositivo foi tornar o 
processo mais dinâmico. 
 Observem que colocamos o verbo deve entre aspas, pois há quem defenda 
que apesar do imperativo “pronunciará”, trata-se apenas uma faculdade do 
Juiz reconhecer a prescrição de ofício e não de uma obrigação, uma vez que o 
próprio Código Civil admite a renúncia da prescrição. Alguns autores acham 
que é recomendável ao Juiz, antes de declarar a prescrição no curso no 
processo (cível, evidentemente), abrir vista às partes para que se manifestem 
em relação à eventual prescrição. 
Requisitos para se reconhecer a prescrição 
• pretensão a ser exercida: a pretensão nasce com a violação de um 
direito. 
• inércia do titular desta pretensão: não exercício do direito. 
• decurso de prazo: continuidade da inércia durante certo lapso de tempo 
fixado em lei. 
• ausência de algum fato ou ato a que a lei confira eficácia impeditiva, 
suspensiva ou interruptiva de curso prescricional, conforme veremos logo 
adiante. 
Causas Impeditivas, Suspensivas e Interruptivas da Prescrição 
Como vimos, violado o direito subjetivo surge a pretensão. E a partir daí 
começa a correr o prazo prescricional para se ingressar com a ação adequada. 
No entanto a lei prevê situações em que o prazo sequer inicia seu fluxo, ainda 
que já surgida a pretensão (são as causas impeditivas) ou que suspendem o 
curso da prescrição já iniciada (causas suspensivas) ou fazem com que o prazo 
seja reiniciado (causas interruptivas). 
 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 1199 
����A relação das hipóteses impeditivas, suspensivas e interruptivas é 
taxativa. Ou seja, as causas estão expressamente previstas na lei, não se 
podendo fazer uma “interpretação extensiva”. Estas causas só podem ser 
estabelecidas por lei (trata-se de norma de ordem pública). Vejamos cada uma 
das situações previstas no Código Civil. 
 
CAUSAS IMPEDITIVAS E SUSPENSIVAS 
(arts. 197, 198 E 199, CC) 
 
A expressão “não corre a prescriçãonão corre a prescriçãonão corre a prescriçãonão corre a prescrição” (prevista nos artigos 197, 198, 199 e 
200, CC) indica uma causa impeditiva ou suspensiva do prazo 
prescricional. A diferença entre impedimento e suspensão é sutil. Ambas 
possuem o mesmo regime jurídico. Porém se diferenciam: 
 Causas impeditivas são circunstâncias que impedem que o curso 
prescricional se inicie, em razão do estado de uma pessoa individual ou 
familiar (atendendo a razões de confiança, amizade, parentesco e de 
ordem moral). A contagem do prazo não se inicia enquanto durar a 
impossibilidade jurídica do impedimento. Ou seja, se o prazo ainda não 
começou a fluir a causa ou obstáculo impede que ele comece. 
 Causas suspensivas são circunstâncias que paralisam 
temporariamente o prazo prescricional que já estava em curso, 
sem prejuízo do tempo já decorrido. O prazo prescricional vinha fluindo 
normalmente, sendo que ocorreu um fato que o fez paralisar. Neste 
momento a contagem do prazo fica suspensa. Superado esse fato, o prazo 
prescricional volta a correr de onde parou, aproveitando-se e 
computando-se o prazo já decorrido antes do fato. 
 Resumindo: nas causas impeditivas o prazo nem começou a contar; nas 
causas suspensiva o prazo começou a fluir, mas parou, voltando a contagem 
quando cessar o motivo da “parada”. 
Impedimento do Prazo Prescricional 
ANOS 
IMPEDIMENTO 1º 2º 3º 4º 5º 
O prazo somente começa a fluir após a cessação da circunstância que 
impede que o curso prescricional se inicie. 
 
 
 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 2200 
Suspensão do Prazo Prescricional 
 Ano Ano 
1º 2º 3º Prazo 4º 5º 
 Fluxo de prazo 
prescricional de 05 anos, 
onde já decorreram 03 anos. 
Suspenso 
 Cessada a 
suspensão, o prazo 
retoma seu fluxo 
pelo saldo (no caso 
são mais 02 anos). 
Não corre a prescrição: 
 Entre os cônjuges na constância da sociedade conjugal (art. 197, I, 
CC). Observem que dependendo do momento em que a dívida venceu pode 
ser hipótese de impedimento ou de suspensão do prazo. Ex.: uma mulher 
empresta determinada quantia a seu namorado. Antes do vencimento da 
dívida credora e devedor se casam (não importa saber qual o regime de 
bens adotado pelo casal). O prazo prescricional sequer se inicia, pois não 
corre prescrição na constância do casamento. É hipótese de impedimento. 
Se o marido não pagar a dívida e eles se separarem a mulher teria (ao 
menos em tese) o direito de cobrar a dívida. No entanto se a dívida venceu 
antes do casamento, o prazo prescricional já se iniciou, começou a 
correr... Após isso, sem que haja o pagamento da dívida, credora e 
devedor se casam. Neste momento o prazo fica suspenso. Se eles se 
separarem o prazo prescricional voltará a fluir pelo tempo que ainda resta. 
Enunciado 296 da IV Jornada de Direito Civil do STJ: “Não corre prescrição 
entre os companheiros, na constância da união estável”. 
 Entre ascendentes e descendentes durante o poder familiar (art. 
197, II, CC). Ex.: vamos imaginar que haja um conflito de interesses entre 
um menor e seus pais. Seria um absurdo se exigir que omenor ingressasse 
com uma ação judicial contra seus ascendentes para preservar seus 
direitos, sob pena de prescrição. Portanto, aguarda-se a extinção do poder 
familiar (18 anos), quando então a pessoa, sentindo-se lesada, poderá 
acionar seus ascendentes. 
����Observação: há uma polêmica se a prescrição corre entre avós e netos, 
pois a lei foi genérica (“ascendentes e descendentes”). Não há dúvidas de que 
avós e netos estão numa relação de parentesco em linha reta. O avô é 
ascendente do neto, e, consequentemente, o neto é descendente do avô. 
Ocorre que o dispositivo legal também exige que haja uma relação de “poder 
familiar”. Como somente há poder familiar entre pais e filhos (art. 1.630, CC) 
entende-se que entre avô e neto pode correr a prescrição. E mesmo que se 
tratasse de tratasse de pais e filhos, não haveria causa de impedimento ou 
suspensão da fluência do prazo prescricional caso houvesse sido afastado o 
poder familiar (ex.: procedimento judicial de destituição, maioridade, etc.). 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 2211 
Neste sentido já caiu uma questão elaborada pelo CESPE (Advogado SERPRO – 
2013). 
 Entre tutelados ou curatelados e seus tutores e curadores, durante 
a tutela ou curatela (art. 197, III, CC). É a mesma justificativa em 
relação ao menor e seus pais. Protege-se, assim, o interesse do incapaz 
quanto à falta de zelo de seus representantes legais (tutores e curadores). 
 Contra os incapazes de que trata o art. 3°, CC (art. 198, I, CC). Ex.: 
vamos imaginar que uma pessoa que é credora de outra, faleça. O de cujus 
(falecido) deixou um filho que tem oito anos de idade. Essa criança nem ao 
menos sabe de seus direitos e que têm créditos a receber. Por isso, para 
protegê-la, o CC determina que não corre prescrição contra ela, pois é 
absolutamente incapaz. Aguarda-se, assim, que complete 16 anos (e seja 
relativamente incapaz); somente a partir daí o fluxo do prazo prescricional 
terá início. No entanto a prescrição pode correr “a favor” dos 
absolutamente incapazes. Ex.: quando o incapaz é o devedor e o credor 
não o aciona no tempo certo; neste caso opera-se a prescrição, pois ela foi 
favorável ao incapaz. 
 Resumindo 
a) prescrição contra absolutamente incapazes →→→→ não corre. 
b) prescrição contra relativamente incapazes →→→→ corre normalmente. 
c) prescrição a favor de incapazes (absoluta ou relativamente) →→→→ corre 
normalmente. 
 Contra os ausentes do País em serviço público da União, dos 
Estados, ou dos Municípios (art. 198, II, CC). 
 Contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo 
de guerra (art. 198, III, CC). 
 Pendendo condição suspensiva (art. 199, I, CC): acompanhem o 
desenvolvimento lógico neste exemplo: eu lhe darei um carro se você 
passar no concurso (condição suspensiva). Enquanto você não passar no 
concurso, isto é, enquanto a condição não for realizada, você não adquire o 
direito. Se não houve a aquisição do direito, ainda não há uma ação para 
proteger o direito. E se não há uma ação que se possa exercitar o prazo 
prescricional não se inicia. 
 Não estando vencido o prazo (art. 199, II, CC). Trata-se do mesmo 
princípio do item anterior. Se o prazo de uma dívida ainda não venceu, 
ainda não se pode exigir o seu pagamento. E se ainda não se pode exigi-lo 
o prazo prescricional também não pode ter início. 
 Pendendo ação de evicção (art. 199, III, CC), suspende-se também a 
prescrição em andamento. Evicção é a perda da propriedade para terceiro 
em virtude de ato jurídico anterior e de sentença judicial. Exemplo: há um 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 2222 
litígio para se saber quem é o proprietário de um imóvel. Enquanto não 
resolvido este litígio definitivamente, o prazo prescricional não pode ter 
início. Mais uma vez trata-se do princípio da actio nata (a prescrição não 
corre enquanto não nascer a ação possível de ser ajuizada). 
 Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo 
criminal não correrá a prescrição antes da respectiva sentença 
definitiva (art. 200, CC). Ex.: foi instaurado um processo criminal em que 
A é acusado de matar B. A alega que não matou (negativa de autoria). 
Neste caso a decisão criminal irá influir no Direito Civil. Em regra há 
independência entre as esferas criminal, civil e administrativa (art. 935, 
CC). Mas em algumas situações (ex.: a existência ou não do fato delituoso 
e a negativa de autoria), a decisão criminal faz coisa julgada no cível. 
Portanto, deve-se aguardar o desfecho do processo criminal. Somente 
depois que a questão for resolvida no Juízo Criminal (decisão final com 
trânsito em julgado), apontando a autoria e a materialidade do delito é que 
se inicia o prazo prescricional. No nosso exemplo: aguarda-se a sentença 
criminal. Se A for condenado criminalmente, a partir desta condenação 
inicia-se o prazo de prescrição para que os familiares de B ingressem com 
eventual ação de reparação de danos pela prática do ato ilícito no Juízo 
Cível. 
Vejamos agora um exemplo prático em relação aos efeitos da 
suspensão da prescrição: imaginem um direito qualquer, cujo prazo 
prescricional previsto na lei seja de cinco anos. Passaram-se três anos e a 
pessoa não entrou com a ação judicial adequada. Após esse período (três 
anos), surge uma causa suspensiva da prescrição. A partir deste momento o 
prazo fica paralisado, suspenso. Durante o período em que o prazo esteve 
parado, ele não é computado. Posteriormente a circunstância que fez com que 
o prazo fosse suspenso, deixou de existir. O prazo volta a correr. O credor tem 
direito de ingressar com a ação de cobrança. Mas só pelo prazo que resta. No 
exemplo dado só restam dois anos. Ou seja: cinco anos (prazo inicial) menos 
três anos (prazo que já havia ocorrido), é igual a dois anos (o que ainda 
resta). Assim, é esse o prazo que resta para se ingressar com a ação, antes do 
prazo fatal da prescrição. O prazo volta a correr contado da data em que havia 
parado. 
 Observação Importante 
Vamos reforçar e aprofundar um tema já visto, mas que é muito 
importante. Quando um examinador deseja tornar a prova mais difícil, utiliza o 
dispositivo previsto no art. 201, CC: “Suspensa a prescrição em favor de um 
dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível”. 
Se uma obrigação tiver credores solidários (ou seja, duas ou mais 
pessoas são credoras de outra e qualquer desses credores pode exigir do 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 2233 
devedor a prestação por inteiro), mas o objeto é divisível (ex.: dinheiro) e 
ocorreu uma causa de suspensão de prescrição para apenas um dos credores, 
a prescrição ficará suspensa apenas em relação este credor (ou seja, em 
relação aos demais credores o prazo continua a correr normalmente). 
Exemplo: três pessoas são credoras de uma quarta de uma importância em 
dinheiro. Um dos credores se tornou absolutamente incapaz. Neste caso o 
prazo prescricional somente não corre (fica suspenso) contra o incapaz, 
correndo normalmente contra os demais, pois a obrigação de entregar dinheiro 
é divisível. 
Por outro lado, se a obrigação solidária for indivisível, uma vez suspensa 
a prescrição em favor de um dos credores, tal suspensão aproveitará (será 
estendida) aos demais credores. Exemplo: dois credores, sendo que um tem 
13 anos (absolutamente incapaz) têm direito de receber um cavalo puro-
sangue reprodutor (obrigação indivisível). Neste caso o prazo prescricional 
somente começará a fluir paratodos quando o incapaz completar 16 anos 
(pois a partir daí ele deixa de ser absolutamente incapaz). Isso porque, sendo 
o direito indivisível, a prescrição também fica “indivisível” (aproveita a todos). 
 Resumindo 
Suspensa a prescrição para um dos credores solidários: 
a) Obrigação divisível (dinheiro) →→→→ a suspensão não se estende aos demais 
credores e continua a correr normalmente para eles. 
b) Obrigação indivisível (cavalo) →→→→ a suspensão se estende aos demais 
credores; o prazo prescricional fica paralisado para todos. 
 
CAUSAS INTERRUPTIVAS 
(arts. 202 a 204, CC) 
 
São circunstâncias que impedem o fluxo normal do prazo prescricional, 
inutilizando o tempo já decorrido, de modo que o prazo recomeça a 
correr a partir da data do ato que o interrompeu, ou seja, o período já 
decorrido é inutilizado e o prazo volta a correr novamente por inteiro. A 
contagem recomeça do zero. Exemplo: o prazo prescricional é de cinco anos. 
Após três anos de fluência de prazo foi o mesmo interrompido. Este prazo 
recomeça do zero. A parte tem mais cinco anos para entrar com a ação 
apropriada. O efeito é instantâneo: o prazo recomeça a correr da data do 
ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper. 
���� Suspensão X Interrupção ���� 
A grande diferença ente suspensão e interrupção da prescrição é que na 
suspensão o prazo é temporariamente paralisado, de forma que superado o 
fato suspensivo, a prescrição continua a correr computando-se o tempo que já 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 2244 
tinha decorrido (recomeça a correr pelo tempo faltante). Já na interrupção a 
causa interruptiva faz com que o prazo já iniciado seja desconsiderado, 
começando a ser contado de novo desde o início. 
Outra coisa: Na interrupção, em regra, exige-se um comportamento 
ativo, uma provocação do credor (ex.: a notificação). Já na suspensão exige-
se apenas a ocorrência de um fato previsto na lei; ocorrido este, o prazo 
prescricional é suspenso de forma automática. 
São causas que interrompem a prescrição (art. 202, CC): 
 Despacho do Juiz, mesmo incompetente, que determinar a citação, 
se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual. Aqui é 
necessário fazer uma conexão com o art. 219 do Código de Processo Civil: 
“A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa 
a coisa; e, ainda quando ordenada por Juiz incompetente, constitui em 
mora o devedor e interrompe a prescrição”. Notem que há um certo 
conflito entre o texto do Código Civil (que menciona o despacho do Juiz) e 
o texto do Código de Processo Civil (que menciona a citação em si). A 
doutrina vem tentando harmonizar os dois dispositivos, prevalecendo a 
tese de que a interrupção se dá com a citação, porém, com efeitos 
retroativos à data da propositura da ação, desde que obedecidos os 
prazos fixados na lei processual. 
 Protesto judicial (trata-se de uma ação judicial, na verdade uma medida 
cautelar prevista no CPC) ou protesto cambial (ou seja, o protesto 
extrajudicial de um título de crédito como o protesto de um cheque, de 
uma nota promissória ou de uma duplicata). Ambas as situações se 
destinam a prevenir responsabilidade, ressalvar e conservar direitos ou 
manifestar qualquer intenção de modo formal. Tais providências refletem 
um comportamento ativo do credor, demonstrando a sua intenção de agir, 
de ver seu crédito pago, constituindo o devedor em mora e interrompendo 
a prescrição. 
 A apresentação do título de crédito em juízo de inventário, ou em 
concurso de devedores. A habilitação do credor em inventário, na falência 
ou nos autos de insolvência civil, constitui comportamento que também 
demonstra a intenção do credor em interromper a prescrição. 
 Qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor. Ex.: 
interpelação judicial, notificação judicial, ações cautelares de uma forma 
geral, etc. 
 Qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe 
reconhecimento do direito do devedor. Ex.: pagamento de uma parcela 
do débito, pedido de prorrogação de prazo para pagamento da dívida, etc. 
(nesta hipótese não há uma atividade do credor, mas sim do devedor). 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 2255 
���� Atenção ���� No Direito Civil a interrupção da prescrição só pode 
ocorrer uma única vez (art. 202, CC). Tal restrição é benéfica, evitando 
inúmeras interrupções abusivas, a má-fé e o adiamento da solução das 
pendências. 
Exemplo prático de uma hipótese de interrupção do prazo de 
prescrição: imaginem novamente um direito qualquer, cujo prazo 
prescricional seja de cinco anos. Passaram-se três anos e a pessoa não entrou 
com a ação judicial. Após esse prazo, surge uma causa interruptiva da 
prescrição (ex.: credor ingressa com uma notificação ou protesta um título de 
crédito). Neste caso o prazo “zera”, ou seja, volta à estaca zero. O prazo 
reinicia o seu curso. A pessoa tinha cinco anos para exercer o direito. 
Passaram-se três e não exerceu. Com a interrupção devolve-se o prazo de 
cinco anos para ingressar com a ação principal. Observem o quadro abaixo: 
 Interrupção do Prazo Prescricional 
 Ano Ano 
1º 2º 3º 1º 2º 3º 4º 5º 
 Fluxo de um prazo 
prescricional de 05 
anos, onde já 
decorreram 03 anos. 
Prazo 
Interrompido 
 Interrompido, o prazo fluirá 
por mais 05 anos; inicia-se 
novamente, mas por apenas 
uma vez mais. 
Quem pode promover a interrupção da prescrição? 
Nos termos do art. 203, CC, a interrupção da prescrição poderá ser 
promovida por qualquer pessoa que tenha um interesse jurídico. Portanto têm 
legitimidade para o ato: 
• o próprio titular do direito em via de prescrição. 
• quem legalmente o represente. 
• terceiro que tenha legítimo interesse (ex.: credores, fiadores ou 
herdeiros do credor). 
Reflexos da interrupção da prescrição (art. 204, CC) 
Eis outro dispositivo que os examinadores gostam para complicar um 
pouco... Em princípio a interrupção da prescrição beneficia apenas quem a 
promove. Assim, em regra, no caso de pluralidade de credores, o fato de um 
credor promover a interrupção, tal fato beneficiará apenas quem alegou a 
interrupção, não se estendendo aos demais credores. Da mesma forma, como 
regra, se houver a pluralidade de devedores e o credor interrompeu a 
prescrição em relação a apenas um deles, este fato prejudicial não será 
estendido aos demais devedores. No entanto há exceções: 
• Se for obrigação solidária (passiva ou ativa) a interrupção efetuada 
contra um devedor atingirá (prejudicando) os demais; e a interrupção 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 2266 
aberta por um dos credores atingirá (beneficiando) os demais. Isto porque 
na solidariedade os vários credores são considerados com um só credor e, 
da mesma forma, todos os devedores são considerados como um só 
devedor. 
• A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não 
prejudicará os outros herdeiros, a menos quando se tratar de obrigação 
indivisível (ex.: entrega de um cavalo). Isto porque a solidariedade não se 
transmite aos herdeiros, salvo se a obrigação for indivisível. 
• Finalmente, se um credor interrompe a prescrição contra o devedor de uma 
obrigação principal (ex.: locação), interrompe-se, também, eventual 
prazo prescricional contra o devedor da obrigação acessória (ex.: fiança). 
Lembrem-se mais uma vez da regra: “o acessório segue o principal”. 
PRAZOS PRESCRICIONAISO prazo da prescrição é o espaço de tempo que decorre entre seu termo 
inicial e final. O art. 205, CC optou por um critério simplificado de 10 anos 
para o prazo prescricional geral, tanto para as ações pessoais como 
para as reais, salvo quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. Assim, 
para sabermos em quanto tempo prescreve uma determinada ação, devemos 
proceder da seguinte forma: primeiramente verificamos se a ação que 
desejamos propor está prevista em algum dos parágrafos do art. 206, CC. Se 
encontrarmos a situação prevista em algum dispositivo, o prazo é o nele 
determinado expressamente. Porém, se analisamos todas as situações legais e 
não encontramos a ação que desejamos propor aplica-se a regra geral de 10 
anos do art. 205, CC. Assim, temos duas espécies de prazo: 
 Ordinário (ou comum): 10 (dez) anos em ações pessoais (ex.: uma 
ação de cobrança que envolve duas pessoas: credor e devedor) ou reais 
(ex.: uma ação que envolve posse, propriedade, hipoteca, etc.), alusivas 
ao patrimônio do titular da pretensão. Art. 205, CC: “A prescrição corre 
em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor”. 
 Especial: são prazos mais exíguos (de um a cinco anos), pois há uma 
presunção de que é conveniente reduzir o prazo geral para possibilitar o 
exercício de certos direitos de forma a evitar que acontecimentos do 
passado remoto possam ainda ser questionados. Estão previstos no art. 
206 e todos os seus parágrafos do CC. A diferença dos prazos repousa em 
uma valoração feita pelo legislador, bem como em condições pessoais do 
titulares das pretensões. Não se discute se eles são longos ou curtos; são 
fixados pela lei, que é a única fonte deles em nosso sistema. 
Destacamos como mais importantes (somente pelo fato de que há maior 
incidência em concursos públicos): 
 02 (dois) anos: pretensão para haver prestações alimentares, a partir 
da data em que se vencerem. É a única hipótese que prescreve em dois 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 2277 
anos. Observação Importante: É interessante deixar claro que o 
direito aos alimentos é imprescritível (a fome reclama urgência!). O 
direito não cessa pelo seu não exercício. A qualquer tempo, surgindo a 
necessidade, eles poderão ser pleiteados. O que se opera é a prescrição 
em relação aos valores dos alimentos vencidos, ou seja, as prestações 
alimentares fixadas judicialmente e não pagas e nem exigidas no prazo 
legal. Lembrando, também, que o não pagamento da pensão alimentícia 
fixada em sentença judicial pode gerar a prisão do devedor inadimplente. 
Esta prisão, autorizada pela atual Constituição Federal, está plenamente 
justificada em face do bem jurídico protegido, que no caso é a 
sobrevivência digna de seres humanos incapazes de prover seu próprio 
sustento. 
 03 (três) anos: pretensão de reparação por ato ilícito (ou seja, este é 
o prazo prescricional para as ações de responsabilidade civil em geral, em 
relação a danos materiais e/ou morais); pretensão para haver o 
pagamento de títulos de crédito, a contar do vencimento (ressalvadas as 
disposições de lei especial); pretensão relativa a aluguéis de prédios 
urbanos ou rústicos. 
 04 (quatro) anos: pretensão relativa à tutela, a contar da data da 
aprovação das contas (é a única hipótese que prescreve em quatro anos). 
 05 (cinco) anos: pretensão dos profissionais liberais em geral 
(médicos, advogados, contadores, etc.), pelos seus honorários, contado o 
prazo da conclusão do serviço. 
VAMOS AGORA CITAR TODOS OS PRAZOS PRESCRICIONAIS 
Prescrevem em 01 (um) ano 
a) a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a 
consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou 
dos alimentos; 
b) a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, 
contado o prazo: 
- para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data 
em que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo 
terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do 
segurador; 
- quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão; 
c) a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, 
árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários; 
d) a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para 
a formação do capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata 
da assembléia que aprovar o laudo; 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 2288 
e) a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os 
liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da 
liquidação da sociedade. 
Prescreve em 02 (dois) anos 
- a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se 
vencerem. 
Prescrevem em 03 (três) anos 
a) a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos; 
b) a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou 
vitalícias; 
c) a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações 
acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com 
capitalização ou sem ela; 
d) a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa; 
e) a pretensão de reparação civil; 
f) a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, 
correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição; 
g) a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei 
ou do estatuto, contado o prazo: 
- para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade 
anônima; 
- para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do 
balanço referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou 
da reunião ou assembléia geral que dela deva tomar conhecimento; 
- para os liquidantes, da primeira assembléia semestral posterior à 
violação; 
h) a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do 
vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial; 
i) a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro 
prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório. 
Prescreve em 04 (quatro) anos 
- a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas. 
Prescrevem em 5 (cinco) anos 
a) a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento 
público ou particular; 
b) a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, 
curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão 
dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato; 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 2299 
c) a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em 
juízo. 
����Observação Importante���� Contas de água, luz, gás, etc. e 
descumprimento contratual. Não há uma posição definitiva sobre a 
prescrição das contas de água, luz, gás, telefone, etc. A doutrina majoritária 
afirma que a prescrição seria de cinco anos (encaixaria na situação “dívidas 
líquidas constantes de instrumento particular”). No entanto tenho visto 
decisões judiciais (inclusive do STJ) que apontam o prazo de dez anos, isso 
porque, como a situação não se amolda perfeitamente em uma das situações 
específicas previstas em lei, deve ser aplicada a regra geral do art. 205, CC. 
Pelo mesmo motivo (ausência de prazo expressamente previsto no art. 206, 
CC), o STJ vem decidindo que os danos decorrentes de descumprimento 
contratual podem ser

Outros materiais