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ASSUNTOS E TEMAS REDAÇÃO 2016

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ASSUNTOS E TEMAS REDAÇÃO 2016 
Primeiro, lembre-se da nossa aula de ‘Planejamento da Redação’. A 
interpretação correta do tema é o primeiro passo para escrever um bom texto. 
Dê atenção total a cada uma das palavras que compõem o tema para que a 
apreensão dos sentidos da proposta seja completa – impedindo que ocorra 
fuga ao tema – esses sentidos específicos devem ser inter-relacionados 
Não confunda tema e assunto. O assunto pode ser uma referência genérica ou 
um fato específico; o tema é uma discussão direcionada, construída a partir do 
assunto escolhido. 
Só para lembrar! 
 Selecione as palavras-chave da frase tema! 
Por exemplo: 
Frase tema: “Até que ponto a identidade cultural brasileira é afetada pela 
globalização?” 
1. Até que ponto? – (Totalmente? Parcialmente? Não é afetada?/ Defina e 
defenda seu ponto de vista.) 
2. O que é identidade cultural brasileira? - (O que faz do Brasil o Brasil? 
Qual a identidade? – Língua portuguesa/ culinária/ música, ritmos/ 
vestuário/ costumes/ esportes, etc.) Mapeamento, seleção do que é 
interessante, pelo menos três que considera mais importante. 
3. Globalização – (Em que consiste esse processo? Aproximação entre as 
culturas. O que influencia a nossa cultura? País miscigenado. Muitas 
possibilidades... Reflita em até que ponto isso atinge a nossa identidade 
– Após essa interpretação, produza o roteiro e comece a redigir! 
 
 
Agora, veja alguns assuntos que estão dentre as atualidades de 2016: 
Atenção! - Esse é um levantamento de assuntos que estiveram em alta este 
ano. Não necessariamente que todos tenham força para emplacar como tema 
da redação. Analise o que você saberia discorrer sobre eles. 
- Justiça no Brasil. 
- Igualdade de gênero. 
- Vírus Zika. 
- Estado Islâmico. 
- Crise dos refugiados. 
- Situação política e econômica nos países da América do Sul. 
- Cidadania: Lei Maria da Penha completa 10 anos. 
- Rompimento da barragem em Mariana. 
- Violência: Brasil tem o maior número absoluto de homicídios no mundo. 
- Dívida Pública: municípios e estados brasileiros com os cofres vazios. 
- Cultura do estupro 
- Reforma política 
- Intolerância social 
- Depressão: o mal estar da sociedade contemporânea. 
Além desses, aposto nesses possíveis temas para a REDAÇÃO 2016: 
- O desafio da inclusão no Brasil. 
- As novas relações de trabalho. 
- O uso da tecnologia na educação. 
- O novo perfil da família brasileira. 
- Mobilidade urbana e suas implicações sociais. 
- A democratização do acesso à cultura no Brasil. 
- A cultura de assédio no Brasil. 
- A importância da literatura na formação infantil. 
- Os impactos da propaganda no Brasil contemporâneo. 
- A intolerância na escola em questão no Brasil. 
- Exposição exagerada no ambiente virtual. 
 
Assuntos com texto base – (Você poder ler essa edição selecionada em sites 
de notícias, ou buscar outras fontes de informação). 
Justiça no Brasil 
Em meio à crise política e casos de linchamento, o tema "justiça" pode ser 
cobrado. Ela sugere que o candidato escreva sobre investigações de corrupção 
como a operação Lava-Jato, mas também a deturpação da ideia de 'justiça' por 
pessoas que tentam punir supostos criminosos com as próprias mãos. 
Igualdade de Gênero 
Se o foco for a questão da mulher, o aluno pode abordar violência doméstica, 
a baixa representação feminina na política e a diferença salarial entre homens 
e mulheres. Outra possibilidade é a prova pedir uma dissertação sobre os 
direitos civis dos gays. Se for assim, é importante citar o direito conquistado à 
união civil e à licença-paternidade. 
Vírus Zika 
Em abril de 2015, o vírus zika foi identificado pela primeira vez no Brasil, 
quando seu material genético foi encontrado em oito pacientes do Rio Grande 
do Norte. No fim do mesmo ano, o número elevado de bebês nascidos com 
microcefalia (má formação rara na qual os bebês nascem com o crânio de 
tamanho menor do que o normal) fez com que o Ministério da Saúde 
confirmasse a relação entre o vírus e o surto de microcefalia que antigia o 
Nordeste do país. Em fevereiro de 2016, o aumento das infecções no país 
levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a declarar o surto 
como emergência mundial de saúde pública. Acredita-se que ele chegou ao 
Brasil trazido por religiosos da Polinésia que acompanharam a visita do Papa 
Francisco, em 2013, ou durante a Copa do Mundo, em 2014. No país, 
possivelmente causou o maior número de infecções desde que foi identificado. 
Os especialistas ainda não sabem o número exato de casos de zika no país, 
pois a única maneira de saber se alguém teve zika é pelos testes de biologia 
molecular (PCR), que detecta o vírus só até cinco dias depois do início dos 
sintomas. 
Estado Islâmico 
Os atentados em Paris de 13 de novembro de 2015, na Bélgica e no Iraque, em 
março de 2016, chamaram a atenção de todo o globo para as ações do grupo 
terrorista Estado Islâmico (EI), que tem assumido a autoria dos ataques. “O 
estudante deve compreender as táticas de recrutamento, o motivo dos 
ataques e de que modo são esquematizadas as ações. Além disso, precisa 
relacionar os atentados com os atuais desdobramentos políticos mundiais”, 
afirma o professor de história Rodolfo Neves, do Curso Poliedro. 
O grupo jihadista nasceu de uma dissidência do braço da Al Qaeda no Iraque 
na segunda metade dos anos 2000. O objetivo original do EI era expulsar os 
soldados americanos do país, matar xiitas, considerados apóstatas e traidores, 
e estabelecer um governo controlado por radicais sunitas. A guerra civil na 
Síria, iniciada em 2011 e ainda sem perspectiva de terminar, representou uma 
oportunidade para o EI crescer e se estruturar. Atuando nas regiões de maioria 
sunita do Iraque e da Síria, o grupo se apoderou de muitas cidades, campos de 
petróleo, armas e fortificações dos Exércitos da Síria e do Iraque. Em junho de 
2014, depois de um avanço surpreendente e devastador no leste da Síria e 
norte do Iraque, o grupo proclamou um califado nas regiões que mantém sob 
seu controle. 
Mesmo sofrendo constantes ataques aéreos da coalizão militar liderada pelos 
EUA e sendo combatido por Egito, Jordânia, Iraque e Síria, além de forças 
curdas, o Estado Islâmico está longe de ser aniquilado. Seus métodos brutais – 
que incluem decapitações, crucificações, execuções sumárias – e sua forte 
campanha de comunicação o alçaram à condição de grupo terrorista mais 
conhecido e temido do mundo na atualidade. Especialistas estimam que o 
grupo tenha cerca de 30.000 soldados, sendo 20.000 estrangeiros (que não são 
sírios ou iraquianos) -- mais de 10.000 são provenientes de outras nações e 
3.000 vêm de países ocidentais. Segundo a Organização das Nações Unidas 
(ONU), mantém 3 500 escravos no Iraque e destruiu relíquias de valor 
inestimável para a humanidade, como as da cidade de Palmira, na Síria. 
Acredita-se também que o grupo disponha de 2 bilhões de dólares (6 bilhões 
de reais) em ativos (dinheiro, joias, armamentos, petróleo e outros bens). O 
tráfico de órgãos foi apontado como uma das fontes de recurso dos jihadistas. 
Rompimento da barragem em Mariana 
Em novembro de 2015, o rompimento de uma das barragens da mineradora 
Samarco, na cidade mineira de Mariana, resultou no vazamento de mais de 50 
000 toneladas de lama que atingiram o distrito de Bento Rodrigues. Dezenove 
pessoas morreram e a tragédia causou incontáveis prejuízos ambientais. 
A investigação, iniciada no mês do acidente, durou três meses. De acordo com 
a Polícia Federal, a lama continha rejeitos, resíduo não tóxico resultante da 
mineração de ferro, e o colapso na estrutura aconteceu devido a umaliquefação (que se dá quando essa camada arenosa externa, em vez de expelir, 
retém a água).Também foram detectados falha e falta de dispositivos de 
monitoramento, equipamentos com defeito e deficiência do sistema de 
drenagem. 
Logo após o acidente, o governo de Minas Gerais embargou a licença da 
mineradora Samarco, impedindo que a mineradora retome suas atividades na 
região mineira. No início de abril deste ano, os rejeitos continuam vazando de 
barragem, segundo o Ministério Público mineiro. 
A Bacia do Rio Doce também foi atingida e a onda de lama chegou ao litoral 
do Espirito Santo – há suspeitas de que ela tenha chegado até a região sul da 
Bahia. O governo estima que a recuperação demore dez anos, a partir da 
aplicação do plano de recuperação, fechado com a Samarco no início de 2016. 
De acordo com os professores, o aluno precisa compreender o motivo do 
rompimento e as consequências do acidente para a fauna e flora brasileira, 
além de saber como se deu o impacto econômico da tragédia para a população 
da região. 
Crise dos refugiados 
Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), mais de 1 
milhão de refugiados e imigrantes chegaram à Europa em 2015, dos quais 
pelo menos 972 000 atravessaram o Mar Mediterrâneo e 3 700 morreram na 
travessia, como o garoto sírio Aylan Kurdi, que foi encontrado morto na praia 
de Bodrum, na Turquia e se tornou um símbolo da crise. 
Algumas das principais razões das migrações se originaram na política interna 
da Síria, governada há 50 anos por um partido chamado Baath e, que, desde 
julho de 2000, é liderada por Bashar al-Assad. Após o ápice da Primavera 
Árabe, em março de 2011, a população síria foi para as ruas contra o governo 
de al-Assad, que chamou opositores de “terroristas”. Em 2012 a situação 
passou a ser considerada pela ONU (Organização das Nações Unidas) e a 
Cruz Vermelha como uma Guerra Civil. 
Em meio à batalha entre forças leais ao governo e oposicionistas e a ameaça 
de militares radicais do Estado Islâmico (EI), mais de 11 milhões de pessoas 
tiveram que deixar suas casas. Após a ramificação dos opositores, rebeldes e 
aliados da Al-Qaeda na Síria (chamados Frente Al-Nosra) enfrentam desde 
2014 o Estado Islâmico (EI), grupo conhecido pela brutalidade. 
 
Além da Síria, há migrantes econômicos (que buscam emprego e melhoria de 
vida) e os refugiados (que fogem de áreas de conflito) de vários países 
africanos e do Oriente Médio. Mesmo assim, por causa das condições de 
extrema pobreza na Europa, os sírios estão retornando para a zona de guerra. 
Nos vestibulares, devem aparecer questões que abordam os direitos humanos 
dos refugiados. Há ainda a possiblidade de surgirem perguntas sobre o 
impacto econômico causado pelo enorme fluxo de estrangeiros nas cidades 
europeias. De acordo com os professores, também é necessário ficar atento ao 
crescimento da xenofobia da população, como a adoção de leis de limites 
no fluxo migratório. 
Situação política e econômica nos países da América do Sul 
A transformação nos modelos econômicos e políticos desenvolvidos nos 
países da América do Sul, em especial Argentina e Venezuela, é um tema que 
deve aparecer no Enem e principais vestibulares deste ano. De acordo com os 
professores, o estudante deve prestar ateção no modelo liberal que está sendo 
implantado na Argentina quais seus efeitos prováveis no Brasil, bem como a 
crise do chavismo no governo da Venezuela e como isso poderá afetar os 
países vizinhos. 
Em novembro de 2015, o conservador Maurício Macri foi eleito presidente da 
Argentina, dando fim à era Kirchner que comandou o país por doze anos 
(Néstor Kirchner foi presidente do país de 2003 e sua esposa, Cristina 
Kirchner foi eleita pela primeira vez em 2007). Foi a primeira vez em 100 
anos que os eleitores argentinos escolheram um candidato que não pertence ao 
peronismo nem ao radicalismo socialdemocrata. Uma das propostas de Macri 
é adotar uma política econômica mais liberal, com maior abertura ao mercado 
e menos intervenções do Estado. Em março de 2016, o presidente 
americano Barack Obama fez uma visita de dois dias ao país, marcando uma 
reaproximação depois de anos de relacionamento frio entre Estados Unidos e 
Argentina. Os dois presidentes assinaram acordos acordos em matéria de 
segurança, comércio e investimento. 
Na Venezuela, o legado econômico de 14 anos de governo do presidente 
venezuelano Hugo Chávez, declarado morto em março de 2013, ainda é um 
fardo difícil de ser revertido. Chávez iniciou sua gestão em fevereiro de 1999 
e conduziu um lomgo processo de estatização, sucateamento da indústria e 
descontrole de gastos públicos. Ao longo de mais de uma década, a economia 
sobreviveu graças à receita proveniente do petróleo e ao setor de serviços. O 
consumo se manteve impulsionado, sobretudo, pelos programas 
assistencialistas - o que fez a inflação se manter acima de 20% durante todo o 
seu governo, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI). O 
presidente Nicolás Maduro, eleito em 2013, prometeu dar continuidade ao 
modelo chavista. O país enfrente uma grave recessão, impulsionada pela 
queda nos preços do petróleo, o produto mais exportado do país, que afetou o 
abastecimento de produtos da alimentação básica, como arroz, e desencadeou 
uma inflação de três dígitos. 
 
Em março de 2016, a oposição anunciou referendo e emenda para depor 
Maduro. O líder do Parlamento venezuelano, Henrique Capriles, defende 
saída de Maduro por abandono do dever e iniciou uma "cruzada pelo país" 
para antecipar saída do presidente venezuelano do poder. 
 
Cidadania: Lei Maria da Penha completa 10 anos 
A Lei Maria da Penha (Lei 11.340), sancionada em 7 de agosto de 2006, 
completa dez anos de vigência. Ela foi criada para combater a violência 
doméstica e familiar, garante punição com maior rigor dos agressores e cria 
mecanismos para prevenir a violência e proteger a mulher agredida. 
 
De acordo com a legislação, configura violência doméstica e familiar contra a 
mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, 
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial. 
 
Hoje essa lei é a principal ferramenta legislativa na questão da violência 
doméstica e familiar contra as mulheres no Brasil. Ela também é considerada 
pela Organização das Nações Unidas (ONU) como uma das três mais 
avançadas do mundo nessa questão. 
 
Com a Lei Maria da Penha, a violência contra a mulher torna-se visível e 
deixa de ser interpretada como um problema individual da mulher e passa a 
ser reconhecida como problema social e do Estado, que deve prever 
assistência, prevenção e punição para esses casos. 
 
“Em briga de marido e mulher não se mete a colher”. Esse ditado popular 
revela muito sobre como o país tratou a violência doméstica e contra a 
mulher. Isso porque durante séculos, esse tipo de agressão nem sempre foi 
considerada uma violência pela sociedade brasileira. Essa frase naturaliza um 
ato abusivo, como algo sem importância e de interesse particular, uma 
situação que não precisa de ajuda ou “não é problema meu”. 
A cada ano, mais de um milhão de mulheres são vítimas de violência 
doméstica no país, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE). Outros dados mostram a gravidade da questão: a cada 
cinco minutos uma mulher é agredida no Brasil e uma em cada cinco 
mulheres já sofreu algum tipo de violência de um homem (conhecido ou não) 
e o parceiro é responsável por 80% dos casos reportados. Os dados são de 
uma pesquisa de 2010 da Fundação Perseu Abramo. 
Apesar da gravidadedo problema, a previsão de uma lei específica no Brasil 
que trata da violência contra as mulheres, em especial nas relações domésticas 
familiares e afetivas, é algo recente e só ocorreu com a Lei Maria da Penha 
(Lei 11.340), sancionada em 7 de agosto de 2006, e que completa dez anos de 
vigência. 
Violência: Brasil tem o maior número absoluto de homicídios no mundo 
Resultados do Atlas da Violência 2016 mostram que o Brasil tem o maior 
número absoluto de homicídios no mundo. Uma em cada dez vítimas de 
violência letal reside no Brasil. Homens, jovens, negros e com baixa 
escolaridade são a maioria das vítimas. Na análise por cidades, a taxa de 
homicídios tem diminuído nas grandes cidades, como São Paulo e Rio de 
Janeiro, e aumentado no interior. Os estados que implementaram políticas de 
segurança mais efetivas tais como São Paulo, Pernambuco e Rio de Janeiro 
testemunharam queda das taxas de mortes violentas. 
No ano passado, o Instituto Datafolha revelou que 8 entre 10 pessoas que 
vivem em cidades brasileiras têm medo de morrer assassinadas. Mas o medo é 
desproporcional à realidade. Ainda assim, os números registrados da violência 
letal estão cada vez mais elevados. 
Resultados do Atlas da Violência 2016 mostram que o Brasil tem o maior 
número absoluto de homicídios no mundo. Uma em cada dez vítimas de 
violência letal reside no Brasil. O estudo foi desenvolvido pelo Instituto de 
Pesquisa Econômica aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança 
Pública (FBSP), que analisaram dados do número de vítimas de registros 
policiais e do Ministério da Saúde. 
As informações mais recentes são de 2014, ano em que o país bateu seu 
recorde histórico de homicídios - 59.627 registros– o que equivale a uma taxa 
de homicídios de 29,1 (a taxa é calculada por 100 mil habitantes). O índice é 
considerado epidêmico pela Organização das Nações Unidas (ONU). Só para 
ter uma ideia, há dez anos, em 1996, a taxa de homicídios nacional foi de 24,8 
e em 2011 e atingiu a marca dos 27,1. 
Em relação à taxa de homicídios, o Brasil está em 15º no ranking mundial. 
Mas os dados do Atlas da Violência 2016 tornam o Brasil campeão mundial 
de assassinatos, em números absolutos. Segundo o relatório, “além de outras 
consequências, tal tragédia traz implicações na saúde, na dinâmica 
demográfica e, por conseguinte, no processo de desenvolvimento econômico e 
social”. 
Segundo dados do Banco Mundial, em 2013, houve 437 mil vítimas de 
homicídio em todo o planeta. Chama a atenção que 14 dos 20 países 
considerados mais perigosos do mundo (aqueles com as maiores taxas de 
homicídio) estão localizados na América Latina e no Caribe. 
As vítimas no Brasil: jovem, negro e pobre 
O gênero, cor e a educação podem determinar as chances de alguém morrer? 
Segundo a pesquisa, se fossemos escolher um símbolo para personificar a 
principal vítima de morte violenta no país, suas características seriam um 
homem, jovem, negro e com baixa escolaridade. Ele ainda teria 21 anos, a 
idade em que o risco de ser assassinado é maior. 
Isso porque os homens (92%) e jovens entre 15 e 29 anos (54%) são a maioria 
das vítimas. Em 2013, cerca de 29 jovens foram assassinados por dia no 
Brasil. E mais: a probabilidade de um jovem com escolaridade inferior a sete 
anos de estudo sofrer homicídio é 15,7 vezes maior do que aqueles que 
possuem ensino superior completo. 
Em relação à cor, 77% dos jovens que morrem assassinados no Brasil são 
negros. E no período analisado de dez anos (entre 2004 e 2014) da pesquisa, 
foi registrado crescimento de 18,2% na taxa de homicídio de negros e pardos, 
enquanto houve redução de 14,6% na taxa de pessoas brancas, amarelas e 
indígenas. Em 2014, para cada não negro que sofreu homicídio, 2,4 indivíduos 
negros foram mortos. 
Essas discrepâncias são alarmantes. O estudo avalia que uma possível 
explicação é que a taxa de homicídios diminuiu mais nos Estados onde há 
proporcionalmente menos negros, como na região Sudeste e no Sul. Ainda 
assim, se a comparação for feita por unidade federativa, a violência contra a 
população negra é maior em quase todos (à exceção de Roraima e Paraná), o 
que mostra que o grupo está mais exposto a situações de vulnerabilidade e que 
essa situação reflete o racismo estrutural do país. 
Dívida pública: Municípios e Estados brasileiros estão com os cofres 
vazios 
A grave crise econômica do Brasil afetou a arrecadação de impostos do 
governo e desestabiliza o equilíbrio financeiro das cidades, que têm forte 
dependência das verbas da União. Em 2016, 60% dos municípios vão fechar o 
ano com contas a pagar. 
Com contas em vermelho, as prefeituras cortam despesas e reduzem o 
funcionamento dos serviços essenciais oferecidos à população. 
 
Os estados sofrem com o aumento da dívida e dos gastos com pessoal. 
Estados entraram com recurso no STF (Supremo Tribunal Federal) para 
decidir o tipo de juros aplicados no pagamento da dívida. 
 
Os municípios devem cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, que 
determina um limite e um percentual de gasto com o funcionalismo que não 
pode ser descumprido. 
 
O pacto federativo, entre outras coisas, define a forma como a receita 
tributária e as atribuições de União, estados e municípios estão distribuídas na 
Constituição. Vários projetos visando a descentralização desses recursos estão 
em tramitação no Congresso. 
 
Falta de remédios nos hospitais. Redução da merenda escolar. Ambulâncias 
sem gasolina. Carros de polícia sem manutenção. Lixeiros em greve. 
Aposentados sem receber. Suspensão de programas sociais. Esse cenário de 
colapso financeiro pode se tornar a realidade da maioria das cidades até o final 
do ano. Isso porque a crise econômica do Brasil afetou a arrecadação de 
impostos em todos os níveis do governo e deixou as contas públicas mais 
desequilibradas. 
Em 2015, o PIB do Brasil (a soma da riqueza de um país) recuou 3,8% - a 
maior queda em 25 anos. Com a economia em recessão, caiu o recolhimento 
de tributos vinculados ao setor industrial e ao comércio. Entre 2014 e 2015, a 
arrecadação caiu 4,5%. Com menos emprego e renda, as pessoas diminuem o 
consumo e, com isso, também há um recolhimento menor de impostos. 
Enquanto a economia não se recupera, a previsão do governo federal é 
terminar o ano de 2016 com um déficit (quando as despesas são maiores que 
as receitas) de R$ 170,5 bilhões. Esse seria o maior rombo fiscal na história do 
país, resultado da queda das receitas e do aumento contínuo das despesas. Será 
o terceiro ano seguido com as contas no vermelho. Em 2014, houve um déficit 
de R$ 32,5 bilhões e, em 2015, o rombo foi de R$ 111 bilhões. 
Diante da queda, o governo teria que cortar gastos e/ou elevar impostos para 
fechar as contas e evitar um endividamento descontrolado. Em 2015, ele já 
começou a aumentar tributos sobre carros, cosméticos, água, luz, bebidas, 
combustível, entre outros. De acordo com o Instituto Brasileiro de 
Planejamento e Tributação (IBPT), em 2016, o brasileiro trabalhará 153 dias 
ou cinco meses somente para pagar impostos e taxas aos cofres públicos. Esse 
comprometimento chega a 41% da renda. Um aumento de impostos poderia 
gerar ainda mais recessão. 
Sem dinheiro em caixa, essas prefeituras não possuem recursos para despesas 
como o pagamento de salários de funcionários e fornecedores, benefícios 
sociais, obras de infraestrutura, além de serviços públicos essenciais como 
saúde, educação do ensino fundamental e infantil, segurança e limpeza 
urbana. 
O orçamento apertado atinge diretamente o funcionalismo público e a 
qualidade dos serviços. Em 576 cidades do Brasil, os prefeitos não têm 
conseguido pagar em dia osalário dos servidores. Desse total, 11% estão com 
atraso superior a seis meses, segundo levantamento da CNM. Em 2015, por 
exemplo, sete em cada dez municípios de Minas Gerais tiveram alguma 
dificuldade para pagar o 13º de funcionários. 
Um dos primeiros sintomas da crise foram problemas na educação e na saúde. 
Cerca de 70% dos municípios da pesquisa da CNM estão com dificuldades na 
área, como o pagamento do piso do magistério, incapacidade de transporte 
para a zona rural e falta de merenda escolar. Na saúde, 55% sofrem com a 
falta de medicamentos e 33% relatam a falta de médicos em postos de saúde. 
Os municípios têm três fontes de receita: a arrecadação própria (de Imposto 
Territorial, Imposto sobre Serviços e outras taxas), uma parcela do Imposto 
sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) arrecadado pelo estado a as 
transferências de verbas do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), 
composto pela arrecadação do Imposto de Renda (IR) e Imposto sobre 
Produto Industrializado (IPI). 
 
Cultura do estupro: Você sabe de que se trata? 
Estupro. A palavra é forte. O crime, bárbaro. Pior, a violência sexual é um 
medo pelo qual praticamente toda mulher já passou em algum momento da 
sua vida. 
E esse temor pode morar em situações corriqueiras, como ao entrar no ônibus 
de noite sozinha ou andar por uma rua mal iluminada e sem companhia. 
Agora, pense, será que esse medo deveria ser assim, algo quase naturalizado 
em nossa sociedade? 
Na última semana, dois casos de estupro recolocaram esse tipo de violência na 
pauta. O assunto voltou com força -- nas redes sociais e fora delas. 
Os crimes que ganharam as telas dos computadores e das TVs: uma 
adolescente de 16 anos foi violentada por um grupo (talvez mais de um grupo) 
de homens no Rio de Janeiro, e teve vídeos disponibilizados na internet da 
agressão. No Piauí, uma outra adolescente, de 17 anos, foi violentada por 
quatro menores e um homem de 18 anos. 
O que espanta, nos dois casos, é uma reação de "normalidade", de 
"naturalidade" com que os agressores trataram seus crimes. No caso da 
adolescente fluminense, o vídeo começou a circular nas redes sociais como se 
fosse um troféu -- com a circulação do vídeo, centenas de denúncias 
começaram a chegar no MP (Ministério Pùblico) antes mesmo de a menina ir 
à polícia. O delegado responsável pelo caso do Piauí conta que os menores 
disseram julgar "normal" o sexo do colega com a menina desacordada. 
O que caracteriza o estupro é ausência de consentimento. O crime de estupro 
está previsto no artigo 213 do Código Penal Brasileiro. A lei brasileira de 
2009 considera estupro qualquer ato libidinoso contra a vontade da vítima ou 
contra alguém que, por qualquer motivo, não pode oferecer resistência. Ou 
seja, não importam as circunstâncias, se foi contra a vontade própria da pessoa 
ou ela está desacordada é crime. Antes, o ato só era caracterizado quando 
havia conjunção carnal com violência ou grave ameaça. 
Diante da perplexidade de todos, os movimentos feministas e pelos direitos 
humanos passaram a fazer campanhas contra a "cultura do estupro". 
Mas, afinal, o que é cultura do estupro? 
A expressão "cultura do estupro" surgiu nos anos 1970 e foi usada por 
feministas para indicar um ambiente cultural propício a esse tipo de crime por 
ter mecanismos culturais (normas, valores e práticas) em que as pessoas 
acabam naturalizando e aceitando algumas violências em relação à mulher. 
Segundo esse conceito, o princípio que norteia essa cultura é a desigualdade 
social existente entre homens e mulheres. As mulheres são vistas como 
indivíduos inferiores e, muitas vezes, como objeto de desejo e de propriedade 
do homem -- o que autoriza, banaliza ou alimenta diversos tipos de violência 
física e psicológica, entre as quais o estupro. 
"Ela provocou”, “ela estava de saia curta”, “ela não deveria sair sozinha”, “ela 
não deveria estar na rua naquela hora”, “ela não deveria ter bebido” ou “ela é 
uma mulher fácil” -- quando surge esse tipo de comentário que coloca em 
dúvida a denúncia da vítima, estamos diante de um traço da famigerada 
cultura do estupro. 
Nesse contexto, as mulheres acabam se sentindo responsáveis, culpadas pela 
violência que sofreram e ficam com vergonha de denunciar. 
Outra situação recorrente é quando surge a argumentação de que o homem 
não consegue controlar seus instintos diante de uma mulher por quem sente 
atração e, por isso, ele não teria culpa pela sua falta de controle. É como se o 
ato brutal, a agressão, a violação fosse mera questão sexual como se a 
responsabilidade não fosse do agressor já que ele "não consegue se 
controlar". Mas a maioria dos casos de violência é praticada por homens 
considerados pessoas "comuns" pela sociedade e, em muitas situações, os 
abusadores são parentes ou amigos próximos da vítima. 
O levantamento realizado pelo Ipea aponta que 24,1% dos agressores das 
crianças são os próprios pais ou padrastos, e 32,2% são amigos ou conhecidos 
da vítima. 
Dados de 2014 registraram a ocorrência de 47,6 mil episódios de violência 
sexual contra as mulheres. Isso significa que, a cada 11 minutos, uma mulher 
é estuprada no país. Em 2015, as delegacias registraram 51.090 ocorrências. 
Mas o número de vítimas pode ser ainda maior. 
Segundo estimativas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 527 
mil pessoas sofrem algum tipo de violência sexual por ano no Brasil. A 
projeção foi feita em 2013 e tem como base dados do Ministério da Saúde, 
que fez o levantamento de vítimas em hospitais e postos de saúde da rede 
pública. 
A incerteza do número de casos de estupro se deve ao fato de ele ser um dos 
crimes mais subnotificados no mundo todo. Nos Estados Unidos, por 
exemplo, 68% das ocorrências não são denunciadas pelas vítimas. No Brasil, 
o número é similar. Dados do Ministério da Justiça revelam que 64% das 
agressões sexuais não são notificadas na polícia para posterior investigação 
e punição. 
Entre os motivos de a vítima não denunciar a violência estão a vergonha 
moral do ato, o medo do julgamento social, o sentimento de culpa e o medo de 
ser julgada e maltratada por autoridades e por aqueles de quem deveria 
receber apoio e ajuda – em casa, na delegacia ou no hospital. Existem ainda 
casos em que a vítima é menor de idade e convive com o agressor dentro de 
casa ou que o agressor é o próprio companheiro. 
 
Reforma política: O que está em discussão? 
 
O processo de abertura do impeachment da presidente Dilma Rousseff que 
ocorreu em maio na Câmara dos Deputados e no Senado mostrou o perfil de 
parlamentares que muitos eleitores ainda não conheciam. Dos 511 deputados 
que participaram da votação histórica, apenas 34 tiveram votos suficientes 
para se elegerem sozinhos. Eles foram eleitos por causa do sistema de voto 
proporcional (explicação abaixo). O sistema dá margem para que um 
candidato seja eleito com relativamente poucos votos pessoais porque seu 
partido recebeu muitos votos. 
A votação do impeachment e os protestos de 2013 retomaram o debate da 
necessidade de uma reforma política, um conjunto de propostas de leis e 
regulamentações para mudar as regras do nosso sistema político. Ela tem 
vários objetivos, como acabar com distorções, definir o sistema eleitoral, 
facilitar a participação plena da população no direito de escolher seus 
representantes políticos, diminuir a corrupção e reduzir os gastos públicos. 
A ideia de uma reforma política não é nova. Desde que a Constituição foi 
promulgada, em 1988, já se discute o tema. Em 2013, a presidente Dilma 
Rousseff (PT) propôs a realização de um plebiscito para instituir uma 
Assembleia Constituinte exclusivapara realizar uma reforma política que 
contaria com cinco pontos-chave: financiamento de campanhas, sistema 
eleitoral, suplência no Senado, coligações partidárias e voto secreto no 
Senado. Em 2015, o Congresso Nacional votou alguns itens da PLC 75/2015 
que trata da reforma política, mas a maioria das medidas aprovadas pouco 
alterou a atual estrutura política do Brasil. 
Uma das decisões mais importantes veio do Supremo Tribunal Federal (STF). 
Em setembro de 2015 o STF julgou inconstitucional o financiamento e a 
doação de empresas a partidos e candidatos nas eleições. Serão permitidas 
somente doações de pessoas físicas (limitadas a 10% dos rendimentos no ano 
anterior) e recursos do fundo partidário. A decisão é válida a partir das 
eleições de 2016 e pretende evitar desequilíbrios no processo eleitoral, como a 
corrupção e a influência do poder econômico no resultado das eleições. A 
Operação Lava-Jato, por exemplo, descobriu que empreiteiras usaram doações 
a partidos como moeda de troca para contratos de obras públicas. Veja o que 
está em discussão na reforma política: 
Fim do voto proporcional 
No sistema de voto proporcional, as eleições de deputados federais, estaduais 
e vereadores dependem do cálculo do quociente eleitoral, a quantidade 
necessária de votos para a eleição de um deputado em seu Estado. O quociente 
é definido pela divisão do número de votos válidos pela quantidade de vagas 
que cabe a cada Estado. A partir desse cálculo, são estipuladas as vagas a que 
cada partido terá direito. Assim, o eleitor tem que ficar de olho em qual 
partido vai votar. O problema é que os votos acabam indo para deputados que 
o eleitor não escolheu. Candidatos com poucos votos podem ser eleitos, 
“puxados” por aqueles mais votados do mesmo partido, mas que não 
defendem os interesses do eleitor. Em 2014, Celso Russomanno (PRB), 
deputado federal mais votado em São Paulo, ajudou a eleger outros quatro 
candidatos. Na mesma eleição, o deputado federal Tiririca levou mais dois 
deputados do PR para o Congresso. 
Voto distrital 
Uma das alternativas ao sistema proporcional seria a adoção do voto distrital. 
Nesse modelo, os Estados seriam divididos em distritos de acordo com o 
número de vagas para deputados, garantindo uma quantidade semelhante de 
eleitores em cada um. Com isso, seria eleito no distrito só o candidato que 
obtivesse mais votos, independentemente da votação do partido. Os 
defensores dessa fórmula argumentam que a proposta aproxima o candidato 
de seu eleitorado e garante a representatividade de todas as partes do Estado. 
Quem é contra afirma que tende a fortalecer os chamados “caciques 
regionais” (políticos poderosos) e eliminar as minorias – que podem ficar sem 
representação se não atingirem a maioria em nenhum distrito. 
Limite do número de partidos 
O sistema eleitoral brasileiro é partidário, ou seja, os candidatos a se elegerem 
precisam estar filiados a partidos políticos. Em 2015, o Tribunal Superior 
Eleitoral reconheceu oficialmente três novos partidos políticos – o Partido 
Novo, a Rede Sustentabilidade e o Partido da Mulher Brasileira. Hoje o Brasil 
tem 35 partidos registrados oficialmente na Justiça Eleitoral. Quem defende o 
limite de siglas argumenta que o atual número dificulta a governabilidade, 
como o apoio de bancadas a propostas a serem votadas. Alguns partidos 
pequenos também são criticados por um problema: não possuem candidatos e 
cedem seu tempo no horário político na TV para siglas maiores e depois são 
recompensados com cargos ou ministérios. Para diminuir esse número de 
partidos, pode ser criada uma cláusula de barreira. Só entra no Poder 
Legislativo quem conseguir uma porcentagem mínima de votos nacionais, por 
exemplo, 5 a 8%. O problema é que partidos pequenos teriam dificuldade de 
atingir a porcentagem e crescer. 
Fundo Partidário para todos 
O Fundo Partidário destina mensalmente recursos públicos para assistência 
financeira aos partidos políticos registrados na Justiça Eleitoral. Todos os 
partidos têm direito a uma parte maior ou menor do Fundo Partidário e do 
tempo de propaganda no rádio e na TV. A proposta de restrição limita o 
direito a recursos do Fundo Partidário e do tempo de mídia para partidos que 
tenham concorrido com candidatos próprios (sem levar em conta a coligação) 
e que tenham elegido pelo menos um representante para a Câmara dos 
Deputados ou Senado. 
Fim da reeleição 
A reeleição para os cargos executivos foi adotada em 1997, no governo de 
Fernando Henrique, que se reelegeu presidente. No modelo atual, os 
governantes (presidente, governador e prefeito) se elegem para exercer um 
mandato de quatro anos, com direito à reeleição. A nova proposta parte do 
entendimento de que o detentor de cargo executivo leva vantagem sobre seus 
concorrentes, já que tem mais visibilidade. A alternância no poder permite 
diferentes pontos de vista para lidar com os problemas do país, mas pode 
dificultar projetos de governo que buscam resultados no longo prazo. A 
proposta de mudança geralmente está associada à ampliação dos mandatos 
para cinco anos. 
Fim do voto obrigatório 
No Brasil, o voto é obrigatório para todos os brasileiros com mais de 18 anos 
e menos de 70. O voto só é facultativo aos maiores de 16 e aos analfabetos. 
Mas muitas pessoas votam ser ter uma consciência política, apenas pela 
obrigação e não porque se identificam com as proposta do candidato. 
Atualmente, vários países, entre eles EUA, Alemanha e Inglaterra, adotam o 
voto facultativo, pelo qual o cidadão decide livremente comparecer ou não às 
urnas. O ponto negativo é que o processo democrático pode acabar nas mãos 
de poucos ou estimular a prática do “voto de cabresto”, a troca do voto por 
benefícios pessoais. 
Parlamentarismo 
Um sistema de governo é a forma como o poder político de um país é dividido 
e exercido. A democracia brasileira é dividida entre os poderes Legislativo 
(cria leis), Executivo (executa as leis) e Judiciário (verifica se as leis são 
cumpridas). O poder legislativo brasileiro é exercido pelo Congresso 
Nacional, que, por sua vez, é composto pela Câmara dos Deputados e pelo 
Senado Federal. O Presidente da República é eleito pelo povo e atua como a 
autoridade máxima do Poder Executivo. 
A adoção do parlamentarismo substituiria o atual presidencialismo de 
coalizão, modelo no qual o presidente precisa construir uma base aliada entre 
os congressistas para conseguir aprovar suas propostas. Este modelo estimula 
uma barganha por parte do Executivo, que oferece cargos da administração 
pública a partidos em troca de apoio às propostas do governo. O resultado é a 
crise de representatividade enfrentada por diversos presidentes. No 
parlamentarismo, a chefia do governo é exercida por um primeiro-ministro 
eleito pelos parlamentares. Desta forma, o Congresso ganharia mais poder na 
política nacional. A fragilidade do sistema é que bancadas menores teriam 
dificuldade de aprovar propostas. 
Unificação das eleições 
Hoje as eleições acontecem a cada dois anos, intercalando pleitos para 
prefeitos e vereadores em um ano, e para presidente, governadores, deputados 
e senadores dois anos depois. A proposta de eleições unificadas pretende 
realizar eleições no mesmo ano. Dessa forma, haveria redução nos custos das 
eleições. 
Intolerância: Coexistir com as diferenças é um desafio? 
Você gosta do partido A ou B? Cuidado. Provavelmente a resposta pode gerar 
algum tipo de discórdia. É cada vez mais comum no Brasil brigas por causa de 
partidos ou posições políticas. Militantes são hostilizados nas ruas, políticos 
são vaiados em locais públicos e amizades se desfazem na rede social. 
Umepisódio recente envolveu o cantor Chico Buarque, agredido em frente 
a um restaurante no Rio de Janeiro por um grupo de pessoas contrárias ao 
PT. A saída seria deixar de falar de política? Certamente não. 
A palavra política surge na Grécia Antiga como uma tradição que estimula o 
debate e a liberdade no pensar e no agir. Uma cultura democrática é uma 
cultura do diálogo. A democracia é um sistema de governo baseada no diálogo 
da sociedade civil. O problema é quando não existe o debate de ideias, mas o 
pensamento único que leva ao ódio e ações violentas. 
O radicalismo do debate político é apenas uma das faces da intolerância da 
sociedade brasileira. Basta espiar as notícias e perceber a violência contra o 
outro em diversas esferas: uma apresentadora de TV foi ofendida na internet 
por ser negra. Nas favelas do Rio de Janeiro, traficantes convertidos em 
evangélicos proíbem umbanda e candomblé em territórios que estão sob seus 
domínios. Em São Paulo, motoristas do aplicativo Uber foram agredidos por 
taxistas. 
A tolerância acontece quando existe uma convivência respeitosa entre as 
diferenças. Já a intolerância é um comportamento que se materializa pela 
violência física ou simbólica, motivada pelo ódio ao outro. Trata-se de uma 
violência que é usada no cotidiano contra pessoas e povos, baseada na 
dificuldade de entender e aceitar as diferenças. Ela pode ser étnica, política, de 
gênero, de classes, religiosa, sexual, cultural e social. O desafio do mundo 
contemporâneo é o de que todas essas identidades consigam conviver juntas e 
em paz. 
A lista de crimes e barbáries contra a humanidade baseada na intolerância é 
vasta. Basta recordar a inquisição da Idade Média, a escravidão, o holocausto 
judeu, este último, apenas um dos conflitos motivados pela intolerância 
religiosa e o racismo no século 20. 
No século 16, a palavra tolerância tinha uma carga negativa. Tolerar era sofrer 
ou suportar pacientemente um mal necessário. Por outro lado, a intolerância 
designava uma virtude, uma espécie de integridade moral ou firmeza para com 
os preceitos morais. 
A noção de tolerância que temos hoje tem raízes no Iluminismo. Em 1689, o 
filósofo inglês John Locke (1632-1704) escreveu a Carta sobre a Tolerância, 
que trouxe importantes argumentos na defesa da tolerância. 
Naquela época, eram comuns massacres recíprocos entre católicos e 
protestantes na Europa. Na Carta, Locke defende a preservação de certos 
direitos dos indivíduos e afirma que os homens não têm o direito de infligir 
tortura por motivo religioso. 
Locke rejeita a conversão da fé à força. Ele acredita que ninguém pode mudar 
sua fé pelo simples comando de outro. Para ele, as perseguições religiosas 
provocam ainda mais intolerância. Por outro lado, o respeito pela consciência 
alheia disseminaria a paz na sociedade. 
As reflexões dos filósofos iluministas influenciaram a criação de leis que 
reconhecem todos como iguais. Após a Segunda Guerra Mundial, por 
exemplo, a ONU assinou a Declaração Universal dos Direitos do Homem. O 
primeiro artigo da Declaração diz que todos os seres humanos nascem livres e 
iguais em dignidade e direitos. Os indivíduos têm direitos porque são seres 
humanos, e não por sua condição social. 
A Constituição brasileira também assegura que todos são iguais perante a lei, 
sem distinção de qualquer natureza e garante aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, 
à segurança e à propriedade. 
A importância da alteridade 
A palavra alteridade, originária do latim possui o prefixo alter (o outro) que 
significa compreender o lugar do outro e ter consciência que ele existe. A 
convivência com a alteridade é uma forma de pensar, escutar e dialogar com o 
outro. 
No entanto, o exercício da alteridade não é fácil. Começamos a olhar o outro 
como um estranho, mas não como um “outro”. A visão de alteridade é ser 
capaz de olhar o outro como um sujeito visível, próximo, e não como um 
inimigo. Sair de sua própria visão de mundo para entrar na existência da outra 
pessoa. 
Depressão: O mal-estar da sociedade contemporânea 
A vida é repleta de eventos doloridos e a tristeza faz parte da condição 
humana. Mas quando é que estar triste se transforma em doença? 
A depressão é um problema de saúde pública. Ela se distingue da tristeza pela 
duração de seus sinais e pelo contexto em que ocorre. Trata-se de uma 
experiência cotidiana associada a várias sensações de sofrimento psíquico e 
físico e que pode impedir que a pessoa realize suas atividades cotidianas e 
atrapalhar nos relacionamentos. 
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), pelo menos 350 
milhões de pessoas sofrem desse mal no mundo. No Brasil, de acordo com um 
levantamento nacional da Universidade Federal de São Paulo, um terço da 
população brasileira apresenta sintomas de depressão. 
A depressão é considerada um transtorno mental comum e pode aparecer em 
três graus: leve, moderada ou grave. Os casos extremos levam o indivíduo a 
ficar incapacitado diante da vida até mesmo a desistir dela. Segundo a OMS, 
15% dos depressivos comentem suicídio. 
Diagnosticar e traçar a linha que separa a normalidade da patologia é sempre 
uma dificuldade e no meio disso tudo existe a estigmatização da doença. Ela 
não tem uma causa ou características únicas e atinge as pessoas de modos 
diferentes. Em termos científicos, não existem testes laboratoriais que revelam 
quando a tristeza se torna um estado de depressão. O único jeito é observar a 
si mesmo. 
Para psicólogos e psiquiatras, a depressão pode surgir de diversas formas, 
principalmente como reação a uma situação estressante. Os fatores 
desencadeantes podem ser acontecimentos como traumas na infância, a morte 
de alguém, o fim de casamento, isolamento social ou violência. Não raro, 
porém, a depressão surge sem motivo. 
Os sintomas ajudam no diagnóstico do quadro e a intensidade na experiência 
dos fenômenos relacionados à depressão é um dos fatores mais mencionados 
por pessoas que a viveram. A perda de interesse pelo trabalho ou lazer, 
dificuldade de concentração, baixa autoestima, sonolência, choro por qualquer 
coisa, sentimento de culpa ou desamparo, ansiedade, falta de libido, ataques 
de pânico e pensamentos negativos frequentes são alguns dos comportamentos 
relacionados ao transtorno. 
O escritor norte-americano Andrew Solomon escreveu o livro "O Demônio do 
Meio-Dia" para investigar a depressão a partir de sua própria experiência. "O 
oposto da depressão não é a felicidade, mas a vitalidade”, escreve ele. “A 
depressão começa do insípido, nubla os dias com uma cor entediante, 
enfraquece ações cotidianas até que suas formas claras são obscurecidas pelo 
esforço que exigem, deixando-nos cansados, entediados e obcecados com nós 
mesmos — mas é possível superar isso. Não de uma forma feliz, talvez, mas 
pode-se superar. Ninguém jamais conseguiu definir o ponto de colapso que 
demarca a depressão severa, mas quando se chega lá, não há como confundi-
la.” 
Felicidade e a sociedade contemporânea 
Além das dificuldades, contextos e histórias de vida de cada pessoa, existem 
fatores sociais difíceis de mapear que podem levar ao que se denomina 
depressão. O mundo contemporâneo está cada vez mais complexo. E o que 
todos desejam e buscam é a felicidade, o oposto da depressão. 
Nas capas de revista, nos filmes, nos livros de autoajuda. O sucesso 
profissional, um casamento, um corpo perfeito, a viagem a um lugar 
paradisíaco, a casa dos sonhos, o status, a riqueza. Experiências são 
“vendidas” como verdadeiros caminhos para a felicidade, algoque só 
dependeria de você. Mas esse tipo de discurso acaba sendo uma grande 
armadilha. 
Se ser feliz só depende de mim, e eu não sou, logo eu falhei. O fracasso gera 
uma nova frustração. Por exemplo, a cobrança de padrões de beleza 
impossíveis de se conquistar leva diversos adolescentes a um quadro de baixa 
estima, em alguns casos à depressão profunda. Naturalmente querer tudo é um 
absurdo. 
O escritor Michael Foley remete ao mito de Sísifo (que foi condenado a 
empurrar uma rocha por toda a eternidade) como representação da epidemia 
de depressão da sociedade atual. No livro "A Era da Loucura", ele escreve: “A 
depressão é muitas vezes o destino da personalidade moderna – ambiciosa – 
faminta por atenção e ressentida, sempre convencida de merecer mais, sempre 
perseguida pela possibilidade de estar perdendo algo melhor, sempre sofrendo 
pela falta de reconhecimento e sempre insatisfeita. É preciso reencontrar a 
coragem e a humildade de Sísifo, que não exige recompensa, mas sabe 
transformar qualquer atividade em sua própria recompensa. Sísifo é feliz com 
o absurdo e a insignificância de seu ato de empurrar constantemente uma 
rocha montanha acima.” 
O sociólogo Zygmunt Bauman fala sobre a ansiedade e a angústia que é viver 
em nossa atual condição sociocultural, marcada por infinitas possibilidades de 
escolhas e pela falta de solidez e durabilidade (as relações são cada vez mais 
descartáveis, gerando um vazio). 
Mas por que somos obrigados a ser felizes? A necessidade de busca da 
felicidade é recente na história ocidental. O filósofo grego Aristóteles dizia 
que a bílis negra (melaina kole) determina os grandes homens. A reflexão 
aristotélica é que a melancolia não seria uma doença, mas a própria natureza 
do filósofo e sua inquietação em relação ao ser. Ela seria uma maneira 
importante de transcender e gerar sabedoria. 
Na Idade Média, o pensamento medieval liga a tristeza a dois pensamentos: de 
um lado, ela seria um pecado, já que seria um sinal de que a pessoa 
abandonou ou perdeu Deus. Na obra "Inferno", de Dante Alighieri, o escritor 
escreve que os suicidas estão condenados a se transformarem em árvores e os 
melancólicos são “uma seita de fracos, importunos ante Deus e seus 
inimigos”. Já para os monges, ela seria uma virtude que levaria a uma reflexão 
sobre a consciência interior. 
São muitos os caminhos para entender as aflições da alma. O mundo moderno 
mudou o foco de Deus para o Homem. Goethe entende que a melancolia é 
uma doença do pensamento. Outros pensadores entendem que o viver bem 
precisa de um propósito. Schopenhauer chamou de Eudemonismo o que 
entendia como a arte de ser feliz, assinalando que desenvolver uma atividade, 
dedicar-se a algo ou simplesmente estudar são coisas necessárias à felicidade 
do ser humano.

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