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Tribunal de Justiça de São Paulo TJ-SP - Apelação : APL 992060748329 SP
Publicado por Tribunal de Justiça de São Paulo há 7 anos
	EMENTA PARA CITAÇÃO
Processo APL 992060748329 SP Orgão Julgador
31ª Câmara de Direito Privado
Publicação:10/05/2010
Julgamento:4 de Maio de 2010
Relator:Paulo Ayrosa
Ementa
BEM MÓVEL - VICIO REDIBITORIO -ART. 445 E SEU § Io, DO CC - EXEGESE -DECADÊNCIA - OCORRÊNCIA - RECURSO NÃO PROVIDO.
O prazo a que alude o § 1"do artigo. 445 do CC é para que o vício oculto, que por sua natureza somente possa ser notado após o recebimento da coisa, seja conhecido posto que, ultrapasso, não há mais que se cogitar do direito derivado do vício redibitório. Uma vez conhecido o vício, no prazo acima, deverá a parte exercer o direito potestativo de desfazimento do negócio ou abatimento do preço no prazo de 30 dias, previsto no caput do art. 445 do CC. Ultrapassados os prazos para a reclamação, pertinente o reconhecimento da decadência.
 RELATÓRIO DA SENTENÇA
A questão posta nestes autos se refere à existência de vícios redibitórios. Isto porque, como consta da inicial, o autor/apelante havia adquirido um veículo pertencente ao apelado, ciente de que seu motor havia sido substituído, contando com prazo de garantia de três meses, mas passados dois meses da compra apresentou defeito, fundindo o motor, sendo necessária a sua retifica, cujos custos busca se ressarcir.
Ora, o fato gerador do direito ao recebimento de perdas e danos é exatamente o defeito oculto, que determinou a quebra do motor do veículo, tornando-o impróprio ao fim a que se destinava, exatamente como vem prescrito no art. 441 do CC, ao definir os vícios redibitórios.
Para ter direito de obter a redibição ou o abatimento do preço, como lhe faculta a lei (art. 441 e 442 do CC), necessário se faz que o adquirente o exerça nos prazos fixados no art. 445 do CC, ou seja, no prazo de 30 dias a contar do recebimento da coisa, se esta for móvel, como ocorre na espécie. É bem verdade que, nos termos do § I , do citado artigo, há norma excepcionando a regra do caput, redefinindo o dies a quo para a contagem do prazo decadencial, prescrevendo, in verbis:
§ I Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento que dele tiver ciência, até o prazo máximo de 180 dias, em se tratando de bens móveis; ...
O prazo em referência é para que o vício oculto, que somente pode ser conhecido mais tarde, possa ser notado, posto que, ultrapasso tal prazo, não há mais que se cogitar do direito derivado do vício redibitório. Uma vez conhecido o vício, no prazo de 180 dias, deverá a parte exercer o direito potestativo acima mencionado no prazo previsto no caput do art. 445 do CC, de 30 dias.
Na hipótese dos autos o bem foi adquirido em agosto de 2004, como confessado pelo autor em seu depoimento pessoal (fls. 61/66), sendo certo que o vício oculto foi notado em dezembro daquele ano, tendo o motor sido retificado em janeiro de 2005. Todavia a ação somente foi proposta em março de 2005, ou seja, após transcorrido o prazo decadencial acima anotado, de 30 dias.
Reconhecida a decadência, desnecessária a apreciação de qualquer outra questão levantada pelo apelante.
Ademais, o defeito do produto surgiu quando já superada a garantia fornecida pelo vendedor/apelado, de três meses, assim como da empresa Mogiana, vendedora do motor instalado no automóvel adquirido, circunstância esta que afasta o direito aqui buscado.
Posto isto, nego provimento ao recurso. /
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA - SÃO PAULO
Seção de Direito Privado
31 CÂMARA
 Concordo com a sentença proferida ,vício redibitório, pois de acordo com a interpretação da Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002, C.C..artigo 445, § 1º quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
Direito potestativo é um direito que não admite contestações. É prerrogativa jurídica de impor a outrem a sujeição ao seu exercício. Como observa Francisco Amaral, o direito potestativo atua na esfera jurídica de outrem, sem que este tenha algum dever a cumprir. Não implica num determinado comportamento de outrem, nem é suscetível de violação. Segundo o mesmo autor, o direito potestativo não se confunde com o direito subjetivo, porque ao direito subjetivo se contrapõe um dever, o que não ocorre com o direito potestativo. A este, entendido como espécie de poder jurídico, corresponde uma sujeição: a necessidade de suportar os efeitos do exercício do direito potestativo. Ainda, observa o autor que o direito potestativo extingue-se pela decadência.

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