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Residência Intensivismo- Nutrição Janaína Ribeiro Belo Horizonte, Novembro de 2017. Identificação Nome: J.M.M Sexo: Feminino Idade: 73 anos Estado civil: Casada Data da internação SCBH: 17/10/2017 HP: DPOC, Hipotireoidismo, tabagismo e internações prévias com exacerbação do DPOC. HMA: Admitida com quadro de agitação, desconforto respiratório e hipoxemia → Piora progressiva Motivo de admissão: Insuficiência respiratória/ DPOC exacerbado DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease (GOLD). (2017). Doença respiratória progressiva, prevenível e tratável, caracterizada por sintomas respiratórios persistentes com limitação ao fluxo aéreo, devido a alterações nas vias aéreas e nos alvéolos causadas por exposições significativas a partículas e gases nocivos. Está associada a uma resposta inflamatória anormal dos pulmões à inalação de partículas ou gases tóxicos. O processo inflamatório crônico pode produzir alterações dos brônquios (bronquite crônica) e parênquima pulmonar (enfisema pulmonar). DPOC BRASIL, 2010) Bronquite Inflamação dos brônquios. Dilatação das glândulas brônquicas ↑ secreção excessiva de muco ↓ da atividade ciliar ↓ permeabilidade. Acúmulo de secreção = brônquios permanentemente inflamados e contraídos. Obstrução brônquica → favorecendo as infecções na bronquite crônica, o epitélio torna-se cúbico e atrófico, chegando a se tornar plano, quase sem atividade funcional. RAMPASSO. et al, 2010. Destruição da elastina. Bronquíolos sofrem colapso. Estreitamento das vias aéreas. ↑ força necessária na respiração ↑ assim o trabalho expiratório. EFISEMA Brandão. D. S. 2014. Obstrução (acúmulo de muco). É definido como aumento dos espaços aéreos distais ao bronquíolo terminal, com destruição das paredes alveolares. Epidemiologia Mundo • 3ᵃ causa de morte entre as doenças crônicas não transmissíveis; • ↑ 12% nos óbitos entre 2005 e 2013; • 40.000 óbitos anuais; • Custo de R$ 103 milhões ao SUS em 2011; • 142.635 internações em 2011. Brasil • 3 milhões de mortes a cada ano; • 3ᵃ causa de morte no mundo; • Afeta cerca de 600 milhões de pessoas em todo o mundo. (OMS) RABAHI. M. F, et al 2013 Fatores De Risco • Tabagismo: responsável por 80 a 90% das causas determináveis da DPOC. • Poluição domiciliar (fumaça de lenha, querosene). • Exposição a poeiras e produtos químicos ocupacionais. • Infecções respiratórias recorrentes na infância. • Suscetibilidade individual. • Desnutrição na infância. • Deficiências genéticas Para o cálculo do tabagismo, é importante saber o período de tabagismo e a média de cigarros fumados ao dia, seguindo a fórmula: Total de anos/maço = (nº médio de cigarros fumados ao dia ÷ 20) * nº de anos de tabagismo BRASIL, 2010) Diagnóstico O diagnóstico é clínico e deveria ser considerado para todas as pessoas expostas ao tabagismo ou poluição ocupacional que apresentam: Espirometria Raio X de tórax Bacteriosciopia e cultura de escarro Dispneia Tosse crônica Expectoração Os critérios clínicos são suficientes para estabelecer o diagnóstico da DPOC, porém, se possível, recomenda-se outros exames. BRASIL, 2010) Tratamento • Alívio dos sintomas • Melhora da tolerância ao exercício • Melhora da qualidade de vida Redução dos sintomas • Prevenção da progressão da doença • Prevenção e tratamento das exacerbações Redução de riscos Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease (GOLD, 2017) Não farmacológico: • Educação em saúde, exercício físico, reabilitação pulmonar, acompanhamento nutricional, Oxigenoterapia domiciliar. Farmacológico: • Broncodilatadores (BD DPOC e Nutrição A perda de peso começou a ser descrita como um sinal clinico na evolução dos pacientes com DPOC na década de 60 e tem sido associada a menor sobrevida. YAMAUCHI. et al 2014, COLLINS. et al 2016, ARSLAN. et al 2016. Nestes pacientes, a taxa de desnutrição e caquexia foi relatada em 22%, além de alta mortalidade em pacientes IMC menor . Alto gasto de energia total Nutrição inadequada Fatores importantes que desencadeiam a desnutrição. Perda muscular Perda de peso ARSLAN. et al 2016. DPOC e Nutrição Altera a fisiologia da composição corporal, parênquima pulmonar, função respiratória (ventilação, hipoxemia, força muscular) e capacidade física. Necessidades energéticas- Harris-Benedict (1919) x fator atividade física e fator injúria Paciente critico 20 a 25 kcal/kg na fase aguda. 25 a 30 kcal/kg fase de recuperação ASPEN 2009. ESPEN 2006. Carboidratos 50% a 60% Excesso de CHO Lipogênese ↑ Produção de dióxido de carbono ↑ FR Insuficiência respiratória. DPOC e Nutrição Lipídios 25% a 30% Lipídios 30 a 50% ? FERNANDES. et al,2006, ARSLAN. et al 2016. Paciente critico 1,2 a 2,0 g/kg/dia ESPEN 2006. Dietas com um teor proteico muito elevado, podem estimular o centro respiratório e provocar o aumento do trabalho expiratório, podendo induzir a fadiga muscular. Recomenda-se uma dieta hiperprotéica, a fim de se restaurar a força pulmonar e muscular e promover melhoria na função imunológica. DPOC e Nutrição DPOC 1,0 a 1,5 g/kg de peso/dia. FERNANDES. et al,2006. DIRETRIZES. 2011. FERNANDES. et al,2006, ARSLAN. et al 2016. Anorexia • Ingerir primeiro os alimentos mais energéticos • Utilizar os alimentos preferidos • Fracionar a dieta durante o dia • Adicionar manteiga, margarina, maionese e/ou creme de leite para aumentar o valor calórico dos alimentos Saciedade Precoce • Ingerir inicialmente os alimentos mais energéticos • Limitar líquidos durante as refeições ; beber somente uma hora após • Dar preferência aos alimentos mais frios Dispnéia • Repousar antes das refeições. • Usar broncodilatadores antes das refeições • Comer lentamente • Ter alimentos preparados para os períodos de aumento da dispnéia Estratégias para a TN – DPOC Evolução Clínica TOT Fent + Dorm 17/10 Sedação suspensa ↓ Despertar efetivo 22/10 Ex TOT VNI c/ boa resposta Fono 24/10 VNI 2h Broncoespasmo 26/10 36 h sem VNI Alta! 30/10 Avaliação Nutricional Avaliação nutricional 17/10 /17 Peso Estimado: 49,95 Kg Estatura Estimada : 1,48 m Circunferência de Braço (CB): 25 cm – P <5 – Déficit grave de massa CP: 27,6 cm - Inadequado IMC – 22,57 Kg /m² DN: Desnutrido Necessidades Nutricionais Necessidades Nutricionais, considerando peso 49,95 Kg NCC: 1452 Kcal (29,3 kcal/Kg) NCP: 67,15 g ptn (1,35 g ptn/Kg/ dia) EXAMES BIOQUÍMICOS 17/10 18/10 19/10 20/10 21/10 22/10 23/10 24/10 28/10 29/10 PH 7,31 ↓ 7,38 7,44 7,43 7,46 7,44 7,42 7,47 ↑ 7,45 7,47 ↑ HCO3 30↑ 29↑ 31,8↑ 35,3↑ 37,8↑ 37,4↑ 36,3↑ 34,9↑ 37,5↑ 37,1↑ PCO2 61↑ 49↑ 52↑ 57↑ 53↑ 55↑ 56↑ 48↑ 54↑ 51↑ PO2 150↑ 89 119↑ 63 ↓ 72 ↓ 87 68 ↓ 74 ↓ 85 84 Gasometria Valores de referência: PH: Acidemia ← 7,35 – 7,45 → Alcalemia HCO3: Acidemia ← 21 mmol/L – 28 mmol/L → Alcalemia PCO2: 35 – 45 mmHg PO2: 83 -108 mmHg PC02 ↑ =↓ ventilação pulmonar (HIPOVENTILADO) PO2 → eficiência da oxigenação nos alvéolos pulmonares 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 17/10/2017 18/10/2017 19/10/2017 20/10/2017 21/10/2017 22/10/2017 23/10/2017 24/10/2017 Lactato V. Mínimo V. Máximo Lactato V.R.: 0,5 a 1,6 mmol/L 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 17/10/2017 18/10/2017 19/10/2017 20/10/2017 21/10/2017 22/10/2017 23/10/2017Magnésio (Mg) V. Mínimo V. Máximo Mg V.R.: 1,9 a 2,5 mg/dL V.R.: 3,4 a 4,5 mmol/L 0 1 2 3 4 5 Potássio (K) V. Mínimo V. Máximo K 130 132 134 136 138 140 142 144 146 148 150 17/10/2017 18/10/2017 19/10/2017 20/10/2017 21/10/2017 22/10/2017 23/10/2017 24/10/2017 Sódio (Na) V. Mínimo V. Máximo Na V.R.: 136 a 145 mmol/L 0 10 20 30 40 50 60 70 17/10/2017 18/10/2017 19/10/2017 20/10/2017 21/10/2017 22/10/2017 23/10/2017 24/10/2017 PCR V. Mínimo V. Máximo PCR V.R.: < 5,0 mg/L 0 1 2 3 4 5 6 18/10/2017 19/10/2017 23/10/2017 Albumina V. Mínimo V. Máximo Albumina V.R.: 3,5 a 5,2 g/dL 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 17/10/2017 18/10/2017 19/10/2017 20/10/2017 21/10/2017 22/10/2017 23/10/2017 24/10/2017 25/10/2017 Creatinina V. Mínimo V. Máximo Cr V.R: 0,60 a 1,20 mg/dl V.R.: 17 a 43 mg/dL 0 20 40 60 80 100 17/10/2017 18/10/2017 19/10/2017 20/10/2017 21/10/2017 22/10/2017 23/10/2017 24/10/2017 25/10/2017 Uréia V. Mínimo V. Máximo Ur 0 5 10 15 20 17/10/2017 18/10/2017 19/10/2017 20/10/2017 21/10/2017 22/10/2017 23/10/2017 24/10/2017 25/10/2017 Hemoglobina V. Mínimo V. Máximo Hb V.R →12 a 16 g/dL 0 10 20 30 40 50 17/10/2017 18/10/2017 19/10/2017 20/10/2017 21/10/2017 22/10/2017 23/10/2017 24/10/2017 25/10/2017 Hematócrito V. Mínimo V. Máximo Hematócrito V.R → 36 a 46 * valores em % 0 100 200 300 400 500 17/10/2017 18/10/2017 19/10/2017 20/10/2017 21/10/2017 22/10/2017 23/10/2017 24/10/2017 Plaquetas V. Mínimo V. Máximo Plaquetas V.R → 150 a 450 x 10³ UL 0 5000 10000 15000 20000 17/10/2017 18/10/2017 19/10/2017 20/10/2017 21/10/2017 22/10/2017 23/10/2017 24/10/2017 25/10/2017 Leucocitos V. Mínimo V. Máximo Hemácias V.R →5,0 a 10,0 mm³* 18/10/2017 CB: 25 CP: 27,6 24/10/2017 CB: 24,6 CP: 27,6 Evolução antropométrica Bibliografia • MARCHIORI et al. Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 54 (2): 214-223, abr.-jun. 2010. • RABAHI. M. F . Epidemiologia da DPOC: Enfrentando Desafios. Pulmão RJ 2013;22(2):4-8. • FERNANDES. A. C. Et al. Terapia nutricional na doença pulmonar obstrutiva crônica e suas complicações nutricionais. J Bras Pneumol. 2006;32(5):461-71. • SILVA. C.S. et al . Abordagem nutricional em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica. Pulmao RJ 2010;19(1-2):40-44. • CELLI. B.R. Standards for the diagnosis and treatment of patients with COPD: a summary of the ATS/ERS position paper. Eur Respir J. 2004;23(6):932-46. Erratum in: Eur Respir J. 2006;27(1):242. Erratum in: Eur Respir J. 2006;27(1):242. • Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. II Consenso Brasileiro de Tuberculose: diretrizes brasileiras para tuberculose 2004. 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