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1 EFEITOS COLATERAIS DOS ESTERÓIDES ANABOLIZANTES ANDROGÊNICOS EM MULHERES KRENCZYNSKI, Karla Regina1 DAL’APRIA,Helen Rejane 1 RIBEIRO, Roberto Régis2 RESUMO Este estudo bibliográfico, de caráter exploratório, objetiva realizar um levantamento bibliográfico sobre os principais efeitos colaterais observados em mulheres, decorrentes da utilização de esteroides androgênicos anabolizantes. Buscou-se conceituar suas propriedades e funções identificando os efeitos colaterais, estéticos e fisiológicos de seu uso. A pesquisa apresenta as consequências do uso indiscriminado, considerando o número significativo de mulheres que frequentam academias e utilizam o produto visando melhorar o desempenho e alcançar a estética corporal. Trata-se de um estudo de revisão de literatura, pesquisa em livros, artigos e alguns sites de instituições de ensino, de referência nacional, para interação e contextualização do tema. Na opinião dos autores consultados os resultados apontaram vários efeitos colaterais causados pelo uso não terapêuticos e abusivos dos EAA, provocando mudanças no organismo feminino. Observou-se, também, que quando bem administrado e prescrito por médicos, os esteroides interveem no tratamento de algumas doenças. Portanto, os efeitos dos EAA podem ser positivos ou negativos para a saúde das mulheres. Ressalta-se, porém, que a sua utilização sem a devida prescrição e orientação de profissionais da área médica, podem produzir efeitos colaterais gravíssimos e até irreversíveis. PALAVRAS CHAVE: Esteroides anabolizantes. Saúde das mulheres. Efeitos colaterais. Organismo feminino.Estética corporal. 1Pós-graduando do curso de Bodybuilding coach da Faculdade Assis Gurgacz. 2 Professor coorientador do Programa de Pós-Graduação da Faculdade Assis Gurgacz. 2 1. INTRODUÇÃO Os esteroides anabólicos androgênicos (EAA) constituem uma classe de hormônios naturais e sintéticos com propriedades de crescimento celular mássico e desenvolvimento de peculiaridades sexuais masculinas. A relevância educacional e social deste estudo consiste em conhecer as possíveis utilizações terapêuticas para os esteroides anabolizantes e os efeitos adversos do uso indiscriminado em mulheres. A importância da pesquisa se aplica, ainda, na orientação às mulheres, aos profissionais da área de Educação Física e a população em geral, considerando os efeitos do uso dessas substâncias no tratamento de doenças músculo esquelética, distúrbios hormonais, e até mesmo câncer(DUTRA, 2012). O uso de EAA é bastante comum entre atletas e fisiculturistas amadores. No Brasil, a prevalência de uso de EAA foi maior entre os professores de Educação Física (25,5%), quando comparados a outros grupos, como:profissionais, acadêmicos da área da saúde, adolescentes, homens e mulheres (ABRAHIN et al., 2011). Também, torna-se preocupante a prevalência do uso de anabolizantes entre professores e estudantes de academias, porém, com menor incidência entre mulheres e demais público revelando provável desconhecimento destes sobre os efeitos colaterais (ABRAHIN et al., 2013). Apesar da menor prevalência do uso de EAA pelo público feminino, cabe destacar o novo padrão de beleza idealizado pela sociedade em geral, e constantemente reforçado pelas mídias digitais, de um “corpo perfeito esculpido em músculos”. Este novo padrão de beleza feminino, têm contribuído para o aumento do uso ilegal de EAA pelo público feminino, que almeja um corpo escultural de forma rápida. Observa-se que, para alcançar tal objetivo, muitas mulheres se utilizam de esteroides anabolizantes sem a devida orientação de profissionais habilitados sobre suas implicações no organismo feminino. Os efeitos colaterais dos EAA em mulheres estão relacionados, principalmente às suas propriedades androgênicas e tóxicas, que podem afetar vários órgãos e sistemas. O risco à saúde pode ser potencializado diante da administração combinada de diversos EAA,com outras drogas do gênero, como: hormônio do crescimento (GH), insulina, efedrina, e óleos localizados. Esses efeitos ainda podem ser influenciados por outros fatores, tais como: tipo de administração, se via oral, injetável ou adesivo transdérmico; dosagem (normalmente é dose- dependente); idade, como no caso de adolescentes em que pode ocorrer fechamento prematuro das epífises; sexo do usuário; predisposição genética; e o uso prolongado (WU, 1997; HOFFHMAN; RATAMESS, 2006; FIGUEIREDO et al., 2011).Além disso, muitos frequentadores de academias têm dividido com os atletas os percentuais de uso destas drogas 3 que, em sua maioria, são substâncias de procedência duvidosa, muitas vezes, manipuladas sem cuidados adequados de higiene, proporcionando, inclusive, doenças infectocontagiosas( 1SILVA et al., 2002, apud AZAMBUJA, 2004). Com base no exposto, esta pesquisa objetiva realizar um estudo de caráter exploratório, por meio de levantamento bibliográfico sobre os principais efeitos colaterais observados em mulheres, decorrentes da utilização de esteroides androgênicos anabolizantes.Por meio dos conceitos de estudiosos sobre esteroides anabolizantes em termos de origem, propriedades androgênicas e anabólicas, pretende-se identificar os efeitos colaterais, estéticos e fisiológicos do seu uso por mulheres. Portanto, este estudo, caracteriza- se pela abordagem qualitativa com procedimentos de pesquisa de revisão de literatura. A importância do estudo concentra-se em alertar as mulheres e a população em geral, sobre os efeitos colaterais do uso de esteroides anabolizantes sobre a saúde e integridade física, como também, pretende-se conscientizar os educadores físicos sobre a responsabilidade de transmissão de conhecimentos aos frequentadores de academias de ginástica, no sentido de promover uma população saudável e com qualidade de vida. Este estudo, também se destina a alertar autoridades e órgãos fiscalizadores sobre o necessário controle em relação à venda indiscriminada de tais produtos e sobre sua influência na saúde pública. 2. MÉTODOS Trata-se de um artigo de revisão narrativa, considerando-se elegíveis à esta revisão os estudos que tiveram por objetivo realizar um levantamento bibliográfico sobre os principais efeitos colaterais observados em mulheres, decorrentes da utilização de esteróides androgênicos anabolizantes.As buscas dos termos desta revisão foram identificadas e selecionadas por dois revisores, de forma independente e conjunta. As bases de dados utilizadas foram os portais de pesquisa MEDLINE/PubMed, The Latin American and Caribbean Center of Information in Health Sciences (BIREME), EMBASE e SportDiscuss, além de teses, monografias e dissertações de mestrado. 1SILVA, Clara Camilo Fernandes; SANTOS, Eduardo Francisco dos; RUIZ, Lorena Alves; SILVA, Matheus Victor da; SOUZA, Wendel Salviano de; Bioquímica: Esteróides Anabolizantes. Trabalho Acadêmico – 2º. Período Curso de Educação Física. Centro Universitário de Formiga – UNIFOR MG. 2012. Pubmed= 09 Bireme = 14 SportDiscus = 81 Embase = 18 Eliminados após a aplicação de filtros (n= 61) Estudos eliminados após a leitura na integra (n=33) 4 Foram utilizadas as seguintes palavras chaves e descritores: Esteróides anabolizantes. Saúde das mulheres. Efeitos colaterais. Organismo feminino e “bodybuilding”. Para os critérios de Inclusão e exclusão utilizou-se para a seleção dos estudos pertinentes aos objetivos da pesquisa e, para garantir a homogeneidade dos estudos, foram selecionados apenas os estudos que descrevem o efeito. Através dos conceitos de estudiosos sobre esteróides anabolizantes em termos de origem, propriedades androgênicas e anabólicas, buscou-se identificar os efeitos colaterais, estéticos e fisiológicos do seuuso por mulheres. Não foram inclusos os estudos realizados com animais; que não avaliaram o efeito. Portanto, este estudo, caracteriza-se pela abordagem qualitativa com procedimentos de pesquisa de revisão de literatura. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Esteróides Anabolizantes Os esteróides anabolizantes são produzidos por células endócrinas, os hormônios são substâncias químicas que exercem influência fisiológica direta no metabolismo celular de diversos órgãos e tecidos, com a finalidade de promover o aumento ou diminuição da atividade de uma célula; desencadear processos de divisão celular mitótica e promover diferenciação celular. (ROCHA; AGUIAR; RAMOS, 2014). A biossíntese dos hormônios esteróides é restrita aos tecidos que expressam diferentes formas do complexo enzimático P-450, responsável pelo processamento da molécula de colesterol (BIANCO; RABELO, 1999). Em geral, os hormônios esteróides naturais são produzidos pelo córtex da glândula suprarrenal (ou adrenais), e pelas gônadas de homens e mulheres, ou seja, testículo e ovário, respectivamente (1SILVA; DANIELSKI; CZEPIELEWSKI, 2002,apud FORTUNADO et al., 2007; ROCHA; AGUIAR; RAMOS, 2014). No homem, o testículo é responsável por aproximadamente 95% da produção dos hormônios esteróides, contra 5% via glândulas suprarrenais (MARQUES; PEREIRA; AQUINO NETO, 2003). Em mulheres jovens na condição pré-menopausa, 25% da produção de testosterona é desencadeada pelo ovário, enquanto os outros 75% são metabolizados nas adrenais. Na fase pós-menopausa, os ovários passam a produzir cerca de 50% da testosterona 1FONTANELA JUNIOR, Roosevelt. Esteróides Anabolizantes. Revisão de Literaturra. Trabalho de Conclusão de Curso de Educação Física. Universidade Sul de Santa Catarina. Orientador Msc Erasmo Paulo Miliorini Ouriques. Palhoça SC 2015. 5 (ADASHI, 1994). Além dos ovários e glândula suprarrenal, os hormônios esteróides também podem ser produzidos nos tecidos periféricos adiposo, muscular e cutâneo (TAVARES, 2006). Em termos estruturais, os hormônios esteróides são de natureza lipídica, por apresentarem um núcleo básico derivado da estrutura química do colesterol (BIANCO; RABELO, 1999; ROCHA; AGUIAR; RAMOS, 2014). Os hormônios esteróides são denominados por esteróides anabólicos androgênicos (EAA) por apresentarem efeitos androgênicos e anabólicos simultâneos. O caráter anabólico promove a síntese proteica muscular; enquanto o caráter androgênico acentua as características sexuais masculinas (1BACURAU, 2004, apud FONINI, 2006).Hormônios como a testosterona, (SILVA; DANIELSKI; CZEPIELEWSKI, 2002; MACHADO, 2002), esteróide sexual mais abundante, a ponto de ser considerado o hormônio testicular fundamental (MARQUES; PEREIRA; AQUINO NETO, 2003), é responsável pelas características sexuais associadas ao sexo masculino e pelo processo anabólico dos tecidos somáticos (SILVA; DANIELSKI; CZEPIELEWSKI, 2002). De acordo com Marques, Pereira e Aquino Neto (2003),a concentração de testosterona na circulação sanguínea é cerca de dez vezes maior do que a dihidrotestosterona (DHT), relacionado ao crescimento de pelos no rosto e corpo, queda de cabelos, e acne e oleosidade. Na mulher, esses hormônios também são produzidos, entretanto em menores quantidades, pelas glândulas suprarrenais. Os EAA de origem sintética compreendem formulações químicas derivadas dos hormônios sexuais, geralmente, o hormônio masculino testosterona, e são comumente chamadas por anabolizantes (NASCIMENTO, 2016).Deste modo, os EAA apresentam efeitos androgênicos e anabólicos, correlatos ao seu precursor, à testosterona. São considerados efeitos androgênicos, o desenvolvimento de características masculinas, do trato reprodutivo masculino; particularidades sexuais secundárias (como o espessamento das cordas vocais e crescimento de pelos no corpo);além da manutenção da função reprodutiva. Já o estímulo à fixação do nitrogênio, e consequente aumento da síntese protéica, especialmente nas células de músculos esqueléticos, compreende um efeito anabólico que aumenta a massa muscular (SILVA; DANIELSKI; CZEPIELEWSKI, 2002; NASCIMENTO, 2016). 1FONINI, Ricardo Ubiratã. Descrição e implicância do uso de esteróides anabólicos androgenicos sobre o organismo humano. Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura em Educação Física, do Departamento de Educação Física, Setor de Ciências Biológicas, da Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2006. Disponível: <https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/48248/MONOGRAFIA%20RICARDO%20UBIRAT A%20FONINI.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2018. https://www.infoescola.com/hormonios/testosterona/ https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/48248/MONOGRAFIA%20RICARDO%20UBIRATA%20FONINI.pdf https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/48248/MONOGRAFIA%20RICARDO%20UBIRATA%20FONINI.pdf 6 Logo, o termo anabolizante faz referência à presença de propriedades anabólicas. O metabolismo anabólico no organismo compreende a produção de moléculas complexas a partir de moléculas simples. Como a ação anabólica dos esteróides está concentrada nos tecidos musculares e ósseo, é comum o desenvolvimento destes, diante do estímulo a divisão celular e crescimento (NASCIMENTO, 2016). Os anabolizantes derivados da testosterona são formulados de modo e reduzir o potencial dos efeitos androgênicos e favorecer os efeitos anabólicos (SILVA; DANIELSKI; CZEPIELEWSKI, 2002) de modo a aumentar a capacidade de retenção de nutrientes ingeridos durante a alimentação, com ênfase a retenção de nitrogênio proteico e não proteico, para a consequente transformação em proteína (MACHADO, 2002). Os hormônios esteróides podem ser classificados em três grupos: grupo dos estrogênios que possui 18 átomos de C, no qual falta a radical metila em C10; grupo dos androgênios que se constitui de 19 átomos de carbono e é conhecido como C19 e o grupo dos corticosteroides que se organizam em uma cadeia lateral em C17 e são conhecidos como C21 ou grupo da pregnana (ZANINI,1982). Para efeito de ilustração, a Figura 1 apresenta a estrutura química de esteroides anabolizantes. Figura 1 - Estrutura química deesteroides androgênicos anabolizantes. (a) Prasterona; (b) Testosterona; (c)Methandrostenolone; (d) Oxandrolona; (e) Estanozolol; e (f)DrostanolonePropionate. (a) (b) (c) (d) (e) (f) 7 Fonte: Neves, Caldas (2017). 3.1.1. Indicação Clínica de Esteroides Anabolizantes Os esteróides anabolizantes possuem várias aplicações clínicas no tratamento de distúrbios e enfermidades. A Lei n° 9.965 de 2000,que restringe a venda de esteróides ou peptídeos anabolizantes, estabelece em seu Artigo 1°, que em termos legais, apenas médicos e dentistas estão capacitados para prescrever o uso de EAA (BRASIL, 2000). A Tabela 1 apresenta a lista de substâncias anabolizantes passíveis de comercialização no Brasil, mas sujeitas a receita de controle especial. Tabela 1 -Substâncias Anabolizantes Sujeitas a Receita de Controle Especial. N° SUBSTANCIAS ANABOLIZANTES 1 ANDROSTANOLONA 2 BOLASTERONA 3 BOLDENONA 4 CLOROXOMESTERONA 5 CLOSTEBOL 6 DEIDROCLORMETILTESTERONA 7 DROSTANOLONA 8 ESTANOLONA 9 ESTANOZOLOL 10 ETILESTRENOL 11 FLUOXIMESTERONA OU FLUOXIMETILTESTERONA 12 FORMEBOLONA 13 MESTEROLONA 14 METANDIENONA 15 METANDRANONA 16 METANDRIOL 17 METENOLONA 18 METILTESTOSTERONA 19 MIBOLERONA 20 NANDROLONA 21 NORETANDROLONA 22 OXANDROLONA 8 23 OXIMESTERONA 24 OXIMETOLONA 25 PRASTERONA DEIDROEPIANDROSTERONA - DHEA 26 SOMATROPINA (HORMONIO DO CRESCIMENTO HUMANO) 27 TESTOSTERONA 28 TEMBOLONA Fonte: BRASIL (2017). O tratamento ginecológico convencional de reposição hormonal com estrogênio, em mulheres com quadro de menopausa ou irregularidade hormonal, podeprovocar sangramento endometrial. Nesses casos, o sangramento pode ser evitado a partir do tratamento que concilia a administração de estrógenos com substâncias andrógenas (SOUZA, 2002). Além da reposição hormonal, a administração controlada de estrógenos associados à progesterona em mulheres de até 60 anos, com alto índice de fraturas decorrentes da perda óssea associada à menopausa, promoveu influência positiva na massa óssea, apesar do decaimento ósseo representar um déficit de estrogênio (PARDINI, 2014).Os tratamentos com EAA, também conhecidos por terapia androgênica, para recomposição do decaimento da massa óssea, ou remediação da osteoporose, têm ganhado adeptos, assim como no tratamento da anemia causada por falhas na medula óssea ou nos rins (AZAMBUJA, 2004). Existem relatos da aplicação de EAA no tratamento de câncer em estágio avançado, de modo a auxiliar na reposição de massa muscular. A administração de EAA também possuem efeitos paliativos na evolução no câncer de mama, entretanto o retardamento da doença é baixo se comparado aos tratamentos convencionalmente adotados (SOUSA, 2002; AZAMBUJA, 2004).Ainda, a terapia androgênica pode ser utilizada no tratamento da obesidade, doenças cardiovasculares (AZAMBUJA, 2004). 3.1.2. Efeitos Colaterais de Esteróides Anabolizantes em Mulheres Os esteróides andrógenos anabolizantes, como o termo sugere, possuem características andrógenas e anabólicas. A demanda pela droga pelo público feminino, geralmente está relacionada a questões estéticas, portanto, deseja-se às suas propriedades anabólicas, apesar de seu caráter androgênico indissociável. A Tabela 2 relaciona exemplos de efeitos colaterais tipicamente andrógenos e anabólicos. Tabela 2- Efeitos androgênicos e anabólicos decorrentes do uso de EAA. Efeitos Androgênicos Efeitos Anabólicos Desenvolvimento da genitália interna e externa ↑ massa muscular esquelética 9 Espessamento das cordas vocais ↑concentração de hemoglobina ↑ libido ↑ hematócrito ↑ secreção nas glândulas sebáceas ↑ retenção de nitrogênio ↑ pelos ↓ gordura corporal Padrão masculino de pelos pubianos ↑ deposição óssea de Ca2+ Fonte: Fortunato; Rosenthal; Carvalho (2007, p. 1419). Os esteróides androgênicos são hormônios que exercem influência ao longo de toda a vida de homens, responsáveis por funções importantes de diferenciação sexual, na formação uterina, desenvolvimento secundário na puberdade, amadurecimento sexual e fertilidade na fase adulta. Portanto, é plausível que a administração de EAA por mulheres, acarretará no afloramento de características típicas masculinas. Estas características, ou efeitos indesejados, incluem em um primeiro estágio a modificação na voz, crescimento de pelos na face (1BAHRKE, 2004,apud LIMA; CARDOSO, 2011), amenorréia, aparecimento de acne, e pele oleosa. A continuidade do uso de EAA pode promover o desenvolvimento da musculatura padrão masculina, além de calvície, hipertrofia do clitóris e rouquidão da voz. Após a administração contínua, esses efeitos podem se tornar irreversíveis, mesmo com a cessação do uso (2ROSE; NÓBREGA, 1999, apud AZAMBUJA, 2004). A administração de EAA na puberdade pode reduzir o potencial de crescimento ósseo, por influenciar o fechamento das epífises ósseas (2ROSE; NÓBREGA, 1999, apud AZAMBUJA, 2004) Em termos de aparelho reprodutor feminino, o uso contínuo de esteróides anabolizantes pode (I) reduzir os níveis dos hormônios luteinizantes, folículo-estimulante, dos estrogênios e da progesterona; (II) desencadear a inibição do folículogênese e da ovulação; e (III) ocasionar alterações do ciclo menstrual que incluem o prolongamento da fase folicular, 1LIMA, A. P.; CARDOSO, F. B. Alterações Fisiológicas e Efeitos Colaterais Decorrentes da Utilização de Esteroides Anabolizantes Androgênicos. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, v. 9, n. 29, 2011. 2AZAMBUJA, Cati Reckelberg. O uso de recursos ergogênicos farmacológicos por praticantes de musculação das academias de Santa Maria, RS. Monografia apresentada ao Curso de Especialização do Programa de Pós-Graduação em Ciência do Movimento Humano, Área de Concentração em Fisiologia do Exercício, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), 2004. 10 encurtamento da fase lútea e mesmo amenorréia (1MAHER, 1983,apud FONTANELA JUNIOR, 2015). Em termos estéticos, a registros que o uso de EAA promove em mulheres a retração dos seios, e o aumento do clitóris (1BAHRKE, 2004,apud LIMA; CARDOSO, 2011), como pode ser visualizado naFigura 2. Figura 2- Efeito de anabolizantes em mulheres: aumento do clitóris Fonte: SILVA, et al., (2012). O distúrbio decorrente do aumento da produção endógena de andrógenos em mulheres pelo uso de EAA tem sido correlacionado com as enfermidades de hiperplasia adrenal congênita (CAH), síndrome do ovário policístico (PCOS), síndrome de insensibilidade androgênica (AIS) e 5-diactase deficiência (2WOOD; STANTON, 2012,apud HUANG; BASARIA, 2017). A síndrome do ovário policístico (PCOS) está entre as doenças recorrentes no público feminino, sendo a doença reprodutiva de distúrbio endócrino mais comum entre atletas olímpicas femininas. Sua ocorrência é superior à da amenorréia hipotalâmica, que frequentemente resulta deficiência calórica (HAGMAR et al., 2009). A Figura 3 apresenta graficamente dados de incidência da PCOS em mulheres atletas de elite, em comparação com a população em geral não atleta. Figura 3- Incidência da síndrome do ovário policístico (PCOS) em atletas e não atletas. 1FONTANELA JUNIOR, Roosevelt. Esteróides Anabolizantes. Revisão de Literaturra. Trabalho de Conclusão de Curso de Educação Física. Universidade Sul de Santa Catarina. Orientador Msc Erasmo Paulo Miliorini Ouriques. Palhoça SC 2015. 11 Fonte: Dadgostaret al., (2009); Eliakim et al., (2010); Knochenhauer et al., (1998). Além dos efeitos típicos como a masculinização, risco aumentado de osteoporose; rouquidão e engrossamento da voz; outros efeitos adversos graves são: mudanças na pele; dores de cabeça e de estômago; retenção de água e sais; psicoses; aumento da agressividade; dores articulares; risco aumentado de rompimento muscular e do tendão (por estes não acompanharem o crescimento dos músculos); sangramento no nariz; insônia e atrofia uterina(FONTANELA JUNIOR, 2015). Vale ressaltar que a totalidade dos efeitos colaterais associados ao uso de esteróides anabolizantes andrógenos por um longo período, tanto em doses terapêuticas como supra fisiológicas, ainda são desconhecidas (1BAHRKE, 2004, apud LIMA; CARDOSO, 2011). 3.1.3. Efeitos do EAA no Sistema Nervoso Central A administração de esteróides androgênicos anabolizantes, de forma geral, provoca uma série de efeitos colaterais relacionados ao desequilíbrio no sistema nervoso central. Em especial, disfunções psiquiátricas, distúrbios do sono, alterações neuro-hormonais (PAGONIS et al., 2006),variações de humor (euforia), elevação da autoestima, desequilíbrio emocional, impulsividade, aumento da agressividade, libido, aumento do apetite, depressão pós-ciclo, dependência, e aumento da prolactina. A principal consequência do aumento da prolactina 1LIMA, A. P.; CARDOSO, F. B. Alterações Fisiológicas e Efeitos Colaterais Decorrentes da Utilização de Esteroides Anabolizantes Androgênicos. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, v. 9, n. 29, 2011. 15 4 16 8 0 5 10 15 20 25 30 35 In ci d ê n ci a P C O S (% ) Atleta de Elite Não Atleta 12 envolve alterações fisiológicas na produção de leite em mulheres lactantes e alterações da função reprodutiva. A prolactina influencia múltiplos processos biológicos afetando diversos aspetos da homeostasiahumana (GUELHO et.al., 2016). Os hormônios esteróides atuam no sistema nervoso central alterando a excitabilidade neuronal através da interação com receptores de membrana em vários neurotransmissores, principalmente no sistema GABA. O sistema GABA atua como principal neurotransmissor inibitório do sistema nervoso central (SNC). Em virtude de sua distribuição disseminada, os receptores de GABA influenciam muitos circuitos e funções neurais. Os fármacos que modulam os receptores de GABA afetam a reatividade e a atenção, a formação da memória, a ansiedade, o sono e o tônus muscular. Tais alterações aumentam a excitabilidade neuronal, contribuindo para a redução da eficácia do sono e aumento da latência para início do sono (VENÂNCIO et al., 2008). As investigações sobre os possíveis efeitos neuroquímicos dos EAA têm-se centrado, em parte, nos sistemas monoaminérgicos (serotonina, dopamina)1, que estão envolvidos em comportamentos agressivos e desenvolvimento de dependência de drogas2(HALUCH, 2014). O uso de esteróides anabolizantes androgênicos reduz os níveis de serotonina (também denominada por 5-hidroxitriptamina ou 5-HT)de modo a alterar a densidade de receptores serotoninérgicos 5HT (1B) e 5HT (2)[4], provocando o aumento da atividade sexual durante um ciclo de uso de esteróides, seguido de quadro de depressão pós-ciclo com a retirada da droga (HALUCH, 2014). A serotonina desempenha um importante papel no sistema nervoso, com diversas funções, como: alterações de humor (TONSA, 2018), liberação de alguns hormônios, regulação do sono, temperatura corporal, apetite, atividade motora e funções cognitivas. Níveis altos de serotonina tem ação inibitória sobre o hipotálamo, reduzindo a liberação de gonadotrofinas, responsáveis pela resposta sexual (HALUCH, 2014). Níveis baixos de serotonina no cérebro ou anormalidades em seu metabolismo podem desencadear condições neuropsíquicas, como o Mal de Parkinson, Distonia neuromuscular, Mal de Huntington, tremor familiar, síndrome das pernas inquietas, além de provocar ansiedade, comportamento 1 A serotonina - É um hormônio peptídeo excitatório produzido nos neurônios serotononérgicos, secretada pelo cérebro. A dopamina (DA) é um neurotransmissor monoaminérgico, da família das catecolaminas e das feniletilaminas que desempenha vários papéis importantes no cérebro e no corpo. O cérebro contém várias vias dopaminérgicas, uma delas desempenha um papel importante no sistema de comportamento motivado a recompensa(MANCINI; HALPERN, 2002). https://pt.wikipedia.org/wiki/Neurotransmissor https://pt.wikipedia.org/wiki/Monoamina https://pt.wikipedia.org/wiki/Catecolamina https://pt.wikipedia.org/wiki/Feniletilamina https://pt.wikipedia.org/wiki/Via_mesol%C3%ADmbica https://pt.wikipedia.org/wiki/Via_mesol%C3%ADmbica 13 compulsivo e agressivo, vontade de comer doces, problemas afetivos (TONSA, 2018), depressão diante do desequilíbrio do sistema serotoninérgico e problemas com o sono. Os distúrbios no sono, relacionados ao baixo nível de serotonina, evidenciados em usuários de EAA, frequentemente são acompanhados de aumento da temperatura corporal, e suor noturno excessivo (HALUCH, 2014). O aumento da temperatura decorrente do nível de serotonina, também pode ser observado nas fases do ciclo menstrual, e na menopausa (1TOUZET et al., 2002; EMPSON; PURDIE, 1999, apud SILVA, 2009). Entre os usuários de EAA, observa-se que, mesmo baixo nível de serotonina no pós- ciclo não significa melhora da libido, porque houve um desequilíbrio do sistema serotoninérgico, alterando a regulação dos receptores com o uso de esteróides. A libido também depende do equilíbrio de outros hormônios, como DHT e estradiol, e isso explica porque mulheres tem aumento na libido com qualquer esteróide androgênico, e homens apenas com testosterona (HALUCH, 2014). Conforme SILVA (2009), no caso das mulheres, estudos de vários autores (DEECHER et al., 2008; COHEN et al., 2006; FREEMAN et al., 2004; FREEMAN et al., 2006), apontam que a transição para a menopausa é o momento em que a mulher está mais suscetível a distúrbios como depressão, principalmente aquelas que já possuem histórico da doença ou de distúrbio pré-menstrual.2Deecher et al. (2008,apud SILVA, 2009) perceberam que algumas mulheres possuem um aumento na vulnerabilidade para distúrbios de humor, intensificadas pelas flutuações hormonais que ocorrem na fase lútea, no pós-parto e na fase de perimenopausa. As alterações são agravadas com o uso de esteróides, uma vez que se intensifica a diminuição dos níveis de serotonina. 1SILVA, Hadassa Batinga da. Fogachos e sua relação com os ritmos circadianos de temperatura periférica do punho, atividade/repouso e estados de humor em mulheres na pós-menopausa. Orientador: Luiz Menna-Barreto. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo. Instituto de Ciências Biomédicas. Departamento de Fisiologia e Biofísica. Área de concentração: Fisiologia Humana. Linha de pesquisa: Cronobiologia. São Paulo, 2009. Disponível em: <file:///C:/Users/Dell%20Brasil/Downloads/HadassaBatingaSilva_Mestrado%20(1).pdf>. Acesso em: 28 jun. 2018. file:///C:/Users/Dell%20Brasil/Downloads/HadassaBatingaSilva_Mestrado%20(1).pdf 14 De acordo com 1Berendsen(2000); Deecher et al. (2008); Cohen et al. (2006)(apud SILVA, 2009) os hormônios estrógeno e progesterona estão presentes no sistema nervoso central interagindo com os sistemas serotoninérgico, noradrenérgico e colinérgico de receptores e neurotransmissores. Considerando que ambos os hormônios estão envolvidos na regulação do humor, mediante receptores de estrógeno, e no ajuste da termorregulação, pode- se concluir que a função termorregulatória seja modulada tanto pela serotonina quanto pelo estrógeno, pois, quando há uma diminuição de seus níveis, desencadeiam-se tanto alterações nos estados de humor quanto ocorrências de fogacho. Assim sendo o neuroreceptor 5-HT1 reduz a temperatura corporal (hipotermia) e o neuroreceptor 5-HT2 eleva a temperatura (hipertermia), ocorrendo durante a fase de ondas lentas do sono o pico mínimo da temperatura corporal. A dopamina está associada ao sistema de recompensa do cérebro, ao prazer. Dessa forma, situações agradáveis, sexo, alimento, drogas, podem aumentar a liberação de dopamina no cérebro, particularmente nas áreas tais como o núcleo accumbens e o córtice pré-frontal. Baixos níveis de dopamina desencadeiam irritabilidade, agitação, cansaço e insônia. Esses sintomas, como aumento do apetite, da irritabilidade e da prolactina, são muitas vezes associados a alguns esteróides androgênicos, principalmente a trembolona, o esteróide anabolizante mais androgênico (HALUCH, 2014). 3.1.4 Efeitos dos EAA no Sistema Cardiovascular A administração de EAA por mulheres, mesmo por um curto período de tempo pode ocasionar efeitos colaterais irreversíveis. Entre os efeitos indesejáveis que acometem o sistema cardiovascular, causados pela administração de substâncias anabólicas, registram-se: hipertensão, hipertrofia ventricular, arritmia, trombose, infarto do miocárdio e até mesmo morte súbita (2EVANS,2011,apud LIMA; CARDOSO, 2011). No sistema cardiovascular, o uso de EAA podem provocar efeitos diretos no miocárdio e vascularização e efeitos indiretos por alteração do perfil lipídico e da coagulação sanguínea. Quanto aos efeitos diretos, há relatos de enfarte do miocárdio e morte súbita em atletas jovens usuárias de EAA, mas sem antecedentes de patologia cardíaca e artérias coronárias normais na autópsia. Nesses casos, a autopsia evidenciou hipertrofia ventricular 2LIMA, A. P.; CARDOSO, F. B. Alterações Fisiológicas e Efeitos Colaterais Decorrentes da Utilização de Esteroides Anabolizantes Androgênicos.Revista Brasileira de Ciências da Saúde, v. 9, n. 29, 2011. 15 associada à miocitólise, fibrose e contração miocárdica. Já os efeitos secundários, envolvem dislipidemia e alteração do perfil sanguíneo caraterizada pelo aumento de LDL e diminuição de HDL, alterações da coagulação, e consequentemente, predisposição a um maior risco de aterosclerose, enfarte do miocárdio e acidente vascular cerebral (ROCHA; AGUIAR; RAMOS, 2014). A morte súbita em decorrência do uso crônico de doses suprafisiológicas (1FINESCHI et al., 2001; FINESCHI et al., 2007,apud ROCHA; ROQUE; OLIVEIRA, 2007), têm sido registradas com bastante preocupação, apesar da dificuldade de diagnóstico. Complicações, tais como a aterosclerose e o infarto agudo do miocárdio (IAM) em usuários de esteróides anabolizantes podem ocorrer devido a alterações no metabolismo de lipoproteínas e presença de disfunção endotelial (2HARTGENS etal, 2004; KUIPERS et al, 1991, apud ROCHA; ROQUE; OLIVEIRA, 2007, p.474). De acordo com OVIEDO (2013): [...] à medida que o corpo perde a capacidade de filtrar o sangue, as toxinas se acumulam provocando a retenção de fluidos, por conseguinte, aumento da pressão arterial e, por fim, falência renal. Ainda mais graves são as consequências cardíacas, já que os esteróides alteram dramaticamente os níveis de colesterol, aumentando os riscos de ataque cardíaco ou AVC. Os EAAs abaixam os níveis de colesterol HDL, da corrente sanguínea. O HDL é um colesterol considerado bom e que protege o sistema cardiovascular das doenças. Desta forma, a utilização de esteróides anabolizantes por mulheres necessita maior atenção considerando que o infarto se tornou foco da atenção de cardiologistas e ginecologistas por ser a principal causa de óbitos entre as mulheres, excedendo em 5 a 6 vezes os óbitos causados por câncer de mama e, em pelo menos 2 vezes, a soma de todas as causas específicas do sexo feminino, como mortalidade materna, cânceres de ovário, trompa, endométrio e outros. Ressalta-se que a coronariopatia, na mulher, é desenvolvida na 1ROCHA, F. L.; ROQUE, F. R.; OLIVEIRA, E. M. Esteróides anabolizantes: mecanismos de ação e efeitos sobre o sistema cardiovascular. O Mundo da Saúde, v. 31, n. 4, p. 470-477, 2007. 16 menopausa, com a queda dos hormônios ovarianos e a transição definitiva dos anos reprodutivos para os não-reprodutivos. Nesse estágio, a dita proteção do sexo feminino perde- se, elevando-se em 4 vezes o risco de doença, quando comparada com a fase pré-menopausa. (SILVA; MARQUES, 2007, p. 212) Enfatiza-se a necessidade de cuidados especiais às mulheres no período da menopausa. As dislipidemias, em geral, prevalecem nas mulheres, basicamente, pela instalação da menopausa. Com o declínio dos níveis de estrogênio, ocorrem mudanças no perfil lipídico, com queda do colesterol HDL e aumento progressivo do colesterol LDL, do colesterol total e dos triglicerídeos, favorecendo o aparecimento de doença arterial coronariana (SILVA; MARQUES, 2007, p.236). Estudos de autores citados por Rocha, Roque e Oliveira (2007), avaliaram o efeito de esteróides na função vascular observando que a participação do endotélio na produção de substâncias vasodilatadoras pode estar comprometida (AMMARETAL, 2004; EBENBICHLER et al., 2001). O uso prolongado de esteróides anabolizantes pode estimular a agregação plaquetária (FERENCHICK, 1991) e aumentar a atividade da lipase triglicerídicahepática (HTGL). O aumento na atividade desta enzima pode estar correlacionado com a diminuição nos níveis plasmáticos de HDL (GLAZER, 1991), ou, ainda, com o aumento nas concentrações plasmáticas de LDL como resultado do aumentado catabolismo das VLDL (lipoproteínas de muito baixa densidade), podendo potencializar a aterosclerose (BALDO-ENZIETAL, 1990). A facilitação da formação de trombo pelo uso de esteróides anabolizantes pode estar, portanto, associada a aumentos na agregação plaquetária, ou, ainda, a aumentos de fatores pré-coagulantes (SADERETAL, 2001). Cita, ainda, Rocha, Roque e Oliveira (2007) a importância moduladora do endotélio na função vasomotora, capaz de produzir fatores vasoativos que podem promover o relaxamento ou a contração do vaso, a presença de disfunção endotelial ocasionando prejuízo na função vascular e o desenvolvimento de diversas patologias cardiovasculares. A diminuição na microvasculatura provoca um desequilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio ao miocárdio, principalmente durante o exercício físico afetando o desempenho da função cardíaca. Portanto o uso de esteróides anabolizantes reduz a função diastólica do ventrículo esquerdo, ocasionando alterações estruturais e funcionais da musculatura cardíaca através de efeitos diretos e/ou indiretos, podendo provocar e perpetuar doenças cardiovasculares. 17 Profissionais de educação física, profissionais da saúde e poder público têm responsabilidades sobre a contenção do uso indiscriminado destas substâncias. O papel de todos é importante para equacionar esse problema de saúde pública. Há necessidade de reavaliação, conscientização, educação e racionalização do uso de esteróides e suas relações com as questões de saúde. 3.1.5 Efeitos dos EAA no Sistema Endócrino e Muscular Os efeitos dos EAA sobre o aparelho reprodutor feminino incluem a redução dos níveis circulantes do hormônio luteinizante, do hormônio folículo-estimulante, dos estrogênios e da progesterona; inibição da foliculogênese e da ovulação; alterações do ciclo menstrual que incluem o prolongamento da fase folicular, encurtamento da fase lútea e, em alguns casos, ocorrência de amenorréia (TEIXEIRAet al., 2016). Nas mulheres, os efeitos dos EAA sobre os sistemas endócrino e reprodutivo também provocam vários efeitos indesejados, dentre eles: masculinização, devido ao aumento dos pelos faciais, tom de voz mais grave, atrofia mamária e diminuição da gordura corporal; irregularidades no ciclo menstrual, como amenorréia, e atrofia uterina em consequência do desequilíbrio hormonal; características virilizantes, como aumento da libido, hipertrofia clitoriana; resistência à insulina e intolerância à glicose. Dentre estes, destacam-se a irreversibilidade do aumento do clitóris e da modificação da voz para um tom mais grave(FERREIRA et al., 2007). Por outro lado, verificam-se indicações médicas para o uso de androgênios no tratamento de distúrbios ginecológicos, por vezes associados a estrogênios para a reposição hormonal pós-menopausa, ou para eliminar sangramentos endometrial, realizado apenas com estrógenos. A testosterona tem um efeito paliativo em algumas mulheres em fase de tratamento de câncer de mama. Doentes em fase terminal do câncer, muitas vezes também fazem uso desse mesmo medicamento hormonal para ganhar peso (1SOUSA, 2002, apud MELUZZI; SILVA FILHO, 2017). 1MELLUZZI, M. D.; SILVA FILHO, J. N. Efeitos do uso de esteroides anabolizantes por mulheres. Ver Educación Fisica y Desportes, v. 22, n. 235, 2017. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd235/efeitos-do-uso-de-esteroides-anabolizantes.htm>. Acesso em: 28 jun. 2018. 18 Posto isto, os medicamentos surgem, supostamente para prevenir doenças relacionadas com a diminuição da produção hormonal, nomeadamente, a osteoporose, doença cardíaca, AVC e doença senil. A autora Pardini (2014,apud MELUZZI; SILVA FILHO, 2017), explica que a reposição hormonal de estrógeno isolado ou associado à progesterona a uma determinada classe de mulheres, com alto índice de fraturas, é eficaz na prevenção da perda óssea associada à menopausa e na redução da incidência de fratura vertebral e não vertebral. Embora a magnitude do decaimento na renovação óssea esteja relacionada aos níveis de estrogênio, a reposição em doses menores teminfluência positiva na massa óssea da maioria das mulheres. Com base nas ênfases, a Terapia de Reposição Hormonal na Menopausa (THM) é a terapia de primeira linha nesses casos. Alguns autores defendem que o tratamento com testosterona aumenta a satisfação sexual, com influência positiva no humor e bem-estar de maneira global, bem como, atua na densidade óssea em mulheres com baixos níveis de testosterona. Porém, não há dados suficientes que possam respaldar a indicação do uso da testosterona por mulheres. A questão exige estudos mais aprofundados sobre o tratamento com testosterona sem estrogenoterapia concomitante. Este deve ser monitorizado clinicamente e, se necessário, deve-se proceder à avaliação laboratorial para monitorização de possíveis teores supra fisiológicos de testosterona (1FINOTTI, 2016, apud MELLUZZI; SILVA FILHO,2017). Convém citar, ainda, que os hormônios esteróides têm sido administrados para reposição de testosterona, nos casos em que, por algum motivo patológico, tenha ocorrido um déficit. Em doses terapêuticas, é utilizado também para tratamento de diversas condições clínicas, caracterizadas por deficiências androgênicas naturais, tais como: hipogonadismo, desnutrição, puberdade anormal, micropênis neonatal, deficiência parcial em idosos e deficiência secundária por doenças crônicas, contracepção hormonal masculina, osteoporose, anemia plástica, impotência sexual (por insuficiência testicular), eu nuquismo (castração) e 1MELLUZZI, M. D.; SILVA FILHO, J. N. Efeitos do uso de esteroides anabolizantes por mulheres. Ver Educación Fisica y Desportes, v. 22, n. 235, 2017. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd235/efeitos-do-uso-de-esteroides-anabolizantes.htm>. Acesso em: 28 jun. 2018. 19 baixa estatura devido à síndrome de Turner (1GOLDBERG, etal., 2012, apud OVIEDO, 2013). Neste sentido, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (2SBEM, 2017,apud MELLUZZI; SILVA FILHO, 2017), explica que nas mulheres as dosagens de testosterona são úteis para diagnosticar excesso de androgênios e não sua falta. Em adolescentes podem ocorrer lesões no aparelho locomotor, ou seja, no sistema musculoesquelético, pois a estrutura osteoarticular não acompanha o crescimento muscular.Também pode ocorrer necrose avascular da cabeça femoral, alterações ultra estruturais nas fibras colágenas, risco de lesões músculo-tendíneas, tendo como fator de risco o aumento da força muscular acompanhada da diminuição da elasticidade dos tendões e fechamento precoce das epífises ósseas, sendo essa alteração irreversível (FERREIRA et al, 2007). Atribuem-se, à classe dos esteróides androgênico-anabólicos constituídos por testosterona e afins, os efeitos ligados à diferenciação sexual (androgênicos) e retenção de nitrogênio (anabólicos). Na mulher adulta com hipogonadismo e na menopausada, em que o músculo está comprometido, além de estradiol é possível o uso de testosterona e seus precursores para tratar ou prevenir a astenia e sarcopenia. Estradiol também aumenta o desenvolvimento muscular, ativando a proliferação e diferenciação de células satélites, e preservando a população de mioblastos através de ação antiapoptótica. Adicionalmente, o estradiol fortalece a ligação da miosina a actina, essencial à contração muscular (HALBE; CUNHA; MORI, 2013). Alerta-se para a associação dos EAA com alterações da função hepática (aumento de transaminases, fosfatase alcalina, bilirrubina conjugadas e proteínas séricas).Também estão 1OVIEDO, Eddie Alfonso Almmario. As Consequências do uso indevido dos Esteroides Anabolizantes Androgênicos nas esferas civil, penal e administrativa: conhecer, prevenir, fiscalizar e punir. Monografia apresentada para à obtenção do título de Bacharel em Direito, no curso de Graduação da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília. Orientador: Prof. Dr. Malthus Fonseca Galvão Brasília - DF 2013. Disponível em: <http://bdm.unb.br/bitstream/10483/5848/1/2013_EddieAlfonsoAlmarioOviedo.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2018. 2MELLUZZI, M. D.; SILVA FILHO, J. N. Efeitos do uso de esteroides anabolizantes por mulheres. Ver Educación Fisica y Desportes, v. 22, n. 235, 2017. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd235/efeitos-do-uso-de-esteroides-anabolizantes.htm>. Acesso em: 28 jun. 2018. http://bdm.unb.br/bitstream/10483/5848/1/2013_EddieAlfonsoAlmarioOviedo.pdf 20 descritos casos de icterícia, geralmente após 2 a 5 meses de consumo e colestase, principalmente com os agentes alquilados. Ainda estão associados com peliose hepática (quistos hemorrágicos no fígado) e adenomas hepatocelulares, sobretudo se administrados em altas doses (ROCHA; AGUIAR; RAMOS, 2014). Outros problemas hepáticos têm sido documentados, como hepatite peliótica (cistos de sangue no fígado e de etiologia desconhecida), além do risco aumentado de câncer hepático.O risco para problemas hepáticos parecem estar relacionados, principalmente, ao uso abusivo de EAAorais (17α-alquilados), por serem mais tóxicos e resistentes ao metabolismo hepático (HOFFHMAN; RATAMESS,2006). Apesar dos efeitos indesejáveis o uso terapêutico dos EAA pela comunidade médica, a partir da década de 50, está sendo empregado no tratamento de: hipogonadismo, micropênis neonatal, deficiência androgênica em homens idosos, na contracepção hormonal masculina, no tratamento de osteoporose (favorecendo o equilíbrio de cálcio e reduzindo a reabsorção óssea), na anemia causada por falhas na medula óssea ou nos rins, notratamento de câncer de mama avançado, em jovens com estatura exagerada, na sarcopenia relacionada ao HIV em pacientes hipogonadais e eugonadais, sarcopenia relacionada a cirrose alcoólica, a doença pulmonar crônica, e da sarcopenia em pacientes com queimaduras graves, além de promover benefícios a portadores da síndrome de Turner e de Duchenne (1SILVA et al., 2002,apud FONINI, 2006). É necessário, portanto, ressaltar que o uso terapêutico se aplica de inúmeras formas e para inúmeras patologias, e as doses, fármacos ou formas de administração se distinguem justamente neste ponto ao se falar do uso para efeitos sobre a composição corporal e/ou ao desempenho esportivo. Segundo o Colégio Americano de Medicina Desportiva, na presença de uma boa dieta, a utilização de EAA contribui para o aumento de peso, principalmente no compartimento de massa corporal magra(FONINI, 2006). 1FONINI, Ricardo Ubiratã. Descrição e implicância do uso de esteróides anabólicos androgenicos sobre o organismo humano. Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura em Educação Física, do Departamento de Educação Física, Setor de Ciências Biológicas, da Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2006. Disponível: <https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/48248/MONOGRAFIA%20RICARDO% 20UBIRATA%20FONINI.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2018. https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/48248/MONOGRAFIA%20RICARDO%20UBIRATA%20FONINI.pdf https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/48248/MONOGRAFIA%20RICARDO%20UBIRATA%20FONINI.pdf 21 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para a realização deste estudo foram utilizados estudos de autores que discorreram sobre os efeitos dos EAA, no organismo humano, considerando a escassa literatura sobre os efeitos dos anabolizantes no organismo feminino, em seus estudos. Lima e Cardoso (2011) estudaram a fisiologia hormonal dos esteróides e seus mecanismos de ação, reforçando a colocação de que a totalidade dos efeitos colaterais associados ao uso de EAA por um longo período, tanto em doses terapêuticas como supra fisiológicas, ainda são desconhecidas. Abrahin et al. (2013) registrou em seus estudos científicos e pesquisas realizadas em Belém (PA), a prevalência maiordo uso de EAA entre professores e estudantes de Educação Física, quando comparados a outros grupos de usuários. Em síntese, Machado etal. (2002), também realizou pesquisa em Aracaju (SE) enfatizando em seus estudos os riscos do uso de EAA não clínico em relação a saúde física e comportamental dos usuários. Por sua vez Azambuja (2004) desenvolveu estudos sobre o uso de recursos ergogênicos farmacológicos por praticantes de musculação das academias de Santa Maria (RS) confirmando a sua utilização por este público para fins estéticos, ressaltando que a administração de EAA em mulheres resulta em alterações masculinizantes ocorrendo crescimento de pelos na face, modificação na voz e até hipertrofia do clitóris. Nesta contextualização os autores Bianco e Rabelo (1999); Rocha, Aguiar e Ramos (2014); Silva, Danielski e Czepielewski (2002);e Nascimento (2016), focaram em seus estudos os conceitos dos EAA, discorrendo sobre a estrutura química, como ocorrem as propriedades anabólicas metabolizadas pelo organismo e os efeitos de sua concentração nos tecidos ósseo, muscular e demais órgãos do corpo. Marques, Pereira e Aquino Neto (2003), conceituaram o perfil esteroidal e a importância do monitoramento do uso de EAA, identificando fatores que acarretam alterações. Nesta mesma direção Fonini (2006) descreveu sobre a implicância do uso de EAA sobre o organismo humano caracterizando e denominando as substancias. Estudos deste autor confirmou a utilização terapêutica dos EAA pela comunidade médica no tratamento de patologias, como no tratamento de osteoporose em idosos, incluindo neste público as mulheres. O autor ressalta que as doses fármacos, dietas e formas de administração se distinguem, contribuindo, por vezes, para o aumento de peso, principalmente no compartimento de massa corporal magra. Considerando os efeitos no organismo feminino, os estudos de Fontanella Junior (2015) focalizam os efeitos adversos dos EAA no aparelho reprodutor feminino, além de 22 mudanças na pele, masculinização, dores de cabeça, enfim muitas outras sequelas são geradas no pelo uso contínuo dessas drogas. Entre elas verifica-se o rebaixamento dos níveis dos hormônios luteinizantes, folículo-estimulante, dos estrogênios e da progesterona, provocando a inibição da foliculogênese e da ovulação, bem como, alterações do ciclo menstrual. Ferreira et al.(2007) abordaram tópicos relevantes sobre os mecanismos de ação e os efeitos colaterais dos EAA, enfatizando a importância da prevenção quanto aos efeitos colaterais. Para os autores os efeitos indesejáveis dos EAA influenciam o sistema endócrino e reprodutivo das mulheres resultando no desequilíbrio hormonal e na redução dos níveis circulantes do hormônio luteinizante. Assim também, Teixeira et al.(2016), referenciou em suas pesquisas bibliográficas sobre o uso de EAA e outros suplementos que estas substâncias vêm aumentando, ultrapassando o esporte e ganhando espaço na sociedade. Suas pesquisas ratificaram os efeitos dos EAA sobre o aparelho reprodutor feminino incluindo a redução dos níveis circulantes do hormônio luteinizante e as implicações no sistema endócrino e muscular confirmando os estudos citados anteriormente. Sobre a questão, Meluzzi e Silva Filho (2017), em artigo realizado através de revisão de literatura, conclui que os EAA estão sendo agregados, de forma indiscriminada, para a melhora do desempenho em atividades físicas e para fins estéticos. A pesquisa dos autores também condena o uso não terapêutico dos EAA evidenciando as mudanças provocadas no organismo feminino. Porém, observa que os efeitos dos EAA podem positivos quanto negativos para a saúde das mulheres, citando indicações médicas para o uso de androgênios no tratamento de distúrbios ginecológicos, por vezes associados a estrogênios para a reposição hormonal pós-menopausa. Assim, recomenda seu uso com orientação por profissionais da área médica e confirma a necessidade de estudos mais aprofundados sobre o tratamento com testosterona sem estrogenoterapia concomitante. Nesta discussão enfatizam-se os estudos de Haluch (2014) em seu site, quando referem-se a ação susceptível dos receptores de serotonina 5HT (1B) ou 5HT (2) e o seu papel na mediação de estados emocionais e na mudança de comportamento entre abusadores de esteroides. Este autor refere-se aos efeitos neuroquímicos dos EAA em mulheres relatando os efeitos fisiológicos. Os estudos de Tonsa (2014) também apresentam as funções da serotonina no organismo, quanto às sensações de bem estar, bem como, relata as anormalidades que ocorrem no metabolismo com a sua falta, envolvendo condições neuropsíquicas sérias, como: Mal de Parkinson, Distonia neuromuscular, tremor familiar, síndrome das pernas inquietas, 23 problemas com o sono, além de outros males como agressividade, comportamento compulsivo e problemas afetivos. Merece ênfase também o estudo de Pardini (2014) sobre Terapia de Reposição Hormonal na menopausa considerando a importância do uso terapêutico dos hormônios. Este autor expõe em sua pesquisa o risco-beneficio da utilização de EAA por mulheres, e a necessidade de se promover a administração controlada de estrógenos associados à progesterona em mulheres no período da menopausa. Silva e Marques (2007) através de seus estudos concluíram que o infarto está matando mulheres mais do que o câncer de mama. Sua pesquisa apontou que uma em cada duas mulheres vem a óbito por IAM (Infarto Agudo do Miocárdio) ou acidente vascular encefálico (AVE) excedendo em até 6 vezes os óbitos causados por câncer de mama e excluindo significativamente a mortalidade por outros tipos combinados de neoplasias. Salienta que este índice pode ser explicado pela queda de estrógeno na menopausa, uma vez que, os estrogênios promovem elevados teores de lipoproteínas de alta densidade (HDL) responsáveis por manter as artérias livres de arteriosclerose. Oviedo (2013) realizou estudos sobre as consequências do uso indevido dos EAA nas esferas civil, penal e administrativa enfatizando o grande problema a cerca das vendas ilegais, falsificações e condições de higiene em sua fabricação. Em seus estudos também se refere aos riscos de AVC pelo uso de EAA decorrente da influencia nos níveis do HDL da corrente sanguínea comprometendo o sistema cardiovascular. Conclui-se que a utilização de esteróides anabolizantes por mulheres necessita maior atenção considerando, também, os riscos de infarto. Rocha, Roque e Oliveira (2007) também avalia o efeito de esteróides na função vascular, citando estudos de vários autores com relação a produção de substancias vasodilatadoras, estímulo à agregação plaquetária, potencialização à arteriosclerose, bem como a disfunção endotelial que pode ocasionar levando prejuízo à função vascular e o desenvolvimento de diversas patologias cardiovasculares. Outros autores como Halbe, Cunha e Mori (2013) referem-se em seus estudos a função do estradiol no desenvolvimento muscular, ativando a proliferação e diferenciação de células satélites, e preservando a população de mioblastos através de ação antiapoptótica. Hoffhman e Ratamess (2006), fazem considerações sobre os problemas hepáticos decorrentes do uso EAA como hepatite peliótica (cistos de sangue no fígado e de etiologia desconhecida), além do risco aumentado de câncer hepático. 24 Enfatizam-se os estudos de Pedroso (2012) sobre a ação dos EAA no sistema nervoso central evidenciando os efeitos neurológicos negativos consideráveis em decorrência do uso abusivo ou crônico de esteróides anabolizantes. Evidenciaram-se nos estudos dos autores, os efeitos adversos do uso dos esteróides anabolizantes, os quais são proporcionalmente maiores do que os benefícios. Conforme estudos laboratoriais e terapêuticos a ocorrência de tumores no fígado, problemas no sistema cardiovascular, aparelho reprodutor e noestado psicológico dos indivíduos sobrepõe-se aos efeitos positivos. Diante das evidencias frisa-se a importância de estudos mais aprofundados sobre alterações fisiológicas, cardiovasculares, neuro-hormonais ou estruturais e psicológicas decorrentes do uso de esteróides anabolizantes para melhor entendimento dos efeitos adversos de uma droga em consumo crescente na sociedade. 25 5. CONCLUSÃO Este estudo bibliográfico registrou resultados positivos no uso terapêutico para o tratamento de anomalias decorrentes da falta de hormônios em mulheres. Quando clinicamente controlado, pode contribuir fisiologicamente para obtenção de resultados favoráveis. No entendimento dos autores estudados, os efeitos adversos negativos abrangem maiores proporções do que os benefícios. Apontaram para os riscos de doenças coronarianas, implicações no sistema nervoso central, sistema muscular, hepático e alterações psicossomáticas desenvolvidas pelo uso abusivo dessas substâncias. Na busca por um corpo perfeito, o uso de esteróides anabolizantes androgênicos vem aumentando, fazendo-se necessária a conscientização educacional sobre as potenciais seqüelas que o uso pode causar. . 26 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ABRAHIN, O. S. C.; MOREIRA, J. K. R.; NASCIMENTO, V. C.; SOUSA, E. C. Análise sobre os estudos científicos do uso de esteroides anabolizantes no Brasil: um estudo de revisão. FIEP Bulletin, Foz do Iguaçu, v. 81, n. 2, p. 331-335, 2011. ABRAHIN O, S. C.; SOUZAI, N. S. F.; SOUSA, E. C.; MOREIRAI, J. K. R.; NASCIMENTO, V.C. Prevalência do uso e conhecimento de esteroides anabolizantes androgênicos por estudantes e professores de educação física que atuam em academias de ginástica. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo, v. 19, n. 1, p. 27-30,2013. AZAMBUJA, Cati Reckelberg. O uso de recursos ergogênicos farmacológicos por praticantes de musculação das academias de Santa Maria, RS. 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