Buscar

Postura e Dor

Prévia do material em texto

Autor: Prof. Drd. Rodrigo Vinícius Ferreira 
@KineticFunctional 
 
1 
 
 
 
O acompanhamento médico é imprescindível para a segurança de qualquer 
agravo a saúde. Ainda, este produto não pode prometer cura de problemas 
de saúde relacionado ao tema aqui proposto, para tal uma equipe 
multidisciplinar deverá ser consultada. 
 
 
 
Agradecemos pelo interesse e leitura deste material. 
Toda informação aqui publicada consta de seus respectivos autores, 
referenciados ao final deste trabalho. 
Este material deve ser o início de um aprofundamento, e não o fim! 
 
 
Boa leitura! 
Kinetic Functional Brasil 
Prof. Drd. Rodrigo Vinícius Ferreira 
 
 
 
@KineticFunctional 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Postura, como ela funciona? ................................................................................................. 8 
 ............................................................................................................................................. 8 
Desenvolvimento da postura............................................................................................... 10 
Postura e dor ...................................................................................................................... 14 
Causas dos Desvios Posturais .............................................................................................. 15 
Glúteo máximo vs. Isquiotibiais ........................................................................................... 16 
@KineticFunctional 
 
3 
 
Síndrome da Inibição Glútea ............................................................................................... 18 
Compensações mecânicas ................................................................................................... 19 
Compensações na lombar ................................................................................................... 19 
Compensações no joelho .................................................................................................... 20 
Compensações no ombro .................................................................................................... 20 
Outras compensações ......................................................................................................... 21 
Entendendo melhor a inibição glútea e a dor lombar .......................................................... 22 
Tratamento da inibição glútea ............................................................................................. 22 
Como surge a Dor? .............................................................................................................. 24 
Tratamento de Desvios Posturais ........................................................................................ 24 
Captores Posturais .............................................................................................................. 26 
Captor Podal ....................................................................................................................... 27 
Pontos Reflexos Plantares .............................................................................................. 29 
Relações.............................................................................................................................. 30 
Captor Ocular ...................................................................................................................... 30 
Captor Manducatório........................................................................................................ 33 
Captor Vestibular .............................................................................................................. 35 
Trilhos Anatômicos ............................................................................................................. 36 
Compreendendo a Fáscia .................................................................................................... 38 
Relação entre fáscia e colágeno .......................................................................................... 39 
Funções da Fáscia ............................................................................................................... 40 
Características da Fáscia ...................................................................................................... 41 
Cadeias Musculares............................................................................................................. 41 
PM – Cadeia Póstero-Medial ............................................................................................... 44 
AM – Cadeia Ântero-Medial ................................................................................................ 44 
PA – Cadeia Póstero-Anterior .............................................................................................. 44 
AP – Cadeia Ântero-Posterior .............................................................................................. 44 
PL – Cadeia Póstero-Lateral ................................................................................................. 45 
AL – Cadeia Ântero Lateral .................................................................................................. 45 
As cadeias Musculares de Léopold Busquet ......................................................................... 46 
1- Cadeia de Flexão ............................................................................................................. 46 
2- Cadeia de Extensão ......................................................................................................... 46 
3- Cadeia Estática Posterior ................................................................................................. 47 
1- As Cadeias Cruzadas Anteriores ....................................................................................... 48 
5- Cadeias Cruzadas Posteriores .......................................................................................... 49 
Cadeias Musculares do Pescoço .......................................................................................... 50 
@KineticFunctional 
 
4 
 
Cadeias Musculares da Pelve ............................................................................................... 50 
1- Fechamento dos ilíacos: .............................................................................................. 51 
2- Abertura dos ilíacos ..................................................................................................... 51 
 ........................................................................................................................................... 53 
 ........................................................................................................................................... 54 
@KineticFunctional 
 
5 
 
....................... 54 
 ....................... 55 
@KineticFunctional 
 
6 
 
 ....... 55 
Relação Craniossacral .......................................................................................................... 56 
Quais são os Padrões Posturais?.......................................................................................... 58 
Bloqueios Posturais ............................................................................................................. 60 
Perna mais curta ................................................................................................................. 60 
Cicatrizes Patológicas .......................................................................................................... 61 
Reprogramando o Movimento ............................................................................................ 62 
Referências .........................................................................................................................64 
 
 
 
 
 
 
 
 
@KineticFunctional 
 
7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
@KineticFunctional 
 
8 
 
Postura, como ela funciona? 
 
 
 
A postura correta é definida como aquela em que existirá o máximo de eficiência 
biomecânica e fisiológica do corpo humano. Para uma boa biomecânica, é 
necessário alinhamento articular, no qual a pressão intra-articular se manterá 
constante, se terá ativação muscular de todas as cadeias musculares. Assim se 
sustentará uma boa congruência articular e estabilidade. 
Para que esse equilíbrio biomecânico e fisiológico ocorra é necessário o 
funcionamento correto do sistema postural. Esse sistema cibernético é 
retroalimentado pela informação aferente dos captores posturais. Os captores 
notificam o cérebro da posição que o corpo ocupa no espaço, o qual envia uma 
resposta eferente aos músculos tônicos e tônico-fásicos que realizarão 
resistência antigravitacional para manter o corpo em equilíbrio. 
@KineticFunctional 
 
9 
 
 
 
 
A posição fisiológica dos pés é afastados na largura do quadril abduzidos 15 a 
16 graus para cada pé, formando uma base em forma de trapézio. No qual o 
centro de gravidade se localiza no terço posterior, há 30mm posterior ao centro 
do quadrilátero de sustentação. Em plano sagital, um adulto deverá apresentar 
o sacro neutro em 32 graus de inclinação, a fecha da curvatura da coluna lombar 
de 4 a 6 cm do fio de prumo e a flecha da curvatura da coluna cervical de 6 a 8 
cm do fio de prumo. O plano escapular e nádegas alinhados. 
Em plano frontal deverá manter simetria entre as pupilas, os dois tragos, os dois 
mamilos, os dois ossos estilóides do rádio, cintura escapular e pélvica. Bem 
como em plano transversal não deverá existir rotações ao nível das cinturas 
escapular e pélvica. 
@KineticFunctional 
 
10 
 
 
 
Desenvolvimento da postura 
A verticalização do corpo humano é fundamental para o equilíbrio dinâmico no 
caminhar, e vai ser definida pela maturidade do sistema nervoso central (SNC), 
variações anatômicas e encadeamento biomecânico articular. 
Segundo Liebenson (2017), a postura corporal envolve a ontogênese postural, 
ou seja, que atividade muscular postural é predeterminada geneticamente e de 
modo automático durante a maturação do SNC. Na fase neonatal, os ossos e 
articulações estão imaturos morfologicamente. À medida que o SNC amadurece, 
o desenvolvimento da função muscular ocorre de forma crescente. Por 
consequência, os músculos controlados pelo SNC agem sobre as epífises de 
crescimento ósseo, influenciando na forma e desenvolvimento dos ossos e 
@KineticFunctional 
 
11 
 
articulações. Logo, a qualidade do desenvolvimento motor e a verticalização 
durante o primeiro ano de vida repercutem na qualidade da postura corporal pelo 
resto da vida de uma pessoa. Porque durante a ontogênese postural inicial, as 
curvas em lordose e cifose da coluna, assim como a posição da pelve e tórax 
são estabelecidas. Esse processo corresponde a estabilização da coluna, pelve 
e tórax pelo ganho controle motor em plano sagital. 
 
Após assegurar a estabilidade sagital, 
desenvolve-se a função motora fásica das extremidades, em cadeia cinética 
aberta e fechada, e nos padrões ipsilateral e contralateral. De modo geral, o 
desenvolvimento do padrão contralateral em pronação de um bebê vai trabalhar 
o controle motor da cadeia muscular cruzada, sendo primordial para mais tarde 
integrar padrões de movimento como engatinhar e marchar. 
 
Como o grau de força muscular e controle motor impactam diretamente na 
centralização e congruência articular, também refletem nas variações 
anatômicas posturais. De acordo com Bega (2006) todos nascemos com o pé 
plano. Os arcos longitudinais medial e lateral, bem como, arco transverso dos 
pés desenvolvem-se desde que a criança começa a caminhar até os 7 ou 8 anos 
de idade. O tibial posterior é o músculo estático responsável pela sustentação 
do tripé formado pelo calcâneo e pelas cabeças do 1º e 5º metatarsos, definindo 
o formato do pé (plano/normal/cavo). 
Os ossos do pé em conjunto formam importantes arcos de sustentação que 
ajudam no suporte do peso corporal e na alavanca ao caminhar. Os três arcos 
@KineticFunctional 
 
12 
 
plantares são arco longitudinal interno, arco longitudinal externo e arco 
transverso, os quais apresentam mobilidade de acordo com o peso e a pressão 
que recebem. 
- Arco longitudinal interno: formado a partir do apoio do calcâneo até a cabeça 
do 1° metatarso, passando pelo calcâneo, tálus, navicular, 1° cuneiforme e 
1°metatarso. 
- Arco longitudinal externo: sustenta a região de médio pé, passando pelos ossos 
calcâneo, cuboide e 5° metatarso. 
-Arco transverso: suspende a cabeça dos metatarsos dando suporte ao antepé, 
partindo da cabeça do 1°ao 5°metatarso. A ausência ou diminuição desse arco 
desencadeia deformidades nos dedos como dedos em garra e em martelo. 
Com base na curvatura do pé, podemos classifica-lo como plano, cavo ou 
normal. 
Pé plano: é caracterizado de ausência ou diminuição dos arcos longitudinais, 
principalmente o arco longitudinal interno. O pé plano normalmente aparece 
acompanhado da pronação. 
Pé cavo: é definido pelo aumento da curvatura dos arcos longitudinais, 
favorecendo a presença de instabilidade por insuficiência de apoio plantar. O pé 
cavo geralmente acompanha a supinação. 
Pé normal: é identificado pela elevação do arco longitudinal interno até 1/3 da 
largura do antepé. Ausência de arco longitudinal externo e presença de arco 
transverso possibilitando o apoio de todos os dedos. 
@KineticFunctional 
 
13 
 
 
Já a genética vai definir o tipo de pé em conformidade com a largura do ante-pé 
(estreito ou largo) e o comprimento dos dedos, podendo ser o pé grego, romano, 
egípcio, germânico e céltico. Isso tudo vai influenciar diretamente no tipo de 
pisada e, por consequência, nas alterações 
posturais. 
@KineticFunctional 
 
14 
 
 
 
Postura e dor 
Sentimos dores diversas e na maioria das vezes não buscamos ajuda, até 
mesmo nós, profissionais do movimento, acabamos ignorando uma dor de vez 
em quando. Estamos condicionados a ignorá-las! Se a dor for de intensidade 
moderada a média então, dificilmente alguém buscará tratamento. 
Existe um problema sério de subnotificação dos desvios posturais. A maioria das 
pessoas que sofre com eles (que é muita gente) não percebe que existe um 
problema. A dor lombar no fim do dia é atribuída ao cansaço. “Talvez seja culpa 
de algum esforço físico diferente, de um jeito de abaixar errado. Daqui a pouco 
vai passar”, pensam. 
Depois de ignorar a dor como algo pequeno, a pessoa toma um medicamento 
para a dor, geralmente analgésicos ou relaxantes musculares, e descansa um 
pouco. Realmente, o desconforto passa por causa do descanso e do efeito 
medicamentoso. 
Porém, os desvios posturais que foram a causa não desapareceram. 
Desvios da postura são mais comuns do que a maioria imagina. Estima-se que 
cerca de 93% da população mundial possua algum tipo, mesmo que seja 
bastante moderado. O mesmo se pode dizer das dores da coluna vertebral. A 
dor lombar é a mais comum e quase todo mundo experimenta um episódio pelo 
menos uma vez na vida. 
Sabendo de tudo isso, quero te fazer uma pergunta: quantos alunos ou pacientes 
te procuram para corrigir desvios posturais buscando a prevenção ou cura de 
dores musculares moderadas? Não muitos, certo? 
A maioria dos pacientes só percebem que precisam de ajuda quando a dor é 
constante ou forte demais para ser resolvida com um relaxante muscular. 
 
 
@KineticFunctional 
 
15 
 
Causas dos Desvios Posturais 
 
Existem diversos motivos que levam ao surgimento de um desvio postural, mas 
a maior parte dos casos está relacionado a hábitos modernos. O corpo, criado 
para o movimento e a ação, está tornando-se cada vez mais sedentário. 
Longos períodos em uma única posição fazem com que algumas musculaturas 
fiquem tensas enquantooutras se encurtam. Um caso bastante comum, por 
exemplo, é o da inibição glútea, uma causa frequente da dor lombar inespecífica. 
Vamos entender melhor este exemplo: 
 
O glúteo máximo é um músculo plano, quadrangular e robusto. Ele é o mais 
volumoso e mais potente da região, e o grande responsável pela manutenção da 
postura ereta. 
• Origem: face glútea da asa do ílio, face posterior do sacro, aponeuroses 
adjacentes. 
• Inserção: tuberosidade glútea. 
Ações: 
• Extensão; 
• Rotação lateral; 
• Abdução do quadril; 
• Extensão do joelho. 
Notemos que o Glúteo Máximo é o mais superficial e consequentemente estético 
da região glútea. O Glúteo Máximo produz os movimentos de Abdução do 
quadril, quando você afasta o Fêmur da região central do corpo. 
Porém o principal movimento produzido pelo Glúteo Máximo é a extensão do 
quadril. Ao fazer o movimento com o membro inferior para trás, você realiza uma 
extensão do Quadril. 
O Glúteo Máximo é o motor primário da extensão do quadril. O glúteo máximo é 
um dos principais músculos a realizar o movimento juntamente com os 
Isquiotibiais. 
 
@KineticFunctional 
 
16 
 
 
Glúteo máximo vs. Isquiotibiais 
Juntos, os isquiotibiais e o glúteo máximo formam os dois grandes grupos 
musculares extensores do Quadril. E aí que começam muitos problemas com 
relação a ativação do glúteo máximo. 
Dependendo do posicionamento espacial e da postura da pessoa, os potentes 
isquiotibiais também podem realizar a extensão do quadril. Os posicionamentos 
das fibras de cada grupo muscular também influenciam nisso. 
As fibras do glúteo ficam em diagonal para conseguir cumprir todas as suas 
ações. Já os ísquios têm fibras dispostas transversalmente, o que parece 
mecanicamente mais favorável para a realização da extensão do quadril. 
Os isquiotibiais podem facilmente realizar o movimento de extensão do quadril, 
apesar da função ser primariamente do glúteo máximo. Isso resolveria a questão 
no caso de os glúteos estarem inibidos e ajudaria na manutenção da nossa 
estática. A resposta é deficitária, porém é capaz dessa manutenção. 
Porém isso aumenta os graus de extensão lombar consideravelmente, nos 
gerando um problema mecânico. Essa pode ser um dos mecanismos 
fisiopatológicos de formação da dor lombar inespecífica. 
Logo deduzimos, que o papel principal dos glúteos é empurrar o solo durante a 
marcha, corrida, ou simplesmente para a manutenção da estática em nossos 
movimentos oscilatórios do tronco, produzindo assim a forca motriz do corpo. 
A extensão de quadril desejada para uma boa mecânica corporal durante a 
corrida é de 30 graus de extensão de quadril. Quando essa amplitude de 
movimento não é satisfatória, o tronco vai se estender para manter o centro 
gravitacional. Dessa maneira gera-se o que chamamos de dor lombar pós 
corrida. Muito comum entre corredores amadores. 
Como citado acima o Glúteo máximo tem sua origem em sua face posterior junto 
as aponeuroses. 
A principal aponeurose a qual o glúteo máximo está interligado é a fáscia 
toracolombar. Ela é uma estrutura contínua de tecido conjuntivo que se estende 
desde o sacro chegando até a região cervical. 
Logo, podemos dizer que a fáscia toracolombar é um elemento do núcleo porque 
muitos músculos têm continuidade de tensão presentes ao glúteo máximo. 
Alguns deles são: 
• Grande dorsal; 
• Serrátil; 
@KineticFunctional 
 
17 
 
• Trapézio fibras inferiores; 
• Isquiotibiais; 
• Bíceps femoral. 
A contração ou relaxamento desses músculos aumenta ou diminui a tensão 
sobre o glúteo máximo por sua tensigridade corporal. Essa tensão fascial junto 
ao glúteo máximo, e nosso sistema hidropneumático são os grandes 
responsáveis pela manutenção da nossa postura. 
Ou seja, qualquer alteração ou desestabilização de tronco pode ativar ou inibir o 
glúteo máximo. Ao mesmo tempo, a hiperativação ou inibição dos glúteos 
máximos poderá gerar desequilíbrios e dores em qualquer região do tórax, pelo 
qual está interligado pela fáscia toracolombar. 
Vida Moderna 
Vamos conferir alguns fatos: 
• A Terra existe há aproximadamente 13 bilhões de anos; 
• A primeira forma de vida encontrada em nosso planeta foi há 
aproximadamente 4,8 bilhões de anos; 
• Os primeiros relatos da nossa bipedestação ocorreram há somente 120 
mil anos. 
 
Podemos perceber que nosso corpo ainda está se adaptando a bipedestação. 
Desde o início da bipedestação o estilo de vida mudou muito com o surgimento 
de facilidades como: 
• Nossa alimentação; 
• Nossa locomoção; 
• Nossa necessidade de habilidades motoras. 
Devido a essas mudanças, as habilidades motoras estão sendo perdidas ao 
longo dos anos. Com o advento da tecnologia nos movimentamos menos, 
caminhamos menos, subimos ou descemos menos escadas. 
Além disso, permanecermos muito tempo sentados. Como resultado realizamos 
nossas atividades de vida diária com menos força e com menor recrutamento de 
fibras motoras. 
@KineticFunctional 
 
18 
 
A importância do glúteo máximo em nossa evolução é de vital importância. Só 
caminhamos ou andamos sobre duas pernas para deixarmos os braços livres 
para executarmos outras tarefas. 
Com o desenvolvimento da vida humana, os primeiros hominídeos se tornaram 
ativos numa vida cheia de migrações, caça e coleta. 
Essa rotina mudou abruptamente, e hoje nossa realidade é: da cama para a 
cadeira, cadeira para carro, carro para cadeira de escritório. Trabalhamos 
sentados muito tempo, em seguida, repetimos a rotina em sentido inverso. Da 
cadeira para o carro, do carro para a cadeira, da cadeira para a cama. 
Se o edifício tiver um elevador, a falta de subirmos ou descermos escadas pode 
ser introduzida nessa história. Esta rotina humana é mantida por longos 
períodos. Por vezes, ao longo de uma vida inteira o ser humano se mantém com 
os músculos glúteos inativos e que conduz a uma disfunção conhecida como 
inibição glútea. 
Síndrome da Inibição Glútea 
A síndrome da inibição glútea nada mais é do que a perda dos movimentos 
naturais do glúteo máximo ao longo dos anos. Isso determina a perda da 
capacidade funcional do quadril, com perda de tônus e força na musculatura. 
Como o glúteo máximo é o nosso grande cíngulo de anulação das forças que 
percorrem nosso corpo, perdemos a capacidade de ativação dentro do padrão 
motor correto. Encontramos: 
• Inibição das conexões neuromusculares naturais; 
• Uma fonte de compensações corporais inadequadas; 
• Ativações musculares errôneas. 
Quando existe a síndrome da inibição glútea movimentos naturais do dia-a-dia 
como agachar, andar e correr ficam prejudicados. 
Nascemos com essas habilidades basta ver como as crianças brincam em 
posição de agachamento perfeito sem que ninguém as tenha ensinado a realizar 
o agachamento no padrão motor correto, pois esse aprendizado nos e inato, mas 
com nossa inatividade perdemos essa capacidade ao longo da vida. 
O termo inibição glútea refere-se à inibição e ou atraso na ativação dos músculos 
glúteos. Frequentemente, isso leva ao enfraquecimento do músculo. A inibição 
glútea afeta negativamente o desempenho e a força dos membros inferiores, o 
que exporá nosso corpo a uma série de lesões e dor crônica. 
Lesões associadas com a inibição glútea 
• Disfunção patelo-femural 
@KineticFunctional 
 
19 
 
• Síndrome da banda ou do trato ílio-tibial 
• Herniações ou dores lombares 
• Síndrome do piriforme 
• Desalinhamento extremidades inferiores 
• A ruptura do ligamento cruzado anterior (LCA). 
• Instabilidade crônica do tornozelo. 
• 
Compensações mecânicas 
 
Os quadris não param de se mover, a menos que eles estejam tentando fazer 
com que você fique estável, dentro de nosso movimento oscilatório do tronco 
durante a tentativa de nos manter na estática. Se os glúteos estão inibidos, então 
não estaremos estáveis. 
 
Compensações na lombar 
 
Quando perdemos a mobilidade do quadril, geramos mais movimentos e mais 
instabilidade na parte inferior das costas. Perder o movimento em algumsegmento corporal, exige que nos movamos mais em outro segmento corporal, 
de forma compensatória. 
Já que o quadril está sem movimento a coluna lombar ganha mais mobilidade. 
Assim surge dor na lombar por excesso de mobilidade e movimento. 
A co-contração do glúteo máximo com o Psoas contribui para a estabilização 
lombo-sacral. O glúteo máximo proporciona estabilidade à articulação 
sacroilíaca por meio de apoio e compressão. 
O excesso de movimento na articulação sacro ilíaca compromete as articulações 
intervertebrais L5-S1 e o disco intervertebral gerando disfunção. O glúteo 
máximo também proporciona menor estabilidade de volta através de sua 
conexão com os espinhais e a fascia toracolombar. 
Algumas de suas fibras são contínuas com as fibras dos espinhais. Uma 
contração do glúteo máximo irá gerar tensão nos eretores no mesmo lado, 
proporcionando rigidez à coluna vertebral 
@KineticFunctional 
 
20 
 
A contração de Glúteo máximo também exerce uma força na extremidade inferior 
da fáscia toracolombar. A fáscia é uma camada espessa de tecido conjuntivo 
ligamentar cuja tensão estabiliza as vértebras. 
 
Compensações no joelho 
 
Os glúteos inibidos também levam a um mau controle do fêmur. Lembrem-se 
dos movimentos de rotação automática realizados pelos joelhos para uma boa 
dinâmica da articulação do joelho. 
Com glúteos inibidos perdemos a capacidade de adaptação do joelho, pela 
imobilidade da rotação externa realizada pelo glúteo máximo. Claro que temos 
outros músculos que são rotadores externos do quadril, mas nenhuma é capaz 
de suprir a falta de potência do glúteo máximo. Mesmo quando essas 
musculaturas trabalham em conjunto o glúteo máximo faz falta. 
 
Compensações no ombro 
 
O indivíduo com inibição de glúteo também apresenta diminuição na amplitude 
de movimento do ombro com consequência dor. Os glúteos se conectam via 
fáscia, como vimos anteriormente, ao longo do quadril para o ombro oposto. 
A conexão acontece através da fáscia das cadeias cruzadas de extensão ou 
abertura da unidade funcional do tronco. 
Quando os glúteos estão inibidos, a fáscia torna-se mais rígida e a amplitude de 
movimento do ombro torna-se diminuída. Sem conseguir gerar força a partir do 
chão para o ombro, você sobrecarregara membros superiores para gerar energia 
cinética e realizar movimentos. 
O ombro é uma articulação mais complexa e frágil em relação a quantidade de 
unidades motoras se comparado ao glúteo máximo. Mesmo assim ele terá de 
gerar a energia potencial do glúteo. 
Além disso temos a correlação com o grande dorsal, que não raramente 
encontra-se encurtado, portanto fraco. O encurtamento gera mais dor lombar e 
por perda de conectividade, dor em ombro também. 
 
 
@KineticFunctional 
 
21 
 
 
 
Outras compensações 
 
Para continuar a mecânica compensatória da inibição glútea, o grande músculo 
opositor de forças é o musculo Psoas. O Psoas flexiona o quadril lordosando-o, 
enquanto os glúteos o estendem retificando-o. O Psoas traciona a pelve 
anteriormente enquanto os glúteos o tracionam posteriormente. 
Se os glúteos estão inibidos, a parte inferior das costas torna-se mais instável e 
o Psoas aumenta sua tensão. As compensações são feitas para estabilizar a 
parte inferior das costas aumentando a lordose lombar de forma considerável 
por causa da potência do músculo. 
Além disso, enquanto os glúteos rodam o fêmur externamente, o Psoas por sua 
linha de tração, roda o fêmur internamente. O movimento gera o valgismo 
dinâmico, como consequência mais dores lombares e nos joelhos. 
Os isquiotibiais assumem o trabalho principal dos glúteos para estender o 
quadril. Essa compensação é muito comum em atletas. Encontramos nesse caso 
uma tração dos joelhos para hiperextensão pelo seu excesso de tensão, 
chamado comumente de falso varo do esportista. 
Porém os isquiotibiais só realizam a extensão do quadril, não possuem nenhuma 
função no plano latero-lateral. Os adutores ficam completamente desgovernados 
realizando seu papel de adução, sem nenhum musculo em contraposição de 
forças, reforçando o valgismo dinâmico. 
Com os glúteos inibidos perderemos a tensão da fáscia em torno da força motriz 
de quadril necessária para a propulsão para a frente. Essa tensão percorrerá 
toda a fáscia toracolombar. Ela pode gerar dentre todas as compensações já 
citadas um aumento da extensão cervical. Assim podemos encontrar um 
aumento da tensão sobre os músculos da cintura escapular, dentre eles o 
Trapézio em suas fibras Superiores. 
Já que a fáscia toracolombar segue até a linha nucal, a tensão sobre esses 
músculos citados estará aumentada. Cervicalgias e cefaleias cervogenicas 
podem estar relacionadas à inibição do glúteo. 
 
 
 
@KineticFunctional 
 
22 
 
Entendendo melhor a inibição glútea e a dor lombar 
 
A dor lombar tem sido associada à inibição do glúteo máximo. 
Quando comparamos pessoas com dor lombar a pessoas saudáveis 
percebemos que o glúteo máximo se atrasa na ativação nas pessoas com dor. 
A ativação do glúteo máximo durante a extensão do quadril está atrasada em 
pessoas com história de dor lombar em comparação com pessoas sem dor 
lombar. Em pessoas com dor lombar, a extensão do quadril é iniciada pelos 
isquiotibiais e eretores espinhais em vez do glúteo máximo. Mesmo após o 
episódio de dor lombar ter sido resolvido, os padrões de disparo alterado no 
glúteo máximo permanecem. 
Janda descreveu um padrão semelhante de ativação retardada do glúteo médio 
durante a abdução do quadril em pacientes com dor lombar. 
As pessoas que sofrem de lesões de entorse de tornozelo também têm 
demonstrado ter reduzido níveis de ativação do glúteo máximo. 
O glúteo máximo desempenha um papel importante na manutenção de uma 
posição vertical na posição em bípede. Musculatura glútea fraca ou inibida, como 
resultado de nosso estilo de vida sentado leva a uma diminuição da função 
estabilizadora no glúteo máximo. 
A inibição e a ativação retardada do glúteo máximo comprometem a estabilidade 
pélvica. Isso pode resultar em compensação pela parte inferior da coluna lombar 
e alterações em padrões de disparo muscular e função. 
No caso de dor lombar, tornozelo e, provavelmente, todas as lesões do corpo 
nos membros inferiores. A ativação fraca ou retardada do glúteo máximo pode 
ser a causa inicial de muitas lesões e dor crônica. 
Tratamento da inibição glútea 
Existem dois fatores essenciais para solucionar todas as compensações e 
comprometimentos acima citados: 
• Efetuar a ativação dos glúteos; 
• Melhorar a estabilidade do núcleo. 
Ativar e fortalecer os glúteos precisa formar uma parte importante de sua rotina 
de treino. 
Antes, portanto, faz-se necessário a retirada da hiperexcitação do Psoas. 
Podemos fazer isso através do seu relaxamento num alongamento ou na 
liberação manual do Psoas. 
@KineticFunctional 
 
23 
 
Essa manobra é muito fácil de fazer, basta medirmos o ponto médio entre a 
Espinha Ilíaca Antero Superior e o umbigo. Depois penetramos a 90 graus com 
nossos dedos paralelos a bainha do reto abdominal, exercendo uma pressão 
para a maca até encontrarmos um ponto de tensão. 
Estaremos no Psoas maior, a partir daí basta mantermos a pressão até seu 
relaxamento. Após o relaxamento do Psoas ficará mais fácil ativarmos os 
glúteos. A facilitação da ativação do glúteo máximo se dará pela ausência de 
uma força opositora criada pelo Psoas, músculo potente e antagonista ao Glúteo 
máximo 
O objetivo dos exercícios devem ser: 
• Fortalecer o núcleo; 
• Ativar o glúteo; 
• Anular a ação dos isquiotibiais quando possível. 
Os melhores exercícios para ativarmos os glúteos sem a ação dos isquiotibiais 
são os exercícios realizados em cadeia cinética aberta. Também podemos incluir 
os exercícios realizados com o uso da Miniband para exacerbar a ação glútea. 
 
Usando o exemplo da inibição glútea, é possível entender por que a dor surge 
em um corpo que deixa de se mover. Os músculos glúteos possuem uma função 
desuporte que permitem a bipedestação. Ou seja, eles nos ajudam a ficar em 
pé enquanto realizamos outras tarefas. 
Mas a vida moderna incentiva pouco movimento com muito tempo sentado ou 
em repouso. Mesmo nos momentos de lazer as pessoas optam por ficarem 
sentados em frente a uma televisão ou computador. Com o tempo, a falta de uso 
do glúteo máximo gera perda de tônus muscular e força. 
Além disso, o quadril perde sua função e passa a realizar compensações para 
manter o movimento. Como resultado, vemos também uma alteração na posição 
lombar que surge com o maior uso de musculaturas acessórias do quadril. É 
uma série de compensações que leva a desvios posturais e mais tarde dor, tudo 
causado pela falta de movimento. 
O sedentarismo é parte importante das causas de desvios posturais. Também 
encontramos outros motivos, como: 
• Desempenho Muscular 
• Alterações Anatômicas 
• Mobilidade Articular 
@KineticFunctional 
 
24 
 
• Fatores Ambientes e Emocionais 
Algumas vezes também vemos diversos fatores se combinando para gerar o 
desvio que mais tarde se torna uma patologia. Para compreender bem o 
problema do corpo, você precisará trabalhar com uma boa avaliação postural 
para identificar os principais motivos. 
Como surge a Dor? 
Entendemos como os desvios posturais aparecem, mas não significa que isso 
necessariamente leva à dor. Lembra que boa parte das pessoas não busca 
tratamento do desvio até surgir uma lesão ou dor aguda? Isso acontece porque 
muitas vezes os resultados demoram a aparecer. 
Precisamos lembrar nesse momento que o corpo está sempre em busca de 
equilíbrio e conforto. A intenção é se movimentar gastando a menor quantidade 
de energia, garantindo conforto às vísceras e protegendo estruturas vitais. 
Nem sempre isso é possível, especialmente quando existe um desvio postural. 
Quando a postura está comprometida, o corpo perde sua mobilidade e 
estabilidade. Mas ainda existe necessidade de continuar se movendo. Assim, 
surge algo que já conhecemos bem: desequilíbrios e compensações 
musculares. 
Voltarei ao exemplo da inibição glútea aqui. O glúteo está incapaz de realizar 
suas ações corretamente. Só para lembrar: a inibição glútea não é um desvio 
postural em si, mas causa desvios do quadril e da coluna lombar. 
Para que os movimentos continuem, os isquiotibiais entram em ação. É a ação 
desse extensor de quadril que faz com que os principais desvios posturais 
apareçam e se mantenham. 
A dor lombar em casos de um glúteo disfuncional surge por causa da 
compressão de estruturas da coluna. Isso acontece pela perda de estabilidade 
e sustentação da coluna, além de exagero da curvatura lombar. 
Teremos nos casos de desvio postural tensões musculares que com frequência 
causam pontos-gatilho, uma das fontes de dor. Também existem fraquezas que 
levam ao desequilíbrio articular e compressão de outras estruturas. 
Tudo é uma série de compensações que o corpo faz para conseguir voltar ao 
estado de equilíbrio e continuar se movendo. 
 
Tratamento de Desvios Posturais 
Na verdade, não existe um protocolo padrão para tratamento de desvios 
posturais que eu possa te oferecer. De nada adianta você querer pegar uma 
@KineticFunctional 
 
25 
 
sequência de exercícios, aplicar em aula e esperar um resultado igual para todos 
os alunos. 
Já passou da hora de entender que cada corpo é único e que precisamos tratá-
los dessa maneira. Portanto, o tratamento ideal começa com uma avaliação 
postural detalhada. Precisamos saber por que aquele desvio surgiu e quais 
compensações ele gerou. 
A escoliose é um bom exemplo. Você precisa analisar se existem fatores 
externos que geraram o desvio da coluna. 
Será que o aluno possui algum aparelho corretivo dentário causando tensões e 
um esquema de forças alterado? Ou uma hérnia de disco que faz com que o 
corpo se altere para evitar a dor? Tudo precisa ser considerado! 
Depois de identificar as causas, chega a hora de corrigi-las. Vá aos poucos e 
comece a dar mobilidade à coluna. Ela também precisa de estabilidade, mas 
nada que comprometa seus movimentos. 
É importante tomar cuidado com a tendência de só estabilizar e tirar os 
movimentos da coluna vertebral. 
Para isso você pode utilizar os inúmeros exercícios. Cada um deles possui sua 
maneira única de flexibilizar, mobilizar e estabilizar a coluna vertebral. Só se 
lembre de adaptá-los para cada tipo de coluna trabalhada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
@KineticFunctional 
 
26 
 
Captores Posturais 
 
 
 
 
Você sabe o que são captores posturais? 
 
Tão importante quanto corrigir um movimento é melhorar o input sensorial da via, 
e os inputs vem de diversos captores posturais. 
 
@KineticFunctional 
 
27 
 
 
 
Captor Podal 
 
O pé é composto por 26 ossos e outros acessórios que nem sempre estão 
presentes em todos os pés, sendo muitos deles causadores de problemas que 
impedem a deambulação perfeita. Os ossos são classificados em ossos 
compactos com alta resistência biomecânica e ossos esponjosos com estrutura 
trabecular cuja função é absorver o impacto. Os ossos do pé são esponjosos 
que confere relevância na absorção das ondas de choque provocadas pela 
posição bípede. A medida que o indivíduo se desenvolve ocorre a ossificação do 
esqueleto dos pés, tornando-se completo até aproximadamente aos 18 anos. 
 
Assim o pé é uma estrutura que apresenta diversas funções: 
 
Sustentação: os ossos suportam forças compressivas pela influência da força da 
gravidade. 
Plasticidade: possui capacidade de ajustar suas articulações de forma a se 
adaptar com o solo. 
Estabilidade: resistência estrutural ao caminhar, ao correr, etc. 
Absorção: os arcos plantares amortecem os impactos. 
@KineticFunctional 
 
28 
 
Propulsão: através do hálux, pela ação concêntrica do tibial posterior. 
O calcâneo é o norteador do movimento do pé, pois durante a marcha, o contato 
inicial do passo ocorre através dele. No caminhar, o retropé entra em supinação 
através do eixo calcâneo (calcâneo, cubóide, 4º e 5 º metatarsos) e o antepé 
termina em pronação para dar o impulso para o próximo passo através do eixo 
talar (tálus, navicular, cuneiformes, 1º, 2º e 3º metatarsos). 
 
Além das características biomecânicas do pé, o mesmo apresenta inúmeras 
células sensoriais exteroceptivas localizadas na região plantar, como os 
corpúsculos de Meissner e o disco de Merkel que influenciam e coordenam a 
postura estática e dinâmica. Bem como sensores proprioceptivos oriundos dos 
músculos e das articulações, através do fuso muscular e do órgão tendinoso de 
golgi, respectivamete. Sendo o pé, o ponto de união entre o equilíbrio e o solo. 
O pé pode ser classificado como: CAUSATIVO - quando a patologia do pé 
provoca o desequilíbrio postural gerando uma cadeia lesional ascendente; 
ADAPTATIVO - quando o pé tampona um desequilíbrio vindo do alto (geralmente 
dos olhos ou dos dentes), sendo num primeiro momento reversível, depois se 
fixa e retroalimenta a disfunção; MISTO - quando há um componente causativo 
e um componente adaptativo; DUPLO COMPONENTE - quando toda a carga 
que entra em supinação no contato inicial e projeta para o primeiro raio 
associado ao colapso medial de arco longitudinal medial. 
 
 
 
@KineticFunctional 
 
29 
 
 
 
 
 
Pontos Reflexos Plantares 
A reflexologia podal consiste na utilização de um microssistema reflexo do corpo 
encontrado a nível cutâneo na superfície plantar, dorsal, medial e lateral do pé. 
A palpação dos pontos reflexos podais informa qualidade e equilíbrio da estrutura 
que está sendo avaliada. Esses microssistemas podem ser encontrados nos 
pés, nas mãos, nas orelas, na língua e na íris dos olhos. 
 
 
@KineticFunctional 
 
30 
 
 
 
 
Relações 
Retropé medial_________________________________Sacro 
Retropé lateral_________________________________Quadril/Pelve 
Médio pé_____________________________________Joelho/Cotovelo 
Antepé _______________________________________Região torácica 
Arcoplantar___________________________________Região lombar 
Hálux ________________________________________Região cervical/cabeça 
 
 
Captor Ocular 
Inúmeros trabalhos de neurociências provam o papel do olho como captor do 
sistema postural, corroborando no deslocamento do centro gravitacional do 
corpo. Um trabalho publicado por Lacour e Roll (1987) demonstrou que o 
estímulo de vibração mecânica no músculo reto inferior do globo ocular dos dois 
olhos provocava um deslocamento posterior do centro de gravidade e o estímulo 
em reto superior tem um efeito inverso. 
Sendo ao mesmo tempo um endocaptor e um exterocaptor postural, através da 
atividade muscular extra-ocular e do reflexo óculo-céfalo-giro que submetem os 
@KineticFunctional 
 
31 
 
músculos do pescoço e ombros aos dos olhos e através de bastonetes da visão 
periférica, respectivamente. 
A falha do funcionamento desse captor implicará na insuficiência de 
convergência ocular. A insuficiência de convergência pode ter etiologia primária 
ou secundária. 
• Primária: traumatismo craniano, entorse cervical (lesão de chicote), 
fenômenos de hiperpressão intracraniana, epilepsia, fratura de coluna. As 
causas primárias normalmente deixam o olho não dominante 
hipoconvergente. 
• Secundária: assimetria postural, escoliose, reação dentária, distúrbio de 
oclusão, hepatite, uso de antidepressivos tricíclicos e não tricíclicos. As 
causas secundárias podem apresentar hipoconvergência tanto em olho 
dominante quanto em não dominante. 
Os sintomas comumente encontrados cefaleias, vertigem idiopática e 
instabilidade, cinetose (náusea em transporte ou barco) e cervicalgias. 
@KineticFunctional 
 
32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
@KineticFunctional 
 
33 
 
Captor Manducatório 
 
 
Esse captor é constituído pela 
relação complexa em língua, 
ATM (articulação 
temporomandibular), 
musculatura orofacial e de 
pescoço, mastigação e da 
deglutição, arcada dentária 
superior e inferior, sendo o 
captor oclusal a união entre a 
cadeia muscular anterior e a 
cadeia muscular posterior. As 
disfunções 
craniomandibulares irão 
influenciar diretamente na 
oclusão dentária, patologias de 
língua e deglutição. 
Para se ter um bom 
funcionamento desse captor é 
importante a respiração ser 
feita por via nasal. Na posição 
de repouso, os dentes 
superiores e inferiores não 
devem se tocar. Os dentes 
inferiores devem estar 
circunscritos pelos dentes 
superiores mantendo uma 
oclusão normal, ter todos os 
dentes na arcada superior e inferior, e a língua deve tocar a região anterior do 
palato (céu da boca). 
A posição da mandíbula condiciona a posição cervico-escapular. Portanto, na 
oclusão classe II haverá um desvio anterior da cabeça e dos ombros, e na 
oclusão classe III ocorrerá um desvio posterior da cabeça. A ausência de dentes 
desencadeará uma má oclusão e disfunção lingual. 
 
 
 
 
@KineticFunctional 
 
34 
 
 
@KineticFunctional 
 
35 
 
Captor Vestibular 
Esse captor analisa a aceleração e a desaceleração do corpo no espaço/tempo. 
O elemento básico do ouvido interno é a célula ciliada e seus constituintes 
informativos, os quinocílios. Eles estão presentes no utrículo e sáculo e são 
responsáveis pela medição da aceleração linear. Na ampola, localiza-se a 
extremidade de cada canal semicircular, na qual os quinocílios detectarão o 
deslocamento dos cristais de oxalato de cálcio, mensurando a aceleração 
angular. O captor vestibular é um acelerômetro destinado a coordenar a posição 
da cabeça e dos olhos durante o movimento. Essa comunicação ocorre através 
do reflexo vestíbulo-ocular e reflexo vestíbulo-espinal, a fim de manter o controle 
do equilíbrio na posição ortostática durante a locomoção. 
 
 
@KineticFunctional 
 
36 
 
Trilhos Anatômicos 
 
Os músculos e tendões são revestidos externamente por um envoltório de tecido 
conjuntivo denominado fáscia. Para que se realize o movimento de forma 
harmoniosa e precisa é fundamental o deslizamento da fáscia sobre o músculo 
e vice-versa. Os músculos trabalham em sinergia um com o outro compondo um 
circuito de músculos agonistas e antagonistas do movimento. Esse circuito 
funciona como meridianos miofasciais que denominamos trilhos anatômicos. 
Os trilhos anatômicos descrevem a continuidade da conexão entre duas 
estruturas adjacentes e longitudinalmente alinhadas dentro de uma teia 
estrutural, formando um sistema fascial. O sistema fascial transmite informações 
mecânicas de tensão e compressão ao cérebro. Esse tipo de comunicação 
acontece através da vibração mecânica resultante do jogo de tensão e 
compressão, numa velocidade três vezes mais rápida que a condução do 
sistema nervoso. 
A rede circulatória fornece proteínas para rede fibrosa e mantém o turgor no 
interior das bolsas do sistema de pressão dentro do corpo. A rede fibrosa guia o 
fluxo de líquidos, afetando o tônus dos miofibroblastos através da química dos 
líquidos, modificando a tensegridade do tecido fascial. A rede neural alimenta o 
sistema fibroso através dos nervos motores alterando o tônus dos músculos. O 
conjunto de mecanorreceptores fornece informações da rede fascial para o 
sistema nervoso através dos receptores de Golgi, corpúsculos de Paccini, 
terminações de Ruffini e terminações nervosas livres (são as mais abundantes). 
Esses sensores detectam variações no alongamento, carga, pressão, vibração, 
força tangencial (de cisalhamento), vasodilatação e dor. Sendo a rede fascial o 
maior “órgão dos sentidos” do corpo. Essa rede fibrosa envolve os músculos, 
tendões, ossos, órgãos, vísceras, vasos e nervos. 
Foram descritos doze trilhos anatômicos: 
 
@KineticFunctional 
 
37 
 
 
 
 
@KineticFunctional 
 
38 
 
 
 
MYERS, Thomas. Trilhos Anatômicos: meridianos miofasciais para terapeutas manuais e do 
movimento. Rio de Janeiro: Elsevier,2010. 
 
Compreendendo a Fáscia 
 
A fáscia é uma parte do tecido conjuntivo do corpo que influencia, e muito, nos 
resultados de tratamentos e treinamentos. Apesar de ser tão importante, as 
pesquisas a seu respeito ainda estão em desenvolvimento e são um pouco 
obscuras no meio profissional. Porém, é importante acompanhá-las e saber tudo 
que é possível sobre o tecido fascial. 
 
@KineticFunctional 
 
39 
 
Relação entre fáscia e colágeno 
 
 A fáscia é formada por 
proteínas, em especial o 
colágeno, e faz parte do 
tecido conjuntivo do corpo 
humano. Podemos 
considerá-la como: “tecidos 
conectivos fibrosos, moles, 
colágenos, soltos e densos 
que permeiam (ou seja, são 
espalhados por todo o 
corpo)”. 
O colágeno, que forma boa parte dessa estrutura, é uma proteína produzida pelo 
corpo desde o nosso nascimento. Ele também é uma das proteínas mais 
importantes na manutenção do sistema conjuntivo, sendo responsável por 
manter sua estrutura matricial e força. No entanto, essa substância não é 
produzida pelo corpo até o fim da vida. Sua produção começa a diminuir mais ou 
menos aos 28 anos de idade, começando a cair cerca de 1% ao ano após os 35 
anos. 
Quando alguém chega aos 50 anos já deve estar produzindo cerca de 35% do 
colágeno que seu corpo precisaria para executar suas funções corporais. Nesse 
momento, o corpo começa a utilizar o estoque de colágeno que foi produzido até 
os 28 anos de idade, que não é o suficiente. É por isso que o processo de 
envelhecimento envolve a perda de elasticidade e firmeza do tecido conjuntivo. 
Essa proteína é tão importante para o corpo que constitui diversas estruturas 
corporais que são afetadas conforme envelhecemos. Entre elas temos: 
• Ossos; 
• Unhas; 
• Músculos; 
• Cartilagens; 
 
Cerca de 25% da proteína do corpo é colágeno, então não podemos ignorar seu 
papel. Sua principal função é sustentar as células, fazendo com que elas fiquem 
juntas e firmes. Isso também acontece no tecido da fáscia, fazendo com que 
essa proteína seja essencial para o funcionamento do conjunto fascial. 
 
 
 
 
 
@KineticFunctional40 
 
Funções da Fáscia 
 
 
 Autores relevantes já 
definiram a fáscia de forma 
bem ampla, deixando-a 
mais simples de 
compreender. O sistema 
fascial envolve os 
músculos, ossos e fibras 
nervosas e realiza 
diversas funções no corpo. 
Isso inclui funções: 
• Arquitetônicas/estruturais; 
• Neurológicas; 
• Transmissão de força biomecânica; 
• Morfogênese; 
• Transmissão de sinal celular. 
 
Precisamos compreender o tecido conjuntivo e como ele realiza a ligação entre 
diversas estruturas do sistema musculoesquelético. Quando um atleta sofre 
lesões por overtraining, por exemplo, a lesão acontece nos elementos da rede 
fascial do corpo. Os tecidos que devemos desenvolver no treinamento fascial 
são: 
 
Envelopes musculares; 
Aponeuroses; 
Adaptações locais específicas (ligamentos ou tendões). 
 
No corpo, existem estruturas que são responsáveis por adaptar os tecidos 
conjuntivos dos sistemas fascial aos estímulos. Eles são os fibroblastos. Por 
isso, devemos adotar um treinamento orientado para a fáscia. Em atletas, esse 
treinamento precisa ser ainda mais específico para evitar sobrecarga. 
 
Nos treinamentos podemos adotar alguns recursos que ajudam a trabalhar a 
fáscia, mas nunca em excesso. Recomenda-se que esse tipo de treinamento 
aconteça entre uma e duas vezes por semana. Conseguimos melhorar o 
condicionamento fascial em 6 a 24 meses, dependendo do caso específico do 
aluno. 
 
Muitas das lesões que encontramos na prática, envolvem tendões, ligamentos e 
outras estruturas do tecido conjuntivo. Muitas vezes, somente o tratamento do 
sistema musculoesquelético pode ser insuficiente. Mesmo que consigamos um 
resultado, o aluno pode voltar a ter o mesmo tipo de lesão. 
 
@KineticFunctional 
 
41 
 
 
Características da Fáscia 
 
A fáscia é um tipo de rede de tensão que recobre todo o corpo. Ela é parte do 
que conecta diversas estruturas corporais, transmitindo tensões entre todo o 
sistema. Ela consiste de todos os tecidos conectivos. 
 
A fáscia não é moldada por compressão, mas sim por tensões. Esse sistema 
envolve todos os músculos e órgãos. Podemos considerar alguns elementos que 
fazem parte da rede fascial, incluindo: 
• Envelopes musculares; 
• Cápsulas articulares; 
• Septos; 
• Tecidos conectivos intramusculares; 
• Retináculos; 
• Aponeuroses; 
• Ligamentos; 
• Tendões. 
 
A rede fascial ao longo do corpo é formada por diversos tipos de tecidos 
conjuntivos, assim como algumas áreas de transição. Essas áreas ficam 
localizadas principalmente próximo a articulações. A rede recobre todo o corpo 
e é responsável por transmitir deformações tensionais multi-articulares. Por isso, 
cada região do corpo possui uma arquitetura local adaptada às demandas de 
carga de deformação impostas. 
As deformações impostas sobre o sistema fascial o moldam e podem influenciar 
em lesões futuras. 
 
Cadeias Musculares 
 
O conceito de cadeias musculares é uma abordagem de um encadeamento de 
músculos unidos, ponta a ponta, através de suas aponeuroses, e que unificam o 
corpo da cabeça às mãos e, aos pés. Esse contexto de sinergia entre os 
músculos, aponeuroses e articulações nasceu da síntese de constatações 
clínicas de Godelieve Denys-Struyf, corroborando para criação do método GDS. 
@KineticFunctional 
 
42 
 
Vamos pensar em cadeia para responder esta pergunta: será que os 
isquiotibiais entram em insuficiência passiva durante a execução de um 
stiff? 
Para esta resposta é necessário entender que no corpo humano nada acontece 
de forma isolada, nem mesmo uma flexão de cotovelo é isolada, pode ser do 
ponto de vista articular, mas neuromuscular, jamais! Deste raciocínio surge o 
conceito de cadeias musculares e suas várias abordagens de acordo com seus 
cadeistas. 
Françoise Mézières, conceituou Cadeias Musculares em 1947 como: 
“É um conjunto de músculos de mesma direção e sentido que trabalham como 
um só músculo. São geralmente poliarticulares e se recobrem como as telhas de 
um telhado.” 
As Cadeias Musculares apresentam também aspectos psico-comportamentais, 
segundo Godelieve Denis Struyf, ela afirmava que: 
“O indivíduo se estrutura sobre sua história de vida. As cadeias musculares irão 
moldar o indivíduo de acordo com suas necessidades de expressão corporal. “ 
Phillippe Souchard – Após estudos biomecânicos e histológicos, chegou a 
definição de cadeias musculares: 
“Grupos musculares com as mesmas características histológicas e fisiológicas, 
interligadas por uma rede aponeurótica.” 
Os músculos agem de forma individual, mas eles também atuam mediante 
conexões por todo corpo no interior de faixas de fáscias integradas 
funcionalmente, esta é a definição de Thomas Meyers. 
Tendo por base estas definições, chegamos à Linha Superficial Posterior (LSP): 
flexores curtos dos artelhos e aponeurose plantar, tríceps sural, isquiotibiais, 
ligamento sacrotuberoso, fáscia sacrolombar, eretor da espinha, fáscia 
epicraniana. Se pegarmos a definição de cadeias, citada por Françoise 
Mézières, conseguiremos visualizar a mesma analogia, uma estrutura que 
recobre desde a planta de nossos pés até o topo da cabeça, como as telhas de 
um telhado. 
Em um estudo de Franklyn-Miller (2009) demonstraram – usando 
microcalibradores de esforço – que o grau de força usado em uma contração 
excêntrica, como no stiff por exemplo, dos isquiotibiais resulta em uma variedade 
de transferências de cargas inesperadas: 
•240% do esforço imposto é transferido para o trato iliotibial (IT). 
•145% da carga dos isquiotibiais é transferida para a fáscia lombar ipsilateral via 
ligamento sacrotuberoso. 
@KineticFunctional 
 
43 
 
•103%, para o compartimento crural lateral. 
•45%, para a fáscia lombar contralateral. 
•26%, para a fáscia plantar. 
E chegaram à seguinte conclusão: A transmissão de tensão via continuidades 
fasciais durante o “alongamento” (contração excêntrica) pode, portanto, afetar 
muitos tecidos, exceto o músculo ao qual a carga está sendo aplicada. 
Em outro estudo, Weisman et al. (2014), que tinha o objetivo de mapear a 
associação de ativações musculares ao longo da linha superficial posterior (LSP) 
usando condições separadas de amplitude ativa de movimento com e sem 
resistência e amplitude passiva de movimento através de eletromiografia, 
obtiveram os seguintes achados: 
•Durante a contração isométrica máxima do gastrocnêmio direito, houve fortes 
sinais de ativação registrados nos eletrodos colocados sobre: os isquiotibiais 
direitos, a espinha ilíaca póstero-superior (EIPS), o 12º segmento torácico 
esquerdo e direito (T12) e o trapézio superior direito. 
•Durante a extensão cervical isométrica máxima (em prono), houve fortes sinais 
de ativação registrados nos eletrodos colocados sobre o trapézio superior, T6, 
T12, EIPS, com ativação moderada, mas significativa, nos isquiotibiais. 
Portanto, percebe-se que, se uma parte da cadeia é acionada, toda a cadeia se 
ajusta para manter o mínimo de integridade da mesma. 
Do ponto de vista mecânico, durante a fase excêntrica do stiff, há um braço de 
momento de resistência (B.M.R.) enorme sendo gerado na coluna vertebral, 
impossível de ser sustentado somente pelos eretores da espinha, portanto toda 
a cadeia necessita manter a tensão. Se os isquiotibiais entrassem em 
insuficiência passiva, a tensão na cadeia se perderia e o indivíduo cairia de “fuça” 
no chão. 
As cadeias musculares não se limitam ao sistema locomotor, mas abrangem a 
unidade da estrutura humana e tudo aquilo que a anima. Essas cadeias formam 
conjuntos psiconeuromusculares ao sabor da expressão corporal postural e 
gestual, construindo a postura do indivíduo diante da vida. 
Tudo está conectado. Se os tornozelos ignoram os joelhos, se os quadris não 
protegem as vértebras lombares e solicitam excessivamente as articulações 
sacro-ilíacas, se a primeira vértebra cervical não funciona harmoniosamente com 
a cintura pélvica, se a mão direta não se coordena facilmente com o pé esquerdo, 
o corpo está efetivamente com dificuldadede comunicação. Isso gera bloqueios, 
desvios posturais num primeiro momento flexíveis e posteriormente rígidos. Essa 
falha de comunicação promove sofrimento de determinada cadeia muscular e 
articular tracionando as aponeuroses, alimentando um quadro de disfunção 
paulatinamente gravados nos tecidos. 
@KineticFunctional 
 
44 
 
O corpo se expressa com a ajuda de nossos músculos, pela postura, pelo gesto 
e pela mímica. Mesmo se a expressão for inibida, o sistema neuromuscular é 
ativado da cabeça às mãos e aos pés. Pensamentos e emoções acionam grupos 
musculares. Com base nessa leitura global do corpo e da postura foram 
classificadas seis formas de equilíbrio natural em pé, bem como seis bases de 
expressão corporal e comportamental que acionam seis cadeias musculares em 
relação as seis direções do espaço (para frente, para trás, para direita, para 
esquerda, para cima e para baixo). 
PM – Cadeia Póstero-Medial 
É composta por músculos paravertebrais lombar, dorsal e cervical (excluindo os 
músculos profundos que fazem parte da cadeia PA/AP), aponeurose lombar, 
ligamentos sacroisquiáticos, glúteo máximo, semitendíneo, semimembranáceo, 
sóleo, flexores dos dedos do pé, músculos do arco plantar e aponeurose plantar. 
Em membros superiores, compreende o latíssimo do dorso, trapézio parte 
ascendente, tríceps, flexores dos dedos, pronadores redondo e quadrado. Essa 
atitude física e emocional expressa pensamento e ação voltados para o futuro, 
podendo ser encontrado em pessoas orientadas para o sucesso, a superação e 
competição, tende a se projetar anterior colocando mais pressão em antepé. 
AM – Cadeia Ântero-Medial 
É composta pelos músculos do períneo, reto abdominal, peitoral maior, escaleno 
anterior, esternocleidomastóideo, adutores do quadril, parte medial do 
gastrocnêmio, adutor do hálux. Em membros superiores, compreende deltóide 
parte clavicular, bíceps, supinador, abdutor curto e longo do polegar. Confere ao 
indivíduo uma atitude mais enraizada e estática. O corpo se projeta para trás, 
parecendo recuar ou se encostar em uma parede. Constrói um futuro com 
passos medidos voltados ao passado com fundamento e estabilidade. 
PA – Cadeia Póstero-Anterior 
Essa cadeia compreende músculos profundos da coluna vertebral, diafragma, 
transverso do abdômen, músculos inspiratórios, psoas, quadríceps, extensores 
dos dedos dos pés. Nos membros superiores encontram-se peitoral menor, 
coracobraquial, tríceps e extensores dos dedos. Tendência ao crescimento axial 
e extensão, postura ereta. Evoca atitude voluntária, preocupada em fazer bem 
feito, do lado certo, do lado justo. 
AP – Cadeia Ântero-Posterior 
Essa cadeia compreende músculos profundos da coluna vertebral como: 
diafragma, transverso do abdômen, músculos expiratórios, psoas, quadríceps e 
extensores dos dedos dos pés. Nos membros superiores encontram-se peitoral 
menor, coracobraquial, tríceps e extensores dos dedos. Tendência de impulso 
para baixo, atitudes hipostênicas, orientando através de escalenos e psoas as 
“quebras” da retidão de PA, postura relaxada. A hiperextensão ligamentar é 
@KineticFunctional 
 
45 
 
característica comum a postura AP. Confere expressão corporal obedecendo 
aos truques da lei do mínimo de esforço, da qual tira o máximo de vantagens 
com jogo de cintura. Indolente, mas vigilante. 
PL – Cadeia Póstero-Lateral 
A cadeia é composta de músculos posterior do tronco, partindo dos rombóides, 
levantador da escápula, trapézio partes descendente e transversa, oblíquos do 
abdômen, glúteo médio, vasto lateral, bíceps femural, fibulares, gastrocnêmio 
lateral, abdutor do hálux. Já em membros superiores evidenciam-se 
supraespinal, deltóide parte acromial, tríceps, extensor ulnar do carpo, abdutor 
do 5º dedo. Expressa dinamismo inspiratório, necessidade de abertura, de 
contato, de trocas e de expansão. Característica extrovertida, favorecem 
atividades exploratória, de curiosidade, de deslocamento, de viagens. 
AL – Cadeia Ântero Lateral 
Essa cadeia compreende os músculos anteriores do tronco, glúteo mínimo, 
tensor da fáscia lata e aponeurose, tibial anterior e posterior, interósseos e 
lumbricais plantares. Nos membros superiores é composta por: 
esternocleidomastóideo, peitoral maior, deltóide parte clavicular, redondo maior, 
latíssimo do dorso, subescapular, bíceps, músculos radiais e palmares. 
Tendência ao fechamento e introspecção. Necessidade de discrição, de reserva, 
gosto pela solidão e isolamento. Seletivo, favorece a especialização e 
aprofundamento das tarefas que empreende para melhor concentrar e focalizar 
sua atenção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
@KineticFunctional 
 
46 
 
As cadeias Musculares de Léopold Busquet: 
Cadeias Musculares do Tronco 
1- Cadeia de 
Flexão: são 
divididas em duas, 
direita e esquerda. 
É formada pelos 
Intercostais 
médios, reto 
abdominal e 
músculos do 
períneo. Sua 
ligação com a 
cintura escapular é 
dada pelos 
seguintes 
músculos: 
transverso do tórax, 
peitoral menor e 
trapézio inferior. Já 
sua ligação com o 
membro superior é 
dada pelo Peitoral maior e rombóide maior. É a cadeia responsável pelo 
enrolamento do tronco. 
2- Cadeia de 
Extensão: 
também divididas 
em direita e 
esquerda. 
É constituída no 
plano profundo 
pelo: transverso 
espinhoso, 
supracostal, 
espinhais, grande 
dorsal, iliocostal e 
quadrado lombar. 
No plano médio, 
pelo Serrátil 
posterior superior e 
inferior. Sua ligação 
com a cintura 
escapular se faz através do trapézio Inferior, e como membro superior através 
do redondo maior. Essa cadeia muscular e responsável pela extensão do tronco. 
@KineticFunctional 
 
47 
 
 
Essas duas cadeias retas do tronco são responsáveis pela flexão e extensão do 
tronco. A cadeia de flexão executa o movimento e a cadeia de extensão o 
equilibra modulando os movimentos da cadeia de flexão em excentricidade. 
As duas cadeias se ligam através do sacro. Caso a cadeia de flexão esteja 
encurtada ou tensionada, a postura adotada pelo individuo será a de 
enrolamento. Ao contrário, se a cadeia de extensão estiver sob tensão 
favorecerá a uma postura em extensão. Caso as duas estejam comprometidas 
ocorrerá um aumento nas curvaturas lombares e cervicais, pelo achatamento 
gerado por essas duas cadeias. 
À ação da cadeia de flexão direita e da cadeia muscular de extensão direita em 
conjunto, geram a inclinação do tronco a direita. Já as duas cadeias de extensão 
esquerda em conjunto, geram a inclinação do tronco a esquerda. 
3- Cadeia 
Estática 
Posterior: 
é única e 
segundo 
Busquet, nosso 
equilíbrio 
estático é 
baseado em 
um 
desequilíbrio 
anterior, basta 
observar que a 
linha 
gravitacional 
passa a frente 
dos maléolos e 
da cabeça, 
logo fica fácil 
chegarmos a 
conclusão do 
porquê dos músculos posteriores estarem sempre em tensão, com esse excesso 
de trabalho. Partindo dessa observação, Busquet foi buscar na anatomia a 
resposta para esse desperdício de energia corporal, desobedecendo assim, as 
leis do conforto e economia. Percebeu então a genialidade da engenharia 
corporal se deparou e se atentou de que os músculos posteriores são músculos 
formados de muita aponeurose fascial, criando assim a Cadeia Estática 
Posterior. Entendendo que esse desequilíbrio anterior é suportado pelas 
potentes fáscias posteriores, junto com as aponeuroses dorsal e lombar, sem 
desrespeitar a lei da economia corporal. 
@KineticFunctional 
 
48 
 
Para Leopold Busquet, uma estática equilibrada depende de quatro fatores: o 
esqueleto, as fáscias (sobretudo a cadeia fascial posterior), a pressão 
intratorácica e a pressão intra-abdominal. 
Busquet coloca os músculos em segundo plano, os quais citamos anteriormente, 
que são trabalhadores sob o comando de outras estruturas. Como por exemplo, 
as pressões internas (PIA). 
 
As Cadeias Musculares Cruzadas estão ligadas a dinâmica do tronco nos três 
planos: torção, flexão e rotação. 
1- As Cadeias Cruzadas 
Anteriores. São compostaspelos 
músculos oblíquo menor esquerdo, intercostais 
internos esquerdos, oblíquo maior direito, 
intercostais esternos direitos, serrátil anterior 
direito, romboide direito, peitoral maior direito, 
redondo maior direito. 
Existem duas cadeias cruzadas anteriores: a 
direita que liga a hemipelve direita ao tórax 
esquerdo e a cadeia cruzada anterior esquerda 
ligando a hemipelve esquerda ao tórax direito. 
A cadeia cruzada anterior direita leva o ombro 
esquerdo e a hemipelve direita em 
aproximação. Já a cadeia cruzada anterior 
esquerda leva o ombro direito e a hemipelve 
esquerda em aproximação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
@KineticFunctional 
 
49 
 
 
5- Cadeias Cruzadas 
Posteriores: Formam-se pelos seguintes 
músculos: quadrado lombar esquerdo, fibras 
iliolombares esquerda, feixe iliolombar 
esquerdo, massa comum, quadrado lombar 
direito, fibras costolombares direita, serrátil 
póstero-inferior direito, intercostais 
correspondentes. 
Sua ligação com a cintura escapular se faz 
através do trapézio inferior direito à escápula, 
peitoral menor direito à escápula, transverso 
do tórax direito ao esterno, grande dorsal e 
peitoral maior ao úmero. 
Também são duas as cadeias cruzadas 
posteriores: a direita, ligando a hemipelve 
direita posteriormente ao tórax esquerdo e a 
esquerda que liga a hemipelve esquerda ao 
tórax direito. São responsáveis por levar a 
hemipelve e o ombro ao encontro 
posteriormente. 
O ponto de torção se dá na altura do umbigo das cadeias cruzadas anteriores e 
em L3 se tratando das cadeias cruzadas posteriores. 
As Cadeias Cruzadas Posteriores possuem continuidade com as cadeias 
cruzadas anteriores e vice-versa. Ou seja, a cadeia cruzada anterior esquerda 
tem continuidade com a cadeia cruzada posterior esquerda. A ação conjunta 
dessas duas cadeias gera a translação do tronco a esquerda. O hemicorpo 
direito também respeita essa continuidade, sendo que a cadeia cruzada anterior 
direita segue até a cadeia cruzada posterior direita. Em sua ação conjunta, as 
duas cadeias produzem a translação do tronco a direita. 
Já a cadeia cruzada anterior direita e a cadeia cruzada posterior esquerda, em 
conjunto, geram a rotação do tronco a direita e a cadeia cruzada anterior 
esquerda a cadeia cruzada posterior direita juntas realizam a rotação do tronco 
a esquerda. 
As Cadeias Musculares Cruzadas de Flexão do Tronco são também chamadas 
de cadeias de fechamento e as cadeias Cruzadas de extensão do tronco são 
também reconhecidas como cadeias de abertura. 
 
 
@KineticFunctional 
 
50 
 
Cadeias Musculares do Pescoço 
As cadeias musculares de Léopold Busquet seguem pelo tronco em seu caminho 
de forca e seguem como cadeia de flexão do tronco se inserindo na cavidade 
bucal, já a de extensão segue seu trajeto se inserindo na cavidade orbicular. 
As Cadeias Musculares Cruzadas Flexoras do Tronco cruzam na unidade 
pescoço e a cadeia cruzada flexora direita na unidade tronco torna-se a cadeia 
cruzada de extensão esquerda na unidade pescoço. À cadeia cruzada de flexão 
esquerda na unidade tronco cruza na altura da unidade pescoço e torna-se a 
cadeia cruzada de extensão direita, a cadeia de extensão cruzada extensora 
direita na unidade tronco torna-se a cadeia de flexão cruzada esquerda na 
unidade pescoço e a cadeia cruzada de extensão esquerda na unidade tronco 
também cruzar-se-á tornando-se a cadeia de flexão cruzada a direita na unidade 
pescoço. 
O ponto de referência para direita e esquerda também muda e passa a ser o 
ombro. 
Logo as Cadeias de Flexão direita e esquerda juntas são responsáveis pela 
flexão do pescoço, as cadeias direita e esquerda de extensão do pescoço são 
responsáveis pela extensão do pescoço. As cadeias de flexão e extensão a 
direita são responsáveis pela inclinação do pescoço a direita, e em contrapartida 
as cadeias de flexão e extensão a esquerda são as responsáveis pela inclinação 
do pescoço a esquerda. 
A cadeia de flexão cruzada direita e a cadeia cruzada de extensão a direita são 
responsáveis pela translação do pescoço a direita, as mesmas cadeias cruzadas 
a esquerda são responsáveis pela translação do pescoço a esquerda. 
Já a cadeia cruzada de flexão a direita e a cadeia cruzada de extensão esquerda 
são responsáveis pela rotação do pescoço a direita e a cadeia cruzada de flexão 
esquerda e a cadeia cruzada de extensão a direita realizam o movimento de 
rotação do pescoço a esquerda. 
Cadeias Musculares da Pelve 
Na região inferior ao tronco encontramos a Pelve que é formada por dois ilíacos 
e o sacro. A mobilidade desses ossos é muito discreta, mas é importante 
deixarmos muito claro que elas existem. O que confere a pelve uma 
característica de estabilização. Como também é na Pelve que a força do solo e 
a força gravitacional 
se encontram. 
A Pelve se articula com a coluna lombar formando a articulação lombosacral. Os 
dois ilíacos se encontram anteriormente formando a sínfise púbica e 
posteriormente com o sacro formando a articulação sacroilíaca. 
@KineticFunctional 
 
51 
 
Teoricamente, a Pelve deveria ser bastante estável devido sua importância de 
sustentação do eixo cranial e da coluna vertebral inteira, que são estruturas 
nobres do nosso corpo, por onde transitam nosso controle nervoso. Porém a 
Pelve pode desestruturar toda nossa estática se realizar alguns pequenos 
movimentos entre seus ossos que são: 
1- Fechamento dos 
ilíacos: o fechamento dos ilíacos 
se dá quando há um aumento de 
tensão nos músculos: transverso do 
abdômen que tracionará a asa ilíaca 
em direção a linha média, e os 
adutores que fortalecem esse 
sistema de fechamento, tracionando 
as asas ilíacas inferiormente 
lateralmente. A sínfise púbica não 
pode se romper de maneira alguma, 
logo o sacro seguirá a asa ilíaca que 
se fechou, causando no paciente o 
seguinte quadro: a espinha ilíaca 
antero superior, crista ilíaca e espinha ilíaca póstero inferior estarão mais 
baixas (chamamos de três pontos baixos) do lado de fechamento e o 
sacro para que o sistema não se rompa acompanhará o ilíaco que fechou, 
inclinando-se. A cadeia de fechamento dos ilíacos acompanha a linha de 
força da Cadeia Muscular de Fechamento ou Cruzadas anteriores do 
tronco. 
2- Abertura dos 
ilíacos: os músculos 
responsáveis pela abertura dos 
ilíacos são os glúteos que 
tracionarão a asa ilíaca no seu 
ápice para fora, e os músculos do 
assoalho pélvico que por sua vez 
tracionarão a parte inferior da asa 
ilíaca para dentro aproximando os 
ísquios. Observaremos o paciente 
da seguinte maneira com os três 
pontos anatômicos altos (EIAS, 
Crista ilíaca, EIPI) do lado da 
abertura, o sacro acompanhará o ilíaco que se abriu, portanto ele se 
inclinará para o lado da abertura. A Cadeia de Abertura na unidade 
Pélvica, acompanha o circuito de forca das Cadeias Musculares de 
abertura ou Cruzadas Posteriores do Tronco. 
3- Anterioridade: se dá pelo tensionamento do quadrado lombar que 
tracionará a asa ilíaca em sua parte posterior para o alto e o reto femoral, que 
por sua vez tracionará a parte anterior do ilíaco para baixo. Encontraremos 
no paciente EIAS e crista ilíaca mais baixas do lado ilíaco em anterioridade e 
@KineticFunctional 
 
52 
 
EIPS mais alta do mesmo lado, encontraremos ainda o sacro mais alto e 
lordótico. A Cadeia Muscular da unidade pelve segue a linha de forca da 
Cadeia de Extensão do Tronco. 
4- Posterioridade: a posterioridade é provocada pelos músculos reto 
abdominal e isquiotibiais, que juntos tracionarão a asa ilíaca para cima em 
sua parte anterior e para baixo em sua face posterior. No paciente veremos: 
EIAS mais alta, crista ilíaca mais alta e EIPI mais baixa, além da lombar 
retificada e mais baixa do lado da posterioridade. Esse tipo de desvio da asa 
ilíaca impossibilita e incapacita demais o paciente, pois vai totalmente contra 
a lógica corporal, pois nas três distorções anteriores, vão a favor da lógica 
corporal em algumas situações. E a Cadeia Muscular da unidade pelve seguea Cadeia De Flexão do Tronco. 
A abertura e o fechamento das asas ilíacas, além da anterioridade é 
absolutamente funcional quando no fechamento do momento do parto, e 
abertura após o parto, a pelve aos poucos vai retornando ao abrir as asas 
ilíacas. 
 
 
@KineticFunctional 
 
53 
 
 
 
@KineticFunctional 
 
54 
 
 
 
 
 
@KineticFunctional 
 
55 
 
 
 
 
 
@KineticFunctional 
 
56 
 
Relação Craniossacral 
O sistema craniossacral se estende desde o crânio, face e boca, inferiormente 
até o sacro e cóccix. É constituído por um compartimento formado pela 
membrana dura-máter, dentro do qual está contido o líquido cefalorraquidiano, 
por um sistema hidráulico semi-fechado que regula o fluxo do líquido, pelos 
ossos, aos quais as membranas estão inseridas, e pelas articulações e suturas 
que interligam estes ossos. 
Devido ao seu conteúdo – o cérebro, a medula espinhal e todas as estruturas 
relacionadas – restrições ou desequilíbrios no sistema craniossacral podem 
afetar diretamente quaisquer, ou até mesmo todos, aspectos do desempenho do 
sistema nervoso central. 
O líquido cérebro-espinhal banha o cérebro, medula espinal e as células que os 
compõem. Ele é bombeado ritmicamente a uma frequência de 6 a 12 ciclos por 
minuto, denominado movimento respiratório primário. Para acomodar estas 
alterações de pressão, os ossos do crânio e sacro precisam permanecer móveis 
durante toda a vida. Portanto, quando a mobilidade natural da dura-máter, ou 
qualquer dos ossos anexos a ela é comprometida, a função do sistema 
craniossacral – e do sistema nervoso central por ele envolvido – também pode 
ser comprometida. 
As suturas cranianas, a foice do cérebro, os ventrículos cerebrais, a medula e o 
complexo sacrococcígeo estão conectados e integrados por um tecido fascial 
denominado dura-mater. A dura-máter é a meninge mais externa que reveste o 
tecido nervoso e está aderida aos ossos do crânio, da coluna vertebral e do 
sacro. Através da dura-máter é possível que se transmitam forças que gerem 
bloqueios, quer a nível cranial ou a nível sacral. 
A biomecânica do sistema craniossacral se dá pela mobilidade contínua e 
sincronizada do osso esfenóide e do osso occiptal do crânio que compõe a 
sínfise esfeno-basilar, que se relacionam com sacro durante a respiração através 
da interconexão meníngea. Quando inspiramos, ocorre uma flexão da sínfese 
esfeno-basilar, rotação externa do osso temporal associada à contranutação 
sacral e produção do líquido cefaloraquidiano. Quando expiramos, ocorre uma 
extensão da sínfese esfeno-basilar, rotação interna do osso temporal 
acompanhada de uma nutação sacral e reabsorção do líquor. Logo, uma rotação 
e báscula de quadril irá levar a uma mordida cruzada e má oclusão, devido a 
relação craniossacral. 
Percebe-se então, que a respiração tem forte influência na movimentação do 
líquor, auxiliando assim nas relações craniossaral e respiração/relaxamento 
A respiração é importante para o movimento, promovendo o equilíbrio tônico das 
cadeias musculares e a mobilidade visceral. Além disso, influencia no sistema 
nervoso autônomo, regulando a ação simpática e parassimpática. Bem como 
guia a frequência do fluxo do líquor pelo sistema nervoso central, dando origem 
ao movimento respiratório primário (mrp). 
@KineticFunctional 
 
57 
 
A relação entre a respiração e o movimento respiratório primário no crânio é 
direta. O que se diferencia é a frequência. Pois, a frequência respiratória normal 
é de 12 a 20 incursões respiratórias por minuto, em repouso, para um adulto. O 
movimento respiratório primário normal é 6 a 12 ciclos por minuto. Cada ciclo 
envolve o movimento de flexão e extensão do crânio que dura em média 3 
segundos cada fase. 
O movimento respiratório primário é fundamental para a funcionalidade do 
sistema nervoso central, principalmente quando se fala em produção de 
neurotransmissores. Quando o movimento respiratório primário está abaixo de 6 
ciclos é muito comum encontrar casos de depressão. Já, acima de 12 ciclos, 
possibilita aparecimento de casos de ansiedade, hiperatividade e déficit de 
atenção. A harmonização do sistema craniossacral e da respiração considera- 
se relevante para o equilíbrio biopsicossomático. 
 
 
 
 
 
 
 
@KineticFunctional 
 
58 
 
 
Quais são os Padrões Posturais? 
Na posição bípede, o corpo humano sofre constantemente a ação da força da 
gravidade. Assim, a atividade gravitacional irá influenciar na função morfológica, 
anatômica e funcional da estrutura corporal. Como sabemos da conectividade 
existente entre o crânio e os pés, ocorre um encadeamento biomecânico postural 
em resposta antigravitacional para mantermos o equilíbrio no desequilíbrio, 
através da orientação dada pelos captores posturais. 
 
 
@KineticFunctional 
 
59 
 
 
 
 
 
@KineticFunctional 
 
60 
 
Bloqueios Posturais 
Perna mais curta 
As pernas mais curtas existem, mas não se deve 
acreditar em sua existência toda vez que a pelve 
bascular. Pensando assim precisamos identificar 
se a perna curta é verdadeira ou falsa. 
A perna curta falsa está relacionada com uma 
pisada valga ou vara assimétrica. Essa assimetria 
provoca uma anteversão do ilíaco de um lado do 
corpo, alongando a perna, e retroversão do ilíaco 
contralateral, encurtando a perna pela tensão dos 
músculos piriforme e quadrado lombar, 
respectivamente. Sua correção se dará por 
técnicas manipulativas. 
Já a verdadeira perna mais curta vai estar 
associada a um crescimento assimétrico dos 
membros inferiores que estão ligados ao 
desequilíbrio postural e a lei de Delpech. Essa lei afirma que durante o 
crescimento toda a pressão aumentada sobre um membro inibe o crescimento 
nesse membro; o inverso também é verdadeiro, toda diminuição de pressão 
estimula o crescimento. Achados clínicos são: hipoconvergência ocular 
contralateral a perna mais curta; báscula pélvica é frequentemente homolateral 
e persiste após a reprogramação; báscula pélvica mais importante que a 
escapular; desalinhamento das fossetas de Michaelis; no teste da perna mais 
curta, a espinha ilíaca póstero-superior estará mais baixa ipsilateral a perna mais 
curta e pisada desarmônica. 
A verdadeira perna mais curta poderá ser adquirida. Sua etiologia pode ser 
genética, traumática ou cirúrgica. A perna mais curta genética aparece durante 
o desenvolvimento motor e de crescimento de forma automática de acordo com 
a hereditariedade. Já a traumática surgirá devido a fratura óssea. Sempre que 
há fratura, os macrófagos reabsorvem os fragmentos ósseos e preparam a área 
para que os osteoblastos consolidem a fratura, gerando encurtamento ósseo. 
Quando se realiza prótese de joelho e de quadril pode ocorrer, como 
consequência, uma discrepância de membros, normalmente o lado protetizado 
tende a ser mais longo. 
Quando se descobre a verdadeira perna mais curta na infância é fundamental 
reprogramar o sistema tônico postural e corrigir a perna mais curta através de 
palmilhas posturais. O equilíbrio permanente induzido pelas palmilhas 
provocarão a diminuição da pressão do membro curto e desta forma estimulará 
o crescimento. Assim, a discrepância será automaticamente corrigida no 
momento dos estirões de crescimento. Já se a perna mais curta foi encontrada 
na fase adulta, será necessária a correção da totalidade do encurtamento e pelo 
resto da vida. Uma perna mais curta não corrigida durante a reprogramação 
@KineticFunctional 
 
61 
 
retroalimenta a desarmonia podal, a rotação e báscula pélvica e escapular e 
dores lombares. 
Cicatrizes Patológicas 
A pele e seus anexos surgiram a 
partir da ectoderma no 
desenvolvimento embrionário, 
juntamente com o sistema nervoso. 
Sendo assim, a pele é um elemento 
fundamental de exterocepção e é 
igualmente o suporte dos 
meridianos e dos pontos de 
acupuntura. Logo, a perda da 
continuidade do circuito sensorial 
da pele por uma cicatriz patológica 
provoca efeitos que podem 
desregular o organismo

Continue navegando