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ADICIONAIS LEGAIS AO SALÁRIO E ADICIONAIS DE REMUNERAÇÃO

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ADICIONAIS LEGAIS AO SALÁRIO E ADICIONAIS DE REMUNERAÇÃO
Os adicionais ao salário ou salariais estão previstos na CLT, e visam à remuneração complementar do trabalho em situações mais gravosas para o trabalhador, vale dizer em determinadas condições ou circunstâncias previstas em lei, que lhe serão causa ou fato gerador. Daí que são compulsórios tais adicionais e dependentes exclusivamente do fato gerador respectivo, sendo devidos enquanto perdurar a situação. Cessada a causa da nocividade, cessa a obrigação legal do empregador de pagar o respectivo adicional. Constituem plus salarial ou sobressalário, logo, têm natureza salarial, conforme entendimento predominante na doutrina e jurisprudência, embora alguns cogitem a finalidade de indenizar a nocividade causada pela situação geradora do adicional, mas esse raciocínio pode conduzir à errônea compreensão de que a natureza seja a indenizatória, o que não estaria correto, por isso que preferível a finalidade de acréscimo salarial para retribuir o trabalho em condições mais gravosas.
Com o advento da Constituição de 05/10/1988, alguns desses adicionais foram alçados ao status de garantias dos trabalhadores no inciso XXIII do art. 7º da CF, e ali designados de adicionais de remuneração, sendo eles os destinados às atividades penosas, insalubres ou perigosas, mas, como condicionados à regulamentação legal, tem-se como mantidos os dois últimos na forma da CLT e o primeiro, que seria o adicional de penosidade, ficou ainda pendente de eficácia por previsão e detalhamento legal.
ADICIONAL POR HORA EXTRAORDINÁRIA OU POR HORAS EXTRAS: “Hora extraordinária é o tempo que o empregado permanece à disposição do empregador, além do limite legal da jornada ordinária de trabalho”, sendo esse tempo excedente remunerado com acréscimo de 50% (art. 7º, inciso XVI, da CF). Tem-se, assim, que o adicional para remuneração das horas extras será de, no mínimo 50%, segundo a Constituição, podendo outras fontes normativas estabelecerem adicionais superiores e, ante a confluência de normas incidentes em um dado caso concreto, que estabeleçam adicionais diversificados, será aplicável a mais favorável ao trabalhador (ex: convenção coletiva, acordo coletivo ou até regulamento empresário), que será, na hipótese, aquela que determine o adicional maior para a hora extra. As horas extras são consideradas quanto ao excesso de jornada por hora ou fração, desprezando-se apenas as frações iguais ou inferiores a 5 minutos, no início e no término da jornada, perfazendo o limite máximo de 10 minutos diários, de conformidade com o § 1º do art. 58 da CLT (chamados minutos residuais). Quando esses minutos residuais, contudo, superam a tolerância de cinco minutos na entrada ou na saída do empregado, são remunerados na totalidade como extras.
Também é devida hora extra quando não concedidos, em sua inteireza, os intervalos obrigatórios dentro da jornada (intrajornada) ou entre duas jornadas (interjornadas). No primeiro caso, cabe o pagamento do tempo suprimido como extra, com adicional de 50%, mas a hora extra assim remunerada tem natureza indenizatória. Já a redução do intervalo interjornadas obrigatório de 11 horas (art. 66 da CLT) enseja o pagamento como horas extras das horas ou frações subtraídas desse limite (Súmula nº 110 do TST).
Tem-se que o art. 61 da CLT está revogado pela norma constitucional do inciso XVI do atrt. 7º da CF.
Já o § 2º do art. 59 da CLT permite a compensação de horas de modo a elidir as horas extras, como já vimos no capítulo da jornada, mas, quando o necessário acordo de compensação não preencher as formalidades legais e for de fato cumprido, isto é, feita na prática a compensação dos excessos com diminuições, com a invalidade formal do acordo de compensação, ter-se-á como devido somente o adicional de horas extras incidente sobre o tempo excedido, conforme a Súmula nº 85, item II, do TST.
Os comissionistas puros recebem somente o adicional, também, pelas horas excedentes, de conformidade com a Súmula nº 340 do TST, que se aplica ainda para as comissões com relação ao comissionista misto, isto é, aquele que recebe salário fixo mais comissões (neste caso terá horas extras cheias no salário fixo e somente o adicional nas comissões).
Para remuneração das horas extras, a base de cálculo será o salário contratual acrescido de todas as parcelas de natureza salarial (Súmula nº 264 do TST), e, a partir daí, obtém-se o salário-hora por meio da aplicação do divisor correto (150, 180 e 220, cf. a Súmula nº 124 do TST).
Como o fato gerador de horas extras, em geral, depende da vontade administrativa do empregador, que pode determinar a prorrogação da jornada ou diminuir, permitindo-se uma certa manipulação pelo empregador no exercício do seu poder diretivo ou “jus variandi”, houve casos em que ocorrida a supressão de horas extras que vinham sendo prestadas habitualmente pelo empregado há alguns anos, daí a injustiça de cortar-lhe repentinamente um acréscimo salarial com o qual já contava em sua renda mensal. Para evitar tal injustiça, estabeleceu o TST a Súmula nº 291, que instituiu uma indenização devida pelo empregador ao empregado quando ocorre a supressão de horas extras prestadas com habitualidade durante um ano pelo menos. 
Súmulas do TST: 45, 63, 85, 115, 124, 132, 172, 253, 264, 291, 340, 347, 354, 376.
Orientações Jurisprudenciais (OJs) da SDI-1 do TST: 47, 233, 235, 332, 394 e 397.
ADICIONAL NOTURNO: O trabalho noturno tem remuneração superior ao diurno, independentemente da atividade do empregador, e da atividade ou funções do empregado, se noturna, diurna ou mista, ou se em turnos de revezamento, porquanto se trata de determinação constitucional (art. 7º, inciso IX, da CF). Constitui acréscimo percentual feito ao salário do empregado em razão do desconforto físico do trabalho prestado durante a noite. Assim, além da redução fictícia da hora noturna (§ 1º do art. 73 da CLT), ela é remunerada com o adicional respectivo, porque o trabalho noturno é mais desgastante e contraria o relógio biológico do ser humano, ao inverter os hábitos e costumes da sociedade que, na sua maioria, trabalha de dia e descansa à noite. O adicional noturno corresponde a um percentual incidente sobre o salário-hora, que variará de acordo com o número de horas noturnas trabalhadas por mês. As horas norturnas são aquelas trabalhadas no período noturno, que é de 22 às 5 horas para o trabalhador urbano (§ 2º do art. 73 da CLT); de 21 às 5 horas para o trabalhador rural na atividade agrícola; e de 20 às 4 horas para o trabalhador rural na pecuária (art. 7º da Lei nº 5.889/73). Para eles (rurícolas), não há a redução fictícia da hora noturna e o adicional noturno é de 25% (parágrafo único do art. 7º da Lei nº 5.889/73). Para os trabalhadores urbanos o adicional noturno é de 20%, em regra (cf. art. 73 da CLT), e de 25% conforme normas especiais como no caso dos engenheiros, advogados, que também têm a hora noturna de 60 minutos, tal como trabalhadores em xisto e petróleo (Súmula nº 112 do TST).
Súmulas do TST: 60, 65,140 e 265.
OJs da SDI-1 do TST: 388, 395
ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA: É o acréscimo feito ao salário do empregado transferido provisoriamente de localidade de trabalho e de residência, por determinação do empregador (necessidade de serviço), em razão das condições desfavoráveis a que fica submetido enquanto dura a transferência. Entende-se por transferência a determinada no art. 469 da CLT: há que se verificar a mudança de domicílio, isto é, de residência do empregado para outra localidade. Corresponde a 25% do salário-base do empregado (art. 469, § 3º, da CLT). Posição diversa defende a incidência do adicional sobre o complexo salarial do empregado transferido. O adicional não é cumulativo a cada transferência do empregado. Há controvérsia doutrinária e jurisprudencial a respeito da duração da transferência provisória, entendendo alguns que não há limite de tempo, desde que seja ocasionada com a intenção de provisoriedade, mashá quem defenda que, se ultrapassado um ano com a permanência do empregado no local para onde foi transferido, passa a ser definitiva, aplicando-se, por analogia, o prazo do § 1º do art. 478 da CLT, que estabelece que o primeiro ano de duração do contrato de trabalho por prazo indeterminado é considerado período experimental, não sendo devida indenização por tempo de serviço quando ocorrida a dispensa nesse primeiro ano. Seria, então, de um ano a duração da transferência provisória a ensejar o pagamento do adicional de transferência, que não mais seria pago se a transferência ultrapassasse esse prazo, tornando-se definitiva. 
Súmulas do TST: 29 e 43.
OJs da SDI-1 do TST: 113.
ADICIONAL DE INSALUBRIDADE: É o pagamento acrescido ao salário do empregado em razão da prestação do trabalho em condições agressivas à sua saúde, isto é, pela exposição ou contato com agentes nocivos, ditos também insalutíferos. É preciso notar que a insalubridade pode ser caracterizada tanto pelo contato do trabalhador com substâncias nocivas, quanto em razão do trabalho em ambientes de potencial de agressão à saúde humana. A mesma malignidade que se identifica, por exemplo, na manipulação do chumbo e seus derivados, pode ser encontrada no trabalho em câmaras frigoríficas e minas subterrâneas. O Ministério do Trabalho e Emprego tem a delegação legislativa (art. 190 da CLT) para aprovar e editar o quadro das atividades e operações insalubres e as normas e critérios sobre sua caracterização e limites de tolerância. Já a caracterização e classificação da insalubridade em dada situação concreta somente pode ser feita por perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, que tenham formação específica (especialização) e sejam registrados no MTE (art. 195 da CLT). O adicional devido ao empregado que trabalhe em condições insalubres é de 40%, 20% ou 10% do salário mínimo, conforme se trate de insalubridade no grau máximo, médio ou mínimo, respectivamente (art. 192 da CLT). A eliminação ou a neutralização da insalubridade poderá ocorrer com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância, ou com a utilização de equipamentos de proteção individual – EPI que diminuam a intensidade do agente agressivo a limite de tolerância, o que acarretará a inexigibilidade do adicional, assim como quando cessada a causa ou fato gerador do adicional (art. 194 da CLT). 
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE: É o acréscimo ao salário devido em razão do trabalho em condições perigosas ou com exposição a risco de sua integridade física ou de sua vida (art. 193 da CLT). O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado o adicional de 30% sobre o salário básico (§ 1º do art. 193 da CLT). Também quanto à periculosidade, a caracterização deve ser feita por perícia a cargo do Engenheiro ou Médico do Trabalho, devendo as atividades e os agentes estarem previstos em lei ou no quadro expedido pelo MTE. Aqui, a atividade evidente, que decorre diretamente da previsão legal, como no caso do frentista do posto de gasolina (Súmula nº 39 do TST), pode dispensar a prova técnica (perícia), até porque não há classificação para a periculosidade. Além da exposição a inflamáveis, explosivos ou energia elétrica, e a roubos ou outras espécies de violência física na segurança pessoal ou patrimonial, conforme previsão dos incisos I e II do art. 193 da CLT, é reconhecida a periculosidade para a exposição a radiação ionizante ou substância radioativa (cf. OJ nº 345 da SDI-1 do TST), onde há armazenamento de líquido inflamável no prédio (cf. OJ nº 385 da SDI-1 do TST), bem como para o motoqueiro (§ 4º do art. 193 da CLT, introduzido pela recente Lei nº 12.997, dee 18/06/2014). 
OBSERVAÇÃO QUANTO À PERCEPÇÃO DOS ADICONAIS DE INSALUBRIDADE E DE PERICULOSIDADE: Segundo a dicção do § 2º do art. 193 da CLT, entende-se que não pode haver a percepção acumulada dos adicionais de insalubridade e de periculosidade, daí que o empregado teria que optar pelo recebimento de um ou de outro quando caracterizadas a insalubridade e a periculosidade, concomitantemente, no ambiente e método de trabalho e operações. Se estiver no curso do contrato de trabalho, faz-se a opção, mas em juízo, entende-se como devido aquele que for mais vantajoso para o trabalhador, que tanto pode ser o adicional de periculosidade como o de insalubridade de grau máximo, dependendo da situação de nível salarial do empregado.
ADICIONAL DE PENOSIDADE: Por força do disposto no art. 7º, inciso XXIII, da Constituição, o trabalhador deve beneficiar-se não apenas dos adicionais de insalubridade e de periculosidade, mas também do adicional derivado do exercício de trabalho penoso. Ocorre que ainda pendente a regulamentação legal do adicional de penosidade, daí que a sua eficácia está contida e até hoje não se mostra exigível em situações concretas. Os três mencionados adicionais são tratados pelo citado dispositivo constitucional como adicionais de remuneração, daí que alguns entendem que a base de cálculo dos adicionais de insalubridade e de periculosidade seria a remuneração ou o complexo salarial do empregado, exegese que induz a noção de que a CLT não foi recepcionada neste aspecto ou estaria derrogada.
Outra observação necessária é de que os adicionais referenciados (de insalubridade, de periculosidade e de penosidade) formam a tríade que a doutrina destaca dos chamados adicionais de risco, por sua função de indenizar a simples perspectiva do evento danoso, diferentemente do que ocorre com os seus semelhantes adicionais de dano (por hora extraordinária, por trabalho noturno e de transferência de localidade), cuja função é de indenizar o dano consumado. Diz-se que indenizam, mas tal é a gênese desses adicionais, o que não lhes retira, todavia, a natureza retributiva do trabalho mais gravoso e, portanto, de acréscimo salarial, daí que integram o salário do empregado enquanto pagos. 
Súmula vinculante nº 4 do STF. 
Súmulas do TST: 39, 47, 80, 132, 139, 191, 194, 228, 248, 289, 293, 364, 448, 452 e 460. 
OJs da SDI-1 do TST: 47, 103, 121, 165, 172, 173, 259, 278, 345, 385 e 406.

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