Buscar

Aula 05 Petição de Herança e Sucessão legítima

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Aula 05 Petição de Herança e Sucessão legítima
Conceito de Petição de Herança
 A Ação de petição de herança constitui a proteção específica da qualidade de sucessor. Pelo princípio da saisine, desde a abertura da sucessão pertence a herança ao herdeiro (CC, art.1784). Pode ocorrer todavia, de nela estar investida pessoa aparente detentora de título hereditário. Compete a aludida ação, conhecida no direito romano como petitio hereditatis, ao sucessor preterido, para o fim de ser reconhecido o seu direito sucessório e obter, em consequência, a restituição da herança, no todo ou em parte, de quem a possua, na qualidade de herdeiro, ou mesmo sem título. 
Procedimento de Petição de Herança segundo o Novo CPC
Art. 628.  Aquele que se julgar preterido poderá demandar sua admissão no inventário, requerendo-a antes da partilha.
§ 1o Ouvidas as partes no prazo de 15 (quinze) dias, o juiz decidirá.
§ 2o Se para solução da questão for necessária a produção de provas que não a documental, o juiz remeterá o requerente às vias ordinárias, mandando reservar, em poder do inventariante, o quinhão do herdeiro excluído até que se decida o litígio.
Procedimento de Petição de Herança segundo o Novo CPC
Admite-se a cumulação de ações, desde que compatíveis os pedidos e adequado o rito processual, sendo comum a da petitio hereditatis com a ação de investigação de paternidade, ou com declaratória de condição de companheiro. 
Procedimento de Petição de Herança segundo o Novo CPC
PRESCRIÇÃO DA AÇÃO DE PETIÇÃO DE HERANÇA
TJ-RS - Apelação Cível AC 70054218946 RS (TJ-RS)
Data de publicação: 21/08/2013
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. TESTAMENTO. REDUÇÃO DAS DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS. LEGITIMIDADE PASSIVA. PRESCRIÇÃO. ADIANTAMENTO DE LEGÍTIMA. RECOVENÇÃO. INDENIZAÇÃO. A pessoa beneficiada por testamento que invade quota hereditária legítima é parte passiva legítima para responder ação. É vintenária a prescrição da ação de petição de herança. Confirmada sentença que faz adequada redução das disposições testamentária, posto que invade quota hereditária. A venda de imóvel pelo testador à mãe do herdeiro excluído pelo testamento irregular não significa adiantamento de legítima. Descabido o pedido de indenização pela pessoa que cuidou do "de cujus" sob alegação de omissão do filho afastado da herança pelo testamento. NEGARAM PROVIMENTO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70054218946, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rui Portanova, Julgado em 15/08/2013)
Natureza Jurídica da Ação 
Muito se tem discutido, desde o direito romano, sobre a natureza jurídica da petitio hereditatis. Alguns advogam que se trata de ação pessoal, em seu exercício, colocando-se em jogo apenas o título hereditário, outros entendem que cuida de ação real, uma vez que a herança é considerada bem imóvel (posição de Carlos Roberto Gonçalves). Uma terceira Corrente acredita tal ação possuir uma natureza mista, porque se destina em um primeiro plano, a apuração do título hereditário, exibindo índole eminentemete pessoal; em um segundo, à reivindicação universal do patrimônio tendo natureza real. 
Partes Legítimas
Legitimam-se, ainda, o sucessor do herdeiro e o herdeiro fideicomissário; e o herdeiro equipara-se o cessionário da herança. A ação é tanto do titular exclusivo do patrimônio hereditário como daquele que concorre com outros herdeiros para vindicar a parte ideal. 
Legitimado passivamente é o possuidor dos bens hereditários, com o título de herdeiro ou outra qualificação, ou mesmo sem título. Réu nessa ação é a pessoa que está na posse da herança, como se fosse herdeiro, aparentando a qualidade e assumindo a posição de herderio, sem que verdadeiramente herdeiro seja, ou o que tem a posse de bens hereditários sem título algum que as justifique. 
Conceito de Herdeiro Aparente 
Denomina-se Herdeiro aparente aquele que se encontra na posse de bens hereditários como se fosse o legítimo titular do direito à herança. É assim chamado porque se apresenta, perante todos como o verdadeiro herdeiro, assumindo, pública e notoriamente, essa condição. 
Art. 1.828. O herdeiro aparente, que de boa-fé houver pago um legado, não está obrigado a prestar o equivalente ao verdadeiro sucessor, ressalvado a este o direito de proceder contra quem o recebeu.
Efeitos da Sentença de Petição de Herança 
Reconhecida a qualidade hereditária do autor da petição de herença, deflui como efeito natural e principal a transmissão da titularidade do patrimônio deixado em seu favor. A procedência da ação, decretada em sentença transitada em julgado, gera o reconhecimento da ineficácia da partilha em relação ao autor da ação, dispensada a sua anulação. Basta o simples pedido de retificação da partilha realizada anteriormente. 
Efeitos da Sentença de Petição de Herança 
A procedência da ação de petição de herança produz efeitos distintos em relação ao herdeiro aparente ou ao simples possuidor e em relação ao terceiros adquirente: 
Quanto ao Herdeiro aparente: Sendo o herdeiro aparente um possuidor, a sua responsabilidade rege-se pela regras da posse, a qual pode ser de boa fé ou má-fé.
Posse de Boa- fé do herdeiro aparente 
O herdeiro aparente, condenado na ação de petição de herança, tem de restituir os bens com todos os seus acessórios. Responderá ainda por perdas e danos, bem como pelos frutos que tiver colhido, ressalvado o direito de retenção, se estiver de boa-fé. Faz jus ao ressarcimento da benfeitorias necessárias ainda que de má-fé (CC, art. 1220); e também da úteis, se estiver de boa-fé. Quanto as voluptuárias, reconhece-lhe a lei, somente no caso de boa-fé, o jus tollenti, que é o direito de retirá-las, se puder fazê-lo sem danificar a coisa. 
É de boa fé a posse se o herdeiro aparente a houver adquirido na convicção de ser o verdadeiro herdeiro (CC, art. 1201). 
Efeitos da Sentença da Petição de Herança: Quanto ao terceiro adquirente 
A questão principal consiste em verificar se alienação que lhe foi feita pelo herdeiro aparente é válida ou não. Tal alienação pode ser gratuita ou onerosa. Não tem validade quando feita a título gratuito, devendo os bens ser devolvidos ao herdeiro, sem delongas, porquanto o beneficiário da liberdade nada perdeu. Nesse caso, embora haja o donatário adquirido de boa-fé, nada perde ao restituir o que recebeu de quem não podia doar. 
Efeitos da Sentença da Petição de Herança: Quanto ao terceiro adquirente 
Considera-se porém válido o negócio se alienados os bens a título oneroso a terceiro adquirente de boa-fé. Na hipótese, não fica este obrigado à restituição, respondendo o herdeiro aparente, ao autor da ação de petição de herança, pela restauração do valor dos bens, como o preço recebido esteja ou não de boa-fé. 
São três os requisitos para a validade da aquisição por terceiro: 
Adquira de herdeiro aparente 
Adquira a Título oneroso
Adquira de Boa-fé 
Prescrição 
O STF editou a súmula 149 que menciona: é imprescritível ação de investigação de paternidade, mas não é a da petição de herança. Em relação ao prazo existe divergência entre a jurisprudência e a doutrina. A jurisprudência como vimos anteriormente estabelece o prazo prescricional em 20 anos, enquanto que a lei e a doutrina estabelece o prazo prescricional em 10 anos conforme a leitura de Carlos Roberto Gonçalves e a sua interpretação do art. 205 do CC. 
Sucessão Legítima 
Art. 1.786. A sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade.
Sucessão legítima é a mesma coisa que ab intestado, a que se opera por força da lei e que ocorre em caso de inexistência, invalidade ou caducidade de testamento e, também, em relação aos bens nele não compreendidos. Nesses casos a lei defere a herança a pessoas da família do de cujus, e na falta destas, ao poder público. 
Sucessão Legítima 
O chamamento dos sucessores é realizado, com efeito, por , sendo que a mais próxima exclui a mais remota. Por isso se diz que a ordem é preferêncial. 
1ª Classe 
2ª Classe
3ª Classe
Sucessão Legítima 
Aos poucos, todavia, o legislador foi admitindo
exceções a essa ordem estanque, possibilitando que o cônjuge supérstite fosse adquirindo, conforme o regime matrimonial de bens, alguns direitos, como o direito real de habitação e usufruto vidual, em concorrência com os herdeiros das classes anteriores. 
Sucessão Legítima 
A primeira classe a ser chamada é a dos descendentes. Havendo alguém que a ela pertença, afastados ficam todos os herdeiros pertencentes às subsequentes, salvo a hipótese de concorrência com o cônjuge sobrevivente ou o companheiro. Dentro de uma mesma classe, a preferência estabelece pelo grau: o mais afastado é excluído pelo mais próximo. Se por exemplo, concorrerem descendentes, o filho prefere ao neto. Este princípio não é absoluto, comportam exceções como veremos adiante. 
Sucessão Legítima 
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - aos colaterais.
Sucessão dos descendentes 
Art. 1.833. Entre os descendentes, os em grau mais próximo excluem os mais remotos, salvo o direito de representação.
Em primeiro lugar serão chamados a suceder os filhos do autor da herança. Homens e Mulheres têm direitos iguais. Não mais prevalecem os antigos privilégios da varonia e da primogenitura. Devem eles herdar em primeiro lugar, porque essa é a vontade presumida do de cujus. 
Sucessão dos descendentes 
Na falta de filhos, chamar-se-ão os netos e posteriormente os bisnetos, ressalvando-se a possibilidade de haver representação. 
Art. 1.835. Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros descendentes, por cabeça ou por estirpe, conforme se achem ou não no mesmo grau.
Sucessão dos descendentes 
Sendo três filhos herdeiros, todos recebem quota igual, sucessão por cabeça ou direito próprio, porque se acham na mesma distância do pai em linha reta. 
Por cabeça ou direito próprio 
Sucessão dos descendentes 
Se um deles já faleceu (é pre-morto) e deixou dois filhos, netos do de cujus, há diversidade em graus, e a sucessão dar-se-á por estirpe, dividindo a herança em três quotas iguais: duas serão entregue as filhos vivos e a ultima será deferida aos dois netos, depois subdividida em partes iguais. Os últimos herdarão do pai pré-morto. 
Por stirpes 
Sucessão dos descendentes 
Se todos os filhos já faleceram, deixando filhos, netos do finado, estes receberão quotas iguais, por direito próprio, operando-se a sucessão por cabeça, pois encontram-se todos no mesmo grau. Essas quotas são chamada de avoengas, por serem transmitidas diretamente dos avôs para os netos. 
Direito próprio 
Igualdade do Direito Sucessório dos Descendentes 
Art. 1.834. Os descendentes da mesma classe têm os mesmos direitos à sucessão de seus ascendentes.
Hoje, portanto, todos são apenas filhos fora do casamento, outros em sua constância, mas com iguais direitos e qualificações. 
Art. 1.596. Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
O sistema de vocação concorrente do cônjuge com os descendentes do autor da herança
O cônjuge sobrevivente permanece em terceiro lugar na ordem de vocação hereditária, mas passa a concorrer em igualdade de condições com os descendentes do falecido, salvo quando já tenha direito à meação em face do regime de bens do casamento. Na falta de descendentes, concorre com os ascendentes. Como herdeiro necessário, tem direito a legítima, como os descendentes e ascendentes do autor da herança, ressalvadas as hipóteses de indignidade e deserdação, como visto. Assiste-lhe o direito real e habitação, qualquer que seja o regime de bens. 
O sistema de vocação concorrente do cônjuge com os descendentes do autor da herança
É de destacar a hipótese mais comum, em que a sucessão se processa relativamente a uma pessoa que, no momento de sua morte, era casada, ou estava separada de fato há menos de dois anos. Nesses casos a sucessão processar-se-á de forma a considerar, primeiro, o regime de bens do casamento desfeito pela morte. Também, se enquadram nessa hipótese aquelas pessoas mesmo separadas de fato há mais de dois anos, não se tenham separado por culpa do sobrevivente, que deve fazer prova disso. 
O sistema de vocação concorrente do cônjuge com os descendentes do autor da herança
Em regra, não há concorrência do cônjuge sobrevivente com os descendentes do falecido, se o regime de bens no casamento era de comunhão universal. Entende o legislador que a confusão patrimonial já ocorreu desde a celebração d união nupcial, garantindo-se ao cônjuge sobrevivo pela meação adquirida, a proteção necessária. 
O sistema de vocação concorrente do cônjuge com os descendentes do autor da herança
Se o regime de bens do casal era o da separação obrigatória. Tal regime é imposto por lei às pessoas que contraírem o matrimônio com inobservância das causas suspensivas, forem maiores de 60 anos ou dependerem de suprimento judicial para casar. (art. 1641). 
Essa separação é total e permanente, atingindo inclusive os bens adquiridos na constância do casamento, que não se comunicam. Exatamente por não se admitir qualquer tipo de comunicação patrimonial por vontade dos conjuges é que se afasta o direito de concorrência com os descendentes , a fim de evitar qualquer burla a imposição legal. 
O sistema de vocação concorrente do cônjuge com os descendentes do autor da herança
Em relação a comunhão parcial vamos usar a regra a contrário sensu. Se o autor deixou bens particulares, ou seja possuía bens ao casar, ou lhe sobrevieram bens, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar (CC, art. 1659, I). A questão que não quer calar o cônjuge terá a sua quota calculada sobre todo o espólio, ou somente com relação aos bens particulares do falecido?
O sistema de vocação concorrente do cônjuge com os descendentes do autor da herança
Se o casamento tiver sido celebrado no regime da comunhão parcial, deixando o falecido bens particulares, receberá o cônjuge a sua meação nos bens comuns adquiridos na constância do casamento e concorrerá com os descendentes apenas na partilha dos bens particulares. Se estes não existirem, receberá somente a sua meação nos aquestos. 
O sistema de vocação concorrente do cônjuge com os descendentes do autor da herança
Ora, o regime da separação convencional de bens não foi excepcionado ou ressalvado, sendo lícito ao intérprete concluir que, nessa hipótese, haverá a aludida concorrência, ocorrendo o mesmo no que diz respeito na separação final dos aquestos. 
O sistema de vocação concorrente do cônjuge com os descendentes do autor da herança
Cônjuge deixa de herdar em concorrência com os descendentes:
A) Se judicialmente separado do de cujus; 
B) Se separado de fato a mais de dois anos, não provar que a convivência se tornou insuportável sem culpa sua (CC, art. 1830); 
C) Se casado pelo regime da comunhão universal de bens; 
D) Casado no regime de separação obrigatória de bens 
E) Se casado no regime de comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares. 
O sistema de vocação concorrente do cônjuge com os descendentes do autor da herança
Por outro lado, o cônjuge sobrevivente somente concorrerá com os descendetes:
A) quando casado no regime de separação convencional de bens; 
B) Quando casado no regime de comunhão parcial e autor da herança possuía bens particulares;
C) Quando casado no regime de separação final dos aquestos. 
A reserva da quarta parte 
Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo
a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer.
Nessa hipótese, e se os descendentes forem comuns, ou seja, descendentes do falecido e do sobrevivente, simultaneamente, a quota do cônjuge superstite não poderá ser inferior à quarta parte da herança. 
No caso de descendentes excluídos do de cujus, isto é, de não serem descendentes comuns, como na hipótese da existência somente de filhos de casamento anterior, o cônjuge sobrevivente não terá direito a quarta parte da herança, cabendo-lhe, tão só, quinhão igual ao que couber a cada um dos filhos.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais