Buscar

Aula 14 Inventário Judicial e Partilha

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Aula 14
Inventário Judicial e Partilha 
Foro 
Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.
Não é absoluta a competência definida no art. 96, do Código de Processo Civil, relativamente a abertura do inventário, ainda que existe interesse de menor, podendo a ação ser ajuizada em foro diverso do domicílio do inventário. 
Partes 
As partes maiores e capazes (incluindo-se os emancipados) devem comparecer a cartório, por si ou por procurador com poderes especiais, assistidos por advogado, apresentando seus documentos pessoais para qualificação e os documentos relativos aos bens do espólio. Deve haver expressa menção ao grau de parentesco, tanto do cônjuge sobrevivente quanto dos herdeiros. 
Considera-se interessados: Cônjuge Sobrevivente, o companheiro sobrevivente, os herdeiros legítimos, eventuais cessionários e eventuais credores. 
Primeiras Declarações 
A declaração de bens é obrigação do inventariante, a ser cumprida 20 dias após ter prestado compromisso, no termos do artigo 620 do novo CPC de 2015. 
São as primeiras declarações, sobre as quais devem manifestar-se os demais interessados na herança. Pode haver retificação ou complementação dos bens descritos, no curso do inventário, que se encerra com as últimas declarações, sobre as quais as partes devem ser ouvidas em dez dias. 
As primeiras declarações deverão ser precisas, de modo a não deixar dúvidas que possam a vir dificultar o processamento do inventário e posterior partilha. 
Primeiras declarações no NCPC
Art. 620.
Dentro de 20 (vinte) dias contados da data em que prestou o compromisso, o inventariante fará as primeiras declarações, das quais se lavrará termo circunstanciado, assinado pelo juiz, pelo escrivão e pelo inventariante, no qual serão exarados:
I - o nome, o estado, a idade e o domicílio do autor da herança, o dia e o lugar em que faleceu e se deixou testamento;
II - o nome, o estado, a idade, o endereço eletrônico e a residência dos herdeiros e, havendo cônjuge ou companheiro supérstite, além dos respectivos dados pessoais, o regime de bens do casamento ou da união estável;
III - a qualidade dos herdeiros e o grau de parentesco com o inventariado;
IV - a relação completa e individualizada de todos os bens do espólio, inclusive aqueles que devem ser conferidos à colação, e dos bens alheios que nele forem encontrados, descrevendo-se:
a) os imóveis, com as suas especificações, nomeadamente local em que se encontram, extensão da área, limites, confrontações, benfeitorias, origem dos títulos, números das matrículas e ônus que os gravam;
b) os móveis, com os sinais característicos;
c) os semoventes, seu número, suas espécies, suas marcas e seus sinais distintivos;
Primeiras declarações no NCPC
d) o dinheiro, as joias, os objetos de ouro e prata e as pedras preciosas, declarando-se-lhes especificadamente a qualidade, o peso e a importância;
e) os títulos da dívida pública, bem como as ações, as quotas e os títulos de sociedade, mencionando-se-lhes o número, o valor e a data;
f) as dívidas ativas e passivas, indicando-se-lhes as datas, os títulos, a origem da obrigação e os nomes dos credores e dos devedores;
g) direitos e ações;
h) o valor corrente de cada um dos bens do espólio.
§ 1º O juiz determinará que se proceda:
I - ao balanço do estabelecimento, se o autor da herança era empresário individual;
II - à apuração de haveres, se o autor da herança era sócio de sociedade que não anônima.
§ 2º As declarações podem ser prestadas mediante petição, firmada por procurador com poderes especiais, à qual o termo se reportará.
Impugnações 
A resposta dos interessados na herança, quando citados, dá-se por meio de impugnação às primeiras declarações no prazo de dez dias. Art. 627 do CPC.
Art. 627.
Concluídas as citações, abrir-se-á vista às partes, em cartório e pelo prazo comum de 15 (quinze) dias, para que se manifestem sobre as primeiras declarações, incumbindo às partes:
I - arguir erros, omissões e sonegação de bens;
II - reclamar contra a nomeação de inventariante
III - contestar a qualidade de quem foi incluído no título de herdeiro.
 
Impugnações 
§ 1º Julgando procedente a impugnação referida no inciso I, o juiz mandará retificar as primeiras declarações.
§ 2º Se acolher o pedido de que trata o inciso II, o juiz nomeará outro inventariante, observada a preferência legal.
§ 3º Verificando que a disputa sobre a qualidade de herdeiro a que alude o inciso III demanda produção de provas que não a documental, o juiz remeterá a parte às vias ordinárias e sobrestará, até o julgamento da ação, a entrega do quinhão que na partilha couber ao herdeiro admitido.
Impugnações 
Na impugnação, o herdeiro descontente pode arguir erros e omissões na declaração dos bens, ou reclamar contra a nomeação do inventariante, pedindo sua destituição e substituição, ou contestar a qualidade de algum herdeiro, alegando não ostentar titulação hábil para figurar no rol de sucessores, ou por eventual exclusão da herança por indignidade ou deserdação. 
Como se nota, a lei não fala em contestação, denominação utilizada nos processos de rito comum, salvo ao mencionar a forma de impugnar a qualidade do herdeiro. 
Bens e Direitos que Dispensam inventário e Partilha 
Certos bens e direitos dispensam a realização de inventário, seja judicial ou extrajudicial: 
Assim, os levantamentos de certos valores deixados pelo falecido, como fundo de garantia por Tempo de Serviço (FGTS), saldos de salários, Pis-pasep, devolução de tributos e depósitos bancários não excedentes a 500 antigas Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTN), não havendo outros bens sujeitos a inventário, são feitos sem maiores formalidades, nos termos do art. 666 do CPC e da lei 6858/80. 
Ultimas Declarações 
Estão prevista no art. 636 do NCPC. 
Nessas declarações finais, que a lei manda tomar por termo, embora se trate de providência dispensável diante da responsabilidade já assumida pelo inventariante compromissado, podem ser feitos aditamentos emendas e correções nas primeiras. Ou seja, o inventariante tem a oportunidade de oferecer complementação na descrição dos bens, incluir outros que, por alguma falha, tenha omitido, retificar as primeiras declarações, e esclarecer pontos obscuros e fornecer elementos que possam de alguma forma, facilitar a partilha dos bens. 
Ultimas Declarações 
Mas, se nada houver a aditar ou corrigir, basta que o inventariante peticione de forma sucinta, dizendo que nada mais tem a declarar, apenas confirmando as declarações anteriores. 
Art. 636. O depositário, que por força maior houver perdido a coisa depositada e recebido outra em seu lugar, é obrigado a entregar a segunda ao depositante, e ceder-lhe as ações que no caso tiver contra o terceiro responsável pela restituição da primeira.
Partilha 
Terminada a fase do inventário dos bens do autor da herança que importa em atos preparatórios de arrecadação e nomeação do acervo hereditário, passa-se para a fase da partilha, que é a divisão desses bens para atribuição aos sucessores. Art. 642 NCPC.
Partilha 
Art. 642. Antes da partilha, poderão os credores do espólio requerer ao juízo do inventário o pagamento das dívidas vencidas e exigíveis.
§ 1o A petição, acompanhada de prova literal da dívida, será distribuída por dependência e autuada em apenso aos autos do processo de inventário.
§ 2o Concordando as partes com o pedido, o juiz, ao declarar habilitado o credor, mandará que se faça a separação de dinheiro ou, em sua falta, de bens suficientes para o pagamento.
§ 3o Separados os bens, tantos quantos forem necessários para o pagamento dos credores habilitados, o juiz mandará aliená-los, observando-se as disposições deste Código relativas à expropriação.
§ 4o Se o credor requerer que, em vez de dinheiro, lhe sejam adjudicados, para o seu pagamento, os bens já reservados, o juiz deferir-lhe-á o pedido, concordando todas as partes.
Partilha Amigável 
A partilha por ato entre vivos, ou partilha em vida, é aquela feita pelo autor
da herança, como declaração de vontade, por escritura ou testamento, dispondo sobre a divisão de seus bens, contando que não prejudique a legítima dos herdeiros necessários. É o que dispõe o art. 2018 do CC. È válida a partilha feita por ascendentes, por atos entre vivos ou de última vontade, contando que não prejudique a legitima dos herdeiros necessários. 
Partilha usufruto 
É possível a instituição de usufruto em partilha amigável, por termo nos autos do inventário ou na escritura pública. Trata-se de usufruto convencional, e não do usufruto vidual que foi extinto pelo Código Civil de 2002. 
Partilha judicial 
Art. 2.016. Será sempre judicial a partilha, se os herdeiros divergirem, assim como se algum deles for incapaz.
 Formulado o pedido de quinhões pelos herdeiros, o juiz dará o despacho de deliberação da partilha, resolvendo os pedidos da partes e designando bens que devam constituir o quinhão de cada herdeiro. 
 Com efeito, partilha judicial não significa a necessária distribuição de todos os bens em mero fracionamento. Observados os princípios de igualdade e de comodidade dos herdeiros, deve-se evitar, tanto quanto possível a subsistência de condomínio, a que Washington de Barros Monteiro denomina de sementeira de demandas, atritos e dissensões. 
Inventário Administrativo 
Os art. 610 e 611 NCPC possibilitam a realização de inentário e partilha amigável extrajudicial, por meio de escritura pública, quando todos os interessado sejam capazes e não haja testamento. 
Não mais subsiste, portanto, a exclusividade do procedimento judicial para formalizar a sucessão hereditária. O Ato pode ser praticado na esfera administrativa, por ato do tabelião de notas da escolha dos interessados, quando presentes os requisitos legais. 
Arrolamento 
Art. 610 CPC. O Arrolamento é forma simplificada de inventário_partilha, que se efetiva pela redução dos atos procedimentais e abreviações dos prazos. Enseja rapidez e economia dos processos. 
A) arrolamento sumário: partes maiores e capazes, que estejam de acordo em fazer a partilha amigável, qualquer que seja o seu valor. 
B) arrolamento comum: reduzido o valor da herança ainda que haja herdeiros incapazes e ausentes. 
Alvará: Conceito 
O alvará judicial tem a finalidade de facilitar o levantamento de pequenas quantias deixadas pelo falecido, tais como importâncias depositadas em contas bancárias, salvo créditos e outros valores de menor monta. 
São os valores na Lei nº 6858, de 24 de novembro de 1980: depósitos derivados do fundo de garantia por tempo de serviço e do fundo de participação PIS-PASEP, não recebidos em vida pelos seus respectivos titulares, cadernetas de poupança, restituição de tributos, saldos bancários e investimento de pequeno valor. 
Alvará: Considerações 
O levantamento pode ser feito administrativamente, pelos dependentes do falecido, desde que não haja outros bens sujeitos a inventário. Mas, se o falecido não deixou dependentes habilitados perante a Previdência Social, o levantamento daqueles depósitos caberá aos sucessores, mediante outorga de alvará judicial.
 
Valor da Causa
O valor da causa, em processo de inventário, corresponde ao valor total dos bens inventariados, constituindo o monte-mor. Mas com a declaração dos bens só é feita depois, na inicial o requerente do inventário fará a estimativa do valor para fim de recolhimento das custas. Posteriormente declarando o valor efetivo dos bens e ocorrendo diferença do valor dado na inicial, far-se-á a complementação do recolhimento. Essa apuração normalmente se faz por ocasião do cálculo do imposto causa mortis. Ocorrendo sobrepartilha, será necessária a atribuição de valor aos respectivos bens, com o correspondente acerto de custas. 
Monte-mor ou herança 
O monte-m0r é a soma de todos os bens da herança. Desse valor total é que se abaterão as dívidas passivas e despesas, para encontro de monte líquido, ou partível, da qual se extraí a meação, restando a outra metade deixada pelo cônjuge morto, para a atribuição dos quinhões aos herdeiros. 
Divergências Doutrinárias 
A questão divergente é se a meação faz parte ou não do monte-mor, ou seja se o imposto de transmissão causa morte doação incidirá também sobre a meação. 
O tribunal de justiça de São Paulo menciona que NÃO incide ITCD sobre a meação. 
O argumento é de que a meação não conseguiu patrimônio do defunto e, por isso, não entra no conceito de herança nem de monte-mor, pela simples razão prática de formar, com aquele patrimônio, composição pro indiviso, conforme constou de aresto da antiga 2ª Câmara Cível do Estado de São Paulo. 
Divergências Doutrinárias 
Essa tese de exclusão do valor da meação para o cálculo das custas atende ao princípio de que o processo de inventário tem por objeto próprio a transmissão dos bens da herança aos sucessores legítimos e testamentários (Art. 1784). 
Realmente, a transmissão sucessória é unicamente da herança e não da meação, pois o direito à metade dos bens preexistente ao falecimento de um dos cônjuges e, por isso, independe da sucessão hereditária, com a qual não se confunde. 
Competência 
O art. 23 Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: 
(...) 
II_ Em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. 
Portanto, sendo o falecido brasileiro ou estrangeiro, não importa o local de sua residência ou domicílio, nem onde tenha ocorrido o óbito, uma vez tenha deixado bens situados no Brasil, o for competente é sempre da justiça brasileira. 
Competência
Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil. 
Parágrafo único: A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil. 
Competência
Se aberto no juízo de outro país o inventário e partilha de bens situados no Brasil, a sentença não terá validade no Brasil a justiça brasileira, e nem induzirá litispendência; art. 24 CPC 2015, repisando a norma, mas ressalvando disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil. 
Embora não se possam declarar, no inventário e partilha de bens situados no Brasil, bens situados no exterior, pode-se imputar o referido pagamento de quota hereditária feita em outro país, no intervalo dos bens deixados no território nacional, para consideração da legítima devida aos herdeiros necessários. 
Competência
Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento das disposições de ultima vontade, a impugnação ou a anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. 
Se o autor da herança não possuía domicílio certo é competente: 
I_ O foro de situação dos bens imóveis; 
II_ Havendo bens imóveis em foros diferentes , qualquer um destes. 
III _ Não Havendo bens imóveis, o foro de local que qualquer dos bens do espólio. 
Competência 
O CPC 2015 traz modificação, baseada na espécie de bens, afirmando que a competência se fixará em foros diferentes, pela situação de qualquer deles, não havendo bens imóveis, será competente o foro do local de qualquer dos bens do espólio. 
Predomina a tese de que a competência prevista na lei é relativa, de sorte que a mera discrepância oriunda de certidão de óbito quanto ao domicílio do autor da herança não é motivo suficiente para que, como óbice para o interesse do inventariante e herdeiros, se recuse do arrolamento de bens na comarca em que moram. 
Inventário Conjunto
Art. 672. É lícita a cumulação de inventários para a partilha de herança de pessoas diversas quando houver: 
I – identidade de pessoas entre as quais ser repartidos os bens; 
II_ Herança deixadas pelos dois cônjuges ou companheiros; 
III_ dependência de uma partilha em relação a outra. 
Parágrafo único. No caso previsto no inciso III, se a dependência for parcial, por haver outros bens, o juiz pode ordenar a tramitação separada, se melhor convier aos interesses das partes ou à celeridade processual. 
Art. 673. No caso previsto no art. 672, inciso II, prevalecerão as primeiras declarações, assim como o laudo de avaliação, salvo se alterado o valor dos bens. 
Inventário Conjunto
Nota-se que é lícita essa cumulação dos processos, a significar que não seja obrigatória, dependendo de requerimento das partes, já que possível esperar o encerramento do primeiro inventário para a subsequente abertura do segundo.
As hipóteses enumeradas no art. 672 são distintas, cada qual ensejando que se requeira o processamento cumulado de dois ou mais inventários. Na primeira, cuida-se de identidade de herdeiros, ainda que diversos os autores da herança. 
Inventário Conjunto
Na segunda, de heranças deixadas por cônjuges ou companheiros, não só em caso de comoriência, como em mortes sucessivas desde que o primeiro processo já não esteja em fase final de partilha. Na terceira hipótese, leva-se em conta a dependência de uma das partilhas em relação à outra, como ocorre na morte de um dos herdeiros na dependência do inventário dos bens da pessoa em que viria a suceder. 
Inventário Negativo 
A hipótese mais comum, é a do viúvo que tenha filho do cônjuge falecido, não devendo casar antes de fazer inventário dos bens do casal e dar partilha aos herdeiros, sob pena de sujeitar-se ao regime de separação obrigatória. Então se quiser casar-se noutro regime de bens, deverá instaurar processo de inventário negativo, para comprovar que não se sujeita àquela causa suspensiva de casamento. 
Pode interessar, ainda, a comprovação judicial da inexistência (ou da insuficiência) dos bens quando o falecido deixe dívidas. O inventário negativo servirá, então, para demonstrar a falta de recursos do espólio para responder os encargos superiores as forças da herança. 
Inventário Negativo 
Situação análoga, de inventário sem bens a partilhar, ocorre na hipótese de o falecido deixar apenas obrigações por cumprir, como a de outorga de escritura a compromissários compradores de imóveis vendidos e quitados anteriormente para que se nomeie inventariante a fim de dar cumprimento a essa obrigação deixada pelo espólio. 
Exaure-se o processo de inventário negativo com a declaração e a verificação da inexistência de bens, encerrando-se com sentença homologatória desde que, citados os herdeiros, não haja impugnação, pedido de colação ou eventual alegação de bens sonegados.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais