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O Capital: 1. A mercadoria A mercadoria é a forma elementar da riqueza nas sociedades capitalistas. Ela tem a função de satisfazer as necessidades humanas, seja como alimento, bem de consumo, meio de produção ou qualquer outra forma. Para ser classificado como mercadoria, ela deve possuir valor-de-uso, o que independe de qualquer trabalho humano existente nela (ex: água é essencial ao ser humano, mas não é fruto do trabalho do homem), e valor-de-troca, que surge da relação quantitativa entre valores-de-uso, na relação em que se trocam, ou seja, é um valor relativo: Ex.: 20 varas de linho podem ser trocados por um casaco de lã, escrevemos: 20 varas de linho = 1 casado de lã Essa relação NÃO é constante, estão sujeitas à diversas variações. Duas mercadorias diferentes só podem ser comparadas uma com as outras no aspecto quantitativo, como valores de troca e não em aspecto qualitativo, como valores-de-uso. Para compararmos o valor de troca de duas ou mais mercadorias, devemos deixar de lado (abstrair) seu valor-de-uso e a natureza do trabalho necessário à produção da mercadoria em questão. Ex: suponhamos o trabalho de 1 hora de um padeiro, de um ferreiro e de um alfaiate, ambos possuem o mesmo valor. Valor = trabalho humano em abstrato (qualidade). O tempo quantifica esse valor. O trabalho humano em abstrato representa todo o dispêndio de força de trabalho (trabalho manual, utilização do intelecto,etc), independente da atividade em que são aplicados, em um determinado tempo. 20 varas de linho = 1 hora de trabalho = 1 casado de lã A relação do valor de troca de duas mercadorias estão sujeitas a alterações de acordo com as inovações tecnológicas (que, ao aumentar a força produtiva, reduz o valor de um bem, pois agora é necessário menos trabalho humano à sua produção), as condições naturais (em algumas situações, 1 hora de trabalho produz 8 toneladas de trigo, em outras situações, a mesma hora de trabalho produzem somente 2 toneladas de trigo). Valor de uso sem ser valor: independe de trabalho humano. Ex: ar, água, luz solar. Valor de uso fruto do trabalho humano sem ser mercadoria: um bolo feito e consumido pela própria pessoa que o produziu. Mas NUNCA algo que não seja útil possa possuir valor. Nesse caso, todo o trabalho necessário à sua produção será inútil. Produtos de valores-de-uso iguais não se contrapõem como mercadoria. A divisão social do trabalho é condição necessária à troca de mercadorias, mas a recíproca não é verdadeira, você pode ter uma divisão social do trabalho (as castas na Índia, por exemplo), sem que você troque o fruto do trabalho de uma pessoa pelo fruto do trabalho de outra, ou seja, esses produtos não são convertidos em mercadorias. "O trabalho, como criador de valores-de-uso,...é indispensável à existência do homem". Dado 1 hora de trabalho de um trabalhador. Aumentando sua capacidade produtiva em duas vezes, no mesmo período de uma hora, ele produzirá a MESMA QUANTIDADE DE VALOR, porém AUMENTARÁ EM DUAS VEZES O VALOR-DE-USO. Podemos dizer que um aumento da força produtiva reduz o valor de uma mercadoria, mas aumenta o valor de uso da produção na proporção do aumento da capacidade produtiva. Voltando ao exemplo do casaco de lã e das varas de linho, supondo que agora em 1 hora são produzidos 2 casacos de lã. 20 varas de linho = 1 hora de trabalho = 2 casacos de lã Podemos ver que com 2 casacos de lã, obtemos a mesma quantidade de varas de linho (ou vice-versa), logo, o casaco de lã teve seu valor reduzido a metade (inversamente proporcional ao aumento da força produtiva). Duplo caráter do trabalho: "Todo trabalho é, de um lado, dispêndio de força humana de trabalho, no sentido fisiológico, e, nessa qualidade de trabalho humano igual ou abstrato, cria o valor das mercadorias. Todo trabalho, por outro lado, é dispêndio de força humana de trabalho, sob forma especial, para um determinado fim, e, nessa qualidade de trabalho útil e concreto, produz valores-de-uso".
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