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1 SUMÁRIO 1 - INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 4 2 – BIOSSEGURANÇA .............................................................................................. 4 2.1 - BIOSSEGURANÇA EM ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE ............................. 6 2.1.1 Classificação das Áreas Hospitalares ............................................................ 6 3 - INFECÇÕES .......................................................................................................... 7 3.1 - TIPOS DE INFECÇÕES ...................................................................................... 7 3.2 - INFECÇÕES HOSPITALAR .............................................................................. 10 3.2.1 Histórico .......................................................................................................... 10 3.2.2 Conceito .......................................................................................................... 12 3.2.3 Prevenção de infecções hospitalares ........................................................... 15 4 – RISCOS A EXPOSIÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE ............................ 26 4.1 TIPOS DE RISCO ............................................................................................... 26 4.1.1 Riscos de Acidentes ...................................................................................... 26 4.1.2 Riscos Ergonômicos ...................................................................................... 26 4.1.3 Riscos Físicos ................................................................................................ 27 4.1.4 Riscos Químicos ............................................................................................ 27 4.1.5 Riscos biológicos ........................................................................................... 28 4.1.6 Resíduos radioativos ..................................................................................... 28 5 – MEDIDAS DE PROTEÇÃO À SAÚDE DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE ...... 29 5.1.1 Luvas ............................................................................................................... 29 5.1.2 Calçando Luva Estéril .................................................................................... 30 5.1.3 Máscaras, óculos de proteção ou escudo facial ......................................... 32 5.1.4 Protetores respiratorios(respiradores) ......................................................... 33 5.1.5 Avental ............................................................................................................ 34 5.1.6 Gorro ............................................................................................................... 35 5.1.7 Jaleco .............................................................................................................. 35 2 5.1.8 Calçado ........................................................................................................... 36 6 - DOENÇAS OCUPACIONAIS .............................................................................. 36 6.1 DOENÇA OCUPACIONAL E ACIDENTE DE TRABALHO ................................. 37 6.2 SAÚDE DO TRABALHADOR .............................................................................. 37 6.3 PROBLEMAS COMUNS A EXPOSIÇÃO BIOLÓGICA ....................................... 38 6.4 LISTA DE DOENÇAS RELACIONADAS COM O TRABALHO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE ............................................................................................................. 39 6.4.1 Riscos no Sistema respiratório ..................................................................... 39 6.4.2 Ruído e afecção auditiva ............................................................................... 43 6.4.3 Radiações Ionizantes ..................................................................................... 44 6.4.4 Microorganismos e parasitas infecciosos vivos e seus produtos tóxicos (Exposição ocupacional ao agente e/ou transmissor da doença, em profissões e/ou condições de trabalho especificadas) .................................... 45 6.4.5 Algodão, Linho, Cânhamo, Sisal ................................................................... 46 6.4.6 Agentes físicos, químicos ou biológicos, que afetam a pele, não considerados em outras rubricas ....................................................................... 46 6.5 DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS RELACIONADAS COM O TRABALHO ............................................................................................................ 47 6.5.1 Tuberculose .................................................................................................... 47 6.5.10 Malária ........................................................................................................... 49 6.5.11 Leishmaniose Cutânea ou Leishmaniose Cutâneo-Mucosa .................... 49 6.5.2 Leptospirose ................................................................................................... 47 6.5.3 Tétano .............................................................................................................. 48 6.5.4 Dengue [Dengue Clássico] ............................................................................ 48 6.5.5 Febre Amarela ................................................................................................ 48 6.5.6 Hepatites Virais .............................................................................................. 48 6.5.7 Doença pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) .............................. 48 6.5.8 Dermatofitose e Outras Micoses Superficiais ............................................. 49 6.5.9 Candidíase ...................................................................................................... 49 3 6.6 NEOPLASIAS (TUMORES) RELACIONADOS COM O TRABALHO (GRUPO II da CID 10) .............................................................................................................. 49 6.6.1 Neoplasia maligna do estômago ................................................................... 49 6.6.2 Neoplasia maligna do pâncreas .................................................................... 50 6.6.3 Neoplasia maligna da cavidade nasal e dos seios paranasais .................. 50 6.6.4 Neoplasia maligna da laringe ........................................................................ 50 6.6.5 Neoplasia maligna dos brônquios e do pulmão .......................................... 50 6.6.6 Neoplasia maligna dos ossos e cartilagens articulares dos membros (Inclui “Sarcoma Ósseo”) .................................................................................... 51 6.6.7 Outras neoplasias malignas da pele............................................................. 51 6.6.8 Neoplasia maligna da bexiga ........................................................................ 51 6.6.9 Leucemias ....................................................................................................... 51 6.7 DOENÇAS DO SANGUE E DOS ÓRGÃOS HEMATOPOÉTICOS RELACIONADAS COM O TRABALHO .................................................................. 52 6.8 DOENÇAS ENDÓCRINAS, NUTRICIONAIS E METABÓLICAS RELACIONADAS COM O TRABALHO ............................................................................................... 53 6.9 TRANSTORNOS MENTAIS E DO COMPORTAMENTO RELACIONADOS COM O TRABALHO ........................................................................................................ 53 7 - PREVENÇÃO PRIMÁRIA ....................................................................................63 REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 64 4 1 - INTRODUÇÃO A biossegurança é um processo funcional e operacional de fundamental importância em serviços de saúde, não só por abordar medidas de controle de infecções para proteção da equipe de assistência e usuários em saúde, mas por ter um papel fundamental na promoção da consciência sanitária, na comunidade ou sistema onde atua dando importância a preservação do meio ambiente, na manipulação e no descarte de resíduos químicos, tóxicos e infectantes e da redução geral de riscos à saúde e acidentes ocupacionais. A biossegurança é um processo progressivo, que não inclui conclusão em sua terminologia, pois deve ser sempre atualizado e supervisionado e sujeito a exigência de respostas imediatas ao surgimento de microrganismos mais resistentes e agressivos identificados pelas notificações de Controle Epidemiológico da SMS. Considerando a disposição e interesse de nossos profissionais, e conscientes das limitações e dificuldades que estas mudanças impõem, nossa expectativa é de que possamos qualificar nossa prática, agregando conhecimentos e potencializando nossa resolutividade nas questões relacionadas a condições biosseguras de trabalho para as quais nossa comissão foi constituída e permanecerá comprometida e disponível. 2 – BIOSSEGURANÇA A lógica da construção do conceito de biossegurança, teve seu inicio na década de 70 na reunião de Asilomar na Califórnia, onde a comunidade científica iniciou a discussão sobre os impactos da engenharia genética na sociedade. Esta reunião, "é um marco na história da ética aplicada a pesquisa, pois foi a primeira vez que se discutiu os aspectos de proteção aos pesquisadores e demais profissionais envolvidos nas áreas onde se realiza o projeto de pesquisa". A partir daí o termo biossegurança, vem, ao longo dos anos, sofrendo alterações. Na década de 70, a Organização Mundial da Saúde (OMS) a definia como "práticas preventivas para o trabalho com agentes patogênicos para o homem". O foco de atenção voltava-se para a saúde do trabalhador frente aos riscos biológicos o ambiente ocupacional. 5 Já na década de 80, a própria Organização Mundial de saúde ( OMS ) incorporou a essa definição os chamados riscos periféricos presentes em ambientes laboratoriais que trabalhavam com agentes patogênicos para o homem, como os riscos químicos, físicos, radioativos e ergonômicos. Nos anos 90, verificamos que a definição de biossegurança sofre mudanças significativas. Em seminário realizado no Instituto Pasteur em Paris, observamos a inclusão de temas como ética em pesquisa, meio ambiente, animais e processos envolvendo tecnologia de DNA recombinante, em programas de biossegurança. Outra definição nessa linha diz que "a biossegurança é o conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, visando à saúde do homem, dos animais, a preservação do meio ambiente e a qualidade dos resultados". Este foco de atenção retorna ao ambiente ocupacional e amplia-se para a proteção ambiental e a qualidade. Uma outra definição, baseada na cultura da engenharia de segurança e da medicina do trabalho é o "conjunto de medidas técnicas, administrativas, educacionais, médicas e psicológicas, empregadas para prevenir acidentes em ambientes biotecnológicos". Está centrada na prevenção de acidentes em ambientes ocupacionais. Conjunto de procedimentos técnicos que devem ser adotados/praticados diariamente e que não devem ser esquecidos pelos profissionais atuantes na área assistencial de saúde. Os profissionais devem estar conscientes tanto de suas responsabilidades no atendimento aos clientes, como dos cuidados de biossegurança, visando, a proteção contra as doenças infecciosas no seu ambiente de trabalho, controle da AIDS e de outras patologias, melhor assistência aos pacientes. Se a biossegurança também pode ser compreendida como uma ação educativa, deve ser entendida então, não somente como um processo de aquisição de habilidades e conteúdos que objetivam preservar a saúde humana e ambiental, pois, como foi discutida neste ensaio, a idéia de educar ultrapassa a noção de transmissão de conhecimentos e treinos; educação implica em compartilhamento de ações em levar em consideração as disposições, hábitos dos agentes, e sobre tudo em conceber os agentes realmente como sujeitos de aprendizagem, envolvendo os indivíduos em sua totalidade, considerando suas diferenças e singularidades. 6 2.1 - Biossegurança em Estabelecimentos de Saúde Todo profissional que trabalha com substâncias químicas de risco, com material biológico que esteja sujeito a radiações, ou que manipule material pérfuro- cortante ou, ainda, equipamentos com bases de funcionamento físico (microondas, ultra-som, autoclaves), deve: • Estar atento e não fazer uso de drogas que afetem o raciocínio, autocontrole e comportamento; • Ler a recomendação da biossegurança de saúde e procedimentos operacionais padrão do setor; • Agir com tranqüilidade e sem pressa; • Prevenir-se de eventuais acidentes utilizando, de acordo a sua necessidade, os equipamentos de proteção individual e coletivo (jaleco, avental, óculos, protetor facial, cabelos presos, luvas, botas, máscara, avental de chumbo, câmara de exaustão, cabina de segurança biológica e química). Nos setores de maior trânsito e fluxo de pessoas, as sinalizações gerais das áreas restritas e permitidas devem ser freqüentes e devem estar visíveis. As referidas sinalizações devem ser expressas, também, em "braile" para os deficientes visuais; ou com indicação simbólica ou monitor para os analfabetos. 2.1.1 Classificação das Áreas Hospitalares Área Crítica: a que oferece risco potencial para aquisição de infecção seja pelos procedimentos invasivos realizados, ou pela presença de pacientes 7 susceptíveis às infecções. Ex.: Centro Cirúrgico e Obstétrico, Berçário, UTI, Hemodiálise, Laboratório, CME, Banco de Sangue, área suja de lavanderia etc. Área Semi-crítica: possui menor risco de infecção, são ocupadas por pacientes que não exigem cuidados intensivos ou de isolamento. Ex.: Enfermarias, Apartamentos e Ambulatórios. Área não crítica: todas as áreas não ocupadas por pacientes e aquelas destinadas a exames de pacientes. Ex.: Escritórios, Almoxarifado, Setor de Radiologia e Consultórios. 3 - INFECÇÕES Infecção é uma doença que envolve microrganismos (bactérias, fungos, vírus e protozoários). Inicialmente ocorre a penetração do agente infeccioso (microrganismos) no corpo do hospedeiro (ser humano) e há proliferação (multiplicação dos microrganismos), com conseqüente apresentação de sinais e sintomas. Estes sinais e sintomas podem ser, entre outros: febre, dor no local Afetado, alteração de exames laboratoriais, debilidade, etc. As infecções podem acometer diversas localizações topográficas de um indivíduo (partes do corpo), ou disseminar-se pela corrente sangüínea. Alguns agentes têm “preferência” por determinadas localizações topográficas, assim a localização da infecção depende do tipo de microrganismo. 3.1 - TIPOS DE INFECÇÕES Dora Realce 8 Existem 13 tipos: • Infecção aérea – infecção microbiana adquirida através do ar e dos agentes infectantes nele contidos. • Infecção critogénica – infecção de porta de entrada desconhecida. • Infecção direta – infecção adquiridapor contacto com um indivíduo doente. • Infecção endógena – infecção devido a um microorganismo já existente no organismo, e que, por qualquer razão, se torna patogénico. • Infecção exógena – infecção provocada por microorganismos provenientes do exterior. • Infecção focal – infecção limitada a uma determinada região do organismo. • Infecção indireta – infecção adquirida através da água, dos alimentos ou por outro agente infectante, e não de indivíduo para indivíduo. • Infecção nosocomial – infecção adquirida em meio hospitalar. • Infecção oportunista ou Oportunística – infecção que surge por diminuição das defesas orgânicas. • Infecção puerperal – infecção surgida na mulher debilitada e com defesas diminuídas, logo após o parto. • Infecção secundária – infecção consecutiva a outra e provocada por um microorganismo da mesma espécie. • Infecção séptica ou Septicemia – infecção muito grave em que se verifica uma disseminação generalizada por todo o organismo dos agentes microorgânicos infecciosos. • Infecção terminal – infecção muito grave que, em regra, é causa de morte. Bactérias Causadoras de Infecção Cocos Gram-positivos Aeróbios Estrafilococos Estreptococos 9 Anaeróbios Peptococos Peptoetreptococos Cocos Gram-negativos Aeróbios Acinobacter Outros Microaerófilos Naesseria Anaeróbios Veillonela Bacilos Gram-positivos não-esporulados Aeróbios Corinebactérias Listeria Lactobacilos Micobactérias Nocardia Anaeróbios Actinomyces Bifidobactérias Eubactérias Lactobacillus Propioniobactérias Bacilos Gram-positivos não-entéricos Aeróbios Bordetella Brucella C. granulomatis Franscisela Hemophilus Aneróbios Actinobacilos Bacilos Gram-positivos entéricos Aeróbios Citrobacter Escherichia coli Klebsiella sp. Proteus (ex. P. mirabilis) Providencia Anaeróbios Bacteroides Fusobacterium 10 Campylobacter (ex. C. jejuni) Espirados Treponema Borellia Leptospira Formas "L" (sem parede celular) Micoplasma Bactérias na forma L Fungos Aspergillus Blastomyces Candida (ex. C. albicans, C. Tropicalis) Coccoioides sp (ex. C. neoformans) Histoplasma capsulatum Paracoccidioides braziliensis Zigomicoses (ex. Mucors e Rhizopus) Protozoários Leishmania Trypanosoma 3.2 - INFECÇÕES HOSPITALAR 3.2.1 Histórico Ignaz Philipp Semmelweis, médico obstetra é considerado o pai do controle de infecções hospitalares. Em meados de 1840, este médico observou diferença de número de casos de infecções puerperais (infecções pós-parto) em duas clínicas do hospital de Viena. Na primeira clínica, as gestantes eram examinadas por estudantes de medicina que circulavam livremente entre a sala de autópsia e nesta enfermaria. Na segunda clínica, os atendimentos eram realizados por parteiras e o número de infecções puerperais era muito menor. 11 É importante lembrar que nesta época ainda não se conheciam os estudos de Pasteur a respeito da origem das infecções, então a existência de microrganismos não era conhecida. Certa vez, durante a realização de uma necropsia, um dos amigos de Semmelweis, foi ferido acidentalmente por um bisturi. Este profissional adquiriu uma infecção similar à das puérperas, levando Semmelweis a concluir que o mesmo havia sido contaminado pela “matéria cadavérica” que foi introduzida no sistema sangüíneo. Tal qual o bisturi da dissecção que introduziu material cadavérico na corrente sangüínea do patologista, as mãos contaminadas dos médicos estudantes carregavam material cadavérico da sala de autópsia para a mulher durante o exame de toque vaginal e o parto. Em maio de 1847 Semmelweis tornou compulsório para todos os médicos, estudantes de medicina e pessoal da enfermagem a lavagem das mãos com uma solução clorada, reduzindo drasticamente a mortalidade por infecção puerperal. A queda dos índices de infecção puerperal foi importante: de 12,24% para 1,89%. Florence Nightingale foi uma enfermeira que atuou de maneira decisiva na guerra da Criméia, em 1854. Ela melhorou as condições sanitárias do hospital de atendimento de feridos de guerra, instalando condições adequadas de higiene na cozinha, lavanderia e quartos dos pacientes. Com isto, obteve significativa redução de mortalidade. Além disto, durante a noite, costumava fazer suas rondas com um lampião, levando assistência, afeto e conforto aos doentes, tendo sido imortalizada com o título “A Dama do Lampião”. Demonstrando conhecimentos em estatística, usou de métodos científicos, apresentando estes dados em gráficos, iniciando registro de óbitos e dados dos pacientes. 12 3.2.2 Conceito Infecção hospitalar ou Infecção Nosocomial é toda infecção (pneumonia, infecção urinária, infecção cirúrgica) adquirida dentro de um ambiente hospitalar. A maioria das infecções hospitalares são de origem endógena, isto é, são causadas por microrganismos do próprio paciente. Isto pode ocorrer por fatores inerentes ao próprio paciente (ex: diabetes, tabagismo, obesidade, imunossupressão, etc.) ou pelo fato de, durante a hospitalização, o paciente ser submetido a procedimentos invasivos diagnósticos ou terapêuticos (cateteres vasculares, sondas vesicais, ventilação mecânica, etc.). As infecções hospitalares de origem exógena geralmente são transmitidas pelas mãos dos profissionais de saúde ou outras pessoas que entrem em contato com o paciente, ou seja, resumi-se que a infecção hospitalar é uma síndrome infecciosa (infecção) que o indivíduo adquire após a sua hospitalização ou realização de procedimento ambulatorial. Entre os exemplos de procedimentos ambulatoriais mais comuns estão: cateterismo cardíaco, exames radiológicos com utilização de contraste, retirado de pequenas lesões de pele e retirado de nódulos de mama. A manifestação da infecção hospitalar pode ocorrer após a alta, desde que esteja relacionada com algum procedimento realizado durante a internação. Somente um profissional treinado (médico ou enfermeiro com qualificação especial em Infecção Hospitalar) pode relacionar sinais e sintomas de infecção com procedimentos realizados em unidades de saúde e realizar o diagnóstico de infecção hospitalar. O atendimento em unidades de saúde apresenta atualmente grande evolução tecnológica. Pacientes que no passado iriam evoluir a óbito, atualmente não só sobrevivem, como têm boa expectativa de vida, muitas vezes, sem seqüelas. Situações como as de acidentes automobilísticos graves, recém-nascidos prematuros ou de baixo peso e indivíduos que necessitam de transplante de órgãos, são uma demonstração de como o atendimento hospitalar evoluiu. Em contrapartida, esta melhoria no atendimento e avanço tecnológico aumentou o número de procedimentos possíveis de serem realizados num hospital. Procedimentos que, ao mesmo tempo em que prolongam a vida, trazem consigo um risco aumentado de infecção. 13 Muitos destes procedimentos são invasivos, isto é, penetram as barreiras de proteção do corpo humano. A primeira barreira de proteção do corpo é a pele, entretanto, é a que mais freqüentemente é rompida por procedimentos hospitalares (ex.: punção de veia para instalação de soro ou coleta de sangue). Ou seja, a melhoria no atendimento possibilita maior sobrevida, mas têm o ônus de elevar o risco de infecção. Estas técnicas invasivas favorecem a penetração de microrganismos que não pertencem ao corpo do hospedeiro. Para evitar que esta penetração ocorra, os procedimentos precisam ser padronizados de modo a serem desenvolvidos de maneira asséptica (sem a penetraçãode microrganismos). No Brasil, para reduzir os riscos de ocorrência de infecção hospitalar, um hospital deve constituir uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), que é responsável por uma série de medidas como o incentivo da correta higienização das mãos dos profissioanis de saúde; o controle do uso de antimicrobianos, a fiscalização da limpeza e desinfecção de artigos e superfícies. Estudos apontam medidas de combate à infecção hospitalar: A infecção hospitalar é causa de grande preocupação das instituições de saúde do Brasil. Enquanto a média mundial de índice de infecção é 5%, o país apresenta o porcentual de 15,5% entre os pacientes internados, conforme dados do Ministério da Saúde. Um número que assusta não só os pacientes, como também as instituições de saúde, que, por conseqüência, têm suas despesas elevadas. Para evitar e tratar a infecção hospitalar, além de permitir que o doente tenha um atendimento de qualidade e seguro, uma série de estudos coordenados pelo Dr. Victor Rosenthal, especialista no assunto, revelou que programas de educação e implementação das melhores práticas no ambiente hospitalar associados à utilização de sistemas fechados de infusão podem reduzir, em alguns casos, em mais de 80% os riscos de infecção da corrente sangüínea. As primeiras pesquisas começaram em 2000 na Argentina e nos anos seguintes hospitais de outros países (México, Brasil e Itália) foram concluídas e incluídos no projeto desenvolvido pela Baxter - empresa global e diversificada no segmento de saúde nas áreas de medicamentos, equipamentos médicos e biotecnologia. 14 O objetivo é avaliar a incidência de infecções da corrente sangüínea nos centros estudados e como medidas de prevenção podem reduzir o tempo de internação, a mortalidade e conseqüentemente os custos hospitalares. Dados epidemiológicos do Dr. Rosenthal, que lidera um consórcio internacional de controle de infecção hospitalar, já mostraram que o Brasil se destaca como um dos países com maior índice de infecções da corrente sanguínea associada ao uso de cateteres venosos entre os países que usam sistema aberto de infusão. Esses países, segundo o especialista, possuem índices bem superiores aos apresentados pelos padrões norte-americanos. Para avaliar alternativas eficazes no combate à infecção hospitalar, o Dr. Rosenthal seguiu alguns critérios nos centros estudados. Primeiramente, foram medidos os níveis basais de infecção da corrente sanguínea associadas ao uso de cateteres venosos centrais. Em seguida, foi introduzido um programa educacional com toda a equipe de profissionais médicos e de enfermagem a fim de colocar em prática as diretrizes de prevenção estabelecidas pelo Centro de Controle de Doenças (CDC) como, por exemplo, a higiene correta das mãos. E por fim, houve a substituição do sistema aberto de infusão utilizado nos hospitais, incluídos no estudo, por sistema fechado com bolsas flexíveis, ou seja, aquele que não necessita da entrada de ar para seu funcionamento e escoamento total da solução. Hospitais participantes No Brasil, o Hospital Santa Marcelina, em São Paulo, foi o centro estudado e teve como investigador principal o infectologista, Dr Reinaldo Salomão. Foram avaliados 1.127 pacientes em três UTIs. Após adotar as medidas descritas acima, foi registrada redução de 54% nos índices de infecção da corrente sanguínea adquirida durante a internação e as despesas hospitalares diminuíram significativamente, uma vez que na análise comparativa, um paciente infectado permaneceu internado (utilizando recursos do hospital e antibióticos) em média 23 dias a mais que um paciente não-infectado. Na Argentina a diminuição de pacientes infectados foi de 64%, o que proporcionou uma redução de 83% nos gastos do hospital para o tratamento de pacientes infectados e 91% na taxa de mortalidade. E no México, a redução de pacientes com infecção hospitalar atingiu 82%. Os dados consolidados do Brasil estão sendo apresentados pelo Dr Rosenthal nos mais importantes congressos mundiais de controle de infecção durante todo o primeiro semestre desse ano. 15 Sistemas fechados de infusão serão obrigatórios Os sistemas fechados já são obrigatórios em diversos países do mundo como Estados Unidos e Austrália e, predominantes em países vizinhos como a Colômbia. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou, conforme resolução RDC 45, que a partir de 2008 todos os sistemas abertos de infusão deverão ser substituídos pelos sistemas fechados. Alguns hospitais já utilizam o sistema fechado com bolsas flexíveis como o Hospital das Clínicas, Hospital Albert Einstein, Sírio Libanês, Santa Catarina e São Luiz e vários outros serviços de saúde do Brasil. Diferentemente dos recipientes rígidos e semi-rígidos, os sistemas fechados de infusão para soluções parenterais que utilizam bolsas flexíveis, não necessitam de elementos externos adicionais, como entrada de ar e equipos com filtro. Essas bolsas são produzidas em PVC na sua maioria ou por outros tipos de plásticos. Desta forma, o sistema isolado e vedado, evita infecções por microrganismos do ambiente externo. A Baxter é uma das empresas que introduz a bolsa plástica e os sistemas flexíveis fechados. Presente há mais de 35 anos no mercado e utilizada em cerca de 140 países, as bolsas flexíveis Viaflex são consideradas um avanço significativo na administração com eficiência e segurança de soluções e medicamentos aos pacientes. 3.2.3 Prevenção de infecções hospitalares a) Comissão de Controle de Infecção Hospitalar - CCIH Segundo a portaria do Ministério da Saúde n. 2616, de 1998, todos os hospitais devem possuir uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar. O Programa de Controle de Infecção Hospitalar (PCIH) é obrigatório no Brasil, desde 1983. Sua existência em todos os hospitais brasileiros visa manter sob controle a iatrogênia conhecida como infecção hospitalar, atuando como “assessor do dirigente hospitalar”. Tem a função de diagnosticar e vigiar a freqüência e distribuição do fenômeno entre os hospitalizados e egressos; intervir, por diversos meios, na padronização da qualidade de condutas profissionais invasivas nos pacientes e na orientação da escolha terapêutica; e, de maneira sistêmica, prevenir 16 e controlar fontes e formas de transmissão de microorganismos entre clientes, trabalhadores e ambiente, de modo a manter em alto nível a qualidade assistencial prestada. Uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) possui profissionais que deverão executar as seguintes tarefas: 9 Detectar casos de infecção hospitalar, seguindo critérios de diagnósticos previamente estabelecidos. 9 Conhecer as principais infecções hospitalares detectadas no serviço e definir se a ocorrência destes episódios de infecção está dentro de parâmetros aceitáveis. Isto significa conhecer a literatura mundial sobre o assunto e saber reconhecer as taxas aceitáveis de infecção hospitalar para cada tipo de serviço. 9 Elaborar normas de padronização para que os procedimentos realizados na instituição sigam uma técnica asséptica (sem a penetração de microrganismos), diminuindo o risco do paciente adquirir infecção. 9 Colaborar no treinamento de todos os profissionais da saúde no que se refere à prevenção e controle das infecções hospitalares. 9 Realizar controle da prescrição de antibióticos, evitando que os mesmo sejam utilizados de maneira descontrolada no hospital. 9 Recomendar as medidas de isolamento de doenças transmissíveis, quando se trata de pacientes hospitalizados. 9 Oferecer apoio técnico à administração hospitalarpara a aquisição correta de materiais e equipamentos e para o planejamento adequado da área física das unidades de saúde. É necessário que os profissionais que participam de uma CCIH possuam treinamento para a atuação nesta área. Há exigência legal para manutenção de pelo menos um médico e uma enfermeira na CCIH de cada hospital. Isto está regulamentado em portaria do Ministério da Saúde. Outros profissionais do hospital também devem participar da CCIH. Eles contribuem para a padronização correta dos procedimentos a serem executados. Estes profissionais devem possuir formação de nível superior e são: farmacêuticos, microbiologistas, epidemiologistas, representantes médicos da área cirúrgica, clínica e obstétrica. Representantes da administração do hospital devem atuar também na CCIH para colaborar na implantação das recomendações. 17 b) Lavagem das Mãos A lavagem rotineira das mãos com água e sabão, elimina além da sujidade (sujeira) visível ou não, todos os microrganismos que se aderem a pele durante o desenvolvimento de nossas atividade mesmo estando a mão enluvada. A lavagem das mãos é a principal medida de bloqueio da transmissão de germes. Devemos lavar as mãos sempre, antes de iniciarmos uma atividade e logo após seu término, assim como fazemos em nosso dia a dia antes das refeições e após a ida ao banheiro. Mantenha suas unhas curtas e as mãos sem anéis para diminuir a retenção de germes. Existe uma gama enorme de momentos, durante o nosso trabalho, que a lavagem das mãos está indicada. Mesmo que, durante os procedimentos, as luvas sejam utilizadas, após a retirada das luvas as mãos devem ser lavadas. A luva irá nos proteger de uma contaminação grosseira de matéria orgânica, porém a microporosidade da luva, a sua fragilidade que ocasiona furos e a possível 18 contaminação na sua retirada, indica que ocorreu contato de microrganismos na pele de nossas mãos. Sendo assim, mesmo com o uso de luvas, as mãos devem ser lavadas após a sua retirada. Vamos as indicações dos momentos em que as mãos são lavadas: - após trocar fluidos, secreções e itens contaminados; - após a retirada das luvas; - antes de procedimentos no paciente; - entre contatos com pacientes; - entre procedimentos num mesmo paciente; - antes e depois de atos fisiológicos; - antes do preparo de soros e medicações. Para a realização da lavagem das mãos necessitamos das seguintes instalações físicas: - pia; - saboneteira suspensa e vazada para sabonete em barra ou dispensador de sabonete líquido. No caso de dispensador, se não for descartável, estabeleça uma rotina de limpeza semanal; - toalheiro com toalhas de papel; - torneira com fechamento automático, preferivelmente. Ao lavarmos as mãos estabelecemos uma seqüência de esfregação das partes da mão com maior concentração bacteriana que são: as pontas dos dedos, meio dos dedos e polegares. Vejamos a técnica da lavagem das mãos: - posicionar-se sem encostar na pia; - abrir a torneira; - passar o sabão (líquido ou barra) na mão; - friccionar as mãos dando atenção às unhas, meio dos dedos, polegar, palmas e dorso das mãos (tempo aproximado de 15 segundos); - enxaguar as mãos deixando a torneira aberta; -enxugar as mãos com papel toalha; - fechar a torneira com a mão protegida com papel toalha, caso não tenha fechamento automático. É importante lembrar que para melhor remoção da flora microbiana as mãos devem estar sem anéis e com as unhas curtas, caso contrário, uma carga microbiana ficará retida nestes locais sendo passíveis de proliferação e transmissão. 19 Na lavagem rotineira das mãos o uso de sabão neutro é o suficiente para a remoção da sujeira, da flora transitória e parte da flora residente. O uso de sabões com anticépticos devem ficar restritos a locais com pacientes de alto risco e no desenvolvimento de procedimentos cirúrgicos e invasivos ou em situações de surto de infecção hospitalar. c) Materiais Usados na Assépsia : Álcool Glicerinado Geralmente as instalações físicas no ambiente de trabalho têm poucas pias e temos uma demanda grande de trabalho, de forma que lavamos poucas vezes as mãos comparadas ao número de vezes em que a lavagem das mãos está indicada. Para substituir a lavagem das mãos, indicamos a aplicação de um anticéptico de ampla e rápida ação microbiana que é o álcool glicerinado. O álcool glicerinado é composto de álcool 70% mais 2% de glicerina para evitar o ressecamento das mãos. Ele irá destruir a flora aderida aplicação do álcool glicerinado nas mãos no momento da aplicação, porém as mãos não devem apresentar sujidade visível. Neste caso indica-se a lavagem das mãos com água e sabão. Vejamos como usar o álcool glicerinado: - aplicar o álcool glicerinado (3 a 5 ml) nas mãos e friccionar em todas as faces da mão até secar naturalmente; - não aplicar quando as mãos estiverem visivelmente sujas. O álcool glicerinado também pode ser usado como anticéptico após a lavagem das mãos. Neste caso, a lavagem das mãos e posterior antissepsia está indicada antes de procedimentos invasivos como punções, sondagens, cateterizações e incubações. Outra indicação de aplicação do álcool glicerinado após a lavagem das mãos é em caso de exposição da pele ao contato direto com sangue e secreções. 20 d) Antissepsia das mãos A antissepsia é uma medida para inibir o crescimento ou destruir os microrganismos existentes nas superfícies (microbiota transitória) e nas camadas externas (microbiota residente) da pele ou mucosa, através da aplicação de um germicida classificado como antisséptico. A descontaminação depende da associação de dois procedimentos: a degermação e a antissepsia. A degermação é a remoção de detritos, impurezas e bactérias que se encontram na superfície da pele, sendo utilizado para esse procedimento sabões e detergentes neutros. A antissepsia, como descrito acima, é a utilização de um antisséptico com ação bactericida ou bacteriostática que irá agir na flora residente da pele. Existem vários tipos de antissépticos com diferentes princípios ativos e diferentes veículos de diluição como degermante sólido(sabão) ou cremoso; aquoso ou alcoólico. Variam também na sua ação, concentração e tempo de efeito residual. Os antissépticos São indicados para a antissepsia das mãos dos profissionais e para pele ou mucosa do paciente em áreas onde serão realizados procedimentos invasivos ou cirúrgicos. Os antissépticos alcoólicos devem ser aplicados após a limpeza da área envolvida quando esta apresentar sujidade visível. Antissepsia das mãos antes de procedimentos cirúrgicos: • Instalações físicas: - pia; - escova c/ cerdas macias desinfetada e de uso individual ou descartável; - dispensador com sabão neutro ou antisséptico degermante; - dispensador com antisséptico alcoólico (obrigatório se não for usado antisséptico degermante); - compressas esterilizadas. • Técnica da antissepsia (escovação) das mãos: - retirar jóias e adornos das mãos e manter unhas aparadas e sem esmalte; - aplicar o sabão ou antisséptico degermante nas mãos (+ ou - 5 ml); 21 - iniciar com a escovação, somente nas unhas e espaços interdigitais, durante 01 minuto. Esfregar sem uso de escova, com as próprias mãos, a palma, dorso e antebraço do membro durante 04 minutos. Estabeleça uma seqüência sistematizada para atingir toda a superfície da mão e antebraço num tempo total de 05 minutos. Proceder a antissepsia no outro membro; - enxaguarabundantemente as mãos e antebraço com água corrente; - manter os braços elevados com as mãos acima do nível dos cotovelos; - fechar a torneira com o cotovelo, caso não tenha fechamento automático; - secar as mãos e antebraço com compressa estéril; - aplicar antisséptico alcoólico, obrigatoriamente se foi usado apenas sabão neutro para a esfregação. e) Manipulação de Instrumentos e Materiais Contaminados Os instrumentos e materiais sujos com sangue, fluidos corporais, secreções e excreções devem ser manuseados de modo a prevenir a contaminação da pele e mucosas (olhos, nariz e boca), roupas, e ainda, prevenir a transferência de microrganismos para outros pacientes e ambientes. Todos os instrumentos reutilizados têm rotina de reprocessamento. Verifique para que estes estejam limpos ou desinfetados/esterilizados adequadamente antes do uso em outro paciente ou profissional. Confira se os materiais descartáveis de uso único estão sendo realmente descartados e se em local apropriado. f) Manipulação de Materiais Cortantes e de Punção Ao manusear, limpar, transportar ou descartar agulhas, lâminas de barbear, tesouras e outros instrumentos de corte tenham cuidado para não se acidentar. A estes materiais chamamos de instrumentos perfuro-cortantes. Eles devem ser descartados em caixas apropriadas, rígidas e impermeáveis que devem ser colocadas próximo a área em que os materiais são usados. Nunca recape agulhas após o uso. Não remova com as mãos agulhas usadas das seringas descartáveis e 22 não as quebre ou entorte. Para a reutilização de seringa anestésica descartável ou carpule, recape a agulha introduzindo-a no interior da tampa e pressionando a tampa ao encontro da parede da bandeja clínica de forma a não utilizar a mão neste procedimento. Seringas e agulhas reutilizáveis devem ser transportadas para a área de limpeza e esterilização em caixa de inox ou bandeja. g) Ambiente e Equipamentos Toda a unidade de saúde deve ter rotinas de limpeza e desinfecção de superfícies do ambiente e de equipamentos. Colabore na supervisão para conferir se estas medidas estão sendo seguidas. Proteja as superfícies do contato direto, como botões, alças de equipamentos, teclados, mouses e monitores com barreiras do tipo filme plástico (PVC), papel alumínio ou outros materiais próprios a este fim. Este procedimento impede a aderência da sujidade, requerendo apenas desinfecção na hora da troca de barreiras entre pacientes, dispensando a limpeza da superfície do equipamento. h) Roupas e Campos de Uso no Paciente Manipule e transporte as roupas sujas com sangue, fluidos corporais, secreções e excreções com cuidado. Transporte-as em sacos plásticos. Os serviços de saúde que utilizam rouparia e campos reutilizáveis devem ter um sistema de lavanderia, própria ou terceirizada que garanta a desinfecção destas roupas. i) Vacinação Todos os profissionais de saúde devem estar vacinados contra a hepatite B e o tétano. Estas vacinas estão disponíveis na rede pública municipal. Participe de 23 todas as campanhas de vacinação que a Secretaria Municipal de Saúde promove. Vacina é proteção específica de doenças. Previna-se! j) Higienização do Ambiente A higiene tem como objetivo remover a sujidade. Entende-se que os resíduos retém microrganismos que podem, em algum momento, ser transmitidos tanto por contato direto como através de poeira suspensa no ar. Outro aspecto importante é o bem estar proporcionado por um ambiente limpo e organizado, mesmo sendo em instalações físicas simples. Antes de iniciar o processo de limpeza e desinfecção do ambiente, este deve ser organizado de modo que todos os objetos e materiais estejam guardados, liberando as superfícies para facilitar a limpeza, além de contribuir para as condições de trabalho da equipe. Lembramos ainda que as instituições de saúde tem o dever de dar o exemplo dos princípios básicos da promoção da saúde, que são: a higiene do ambiente, do corpo e dos alimentos. Por definição a limpeza é a remoção ou retirada de sujeira através de fricção de uma superfície com água e sabão ou detergente. Quanto maior o acúmulo de sujidade em uma superfície, maior será o tempo e força de fricção para sua remoção. Em ambiente fechado de assistência à saúde utiliza-se a varredura úmida, feita através de rodo e panos úmidos. Não se utiliza varrer ou espanar as superfícies para não dispersar partículas de poeira que podem se depositar nos artigos hospitalares, serem inaladas pela equipe e usuários, ou ainda, contaminar ferimentos expostos. O nosso ambiente de trabalho pode ser dividido em área física compreendendo o piso, paredes, teto, portas e janelas; o mobiliário compreendendo cadeiras, mesas, balcões, macas, bancadas e pias; e ainda, equipamentos eletroeletrônicos e artigos hospitalares específicos da assistência. O reprocessamento destes dois últimos será abordado no próximo capítulo. Área física: Mobiliário: Paredes Balcões Portas Cadeiras Área física: Mobiliário: Paredes Balcões 24 Portas Cadeiras A limpeza deve obedecer princípios básicos. São eles: • Periodicidade Limpeza concorrente que é aquela realizada diariamente e logo após exposição à sujidade. Inclui o recolhimento do lixo, limpeza do piso e superfícies do mobiliário geralmente uma vez por turno, além da limpeza imediata do local quando exposto à material biológico. Limpeza terminal que é aquela geral, realizada semanal, quinzenal ou mensalmente conforme a utilização e possibilidade de contato e contaminação de cada superfície. Inclui escovação do piso e aplicação de cêra, limpeza de teto, luminárias, paredes, janelas e divisórias. Indicação da rotina de limpeza terminal e concorrente de área física: • Área critica : semanal, duas vazes por turno; • Área semi-critica: semanal, uma vez por turno; • Área não-critica: mensal, duas vezes ao dia. • Seqüência - Como primeiro passo, recomenda-se o recolhimento do lixo; - Inicia-se a limpeza do local mais alto para o mais baixo, próximo ao chão; - Limpa-se a partir do local mais limpo para o mais sujo ou contaminado; - Inicia-se pelo local mais distante dirigindo-se para o local de saída de cada peça. • Materiais Luvas de borracha, baldes(2), panos(2), rodo, escovas (para chão, sanitário), esponjas de aço, palha de aço, carrinho de limpeza, sacos de lixo (branco, verde e preto), papel higiênico, papel toalha. • Produtos químicos Sabão ou detergente, sapólio, hipoclorito de sódio 2% a 2,5% (alvejante como Q-Boa®, Clarina®, Alvex®), pinho ou outro desinfetante aromatizado para 25 sanitários, álcool 70%, ceras líquidas siliconadas de preferência anti-derrapante usadas na limpeza terminal de piso. • Técnica indicada Seguir a técnica dos dois baldes: 1° Preparar um balde com a solução de água e sabão ou detergente equivalente a uma colher de sopa do detergente paracada litro de água. 2° Preparar o outro balde com água pura para o enxágüe. Esta água de enxágüe deve ser renovada quando estiver suja. 3° Aplica-se na superfície o pano com a solução de água e sabão, friccionando (força mecânica) para soltar a sujidade. 4° Enxaguar o pano na água de enxágüe e aplicar na superfície removendo o sabão e a sujeira. 5° Enxaguar o pano novamente, torcê-lo e aplicar na superfície removendo o excesso de umidade. Pode-se usar dois panos, um para cada balde, facilitando a técnica. Dicas importantes: Em ambiente fechado de assistênciaà saúde utiliza-se a varredura úmida, feita através de rodo e panos úmidos. Não se utiliza varrer ou espanar as superfícies para não dispersar partículas de poeira. No caso de limpeza de piso, parede e teto, podemos utilizar o rodo com o pano para executar a fricção. Para coleções de sangue, vômitos, urina e outros fluidos, indica-se a aplicação de hipoclorito 1 a 2%(alvejante) sobre a secreção, deixando agir por minutos antes de remover com trapos ou papel a serem desprezados no lixo ou então deve-se trocar a água de enxágüe que limpou o pano sujo. Em caso de superfície suja com sangue ressecado, aplicar água oxigenada líquida 10 volumes antes da limpeza. O hipoclorito puro pode também ser usado para remover manchas e mofo de superfícies (alvejamento). 26 Atenção: o hipoclorito corroe superfícies metálicas e desbota tecidos. Na limpeza do mobiliário é de fundamental importância que se recolha e guarde em locais específicos todos os objetos e materiais que ocupam as superfícies a serem limpas. Para superfícies metálicas, plásticas, fórmicas e de granito, indica-se a aplicação de álcool 70% após a limpeza para a desinfecção. De preferência para o mobiliário utilizamos baldes menores e panos específicos para esta finalidade. Se isso não for possível os baldes e panos devem ser lavados antes da limpeza de outro local. 4 – RISCOS A EXPOSIÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE 4.1 TIPOS DE RISCO (Portaria do Ministério do Trabalho, ( MT ) Nº. 3214, de 08/06/78) 9 Riscos de Acidentes 9 Riscos Ergonômicos 9 Riscos Físicos 9 Riscos Químicos 9 Riscos Biológicos 9 Riscos Radioativos 4.1.1 Riscos de Acidentes Considera-se risco de acidente qualquer fator que coloque o trabalhador em situação de perigo e possa afetar sua integridade, bem estar físico e moral. São exemplos de risco de acidente: as máquinas e equipamentos sem proteção, probabilidade de incêndio e explosão, arranjo físico inadequado, armazenamento inadequado, etc. 4.1.2 Riscos Ergonômicos Considera-se risco ergonômico qualquer fator que possa interferir nas características psicofisiológicas do trabalhador causando desconforto ou afetando 27 sua saúde. São exemplos de risco ergonômico: o levantamento e transporte manual de peso, o ritmo excessivo de trabalho, a monotonia, a repetitividade, a responsabilidade excessiva, a postura inadequada de trabalho, o trabalho em turnos. 4.1.3 Riscos Físicos Consideram-se agentes de risco físico as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, ultra-som, materiais cortantes e pontiagudos. 4.1.4 Riscos Químicos Consideram-se agentes de risco químico as substâncias, compostas ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através da pele ou por ingestão. Os resíduos químicos apresentam riscos potenciais de acidentes inerentes às suas propriedades específicas. Devem ser consideradas todas as etapas de seu descarte com a finalidade, de minimizar, não só acidentes decorrentes dos efeitos agressivos imediatos (corrosivos e toxicológicos), como os riscos cujos efeitos venham a se manifestar a mais longo prazo, tais como os teratogênicos, carcinogênicos e mutagênicos. São compostos por resíduos orgânicos ou inorgânicos tóxicos, corrosivos, inflamáveis, explosivos, teratogênicos. Para a realização dos procedimentos adequados de descarte, é importante a observância do grau de toxicidade e do procedimento de não mistura de resíduos de diferentes naturezas e composições. Com isto, é evitado o risco de combinação química e combustão, além de danos ao ambiente de trabalho e ao meio ambiente. Para tanto, é necessário que a coleta desses tipos de resíduos seja periódica. Os resíduos químicos devem ser tratados antes de descartados. Os que não puderem ser recuperados devem ser armazenados em recipientes próprios para posterior descarte. 28 No armazenamento de resíduos químicos devem ser considerados a compatibilidade dos produtos envolvidos, a natureza do mesmo e o volume. 4.1.5 Riscos biológicos Consideram-se agentes de risco biológico as bactérias, fungos, parasitos, vírus, entre outros. Classificação de risco biológico: Os agentes de risco biológico podem ser distribuídos em quatro classes de 1 a 4 por ordem crescente de risco (anexo 1), classificados segundo os seguintes critérios: 9 Patogenicidade para o homem. 9 Virulência. 9 Modos de transmissão. 9 Disponibilidade de medidas profiláticas eficazes. 9 Disponibilidade de tratamento eficaz. 9 Endemicidade. 4.1.6 Resíduos radioativos Compostos por materiais radioativos ou contaminados com radionuclídeos com baixa atividade provenientes de laboratórios de pesquisa em química e biologia, laboratórios de análises clínicas e serviços de Medicina Nuclear. São normalmente, sólidos ou líquidos (seringas, papel absorvente, frascos, líquidos derramados, urina, fezes, etc.). Resíduos radioativos, com atividade superior às recomendadas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), deverão ser acondicionados em depósitos de decaimento (até que suas atividades se encontrem dentro do limite permitido para sua eliminação). Procedimentos Específicos para o Descarte: 9 Não misturar rejeitos radioativos líquidos com sólidos. 9 Preveja o uso de recipientes especiais, etiquetados e apropriados à natureza do produto radioativo em questão. 29 9 Coletar materiais como agulhas, ponteiras de pipetas e outros objetos afiados, contaminados por radiação, em recipientes específicos, com sinalização de radioatividade. 9 Os containeres devem ser identificados com: Isótopo presente, tipo de produto químico e concentração, volume do conteúdo, laboratório de origem, técnico responsável pelo descarte e a data do descarte. 9 Os rejeitos não devem ser armazenados no laboratório, mas sim em um local previamente adaptado para isto, aguardando o recolhimento. 9 Considerar como de dez meias vidas o tempo necessário para obter um decréscimo quase total para a atividade dos materiais (fontes não seladas) empregadas na área biomédica. 9 Pessoal responsável pela coleta de resíduos radioativos devem utilizar vestimentas protetoras e luvas descartáveis. Estas serão eliminadas após o uso, também, como resíduo radioativo. 9 Em caso de derramamento de líquidos radioativos, poderão ser usados papéis absorventes ou areia, dependendo da quantidade derramada. Isto impedirá seu espalhamento. Estes deverão ser eliminados juntos com outros resíduos radioativos. OBSERVAÇÕES IMPORTANTES: Os Procedimentos estabelecidos para a eliminação de rejeitos radioativos foram padronizados pela Norma CNEN-NE-6.05 (CNEN, 1985). O pessoal envolvido na manipulação desses rejeitos devem receber treinamento específico para realização dessa atividade, além de uma regular vigilância médico sanitária. 5 – MEDIDAS DE PROTEÇÃO À SAÚDE DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE 5.1EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL 5.5.1 Luvas As luvas protegem de sujidade grosseira. Elas devem ser usadas em procedimentos que envolvam sangue, fluidos corporais, secreções, excreções 30 (exceto suor), membranas mucosas, pele não íntegra e durante a manipulação de artigos contaminados. As luvas devem ser trocadas após contato com material biológico, entre as tarefas e procedimentos num mesmo paciente,pois podem conter uma alta concentração de microrganismos. Remova as luvas logo após usá-las, antes de tocar em artigos e superfícies sem material biológico e antes de atender outro paciente, evitando a dispersão de microrganismos ou material biológico aderido nas luvas. Lave as mãos imediatamente após a retirada das luvas para evitar a transferência de microrganismos a outros pacientes e materiais, pois há repasse de germes para as mãos mesmo com o uso de luvas. As luvas estéreis estão indicadas para procedimentos invasivos e assépticos. Luvas grossas de borracha estão indicadas para limpeza de materiais e de ambiente. 5.1.1 Calçando Luva Estéril O procedimento de calçar um par de luvas estéril requer técnica correta, para evitar a contaminação da luva, fato este que pode ocorrer com facilidade, por isso requer muita atenção. As luvas estéreis devem ser utilizadas sempre que ocorrer a necessidade de manipulação de áreas estéreis. Existem vários procedimentos que exigem a utilização de luvas estéreis, entre eles os procedimentos cirúrgicos, aspiração endotraqueal, curativos extensos, que se tornam difíceis realizar somente com o material de curativo. Resumindo, em qualquer ocasião que for necessário o auxílio manual em locais estéreis ou em lesões, usa-se as luvas esterilizadas. Podem ser encontradas nos tamanhos P, M ou G, ou até mesmo em tamanhos numerados como 6.0, 6.5, 7.0 até 9.0. E pode variar de acordo com o fabricante. Após realizar a lavagem correta das mãos, abra o pacote de luvas sobre uma superfície limpa, à altura confortável para sua manipulação. Observe que existem abas nas dobras internas da embalagem das luvas. Elas existem para facilitar a abertura do papel, sem que ocorra o risco de tocar nas luvas e contaminá-las. Então, segure nas abas abra os dois lados que revestem as luvas. As luvas estão dispostas corretamente a sua frente, onde: a luva da mão direita está a sua direita, e a luva da mão esquerda, está a sua esquerda. Isso na 31 maioria dos fabricantes. A maioria das luvas não tem lado anatômico, mas ficam dispostas nesse sentido, devido a dobra existente do polegar. Agora, prepare-se para calçar a luva na mão dominante. Com sua mão não dominante, segure a luva pela face interna da luva (que vem dobrada propositalmente). Lembre-se: enquanto você estiver sem luvas, segure apenas pela face onde a luva irá entrar em contato com sua pele, ou seja, face interna. Agora, introduza os dedos da mão dominante, calmamente, procurando ajustar os dedos internamente. Realize esta etapa da melhor maneira possível, mas não se preocupe se os dedos ficarem mal posicionados dentro da luva. Continue o procedimento mesmo com os dedos posicionados de forma errada (é muito arriscado tentar arrumar a posição dos dedos, você pode contaminá-la). Após esta etapa, introduza até que sua mão entre completamente na luva, sempre a segura. Agora que você colocou a primeira luva estéril (na mão dominante), vamos colocar a luva na mão esquerda (não-dominante). Lembre-se, que agora estamos com uma luva estéril na mão dominante, não podemos tocar em lugares que não sejam estéreis, sejam eles a nossa pele, superfícies ou objetos ao nosso redor. Com a mão dominante (enluvada), segure a outra luva pela face externa (ou seja, por dentro da dobra existente). Esta dobra existente no punho da luva servirá de apoio para segurar a luva, sem que ocorra o risco de contaminar a luva. Sempre segurando pela dobra do punho da luva, introduza calmamente sua mão esquerda (não-dominante) na luva, semelhante ao realizado na primeira, mas agora, com a cautela de não tocar com a luva na pele da mão esquerda ou em locais não-estéreis. Siga esta etapa, até introduzir toda a mão esquerda na luva. Agora, havendo a necessidade de posicionar os dedos corretamente, ou até mesmo melhorar o calçamento da luva, faça com ambas as luvas, porém evite manipular a luva na região dos punhos, caso esta não possua mais as dobras de segurança. 32 5.1.2 Máscaras, óculos de proteção ou escudo facial A máscara cirúrgica e óculos de proteção ou escudo facial são utilizados em procedimentos e servem para proteger as mucosas dos olhos, nariz e boca de respingos (gotículas) gerados pela fala, tosse ou espirro de pacientes ou durante atividades de assistência e de apoio. Estas gotículas geradas por fonte humana tem diâmetro de até 5µ e se dispersam até um metro de distância quando se depositam nas superfícies. Elas podem ser de sangue, fluidos corporais, secreções e excreções ou líquidos contaminados como aquelas geradas durante a lavagem de materiais contaminados. Os procedimentos de maior risco e dispersão de respingos são: broncoscopia, aspiração oral, nasal ou endotraqueal, passagem de sonda gástrica, cirurgias, suturas, técnicas laboratoriais de bioquímica e microbiologia e atendimento odontológico. Outra indicação de uso destes equipamentos é durante a manipulação de produtos químicos como em farmácia hospitalar, áreas de expurgo 33 ou de desinfecção de artigos onde existe o risco químico de contato. As máscaras cirúrgicas devem ter um filtro bacteriano de até 5 µ de diâmetro. São de uso único, mas durante procedimentos de longa duração, sua troca deverá ocorrer quando úmidas ou submetidas a respingos visíveis. A proteção ocular formada por peça inteira que se adapta ao topo da cabeça ou parcial, tipo óculos, deve ser verificada quanto a sua adequação e indicação para produtos perigosos dispersos em nuvens, fumos, aerossóis ou lâmpadas que lesam o olho e suas estruturas. A depender da exposição química, física ou biológica, a indicação do protetor adequado deve ser atendida. Há muito existem lentes de protetores que são descritas como seletoras de impedimento para a luz ultra-violeta e são indicadas por exemplo para os que trabalham com transiluminadores ou setores com lâmpadas germicidas ultravioleta. 5.1.3 Mascara/protetores respiratorios(respiradores) Usado para proteger as vias respiratórias contra poeiras tóxicas e vapores orgânicos ou químicos. É indicado para entrar em quarto de isolamento de pacientes com tuberculose pulmonar, sarampo ou varicela, doenças que são transmitidas via aérea quando inalamos os núcleos de gotículas ressecadas suspensas no ar contendo os germes. Também é indicado no laboratório de microbiologia em técnicas de identificação do bacilo da tuberculose. Outra indicação para o uso do protetor respiratório, de um tipo específico, é no manuseio prolongado de glutaraldeído 2% usado para desinfecção de artigos em ambiente pouco arejado, desde que este protetor tenha uma camada de carvão ativado (máscara escura). Este protetor com carvão ativado filtra gases tóxicos e odores. Seu uso também está indicado para ambientes ou atividades com odor fétido e desagradável. É de uso individual, intransferível e reutilizável. Tem vida útil variável dependendo do tipo de contaminante, sua concentração, da freqüência respiratória 34 do usuário e da umidade do ambiente. Deve ser trocado sempre que se encontrar saturado (entupido), perfurado, rasgado ou com elástico solto, ou quando o usuário perceber o cheiro ou gosto do contaminante. Não deve ser feito nenhum tipo de reparo. Manusear com as mãos limpas e guardar em local limpo. Instruções de uso do protetor respiratório: - Segure o respirador na mão e aproxime no rosto cobrindo a boca e o nariz; - Puxe o elástico de cima, passando-o pela cabeça e ajustando-o acima das orelhas. Depois faça o mesmo com o elástico inferior, ajustando-ona nuca; - Pressione o elemento metálico com os dedos de forma a moldá-lo ao formato do nariz; - Para verificar o ajuste, coloque as mãos na frente do respirador e assopre fortemente. O ar não deve vazar pelas laterais; - Para retirar, comece pelo elástico de baixo das orelhas e depois o outro; - Profissionais imunizados por sarampo e varicela não necessitam de proteção respiratória, devendo estes serem escalados para o atendimento de pacientes portadores destas doenças infecciosas. 5.1.4 Avental O avental (limpo, não estéril) serve para proteger a pele e prevenir sujidade na roupa durante procedimentos que tenham probabilidade de gerar respingos ou contato de sangue, fluidos corporais, secreções ou excreções. O avental será selecionado de acordo com a atividade e quantidade de fluido encontrado (plástico ou tecido). O avental de plástico está indicado para lavagem de materiais em áreas de expurgo. O avental sujo será removido após o descarte das luvas e as mãos devem ser lavadas para evitar transferência de microrganismos para outros pacientes ou ambientes. 35 5.1.5 Gorro O gorro estará indicado especificamente para profissionais que trabalham com procedimentos que envolvam dispersão de aerossóis, projeção de partículas e proteção de pacientes quando o atendimento envolver procedimentos cirúrgicos. É o caso da equipe odontológica e outras especialidades como oftalmologia, otorrinolaringologia, cirurgia geral, cirurgia vascular e outras especialidades cirúrgicas. Tanto o avental quanto o gorro podem ser de diferentes tecidos laváveis ou do tipo descartável de uso único. A lavagem domiciliar de aventais contaminados deve ser precedida de desinfecção, por 30minutos em solução de hipoclorito de sódio a 0,02% (10ml de alvejante comercial a 2 a 2,5% para cada litro de água). 5.1.6 Jaleco Os vários tipos de jalecos são usados para fornecer uma barreira de proteção e reduzir a oportunidade de transmissão de microrganismos. Previnem a contaminação das roupas do pessoal, protegendo a pele da exposição a sangue e fluidos corpóreos, salpicos e derramamentos de material infectado. _ São de uso constante nos laboratórios e constituem uma proteção para o profissional; _ Devem sempre ser de mangas longas, confeccionados em algodão ou fibra sintética (não inflamável); _ Os descartáveis devem ser resistentes e impermeáveis; _ Uso de jaleco é PERMITIDO somente nas ÁREAS DE TRABALHO. NUNCA EM REFEITÓRIOS, ESCRITÓRIOS, BIBLIOTECAS, ÔNIBUS; _ Jalecos NUNCA devem ser colocados no armário onde são guardados objetos pessoais; 36 _ Devem ser descontaminados antes de serem lavados. 5.1.7 Calçado Os calçados indicados para o ambiente com sujeira orgânica são aqueles fechados de preferência impermeáveis (couro ou sintético). Evita-se os de tecido que umedecem e retém a sujeira. Escolha os calçados cômodos e do tipo anti- derrapante. Se o local tiver muita umidade, como em lavanderias, usar botas de borracha. 6 - DOENÇAS OCUPACIONAIS Doença ocupacional é designação de várias doenças que causam alterações na saúde do trabalhador, provocadas por fatores relacionados com o ambiente de trabalho. Elas se dividem em doenças profissionais ou tecnopatias, que são sempre causadas pela atividade laboral, e doenças do trabalho ou mesopatias, que podem ou não ser causadas pelo trabalho. As mais comuns são doenças do 37 sistema respiratório e da pele. Os cuidados são essencialmente preventivos, pois a maioria das doenças ocupacionais são de difícil tratamento. Uma doença ocupacional normalmente é adquirida quando um trabalhador é exposto acima do limite permitido por lei a agentes químicos, físicos, biológicos ou radioativos, sem proteção compatível com o risco envolvido. Essa proteção pode ser na forma de equipamento de proteção coletiva (EPC) ou equipamento de proteção individual (EPI). Existem também medidas administrativas/organizacionais capazes de reduzir os riscos. As principais vias de absorção de agentes nocivos são a pele e os pulmões. No Brasil, a doença ocupacional é equiparada ao acidente de trabalho, gerando os mesmos direitos e benefícios. 6.1 DOENÇA OCUPACIONAL E ACIDENTE DE TRABALHO Doença ocupacional é uma alteração na saúde do trabalhador causada por exposição excessiva a agentes químicos danosos em curto, médio ou longo prazo, quando isto ocorre, aparecem sob a forma de tumores malignos (câncer) ou lesões em órgãos, entre outros. Em geral, as doenças ocupacionais levam algum tempo para se manifestarem e, quando isso ocorre, aparecem sob a forma de tumores ou lesão em órgãos, entre outros. Já os acidentes de trabalho podem ser definidos como acidentes de ação imediata, provocada por situações adversas,. Englobam acidentes de trabalho, queimaduras, quedas, cortes e amputações de membros, contaminação com agentes biológicos, e outros. 6.2 SAÚDE DO TRABALHADOR A Lei Orgânica da Saúde (Lei Federal 8080/90), em seu artigo 6º, parágrafo 3º, regulamenta os dispositivos constitucionais sobre Saúde do Trabalhador como sendo: “... um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho.” Todo o empregador é obrigado a oferecer proteção adequada ao trabalhador no seu ambiente de trabalho. Para executar essa tarefa, a legislação exige que cada empresa tenha uma equipe técnica responsável por decidir e implantar processos de 38 segurança (engenharia, equipamentos e treinamentos de segurança) para os funcionários. Caso algum funcionário, comprovadamente, adquira uma doença ocupacional por falta de uso de equipamentos para sua proteção, a empresa – na figura de seu proprietário ou representante legal - assim como toda a equipe técnica, podem ser responsabilizados e sofrerem processo criminal pela lesão causada ao funcionário. Além disso, o funcionário pode solicitar indenização pelo dano causado. O trabalhador deve estar apto e treinado para desempenhar o seu trabalho e deve ser informada pela equipe dos riscos, severidade e as primeiras atitudes em caso de que os mesmos ocorram. 6.3 PROBLEMAS COMUNS A EXPOSIÇÃO BIOLÓGICA a) Dermatite de Contato por Irritação A epiderme num primeiro contato com um agente irritante pode perder sua pequena camada de gordura, portanto sua barreira proteção inicial. Se o contato com o agente irritante for contínuo, (ou seja, ocorrer uma rotina de trabalho com o agente irritante), a camada córnea da epiderme será removida, permitindo que a derme fique exposta. Quando isso ocorre, o membro atingido pode passar a apresentar sangramento, infecções e lesões mais severas e em alguns casos, o trabalhador perde a capacidade de utilização do membro. Além disso, qualquer substância química terá acesso facilitado para a corrente sangüínea. Esse processo pode levar dias, semanas ou meses, dependendo do agente químico e da suscetibilidade do trabalhador. b) Dermatite ou Eczema de Contato Alérgico As alergias da pele, dentro ou fora do ambiente de trabalho, são muito freqüentes. No entanto, as dermatites alérgicas por contato com agentes químicos são tão ou mais freqüentes que as demais alergias. Não é raro encontrar funcionários que desenvolvem trabalhos com agentes químicos em ambientes controlados queixando-se de problemas de pele. Isso ocorredevido à sua suscetibilidade em relação ao agente químico (geralmente em baixas concentrações) ao qual ele está exposto. Em relação aos danos à pele, as 39 conseqüências da dermatite de contato alérgica são as mesmas das dermatites causadas por agentes irritantes, exceto pelo seu período de manifestação. Em algumas situações, a dermatite de contato alérgica pode se manifestar a partir de cinco dias ou até vários anos de exposição à substância química. É importante entender que o funcionário pode passar anos trabalhando com um certo agente químico e desenvolver um processo alérgico bastante severo de forma repentina. 6.4 LISTA DE DOENÇAS RELACIONADAS COM O TRABALHO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE Elaborada em cumprimento da Lei 8.080/90 - inciso VII, parágrafo 3º do artigo 6º - disposta segundo a taxonomia, nomenclatura e codificação da CID-10 Classificação Internacional de Doenças), através da Portaria Nº. 1339/GM em 18 de novembro de 1999. Ministro José Serra. Fatores de Risco, relacionados à Doença do Trabalho: 6.4.1 Riscos no Sistema respiratório a) Cloro 1. Rinite Crônica; 2. Outras Doenças Pulmonares Obstrutivas Crônicas (Inclui “Asma Obstrutiva”, “Bronquite Crônica”, “Bronquite Obstrutiva Crônica”); 3. Bronquite e Pneumonite devida a produtos químicos, gases, fumaças e vapores (“Bronquite Química Aguda”); 4. Edema Pulmonar Agudo devido a produtos químicos, gases, fumaças e vapores 5. (“Edema Pulmonar Químico”); 6. Síndrome de Disfunção Reativa das Vias Aéreas (SDVA/RADS); 7. Bronquiolite Obliterante Crônica, Enfisema Crônico Difuso ou Fibrose Pulmonar crônica. 8. Efeitos Tóxicos Agudos. b) Flúor ou seus compostos tóxicos • Conjuntivite; • Rinite Crônica; 40 • Bronquite e Pneumonite devida a produtos químicos, gases, fumaças e vapores (“Bronquite Química Aguda”); • Edema Pulmonar Agudo devido a produtos químicos, gases, fumaças e vapores (“Edema Pulmonar Químico”); • Bronquiolite Obliterante Crônica, Enfisema Crônico Difuso ou Fibrose Pulmonar Crônica; • Erosão Dentária; • Dermatite de Contato por Irritantes; • Fluorose do Esqueleto; • Intoxicação Aguda; c) Iodo • Conjuntivite; • Faringite Aguda (“Angina Aguda”, “Dor de Garganta”); • Laringotraqueíte Aguda; • Sinusite Crônica; • Bronquite e Pneumonite devida a produtos químicos, gases, fumaças e vapores (“Bronquite Química Aguda”) • Edema Pulmonar Agudo devido a produtos químicos, gases, fumaças e vapores (“Edema Pulmonar Químico”); • Síndrome de Disfunção Reativa das Vias Aéreas (SDVA/RADS); • Bronquiolite Obliterante Crônica, Enfisema Crônico Difuso ou Fibrose Pulmonar Crônica; • Dermatite Alérgica de Contato; • Efeitos Tóxicos Agudos; d) Manganês e seus compostos tóxicos • Demência em outras doenças específicas classificadas em outros locais; • Outros transtornos mentais decorrentes de lesão e disfunção cerebrais e de doenças físicas; • Transtornos de personalidade e de comportamento decorrentes de doença, lesão e de disfunção de personalidade; 41 • Transtorno Mental Orgânico ou Sintomático não especificado; • Episódios Depressivos; • Neurastenia (Inclui “Síndrome de Fadiga”); • Parkisonismo Secundário; • Inflamação Coriorretiniana; • Bronquite e Pneumonite devida a produtos químicos, gases, fumaças e vapores (“Bronquite Química Aguda”); • Bronquiolite Obliterante Crônica, Enfisema Crônico Difuso ou Fibrose Pulmonar Crônica; • Efeitos Tóxicos Agudos. e) Mercúrio e seus compostos tóxicos • Outros transtornos mentais decorrentes de lesão e disfunção cerebrais e de doença física; • Transtornos de personalidade e de comportamento decorrentes de doença, lesão e de disfunção de personalidade; • Transtorno Mental Orgânico ou Sintomático não especificado; • Episódios Depressivos; • Neurastenia (Inclui “Síndrome de Fadiga”); • Ataxia Cerebelosa; • Outras formas especificadas de tremor ; • Transtorno extrapiramidal do movimento não especificado; • Encefalopatia Tóxica Aguda; • Encefalopatia Tóxica Crônica; • Arritmias cardíacas; • Gengivite Crônica; • Estomatite Ulcerativa Crônica; • Dermatite Alérgica de Contato; • Doença Glomerular Crônica; • Nefropatia Túbulo-Intersticial induzida por metais pesados; • Efeitos Tóxicos Agudos; 42 f) Substâncias asfixiantes: Monóxido de Carbono, Cianeto de Hidrogênio ou seus derivados tóxicos, Sulfeto de Hidrogênio (Ácido Sulfídrico). • Demência em outras doenças específicas classificadas em outros locais; • Transtornos do nervo olfatório (Inclui “Anosmia”); • Encefalopatia Tóxica Crônica (Seqüela); • Conjuntivite; • Queratite e Queratoconjuntivite; • Angina Pectoris; • Infarto Agudo do Miocárdio; • Parada Cardíaca; • Arritmias cardíacas; • Bronquite e Pneumonite devida a produtos químicos, gases, fumaças e vapores (“Bronquite Química Aguda”); • Edema Pulmonar Agudo devido a produtos químicos, gases, fumaças e vapores (“Edema Pulmonar Químico”); • Síndrome de Disfunção Reativa das Vias Aéreas; • Bronquiolite Obliterante Crônica, Enfisema Crônico Difuso ou Fibrose Pulmonar Crônica; • Efeitos Tóxicos Agudos. g) Sulfeto de Carbono ou Dissulfeto de Carbono • Demência em outras doenças específicas classificadas em outros locais; • Outros transtornos mentais decorrentes de lesão e disfunção cerebrais e de doença física; • Transtornos de personalidade e de comportamento decorrentes de doença, lesão e de disfunção de personalidade; • Transtorno Mental Orgânico ou Sintomático não especificado; • Episódios Depressivos; • Neurastenia (Inclui “Síndrome de Fadiga”); • Polineuropatia devida a outras agentes tóxicos; • Encefalopatia Tóxica Crônica; 43 • Neurite Óptica; • Angina Pectoris; • Infarto Agudo do Miocárdio; • Ateroesclerose e Doença Ateroesclerótica do Coração; • Efeitos Tóxicos Agudos. h) Alcatrão, Breu, Betume, Hulha Mineral, Parafina e produtos ou resíduos dessas substâncias, causadores de epiteliomas primitivos da pele • Neoplasia maligna dos brônquios e do pulmão; • Outras neoplasias malignas da pele; • Neoplasia maligna da bexiga; • Dermatite Alérgica de Contato; • Outras formas de hiperpigmentação pela melanina: “Melanodermia”; 6.4.2 Ruído e afecção auditiva • Perda da Audição Provocada pelo Ruído; • Outras percepções auditivas anormais: Alteração Temporária do Limiar Auditivo, Comprometimento da Discriminação Auditiva e Hiperacusia; • Hipertensão Arterial; • Ruptura Traumática do Tímpano (pelo ruído); a) Vibrações (afecções dos músculos, tendões, ossos, articulações, vasos sangüíneos periféricos ou dos nervos periféricos) • Síndrome de Raynaud; • Acrocianose e Acroparestesia; • Outros transtornos articulares não classificados em outra parte: Dor Articular; • Síndrome Cervicobraquial; • Fibromatose da Fascia Palmar: “Contratura ou Moléstia de Dupuytren”; • Lesões do Ombro: Capsulite Adesiva do Ombro (Ombro Congelado, Periartrite do Ombro); Síndrome do Manguito Rotatório ou Síndrome do Supraespinhoso; Tendinite Bicipital; Tendinite Calcificante do Ombro; 44 Bursite do Ombro; Outras Lesões do Ombro; Lesões do Ombro, não especificadas; • Outras entesopatias: Epicondilite Medial; Epicondilite lateral (“Cotovelo de Tenista”); Mialgia; • Outros transtornos especificados dos tecidos moles; • Osteonecrose (M87.-): Osteonecrose Devida a Drogas; Outras Osteonecroses Secundárias; • Doença de Kienböck do Adulto (Osteocondrose do Adulto do Semilunar do Carpo) e outras Osteocondropatias especificadas. b) Ar Comprimido • Otite Média não supurativa; • Perfuração da Membrama do Tímpano; • Labirintite; • Otalgia
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