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1 AS CONTRIBUIÇÕES DA ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA SAÚDE MENTAL Ieda Maria Giuliani1 Camilia Susana Faler 2 Resumo :O presente trabalho objetiva identificar a atuação do Serviço Social na área da Saúde Mental, a fim de analisar, compreender e descrever as competências, atribuições e desafios em relação ao processo de trabalho desta categoria, nos serviços e atendimento a saúde mental. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica narrativa, que identificou que foi através da Reforma Psiquiátrica que surgiu á necessidade de mudanças nas praticas de saúde, voltados à garantia dos direitos humanos e a cidadania das pessoas com transtorno mental. Este campo mostra-se desafiador para a atuação profissional, dentre elas o Serviço Social, desse modo à integração de praticas multiprofissionais nessa área constitui essencial, pois se aglutina diferentes profissionais que trabalham em torno do mesmo eixo de cuidado. O trabalho em equipe além de possibilitar a troca de conhecimento, cada um desempenha uma função primordial, onde se visa objetivos comuns. Palavras-chave: Reforma Psiquiátrica Brasileira. Saúde. Serviço Social e Saúde Mental. 1 INTRODUÇÃO Falar em saúde mental, nos remete a ideia de uma importante área de conhecimento e prática, cujas ações se pautam em entender a complexidade da realidade social que as definem. Amarante 2007 destaca: “Quando nos referimos em saúde mental, ampliamos o espectro dos conhecimentos envolvidos, de uma forma tão rica e polissêmica que encontramos dificuldades de delimitar suas fronteiras, de saber onde começam ou terminam seus limites” (Amarante, 2007 pág. 15). No Brasil a saúde mental foi vista por muito tempo, como sendo o isolamento de pessoas em hospitais psiquiátricos, afastados do convívio social, da vida em família e do trabalho, largados a clausura, em asilos, hospícios e manicômio, que acabaram gerando um grande número de doentes mentais afastados por longo tempo do convívio social e que 1 Pós graduando em Saúde Mental Coletiva da Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC 2 Professora do curso de Psicologia na Universidade do Oeste de Santa Catarina de Chapecó Doutora em Serviço Social/PUCRS. III Seminário Regional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família e I Seminário Nacional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família: crise, conservadorismo e resistência. | 2016 ISBN: 978-85-397-0963-2 2 precisavam de apoio especial para a sua reinserção na sociedade. Essa realidade veio mudando a partir da Reforma Psiquiátrica que teve inicio na década de 70, com a implantação do SUS, novas diretrizes foram elaboradas para o atendimento de pacientes com transtornos mentais, dentre elas a substituição de leitos de hospitais psiquiátricos por uma rede integrada de atenção a saúde mental. O início do processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil é contemporâneo, parte da eclosão do “movimento sanitário”, nos anos 70, em favor da mudança dos modelos de atenção e gestão nas práticas de saúde, na defesa da saúde coletiva, na equidade pela oferta dos serviços, e pela busca do protagonismo dos trabalhadores e usuários dos serviços de saúde nos processos de gestão e produção de tecnologias de cuidado. A Reforma Psiquiátrica é marcada por impasses, tensões, conflitos e desafios sendo um processo politico e social complexo, composto de atores, instituições e forças de diferentes origens, que transformaram através de um conjunto de práticas, saberes, valores culturais e sociais, o cenário da saúde mental. (BRASIL, 2005, pág.6). E a partir da trajetória da Reforma Psiquiátrica, que surgem novas modalidades de atenção em saúde, onde vários profissionais foram ganhando espaço e destaque bem como o profissional Assistente Social. Esse estudo tem por finalidade identificar a atuação profissional do Serviço Social na Saúde Mental, a fim de analisar, compreender e descrever as atribuições que o profissional Assistente Social desenvolve nesse espaço, bem como suas conexões com os processos de trabalho nos serviços que prestam atendimento na saúde mental. O profissional de Serviço Social deve ser: [...] um profissional culto e atento às possibilidades descortinadas pelo mundo contemporâneo, capaz de formular, avaliar e recriar propostas ao nível das políticas sociais e da organização das forças da sociedade civil. Um profissional informado, crítico e propositivo, que aposte no protagonismo dos sujeitos sociais. Mas também um profissional versado no instrumental técnico-operativo, capaz de realizar ações profissionais, aos níveis de assessoria, planejamento, negociação, pesquisa e ação direta, estimuladoras da participação dos usuários na formulação, gestão e avaliação de programas e serviços sociais de qualidade (Iamamoto 2007, p.144). Conforme o artigo CFESS 2009: As atribuições e competências das (os) profissionais de Serviço Social, sejam aquelas realizadas na saúde ou em outro espaço sócio ocupacional, são orientadas e norteadas por direitos e deveres constantes no Código de Ética III Seminário Regional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família e I Seminário Nacional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família: crise, conservadorismo e resistência. | 2016 ISBN: 978-85-397-0963-2 3 Profissional e na Lei de Regulamentação da Profissão, que devem ser observados e respeitados, tanto pelas (os) profissionais, quanto pelas instituições empregadoras (CFESS, 2009, pág.16). O Serviço Social tem espaço dentro do campo da saúde mental como profissão que amplia e afirma a cidadania a partir do momento em que surgem novas propostas para o tratamento dos “doentes mentais”, mais precisamente quando o processo de desinstitucionalização se coloca em pauta, ou seja, fim dos anos 1970, isto não acontece não apenas com o Serviço Social, mas com todas as demais profissões que estão inseridas e intervindo em questões ligadas a saúde mental. A área da saúde é tomada como referência por ser um dos setores significativos na atuação do Serviço Social, tendo concentrado historicamente um grande quantitativo de profissionais, situação que permanece até os dias correntes (BRAVO 2007, p.25). Assim, identificar e descrever os desafios enfrentados e os já superados pela categoria nesse campo de atuação, torna algo instigante, pois é um profissional que luta pelos direitos sociais de seus usuários, e considera-se assim como as das demais profissões, o Serviço Social por ter um olhar humanizado e de fácil percepção sobre a realidade em que o individuo encontra-se inserido, é um profissional mobilizador que abre alternativas para os sujeitos a fim de garantir e fazer valer os direitos que já estão legalmente constituídos. Assim apresenta-se o presente artigo contextualizando como se deu a inserção desse profissional na saúde mental, traz o processo da Reforma Psiquiátrica no Brasil e quais as atribuições e competências do Assistente Social nesse campo de atuação. 2 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS A fim de alcançar os objetivos da pesquisa, adotou-se como estratégia metodológica, uma revisão bibliográfica narrativa. A revisão narrativa, conforme o Instituto de Psicologia da USP: Não utiliza critérios explícitos e sistemáticos para a busca e análise crítica da literatura. A busca pelos estudos não precisa esgotar as fontes de informações. Não aplica estratégias de busca sofisticadas e exaustivas. A seleção dos estudos e a interpretação das informações podem estar sujeitas à subjetividade dos autores. É adequada para a fundamentação teórica de artigos, dissertações, teses,trabalhos de conclusão de cursos. (Instituto de Psicologia da USP). III Seminário Regional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família e I Seminário Nacional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família: crise, conservadorismo e resistência. | 2016 ISBN: 978-85-397-0963-2 4 De acordo, com a definição acima citada pode-se dizer que a pesquisa bibliográfica não é apenas a mera narração do que já foi escrito, mas sim proporcionar a analise de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras. A pesquisa bibliográfica narrativa foi realizada nas bases de dados “Google Scholar” (ferramenta utilizada para buscar trabalhos acadêmicos de forma abrangente) e Scielo (Scientific Electronic Library Online), envolvendo categorias temáticas sobre a área de saúde mental, Serviço Social, Reforma Psiquiátrica e livros de autores que envolvem o tema pesquisado. Os materiais utilizados na pesquisa foram publicados a partir do ano de 1990, que teve como marco para inicio de pesquisa a criação do SUS, a partir desse ano foram analisados materiais referentes ao tema pesquisado ate o segundo semestre de 2016. A análise dos dados foi realizada através da analise de conteúdo, que para BARDIN 2009: É um conjunto de técnicas de análise das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens. As diferentes fases da análise de conteúdo organizam-se em torno de três polos: 1. A pré-análise; 2. A exploração do material; e, por fim, 3. O tratamento dos resultados: a inferência e a interpretação (BARDIN, 2009, p.121). 4 REFORMA PSIQUIÁTRICA NO BRASIL A Reforma Psiquiátrica no Brasil foi iniciada em meados da década de 1970 principalmente pelos trabalhadores da saúde que enfrentavam péssimas condições de trabalho nesta área. Organizaram, portanto, o Movimento de Trabalhadores de Saúde Mental - MTSM, questionando as políticas de assistência psiquiátrica vigentes na época, isso provocou grandes transformações no campo da saúde mental e atenção psicossocial (MELLO, 2012). Este movimento está intimamente articulado ao movimento social que ficou conhecido como Movimento Sanitário no Brasil, que influenciou diretamente a Reforma Psiquiátrica, assim como suas ideias, propostas e princípios na luta pela saúde pública. O objetivo da Reforma Psiquiátrica: “[...] não só tratar mais adequadamente o indivíduo com transtorno mental, mas o de construir um novo espaço social para a loucura, III Seminário Regional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família e I Seminário Nacional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família: crise, conservadorismo e resistência. | 2016 ISBN: 978-85-397-0963-2 5 questionando e transformando as práticas da psiquiatria tradicional e das demais instituições da sociedade” (AMARANTE, pág.58, 2003 apud, BREDOW, et al 2010). A Reforma Sanitária Brasileira foi proposta num momento de intensas mudanças e sempre pretendeu ser mais do que apenas uma reforma setorial. Mas, sobretudo o inicio de uma luta pela garantia da saúde de forma gratuita e como um direito universal. Concomitante a este momento é criado o Sistema Único de Saúde (SUS), integrante da Seguridade Social. Uma das proposições do Projeto de Reforma Sanitária foi regulamentado em 19 de setembro de 1990, pela Lei nº 8.080 que dispõe sobre a promoção, a proteção e a recuperação da saúde da população a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Assim o SUS foi estabelecido através da Lei nº 8080 (Lei Orgânica da Saúde) com os seguintes princípios: I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema; III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral; IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie; V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário; VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática; VIII - participação da comunidade; IX - descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo: a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios; b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde; X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico; III Seminário Regional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família e I Seminário Nacional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família: crise, conservadorismo e resistência. | 2016 ISBN: 978-85-397-0963-2 6 XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da população; XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos. (BRASIL, 1990, art. 7º). Assim passa-se entender a saúde como uma dimensão essencial da qualidade de vida e recurso indispensável para o desenvolvimento social, econômico e pessoal. O Movimento de Reforma Psiquiátrica, (Vasconcellos 2010, apud Pereira, et al, 2013) buscava tirar o foco dos hospitais psiquiátricos e substituí-los por outros serviços abertos e comunitários, principalmente centros e núcleos de atenção psicossocial, que atenderiam às necessidades sociais do indivíduo com transtorno mental, em paralelo ao processo de fechamento de leitos e instituições hospitalares, que não tinham as mínimas condições básicas de cuidados médicos. Além disso, o Movimento exigiu também uma mudança na postura dos profissionais que atuavam na saúde mental, que agora deviam basear seu processo de trabalho na lógica da ação territorial, na ação grupal e no trabalho em equipe, atuando de forma multiprofissional e interdisciplinar, para que o sujeito pudesse ser visto em suas mais variadas dimensões, e não apenas na ótica médica, da enfermidade, dos sintomas. A Reforma criou e instituiu novas condições de praticas terapêuticas, para trabalhar com a saúde mental, houve a criação de uma rede de apoio de atenção básica oferecendo um aparato legal e institucional na defesa de uma saúde pública e de qualidade para o portador de transtorno mental. Assim, a Reforma Psiquiátrica, contextualizada por Amarante, 2009 pág.231, apud, BREDOW, et al 2010, pretende, além de melhorar a qualidade no atendimento, criar mecanismos e espaços para tratamento pautado na inclusão e na inserção comunitária, abandonando a ideia de que os “loucos” deveriam ser isolados para o tratamento. Um marco do processo da Reforma Psiquiátrica Brasileira é o Projeto de Lei do deputado Paulo Delgado (PT/MG), que propõe a regulamentação dos direitos da pessoa com transtornos mentais e a extinção progressiva dos manicômios no país, que da entrada no Congresso no ano de 1989, mas é somente no ano de 2001, após 12 anos de tramitação no Congresso Nacional que a Lei Paulo Delgado é sancionada no país, sendo aprovada com a Lei Federal 10.216 conhecida também como Politica Nacional de Saúde Mental, onde redireciona III Seminário Regional de Políticas Públicas,Intersetorialidade e Família e I Seminário Nacional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família: crise, conservadorismo e resistência. | 2016 ISBN: 978-85-397-0963-2 7 a assistência em saúde mental, privilegiando o oferecimento de tratamento em serviços de base comunitária, essa dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas com transtornos mentais, mas não institui mecanismos claros para a progressiva extinção dos manicômios. Com a sanção da Lei Paulo Delgado – 10.216, a Saúde Mental passa a priorizar o modelo psicossocial, dando início à proteção dos direitos a pessoa com transtorno mental. Práticas alternativas são propostas e se amplia o espaço para a intervenção pautada no trabalho em equipe multidisciplinar e interdisciplinar. Foi nesse momento onde a Saúde Mental passa a priorizar uma intervenção psicossocial, iniciando a proteção dos direitos das pessoas com transtorno mental. De acordo com a Lei Federal nº 10.216/2001 que dispõe sobre os direitos fundamentais em seu Art. 2º - nos atendimentos em saúde mental, de qualquer natureza, a pessoa e seus familiares ou responsáveis serão formalmente cientificados dos direitos enumerados no parágrafo único deste artigo. Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtorno mental: I – Ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo as suas necessidades; II – Ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade; III – Ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração; IV – Ter garantia de sigilo nas informações prestadas; V – Ter direito a presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua hospitalização involuntária; VI – Ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis; VII – Receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento; VIII – Ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis; IX – Ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental. (BRASIL, 2001). Assim, vale ressaltar as palavras de Bredow; Dravanz pág.232, 2010: III Seminário Regional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família e I Seminário Nacional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família: crise, conservadorismo e resistência. | 2016 ISBN: 978-85-397-0963-2 8 A nova concepção de saúde mental, que visa priorizar o indivíduo e não a doença, oferecendo-lhe tratamento humanizado e de qualidade, resultou na criação de novos mecanismos e espaços de tratamento que provocam para a necessidade de uma ação intersetorial com as demais políticas sociais e de um trabalho pautado no fortalecimento e atuação em rede, que possibilite uma intervenção integrada, visando à integralidade no atendimento ao usuário (pág.232). Com o advento da Reforma Psiquiátrica e o declínio do modelo de atenção e tratamento à pessoa com transtorno mental centrado no hospital psiquiátrico passa a ganhar ênfase os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) voltados para organizar a rede de assistência e articular as condições para reinserir as pessoas com transtornos mentais severos e persistentes na sociedade (BRASIL, 2004). De acordo com o Ministério da Saúde, Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) ou Núcleo de Atenção Psicossocial é um serviço de saúde aberto e comunitário do Sistema Único de Saúde (SUS). É um lugar de referência e tratamento para pessoas que sofrem com transtornos mentais, realizando acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. É um serviço de atendimento de saúde mental criado para ser substitutivo às internações em hospitais psiquiátricos. Os CAPS devem buscar uma integração permanente com as equipes da rede básica de saúde em seu território, pois têm um papel fundamental no acompanhamento, na capacitação e no apoio para o trabalho dessas equipes com as pessoas com transtornos mentais (BRASIL, 2004). Esse tipo de serviço deve ser encarado como uma rede substitutiva e não complementar aos hospitais psiquiátricos e está ligado as Secretaria da Saúde Municipal. Os CAPS se diferenciam pelo porte, capacidade de atendimento e usuários atendidos. Estes serviços diferenciam-se como CAPSI, CAPSII, CAPSIII, CAPSi e CAPSad. Os CAPS têm como meta propiciar atendimento á comunidade de sua área de abrangência, realizando o acompanhamento clínico e a reinserção social do usuário através do acesso ao trabalho, assim como o fortalecimento dos laços familiares e comunitários. É função dos CAPS prestar atendimento em regime de atenção diária, gerenciar os projetos terapêuticos e oferecer cuidados clínicos eficazes e individualizados, assim como promover a inserção social dos usuários através de ações intersetoriais que envolvam educação, trabalho, esporte, cultura e lazer, desenvolvendo estratégias conjuntas de enfrentamento dos problemas (BRASIL, 2004). III Seminário Regional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família e I Seminário Nacional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família: crise, conservadorismo e resistência. | 2016 ISBN: 978-85-397-0963-2 9 Os profissionais que trabalham no CAPS possuem diversas formações e integram uma equipe multiprofissional. É um grupo de diferentes profissionais, sendo: enfermeiros, médicos, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, pedagogos, técnicos administrativos e de enfermagem, além de contar com uma equipe de limpeza e cozinha. A equipe organiza-se para acolher o usuário, desenvolvendo projetos terapêuticos, trabalhando com atividades de reabilitação psicossocial (BRASIL, 2004). Neste prisma, o Serviço Social faz-se presente no Centro de Atenção Psicossocial, através da atuação profissional do Assistente Social. O CAPS também objetiva a referência e contra referência de ações vinculadas à Saúde e Saúde Mental, bem como, matricialmente através de atividades interdisciplinares e inter setoriais. É nessa perspectiva que se faz necessária a consolidação de um trabalho técnico, conforme as normatizações norteadoras da profissão são elas o Código de Ética Profissional e a Lei de Regulamentação da Profissão. Estes instrumentos norteadores é que consolidam e dão suporte a um trabalho ético, organizado e que prime pela equidade e justiça social. O trabalho do assistente social na saúde deve ter como eixo central a busca criativa e incessante da incorporação dos conhecimentos e das novas requisições à profissão, articulados aos princípios dos projetos da reforma sanitária e ético-político do Serviço Social. É sempre na referência a estes dois projetos que se poderá ter a compreensão se o profissional está de fato dando respostas qualificadas as necessidades apresentadas pelos usuários ( BRAVO e MATTO, 2006 apud CAMPOS, 2015 pág. 03). Portanto, por ser um profissional capacitado pra intervir na dimensão social da vida dos sujeitos, o trabalho profissional exige mediações para o trabalho de reabilitação psicossocial do sujeito. Assim nessa perspectiva, pode dizer que intervir sobre as múltiplas expressões da questão social, é contribuir para a ampliação da cidadania do sujeito, “doente mental” e investir na luta para a garantia direitos sociais, cíveis e políticos, a fim de potencializar o exercício da cidadania na inserção de seus usuários nas politicas publicas. 5 SERVIÇO SOCIAL COMO PROFISSÃO E SUAS CONTRIBUIÇÕES NA ÁREA DA SAÚDE O Serviço Social é uma profissão inscrita na divisãosócio técnica do trabalho, regulamentada pela Lei nº 8.662 de 07 de junho de 1993, com alterações determinadas pelas resoluções CFESS nº 290/94 e nº 293/94, e confirmada pelo Código de Ética, aprovado pela resolução CFESS nº 273/93, de 13 de março de 1993. III Seminário Regional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família e I Seminário Nacional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família: crise, conservadorismo e resistência. | 2016 ISBN: 978-85-397-0963-2 10 De acordo com o CFESS 2009, as atribuições e competências dos profissionais de Serviço Social, sejam aquelas realizadas na saúde ou em outro espaço sócio ocupacional, são orientadas e norteadas por direitos e deveres constantes no Código de Ética Profissional e na Lei de Regulamentação da Profissão, que devem ser observados e respeitados, tanto pelos profissionais, quanto pelas instituições empregadoras. O Serviço Social é uma profissão bastante dinâmica e que possui um curto e belo processo histórico. Seus fundamentos foram estruturados no final do século XIX, quando se consolidou o processo de industrialização, com o fomento da Revolução Industrial. Com esta muitas foram às mudanças no mundo, as questões sociais se intensificaram, fazendo com que o Serviço Social ganhasse força para iniciar sua trajetória (SANTOS 2012). O assistente social atua engajado em seu Projeto Ético Político, através do conhecimento teórico metodológico, para que possa lidar com a complexidade dos fenômenos, que atuam na sociedade, necessita de conhecimentos específicos para desenvolver suas ações e compreender as relações que determinam fatos e situações, sendo assim necessário que se apresente o conhecimento, posicionamento e a operacionalidade de um profissional, para interceder em uma determinada realidade social. Um dos maiores desafios que o Assistente Social vive no presente é desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalhos criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de demandas emergentes no cotidiano. Enfim, ser um profissional propositivo e não só executivo ( IAMAMOTTO, 2000, Pág. 20). Assim partindo dessa referencia, pode-se considerar que o profissional de Serviço Social deve-se instrumentalizar para compreender essa dinâmica da realidade social e planejar ações conscientes, baseadas na máxima “conhecer para Intervir”, além de ser um profissional mobilizador que abre alternativas para os sujeitos a fim de garantir e fazer valer os direitos que já estão legalmente constituídos. Diante disso, considera-se que como das demais profissões o Serviço Social tem um olhar humanizado e de fácil percepção sobre a realidade em que o individuo encontra-se inserido, sendo capaz de intervir na sociedade por meio de planos, programas e projetos articulando a execução a fim de obter eficácia, eficiência e efetividade. III Seminário Regional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família e I Seminário Nacional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família: crise, conservadorismo e resistência. | 2016 ISBN: 978-85-397-0963-2 11 O grande desafio na atualidade é, pois, transitar da bagagem teórica acumulada ao enraizamento da profissão na realidade, atribuindo, ao mesmo tempo, uma maior atenção às estratégias, táticas e técnicas do trabalho profissional, em função das particularidades dos temas que são objetos de estudo e ação do assistente social. (IAMAMOTTO 2000 pág. 51). Assim podemos destacar que o assistente social é um profissional cuja sua atuação é ampla e complexa, e no campo da saúde não se mostra diferente, pois é um profissional que veio ganhando espaço gradativamente, sua inserção dentro do SUS é de muita relevância, já que uma de suas competências é a defesa intransigente dos direitos sociais e dentro desse contexto, luta para que a saúde atinja seus princípios de universalidade, integralidade, equidade no acesso aos Serviços de Saúde na Atenção Básica de seus usuários, para que passam humanização no atendimento. De acordo com o CFESS, 2009 pág. 21 uma questão importante refere-se ao conceito de saúde contido no Artigo 196 da Constituição Federal de 1988 e no caput do Artigo 3º da Lei 8.080/1990 que: A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (CFESS, 2009 pág21). Pode-se considerar ainda que os campos de atuação do assistente social na atualidade são bastante diversificados, tanto na esfera pública, privada, terceiro setor e ONGS. No campo da saúde, é um profissional que tem mostrado potencialidades junto as equipes no campo da saúde, mesmo com os desafios que permeiam a profissão. Conforme a Lei nº 8.662/93 Art. 4º - Constituem competência do Assistente Social: I - elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos da administração pública direta ou indireta, empresas, entidades e organizações populares; II - elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da sociedade civil; III - encaminhar providências e prestar orientação social a indivíduos, grupos e à população; V - orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa de seus direitos; VI - planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços Sociais; III Seminário Regional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família e I Seminário Nacional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família: crise, conservadorismo e resistência. | 2016 ISBN: 978-85-397-0963-2 12 VII - planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a análise da realidade social e para subsidiar ações profissionais; VIII - prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação às matérias relacionadas no inciso II deste artigo; IX - prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade; X - planejamento, organização e administração de Serviços Sociais e de Unidade de Serviço Social; XI - realizar estudos socioeconômicos com os usuários para fins de benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades. Além dos instrumentais citados acima, Iamamoto, 2005 acrescenta: Tendo como instrumento básico de trabalho a linguagem, as atividades desse trabalhador especializado encontram-se intimamente associadas à sua formação teórico-metodológica, técnico-profissional e ético-política. Suas atividades dependem da competência na leitura e acompanhamento dos processos sociais, assim como no estabelecimento de relações e vínculos sociais com os sujeitos sociais junto aos quais atua ( IAMAMOTO, 2005, Pág.97). O trabalho do assistente social está direcionado para a questão social, a qual tem um grande diferencial em seu exercício, com limites e grandes desafios que permeiam a profissão. O Assistente Social atua, através de pesquisas e análises da realidade social, na formulação, execução e avaliação de serviços, programas e políticas sociais que buscam a prevenção, defesa e ampliação dos direitos humanos e a justiça social, pois "se objetivamos uma certa autonomia dos usuários na reabilitaçãopsicossocial, precisamos fazer uma análise correta de suas possibilidades de reapropriação das relações sociais que os atravessam e os determinam" (BISNETO, 2007. p.192). De acordo com o CFESS 2011, o Assistente Social é responsável por fazer uma análise da realidade social e institucional, e intervir para melhorar as condições de vida do usuário. A adequada utilização desses instrumentos requer uma contínua capacitação profissional para aprimorar seus conhecimentos e habilidades nas suas diversas áreas de atuação. Dentro desta contextualização sobre o trabalho do serviço Social no mundo contemporâneo e principalmente no que tange sua atuação dentro da saúde mental, Iamamoto (2005) menciona: III Seminário Regional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família e I Seminário Nacional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família: crise, conservadorismo e resistência. | 2016 ISBN: 978-85-397-0963-2 13 O momento em que vivemos é um momento pleno de desafios. Mais do que nunca é preciso ter coragem, é preciso ter esperanças para enfrentar o presente. É preciso resistir e sonhar. É necessário alimentar os sonhos e concretizá-los dia-a-dia no horizonte de novos tempos mais humanos, mais justos, mais solidários (IAMAMOTO, 2005, Pág.17). Corroborado pelo artigo CFFES 2011, da Resolução nº 383 de 29 de março de 1999, o Assistente Social como profissional da saúde, contribui para o atendimento das demandas imediatas da população, além de facilitar o seu acesso às informações e ações educativas para que a saúde possa ser percebida como produto das condições gerais de vida e da dinâmica das relações sociais, econômicas e políticas do País. 6 SERVIÇO SOCIAL, SAÚDE MENTAL E O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL Aborda-se a nesta seção o serviço social na saúde mental, como se deu o processo de inserção e qual a competência do profissional Assistente Social nesse campo de atuação. O Serviço Social tem espaço dentro do campo da saúde mental como profissão que amplia e afirma a cidadania a partir do momento em que surgem novas propostas para o tratamento dos “doentes mentais”, mais precisamente quando o processo de desinstitucionalização se coloca em pauta, ou seja, fim dos anos 1970 e início dos anos de 1980, isto não acontece não apenas com o Serviço Social, mas com todas as demais profissões que estão inseridas e que podem intervir em questões ligadas a saúde mental. A questão social, na saúde mental, se expressa a partir da exclusão da pessoa com transtorno mental do sistema produtivo e do convívio social pelo estigma social que passou a fazer parte da sua identidade, haja vista ser considerado, historicamente, pela sociedade como uma pessoa perigosa e incapaz, portanto, excluída do convívio social (ROSA, 2008 apud, PEREIRA et al , 2013). Essa é uma realidade que se coloca, principalmente, na modernidade, que passa a considerar a pessoa com transtorno mental improdutiva e incapaz para o mundo do trabalho na sociedade capitalista. O Assistente Social no trabalho em Saúde Mental visa buscar a inclusão da família no tratamento do paciente, o resgate dos vínculos, da cidadania, da dignidade e a importância destas pessoas viverem com uma melhor qualidade de vida. É nessa perspectiva que esse profissional trabalha, com o objetivo da ressocialização do doente mental, bem como avaliar as problemáticas existentes, dentre eles o preconceito, discriminação e exclusão social. III Seminário Regional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família e I Seminário Nacional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família: crise, conservadorismo e resistência. | 2016 ISBN: 978-85-397-0963-2 14 A atuação do Serviço Social junto á doença mental é de total importância, e sua “atuação frente ao sofrimento mental, não se resume a restituir uma falta de cidadania ou suprir direitos previdenciários: os problemas nessa área muito mais complexos e paradoxais” (BISNETO, 2007. pág. 195). O trabalho deste profissional é entender o significado social da realidade onde está inserido, atuando nas expressões da questão social com objetivo de intervir para melhorar as condições de vida do usuário. Como relata BISNETO (2007, pág. 111): O Assistente Social trabalha sob o poder da Psiquiatria, como técnico subordinado e complementar. Como consequência, outro motivo de ambiguidades é o fato de o Serviço Social estar subalternizado aos saberes “psi” sem ter articulado as possibilidades de expressão nesta área. Contudo, de acordo com a análise, percebe-se que é possível sim uma atuação deste profissional que contemple a demanda da saúde mental, visto que o assistente social tem um vasto trabalho – realiza acolhimento, reabilitação psicossocial, cuidado, oficinas de geração de renda, assistência social, benefícios sociais e previdenciários, rede social, visitas domiciliares, entre outros. De acordo com o artigo CFFES, 2009: Pensar hoje uma atuação competente e crítica do Serviço Social na área da saúde consiste em: - estar articulado e sintonizado ao movimento dos trabalhadores e de usuários que lutam pela real efetivação do SUS; - facilitar o acesso de todo e qualquer usuário aos serviços de saúde da Instituição, bem como de forma compromissada e criativa não submeter à operacionalização de seu trabalho aos rearranjos propostos pelos governos que descaracterizam a proposta original do SUS de direito, ou seja, contido no projeto de Reforma Sanitária; - tentar construir e/ou efetivar, conjuntamente com outros trabalhadores da saúde, espaços nas unidades que garantam a participação popular e dos trabalhadores de saúde nas decisões a serem tomadas; - elaborar e participar de projetos de educação permanente, buscar assessoria técnica e sistematizar o trabalho desenvolvido, bem como estar atento sobre a possibilidade de investigações sobre temáticas relacionadas à saúde; - efetivar assessoria aos movimentos sociais e/ou aos conselhos a fim de potencializar a participação dos sujeitos sociais contribuindo no processo de democratização das políticas sociais, ampliando os canais de participação da população na formulação, fiscalização e gestão das políticas de saúde, visando o aprofundamento dos direitos conquistados (CFESS, 2009, pág. 15). III Seminário Regional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família e I Seminário Nacional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família: crise, conservadorismo e resistência. | 2016 ISBN: 978-85-397-0963-2 15 Ao assistente social que trabalha no campo da saúde torna-se importante trazer a tona que talvez a saúde seja uma das políticas sociais que manifestam uma diversidade de demandas e necessidades da vida humana. Um grande avanço nas práticas em Saúde Mental foi a Reforma Psiquiátrica, contratando novos assistentes sociais e ressaltando a necessidade de se estabelecer uma cidadania efetiva para os usuários da rede de Saúde Mental. Desta maneira, podemos acreditar que teremos uma efetiva mudança no modelo assistencial visando melhorar a qualidade de vida das pessoas com transtornos mentais e sua convivência no âmbito familiar e social (BISNETO, 2011). Vale ressaltar que são vários os desafios que esse profissional encontra no seu dia-a- dia na execução de seu trabalho, portanto esses desafios exigem dos assistentes sociais qualificação para acompanhar, atualizar e explicar as particularidades da questão social, para poder intervir e compreender as novas configurações destas expressões. De acordo com o CFESS 2009, pág. 22: O profissional precisa ter clareza de suas atribuições e competências para estabelecer prioridades.O conjunto de demandas emergenciais, se não forem reencaminhadas para os setores competentes por meio do planejamento coletivo elaborado na unidade, vai impossibilitar ao assistente social o enfoque nas suas ações profissionais. A elaboração de protocolos que definem o fluxo de encaminhamentos para os diversos serviços na instituição é fundamental. O assistente social, ao participar de trabalho em equipe na saúde, dispõe de ângulos particulares de observação na interpretação das condições de saúde do usuário e uma competência também distinta para o encaminhamento das ações, que o diferencia do médico, do enfermeiro, do nutricionista e dos demais trabalhadores que atuam na saúde. O profissional de Serviço Social pode ser um interlocutor entre os usuários e a equipe de saúde com relação a questões sociais e culturais, visto que pela sua própria formação há o respeito pela diversidade, o que geralmente é mais difícil para outros profissionais de saúde (CFESS 2009). O percurso desta reflexão nos remete a uma visão ampla acerca da importância do profissional de Serviço Social no âmbito da saúde mental. Sabe-se que os desafios são grandes e para atender a demanda da saúde mental, esse deve estar atento às condições de vida do doente mental. Dessa forma pode-se dizer que, a presença dos assistentes sociais nos serviços de saúde mental se consolida, e tende a se fortalecer cada vez mais, pois vem III Seminário Regional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família e I Seminário Nacional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família: crise, conservadorismo e resistência. | 2016 ISBN: 978-85-397-0963-2 16 conquistando espaço na rede de atenção a saúde, através de um trabalho com enfoque relevante das condições sociais, buscando a promoção e atenção à saúde com caráter preventivo e social atrelado à qualidade de vida sob um novo conceito de saúde. 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS O assistente social tem papel e atribuições de grande importância na área da saúde mental, pois este profissional busca em sua pratica proporcionar aos usuários uma melhor qualidade de vida, atuando na consolidação dos direitos sociais conforme preconizam as normas legais do CFESS, LOAS, SUAS e o SUS, corroborado ainda com o Código de Ética que norteia a profissão, em seus mais variados campos e espaços sócio-ocupacionais. Assim o Assistente Social, rege sua atuação com base nos princípios da ampliação e consolidação da cidadania, com vistas a garantir os direitos sociais e políticos da classe trabalhadora; a defesa da democracia; a luta pela equidade e justiça social, assegurando a universalidade de acesso aos bens e serviços; a defesa da eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o respeito à diversidade (CFESS, 2009). Porém, o papel do assistente social não é somente esclarecer sobre direitos sociais, mas sim instigar os usuários para que os mesmos possam reivindicar a qualidade dos serviços a eles oferecidos, o que foi impulsionado a partir da Reforma Psiquiátrica e pela criação do SUS. A inserção do assistente social dentro do SUS foi se consolidando e tornando-se importante, já que uma de suas competências é a defesa intransigente dos direitos sociais e dentro desse contexto histórico, o assistente social tem lutado pelos princípios da integralidade, universalidade na política de saúde e na saúde mental etc. Com relação ao Serviço Social na saúde, foram encontradas diversas publicações que versam sobre temas que vão desde a trajetória histórica da profissão nesta área, até outras que trazem uma proposta de aproximação teórica e sistemática da prática do assistente social. Os resultados apontam que o Assistente Social tem atuado principalmente no bojo do Movimento da Reforma Psiquiátrica, tem buscando proporcionar aos usuários melhores condições de vida, e que através da Reforma Psiquiátrica se possibilitou uma nova forma de cuidados e compreensão dos usuários. III Seminário Regional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família e I Seminário Nacional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família: crise, conservadorismo e resistência. | 2016 ISBN: 978-85-397-0963-2 17 Considera-se ainda que a política de saúde mental no país, ainda não está consolidada, pois ainda necessita avançar em estruturas financeiras, recursos humanos e recursos para manutenção dos serviços. Reconhece-se que a reforma psiquiátrica foi um momento histórico para área da saúde mental e o Serviço Social tem contribuído para sua materialização. Percebe-se que ao longo das décadas tem-se encontrados avanços, mas também desafios. O que se espera é que a reforma de fato não retroceda e sim avance com a presença maior do Estado na garantia deste direito social. REFERENCIAS AMARANTE, Paulo. Saúde Mental e atenção psicossocial. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2007. BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa, Portugal; Edições 70, LDA, 2009. BISNETO, José Augusto. 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