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EXECUÇÃO DE ALIMENTOS

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EXECUÇÃO DE ALIMENTOS
O objetivo da execução alimentícia é obrigar o devedor de alimentos, de forma coercitiva, a satisfazer, rapidamente, as necessidades básicas do alimentando. Segundo a concisa definição de Orlando Gomes, são prestações para satisfação das necessidades vitais de quem não pode provê-las pro si. Têm por finalidade fornecer a um parente, cônjuge ou companheiro o necessário à sua subsistência. Nele se abrange não só a obrigação de prestá-los, como também o conteúdo da obrigação a ser prestada. Em valor ao seu fundamento ético-social e do fato de que o alimentando não tem nenhum interesse econômico, visto que a verba recebida não aumenta seu patrimônio, nem serve de garantia a seus credores, apresentando-se, então, como uma das manifestações do direito à vida, que é personalíssimo, sendo um direito extrapatrimonial. 
Desde o momento de sua concepção, o ser humano, por sua estrutura e natureza – é um ser carente por excelência; ainda no colo materno, ou já fora dele, a sua incapacidade ingênita de produzir os meios necessários à sua manutenção faz com que lhe reconheça, por um princípio natural jamais questionado, o superior direito de ser nutrido pelos responsáveis por sua geração. O principio básico da obrigação alimentar pelo qual o montante de alimentos deve ser fixado de acordo com as necessidades do alimentando e as possibilidades do alimentante. No Direito de Família, a obrigação alimentar compreendem tudo o que uma pessoa têm direito a receber de outra para atender as necessidades físicas, morais e jurídicas; instituem as importâncias em dinheiro ou prestações in natura a que uma pessoa se obriga por força de lei, a prestar a outra.	
Formas de Cumprimento da Obrigação
O código de Processo civil vem sofrendo, hodiernamente, diversas atualizações, e o processo de execução foi quem sofreu mais drasticamente essas mudanças. A lei 11.232/05 trouxe consigo a menção de que o processo sincrético traria maior celeridade às execuções baseadas em sentenças declaratórias de direito, e que o processo autônomo ater-se-ia aos títulos extrajudiciais. Houve com isso uma melhora deveras relevante no direito processual pátrio, entretanto causou um embaraço quanto à matéria dos alimentos.
Faz-se Importante dissertar que o juiz ao sentenciar o devedor a cumprir a obrigação de alimentos, já pode incluir esse débito em folha de pagamento, em se tratando de devedor que exerça cargo público, militar ou civil, direção ou gerencia de empresa, bem como emprego sujeito a legislação do trabalho, conforme o Art. 734 do CPC. Na ausência de possibilidade desse desconto, o devedor será citado para em três dias pagar, provar que já o fez, ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo. Ficando o devedor ciente, não tomando nenhuma das medidas supracitadas, o juiz decretará sua prisão, caso o credor tenha requerido esse procedimento.
Quanto à prisão civil exposta acima, é apenas meio de coação para influenciar o alimentando a pagar a dívida. Não houve modificação da nova lei quanto a esta porque esse rito é especial e não seria revogado por lei geral. A prisão civil só vai ser usada para as dívidas atuais, conforme dispõe a súmula 309 do STJ:
“O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações anteriores à citação e as que vencerem no curso do processo”.
Quanto às prestações mais antigas, não pagas, seria o caso de ativar o previsto no Art. 732, que se fará pelo Capítulo IV do livro II. Aqui se situa a discussão que embasa esse trabalho, porque esse dispositivo não foi alterado pela Lei 11.232/05, num equívoco do legislador, ou mesmo por um esquecimento. Sendo assim, não se aplicará as regras do cumprimento de sentença de um processo sincrético mais célere e eficaz, mas sim o processo autônomo, com todos seus atos inerentes, como a necessidade de nova citação, indicação de bens a penhora, embargos, etc. E dada à necessidade do provimento alimentar não seria esse o meio mais indicado. Contra esse entendimento, Humberto Theodoro Junior afirma:
“Como a Lei n. 11.232/2005 não alterou o art. 732 do CPC, continua prevalecendo nas ações de alimentos o primitivo sistema dual, em que acertamento e execução forçada reclamam o sucessivo manejo de duas ações separadas e autônomas: uma para condenar o devedor a prestar alimentos e outra para forçá-lo a cumprir a condenação”.
Esta visão nos parece excessivamente literal, e não atende aos anseios da moderna sociedade, mais preocupada com o bem estar social, do que com o patrimônio em questão. Uma análise teleológica nos remete ao cerne da questão que é a insuficiência de um individuo de prover sua subsistência, e a necessidade de celeridade do processo em virtude disso.
Prisão Civil
A prisão civil do devedor de alimentos segue sendo a única possibilidade prevista no sistema internacional de proteção dos direitos humanos para a prisão por dívidas, ademais de ter sido estabelecida, juntamente com a prisão do depositário infiel (esta afastada por força de Súmula Vinculante do STF), na Constituição Federal de 1988, no artigo 5º, inciso LXVII, dispondo sobre a legitimidade da prisão nos casos de inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentar.
A justificativa de tal previsão é mais do que sabida e em si reconhecida, visto que a restrição do direito de liberdade do devedor é tida como indispensável à garantia da própria sobrevivência ou, ao menos e em geral, da satisfação de necessidades essenciais do credor. Por tal razão, a própria possibilidade da prisão civil constitucionalmente prevista, a despeito de constituir fundamento da restrição de direito (da liberdade do devedor), é ela própria uma garantia fundamental.  tendo em conta que o objetivo do instituto da prisão civil não é em si de caráter punitivo, portanto, não tem por escopo a prisão em si considerada, mas constitui meio processual para compelir o devedor a saldar sua dívida alimentar, o Código de Processo Civil de 1973, no seu artigo 733, parágrafo 1º, previa que o juiz decretaria a prisão pelo prazo de 1 a 3 meses no caso de o devedor não pagar nem se escusar, ou nos casos em que a escusa apresentada for afastada por improcedente pelo Poder Judiciário.
Dentre os principais aspectos relacionados com a prisão civil já no regime anterior ao novo CPC, destacam-se, para efeito de nossa breve análise, o entendimento de que a prisão deveria ser cumprida em regime fechado (entendimento consagrado pela jurisprudência dominante) e que, de acordo com a Súmula 309 do STJ, a prisão apenas seria possível em relação às três últimas parcelas devidas, devendo as demais parcelas vencidas serem executadas pela via regular.
Desconto em folha de pagamento
Em se tratando de devedor que exerça cargo publico, militar, ou civil, direção ou gerencia de empresa, bem como emprego sujeito a legislação do trabalho, a execução de alimentos será por meio de ordem judicial de desconto em folha de pagamento artigo 912, caput e §1. 
O desconto de folha não é um procedimento é apenas uma técnica especifica de expropriação. É um ato expropriatório, que pode ser usado preventivamente em uma sentença ou em um acordo para evitar o inadimplemento, também pode ser utilizado em pensões atuais ou nas atrasadas. O desconto pode acumular na folha de pagamento, desde que se preserve o necessário para a sobrevivência do devedor, para ser efetivada basta que o juiz expeça oficio ao empregador ou a fonte empregadora determinando o desconto, sob a pena de desobediência. Contudo, se não for possível o desconto em folha de pensão, as verbas alimentares poderão ser cobradas na forma de alugueres de imóveis que sejam de rendimento do alimentante, podendo ser recebidos diretamente pelo alimentando ou por depositário determinado pelo juiz, nos ditames do art. 17da Lei nº 5.478/68.
 Perguntas
1-Qual o tempo de prisão previsto pelo não pagamento da pensão? 
 
O pai pode ficar preso de 30 a 90 dias, com possibilidade de revisão. Mesmo coma prisão, a dívida do pai não é quitada. Após a liberação do devedor, a forma de pagamento das pensões devidas dependerá da necessidade e concordância do credor, e a dívida poderá ser cobrada por meio de penhora.
2-A partir de quando se conta o prazo de 15(quinze) dias para o pagamento voluntário?
O prazo de quinze dias começa a partir da ciência dada ao réu da sentença ou da 
decisão do tribunal. Vale dizer que quando o recurso tenha efeito suspensivo, o prazo flui partir do instante em que o condenado toma ciência da decisão.

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